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Mecânica do Fraturamento Hidráulico (Mechanics of Hidraulic Fracturing) Ching H. Yew Tradução: Marcos Antonio Rosolen Gulf Publishing Company Houston, Texas i (cópia da ficha bibliográfica original) Mechanics of Hydraulic Fracturing Copyright © 1997 by Gulf Publishing Company, Houston, Texas. All rights reserved. This book, or parts thereof, may not be reproduced in any form without permission of the publisher. Gulf Publishing Company Book Division P.O. Box 2608 D Houston Texas 77252-2608 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 Library of Congress Cataloging-in-Publication Data Yew, Ching H. Mechanics of hydraulic fracturing / Ching H. Yew. p. cm. Includes bibliographical references and index. ISBN 0-88415-474-2 (alk. paper) 1. Rock mechanics. 2. Oil wells-Hydraulic fracturing. I. Title. TN870.56.Y48 1997 622'.3382-dc21 97-1978 CIP Printed on Acid-Free Paper (00) Dedicated to my wife ManLi ii ÍNDICE ÍNDICE..................................................................................................................................iii PREFÁCIO............................................................................................................................. v NOTAÇÕES..........................................................................................................................vi 1 .............................................................................................................................................. 1 FRATURAMENTO DE POÇO E MODELOS 2-D DE FRATURA .................................... 1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 1 FRATURAMENTO DE UM POÇO.............................................................................. 1 MODELOS DE FRATURA COM ALTURA CONSTANTE....................................... 4 Modelo Khristianovic-Geertsma-de Klerk (KGD)..................................................... 5 Modelo Perkins-Kern-Nordgren (PKN) ..................................................................... 7 FRATURAS CIRCULARES ......................................................................................... 9 CONSIDERAÇÃO DE ENERGIA.............................................................................. 12 POROELASTICIDADE E REBOCO.......................................................................... 13 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 18 2 ............................................................................................................................................ 20 MODELAGEM TRI-DIMENSIONAL DE FRATURA...................................................... 20 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 20 DESLOCAMENTO DO FLUIDO DENTRO DA FRATURA ................................... 20 EQUAÇÃO DA ABERTURA DE FRATURA ........................................................... 24 PROPAGAÇÃO DE UMA FRATURA HIDRÁULICA............................................. 26 Discretização da Equação 2-14 no Domínio do Tempo ........................................... 27 Procedimento para Resolver as Equações 2-24 e 2-29............................................. 28 Movimento da Frente de Fratura .............................................................................. 28 GERAÇÃO DE MALHA............................................................................................. 30 Geração de Nós da Frente de Fratura ....................................................................... 30 Geração de Nós Interiores ........................................................................................ 32 Inserção de Nós no Interior do Domínio .................................................................. 33 Construção de Elementos ......................................................................................... 34 Interpolação entre Grades......................................................................................... 35 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 36 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 41 3 ............................................................................................................................................ 42 TRANSPORTE DE PROPANTE EM FRATURA 3-D ...................................................... 42 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 42 EQUAÇÕES QUE GOVERNAM O FLUXO ............................................................. 43 TRANSPORTE DE PROPANTE ................................................................................ 46 FORMULAÇÃO EM ELEMENTOS FINITOS .......................................................... 47 ANÁLISE DE FECHAMENTO .................................................................................. 48 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 49 MODELOS PSEUDO 3-D ........................................................................................... 55 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 56 iii 4 ............................................................................................................................................ 57 POÇOS DESVIADOS.......................................................................................................... 57 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 57 DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES E INICIAÇÃO DE UMA FRATURA HIDRÁULICA ............................................................................................................. 58 POÇO REVESTIDO E ESTRATÉGIA DE CANHONEIO ........................................ 67 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 74 5 ............................................................................................................................................ 75 CONEXÃO DE MINI-FRATURAS INDUZIDAS A PARTIR DOS CANHONEADOS..75 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 75 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA............................................................................. 76 MÉTODO DE SOLUÇÃO........................................................................................... 77 CRESCIMENTO E CONEXÃO DA FRATURA........................................................ 79 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 80 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 85 6 ............................................................................................................................................ 86 DESVIO DE FRATURA EM UM POÇO DIRECIONAL.................................................. 86 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 86 CRESCIMENTO ASSIMÉTRICO DE UMA FRATURA 2-D EM UM POÇO HORIZONTAL ............................................................................................................ 87 O DESVIO DE UMA FRATURA HIDRÁULICA ..................................................... 91 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................94 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 99 7 .......................................................................................................................................... 100 ESTUDOS EXPERIMENTAIS ......................................................................................... 100 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 100 EXPERIMENTOS EFETUADOS EM LABORATÓRIO......................................... 100 Pressão de Quebra de um Poço Aberto .................................................................. 101 Propagação de Fratura e sua Contenção................................................................. 102 Fratura Iniciada em Poços Desviados ou Horizontais ............................................ 102 Forma da Fratura Hidráulica Próxima à Extremidade............................................ 103 Simulação de um Fraturamento Hidráulico Massivo ............................................. 105 Análise de Similaridade.......................................................................................... 107 EXPERIMENTOS CONDUZIDOS EM CAMPO .................................................... 108 Medição de Tensões In-situ.................................................................................... 109 Aplicação da Curva de Pressão de Fundo Medida ................................................. 111 Medição de Abertura de Fratura e Pressão............................................................. 112 Método da Impedância Hidráulica ......................................................................... 114 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 115 ÍNDICE DE ASSUNTOS................................................................................................... 119 ÍNDICE DE AUTORES..................................................................................................... 