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Cuidado Farmacêutico Pacientes com Distúrbios Menores Mensagem do Organizador “Farmacêuticos, em todos os tempos e lugares, trazem mesmo lições de amor às pessoas. Aliás, para o farmacêutico, amar não é apenas o verbo transitivo direto que se aprende a conjugar, nas escolas. Amar é ação. A ação de servir, a qualquer hora de qualquer dia e em qualquer lugar. É cuidar, é promover a saúde, é salvar vidas.” Carlos Drummond de Andrade Farmacêutico e um dos maiores poetas da língua portuguesa “O projeto Júlia Lima é uma homenagem à nossa filha, vítima de um evento adverso catastrófico, que visa trazer mudanças e cuidados no que concerne à segurança do paciente. Queremos também, com este projeto, chamar atenção de todos os profissionais de saúde quanto à importância de um cuidado mais empático, humano e resiliente. A partir do evento, criamos ações para salvar vidas considerando os fatos ocorridos com a Júlia, e entre essas ações o Farmacêutico é um dos atores principais, com poder em relação aos medicamentos que podem levar a um evento adverso catastrófico.” Francisco Cruz Lima e Sandra Lima, representando os pacientes e a paciente Júlia Lima Volume 6 Cuidado Farmacêutico Pacientes com Distúrbios Menores Editores do Volume Chiara Erminia da Rocha Paulo Caleb Júnior de Lima Santos LIMA SANTOS, P. C. J. (org.); DA ROCHA, C. E.; LIMA SANTOS, P. C. J. Vol. 6 - Cuidado Farmacêutico: Pacientes com Distúrbios Menores (Série Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica) © EDITORA ATHENEU São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, 2019. CAPA: Equipe Atheneu PRODUÇÃO EDITORIAL: Fernando Palermo - FP EDITORA ATHENEU São Paulo — Rua Jesuíno Pascoal, 30 Tel.: (11) 2858-8750 Fax: (11) 2858-8766 E-mail: atheneu@atheneu.com.br Rio de Janeiro — Rua Bambina, 74 Tel.: (21)3094-1295 Fax: (21)3094-1284 E-mail: atheneu@atheneu.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ C973 v. 6 Cuidado farmacêutico [recurso eletrônico]: pacientes com distúrbios menores/organizador [e editor do volume] Paulo Caleb Júnior de Lima Santos; editora do volume Chiara Erminia da Rocha. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Atheneu, 2019. recurso digital (Farmácia clínica & atenção farmacêutica ; 6) Formato: ebook Modo de acesso: world wide web Inclui bibliografia ISBN 978-85-388-0945-6 (recurso eletrônico) 1. Farmacologia clínica. 2. Serviços farmacêuticos - Administração. 3. Medicamentos - Administração. 4. Livros eletrônicos. I. Santos, Paulo Caleb Júnior de Lima. II. Rocha, Chiara Erminia da. III. Série. 18-54265 CDD: 615.1 CDU: 615.1 Vanessa Mafra Xavier Salgado - Bibliotecária - CRB-7/6644 10/12/2018 12/12/2018 Organizador Paulo Caleb Júnior de Lima Santos Professor Adjunto na Universidade Federal de São Paulo (Escola Paulista de Medicina – Unifesp), no Departamento de Farmacologia. Orientador de Mestrado e Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação (PPG) em Farmacologia da Unifesp e do PPG em Ciências Médicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Pós-Doutorado pelo Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP. Doutor pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Farmacêutico-Bioquímico pela Universidade Federal de Alfenas (Unifal). Habilitação em Análises Clínicas e Toxicológicas pela Unifal. Editores Chiara Erminia da Rocha Professora Adjunta da Universidade Federal de Sergipe, Campus de Lagarto (UFS), no Departamento de Farmácia, módulo de Prática de Ensino Farmacêutico na Comunidade. Fundadora e pesquisadora do Laboratório de Estudos em Cuidados Farmacêuticos da UFS/Lagarto. Exerceu atividade de Tutoria na Residência Multiprofissional de Atenção Hospitalar da UFS, campus Lagarto. Doutora em Ciências da Saúde pelo Núcleo de Pós Graduação em Medicina da Universidade Federal de Sergipe. Mestre em Saúde Coletiva pelo Programa de Pós Graduação Integrada em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Pernambuco. Farmacêutica pela Universidade Federal de Pernambuco. Paulo Caleb Júnior de Lima Santos Professor Adjunto na Universidade