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1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL DEFINIÇÃO, HISTÓRICO E CARACTERÍSTICAS 1 Sumário 1 – INTRODUÇÃO ....................................................................................... 3 2 - ASPECTOS EDUCACIONAIS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ................... 5 3 - CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ............................ 11 4 – A PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ......................................... 17 CIDADANIA AMBIENTAL ..................................................................... 19 5 – CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL........................ 21 PRINCÍPIO DO GRANDE IMPACTO POLUIDOR ................................ 22 A OCUPAÇÃO URBANA ...................................................................... 23 A MIGRAÇÃO PARA AS CIDADES ..................................................... 25 REFERÊNCIAS .......................................................................................... 27 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1 – INTRODUÇÃO A educação ambiental tornou-se primordial no contexto atual. As mudanças ambientais decorrentes da ação humana na natureza dão sinais claros de que é necessário realizar intervenções positivas nos vários sistemas da natureza. A educação ambiental surgiu como um ramo da educação, seu objetivo é distribuir conhecimento sobre o meio ambiente visando a preservação e utilização sustentável dos recursos naturais. Nas últimas décadas a natureza tem dado sinais claros de sua exaustão, fazendo-se necessárias medidas urgentes de contenção da pressão sobre a natureza. A educação ambiental está amparada da Lei n. 9.795 – Lei da educação ambiental de 27/04/1999. O artigo 2º diz: “a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”. Desta forma, de acordo com a lei, a educação formal tem a obrigação de incluir em seus parâmetros disciplina que aborde as questões ambientais. Ao educador fica o dever de despertar a consciência de seus educandos no sentido de que o homem não é mais o centro do universo, é necessário haver um equilíbrio entre os recursos naturais e a ação humana. A dependência da natureza é inerente a vida de todos os seres vivos, percebeu-se nos tempos modernos que a retirada indiscriminada dos produtos da natureza podem gerar o fim de muitos elementos, inclusive a água, recurso essencial à vida. A educação ambiental tornou-se, na atualidade, uma ação permanente com a qual as comunidades têm acesso ao conhecimento e a oportunidade da conscientização sobre as relações entre homens e a natureza. A educação ambiental baseia-se, essencialmente, na mudança de comportamentos, valores e atitudes no sentido de promover a conservação e preservação da natureza. A transformação do comportamento humano não é uma tarefa fácil, exige dos educadores planejamento, ações permanentes, insistência e muitas outras atitudes que consigam sensibilizar os educandos. 4 Para a obtenção da sustentabilidade ambiental ainda há muito a trilhar no caminho da educação ambiental. As mudanças passam pela responsabilidade e pela ética de todos os setores sociais. O educador ambiental surgiu com a necessidade de trabalhar o tema, podendo ser desde um professor da rede formal de ensino a um indivíduo da sociedade que tenha obtido formação suficiente para praticar a educação ambiental. Este curso pretende retratar várias faces da educação ambiental, visando o maior entendimento possível sobre a questão. São incluídas neste curso muitas informações relativas a embasamentos teóricos, provenientes de grandes pensadores sobre esta questão. A educação ambiental não deve ficar apenas no teórico ou no discurso, a sedimentação do assunto é mais eficiente quando há prática. A educação ambiental passa por vários pontos: planejamento de um projeto, capitação de recursos para a execução do projeto, execução do planejado, avaliação dos resultados e por fim acompanhamento da ação por algum tempo para que se possa tabular os resultados, tanto positivos quanto negativos. 5 2 - ASPECTOS EDUCACIONAIS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Este tema é recorrente nos últimos anos, dada sua preocupação sobe o aspecto econômico que a escassez das energias não renováveis proporciona, ou mesmo pelo despertar da consciência humana a respeito da necessidade de preservação do planeta para as gerações vindouras. A partir do conceito básico de desenvolvimento sustentável, cujo objetivo principal é o de se obter um desenvolvimento que seja ao mesmo tempo eficaz e que não venha a comprometer as gerações futuras. Em algumas atividades podem trabalhar sob pressão, levando-os à situação de estresse. Transversalidade O tema transversalidade é utilizado atualmente no ensino formal, o MEC utiliza o sistema da transversalidade para a melhoria do ensino. Os educadores entraram em contato com o tema e são poucos que não utilizam a proposta. A maioria das escolas trabalham a questão ambiental, mesmo que de forma tênue. No Brasil, influenciado pelos diversos encontros e debates, educadores e representantes do poder público, envidaram esforços para a criação de programas governamentais e para o fomento de iniciativas diversas em matéria de Educação Ambiental principalmente no ensino formal. Para entender plenamente como surgiu e o que é a transversalidade, bem como sua aplicação é importante pensar no contexto da cientificidade da pedagogia, a organização curricular encontrou terreno fértil na disciplinarização. O modelo arbóreo ou radicular de capilarização do conhecimento científico serviu muito bem de planta para a fixação dos currículos escolares. A Educação Ambiental deve ser entendida como um processo e não como um fim em si mesmo. A Lei 9.795 (1999) estabeleceu que a Educação Ambiental deve ser desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal, mas não como disciplina específica incluída nos currículos escolares. 