121 iv PREFÁCIO Este livro pretende ser uma referência para pesquisas e estudos avançados nas engenharias de petróleo e mecânica. Por mais de quarenta anos, o fraturamento hidráulico tem sido empregado no aumento de produção de óleo e gás de reservatórios subterrâneos. O fraturamento hidráulico é uma operação complexa na qual um fluido é bombeado a alta pressão em trechos selecionados do poço produtor/injetor. Esta alta pressão cria uma fratura no poço que se estende pela formação rochosa contendo óleo ou gás. Um dos mais importantes aspectos de um projeto de fraturamento é a habilidade de prever a geometria e as características de uma fratura hidraulicamente induzida. Vários simuladores de fraturamento foram desenvolvidos com este propósito. Este livro discute os fundamentos mecânicos envolvidos na criação de uma fratura em um poço e sua propagação no reservatório. A propagação de fraturas hidráulicas em reservatórios a grandes profundidades é um fenômeno complexo. Devido às limitações nas instalações de testes e à falta de uma escala apropriada, é muito difícil simular a propagação de uma fratura em laboratório. Infelizmente, a confirmação das características e da geometria de uma fratura hidráulica a grandes profundidades só pode ser conseguida a um alto custo. A confiabilidade de um modelo de fratura depende, portanto, da qualidade da base teórica empregada em sua formulação. É opinião deste autor que, se a base teórica estiver correta, a previsão não deve se distanciar da realidade. O livro está dividido em três partes. A primeira, capítulos 1, 2 e 3, trata do desenvolvimento de simuladores de fratura para poços verticais. Importantes contribuições de vários autores são revistas nestes capítulos. O principal foco reside no modelo de fratura 3-D desenvolvido na Universidade do Texas, em Austin. A segunda parte, capítulos 4, 5 e 6, discute a iniciação e propagação de uma fratura hidráulica em poços desviados ou horizontais. O desenvolvimento de canhoneios direcionais, a conexão das mini-fraturas a partir dos canhoneados e o desvio das fratura hidráulicas são tratados nesta parte. A terceira parte do livro, capítulo 7, revê os resultados de importantes experimentos conduzidos em laboratório e em campo. Cada capítulo inclui uma lista de citações bibliográficas, contudo, uma lista completa das referências disponíveis é impraticável, por isso nos desculpamos por qualquer omissão. Eu tive a oportunidade de trabalhar com um talentoso grupo de estudantes, os doutores I. S. Ashour, H. N. Gu, M. G. Hsu, Y. Li, G. F. Liu, S. Ouyang, X. W. Weng, e C. H. Zhang. Na realidade, grande parte do material apresentado neste livro são coleções de nossos trabalhos conjuntos e de suas teses e dissertações. Gostaria de agradecer o apoio de meus amigos, doutores G. R. Coulter, W. C. Maurer, D. E. Nierode, C. M. Pearson, T. K. Perkins, R. W. Pittman, A. W. El Rabaa, J. H. Schmidt, e J. Shlyapobersky que atuam na indústria de óleo e gás. Foi Dr. Nierode quem me introduziu no fraturamento hidráulico quando eu era um membro visitante do curso de verão da Exxon Production Research Company em 1979. Agradeço ainda a meus colegas professores G. F. Carey, A. D. Hill e R. S. Schechter. Foi um prazer trabalhar com estes cavalheiros no Programa de Pesquisa em Estimulação, Perfilagem e Dano à Formação do Departamento de Engenharia de Petróleo da Universidade do Texas em Austin. Conforme mencionado no início, o livro pretende ser uma referência e não um texto. Assim, a descrição do fenômeno e a derivação das equações podem não ter a profundidade e o detalhe que o leitor poderia desejar. Contudo, se o leitor obtiver um quadro claro e uma boa compreensão da mecânica envolvida no fraturamento hidráulico, eu considero o livro v como um sucesso. Espero, sinceramente, que este livro possa inspirar algumas pesquisas e desenvolvimentos neste fascinante tema. NOTAÇÕES c cl E G h KI KII KlC L p pb pp q Q r rw t V w x,y,z α φ γ μ ν θ θaz θinc ρ τij τHmin. τHmax τVert Concentração de Propante Coeficiente de Filtração Módulo de Young Módulo de de Rigidez Fracture Height Fator de Intensidade de Tensão – Primeiro Modo Fator de Intensidade de Tensão – Segundo Modo Fator Crítico de Intensidade de Tensão do Primeiro Modo Comprimento de fratura Pressão Pressão de Quebra de Poço Pressão de Poros Taxa de fluxo do fluido Vazão de Injeção Raio Raio de Poço Tempo Volume Abertura de Fratura Coordenadas Parâmetro Poroelástico de Biot Porosidade Ângulo de Inclinação da Fratura Viscosidade Newtoniana Módulo de Poisson Ângulo Ângulo de Azimute Ângulo de Inclination Massa Específica Componente de Tensão Tensão Mínima Horizontal In-situ Tensão Máxima Horizontal In-situ Tensão Vertical In-situ vi FRATURAMENTO DE POÇO E MODELOS 2-D DE FRATURA INTRODUÇÃO 1 O processo de fraturamento hidráulico tem sido empregado para aumentar a produção de óleo e gás de reservatórios subterrâneos desde os primórdios da Indústria do Petróleo. Neste processo, o fluido de fraturamento é bombeado a altas pressões em uma determinada seção do poço. Esta pressão hidráulica cria e propaga uma fratura no meio rochoso, que contém óleo ou gás. Como a operação de fraturamento é geralmente conduzida a uma grande profundidade, onde a mínima tensão compressiva in-situ está posicionada na direção horizontal, a fratura induzida hidraulicamente é uma fratura vertical. As características de dimensão e propagação de uma fratura hidráulica são importante informação para um projeto de fraturamento. O conhecimento das propriedades da rocha-reservatório, do fluido de fraturamento e da magnitude e direção das tensões in- situ é fundamental para a previsão acurada das dimensões (abertura, comprimento e altura) da fratura hidraulicamente induzidaa uma dada vazão de injeção e tempo. Vários modelos de fratura foram desenvolvidos com este propósito. A iniciação de uma fratura hidráulica a partir de um poço e os modelos bi-dimensionais de fratura são discutidos nas próximas seções. FRATURAMENTO DE UM POÇO Considere um poço vertical não-revestido (ou um poço aberto) sob a ação de tensões horizontais in-situ σmin e σmax conforme mostrado na Fig.1-1. Assumir que a rocha é um meio elástico e tem uma tensão de falha σT , denominada “resistência à tração” ou “limite de tração”. A pressão de quebra pb necessária para introduzir uma fratura na superfície de um poço pode ser calculada com base na Teoria da Elasticidade [1], obtendo- se (1-1)pb = 3σmin - σmax + σT onde σmin = tensão in-situ mínima σmax = tensão in-situ máxima σT = tensão de falha da rocha A fratura induzida hidraulicamente é uma fratura vertical, e o plano de fratura é perpendicular à mínima tensão horizontal in-situ σmin conforme mostrado. Note que a equação acima independe das dimensões do poço e dos módulos elásticos do meio rochoso. Para uma seção de poço a uma profundidade de 10.000 ft, os valores típicos de tensão horizontal mínima e máxima in-situ são aproximadamente 6.500 e 7.000 psi, respectivamente. A rocha tem uma tração de falha da ordem de 500 a 1.500 psi. A equação 1-1 mostra claramente que a resistência à tração σT tem pouca influência na magnitude da 1 pressão de quebra, e esta está principalmente focada em superar a tensão compressiva que atua na parede do poço, produzida pelas tensões in-situ. Figura 1-1. Seção horizontal de poço vertical sob a ação de tensões in-situ e pressões. A fratura hidráulica induzida no poço se propaga pelo reservatório enquanto o bombeio for mantido. Um típico registro de pressão de fundo (ou seja, a pressão medida no interior do poço, próximo à entrada da fratura) é mostrado na Fig. 1-2. Verifica-se que a pressão aplicada no poço primeiramente supera a pressão do reservatório (ou pressão de poros), e então ultrapassa a tensão compressiva alojada na parede do poço, causando uma tração em sua superfície. Quando esta tensão superficial supera a resistência à tração da rocha, uma fratura é iniciada. Esta fratura se propaga hidraulicamente pelo reservatório conforme o bombeio é mantido, e, ao mesmo tempo, parte do fluido de fraturamento é perdido para o meio rochoso circundante por filtração. É importante observar que a abertura da fratura é mantida pela diferença entre a pressão líquida (pressão do fluido menos a pressão do reservatório) e a tensão horizontal mínima efetiva, enquanto que a taxa de filtração pela superfície da fratura é causada somente pela pressão líquida. Ainda com referência à Fig.1-2, a máxima pressão atingida no início do tratamento é a pressão inicial de quebra pb. A pressão cai (nem sempre, no campo) quando a fratura se inicia na superfície do poço. A porção quase constante da curva de pressão é a pressão de propagação pprog. Esta pressão causa a propagação da fratura hidráulica pelo reservatório. Quando o bombeio é interrompido, a pressão cai subitamente para um valor inferior, e continua a decrescer vagarosamente até a pressão do reservatório devido à filtração, conforme mostrado na figura. O ponto de transição é chamado de pressão de fechamento (shut-in) psi (ou pressão instantânea de fechamento, ISIP). Neste ponto, o fluxo de fluido pela fratura cessa, e não há, portanto, perda de carga