Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
90 Alta Competência As principais desvantagens da completação dupla são: Maior dificuldade na seleção e utilização dos equipamentos, • com maiores possibilidades de problemas; Embora menos freqüentes, as restaurações são mais • complexas; Maior dificuldade na aplicação dos métodos artificiais de • elevação. 2.3. Etapas de uma completação Ao final da perfuração, o poço é abandonado temporariamente para posterior completação. As etapas seqüenciais de uma completação estão apresentadas a seguir. Vale lembrar que para realizar essas operações no poço pode ser necessária uma sonda similar a que o perfurou. As fases da completação com árvore de natal convencional, cujo método de elevação artificial utilizado é o gas-lift, são as seguintes: Instalação dos equipamentos de segurança para controle • do poço; Condicionamento do revestimento de produção até o topo do • liner, utilizando água do mar; Condicionamento do • liner e substituição do fluido nele contido por fluido de completação (FC). 2.3.1. Fases da completação As fases de uma completação típica são as seguintes: Verificação e correção, se necessária, da qualidade da • cimentação primária realizada no final da perfuração; Capítulo 2. Completação 91 Canhoneio• na zona de interesse, para que o reservatório seja comunicado com o interior do revestimento de produção, permitindo produção dos fluidos do reservatório; Avaliação das formações, através de um • teste de formação a poço revestido (TFR), se solicitado; Descida da cauda de produção, geralmente com coluna de • trabalho (COT). A cauda de produção tem o objetivo de isolar a formação, possibilitando a retirada apenas da parte superior da coluna de produção numa futura intervenção, sendo que a extremidade da coluna deve se posicionar aproximadamente 30 metros acima do topo da zona de interesse; Retirada da coluna de trabalho, com a • camisa do TSR; Instalação dos equipamentos no interior do poço para garantir • a produção de forma segura e eficiente; Instalação da árvore de natal (convencional ou molhada);• Indução de • surgência para que o poço entre em fluxo, injetando- se gás pelo anular. Pode-se, também, utilizar o flexitubo e injetar gás diretamente no interior da coluna. 92 Alta Competência Fluido de completação Cimentação primária CBL/VDL/GR/CCL Gás Óleo Água CCL R1 (3 pés) R2 (5 pés) Avaliação da qualidade da cimentação (perfis CBL / VDL / CEL ou ultra-sônicos). Cabo elétrico Canhão Gás Óleo Água CCL Jatos Canhoneio convencional a cabo da zona de interesse ou com coluna (TCP) Água GÁS Óleo TSRPacker hidráulico Sliding sleeveStanding valve + nipple R Descida da cauda de produção, efetuada geralmente com coluna de trabalho. Água Gás Óleo Mandris de gas-lift DHSV Equipagem do poço, com coluna para produção por gas-lift. Capítulo 2. Completação 93 Água Gás Óleo Camisa do TSR Standing valve + nipple R Mandril do TSR Retirada da coluna de trabalho, com a camisa do TSR. Água Óleo Válvula de teste Válvula de circulação P & T Packer Gás Amostrador Avaliação da formação de interesse com coluna especial para TFR. Água Gás Óleo Flexitubo DHSV Induzindo surgência em um poço com auxílio de flexitubo. Água Gás Óleo BCS Packer duplo Cabo Elétrico Poço equipado com BCS, bastando ligar bomba para indução da surgência. 94 Alta Competência Água Gás Óleo PWF PE Válvulas de pressão fechadas Válvula de orifício Gás atinge a válvula operadora (poço surgente) e a 1ª e a 2ª válvulas fecham. Água Gás Óleo ANM’s D03, DL, DA, LA, GLLANC e ANM’s D01, D02 Início da indução de surgência, com injeção de gás no anular. 2.3.2. Produção do reservatório ao poço Os depósitos petrolíferos existentes nas rochas-reservatórios estão sujeitos à pressão, seja da água localizada sob eles, seja do gás acumulado sobre eles ou dissolvido no óleo. Quando o poço atinge a zona petrolífera, a pressão força o óleo para o interior do poço até que o mesmo chegue à superfície. Enquanto durar a pressão, o óleo é impelido, naturalmente, para o exterior. Nessa condição, diz-se que o poço produz por surgência natural. Se a pressão do reservatório começa a diminuir, vai se reduzindo a quantidade de óleo produzida. Tão logo não haja mais força suficiente para impulsionar o óleo até a superfície, lança-se mão de recursos artificiais de elevação ou mesmo antes, para aumentar a produtividade do poço. Capítulo 2. Completação 95 2.3.3. Condicionamento do revestimento e poço Na reentrada no poço, com vistas à sua completação, depois da sonda estar