6 A especialização dos saberes permitiu a especialização dos professores, do material didático e do espaço pedagógico e a fragmentação dos saberes permitiu o fracionamento do tempo escolar em aulas estanques. E tudo isso possibilitou que o processo pedagógico pudesse passar pelo crivo de um rígido controle, que pôde, por sua vez, dar à pedagogia a ilusão de que logrou êxito em seu afã de se constituir como ciência. A disciplinaridade, em princípio inquestionável, passou a ser questionada. Primeiro, noâmbito epistemológico. Se a especialização conseguiu, num primeiro momento, responder aos problemas humanos e à sede de saber científico, em fins do século XIX e no início do século XX ela começa a apresentar desgastes, e foi com a mais antiga das ciências modernas, a física, que os desgastes começaram a aparecer. No interior de uma ciência baseada na perfeição do universo, na precisão das medidas e na certeza das previsões, apareceram os princípios da indeterminação, da incerteza, da relatividade. Problemas que já não podiam mais ser resolvidos pela especialidade de uma única ciência começaram a aparecer: um acidente ecológico remete para a biologia, a química, a física, a geografia, a política etc. Os cientistas, preocupados e curiosos, começam então a explorar as fronteiras por entre as ciências, e dessa exploração surgiu a proposta da interdisciplinaridade, uma tentativa de transcender limites, de estabelecer comunicabilidade, de reconectar as ligações desfeitas ou perdidas com o movimento da especialização. A perspectiva interdisciplinar não tarda a chegar ao campo da pedagogia, quando não pelos mesmos motivos, mas pelas mostras de esgotamento do modelo disciplinar de currículo. Aquilo que em princípio se mostrava como o fundamento da cientificidade e da produtividade no processo educativo começa a ser questionado como estanque e linear. Em outras palavras, os professores começam a se incomodar com o fato de os alunos não serem capazes de estabelecer as conexões entre as diferentes disciplinas como eles gostariam que acontecesse. Nesse modelo, a maioria dos alunos não consegue estabelecer as relações entre a matemática e a física, entre a geografia e a história, para citar apenas dois exemplos. A interdisciplinaridade vai justamente ser pensada no âmbito da pedagogia como a possibilidade de uma nova organização do trabalho pedagógico que permita 7 uma nova apreensão dos saberes, não mais marcada pela absoluta compartimentalização estanque das disciplinas, mas pela comunicação entre os compartimentos disciplinares. Assim como epistemologicamente a interdisciplinaridade aponta para a possibilidade de produção de saberes em grupos formados por especialistas de diferentes áreas, pedagogicamente ela indica um trabalho de equipe, no qual os docentes de diferentes áreas planejem ações conjuntas sobre um determinado assunto. Muitas são as propostas de interdisciplinaridade, uma das mais atuais são os Parâmetros Curriculares Nacionais preparados pelo MEC. Eles introduzem a ideia dos temas transversais. Esses temas são uma forma de se tentar viabilizar a interdisciplinaridade, introduzindo assuntos que devem ser tratados pelas diversas disciplinas, cada uma a sua maneira. O currículo passa a ser organizado em disciplinas (ou áreas disciplinares, no caso do Ensino Fundamental em sua primeira fase) e em temas transversais. OS instrumentos legais e os programas governamentais reforçam o caráter de interdisciplinaridade atribuído à Educação Ambiental, que deve perpassar os conteúdos de todas as demais disciplinas, desde a educação infantil até a pós- graduação. Estudos afirmam que a experiência espanhola, na qual a nossa está baseada, é ousada, ao colocar os temas voltados para o cotidiano, como centro de organização do currículo, articulando as disciplinas em torno deles. A educação para a cidadania requer, portanto, que questões sociais sejam apresentadas para a aprendizagem e a reflexão dos alunos. Nessa perspectiva, fica evidente que os temas transversais devem ganhar destaque no currículo e ser levados a sério. Não basta que cada professor, no contexto de sua área ou disciplina, toque em questões eleitas como socialmente relevantes, seja o meio ambiente, a diversidade cultural ou a sexualidade; É preciso, na verdade, que todo o currículo esteja organizado em torno dessas questões. Para dizer de outra maneira, não é suficiente que os temas transversais sejam um apêndice das áreas e das disciplinas curriculares; ao contrário, eles devem passar a ser o eixo em torno do qual as disciplinas e as áreas se organizem, ressignificando as próprias disciplinas. 8 A Educação Ambiental, como processo contínuo que busca a conquista da cidadania e o desenvolvimento justo, solidário e sustentável, é meio e não fim. Sendo assim os conteúdos tradicionais só farão sentido para a sociedade e para quem os ensina e estuda, se estiverem integrados em um projeto educacional abrangente de transformação, a começar pelo ambiente escolar, envolvendo a comunidade e os funcionários, repensando o espaço físico e a administração escolar, as práticas docentes e a participação discente, isto é, discutindo toda a dinâmica de relações que se estabelecem no ambiente que nos cerca. Afirma-se, portanto, que os educadores ambientais que atuam em projetos de educação ambiental do ensino não-formal necessitam adotar a interdisciplinaridade, fator que agregará conhecimento e valores não pensados. Sustentabilidade Outro ponto importante na educação ambiental é a sustentabilidade. Muito mais que um modismo atual deve ser entendida como um dos fatores essenciais, se não o mais importante, para o futuro do planeta. A sustentabilidade já teve sua definição expressa por muitos autores, que definiram como sustentável aquilo que é “Capaz de se manter mais ou menos constante, ou estável, por longo período. Ideia que surgiu em função da degradação ambiental conforme afirmativa de autores que relatam que no âmbito da civilização humana, as sociedades contemporâneas têm sido