devido a esse fluxo. Contudo, ele continua a filtrar pela superfície da fratura e sua abertura prossegue diminuindo. Após 2 algum tempo, a pressão do fluido no interior da fratura entra em equilíbrio com a tensão mínima in-situ σmin, e a fratura fecha. Figura 1-2. Registro de pressão de fundo. A pressão de fechamento da fratura, que pode ser determinada por meio da análise de declínio de pressão a ser discutida no cap. 7, é considerada uma medida da tensão mínima in-situ. Devido à facilidade de sua identificação e determinação numa curva pressão-tempo, a ISIP é geralmente usada para estimar a magnitude da tensão horizontal mínima in-situ pelos engenheiros de campo, embora seja ligeiramente superior à pressão de fechamento. Infelizmente, a situação pode se complicar em condições de campo. Os principais fatores de controle para este declínio de pressão foram discutidos por McLennan e Roegier [2]. A equação 1-1 é derivada a partir da hipótese de que a rocha é um meio elástico. Contudo, a maioria das rochas-reservatório são rochas porosas através das quais um fluido pode fluir. O diferencial de pressão entre a fratura e a formação provoca o fluxo do fluido da fratura para o reservatório, ou seja, o fluido filtra através da parede da fratura. Estudos experimentais realizados por Haimson e Fairhurst [3,4] e por Medlin e Masse [5] demonstraram que a porosidade e o fluido alojado nos poros influenciam na pressão de quebra do poço. Aplicando a Teoria da Poroelasticidade, Schmidt e Zoback [6] modificaram a Eq. 1-1 para a seguinte forma: Para uma formação impermeável ao fluido de fraturamento, (1-2)pTb pp φσσσ −+−= maxmin3 Para uma formação permeável a este fluido, ) 1 21(1 ) 1 21(3 maxmin ν ναφ ν νασσσ − − −+ − − −+− = pT b p p (1-3) onde pp = pressão de poros φ = porosidade ν = modulo de Poisson da amostra seca, e 01, matriz da aVolumétric Deformação de Módulo seca amostra da aVolumétric Deformação de Módulo1 ≥≥−= αα 3 O parâmetro α é conhecido como parâmetro poroelástico de Biot, e se aproxima do limite superior para rochas complacentes e do inferior para rochas rígidas de baixa porosidade. Schmidt e Zoback [6] demonstraram que as Eqs. 1-2 e 1-3 fornecem uma previsão mais acurada para dados experimentais. As equações acima mostram claramente o efeito da porosidade da rocha e da pressão de poros na redução da pressão de quebra do poço. Eles também sugerem que esta pressão de quebra depende da capacidade de formação de reboco do fluido. Figura 1-3. Poço vertical revestido e canhoneado. A maioria dos poços candidatos a um fraturamento é revestida. Para se fraturar um poço revestido, ele é inicialmente canhoneado por intermédio de cargas ocas (shaped charges) de forma a se obter uma série de orifícios perfurados dispostos em forma de espiral ao longo da superfície do poço, conforme mostrado na Fig. 1-3. Os canhoneios possuem um espaçamento típico de 4 a 6 pol e um ângulo de fase de 60 ou 120 graus conforme mostrado na figura. Quando o poço é pressurizado, os canhoneios na (ou próximos da) direção da máxima tensão horizontal in-situ (σmax) serão os primeiros a serem fraturados. A pressão de quebra pode ser calculada pela Eq. 1-1, substituindo-se a máxima tensão horizontal in-situ σmax pela tensão vertical σvert. As mini-fraturas geradas nos canhoneios podem ou não se conectar para formar uma grande fratura perpendicular à mínima tensão in-situ ao longo do eixo do poço. A conexão das mini-fraturas será discutida no capítulo 5. MODELOS DE FRATURA COM ALTURA CONSTANTE Como um poço é geralmente fraturado a grandes profundidades (> 5,000 ft) onde a tensão mínima in-situ está no plano horizontal, a fratura resultante é vertical, cujo plano é perpendicular a esta tensão mínima. Há dois fatores que controlam o crescimento vertical de uma fratura hidráulica: (1) o contraste entre as propriedades do material, e (2) o 4 contraste na distribuição vertical das tensões in-situ. Warpinski e co-autores [7, 8, 9] desenvolveram detalhados estudos sobre estes fatores tanto em laboratório quanto em campo. Eles concluíram que o contraste entre as tensões in-situ é o fator predominante que influencia o crescimento em altura de fraturas hidráulicas, e que o contraste entre as propriedades, a não ser que muito grande (cinco vezes ou mais), não é um fator dominante na contenção da fratura. Experimentos em laboratório demonstraram que um contraste de tensões da ordem de 400 psi é suficientepara conter o crescimento vertical de fratura hidráulicas. Como o plano da fratura hidráulica é perpendicular ao da mínima tensão horizontal in-situ, o crescimento da altura da fratura é controlado pela distribuição vertical da tensão horizontal in-situ mínima. Quando o contraste de tensões entre zonas adjacentes for alto, espera-se que o crescimento vertical da altura da fratura seja contido, conforme mostrado na Fig. 1-4. Figura 1-4. O crescimento vertical de fraturas hidráulicas é contido pelo contraste entre as tensões in-situ. Há dois modelos básicos de altura constante: o modelo de Khristianovic-Geertsma- de Klerk, KGD [10], e o de Perkins-Kern-Nordgren, PKN [11]. A maioria das antigas operações de fraturamento hidráulica foi projetada aplicando-se um destes modelos. A fundamentação mecânica destes dois modelos apresenta diferenças significativas. Modelo Khristianovic-Geertsma-de Klerk (KGD) A Fig. 1-5 mostra uma asa de uma fratura KGD. Além da hipótese de altura constante, o modelo assume que: (1) a fratura está submetida à condição de deformação plana no plano horizontal; e (2) a extremidade (tip) da fratura é pontiaguda conforme formulação proposta por Barenblatt [12]. Esta hipótese remove a singularidade que ocorre na tensão na extremidade da fratura segundo a Teoria da Elasticidade. 5 Figura 1-5. Modelo KGD (altura constante). De acordo com Geertsma-de Klerk, a fratura é modelada por um canal de abertura w. A distribuição de pressão para o fluxo de um fluido viscoso (newtoniano) pela fratura pode ser escrita como ∫=− L Lw f f l w w df h QLpp 3 12μ (1-4) onde fL = x/L, fLw = rw/L, h = altura da fratura, L = comprimento total da fratura, p = pressão, pw = pressão no poço, Q = vazão de injeção, rw = raio do poço, w = abertura da fratura, μ = viscosidade do fluido de fraturamento. Esta equação tem duas incógnitas, p e w. A solução proposta por England e Green [13] para uma fratura planar num meio elástico infinito estabelece a seguinte relação entre p e w ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ −− −− − = ∫∫ 2 0 2 min2 1 2 2 11 1 22 2 22 1 2 )()1(4 f L f L f ff dffp ff dff G Lw L σπ π ν (1-5) onde, G e ν = módulos de cisalhamento e de Poisson, respectivamente, f1 e f2 = frações do comprimento de fratura (= x/L), σmin = mínima tensão in-situ. 6 Os comportamentos da abertura w(t) e pressão p(t) podem ser obtidos resolvendo-se as Eqs. 1-4 e 1-5 para condições de contorno apropriadas. Geertsma e de Klerk usaram a seguinte condição de suavização na extremidade proposta por Barenblatt [12] 0 1 =⎟⎟ ⎠ ⎞ ⎜⎜ ⎝ ⎛ =LfLdf dw (1-6) A mesma condição foi também usada por Khristianovic e Zheltov [14]. Note-se que a Eq.1- 5 foi derivada aplicando-se a Teoria da Elasticidade. As condições de contorno apropriadas na extremidade seriam fL = 1, w = 0, e não a proposta na Eq. 1-6. Portanto, há uma inconsistência matemática na extremidade da fratura. Geertsma e de Klerk argumentam que, como a extremidade é uma singularidade local da fratura, seu efeito em sua geometria global seria pequeno e que a solução proposta é uma boa aproximação para a abertura de fratura e seu comprimento global. Retornaremos ao problema da extremidade da fratura na discussão sobre as fraturas circulares ainda neste capítulo. Assumindo-se a existência de uma pequena área seca nas proximidades da extremidade da fratura, e que o formato desta área possa ser aproximado por uma elipse, as seguintes soluções aproximadas (sem filtração) foram obtidas por Geertsma e de Klerk Comprimento de fratura: 32 613 )1( 848.0 tGQL ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎣ ⎡ − = μν (1-7) Máxima abertura de fratura: 31 613 0 )1(832.1 t G Qw ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎣ ⎡ − = μν (1-8) Pressão no poço: 41 23 3 min )1( 296.0 ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎣ ⎡ − += L QGpw ν μσ (1-9) Verifica-se que a máxima abertura de fratura aumenta proporcionalmente a t1/3 e que a pressão no poço decresce com o aumento do comprimento da fratura, aproximando-se do valor in-situ de σmin para grandes valores de L. Por assumir a condição de deformação plana no plano horizontal, o modelo KGD modelo se adapta melhor a fraturas cuja relação comprimento/altura é próxima ou menor que a unidade. Modelo Perkins-Kern-Nordgren (PKN) A Fig. 1-6 ilustra uma fratura PKN. Além da hipótese de altura constante, o modelo assume que: (1) a fratura está submetida à condição de deformação plana no plano vertical e sua seção transversal é elíptica; e (2) a resistência à fratura (fracture toughness) não tem influência em sua geometria, ou seja, assume-se que o KIC do meio rochoso é