posicionada, retira-se a capa de abandono, limpa-se a cabeça do poço e instala-se o BOP (o mesmo utilizado na perfuração) conectando-o diretamente à cabeça de poço, com o objetivo de possibilitar o acesso ao seu interior com toda a segurança necessária para execução das demais fases. Uma vez instalado os equipamentos de segurança, condiciona-se o revestimento de produção. São descidos broca e raspador. A broca é utilizada para cortar os tampões de cimento ou mecânicos deixados no interior do poço abandonado pela perfuração. Conclui-se essa fase com a substituição do fluido que se encontra no interior do poço pelo fluido de completação (FC). O fluido de completação é, basicamente, uma solução salina, isenta de sólidos, compatível com a formação e com os fluidos nela contidos, de forma a não causar danos à formação e de fornecer pressão hidrostática no interior do poço um pouco superior à pressão estática das formações. 2.3.4. Pesquisa da cimentação primária A cimentação tem o objetivo de promover a vedação hidráulica entre os diversos intervalos permeáveis ou até mesmo dentro de um único intervalo permeável, impedindo a intercomunicação de fluidos por detrás do revestimento. Além disso, a cimentação propicia suporte mecânico ao revestimento. A pesquisa da qualidade da cimentação tem por finalidade inferir a existência ou não de intercomunicações entre os intervalos de interesse. Para avaliar a qualidade da cimentação são utilizados perfis acústicos que medem a aderência do cimento ao revestimento, e do cimento à formação. Em função da interpretação dos perfis obtidos, decide-se quanto à necessidade ou não de correção da cimentação. 96 Alta Competência Composição Fluido Revestimento Cimento Formação Ferramenta acústica para perfilagem CBL/VDL. Respostas acústicas em diferentes meios de propagação Fo n te: Petro b ras Perfil típico CBL/VDL/ GR/CCL para pesquisa e verificação da qualidade da cimentação Capítulo 2. Completação 97 2.3.5. Canhoneio A função do canhoneio é perfurar, simultaneamente: o revestimento, o cimento que há entre o revestimento e a formação. Além disso, tem que ultrapassar a zona de invasão de filtrado que ocorre durante a perfuração e que é danificada. Feito isso, ainda irá penetrar algumas polegadas na rocha produtora. A idéia mais comum é que o canhoneio seja feito pelo disparo de projéteis contra o revestimento, mas isso não ocorre. Na verdade, o canhão é formado por cargas moldadas que, ao serem detonadas, não explodem pura e simplesmente, mas devido à geometria de sua construção concentram toda a sua potência em uma única direção, acarretando um jato de plasma com espantosa velocidade e pressão, acima de 4.000.000 psi, 272.000 atm. Os principais tipos de canhoneio são: a) Convencional As cargas são montadas dentro de recipientes que as isolam do fluido do poço à pressão atmosférica. Os canhões são descidos e disparados por cabo elétrico. b) Tubing Conveyed Perforation (TCP) O sistema Tubing Conveyed Perforation (TCP) é descido na extremidade de uma coluna de tubos e os canhões são de grande diâmetro e alta densidade de disparos. c) Thrutubing É um canhão montado para descer, com cabo elétrico, através da coluna de produção. Em alguns casos, inclusive, é disparado de dentro da coluna. A principal vantagem é que não é necessário desequipar o poço paraefetuar o canhoneio. 98 Alta Competência a b c Tipos de canhão: Thrutubing (a), TCP (b) e canhão convencional a cabo (c). Detalhe do canhão convencional: descido c/cabo elétrico; cargas explosivas distribuídas em fase de 90°; cordão detonante interligando as cargas. Fo n te: Petro b ras 2.3.6. Indução de surgência É o conjunto de operações que visa à redução hidrostática do fluido de completação ou de amortecimento a um valor inferior à pressão estática da formação, de modo que o poço tenha condições de surgência. Pode ser dividida em quatro grupos: Indução através das válvulas de • gas-lift; Indução através de flexitubo; • Indução pela substituição do fluido da coluna por outro fluido • mais leve; Indução por pistoneio. • Capítulo 2. Completação 99 Os dois primeiros métodos trabalham com a gaseificação do fluido do interior da coluna como forma de diminuir sua hidrostática. No primeiro, o gás é injetado inicialmente no anular do poço, passando posteriormente para o interior da coluna, de forma controlada, através de equipamentos especiais instalados na coluna de produção, chamados de válvulas de gas-lift. No segundo método, o gás é injetado por uma tubulação metálica flexível, descida pelo interior da coluna de produção, gaseificando o fluido na coluna e promovendo sua elevação. 