amiúde ignorantes ou negligentes acerca das irreversibilidades ambientais decorrentes de suas ações. A intensa utilização de elementos não-renováveis e a contínua e generalizada degradação ambiental evidenciam essa característica. Tendo na economia seu valor maior, as sociedades contemporâneas desconhecem os conceitos de entropia e de irreversibilidade. Mais do que isso, a atual racionalidade econômica introduz um novo referencial para a velocidade ou dinâmica das sociedades contemporâneas que pode ser sintetizado pela máxima: “tempo é dinheiro”. A essência do conceito de sustentabilidade está contida em apenas quatro palavras “Enough for everyone, forever”, que traduzindo significa “O suficiente para 9 todos e para sempre”, (Frase tirada de um cartaz, em 2002, durante a Cimeira Mundial para o Desenvolvimento Sustentável que se realizou em Joanesburgo). De acordo com a World Commission on Environment and Development (1987), desenvolvimento sustentável significa: “desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer as futuras gerações no atendimento de suas próprias necessidades”. Portanto, pressupõe-se que esse desenvolvimento possa atender às necessidades de todos os povos do planeta sem comprometer os ecossistemas e a dinâmica natural que lhes dá suporte e sem comprometer a disponibilidade atual de recursos naturais. Estreitamente relacionado às discussões acerca da sustentabilidade, aparece o conceito de “capacidade de suporte”, originalmente proposto no âmbito da ecologia e significando a máxima densidade teórica de indivíduos que um meio pode suportar a longo prazo. Na era contemporânea, inúmeras experiências de ONGs e comunidades alternativas que exprimem uma perspectiva ecológica são exemplos da possibilidade de se viver com qualidade de vida sem colocar em risco a capacidade de suporte do meio ambiente. A partir do entendimento de que consumo sustentável é o consumo de bens e serviços promovido com respeito aos recursos ambientais, que se dá de forma que garanta o atendimento das necessidades das presentes gerações, sem comprometer o atendimento das necessidades das futuras gerações. A promoção do consumo sustentável depende da conscientização dos indivíduos da importância de tornarem- se consumidoresresponsáveis. Depende ainda de um trabalho voltado para a formação de um “consumidor- cidadão”. Esse trabalho educativo é essencialmente político, pois implica a tomada de consciência do consumidor do seu papel de ator de transformação do modelo econômico em vigor em prol de um novo sistema, de uma presença mais equilibrada do ser humano na Terra. O consumidor é ator de transformação, já que tem em suas mãos o poder de exigir um padrão de desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente equilibrado. 10 O consumidor engajado pode ser visto como um novo ator social. Consciente das implicações dos seus atos de consumo, passa a compreender que está ao seu alcance exigir que as dimensões sociais, culturais e ecológicas sejam consideradas pelos setores produtivo, financeiro e comercial em seus modelos de produção, gestão, financiamento e comercialização. Essa não é uma tarefa simples, pois requer uma mudança de posturas e atitudes individuais e coletivas no cotidiano. O desafio que se coloca é o abandono da sociedade do descarte e do consumo excessivos, a recusa do sonho americano (american dream – Sonho de propriedade de uma casa grande, carros suntuosos, produtos de alta tecnologia, constantemente sujeitos à obsolescência e troca, escravidão da moda, do status, da imagem vendida pela mídia) como sinônimo de bem-estar, de felicidade. Já pensou o que seria do planeta se os chineses adotassem o padrão de consumo dos norte-americanos? As iniciativas educacionais para o consumo sustentável podem se realizar no âmbito de todas as disciplinas dos currículos do Ensino Fundamental e Médio, bem como no nível superior, e de iniciativas informais. Como tema transversal do ensino, o meio ambiente engloba a questão do consumo sustentável, que deve ser abordada de forma holística, por se tratar de uma postura de cidadania. Uma nova proposta surge no consumidor consciente, preparado para mudar o sistema produtivo: Não produzir lixo. Produzir apenas coisas verdadeiramente necessárias e duráveis. Quando não for mais possível usá-las, reciclá-las ou encontrar outras pessoas que precisem delas. ‘‘O Desenvolvimento Sustentável deve garantir as necessidades das atuais gerações sem comprometer as gerações futuras.’’ Este é o conceito mínimo de Desenvolvimento Sustentável proposto pelas Nações Unidas. Ele possui duas lógicas de solidariedade: das gerações atuais com as futuras e das gerações atuais com a natureza que elas ocupam hoje. Assim a responsabilidade maior por implementar um estilo sustentável de vida no Planeta é das gerações atuais. O tema da sustentabilidade confronta-se com o paradigma da “sociedade de risco”. Isso implica a necessidade de se multiplicarem as práticas sociais baseadas no fortalecimento do direito ao acesso à informação e à educação ambiental em uma perspectiva integradora. E também demanda aumentar o poder das iniciativas baseadas na premissa de que um maior acesso à informação e transparência na 11 administração dos problemas ambientais urbanos pode implicar a reorganização do poder e da autoridade. 