nulo. Segundo Nordgren [11], a equação de continuidade para o fluxo de um fluido incompressível pela fratura pode ser escrita como 0= ∂ ∂ ++ ∂ ∂ t Aq x q l , (1-10) onde q(x,t) = vazão através da seção transversal da fratura. ql(x,t) = taxa de filtração por unidade de comprimento de fratura. A(x,t) = área transversal da fratura 7 Figura 1-6. Model PKN (altura constante). A abertura (elíptica) de fratura w é diretamente proporcional à pressão líquida p conforme a equação 22 41 zhp G w − − = ν , (1-11) Conhecendo-se a geometria da fratura, a área de sua seção transversal pode ser escrita como WhwdzA h h 4 2/ 2/ π == ∫ − (1-12) onde W = wmzx é sua máxima abertura. A vazão de fluido q pode ser relacionada ao gradiente de pressão por meio da solução para o fluxo laminar de um fluido newtoniano em um tubo elíptico, x phWq ∂ ∂ −= μ π 64 3 (1-13) A taxa de filtração (ou perda) ql é expressa como )( 2 xt hc q l l τ− = , (1-14) onde cl = coeficiente de filtração τ(x) = tempo em que se inicia a filtração no ponto x. A substituição das Eqs. 1-12, 1-13 e 1-14 na Eq. 1-10 fornece a equação que governa a propagação de uma fratura hidraulicamente induzida, 8 t W xt c x W h G l ∂ ∂ + − = ∂ ∂ − )( 8 )1(64 2 4 τπμν . (1-15) A condição inicial desta equação é W(x,0) = 0, (1-16) E suas condições de contorno são W(x,t) = 0, em x ≥ L(t) [o comprimento de fratura pode ser determinado como parte da solução] Q Gx W x π μν )1(256 0 4 − −=⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎣ ⎡ ∂ ∂ = (1-17) Estas equações foram resolvidas numericamente por Nordgren. É interessante notar que a pressão de poço prevista pelo modelo PKN, ao contrário do modelo KGD, cresce com o aumento do comprimento da fratura. Em casos extremos de pequena ou grande filtração, uma solução analítica pode ser derivada da Eq. 1-15 como a seguir: Para uma grande perda de fluido: Comprimento de fratura 2/1t hc QL lπ = (1-18) Abertura de fratura 8/1 4/1 3 2 0 )1(24 t hGc Qw l ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎣ ⎡ − = π μν (1-19) Pressão líquida no poço 8/1 4/1 533 23 )1( 24 t hc QGp l w ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎣ ⎡ − = νπ μ (1-20) Sem perda: Comprimento de fratura: 5/4 5/1 4 3 )1( 68,0 t h GQL ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎣ ⎡ − = μν (1-21) Abertura de fratura: 5/1 5/12 0 )1(5,2 t Gh Qw ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎣ ⎡ − = μν (1-22) Pressão líquida no poço: 5/1 5/1 64 24 )1( 5,2 t h QGpw ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎣ ⎡ − = ν μ (1-23) Devido à hipótese de deformação plana no plano vertical, o modelo PKN tem sido geralmente considerado como o melhor modelo 2-D para fraturas com grande relação comprimento/altura. FRATURAS CIRCULARES Quando a distribuição vertical da tensão mínima in-situ é uniforme, a fratura hidráulica deve tomar uma forma circular. Geometricamente, uma fratura circular é uma fratura 3-D, embora seja matematicamente uma fratura 2-D, similar às fraturas de altura constante discutidas na seção anterior. Geertsma e de Klerk [10] mostraram que as equações que governam as fraturas de altura constante podem ser facilmente convertidas para tratar as fratura circulares como a seguir 9 ∫=− r rw f f r r w wf dfQpp 3 6 π μ , (1-24) ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ −− −− − = ∫∫ 2 min2 1 2 2 111 22 2 2 1 2 )()1(4 r r f ff dffpf ff df G Lw σπ π ν (1-25) onde, fr = r/R, frw = rw/R, e rw e R são os raios do poço e da fratura, respectivamente. As soluçõesaproximadas das equações acima [Geertsma de Klerk, 10] são: Raio de fratura: 9/4 9/13 548,0 tGQL ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎣ ⎡ = μ (1-26) Máxima abertura de fratura: 9/1 9/1 2 32 0 21 t G Qw ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎣ ⎡ = μ (1-27) Pressão líquida no poço: )ln( 4 5 0 min R r R Gw p w w π σ −= (1-28) Figura 1-7. Fratura circular com uma zona seca. O mesmo problema foi estudado por Abe, Mura, e Keer [15] com um rigoroso tratamento para a extremidade da fratura. Com referência à Fig. 1-7 e observando-se que R1 é o raio do domínio molhado pelo fluido, as equações que governam a propagação de uma fratura hidráulica circular podem ser escritas como: • Equação da continuidade para o fluido: 0)(1)( = ∂ ∂ + ∂ ∂ r rq rt wρ • (1-29) • Equação de movimento do fluido: 3 12 w q r p ρ μ −= ∂ ∂ • (1-30) • Equação de abertura: 10 ∫∫ − −− − = 1 / min1222 1 11 2 1 ]),([ 1 )1(8 rr R r w dxrxp x x rr drr E w σ π ν • (1-31) • Fator de intensidade de tensão K na extremidade da fratura ∫ − − = R rrw rdr rR rp KR 22 min2/1 )( ) 2 ( σ π • (1-32) • Equação global de conservação de fluido: ∫ ∫= 1 0 R r t w w dtQrrwdrρ • (1-33) As condições de contorno para as equações acima são: p = p(r,t), R0≤ r ≤ R1 p = 0, R1≤ r ≤ R (1-34) p(R1,t) = 0, em r = R1. Estas equações foram resolvidas numericamente pelos autores e os resultados obtidos geralmente se apresentam de acordo com os conseguidos usando-se o modelo KGD. A análise do comportamento da singularidade na extremidade da fratura é esclarecedora. Os resultados estão resumidos nos próximos parágrafos: Na extremidade da fratura, w = 0, o lado direito da Eq.1-30 apresenta uma singularidade. Da Teoria da Elasticidade segue que a abertura w próxima da extremidade da fratura pode ser expressa por (1-35)2/1,)( ≥−= γγrRCw onde C é uma constante não-nula. A teoria de Barenblatt requer que as faces opostas da fratura fechem suavemente nesta extremidade, tal que γ > 1. Se esta condição for satisfeita, a integração da Eq. 1-30 para explicitar a pressão p não convergirá se a extremidade da fratura for incluída. Isso conduz à conclusão que a Eq. 1-30 é aplicável somente à região molhada, R0 ≤ r ≤ R1 < R, onde a abertura da fratura w é diferente de zero. Tomemos ua = dR1/dt como a velocidade do fluido na extremidade r = R1 (ou a velocidade de movimentação da zona molhada), a vazão pode ser escrita como q = ρwua. Então, em r = R1, o lado direito da Eq. 1-30 pode ser escrito como )1(O112 2 11 2 wdt dR dt dR w =− ρ μ (1-36) Portanto, 0 if)1(O)( 1 21 ≠= ∂ ∂ = dt dR wr p Rr (1-37) Isto implica que o fluido não pode penetrar em todo o raio da fratura se a velocidade ua não for zero, e tal impenetrabilidade é caracterizada pela Eq. 1-37. A condição para o raio molhado é dada pela terceira condição da Eq. 1-34. Por outro lado, se não há fluxo de fluido na fratura, o fluido pode atingir a extremidade e preencher completamente a fratura. Nos modelos KGD e PKN, a rigidez (stiffness) da fratura do meio rochoso é desconsiderada. De acordo com Barenblatt [12], a resistência à tração (tensile strength) da rocha pode ser desconsiderada para grandes fraturas devido à condição 11 min2 1 σ π ICK R >> (1-38) Esta condição tem sido adotada por vários autores. Contudo, em seu estudo de propagação de fraturas circulares, Abe, Mura e Keer [15] mostraram que, embora o comprimento da zona seca (R-R1) seja realmente muito pequeno, seu efeito na geometria da fratura não pode ser ignorado. Uma fórmula aproximada para a pressão média do fluido pa quando a razão R/rw é elevada foi derivada por estes autores como: ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ +− −− = − min 21 21min min 2 )(1 )(11 1 σ π σ σ ICa K RR R R R p (1-39) O segundo termo entre colchetes reflete o potencial de fratura (fracture strength) da rocha. Verifica-se que este termo não pode ser desprezado na propagação da fratura. A abertura da fratura é estabelecida principalmente pela pressão líquida (pa - σmin) que atua em seu interior. Para se obter uma solução aproximada, a seguinte condição deveria ser usada em substituição à Eq. 1-38: min 21 2 )(1 σ π ICK RR R >>− (1-40) A razão R1/R é uma função crescente de R e é praticamente igual à unidade para grandes fraturas. Contudo, é praticamente impossível satisfazer a inequação 1-40. Portanto, os efeitos da zona seca e da resistência à fratura devem ser levados em conta na análise da propagação da fratura. A mesma conclusão foi apresentada por Jeffrey [16] e por Yew e Liu [17] usando o modelo KGD. CONSIDERAÇÃO DE ENERGIA Considere que uma fratura circular de raio R se propaga em regime de quase- equilíbrio. A conservação de volume [Shlyapobersky, 18] fornece (1-41)tcvRQtwR lηππ 22 2−= onde w é a abertura média da fratura, Q é a vazão de bombeio, e vη, é uma constante (4/3 < vη < π/2) dependente do coeficiente de filtração cl e da viscosidade μ. A taxa de dissipação de energia durante uma propagação em regime de quase- equilíbrio pode ser escrita como: • Taxa de energia para criar uma nova superfície de fratura: w QEc Γ =& • (1-42) • Taxa de energia para abrir uma fratura circular no meio rochoso: ν π − == 1 ' onde ,' 32 3 eE R wQEEd & • (1-43) • Taxa de energia por perdas devido à dissipação viscosa no fluido: )ln(12 0 3 2 R R w QE f μ π =& , • (1-44) 12 onde 2R0 é a altura do intervalo canhoneado. Para uma propagação em regime de quase-equilíbrio, a taxa total de energia deve ser mínima, ou seja, (1-45)0)( =++ fdcw EEE &&&δ Substituindo as Eqs.1-42, 1-43, e 1-44 na Eq.1-45 obtém-se a abertura média da fratura na