2.4. Principais componentes da coluna de produção (COP) A pressão hidrostática gerada pelo fluido de completação existente no poço impede que haja fluxo de óleo ou gás natural para o interior do poço pelos canhoneados (furos que o canhoneio fez no revestimento, cimento, chegando até a rocha-reservatório). Essa condição permite a instalação da coluna de produção. A coluna de produção (COP) é um conjunto de equipamentos específicos e de tubos enroscados, descido e instalado no interior do poço, com a finalidade de permitir um caminho, com fluxo controlável, do óleo ou gás natural no interior do poço até a superfície. 100 Alta Competência Árvore de Natal Molhada “GLL” Tubing hanger GLL com redução 4 1/2” TDS PIN X 4 1/2” EU PIN DHSV mod. “TRDP-1A-SSA”, 4 1/2” EU com linha de controle dupla Nipple “F” 3,68” Mandril de gas-lift 4 1/2” EU Mandril de gas-lift 4 1/2” EU Tubos de produção 4 1/2” EU TSE com perfil “F” 2.81” Packer hidráulico mod. “HHL”, 4 1/2” EU Redução 3 1/2” EU X 4 1/2” EU Tubo de produção 3 1/2” EU Nipple “R” 2.75” Shear out tripla Revestimento de produção 9 5/8” Esquema de coluna de produção: poço típico de elevação por gas-lift, equipado com ANM GLL. 2.4.1. Alguns elementos da coluna de produção (COP) A coluna de produção (COP) é composta por alguns elementos como nipples, packer de produção e Tubing Seal Receptacle, a seguir descritos. Capítulo 2. Completação 101 a) Nipples de assentamento Os nipples (ou perfis) de assentamento são componentes da coluna (subs) que possuem uma área polida para vedação e uma sede de travamento. Servem para alojar, numa profundidade bem definida, equipamentos para controle de fluxo ou registro de dados de poço, através de operações com arame. Há vários tipos de nipples de assentamento, classificados conforme o perfil de assentamento. Os mais usados são os nipples “R” e “F”. Sede para trava do plug (Groove) Área polida Batente (no-go) Nipple RNipple F Esquemas dos niplles “F” e “R” e foto do niplle-R com standing valve acima da posição de assentamento Fo n te: Petro b ras b) Packer de produção O packer de produção ancora no revestimento, quando as cunhas são acionadas, promovendo a vedação do anular devido à energização das borrachas. O packer tem múltiplas funções: serve para compor a primeira barreira mecânica de segurança do espaço anular; proteger o revestimento (acima dele) contra pressões da formação e fluidos corrosivos; possibilitar a injeção controlada de gás pelo anular, nos casos de elevação artificial por gas-lift; permitir a produção seletiva de várias zonas por uma única coluna de produção (com mais de um packer) e, finalmente, permitir preservar a formação, desde que a extremidade inferior da COP permaneça tamponada. 102 Alta Competência No uso de caudas de produção, o packer, em conjunto com o Tubing Seal Receptacle (TSR) - junta telescópica de tubos de produção - divide a COP em parte superior e cauda. Nesse caso, é posicionado de tal forma que a extremidade da coluna de produção fique aproximadamente 30 m acima do topo da formação produtora superior. Isso facilita operações por dentro da coluna (through tubing) - como a perfilagem de produção - e permite ampliações de canhoneio. Os packers de produção mais usados são compostos por elementos de vedação (borrachas), elementos de ancoragem (cunhas e hold- down), pinos de cisalhamento para assentamento e pinos (ou anel) de cisalhamento para desassentamento. Como são assentados por diferencial de pressão entre o interior e o exterior da coluna, exigem a obturação da coluna abaixo do packer. Daí a necessidade de shear-out, hydro trip ou standing valve assentada sobre nipple “R” ou nipple “F”. Embora testados com pressão no anular para verificar sua ancoragem e vedação no revestimento, pode ser que o packer de produção venha a falhar com o tempo. Assim, o técnico de operação de produção deve estar alerta para quaisquer pontos de falha, como por exemplo, queda da pressão de gas-lift, aumento de pressão no anular em poços surgentes ou de elevado RGL. Capítulo 2. Completação 103 Fo n te: Petro b ras (01) Mandril (02) Parafuso de cisalhamento para desassentamento (03) Collet (05) Snap latch (04) Elemento de vedação (07) Cremalheira (08) Parafuso de cisalhamento (b) (09) Cone superior (10) Cunha (11) Cone inferior (12) Parafuso de cisalhamento (c) (13) Pistão atuador (14) Mandril do pistão (15) Camisa retentora (16) Camisa protetora (17) Anéis de