3 - CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Após a problemática da relação entre homem e natureza, ocorreram conferências, agendas e criação de leis importantes na tentativa de reverter os problemas causados e anteriormente demonstrados. A contextualização é a forma de integrar a educação ambiental no contexto da comunidade do local onde será aplicada. Este contexto é cultural, social, laboral, religioso, técnico e científico. Entende-se que a Educação Ambiental decorre de uma percepção renovada de mundo; uma forma integral de ler a realidade e de atuar sobre ela. Nesse novo paradigma, a proposta educativa envolve a visão de mundo como um todo e não pode ser reduzida a apenas um departamento, uma disciplina ou programa específico. Ela deve estar inserida na vida e no cotidiano de todos os indivíduos. Educação Ambiental é uma proposta de filosofia de vida que resgata valores éticos, estéticos, democráticos e humanistas. Seu objetivo é assegurar a maneira de viver mais coerente com os ideais de uma sociedade sustentável e democrática. Conduz a repensar velhas fórmulas e a propor ações concretas para transformar a casa, a rua, o bairro, as comunidades. Parte de um princípio de respeito à diversidade natural e cultural, que inclui a especificidade de classe, de etnia e de gênero. A participação constitui-se em eixo matricial da Educação Ambiental. Pode ser considerada a base de transformações que poderão reconstruir a convivência dos seres humanos, entre si e com o ambiente como um todo. Mesmo entre os ambientalistas, ainda ocorre confusão a respeito de conceitos básicos da ecologia utilizados como argumentos para exigir as necessárias medidas de conservação. Embora o objeto de estudo da ecologia esteja muito próximo do cotidiano das pessoas, para a maioria delas, a conexão com os ambientes naturais, quando existe, ocorre de uma forma descontextualizada e pobre em informações científicas. Por exemplo, ainda são comuns os slogans do tipo "salve a ecologia", 12 "salve o planeta", "precisamos proteger o equilíbrio ecológico", entre outras expressões comuns no meio popular. Essa desinformação reflete no modo de agir e pensar da população, que se habitua a dissociar o ambiente cultural do ambiente natural. Isto dificulta a compreensão das relações humanas com o meio natural, o quanto o influenciamos e somos influenciados por ele. Portanto, enfatizamos a necessidade do desenvolvimento de novos métodos para esclarecer a população sobre a crise ambiental e do papel da ecologia neste contexto. No que se refere à prática da educação ambiental no Brasil, duas tarefas fundamentais, inadiáveis e simultâneas colocam-se diante do poder público e da sociedade brasileira. 1 - A primeira diz respeito ao direcionamento da abordagem da dimensão ambiental, na esfera da educação formal, 2 - A segunda deve voltar-se à recuperação do passivo cognitivo junto à maioria da população brasileira, por meio de sua participação no processo de gestão ambiental. Ante as questões colocadas, como se deve orientar a prática da educação ambiental? Ela deve privilegiar a mudança de comportamento do indivíduo em sua relação com o meio físico-natural? Ou devemos assumir que garantir boa qualidade ambiental exige mais do que posturas pessoais bem intencionadas? Em outras palavras, trata-se de escolher a diretriz que deve referenciar o exercício da educação ambiental no país. Uma possibilidade é assumir a transformação individual como meio para a sociedade brasileira atingir, ao longo de um certo tempo, uma conduta ambientalmente responsável (transformar-se para transformar). Um outro direcionamento, ao contrário do anterior, considera a transformação individual como decorrente do engajamento do sujeito num projeto coletivo para construção de práticas sociais ambientalmente saudáveis (transformar- se transformando). Uma forma interessante de sedimentar alguma informação ambiental é utilizar exemplos práticos. Tomemos como exemplo uma pessoa que tem por hábito ingerir altas quantidades de carne. A conscientização para que ocorra um menor consumo 13 do produto pode ser através de informações de como este alimento é produzido, qual o gasto ambiental em desmatamento para formação de pastagem, consumo de água por animal/dia (60 a 100 litros de água por dia), pisoteio do solo provocando a compactação, emissão de gases de efeito estufa pela regurgitação dos animais, uso de combustível fóssil no transporte dos animais, gastos com água no abate dos animais, geração de efluentes contaminados devido ao processo, gastos de energia no processo de resfriamento das carcaças, uso de plásticos nas embalagens, novo transporte as redes de supermercados etc. Enfim, o processode produção de proteína de origem animal é extremamente oneroso ao meio ambiente, seria prudente que as pessoas ingerissem apenas o necessário para o fornecimento dos aminoácidos essenciais exigidos pelo corpo. O crime neste caso não é a ingestão de carne, mas o consumo extremo sem pesar as consequências para o planeta e para os próprios animais que se tornam meras mercadorias, na maioria das vezes sendo mal tratados em função da produção e do lucro. Participação Frequentemente, educadores de órgãos ambientais e das organizações não governamentais são procurados por grupos sociais, órgãos públicos, empresas, movimentos sociais, escolas, entidades comunitárias e até por indivíduos isolados para formular, orientar ou desenvolver programas de educação ambiental a partir de várias temáticas. São trabalhos relacionados com lixo, recursos hídricos, licenciamento ambiental, desmatamento, queimadas, assentamentos de reforma agrária, agrotóxicos, irrigação, manejo florestal comunitário, captura e tráfico de animais silvestres, espécies ameaçadas de extinção, ordenamento da pesca, maricultura, agricultura, ecoturismo, unidades de conservação, construção de agendas 21 locais e tantos outros temas que, em muitos casos, estão também associados a questões étnicas, religiosas, políticas, geracionais, de gênero, de exclusão social, etc. Além da diversidade de temas, é comum também se encontrar uma grande variedade de abordagens. 