forma: 2/1 0 2 2 )ln( '3 128 '3 16 '3 16 ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ +⎟ ⎠ ⎞ ⎜ ⎝ ⎛ Γ + Γ = R R E QR E R E Rw μ πππ (1-46) As variações da abertura de fratura no tempo, w(t), e de seu raio R(t) podem ser obtidas resolvendo-se as Eqs. 1-41 e 1-46. A pressão líquida média pode ser calculada a partir da expressão w R Ep ' 16 3π =Δ . (1-47) Medições de campo demonstram que a pressão (ou sobre-pressão) líquida é freqüentemente muito maior que a calculada pelos modelos de fratura. Shlyapobersky [18] atribui tal discrepância à (l) possibilidade da criação de um sistema de múltiplas fraturas muito mais complexo que a simples fratura planar assumida pelos modelos de fratura hidráulica, e (2) possibilidade da criação de uma camada de pequenas fissuras ao redor da fratura hidráulica principal. Desta forma, argumenta Shlyapobersky que a taxa de relaxamento da energia da fratura, Γ, durante sua propagação, não é constante conforme sugerido pela mecânica de fraturas convencional, e deve ser calibrada com base em medições de campo de forma a levar em conta o efeito de múltiplas fraturas e camadas de fissuras. Portanto, (1-48) effIC RpEK )(' Δ=Γ= α onde Δp é a pressão líquida média, Reff é o raio efetivo da fratura, e α (= 1 para uma fratura circular) é uma fator de forma da fratura. Shlyapobersky demonstrou que o KIC calculado a partir da Eq. 1-48 pode ser algumas ordens de magnitude maior que o KIC determinado em laboratório. Modelando o meio rochoso como uma coleção de grãos rígidos, Bazant [19,20] demonstrou numericamente que uma fratura principal em um meio é formada pela conexão aleatória de micro-fissuras e que a abertura dessas micro-fissuras é aproximadamente três vezes maior que o tamanho dos grãos. Os resultados obtidos por Bazant sugerem claramente que a resistência à fratura de uma fratura hidráulica pode realmente ser afetada pela camada de micro-fissuras nas vizinhanças da fratura principal. POROELASTICIDADE E REBOCO A alta sobre-pressão observada no poço, em campo, poderia também ser causada pela infiltração de fluido pela rocha porosa. Similar aos problemas de termoelasticidade, o gradiente de pressão do fluxo de fluidos produz uma distribuição de forças de campo no meio poroso. Este problema foi estudado analiticamente por Cleary [21], Detournayet al. [22,23], Kurashige e Clifton [24], Clifton e Wang [25], e mais recentemente por Zhang [26]. Usando uma abordagem similar à desenvolvida por Kurashige e Clifton, as equações 13 para uma fratura KGD num meio poroso saturado por fluido foram derivadas por Zhang como: ∫ ∫∫ ΩΩ ⎥⎦ ⎤ ⎢⎣ ⎡ + ∂ ∂− − ∂ ∂ ∂ ∂ − −=− t xt l dxdxqH x xw R xxHdx x txwR x Gtxp )'(' 12411min '),'()( ' ),'(')(' ' ),'()(ln )1(2 ),( ττξτξ νπ σ (1-49) ∫ ∫∫ ΩΩ ⎥⎦ ⎤ ⎢⎣ ⎡ + ∂ ∂− − ∂ ∂ ∂ ∂ −−Β − −=− t xt l u u p dxdxq R H x xw R xxHdx x txwR x c ptxp )'(' 222421 '),'(1)( ' ),'(')(' ' ),'()(ln )1)(1(2 )(3 ),( ττξτξ ννκπ νν (1-50) onde σmin é a mínima tensão in-situ, pp é a pressão de poros, ν e νu são os módulos de Poisson drenado e sem dreno, respectivamente, G é o módulo de cisalhamento, Β é o coeficiente de pressão de poros de Skempton, κ é a permeabilidade do meio poroso, e ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎩ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎨ ⎧ − = −= −−Β − −= ++− −−Β − −= −−− −− − −= −+−= −− −+Β = − − −− −−− )( )( 4 )( )( )1)(1(4 )(3 )( )22( )1)(1(4 )(3 )( )288( )1)(1(4 )( )( )'()'( ))(1(9 )1()1(2 4/2 22 4/4 2 21 4/24/ 12 4/24/24/ 11 2 22 2 11 22 2 2 22 222 τ ξ ξ πκ ξ ξ ννκπ νν ξ ξ ννκπ νν ξ ξξ ννπ νν ξ ννν ννκ ξ ξ ξξ ξξξ tc R ecH e c H ee c H eee cG H xxxxR G c u u u u u u uu u (1-51) A primeira integral no lado direito das Eqs. 1-49 e 1-50 é similar à equação de abertura do modelo KGD. É a pressão necessária para a abertura de uma fratura no meio. As integrais duplas envolvendo as funções Hij são as tensões e pressões causadas pelo fluxo de fluido no meio poroso. Cleary [21] chamou essas contribuições de “backstress” e “backpressure”, respectivamente. A equação que governa o fluxo de fluidos durante a propagação de uma fratura hidráulica pode ser escrita como: 0 12 3 =+ ∂ ∂ +⎟⎟ ⎠ ⎞ ⎜⎜ ⎝ ⎛ ∂ ∂ ∂ ∂ − lq t w x pw x μ (1-52) onde )( 2 xt c q l l τ− = (1-53) cl é o coeficiente de filtração e τ é o tempo no qual a filtração é iniciada no ponto x. As condições de contorno para as Eqs. l-49, 1-50, e 1-52 são 14 0at , 12 3 == ∂ ∂ − xQ x pw μ , (1-54) )(at ,0 12 3 tLx x pw == ∂ ∂ μ (1-55) As equações 1-49, 1-50, e 1-52 foram resolvidas numericamente por Zhang aplicando o método de elementos finitos. Usando os parâmetros listados na Tabela 1-1, as soluções que incluem o efeito poroelástico (das Eqs. 1-49, 1-50, e 1-52) são comparadas com aquelas sem este efeito (ou seja, das mesmas equações, porém com H11 = H12 = H21 = H22 = 0). Tabela 1-1: Parâmetros módulo de cisalhamento, G 8,702x105 psi 0,2 módulo de Poisson drenado, ν 0,33 módulo de Poisson não-drenado, νu 0,62 coeficiente de Skempton, Β 2 mD/cp coeficiente de permeabilidade, κ 455 psi-in0,5Resistência à fratura, KIC 1 cp viscosidade do fluido, μ 4.000 psi tensão in-situ, σmin vazão de bombeio , Q 75 bb/min altura da fratura, h 100 ft coeficiente de filtração, cl 0,00002425 ft/min0,5 a pp = 4.000 psi 0,001823 ft/min0,5 a pp = 3.000 psi 0,003432 ft/min0,5 a pp = 2.000 psi Para se obter uma solução para as equações acima, o primeiro passo é estabelecer uma relação entre o contraste entre a pressão no poço e a pressão de poros (ou seja, pw - pp) e o coeficiente de filtração do fluido cl. Aplicando-se uma pressão constante no poço de 4.000 psi e assumindo uma pressão de poros pp de 4.000, 3.000 e 2.000 psi, o histórico da taxa de perda de fluido pode ser calculada por meio das equações [26]: ,2 1 t ppK ∂ ∂ =∇ (1-56) 1 2 1 2 )1( − ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ + − = fKG K φ λ ακ (1-57) onde λ é a constante de Lamé, G é o módulo de cisalhamento, α é a constante de Biot, φ é a porosidade, κ é a permeabilidade, e Kf é a compressibilidade do fluido da formação. O coeficiente médio de filtração cl a diferentes contrastes de tensão pode ser estimado ajustando-se uma curva entre as curvas calculadas mostradas na Fig.1-8. Para os diferenciais pw - pp = 0, 1.000 e 2.000 psi estipulou-se os respectivos coeficientes de filtração 0,00002425, 0,001823, e 0,003432 ft/min1/2, conforme listados na Tab. 1-1. Estes coeficientes serão utilizados nos exercícios seguintes. 15 Figura 1-8. Taxa de filtração no poço a diferentes pressões de poro. Com os parâmetros listados na Tab. 1-1, os históricos em tempo calculados para a abertura e comprimento de fratura, e diferenciais de pressão de poço para diferentes valores de coeficiente de filtração estão plotados nas Figs. 1-9, 1-10, e 1-11, respectivamente. Nestas figuras, os rótulos "poroelastic" e "no poroelastic" representam soluções que incluem ou ignoram o efeito poroelástico. A diferença entre as soluções poroelástica e não- poroelástica reflete o efeito direto do “backstress” e da “backpressure” na propagação de uma fratura hidráulica num meio poroso saturado com fluido. Note-se também que a solução não-poroelástica é essencialmente a solução KGD. Com base nestas figuras, as seguintes observações podem ser feitas: 1. A magnitude do coeficiente de filtração aumenta com o contraste entre a pressão no fluido e a pressão de poros. 2. A Fig. 1-9 mostra que o efeito da poroelasticidade na propagação da fratura hidráulica é a redução da abertura da fratura. É interessante notar, contudo, que o valor desta redução não parece ser muito sensível à taxa de perda. Este fenômeno também foi observado por Detournay, McLennan, and Roegiers [22] usando um modelo PKN. A redução da abertura da fratura aparentemente sugere que a “backstress” induzida pelo fluxo aumenta a aparente rigidez da fratura. 3. O histórico de pressão líquida de poço a diferentes taxas de perda está plotado na Fig. 1-10. Verifica-se que o efeito da poroelasticidade impacta diretamente a pressão líquida de poço. A uma baixa taxa de filtração, o efeito é pequeno. Contudo, a uma alta taxa de perda, a poroelasticidade induz um significativo efeito na pressão do poço. Para um cl = 0.003432 ft/minl/2, a poroelasticidade proporciona cerca de 80% de aumento na pressão líquida de poço. A mesma observação foi reportada por Clifton and Wang [25] usando uma taxa de filtração assumida. 