travamento (06) Parafuso de cisalhamento (a) Pistão anti-desassentamento o packer não desassenta com pressão na coluna Foto e esquema do packer de produção: elementos de vedação (borrachas) e de ancoragem (cunhas) c) Tubing Seal Receptacle (TSR) O Tubing Seal Receptacle (TSR) - ou junta telescópica - é usado para absorver a expansão ou contração da coluna de produção (COP), que apresenta variação térmica devido às diferentes temperaturas a que é exposta na produção ou injeção de fluidos. Geralmente, o TSR fica ao final da intervenção com uma abertura (desencamisamento) de 1,5 m suficiente para compensar a dilatação da COP. Permite, também, a retirada da coluna sem haver necessidade de desassentar o packer. A camisa do TSR é composta de um top sub, dois conjuntos de barreiras de detritos, quatro conjuntos de unidades selantes e a sapata-guia com J-slot. O mandril é composto de um perfil “F” no topo, seguido de mandril polido e bottom sub com J-pino e duas sedes para parafusos de cisalhamento. 104 Alta Competência A vedação entre os dois conjuntos (camisa externa e mandril) é promovida pelo conjunto de unidades selantes sobre o mandril polido. O travamento entre os dois conjuntos, para descida ou retirada, é promovido através do J-slot existente na sapata-guia que se encaixa no J-pino (no bottom sub do mandril) e por parafusos de cisalhamento, que tanto podem ser posicionados para rompimento por tração ou compressão. Mandril do TSR Camisa do TSR Perfis de sapata guia (J-slot) EORH (*) easy-out right hand AIRH auto-in right hand AORH auto-out right hand EOLH easy-out left hand AILH (**) auto-in left hand AOLH auto-out left hand (1) (6) perfil “F” Área Polida Ranhura superior (compressão) Ranhura inferior (tração) J-pino * usual em coluna de produção. ** usual em pescador de TSR. (5) Sapata guia (J-slot) (4) Orifício para colocação parafusos de cisalhamento (3) Selos (2) Barreira de detritos Esquema do TSR (mandril, camisa e diversos tipos de sapata guia) d) Mandril de gas-lift (MGL) e válvula de gas-lift (VGL) Esses equipamentos compõem a coluna de produção que utiliza ométodo de elevação artificial gas-lift, por meio de injeção contínua de gás no interior da COP, a partir do anular do poço. Capítulo 2. Completação 105 O mandril de gas-lift (MGL) é um componente da coluna de produção usado como alojamento de diversos tipos de válvulas, chamadas de válvulas de gas-lift (VGL). Os MGL são excêntricos, isto é, são tubos com bolsas para assentamento das válvulas localizadas na lateral do mandril. O acesso para instalar ou retirar as VGL nos MGL só é possível com a utilização de ferramentas especiais – os desviadores – através de operações com arame. Cada MGL é enviado para a sonda com a válvula instalada e já com dois tubos curtos (pup joints) enroscados, um acima e outro abaixo do mandril. Na parte externa do mandril constam as seguintes informações: tipo do mandril, diâmetro, orifício e calibração da válvula, posição na coluna e se as conexões estão torqueadas ou com aperto manual. A montagem modulada nas oficinas em terra, com torque controlado e teste da vedação VGL x MGL com 5.000 psi, além dessas informações, aumentam a confiabilidade da instalação dos mandris. A coluna é testada depois de montada no poço com 2.000 psi ou a pressão especificada no projeto do poço. As válvulas de gas-lift (VGL) promovem a comunicação entre o anular do poço e a coluna de produção (COP), mas não permitem passagem no sentido COP para o anular. As válvulas podem ser de três tipos: VGL de orifício• : também denominada “válvula operadora”, está sempre aberta no sentido anular X coluna. Possui orifício calibrado para permitir uma vazão calculada de gás que otimize o auxílio na elevação da coluna de óleo produzido. Normalmente, é instalada no mandril mais profundo de uma coluna de elevação artificial por gas-lift. Como as VGLs são fabricadas para circular gás, não se deve circular fluido por elas com elevada vazão, correndo o risco de erodir a sede e a esfera da válvula. A prática recomenda não circular fluido pela VGL com vazão maior do que 1 bpm (42 gpm ou 159 l/m). 