14 O modo como um determinado tema é abordado em um projeto de educação ambiental define tanto a concepção pedagógica quanto o entendimento sobre a questão ambiental que estão sendo assumidos na proposta. A questão do lixo, por exemplo, pode ser trabalhada em programas de educação ambiental desde a perspectiva do “Lixo que não é lixo”, em que o eixo central de abordagem está na contestação do consumismo e do desperdício, com ênfase na ação individual e até aquela que toma essa problemática como consequência de um determinado tipo de relação sociedade-natureza, histórica e socialmente construída, analisa desde as causas da sua existência até a destinação final do resíduo e, ainda, busca a construção coletiva de modos de compreendê-la e superá-la. Para quem se identifica com a primeira perspectiva, está implícita a ideia de que a prevenção e a solução dos problemas ambientais dependeriam, basicamente, de cada um fazer sua parte. Assim, se cada pessoa passasse a consumir apenas o necessário (aquelas que podem), a reaproveitar ao máximo os produtos utilizados e a transformar os rejeitos em coisas úteis, em princípio estar-se-ia economizando recursos naturais e energia e, dessa forma, minimizando a ocorrência de impactos ambientais negativos. Nesse quadro, à educação ambiental caberia, principalmente, promover a mudança de comportamento do sujeito em sua relação cotidiana e individualizada com o meio ambiente e os recursos naturais, objetivando a formação de hábitos ambientalmente responsáveis no meio social. Essa abordagem evidencia uma leitura acrítica e ingênua da problemática ambiental e aponta para uma prática pedagógica prescritiva e reprodutiva. Assim, a transformação da sociedade seria o resultado da transformação individual dos seus integrantes. Na outra perspectiva, assume-se que o fato de cada um fazer sua parte por si só não garante, necessariamente, a prevenção e a solução dos problemas ambientais. Numa sociedade massificada e complexa, assumir no dia-a-dia condutas coerentes com as práticas de proteção ambiental pode estar além das possibilidades da grande maioria das pessoas. 15 Muitas vezes o indivíduo é obrigado, por circunstâncias que estão fora do seu controle, a consumir produtos que usam embalagens descartáveis em lugar das retornáveis, alimentar-se com frutas e verduras cultivadas com agrotóxicos, utilizar o transporte individual em vez do coletivo, apesar dos engarrafamentos, trabalhar em indústria poluente, aceitar a existência de lixões no seu bairro, desenvolver atividades com alto custo energético, morar ao lado de indústrias poluentes, adquirir bens com obsolência programada, ou seja, a praticar atos que repudia pessoalmente, cujas razões, na maioria dos casos, ignora. De acordo com essa visão, as decisões que envolvem aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais são as que condicionam a existência ou a inexistência de agressões ao meio ambiente. Nessa concepção, o esforço da educação ambiental deveria ser direcionado para a compreensão e a busca de superação das causas estruturais dos problemas ambientais por meio da ação coletiva e organizada. Segundo essa percepção, a leitura da problemática ambiental realiza-se sob a ética da complexidade do meio social, e o processo educativo deve pautar-se por uma postura dialógica, problematizadora, comprometida com transformações estruturais da sociedade e de cunho emancipatório. Aqui se acredita que ao participar do processo coletivo de transformação da sociedade a pessoa também está se transformando. Neste contexto de participação individual surgiu a discussão sobre o consumo consciente ou consumidor consciente, onde antes de adquirir algum produto faz-se um rastreamento de sua produção. O consumidor deve ter a consciência do impacto de seu ato de consumir e também buscar outras pessoas para o seu modo de consumo, mobilizar no sentido de pensar antes de comprar, para que comprar, como descartar quando for o caso. A relação capitalista de consumo pressupõe algo a ser vendido para alguém que terá a “necessidade” de comprar. Não havendo interessado em comprar a relação de consumo desaparece. Esta condição dá ao consumidor individual um grande poder, optando por não consumir devido a algo que desagrade, provocará o fabricante no sentido de repensar o modo de produção. 16 O “modo de consumo americano” que se instalou em parte do mundo criou a ideologia do consumo rápido e descartável. Além destes fatores incentiva o consumo excessivo de uma variedade interminável de mercadorias, desde as voltadas para o consumo doméstico ao uso coletivo. O mais comum é associar consumo a compras, o que está correto, mas incompleto, pois não engloba todo o sentido do verbo. A compra é apenas uma etapa do consumo. Antes de comprar é preciso decidir o que consumir, por que consumir, como consumir e de quem consumir. Depois de refletir a respeito desses pontos pode- se partir para a compra. Ao usar o produto existe o descarte de embalagem que deve também ser considerada na decisão de comprar. A participação efetiva do indivíduo pode ser pequena, mas quando exercida por muitos formam uma opinião que deve ser levada em conta. Um exemplo simples é a troca do aparelho de celular por um outro “mais moderno”, está atitude gera um resíduo sólido que será descartado ainda em condições de uso, em sua produção foram utilizados minerais que foram retirados do solo em alguma parte do mundo, tendo o agravante do mesmo conter elementos tóxicos para o meio ambiente. 17 4 – A PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL A construção de uma proposta de educação ambiental emancipatória e comprometida com o exercício da cidadania passa pela exigência de explicitação de pressupostos que devem fundamentar sua prática, entre os quais se considera: 1) o meio ambiente ecologicamente equilibrado é: • direito de todos; • bem de uso comum; • essencial à sadia qualidade de vida; 2) preservar e defender o meio ambiente ecologicamente equilibrado para presentes e futuras gerações É dever: • do Poder Público; • da coletividade; 3) preservar e defender o meio ambiente ecologicamente equilibrado antes de ser um dever é um compromisso ético com as presentes e futuras gerações; 4) no caso do Brasil, o compromisso ético de preservar e defender o meio ambiente ecologicamenteequilibrado para as presentes e futuras gerações implica: •construir um estilo de desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente seguro num contexto de dependência econômica e exclusão social; • praticar a gestão ambiental democrática, fundada no princípio de que