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História da 
assistência à saúde 
no Brasil - parte II
 
SST
Jesus, D. V.; Costa, S. N.
História da assistência à saúde no Brasil - parte II / Dani-
la Vedovello de Jesus; Sabrine Nayara Costa - 
Ano: 2021
nº de p. : 9
Copyright © 2021. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
História da assistência à 
saúde no Brasil - parte II
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Apresentação
Neste momento, compreenderemos a importância e influência da República 
Populista, do Golpe Militar e da Nova República na constituição da Saúde Pública 
brasileira. Quanto ao período da República Populista, aprenderemos como se deu a 
criação do primeiro Conselho de Saúde, que deu origem o Ministério da Saúde. 
Além disso, estudaremos como a Ditadura Militar influenciou nos atrasos do 
desenvolvimento de políticas públicas voltadas para toda a população e como 
hospitais privados cresceram nesse período. Por fim, aprenderemos como ocorreu a 
garantia de Saúde Pública para todos os cidadãos pelo Estado. 
República Populista – Quarta 
República (1946 - 1964) 
A Era Vargas teve seu fim após a Revolução de 1930, com a renúncia de Getúlio 
Vargas, a adoção de uma nova Constituição (1946) e a redemocratização do país. 
A Nova República, ou República Populista, foi marcada pelo governo populista de 
Juscelino Kubitschek, que aspirava ao desenvolvimento técnico-industrial do país e 
promoveu o desenvolvimento da região central, transferindo a capital do país para 
Brasília. A Nova República teve seu término após a eleição democrática de João 
Goulart, que optou pelo apoio da esquerda e perdeu força política devido à pressão 
militar (SENADO FEDERAL, 2017).
Nesse período, foi criado o primeiro Conselho de Saúde, marco inicial da saúde 
pública no Brasil. Convênios permitiram a expansão do Serviço Especial de Saúde 
Pública (SESP) para todas as regiões do país e, em 1953, foi enfim criado o 
Ministério da Saúde. A Lei n. 2.312/1954 estabeleceu Normas Gerais sobre Defesa 
e Proteção da Saúde, responsabilizando o Estado por boas condições de saúde da 
população: “art. 1º É dever do Estado, bem como da família, defender e proteger a 
saúde do indivíduo” (BRASIL, 1954).
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Em 1960, o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) foi então transformado em 
Fundação Serviço Especial de Saúde Pública (FSESP), vinculada ao Ministério 
da Saúde. A FSESP colaborou com o desenvolvimento de vacinas contra varíola, 
poliomielite e BCG, que protege os recém-nascidos (até um mês de vida) contra a 
tuberculose.
Vacinação
Fonte: Plataforma Deduca (2021).
#PraCegoVer: Imagem de um menino sendo vacinado no 
braço. Além do menino, aparece as mãos de um adulto, uma 
pressionando um algodão no braço da criança e na outra mão 
uma seringa com a injeção.
A Lei Orgânica de Previdência Social foi sancionada em 1960, 
após intenso debate político. Os trabalhadores não eram a favor da 
unificação dos Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAPs), pois 
acreditavam que isso geraria perda de direitos. Ainda assim, sobre 
o trabalhador, as IAPs foram unificadas e, em 1960, foi promulgada 
a Lei Orgânica da Previdência Social (Lei n. 3.807), que unificou 
a previdência social, abrangendo todos os trabalhadores da CLT 
(BRASIL, 2017).
Saiba mais
A Terceira Conferência de Saúde, que ocorreu em 1963, propôs a descentralização 
das ações por meio da discussão sobre função e ação de cada uma das esferas 
de governo nas questões relacionadas à saúde e à distribuição e coordenação de 
cada uma das atividades sanitaristas em cada uma dessas esferas (níveis). O Golpe 
Militar de 1964 inviabilizou as medidas propostas, mas estas permaneceram como 
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ideias futuras para as três esferas de governo são município, estado e União. Sua 
estrutura segue uma hierarquia, sendo que o Governo Municipal trata de assuntos 
relativos à sua cidade e à interação com outras cidades; o Governo Estadual trata 
de assuntos relativos aos estados; e o Governo Federal, ou União, trata de assuntos 
relativos ao país.
Ditadura Militar - Quinta República 
(1964 – 1988)
A Ditadura Militar no Brasil durou de 1 de abril de 1964 até 15 de março de 1985, sob 
governos de caráter autoritário, após o presidente João Goulart, democraticamente 
eleito, ser deposto do cargo. O regime apresentava diretriz nacionalista e 
desenvolvimentista e atingiu o auge de popularidade na década de 1970, com um 
suporto milagre econômico (SENADO FEDERAL, 2017).
O Regime Militar procurou, por meio de políticas sociais, legitimar o governo perante 
a população. Foi criado então o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), 
que unificou as IAPS, o Serviço de Assistência Médica e Domiciliar de Urgência 
(SAMDU) e a Superintendência dos Serviços de Reabilitação da Previdência Social. 
O sistema unificado incorporou benefícios de assistência à saúde para todos os 
trabalhadores por meio de convênios e contratos com médicos e hospitais privados. 
Houve alto desenvolvimento de hospitais e clínicas privadas; o INPS gerou aumento 
de contribuintes públicos e o governo militar investiu grande parte dessas verbas 
arrecadadas nos serviços de atenção privada, gerando rombos no sistema de 
previdência (BERTOLDI FILHO, 2000).