106 Alta Competência VGL de pressão• : também chamada de “VGL calibrada”, serve para ajudar a aliviar o peso da coluna hidrostática durante a indução de surgência. Fica posicionada acima da válvula de orifício e é calibrada para fechar a determinada pressão no anular, quando, então, não mais permite o fluxo de gás através de si. VGL cega• : não é possível a circulação de gas-lift ou qualquer outro fluido através desta válvula. Serve para reservar uma posição estratégica na coluna para comunicação anular X coluna ou até mesmo coluna X anular, se desejado, através dos orifícios do próprio mandril. As válvulas cegas podem ser assentadas e retiradas através de operações com arame. Guia de orientação do desviador Bolsa da Válvula de gas-lift (VGL) Conexão caixa inferior 4 1/2”EU ou 3 1/2”EU Área polida inferior Área polida superior Ressalto para travamento da válvula de gas-lift Defletor Conexão caixa superior 4 1/2”EU ou 3 1/2”EU Orifício de comunicação anular x coluna Desenho, em corte, de um MGL. Alguns modelos de MGL, em corte Fo n te: Petro b ras Capítulo 2. Completação 107 Bolsa lateral do mandril de gas-lift Diâmetro de Passagem (orifício) Sede da check valve check valve Gaxetas Trava tipo RK Desenho, em corte, de uma VGL de orifício. Fotos, uma em corte, de uma VGL de pressão ou calibrada Fo n te: Petro b ras e) Dispositivo ou válvula de segurança de subsuperfície (DSSS) A válvula de segurança de subsuperfície (DSSV), mais conhecida pelo nome comercial DHSV – Down Hole Safety Valve – é posicionada na coluna de produção (COP) normalmente um a dois tubos de produção abaixo do leito marinho. A DSSS tem a função de barreira mecânica de segurança para evitar erupções ou fluxos descontrolados do poço no caso de falhas dos equipamentos de segurança de superfície. ATENÇÃO O DSSS é um dispositivo de segurança obrigatório em determinadas circunstâncias nos poços de petróleo offshore, por exemplo, poço produtor de gás surgente em lâmina d’água mais rasa que 80 m. 108 Alta Competência A DSSS possibilita um fechamento quase instantâneo da COP, cessando o fluxo de óleo e/ou gás, caso algum sério problema ou falha tenha ocorrido com os equipamentos de segurança de superfície, seja árvore de natal convencional (ANC) ou árvore de natal molhada (ANM). A Norma Petrobras N-2765 – Segurança na operação de poços para explotação de hidrocarbonetos – permite a não instalação do dispositivo de segurança de subsuperfície, determinando sua obrigatoriedade e quais as situações e condições nas quais pode ser preterido. É possível operar sem DSSS em poços não surgentes para o fundo do mar ou poços isolados, mesmo quando surgentes, com RGO menor do que 300 m3/m3 (N-2765, itens 5.3.1.2, 6.2.1.2 e 7.2.1.2). Fo n te: Petro b ras Árvore de Natal Painel de controle Bundle hidráulico Cabeça de produção Suspensor de coluna Linhas de controle Sistema DHSV, constituído por: I. Painel de controle II. Feixe hidráulico do qual faz parte a(s) linha(s) de controle da DHSV com fluido hidráulico; III. Árvore de Natal IV. Suspensor de coluna (tubing hanger). V. DHSV Flapper fechada Mola Tubo de fluxo Pistão de acionamento Linha de controle DSSS para águas profundas, com câmara de nitrogênio e duas linhas de controle para acionamento Capítulo 2. Completação 109 Ao pressurizar a linha de controle, a pressão aplicada através do painel hidráulico na plataforma de produção atua sobre o pistão interno de acionamento, deslocando-o para baixo. O pistão é solidário a um tubo de fluxo, ocorrendo também o deslocamento do tubo no mesmo sentido, comprimindo uma mola. No trajeto para baixo, o tubo de fluxo abre a flapper, mantendo-a assim, enquanto a resultante das forças atuantes seguir no sentido de mantê-la aberta na linha pressurizada. Em uma eventualidade ou emergência em que a linha de controle for despressurizada, o pistão, por efeito da mola, é deslocado para cima, juntamente com o tubo de fluxo, promovendo o fechamento da flapper e interrompendo a produção do poço. Foram os DSSS que salvaram a Plataforma Central de Enchova (PCE-1) da destruição total por ocasião do blowout do poço EN-19D, em 1987, quando o calor gerado no incêndio danificou as vedações dos equipamentos de superfície de todos os outros poços. f) Equipamentos de subsuperfície para gerenciamento dos reservatórios Para gerenciar a produção de cada reservatório (formação/zona/ intervalo) é relevante a vazão de cada fluido (óleo, água e gás) em cada intervalo, assim como a pressão e a temperatura em condições de fundo e ao longo da elevação e escoamento dos fluidos. Em poços offshore é comum a instalação de mandril de Permanent Downhole Gauge (PDG), que permite o registro contínuo de pressão e temperatura próximo da(s) zona(s) produtoras, e de sensor Transdutor de Pressão e Temperatura (TPT), para o registro de temperatura e pressão próximo da cabeça do poço (ANM). As completações inteligentes são um desenvolvimento tecnológico atual. Além dos registros de vazão, pressão e temperatura, permitem, ainda, a atuação remota de válvulas reguladoras de fluxo no fundo. Dessa forma, em completações seletivas (dois ou mais intervalos produzindo separadamente) pode-se controlar a abertura de cada intervalo de 0 a 100%. 