todas as espécies têm direito a viver no planeta, num contexto de privilégios para poucos e obrigações para muitos; 5) a gestão ambiental é um processo de mediação de interesses e conflitos entre atores sociais que agem sobre os meios físico-natural e construído. Esse processo de mediação define e redefine, continuamente, o modo como os diferentes atores sociais, por meio de suas práticas, alteram a qualidade do meio ambiente e também como se distribuem os custos e os benefícios decorrentes da ação desses agentes; 18 6) a gestão ambiental não é neutra. O Estado, ao assumir determinada postura diante de um problema ambiental, está de fato definindo quem ficará, na sociedade e no país, com os custos e quem ficará com os benefícios advindos da ação antrópica sobre o meio, seja ele físico-natural ou construído; 7) o Estado, ao praticar a gestão ambiental, distribui custos e benefícios de modo assimétrico na sociedade; 8) a sociedade não é o lugar da harmonia, mas, sobretudo, de conflitos e de confrontos que ocorrem em suas diferentes esferas (da política, da economia, das relações sociais, dos valores, etc.); 9) apesar de sermos todos seres humanos, quando se trata de decidir ou influenciar sobre a transformação do meio ambiente, “há na sociedade uns que podem mais do que outros”. 10) o modo de perceber determinado problema ambiental, ou mesmo a aceitação de sua existência, não é meramente uma questão cognitiva, mas é mediado por interesses econômicos e políticos, pela posição ideológica e ocorre em determinado contexto social, político, espacial e temporal; 11) a educação no processo de gestão ambiental deve proporcionar condições para produção e aquisição de conhecimentos e habilidades e para o desenvolvimento de atitudes visando à participação individual e coletiva: • na gestão do uso dos recursos ambientais; • na concepção e aplicação das decisões que afetam a qualidade dos meios físico-natural e sociocultural; 12) o processo educativo dever ser estruturado no sentido de: • superar a visão fragmentada da realidade por meio da construção e da reconstrução do conhecimento sobre ela, num processo de ação e reflexão, de modo dialógico com os sujeitos envolvidos; • respeitar a pluralidade e a diversidade cultural, fortalecer a ação coletiva e organizada, articular aportes de diferentes saberes e fazeres e proporcionar a compreensão da problemática ambiental em toda a sua complexidade; 19 • possibilitar a ação em conjunto com a sociedade civil organizada e sobretudo com os movimentos sociais, numa visão da educação ambiental como processo instituinte de novas relações dos seres humanos entre si e deles com a natureza”; • proporcionar condições para o diálogo com as áreas disciplinares e com os diferentes atores sociais envolvidos com a gestão ambiental; 13) os sujeitos da ação educativa são prioritariamente segmentos sociais afetados e onerados, diretamente, pelo ato de gestão ambiental e dispõem de menos condições para intervir no processo decisório. O compromisso e a competência do educador são requisitos indispensáveis para se passar do discurso à ação. Para muitos a situação é um paradoxo. Hoje temos mais informações do que nunca sobre questões ambientais. Cada vez mais pessoas e organizações estão interessadas em ver a recuperação do meio ambiente. Governos estabelecem agências para ajudar a solucionar os problemas. A mais avançada tecnologia está disponível para se lidar com os desafios. Mesmo assim, as coisas não parecem melhorar. CIDADANIA AMBIENTAL É fonte primária de recursos utilizados em processos de produção de bens, e o Estado não consegue controlar tudo o que acontece, seja por meio natural, seja por ação humana, devendo o indivíduo ser responsável por seus próprios atos. A cidadania ambiental é a qualificação das pessoas sobre a legislação ambiental e os direitos e deveres difusos para o exercício de uma soberania coletiva sobre os ecossistemas locais e da Biosfera. Ela é exercida através de Associações, Organizações Não Governamentais e Movimentos Sociais. Seu estatuto jurídico é o direito difuso. Seu instrumento é Ação Civil Pública. Seu principal titular é o Ministério Público. O objetivo de se trabalhar o conceito de Cidadania Ambiental é a construção de uma identidade cultural sustentada. De modo a consolidar uma perspectiva amorosa e solidária no relacionamento das pessoas com a natureza capacitando-as 20 no conhecimento e uso da Legislação ambiental e dos direitos e deveres difusos de proteção à natureza. A partir desse contexto é importante educar e conscientizar a população. A Lei 9.795/99 determinou a inserção da educação ambiental em todos os níveis de ensino, um grande avanço. Para o autor o exercício da cidadania ambiental deve ser praticado em várias esferas, tais como economizar água do chuveiro, evitar longos banhos, evitar a produção excessiva de lixo, controlar o consumo de bens e produtos, adotar atitudes que preservam o meio ambiente, enfim economizar no uso de bens que exigem na natureza. A cidadania ambiental aquele que participa dos debates e audiências públicas, que cobra das autoridades providências, tem má efetiva participação em movimentos populares ou ONG”s. 21 5 – CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL O despertar mundial para os problemas causados pela degradação do meio ambiente teve seu início tardiamente em 1972, na Conferência de Estocolmo. Reuniram-se 72 nações e criaram o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Em seguida, o Programa associou-se a UNESCO para promover a Educação Ambiental. Em 1988, a ONU criou a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento e produziu o Relatório Nosso Futuro Comum: inicia-se a discussão internacional sobre o desenvolvimento. Como equilibrar proteção ao Meio Ambiente e alimentar os povos? Como construir o desenvolvimento sustentável? Em 1992 acontece no Rio de Janeiro a ECO-92, tendo como resultado a Agenda 21. A Constituição Federal - artigo 225 / 88 - estabelece a obrigação do poder público e