Federal de São Paulo (Escola Paulista de Medicina – Unifesp), no Departamento de Farmacologia. Orientador de Mestrado e Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação (PPG) em Farmacologia da Unifesp e do PPG em Ciências Médicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Pós-Doutorado pelo Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP. Doutor pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Farmacêutico-Bioquímico pela Universidade Federal de Alfenas (Unifal). Habilitação em Análises Clínicas e Toxicológicas pela Unifal. Adriano da Silva Santos Graduação em Farmácia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Especialista em Saúde do Adulto e Idoso – Residência Multiprofissional. Mestre em Ciências Farmacêuticas pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFS. Doutorando em Ciências Farmacêuticas pela UFS. Alessandra Rezende Mesquita Docente no Departamento de Farmácia Social da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutora em Ciências da Saúde. Mestre em Ciências Farmacêuticas. Graduada em Farmácia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Ex-Professora do Curso de Farmácia da UFS (Campus de Lagarto) e Professora Voluntária da Ddisciplina Assistência Farmacêutica na UFS (Campus São Cristovão). Ex-Farmacêutica Hospitalar pela Fundação Hospitalar de Saúde de Sergipe. Ex-Conteudista do Curso de Qualidade de Profissionais da Assistência Farmacêutica e Ccapacitação para o Sistema Hórus. Ana Patrícia Alves Lima Santos Graduação em Farmácia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Mestre em Ciências Farmacêuticas pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFS. Ex-Professora da Universidade Tiradentes em Estágio de Assistência Farmacêutica. Acadêmica de Medicina pela UFS. Ana Teresa Couto Fontes Graduação em Farmácia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). MBA em Gestão Hospitalar pela Universidade Castelo Branco. Mestrado em Ciências Farmacêuticas pela UFS. Doutorando em Ciências Farmacêuticas pela UFS. Professora Substituta do Curso de Farmácia da UFS (Campus de Lagarto). Anne Caroline Oliveira dos Santos Graduação em Farmácia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Mestre em Ciências Farmacêuticas pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFS. Especialista em Avaliação em Saúde pela Fiocruz. Consultora Farmacêutica na Coordenação-Geral do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica, no Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (CGCEAF/DAF/SCTIE/MS). Colaboradores Blície Jennifer Balisa-Rocha Graduada em Farmácia pela Universidade Tiradentes. Especialista em Farmacologia Clínica pela Universidade Castelo Branco. Mestre na área de Ciências da Saúde (Atenção Farmacêutica) na Universidade Federal de Sergipe. Doutora na área de Ciências da Saúde (Atenção Farmacêutica) na Universidade Federal de Sergipe. Docente/ Pró-Reitora de Graduação, Pesquisa e Extensão do Centro Universitário FG - UNIFG. Carina Carvalho Silvestre Farmacêutica Graduada pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Mestra em Ciências Farmacêuticas pela UFS. Especialista em Gestão da Assistência Farmacêutica pela Universidade Federal de Santa Catarina. Pesquisadora do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social (LEPFS/UFS). Dalmare Anderson Bezerra de Oliveira Sá Graduação em Farmácia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Especialista Residente Multiprofissional em Saúde Mental pela UFS. Mestre em Ciências Farmacêuticas pela UFS. Ex-Membro do Conselho Nacional de Saúde representando a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), da qual foi Diretor de Saúde. Ex-Coordenador de Educação da Executiva Nacional de Estudantes de Farmácia (ENEFAR). Ex-Consultorda OPAS/OMS no Departamento de Assistência Farmacêutica/SCTIE/MS. Ex-Coordenador de Atenção Psicossocial da Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju. Ministrou as Disciplinas Políticas Públicas de Saúde para a Residência Multiprofissional em Área da Saúde e Psicofarmacologia. Presidente do Sindicato dos Farmacêuticos de