110 Alta Competência 2.4.2. Métodos de elevação A energia de pressurização do reservatório e de elevação do hidrocarboneto até a superfície, estação ou plataforma coletora é a pressão original do reservatório, que se depleta, ou seja, se perde naturalmente conforme o mecanismo natural de pressurização. A depleção é mais rápida em reservatórios de óleo com gás em solução ou de capa de gás, e mais lenta em reservatórios com influxo de água. Quando o reservatório já não dispõe mais de energia suficiente para impulsionar o óleo até a superfície, outros recursos podem ser utilizados para atingir esse objetivo.Atualmente, procura-se conservar a energia original do reservatório por meio de injeção de água, vapor ou gás no reservatório. O recomendável seria iniciar a produção do campo de óleo apenas após a instalação de um sistema de injeção e início de operação dos poços injetores em conjunto com os produtores. Enquanto existir pressão suficiente devido ao gás ou à água – um dos quais em geral predomina – o óleo é impelido à superfície em um fluxo natural. Com a redução da pressão durante a vida produtiva ou para aumentar a vazão de produção de um poço, é necessário utilizar métodos artificiais de elevação. Os métodos artificiais de elevação offshore são: Injeção contínua de gás – • gas-lift; Bombeio centrífugo submerso – • BCS. Nos poços de petróleo terrestres são utilizados, também, métodos de bombeio mecânico, por exemplo, bombas alternativas acionadas por cavalos-de-pau, isto é, mecanismo com hastes, usado para acionar a bomba submersa de extração de petróleo, bombas de cavidades progressivas (BCP) ou métodos pneumáticos alternativos. Capítulo 2. Completação 111 a) Método de injeção contínua de gás – gas-lift A energia para elevação do petróleo é fornecida pela injeção de gás no poço produtor. O próprio gás obtido no processo de separação na planta de produção ou gás importado de outros campos é injetado no espaço anular existente entre a coluna de produção (COP) e o revestimento de produção, passando para a coluna de produção pelos mandris de gas-lift (MGL), com suas respectivas válvulas (VGL). A mistura do gás injetado com o fluido produzido dentro da coluna gaseifica o líquido, reduzindo a densidade e a pressão hidrostática nos canhoneados e na formação. Dessa forma, estando a coluna de líquido mais leve no interior da coluna de produção, o reservatório pode impelir o fluido (óleo, água e gás) até a superfície. b) Método de bombeio centrífugo – BCS No método de elevação por bombeio elétrico submerso, um conjunto de bombas centrífugas e motores elétricos é descido na extremidade inferior da coluna de produção e lá fica mergulhado no óleo existente no fundo do poço. Um cabo elétrico interliga o motor da bomba no fundo do poço aos transformadores de corrente na superfície, responsáveis por acionar os motores elétricos e fazer as bombas girarem. Desse modo, por bombeio, o óleo, junto com outros fluidos da formação, é elevado à superfície. O método assemelha-se ao que temos em nossas residências: uma caixa d´água no teto, uma cisterna no piso do quintal, um motor elétrico, uma bomba na área de serviço e uns tubos de PVC interligando os sistemas de água. A diferença, no caso, é que em vez de água, temos óleo; em vez da cisterna, temos o poço; em vez da caixa no teto, temos a plataforma de produção e, principalmente, o conjunto motor e bomba fica submerso. O BCS é indicado para poços que possuam um potencial de produção maior do que o obtido por elevação natural somente com a pressão disponível do reservatório e, em particular, para poços não surgentes. O BCS é mais adequado a reservatórios subsaturados, ou seja, com baixa razão de solubilidade (RS) e baixa razão gás-óleo (RGO). As bombas de fundo devem ser colocadas em profundidade abaixo da pressão de saturação para que não haja liberação de gás na admissão das bombas, evitando cavitação nas mesmas. Outro fator que limita a utilização desse método é a produção excessiva de areia. 