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Avanços nas políticas de saúde foram observados, como a criação 
da Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam), 
que foi criada pela junção de três importantes meios de controle 
de epidemias e endemias: O Departamento Nacional de Endemias 
Rurais (Deneru), a Campanha de Erradicação da Malária (CEM) e 
a Campanha de Erradicação da Varíola (CEV). O aprimoramento 
do controle de epidemias resultou da criação da Divisão Nacional 
de Epidemiologia e Estatística de Saúde (DNEES), do Boletim 
Epidemiológico da FSESP, da instalação de Unidades de Vigilância 
Epidemiológica e da criação do Programa Nacional de Imunizações 
(FIOCRUZ, 2017).
Atenção
Em 1971, foi estabelecido o Plano Nacional de Controle da Poliomielite e, quatro 
anos depois, o Plano Nacional de Imunizações, que estabeleceu normas para a 
notificação compulsória de doenças (Lei n. 6.259, de 30/10/1975). 
Doenças de notificação compulsória são as de “[...] comunicação 
obrigatória à autoridade de saúde, realizada pelos médicos, 
profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos 
de saúde, públicos ou privados, sobre a ocorrência de suspeita 
ou confirmação de doença, agravo ou evento de saúde pública, 
descritos no anexo, podendo ser imediata ou semanal” (BRASIL, 
2016) e estão definidas na Lista Nacional de Notificação 
Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde.
Curiosidade
Como forma de melhorar o controle da vacinação da população, foi estabelecida 
a caderneta de vacinação. Após anos de esforços no controle de doenças, o Brasil 
recebeu certificados da OMS de erradicação da varíola e da poliomielite (BRASIL, 
2016; FIOCRUZ, 2017).
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Nova República – Sexta República 
(1988 – atual)
A Nova República seguiu-se ao fim do Regime Militar, em 1985, quando Tancredo 
Neves ganhou a eleição indireta no Colégio Eleitoral, vindo a morrer em seguida. 
Com a morte do presidente eleito, o vice José Sarney assume a presidência e é 
promulgada a Constituição de 1988 (Portaria n. 204, de 17 de fevereiro de 2016), que 
institui um Estado Democrático de Direito, caracterizado pela ampla democratização 
política do Brasil e sua estabilização econômica (SENADO FEDERAL, 2017).
Na Constituição de 1988, a Saúde Pública, pela primeira vez, foi 
garantida como direito de todos os cidadãos e como um dever do 
Estado. Porém, essa garantia foi amplamente discutida durante a 
8ª Conferência Nacional de Saúde, ocorrida em 1986, que, sob uma 
construção coletiva e baseada em movimentos populares, definiu 
diretrizes e objetivos do que veio a ser o Sistema Único de Saúde 
(SUS), estabelecido definitivamente pela Lei Orgânica da Saúde 
(Lei n. 8.080/1990).
Atenção
Eventos históricos, políticos e sociais que ocorreram no período de Ditadura 
Militar e no período seguinte (Nova República) foram cruciais para a criação de 
ummovimento de busca por melhores condições de saúde da população e mais 
acesso à assistência. Esse movimento, denominado Reforma Sanitária, englobou 
diversos setores da sociedade e culminou em mudanças importantes para a saúde 
no país. Os caminhos percorridos durante o processo da Reforma Sanitária serão 
aprofundados na próxima unidade de estudo.
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Fechamento
Durante os estudos, compreendemos a importância da Quarta República para a 
criação do Ministério da Saúde. A partir deste momento o Estado passou a entender 
que era dever do Estado, bem como da família, defender e proteger a saúde do 
indivíduo. Também vimos como o Golpe Militar influenciou as ideias propostas na 
Terceira Conferência de Saúde: as crises financeiras e os objetivos políticos da 
época abriram espaço para a exploração privada da saúde pública.
Por fim, verificamos como, por meio da Constituição de 1988, a Saúde Pública, pela 
primeira vez, foi garantida como direito de todos os cidadãos e como um dever do 
Estado.
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Referências
BRASIL. Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Cronologia Histórica da Saúde 
Pública. Brasília, DF: Funasa, 2017. Disponível em: http://www.funasa.gov.br/web/
guest/cronologia-historica-da-saude-publica?inheritRedirect=true. Acesso em: 26 
jul. 2021.
______. Lei n. 2.312, de 3 de setembro de 1954. Normas Gerais sobre Defesa e 
Proteção da Saúde. Brasília, DF: Presidência da República, 1954. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L2312.htm. Acesso em: 26 jul. 
2021.
______. Portaria n. 204, de 17 de fevereiro de 2016. Define a Lista Nacional de 
Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos 
serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, nos termos do 
anexo, e dá outras providências. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2016. Disponível 
em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0204_17_02_2016.
html. Acesso em: 26 jul. 2021.
BERTOLDI FILHO, C. História da saúde pública no Brasil. 4. ed. São Paulo: Ática, 
2000.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ). Dicionário Histórico-Biográfico das 
Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930). Fiocruz, 2017. Disponível em: http://www.
dichistoriasaude.coc.fiocruz.br. Acesso em: 26 jul. 2021.
SENADO FEDERAL. Institucional – Arquivos. Brasília: Senado Federal, 2017. 
Disponível em: http://www12.senado.leg.br/institucional/arquivo. Acesso em: 26 jul. 
2021.
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http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br
http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br
http://www12.senado.leg.br/institucional/arquivo

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