Sergipe e Diretor de Juventude e Direitos Humanos da Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar) e Conselheiro Regional do CRF - SE. Daniel Tenório da Silva Doutor em Ciências da Saúde, Mestre em Ciências Farmacêuticas e Graduado em Farmácia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Professor-Assistente e Coordenador do Curso de Farmácia da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde e Biológicas da Univasf. Tutor da Residência Multiprofissional em Intensivismo (HU-Univasf). Tutor da Residência Multiprofissional em Saúde Mental (Univasf). Coordenador da Liga Acadêmica de Farmácia Clínica do Vale do São Francisco. Coordenador do Grupo de Estudos e Geriatria e Gerontologia (GREGG-Univasf). Conselheiro Fiscal da Sociedade Brasileira de Farmacêuticos e Farmácias Comunitárias. Djenane Ramalho de Oliveira PhD em Social and Administrative Pharmacy - University of Minnesota (EUA). Mestre em Ciências Biológicas (Fisiologia) e Farmacêutica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora da UFMG e Professora Convidada na University of Minnesota (EUA). Ex-Gestora do Departamento de Atenção Farmacêutica – Department of Medication Therapy Management – em Fairview Health Services, um dos maiores sistemas de saúde do estado de Minnesota (EUA). Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Medicamentos e Assistência Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da UFMG. Elisdete Maria Santos de Jesus Licenciada em Química pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Farmacêutica Generalista pela Universidade Tiradentes (UNIT). Especialista em Farmacologia e Dispensação Farmacêutica. Especialista em Gestão da Assistência Farmacêutica. Mestre em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Doutora em Ciências da Saúde pela UFS. Professora Substituta da UFS (Campus Antonio Garcia Filho (Lagarto), onde trabalha com Metodologias Ativas de Ensino. Integrante do Laboratório de Estudos em Cuidados Farmacêuticos (LECFAR). Giselle de Carvalho Brito Farmacêutica, Mestre em Ciências Farmacêuticas e Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Professora Adjunta da UFS, lotada no Departamento de Farmácia (DFAL) do Campus Antônio Garcia Filho (Lagarto). Fundadora e Pesquisadora do Laboratório de Estudos em Cuidados Farmacêuticos da UFS/Lagarto. Ex-Subchefe do Departamento de Farmácia, do Campus Antônio Garcia Filho (Lagarto-SE). Coordenadora Discente das Práticas de Ensino Farmacêutico na Comunidade. Coordenadora da Residência de Saúde da Família. Exerce atividade de Tutoria nas Residências Multiprofissionais de Atenção Hospitalar e de Saúde da Família. Especialização em Docência na área da Saúde pelo Instituto Faimer Brasil e Universidade Federal do Ceará (UFC) – Foundation for Advancement of International Medical Education and Research (FAIMER) Fellow. Izadora Menezes da Cunha Barros Farmacêutica graduada pela Universidade Tiradentes. Mestre em Ciências Farmacêuticas e Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Sergipe (UFS), com a linha de pesquisa Comunicação Farmacêutica. Ex-Chefe da Unidade de Farmácia Clínica do Hospital Universitário de Sergipe. Professora da UFS, Campus de Lagarto (UFS), no Departamento de Farmácia, Módulo de Prática de Ensino Farmacêutico na Comunidade. Fundadora e Ppesquisadora do Laboratório de Estudos em Cuidados Farmacêuticos da UFS/ Lagarto. Exerce atividade de Tutoria na Residência Multiprofissional de Atenção Hospitalar, Campus Lagarto. Juliana Santos Rabelo Farmacêutica e Mestra em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Especialista em Farmácia Hospitalar pela Faculdade Cathedral. Especialista em Farmacologia Clínica e Dispensação Farmacêutica pela Faculdade Cathedral. Luciana Bastos Almeida Farmacêutica pela Universidade Tiradentes. Especialista em Farmácia Hospitalar. Mestra em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Maria do Carmo de Santana Farmacêutica pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Especialista Residente em Saúde da Família pela UFS. Especialista em Atenção Farmacêutica e Farmácia Clínica pelo Instituto de Graduação e Pós-Graduação e IPOG (Goiás). Mateus Rodrigues Alves Farmacêutico pela Universidade Luterana do Brasil. Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Graduação em Artes Plásticas pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UFMG). Especialização em Farmácia Hospitalar pelo Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde. Especialização em Gestão da Assistência Farmacêutica pela Universidade de Brasília (UnB) e Doutorado em Social and Administrative Pharmacy pela University of Minnesota System (EUA). Mônica Lima Bispo Farmacêutica pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Patrícia Melo Aguiar Farmacêutica e Mestra em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Doutorado e Pós-Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Fármaco e Medicamentos da Universidade de São Paulo (USP). Ex-Professora Temporária no Curso de Farmácia na UFS e na USP. Professora do Departamento de Farmácia da USP. Tatiane Cristina Marques Farmacêutica pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp). Mestre pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP). Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Pós-Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFS. Professora das Disciplinas de Assistência e Atenção Farmacêutica, Farmácia Hospitalar e Clínica em Cursos de Graduação e Pós-Graduação. Thaciana Santos Alcântara Farmacêutica Generalista pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Mestre em Ciências da Saúde pela UFS. Pesquisadora no Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social da UFS. Viviane Gibara Guimarães Farmacêutica pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Ex-Coordenadora da Assistência Farmacêutica do Município de Riachão do Dantas – SE. Responsável Técnica no Município de Laranjeiras-SE. Egressa da Residência Multiprofissional em Epidemiologia Hospitalar no Núcleo de Segurança do Paciente – Unidade de Gestão de Riscos Assistenciais (UGRA) do Hospital Universitário da UFS. Werlissandra Moreira de Souza Farmacêutica pela Universidade Tiradentes. Mestre em Ciências Farmacêuticas e Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Professora Adjunta da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). Dedicatórias À minha querida esposa, Silmara, e ao nosso filho, Lucas. Paulo Caleb Júnior de Lima Santos (Organizador e Editor) À minha amada mãe, Genice, ao meu querido esposo, Raul Jr., e ao nosso filho, Bento. Chiara Erminia da Rocha (Editora) Agradecimentos Agradecimentos dos Editores Aos pacientes, que constituíram o foco do nosso trabalho, ao nos relatarem suas dúvidas sobre determinadas entidades mórbidas, elas, em parte, permeiam os capítulos deste volume. Aos colegas e amigos que contribuíram grandiosamente na construção coletiva deste volume. O comprometimento, o profissionalismo, o amor à profissão, o respeito ao paciente, a ética, o ser farmacêutico é único em cada um de vocês. Às instituições Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social LEPFS (UFS/SE), Universidade Federal de Sergipe, Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp), Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do Instituto do Coração e Faculdade de Medicinada Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP e Universidade Federal de Alfenas (Unifal), por ter contribuído em nossas formações e pela parceria no desenvolvimento científico. À Editora Atheneu e aos seus colaboradores, pela oportunidade e pelo apoio. Aos nossos familiares, pelo amor e pela paciência. Chiara Erminia da Rocha Paulo Caleb Júnior de Lima Santos (Editores) Apresentação da Série A Série Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica foi desenvolvida para auxiliar na atuação de excelência dos profissionais farmacêuticos e dos graduandos em Farmácia. O corpo autoral foi composto por docentes e pesquisadores das melhores instituições do país e experientes nas diversas facetas do Cuidado Farmacêutico. A Série está constituída por seis volumes, totalizando 182 Colaboradores e 85 Capítulos. O conteúdo é riquíssimo, abordando o contexto