112 Alta Competência Árvore de Natal Convencional Adaptador “A3EC” Cabeça de revestimento Coluna de produção 3 1/2” EU Tubos de produção 3 1/2”EU Nipple “R” 2.75” Conjunto BCS: - Cabeça de Descarga Flangeada - Bomba - Admissão - Selo triplo - Motor - Shroud 7” Liner 7” Revestimento de produção 9 5/8” Cabeça de produção suspensor de coluna “PBCS-C” com mandril eletrosub e perfil assent. BPV 3” Esquema de coluna de produção: típico poço de elevação por BCS O conjunto de fundo da bomba BCS é composto por cinco elementos básicos e um opcional. São eles: Motor elétrico;• Selo do motor;• Admissão;• Bomba centrífuga de fundo;• Capítulo 2. Completação 113 Cabeça de descarga;• Separador de gás (opcional).• Existem outros acessórios, tais como: Camisa de refrigeração; • Cabos elétricos (o cabo redondo, o cabo chato); • Conexões elétricas (penetrador no • packer duplo e mandril eletrosub no adaptador de ANC). Os equipamentos de superfície são: Geradores elétrico ou • diesel-elétricos; Transformadores de corrente;• Variadores de freqüência;• Conectores elétricos e adaptadores para árvore de natal. • 114 Alta Competência Controle Variador de frequência Trafo Elevador Topo do liner Motor Cabo elétrico chato Protetor Sucção Bomba C. Descarga Cabo elétrico redondo Presilhas Nível dinâmico Coluna de produção Pigtail superior, mandril Eletrosub e pigtail inferior Master manual Master hidráulica Wing pneumática Adaptador de teste INSTALAÇÃO DE BCS COM ANC Válvula de pistoneio (swab) Cabo Elétrico PCAB Q Shroud Esquema: equipamentos de bombeio centrífugo submerso (BCS) Quanto às colunas de produção (COP) com BCS, no Brasil encontram- se os seguintes tipos usados em operações offshore: a) Coluna com packer e DSSS No início da vida produtiva, os poços são, em geral, surgentes, adotando-se o BCS para aumentar a vazão natural dos poços. Por serem os poços surgentes, faz-se necessário, por razões de segurança, instalar packer e DSSS. A completação e as intervenções tornaram-se, então, complexas e onerosas. Todos os poços do Pólo Nordeste da Bacia de Campos foram assim inicialmente equipados. Capítulo 2. Completação 115 b) Coluna com BCS Tubing Mounted Como o packer duplo usado na coluna anterior constituía ponto de falha e aumento de custos na troca de conjuntos de fundo, a Petrobras desenvolveu o conceito de BCS Tubing Mounted. Nessa configuração, o conjunto de BCS é colocado dentro de uma camisa de 7” enroscada nos tubos de produção. Abaixo desta camisa são enroscados tubos com TSR na extremidade, que se encaixam no packer da cauda de produção, dispensando o uso do packer duplo. Na configuração tubing mounted, pode-se usar MGL com VGL cega ou sub com camisa deslizante (sliding sleeve) acima do conjunto de BCS. Caso ocorra entupimento da bomba, a válvula cega é retirada ou a camisa é aberta, permitindo a drenagem da coluna na retirada desta. c) Coluna simples de BCS (sem packer e sem DSSS) Com a perda de surgência dos poços, tornaram-se desnecessários tanto o packer quanto a DSSS. Isso simplificou a coluna com BCS. Tal simplificação eliminou alguns pontos de falhas e passou a permitir a retrolavagem das bombas (injeção de óleo por dentro da coluna, visando a remover sujeiras, destravando a bomba). Geralmente o conjunto de fundo fica acima do topo do liner de produção, embora já haja alguns poços com o conjunto de fundo no liner (neste caso, são usadas abraçadeiras ao invés de cintas, para prender os cabos elétricos nos tubos de produção). d) Coluna com bloco Y Como o conjunto de fundo de BCS impede a passagem de ferramentas por dentro da coluna, o registro de pressões e as perfilagens de produção exigiam intervenções com sonda, com amortecimento do poço, retirada da coluna com BCS e a descida de uma coluna de operação. Assim, foi desenvolvido o bloco Y, que permite a instalação do conjunto de BCS em uma das pernas do Y, possibilitando a passagem de ferramentas a arame ou cabo na perna alinhada com o restante da coluna de produção. 116 Alta Competência Durante a produção, um tampão assentado no nipple Phoenix existente na cauda isola a perna livre do Y, enquanto o fluxo de petróleo se dá na perna com o conjunto de BCS. Para perfilagem ou registro de pressão, o tampão é substituído por um tampão para perfilagem (logging plug). Como o bloco Y impede a instalação da camisa de refrigeração, o desempenho do BCS fica, em alguns casos, prejudicado, por causa de falha de refrigeração e sobreaquecimento do motore da bomba. Dessa forma, alguns poços estrategicamente localizados são escolhidos pela gerência de reservatórios para serem equipados com bloco Y. Todas as configurações de BCS usam nipple “R” com Stand Valve acima do conjunto de BCS a fim de que a partida do poço se dê com a coluna cheia, o que agiliza a identificação do fluxo e o ajuste de fases, se necessário. Essa standing valve é mantida na coluna, funcionando como check valve (válvula de pé) e raramente são retiradas. 