do povo de preservar a natureza. O princípio n º1 da Declaração de Estocolmo de 1972 diz que "todo homem tem direito fundamental à liberdade, à igualdade e a condições de vida adequadas, num meio ambiente que permita uma vida de dignidade e bem-estar". A Constituição Federal de 1988, no artigo 225 expressa: "o meio ambiente é um direito de todos, um patrimônio do povo, essencial à sadia qualidade de vida e que por isso, exige-se do Poder Público e do povo o dever de defendê-lo no presente para o futuro. Estudos comentam que não há como negar que no Brasil sempre existiram normas de tutela da natureza, no entanto o artigo 225 legitimou tal regra. A conscientização global possibilitou que a Constituição Federal de 1988 estabelecesse a proximidade entre o Meio Ambiente e o conteúdo humano e social, permitindo a todos, dessa forma, o direito de que as condições que regem a vida não sejam mudadas de forma desfavorável, por serem essenciais. O tratamento dado ao meio ambiente passou a ser diferente, é visto como um bem de todos, de uso comum, essencial à vida prega-se a ideia de um Estado que desenvolva atividades no sentido do homem se sentir em perfeita condição física ou 22 moral, primando pelo bem-estar humano, pela existência de um meio ambiente livre de poluição e de outras situações que lhe causem danos. Ainda segundo este autor deve-se dar ênfase que o artigo 225 expressa que é dever do Poder Público e a dacoletividade, juntos, defender e preservar o Meio, ambiente para as presentes e futuras gerações. Danos ambientais e a poluição ambiental não se limitam às fronteiras de uma cidade, um estado ou de um país, portanto, são responsabilidade de todos. A qualidade do Meio Ambiente é hoje um valioso patrimônio que deve ser preservado e recuperado, onde o Poder Público, pelo comando imperativo das normas, tem o dever de assegurar a qualidade de vida, que consequentemente implica em boas condições de trabalho, lazer, educação, saúde, segurança. PRINCÍPIO DO GRANDE IMPACTO POLUIDOR Devemos ter consciência que o ser humano provoca grande desequilíbrio em todos os lugares que ocupa, alterando o ambiente. A degradação ambiental começa a ter grande importância quando o ser humano consegue aumentar a sua expectativa de vida, dominando a maioria das doenças. Isto soma-se ao fato de não possuir um predador no meio ambiente, gerando uma população “sem controle”. Este fato soma-se a capacidade humana de inventar máquinas para realizarem tarefas em grande escala, que por sua vez, geram grandes quantidades de resíduos poluentes. Este fato é bem marcado pela Revolução Industrial, que iniciou na Europa. Neste momento começou o grande impacto poluidor no planeta. A revolução industrial foi o marco inicial da destruição do meio ambiente, a partir daquele fato a exploração do meio ganhou velocidade. A industrialização foi a descoberta do valor agregado, ou seja, os produtos naturais ao serem trabalhados e modificados geravam maior valor monetário, a madeira dava origem a móveis elaborados, geravam o desejo e compra por aqueles de melhor poder aquisitivo. Antes deste período já existia a poluição, mas o grau de poluição aumentou consideravelmente com a indústria e a urbanização, passando de uma escala local 23 para mundial. Sociedades, indivíduos, natureza, espaço, mares, florestas, subsolo: tudo tem de ser útil economicamente, tudo deve ser utilizado no processo produtivo. O importante nesse processo não é o que é bom ou justo e sim o que trará maiores lucros a curto prazo. Assim derrubam-se matas sem se importar com as consequências a longo prazo; acaba-se com as sociedades preconceituosamente rotuladas de “primitivas”, porque elas são vistas como empecilhos para essa forma de “progresso”, entendido como acumulação constante de riquezas, que se concentram sempre nas mãos de alguns. A OCUPAÇÃO URBANA No Brasil, além das indústrias, temos outro fator muito importante, a ocupação urbana. Desta forma entendemos que a degradação ambiental observada é decorrente do peculiar processo histórico de ocupação e de uso do espaço, onde, em quase sua totalidade, critérios técnicos e de segurança para a vida humana foram desprezados. Limitações decorrentes de aspectos naturais, como relevo, declividade, várzeas, entre outras, foram ignoradas, sobretudo por força da determinante social e econômica, resultando na ocupação de áreas “impróprias” para o estabelecimento de moradias. Conforme relatado em estudos as intervenções antrópicas no ambiente sempre representam algum impacto, muitas vezes até por desconhecimento não se avalia o risco geotécnico das obras de engenharia, principalmente das pequenas obras. Com isso, torna-se necessário um conhecimento das características dos terrenos frente à ocupação urbana acelerada. Observa-se, assim, que fundos de vale, áreas de mananciais, várzeas de rios e córregos e encostas de morro acabaram sendo ocupados por habitações precárias, irregulares e sem atendimento de saneamento básico, reproduzindo um modelo de degradação ambiental urbana, porém, de evidente solução integrada no sentido local e regional. Os contingentes submetidos à exclusão social e econômica, seja em decorrência da renda limitada, do desemprego, ou mesmo pela falta de moradia acessível, acomodaram-se nesses espaços carentes de serviços públicos de saúde, 24 educação, lazer, saneamento e fiscalização adequados, produzindo também enormes danos ambientais que precisam ser revertidos. A concentração de pessoas em um ambiente sem a devida programação sanitária acarreta sérios problemas de saúde pública pela geração intensa de resíduos sólidos. Para reduzir os impactos que os resíduos sólidos causam ao meio ambiente e à saúde pública é necessário desenvolver programas de coleta seletiva, reciclagem e reaproveitamento de materiais e promover a conscientização da população de que ações são necessárias para a proteção do meio ambiente. A erosão e escorrimento superficial do solo, causados pela sua indevida utilização, são um dos principais responsáveis