16 Figura 1-9. Histórico de abertura de fratura. Figura 1-10. Histórico da pressão líquida de poço. Na seção anterior, Shlyapobersky [18] atribuiu a alta pressão líquida de poço observada à existência de uma camada de pequenas fissuras nas proximidades da fratura principal e à tortuosidade da superfície da fratura. A análise realizada nesta seção demonstra que, se a taxa de perda é elevada, o efeito de poroelasticidade pode também contribuir para a alta pressão líquida de poço observada. A depender das propriedades do fluido, um reboco (filter-cake) pode se formar na superfície da fratura enquanto o fluido se infiltra pelo meio poroso. A formação de reboco e a invasão de finos no meio poroso têm os seguintes efeitos: (1) Porque o reboco é uma camada de partículas compactadas, espera-se que o mesmo tenha menores porosidade e permeabilidade que a própria rocha. (2) A invasão de finos no meio poroso pode formar uma camada menos porosa e permeável adjacente às faces da fratura e esta camada de rocha “danificada” pode ter diferentes propriedades em relação ao meio poroso. A existência de uma fina camada de reboco e rocha danificada na superfície da fratura não deve impactar significativamente a relação pressão-abertura da fratura. Contudo, eles afetam o comportamento de uma fratura hidráulica em propagação. Mayerhofer et al. [27] mostraram que em uma operação de fraturamento hidráulico o reboco é o mecanismo de controle de filtração dominante. Estes autores demonstraram experimentalmente que a taxa de filtração do fluido diminui com o aumento da pressão devido à compactação do reboco durante o estágio de bombeio, e a filtração aumenta ligeiramente devido à relaxação deste reboco durante o estágio de fechamento da fratura. Recente estudo experimental[Willson, Rylance, e Last, 28] sobre a propagação de uma fratura hidráulica em uma rocha porosa sub-consolidada mostrou que a pressão de quebra de poço (hole breakdown pressure) e a pressão de propagação da fratura são muito maiores que as previstas pela análise elástica. A abertura da fratura parece ser muito maior e a extremidade da fratura mais rombuda que numa fratura elástica. Além disso, a formação de reboco ao redor do poço e ao longo da superfície da fratura parece sugerir que a invasão de sólidos na matriz da rocha e a desintegração desta nas proximidades da superfície da 17 fratura podem desempenhar importante papel na propagação de uma fratura hidráulica. Estas evidências experimentais indicam fortemente que uma fratura hidráulica não pode ser analisada a partir da aplicação da análise elástica discutida nas seções anteriores, e que mais estudos são necessários. Fechando este capítulo, gostaríamos de salientar que os efeitos de poroelasticidade e outros importantes fatores como a aspereza da rocha e a tortuosidade, as perdas por fricção do fluido na entrada da fratura, a dilatação (dilatancy) da rocha, e os efeitos do reboco não estão incluídos nos presentes modelos de fratura de uma forma rigorosa. REFERÊNCIAS 1. 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(1993), "Fracture Mechanics Issues Relating to Cuttings Re-injection a Shallow Depth', SPE/IADC 25756, 1993 SPE/IADC Drilling Conference, Amsterdam, Netherlands, fevereiro. 19 MODELAGEM TRI-DIMENSIONAL DE FRATURA INTRODUÇÃO 2 O primeiro modelo tri-dimensional de fratura real foi desenvolvido por Clifton e Abou-Sayed [1,2]. O modelo é conhecido por código TerraFrac. Recentemente o código foi expandido para incluir múltiplos fluidos, transporte de propante, efeito térmico e formação estratificada com diferentes módulos elásticos [3,4]. O modelo tem sido usado como um benchmark na verificação de outros modelos de fratura de vários autores. Posteriormente, modelos 3-D de fratura baseados no mesmo sistema de equações, mas com diferentes metodologias de solução, foram desenvolvidos por Cleary, Kavvadas, e Lam [5] e por Gu e Yew [6,7]. O modelo de fratura 3-D GY (Gu e Yew) foi desenvolvido sob o patrocínio do Programa de Pesquisa em Estimulação, Perfilagem e Dano à Formação da Universidade do Texas em Austin. Recentemente, o esquema de geração de malha do código foi modificado para acomodar a propagação de uma fratura hidráulica sob uma complexa distribuição de tensões in-situ. O código foi renomeado GYCO-1. Ele não se pretende um código comercial, tendo sido desenvolvido para uso interno em pesquisas sobrefraturamento hidráulico e para o uso dos membros consorciados ao projeto. O código GYCO-1 será inteiramente descrito ao longo deste capítulo. DESLOCAMENTO DO FLUIDO DENTRO DA FRATURA Devido às dimensões da fratura hidráulica mostrada na Fig. 2-1, o fluido de fraturamento flui dentro de um extenso canal com uma abertura muito estreita. A descrição a seguir assume que o fluido é newtoniano e incompressível. Embora o código adote fluido não-newtoniano de potência, a consideração de fluido newtoniano simplifica a formulação e permite uma compreensão física clara do fenômeno de fluxo. Devido ao perfil delgado da fratura, a variação da pressão do fluido ao longo de sua abertura (direção z) pode ser desprezada, e as derivadas do componente de velocidade no plano x-y com respeito a z são muito maiores que as demais derivadas. Ignorando-se os efeitos da inércia e das forças de corpo, a equação de Navier-Stokes para o movimento do fluido pode ser escrita como: ⎟ ⎠ ⎞ ⎜ ⎝ ⎛ ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ z v zx p xμ (2-1) ⎟⎟ ⎠ ⎞ ⎜⎜ ⎝ ⎛ ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ z v zy p yμ (2-2) 20 Figura 2-1. Fratura hidráulica 3-D. Integrando as equações acima duas vezes com relação a z e observando a condição de não- escorregamento pelas superfícies da fratura, ou seja, vx = 0, a z = ± w/2, vy = 0, a z = ± w/2, (2-3 ) w = abertura da fratura, os perfis de velocidade ao longo da abertura da fratura podem ser expressos por x pzwvx ∂ ∂ ⎥⎦ ⎤ ⎢⎣ ⎡ −−= 22) 2 ( 2 1 μ (2-4) y pzwvy ∂ ∂ ⎥⎦ ⎤ ⎢⎣ ⎡ −−= 22) 2 ( 2 1 μ (2-5) A vazão de fluido por unidade de comprimento é dzvq w w ∫ − = 2/ 2/ rr (2-6) Considere um volume de controle de lados Δx e Δy conforme mostrado na Fig. 2-2. A conservação de fluxo conduz à equação t wq y q x q l yx ∂ ∂ =− ∂ ∂ − ∂ ∂ − (2-7) Nesta equação o termo ∂w/∂t fornece a taxa de aumento de volume e o termo ),( 2 yxt c q l l τ− = , (2-8) é a taxa de filtração de fluido através das faces da fratura. Na Eq. 2-8, a constante cl é um coeficiente de filtração empírico, e τ(x,y) é o tempo em que a filtração no ponto (x,y) da face da fratura é iniciada. 21 Figura 2-2. Conservação de fluxo em um volume de controle. A substituição das Eqs. 2-4 e 2-5 na Eq. 2-6 e o resultado na Eq. 2-7 gera a seguinte equação que governa o movimento do fluido dentro da fratura: ),( 2 ) 12 () 12 ( 33 yxt c t w y pw yx pw x l τμμ −∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ (2-9) De acordo com a Fig. 2-3, a condição de contorno para a equação acima pode ser escrita como: 1. Ao longo da seção ∂Ωp (entrada da fratura), o fluido de fraturamento é bombeado para a fratura através desta seção. A condição é Q n pw = ∂ ∂ − )( 12 3 μ (2-10) onde Q é a vazão por unidade de comprimento na seção de entrada (assumindo que as mini-fraturas induzidas nos canhoneados tenham coalescido), e é o vetor normal externo ao contorno da fratura conforme mostrado. nr 22 2. A seção ∂Ωc é uma linha de simetria. A condição é 0)( 12 3 = ∂ ∂ − n pw μ (2-11) 3. A seção ∂Ωf é a frente de fratura. A condição é 0)( 12 3 = ∂ ∂ − n pw μ (2-12) A posição e o formato do contorno ∂Ωf não é conhecido a priori. Ele é considerado como parte da solução. Figura 2-3. Contorno do domínio de fluxo. A equação de fluxo acima pode ser discretizada pela aplicação do método de Galerkin para elementos finitos [8]. Tomando Ω como o campo de fluxo no plano x-y, a distribuição de pressão de fluido no domínio pode ser aproximada por ∑ = = N i ii pyxyxp 1 ),(),( φ , (2-13) onde pi são os valores nodais de pressão de fluido e φi são funções de base. A construção das funções de base e a malha de elementos finitos serão discutidas na próxima seção em conjunto com a geometria da superfície da fratura. Multiplicando ambos os lados da Eq. 2-9 pela função de base φi e integrando sobre o domínio Ω, a Eq. 2-9 se reduz às seguintes equações matriciais após algumas manipulações algébricas: [ ]{ } { } { } { }pwL fffpK +−−= , (2-14) onde ∫ Ω ∂ ∂ ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ = dxdy yyxx wK jiji ij )( 12 3 φφφφ μ (2-15) 23 ∫ Ω − = dxdy t c f i l Li φ τ 2 (2-16) ∫ Ω ∂ ∂ = dxdy t wf iwi φ (2-17) ∫ Ω∂ = p dsQf ipi φ (2-18) Como a Eq. 2-9 deve ter uma única solução, uma condição necessária é a conservação global da vazão. Esta condição pode ser escrita como 0=+ ∂ ∂ −− ∫∫∫ Ω∂ΩΩ p Qdsdxdy t wdxdyqL (2-19) A forma discretizada desta equação é 0=+−− ∑∑∑ i pi i wi i Li fff (2-20) Será mostrado posteriormente que a equação acima é usada para determinar o incremento de tempo no cálculo do crescimento da fratura. Em resumo, o fluxo do fluido de fraturamento dentro da fratura é governado pela equação de movimento (Eq. 2-14), pelas condições de contorno (Eqs. 2-10, 2-11 e 2-12), e pela restrição dada pela Eq. 2-20. A equação de movimento possui duas incógnitas, w e p. Uma equação adicional (a equação da abertura de fratura) é necessária para completar o problema. EQUAÇÃO DA ABERTURA DE FRATURA A equação de deslocamento da abertura para uma fratura modo-I de forma arbitrária num meio elástico infinito foi derivada por vários autores usando diferentes métodos. A equação tem a seguinte forma [Bui, 9]: ∫ Ω ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎣ ⎡ ∂ ∂ ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ − = '' ' )1( ' )1( )1(4 ),( dydx y w ryx w rx GyxT νπ (2-21) onde r = [(x – x’)2 + (y - y')2]1/2 T(x,y) = -[ p(x,y) - σmin(x,y)], p(x,y) = pressão