2.4.3. Barreiras de segurança Durante a construção, manutenção e operação de um poço de petróleo ou gás, procura-se sempre dispor de duas ou mais barreiras quanto ao controle da produção dos fluidos das formações. A Portaria No 25/2002 da Agência Nacional do Petróleo (ANP) definiu “barreira” como uma separação física apta a conter ou isolar os fluidos dos diferentes intervalos permeáveis, podendo ser líquida, sólida consolidada ou sólida mecânica. A barreira líquida, que corre o risco de se deteriorar com o tempo, é constituída por uma coluna de líquido cuja pressão hidrostática seja suficiente para conter os fluidos de determinado intervalo. A coluna de fluido do próprio poço, em poços não surgentes, é considerada uma barreira líquida. A barreira sólida consolidada, que não se deteriora com o tempo, pode ser constituída por tampões de cimento, revestimentos cimentados e anulares cimentados entre revestimentos. Capítulo 2. Completação 117 A barreira sólida mecânica de uso temporário pode ser constituída de tampão mecânico recuperável ou perfurável, retentor de cimento, obturadores (packers), válvulas de segurança do interior de coluna de produção e plugs ou tampões de cabeça de poço. As barreiras podem ser dos tipos: a) Operacional: disponível e atuante durante a operação no poço, por exemplo, fluido de amortecimento, lubrificadores e engaxetamento. Uma falha desta barreira é prontamente observada. b) Ativa ou de espera: barreiras disponíveis, mas necessitam acionamento externo, por exemplo, BOP e árvore de natal. Necessitam de testes periódicos de verificação. c) Passiva: barreira física independente, por exemplo, revestimento cimentado e packer de produção. d) Condicional: equipamento funciona como barreira em condições especiais, por exemplo, standing valve com fluido de completação. Durante a perfuração, completação e intervenções posteriores, constituem barreiras o preventor de erupções (BOP), a pressão hidrostática do fluido de perfuração ou de completação e os equipamentos de controle de pressão na superfície. No poço em produção, constituem barreiras no anular: o revestimento íntegro e bem cimentado, o packer de produção, os tubos e componentes da coluna e o suspensor de coluna-adaptador. No interior da coluna, formam barreiras os tubos e componentes da coluna, o DSSS, tampões assentados na coluna ou nos bores do tubing hanger, o corpo e as válvulas da árvore de natal molhada. O poço comprovadamente não surgente (isso deve ser monitorado pela gerência de reservatórios) funciona como uma barreira de segurança natural, pois basta interromper o mecanismo de elevação artificial, bombeamento ou gas-lift para o poço perder surgência. 118 Alta Competência Em abandonos temporários de poços completados exigem-se pelo menos duas barreiras sólidas, tanto no interior da coluna, quanto no anular revestimento-coluna de produção, entre o intervalo produtor superior e a superfície. Os intervalos canhoneados também devem ser isolados entre si. Dá-se preferência a barreiras sólidas mecânicas temporárias a fim de se evitar danos de formação e riscos à integridade mecânica do poço. Durante toda a completação do poço, nas suas diversas etapas (condicionamento, pesquisa de cimentação, canhoneio e instalação da coluna de produção), a principal barreira de segurança é o BOP (Blowout Preventer). Com o poço em produção, o BOP é substituído pela árvore de natal molhada. IMpORTANTE! 2.5. Equipamentos de superfície A cabeça de poço e os elementos de vedação entre os revestimentos que chegam até a superfície são os chamados equipamentos de superfície. Nos poços onshore, os carretéis de perfuração e a cabeça de produção compõem a cabeça do poço. Junto ao thubing hanger ou suspensor de coluna, promovem o isolamento do anular, sendo uma barreira de segurança no anular. A árvore de natal seca ou convencional é o equipamento de superfície que executa a barreira na linha de fluxo, pela coluna de produção. Esse equipamento é composto por um conjunto de válvulas, com acionamento hidráulico ou manual, dispostas em cruzeta ou em bloco. Nos poços offshore, a cabeça de poço é constituída da base guia e do alojador (housing) de alta pressão e da barreira no anular do poço. A árvore de natal molhada realiza a barreira no topo da coluna de produção. Esses equipamentos estão explicados com mais detalhes a seguir.
Compartilhar