atual do cuidado farmacêutico, as atribuições clínicas do farmacêutico, MIP, dispensação e prescrição farmacêutica, exames laboratoriais, acompanhamento farmacoterapêutico, cuidado farmacêutico para as principais doenças, tais como diabetes mellitus, hipertensão arterial, dislipidemias, cânceres, asma, distúrbios da tireoide, anemias, depressão, ansiedade, distúrbios do sono, transtorno psicóticos e bipolar do humor, Alzheimer, Parkinson, doença renal crônica, hepatites, AIDS, dor, inflamação e infecção, alterações gastrointestinais e dengue. Além disso, os volumes trazem informações úteis e práticas ao dia a dia do farmacêutico: a fisiopatologia das doenças, os aspectos de efetividade farmacológica e de segurança ao paciente, casos clínicos, cuidado aos grupos especiais: idosos, gestantes e crianças, interações medicamentosas, uso racional de medicamentos e a importância do exercício físico e da nutrição clínica como tratamento não farmacológico. O objetivo é disponibilizar material científico, completo, didático e de fácil entendimento aos farmacêuticos e graduandos para que, com conhecimento, exerçam o Cuidado Farmacêutico aos pacientes. Paulo Caleb Júnior de Lima Santos (Organizador) Apresentação do Volume O Volume 6 da Série Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica está constituído por 15 Capítulos, 2 Editores e 23 Colaboradores. Este volume aborda temas importantes e essenciais sobre farmácia clínica e atenção farmacêutica, sendo indispensável para o sucesso do profissional farmacêutico que atua na área clínica. O volume apresenta temas como orientação para o manejo da dor de cabeça em situações de automedicação, azia e dispepsia, dor muscular e nos tecidos associados, experiência subjetiva com o uso de medicamentos isentos de prescrição, infecções das vias aéreas superiores: faringoamigdalite e laringite, entre outros temas relevantes no Cuidado Farmacêutico. A abordagem desta série está na vanguarda do contexto das atribuições clínicas do farmacêutico e da prática da prescrição farmacêutica. A temática inclui o cuidado farmacêutico também como prática multiprofissional. Com certeza, este conteúdo fará diferença na atuação e formação do profissional farmacêutico. Chiara Erminia da Rocha Paulo Caleb Júnior de Lima Santos (Editores) Sumário 1 Gripe e Resfriado, 1 Chiara Erminia da Rocha Mônica Lima Bispo 2 Rinite Alérgica, 15 Izadora Menezes da Cunha Barros Chiara Erminia da Rocha 3 Sinusite, 29 Viviane Gibara Guimarães Dalmare Anderson Bezerra de Oliveira Sá Izadora Menezes da Cunha Barros Chiara Erminia da Rocha 4 Infecções das Vias Aéreas Superiores: Faringoamigdalite e Laringite, 43 Blície Jennifer Balisa-Rocha Chiara Ermínia da Rocha 5 Constipação Intestinal, 57 Juliana Santos Rabelo Chiara Erminia da Rocha 6 Onicomicose, 75 Anne Caroline Oliveira dos Santos Chiara Erminia da Rocha Thaciana dos Santos Alcântara 7 Pitiríase Versicolor, 87 Patrícia Melo Aguiar Giselle de Carvalho Brito Chiara Erminia da Rocha 8 Pediculose, 97 Ana Teresa Couto Fontes Chiara Erminia da Rocha 9 Dor Muscular e nos Tecidos Associados, 105 Daniel Tenório da Silva Chiara Erminia da Rocha 10 Diarreia, 119 Alessandra Rezende Mesquita Chiara Erminia da Rocha Mônica Lima Bispo 11 Acne, 133 Luciana Bastos Almeida Maria do Carmo de Santana Chiara Erminia da Rocha 12 Orientação para o Manejo da Dor de Cabeça em Situações de Automedicação, 149 Werlissandra Moreira de Souza Chiara Erminia da Rocha 13 Azia e Dispepsia, 165 Ana Patrícia Alves Lima Santos Adriano da Silva Santos Carina Carvalho Silvestre Chiara Erminia da Rocha 14 Tosse, 179 Elisdete Maria Santos de Jesus Tatiane Cristina Marques 15 Experiência Subjetiva com o Uso de Medicamentos Isentos de Prescrição, 203 Djenane Ramalho de Oliveira Mateus Rodrigues Alves Índice Remissivo, 217 Capítulo 1 – Gripe e Resfriado 1 Capítulo 1 Gripe e Resfriado Chiara Erminia da Rocha Mônica Lima Bispo Definição do transtorno ou problema de saúde A manutenção da umidade ao longo da vias respiratórias superior e inferior (VRSI), desde o nariz até os bronquíolos terminais, deve-se à camada de muco que reveste