pelas constantes inundações. Na cidade de São Paulo, o Rio Tietê possui uma situação que é decorrente de um conjunto de fatores que são comuns em parte da região da sub-bacia Juqueri/Cantareira, tais como: o parcelamento de glebas em desacordo com a topografia; a ocupação dos fundos de vale por população de baixa renda, retirando da várzea a sua função de amortecimento das cheias; a impermeabilização excessiva do solo, aumentando o volume e a velocidade da água; a retirada da cobertura vegetal e execução de serviços de terraplanagem; o lixo lançado no leito dos córregos; as ações do poder público concentradas na resolução dos problemas específicos de determinados cursos d’água, sem abordar a questão em termos das sub-bacias como um todo; as canalizações agravando os problemas da jusante dos cursos d’água, dificultando a limpeza e desassoreamento e desobstrução. Acima são descritos uma série de prejuízos sócio-ambientais, como os gastos com desassoreamento e desobstrução dos cursos d’água, equipamentos públicos danificados com as enchentes, perda de bens privados, gastos com saúde pública decorrentes de doenças transmitidas pela água por insetos ou por roedores e pela contaminação de alimentos, perdas de horas de trabalho e de recursos econômicos devido às paralisações por enchentes, deterioração das condições de seu entorno, degradação geral do ambiente pelas enchentes em termos de perda de cobertura verde, erosão, deslocamento de lixo para casas e vias, deterioração do manancial como um todo e constante ameaça de contaminação da água que abastece a região metropolitana de São Paulo. 25 A MIGRAÇÃO PARA AS CIDADES O Brasil deixou efetivamente de ser um país “predominantemente agrícola”. A população urbana começou a ultrapassar a população rural em número. O país passou a contar com um parque industrial diferenciado e muito produtivo. Este fato deve ser analisado de forma contextualizada, pois tem gerado uma série de problemas ambientais, destruição de culturas, mudança de comportamentos, individualismo, etc. No pós guerra (1950) ocorreu a modernização da agricultura no Brasil com a chamada “revolução Verde”. Este fenômeno ocorreu com a utilização de equipamentos mecânicos e produtos da indústria química. No entanto, somente a partir da década de 1970, em razão da instalação de empresas produtoras destes bens materiais no país, é que a “industrialização da agricultura” difundiu-se, e as atividades agropecuárias passaram a constituir ramos de produção semelhantes aos da indústria. Apesar desta “industrialização” não ter ocorrido no Brasil inteiro provocou grandes mudanças no comportamento das pessoas do campo. A força de trabalho foi sendo substituída por máquinas gerando um excedente de trabalhadores sem postos de trabalho levando-os a migrarem para as cidades, principalmente para as capitais onde a oferta de trabalho é maior. Outro fator que empurrou o homem do campo para as cidades foram leis trabalhistas, estas leis foram criadas com o intuito de protegê- lo, mas na realidade ocorreu o contrário. Antes da década de 70 muitos fazendeiros possuíam em suas terras os “meeiros” ou “arrendatários”, eram famílias inteiras queviviam em algum espaço da fazenda, plantavam e criavam seus animais, tudo em parceria com o dono da fazenda. Com o surgimento dos sindicatos rurais e leis que obrigavam os fazendeiros a registrar os trabalhadores ou ceder parte da terra para estes com a lei do usucapião (após 5 anos no mesmo lugar o trabalhador tinha direito a propriedade que ocupava) os conflitos ficaram intensos e os proprietários deixaram de utilizar estas modalidades de parceria com trabalhadores rurais. O resultado da soma dos fatores industrialização do campo e leis rurais provocou o êxodo dos trabalhadores rurais para as cidades, até o momento atual 26 ainda ocorre a migração de trabalhadores para os centros urbanos. Esta situação aumentou as favelas já existentes, surgiram bairros nas periferias das cidades totalmente sem infra-estrutura. Os gestores das cidades não conseguiram atender as demandas por moradias e instalação de infra-estrutura de saneamento básico. Segundo dados da Pesquisa Nacional por amostragem (PNAD), em 2000 82% da população já residia nas cidades. A previsão é que a urbanização ainda persistirá, menos intensa, exceto no Norte e no Nordeste, nas quais o êxodo rural se acelera. No Centro- Oeste, no Sudeste e no Sul, a urbanização será bem mais lenta, tendo nela peso menor a migração rural–urbana, de origem nas mesmas regiões. No entanto a migração do Norte e nordeste ainda não cessou, essas regiões são retardatárias quanto ao deslocamento do campo para a cidade. Assim, a política econômica que visa reter população nos campos tem que ter o Nordeste como prioridade, o que não ocorre presentemente, e reconhece-se que as dificuldades operacionais e o risco climático são pedras no caminho. A questão ambiental se tornou então muito mais séria com o adensamento populacional das cidades. Hoje praticamente todos os grandes centros urbanos já enfrentam problemas com captação de água para as populações, alta produção de lixo, moradias precárias, crise nos transportes urbanos, violência urbana, poluição, despersonificação do ser humano, etc. 27 REFERÊNCIAS Carvalho, L.M. de (1999) Educação e meio ambiente na escola fundamental: perspectivas e possibilidades. In: Projeto - Revista de Educação: Ciências: que temas eleger? Porto Alegre: Projeto, 1 (1), 1999. Carvalho, L.M. de (1996). Os trabalhos de campo como procedimento didático. Rio Claro. Fernandes, E.T., Cunha, A.M.O.C. e O. Marçal Junior (2003). Educação ambiental e meio ambiente: Concepções de profissionais da educação. In: Encontro Pesquisa em Educação Ambiental: abordagens epistemológicas e metodológicas, 2., 2003, São Carlos, Anais São Carlos: UFSCar. Fracalanza, H. (2004). As pesquisas sobre educação ambiental no BRASIL: alguns comentários preliminares. In: Taglieber, J. E.; Guerra, A. F. S. (Eds.). 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