do fluido σmin(x,y) = distribuição de tensão in-situ G, ν = módulos de rigidez e de Poisson, respectivamente. Por ser uma equação integral de uma superfície bi-dimensional, somente a superfície da fratura precisa ser dividida em elementos para a avaliação numérica desta equação. Contudo, a integral converge somente no sentido de um valor principal de Cauchy. É difícil se obter uma solução numérica acurada e eficiente desta equação na presente forma. Além disso, para se obter essa convergência, é necessário que a função w(x,y) tenha derivadas (∂w/∂x e ∂w/∂y) contínuas. Esta condição aumenta a complexidade da discretização numérica. Gu and Yew [6] demonstraram que a equação acima pode ser convenientemente transformada transferindo-se a diferenciação do termo singular 1/r para a função de teste. Então, a integral passa a ser escrita da seguinte forma 24 ∫ ∫∫ Ω ΩΩ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎣ ⎡ ∂ ∂ ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ − −= '' '' 1 )1(4 ),(),( dydxdydx y w y v x w x v r GdxdyyxvyxT νπ (2-22) onde a função de teste v(x,y) é uma função contínua que satisfaz a condição de abertura nula na frente de fratura. Nesta equação integral, a integral interna do lado direito é uma integral imprópria com uma singularidade removível. Como conseqüência, a ordem da singularidade é reduzida. Quando transformada para um sistema de coordenadas polares com a origem da coordenada posicionada no ponto singular, o termo 1/r é cancelado pelo Jacobiano (= r) na transformação. É, portanto, possível se obter uma integração numérica precisa. Além disso, a condição de regularidade da função w(x,y) é relaxada. Para a integral interna do lado direito da Eq. 2-22 existir, é necessário que w(x,y) seja contínua. Uma simples função de interpolação de Lagrange pode ser usada na discretização numérica. O método de Galerkin [8] é usado para discretizar a Eq. 2-22. A função w(x,y) é representada por uma combinação linear de funções de base φi(x,y), i = 1, 2,...N, ou seja, ∑ = = N j ji wyxyxw 1 ),()','( φ (2-23) Substituindo-se a Eq. 2-23 na Eq. 2-22 obtém-se a seguinte equação matricial: [A]{w} = {f}, (2-24) onde ∫ ∫ Ω Ω ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎣ ⎡ ∂ ∂ ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ − = dxdydydx yyxxr GA jiji ij '' '' 1 )1(4 φφφφ νπ (2-25) ∫ Ω −= dxdyyxyxTf ii ),(),( φ (2-26) Na formulação de elementos finitos, a função de base φi(x,y) na Eq. 2-23 pode ser construída a partir da função de forma de elemento finito ψi(x,y). A superfície da fratura é dividida em elementos. Em cada elemento, o deslocamento da abertura de fratura é expressopor ∑ = = N i ii wyxw 1 ),(ψ , (2-27) onde wi é o valor nodal de w, e ψi é a função de forma. Figura 2-4. Arranjo de elementos. 25 As funções de base φi são definidas pela adaptação das funções de forma aos nós comuns. As matrizes globais na Eq. 2-24 são formadas pela somatória de todos os elementos matriciais. Dois tipos de elemento são usados: um é o elemento triangular linear regular e o outro é o elemento quadrilateral com uma função de forma em raiz quadrada para simular a condição da extremidade da fratura. O arranjo destes elementos e a grade (grid) básica de elementos finitos são mostrados nas Figs. 2-4 e 2-5, respectivamente. O cálculo dos elementos matricias é apresentado em Gu e Yew, [6, 7]. Figura 2-5. Grade de elementos finitos. PROPAGAÇÃO DE UMA FRATURA HIDRÁULICA As equações 2-14 e 2-24, que governam o processo de fraturamento hidráulico, são não-lineares, dependentes do tempo, e têm fronteiras móveis. As equações podem ser resolvidas numericamente pela aplicação do método de elementos finitos. A grade básica de elementos finitos mostrada na Fig. 2-5 é usada por ambas as equações. A grade tem 82 elementos e 59 nós. Uma solução a partir destas equações é obtida pela aplicação do processo incremental descrito a seguir. A propagação de uma fratura hidraulicamente induzida é aproximada pelo processo incremental. Assume-se que a fratura é temporariamente dominada pela resistência à fratura (KIC) ou pelo contraste entre as tensões in-situ; e que a frente de fratura é estacionária por um pequeno período de tempo. Durante este período, o fluido de fraturamento é bombeado para o interior da fratura produzindo um aumento na pressão, na abertura de fratura e no fator de intensidade de tensão nesta frente. Quando o fator de intensidade de tensão excede a resistência à fratura, a frente de fratura avança uma pequena distância. Esta distância é determinada pela diferença entre o fator de intensidade de tensão calculado, KI, e o fator 26 crítico de intensidade de tensão (KIC) do meio rochoso (um valor assumido). Um método iterativo baseado neste processo incremental está descrito nos parágrafos seguintes. Discretização da Equação 2-14 no Domínio do Tempo Assuma que a posição da frente de fratura ∂Ωtn-Δt e sua abertura w(n-1) no tempo tn-Δt e a posição da frente de fratura ∂Ωtn no tempo tn são conhecidas conforme mostrado na Fig. 2-6. A derivada no tempo da Eq. 2-14 é aproximadamente dada por t ww t w nn Δ − = ∂ ∂ − )1()( , (2-28) onde w(n-1) e w(n) são as aberturas da fratura nos tempos tn-Δt e tn, respectivamente. A equação 2-14 se torna [ ]{ } { } { } { } { }p n w n wn L nn f t ff fpwK + Δ − −−= − )1()( )()()( )( (2-29) onde ∫ Ω = tn dxdywf i nn w φ)()( (2-30) Figura 2-6. Propagação da fratura. Para se obter uma solução da Eq 2-29, é necessário determinar o incremento de tempo Δt, que não pode ser arbitrariamente assumido. A condição de conservação global de volume é usada para determinar o incremento de tempo nesta equação. Substituindo a Eq. 2-28 na Eq. 2-20, o incremento de tempo necessário pode ser escrito como 27 ∑∑ ∑∑ − − =Δ − i n Li i pi i n wi i n wi ff ff t )( )1()( (2-31) O incremento de tempo pode ser calculado desta equação aplicando-se o método iterativo de Picard (substituições successivas). Note que quando este incremento de tempo é usado na solução da Eq. 2-29, a condição de conservação global de volume é automaticamente satisfeita. Procedimento para Resolver as Equações 2-24 e 2-29 Este par de equações é resolvido aplicando-se o método iterativo de Picard como a seguir: 1. Um valor inicial de w0 (n) é obtido resolvendo-se a Eq. 2-14 com a pressão p(n-1) aplicada à superfície de fratura Ωn. Usando esta w0 (n) inicial, uma p1 (n) correspondente é obtida da Eq. 2-29. Uma nova w1 (n) é então obtida resolvendo-se Eq. 2.14 usando p1 (n). O processo iterativo é descrito a seguir: Se wk (n) é a abertura de fratura obtida na k-ésima iteração, a abertura wk+1 (n) é calculada pela formula 10,)1()( )()()( 1 ≤<−+=+ ααα n k n k n k wwFw (2-32) onde o símbolo F( ) representa o processo de substituição de wk (n) na Eq. 2-14, resolvida para pk (n), e uso deste pk (n) na Eq. 2-29 para se encontrar uma nova abertura de fratura. O parâmetro α (= 0,2) é usado para determinar a convergência da iteração. 2. O procedimento acima é repetido até que uma abertura de fratura convirja satisfatoriamente. O critério de convergência é ε< − ∑ ∑ + + )( ,1 )( , )( ,1 n ik n ik n ik w ww (2-33) onde ε é uma tolerância assumida. A abertura de fratura calculada wk+1 (n) e a pressão pk+1 (n) são as soluções das Eqs. 2- 14 e 2-29 no tempo t = tn quando o critério acima for satisfeito. Passa-se então para a iteração do próximo passo de tempo e o processo é continuado até se atingir o tempo total de bombeio. Deve-se mencionar que a Eq. 2-29 é um tipo especial de equação denominado equação de Neumann. A solução da equação com a condição Eq. 2-31 é determinada em função de uma constante, ou seja, uma solução da Eq. 2-29 somada a uma constante arbitrária é também uma solução daquela equação. Logo, a solução da Eq. 2-29 pode ser obtida tomando-se a pressão num ponto nodal arbitrário igual a zero. A pressão do fluido é obtida adicionando-se uma pressão constante à solução da Eq. 2-29, tornando a pressão em todos os nós igual ou maior que o valor da tensão local in-situ. Movimento da Frente de Fratura 28 O fator de intensidade de tensão KI na extremidade da fratura pode ser calculado pela fórmula )()2( )1(4 2/1 rw r GK I π ν− = (2-34) onde r é a distância normal interna (para dentro) a partir da frente de fratura. Com referência à Fig. 2-6, a distância incremental Δd varrida pela fronteira móvel da fratura se relaciona com o fator de intensidade de tensão KI calculado e com o fator de intensidade de tensão KIC do meio rochoso pelo seguinte critério modificado de propagação de fratura proposto por Mastorjannis, Keer and Mura [10]: ⎪ ⎪ ⎩ ⎪⎪ ⎨ ⎧ <=Δ > + − =Δ ICI ICI IC ICI KKd KK h HK KK d for ,0 for , σ (2-35) onde σ = tensão local in-situ na frente de fratura, H = altura local de fratura, h = penetração da fratura na camada de maior tensão in-situ. Deve-se mencionar que a equação não tem significado físico. Usando-se esta equação, o avanço da frente de fratura é controlado pela tensão in-situ e pela penetração da fratura na zona de alta tensão. A implementação numérica do movimento da frente é a seguinte: 1. Calcular o fator de intensidade de tensão em todos os pontos nodais da frente de fratura ∂Ωtn-Δt, pela Eq. 2-34. 2. Considerar o incremento de deslocamento frontal Δdmax de um ponto que tem o máximo fator de intensidade de tensão como Δdmax = 0,1 d, para d ≤ 100 ft Δdmax = 10 ft, para d > 100 ft onde d é a distância entre tal ponto e a origem do sistema de coordenadas. Figura 2-7. Movimento da frente da fratura. O incremento de deslocamento frontal Δdi nos outros nós é calculado pela Eq. 2-35. A direção do movimento do ponto de incremento frontal é tomada ao longo da bissetriz externa do ângulo entre a frente de dois elementos adjacentes conforme mostrado na Fig. 2-7. 29 3. As coordenadas dos nós frontais na nova fronteira de fratura ∂Ωtn são então calculadas e uma nova malha da superfície de fratura ∂Ωtn é gerada. Os valores nodais da nova abertura de fratura, as pressões de fluido e os tempos iniciais de filtração são interpolados da malha velha para a nova. GERAÇÃO DE MALHA Um esquema de geração de malha automático e adaptado ao domínio é descrito nesta seção. Este esquema é capaz de reformatar qualquer domínio de formato irregular que possa ocorrer enquanto a fratura propaga. Além disso, o esquema pode adicionar novos pontos nodais e novos elementos à malha quando o domínio da fratura se torna altamente contido ou se modificasignificativamente. Esta propriedade de adicionar novos nós ao domínio previne efetivamente que o tamanho do elemento se torne muito grande ou distorcido. Uma grade bem adaptada ao domínio, com elementos regulares, garante a precisão da solução [Carey, 11]. Geração de Nós da Frente de Fratura Conforme a fratura se propaga, os nós do contorno da fratura se movem do velho domínio ∂Ωtn-1 para o novo, ∂Ωtn, com um deslocamento incremental Δd a cada passo de tempo. A Fig. 2-7 mostra como os pontos nodais da fratura anterior no passo de tempo t 1−Ωn f (n-1) são reposicionados no novo contorno no passo de tempo tn fΩ (n). Figura 2-8. Inserção de um novo nó no contorno. Durante a propagação da frente de fratura, os nós de contorno podem avançar de modo não-uniforme ao longo da frente. Para evitar uma distorção excessiva e imperfeições nos elementos do contorno, o espaçamento dos nós de contorno é monitorado após o deslocamento para determinar a necessidade de um refinamento. O critério é o seguinte: 30 De acordo com a Fig. 2-8, o espaçamento dos nós hi é definido como a distância entre dois nós adjacentes i e (i+1), ou seja, 1,...2,1,)()( 2 1 2 1 −=−+−= ++ biiiii Niyyxxh (2-37) Seja hmin o mínimo espaçamento de nós ao longo do contorno. O critério para o refinamento da frente de fratura é que se (h/hmin) > βcr, um novo nó será inserido no centro do segmento entre os nós i e (i+1), onde βcr é um parâmetro de controle de espaçamento. Após a inserção de um novo nó no contorno, os gradientes do espaçamento entre nós são verificados para garantir a suavidade do contorno. O gradiente é definido como a razão do espaçamento dos nós entre dois nós adjacentes, ou seja, 1,...2,1, 1 −== + b i i i Ni h h ρ (2-38) Figura 2-9. Suavizando nós do contorno. Da Fig. 2-9, dois parâmetros de gradiente de nós, e , são usados para determinar a necessidade de suavização. O seguinte critério é usado: cr minρ cr maxρ 1) Se , não há necessidade de suavização. crcrcr maxmin ρρρ ≤≤ 1. Se , o nó i é avançado para o nó i' por meio das seguintes equações [Fig. 2- 9a]: cr i maxρρ > ⎩ ⎨ ⎧ −+= −+= + + ).( ),( 1 1 old i old i old i new i old i old i old i new i yyyy xxxx θ θ (2-39) 2. Se , o nó i é retardado para o nó i' por meio das seguintes equações [Fig. 2- 9b]: cr i minρρ < ⎩ ⎨ ⎧ −−= −−= + + ).( ),( 1 1 old i old i old i new i old i old i old i new i yyyy xxxx θ θ (2-40) onde θ é um parâmetros de suavização de nós de contorno definido para controlar o grau de ajuste. 31 Geração de Nós Interiores Conforme a fratura avança, uma nova região, mostrada como uma região hachurada na Fig. 2-6, é adicionada à região anterior. Para incluir esta nova região na malha, um novo nó deve ser gerado nesta região hachurada. Figura 2-10. Convecção de nós interiores. A melhor forma de implementar isto é redistribuindo os pontos nodais existentes e inserindo novos pontos no domínio, quando necessário. O processo é conhecido como "convecção de nós". Da Fig. 2-10, a nova posição do nó i é calculada pela equação ⎪ ⎪ ⎩ ⎪ ⎪ ⎨ ⎧ = = ∑ ∑ = = j j N j jji N j jji yy xx 1 1 , ω ω (2-41) onde Nj é o número de nós conectados ao nó i na posição (xi, yi), e {xj, yj} são as coordenadas dos nós conectados ao nó i. O fator angular de ponderação ωj é definido como 1,...2,1), 2 ( 2 1 1 −= + = + j jj j Nj αα π ω (2-42) onde αj é o ângulo inscrito entre os nós i-j e i-(j+1) conforme mostrado na Fig. 2-10. 32 Figura 2-11. Grades antes e após a convecção de nós. No procedimento de convecção de nós acima, a redistribuição de nós e a reconstrução de elementos são mecanismos acoplados. A implementação do deslocamento de nós e construção de elementos devem ser feitas iterativamente até que uma grade de boa qualidade seja obtida. A Fig. 2-11 mostra como os pontos nodais são redistribuídos e suavizados para uma melhor triangulação de uma região densamente povoada. Inserção de Nós no Interior do Domínio Para uma fratura altamente contida, os elementos próximos à frente de fratura devem ser muito maiores que os próximos ao poço. Também, conforme a fratura se propaga, a área dos elementos em algumas regiões pode se tornar muito grande. A inserção de um novo nó dentro deste elemento se torna necessária para garantir a precisão computacional. A técnica para se conseguir isto consiste em dividir um grande elemento triangular em três triângulos menores pela introdução de um novo ponto nodal no centro deste grande triângulo, conforme ilustrado na Fig. 2-12. O procedimento é o seguinte: 1) Calcular a área SI, (I = 1, 2,...N) de todos os elementos do domínio e identificar a menor área Smin. 2) Calcular a razão entre áreas, qi = Si/Smin. 3) Comparar os valores de qi. Se qi > qCR , adicionar novo nó (numerado como Ni+ 1) no centro do elemento i por meio da equação ⎪ ⎩ ⎪ ⎨ ⎧ ++= ++= + + )( 3 1 ),( 3 1 3211 3211 iiiN iiiN yyyy xxxx i i (2-43) onde qcr é um fator de controle do incremento de novos nós no domínio. O subscrito i especifica o número do elemento e os subscritos 1, 2 e 3 especificam os vértices do elemento triangular. 33 Figura 2-12. Refinamento de nós e elementos interiores. Construção de Elementos Após a inserção de um novo nó, novos elementos podem ser construídos. Há dois tipos de elementos no domínio: Figura 2-13. Elementos quadrilaterais na frente de fratura. 1) Os elementos ao longo da frente de fratura são quadrilaterais. Da Fig. 2-13, um conjunto de pontos nodais interiores B próximo à frente de fratura é criado do ponto nodal A na frente de fratura. Verifica-se que há uma correspondência um-para-um entre 34 os pontos nodais A e B, e o ponto nodal B se localiza na direção da seção normal interna da frente de fratura A, a uma distância constante. Os elementos quadrilaterais podem ser construídos usando-se dois conjuntos de pontos nodais. 2) Os elementos na região interna da fratura são triangulares. Estes elementos são construídos pela aplicação do método de triangulação de Delaunay [11]. A essência do método pode ser entendida por meio da Fig. 2-14. Há duas formas de usar quatro pontos nodais - A, B, C, e P – para construir dois triângulos. A triangulação de Delaunay é obtida pelo sucessivo mapeamento das diagonais dos quadriláteros ABCP, tomando-se o triângulo que apresentar a menor diferença entre seus ângulos internos. Isso é implementado por meio do algoritmo de Bowyer [12]. Da Fig. 2-14a, a circunscrição do triângulo ABC inclui o vértice P do triângulo adjacente ACP. A triangulação da Fig. 2- 14a é rejeitada e substituída pelo triângulo ABP pela mudança de diagonais, como mostrado na Fig. 2-14b, na qual o vértice C do triângulo BCP cai fora da circunscrição ABP. A triangulação da Fig.2-14b é aceita. Figura 2-14. Triangulação por troca de diagonais. Interpolação entre Grades Após a construção de uma nova malha, os valores nodais da abertura de fratura, do início do tempo de filtração do fluido e da pressão de fluido são interpolados da velha para a nova malha. Antes, é necessário determinar que elemento da velha malha contém um nó da nova malha. Isso é feito calculando-se os Jacobianos dos triângulos formados pela união do novo nó e os vértices de um elemento antigo. Se o Jacobiano é positivo, o nó se encontra dentro ou sobre o lado do elemento; caso contrário, o nó está fora do elemento. O próximo passo é calcular a coordenada local (ζ, η) do nó de sua coordenada global (x, y). Para elementos triangulares, a coordenada (ζ, η) pode ser calculada diretamente da função de forma 35 ⎪ ⎪ ⎪ ⎩ ⎪ ⎪ ⎪ ⎨ ⎧ −−−−−= −−−−−−= −−−−−= )])(())(( )])(())(([1 )])(())([(1 12131312 112112 113113 yyxxyyxxJ yyxxxxyy J yyxxxxyy J η ζ (2-44) Para elementos bi-lineares, a relação funcional entre (ζ, η) e (x, y) é não-linear e implícita em ζ e η conforme:
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