toda essa superfície. Esse muco é secretado, em parte, por células calici- formes isoladas presentes no revestimento epitelial das vias aéreas e, em parte, por pequenas glândulas submucosas. Este muco também retira pequenas partícu- las do ar inspirado e impede que a maioria alcance os alvéolos. O próprio muco é removido das VRSI pelo epitélio ciliado aí existente (200 cílios/célula epitelial). Esse sistema ciliado bate continuamente, com velocidade de 10 a 20 vezes por segundo. A direção de sua “potência propulsora” é orientada sempre para a faringe. Ou seja, os cílios nas vias respiratórias inferiores batem para cima, enquanto os presentes no nariz batem para baixo. Esse processo permite que o material (muco + partículas) seja engolido ou eliminado para o exterior pela tosse. Ao respirarmos, o ar adentra o nariz e é aquecido pelas superfícies extensas das conchas e do septo, que totalizam uma área de cerca de 160 cm2, além de ser quase totalmente umidificado, até mesmo antes de transpor o nariz e finalmen- te ser filtrado. Estas distintas funções reunidas recebem a denominação de função condicionadora do ar das vias aéreas respiratórias superiores. Para protegermos o organismo contra a entrada de partículas estranhas de diferentes tamanhos, temos anexos como os pelos, responsáveis pela remoção de grandes partículas e disposi- ções anatômicas como os cornetos, o septo e a parede faríngea, que forma saliên- cias obstrutivas que mudam a direção do movimento do ar e não das partículas (que possuem mais massa) que ficam aprisionadas no muco presente nessas saliências. Ou seja, a remoção das partículas ocorre por precipitação turbulenta. Por fim, estas partículas serão transportadas pelos cílios até a faringe para serem deglutidas. A gripe e o resfriado são doenças viróticas que afetam as vias aéreas superiores (nariz, laringe, faringe), ocasionalmente acometendo as vias aéreas inferiores (brôn- Série Atenção Farmacêutica Série Atenção Farmacêutica Série Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica Volume 6 – Série Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica 2 quios e pulmões), sendo mais comuns em infecções gripais devido às repercussões sistêmicas atreladas a ela. Gripe e resfriado são doenças distintas, porém podem ser geralmente confundidas por apresentarem sinais e sintomas parecidos. A gripe é uma infecção causada pelo vírus influenza que afeta a mucosa respiratória, especial- FIGURA 1.1. Algoritmo para tomada de decisões. Quem é o paciente? Adulto Criança ≤ 2 anos de idade ou adulto ≥ 60 anos ou gestante ou está amamentando Febre acima de 38ºC há mais de 2 dias, mialgia, artralgia, dor de ouvido, cefaleia intensa frontal, escarro purulento e sangramento? Encaminhar ao médico Apresenta congestão nasal, espirros, dor de garganta, tosse seca por mais de 7 dias? Tem alguma doença crônica como: asma, diabetes, hipertensão arterial ou é imunodeprimido?Está tomando algum medicamento para tratar as manifestações da gripe ou do resfriado? Instaurar tratamento (descongestionantes e anti-histamínicos tópicos e orais, antitussígenos, mucolíticos, expectorantes. Repouso, hidratação, dieta balanceada, gargarejo com água salgada e morna) Medicamento prescrito? Encaminhar ao médico para avaliação da farmacoterapia Suspender Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Não Não Não Capítulo 1 – Gripe e Resfriado 3 mente do nariz, garganta e pulmões. O vírus influenza, caracterizado pela sua alta capacidade de mutação, é uma infecção altamente contagiosa. Em casos mais leves pode ser confundida com o resfriado comum. O meio de transmissão da gripe e do resfriado é o mesmo. Ambos são facilmente transmitidos de uma pessoa para outra através do flugge – gotículas de saliva eliminadas pela fala, pela tosse ou pelo espir- ro que ficam suspensas no ar – e também por objetos contaminados. Isto é um ex- celente meio de transmissão da doença. A penetração do vírus no organismo ocorre através da mucosa do nariz ou da garganta e a aglomeração de pessoas em am- bientes fechados facilita a disseminação da gripe. Qualquer pessoa pode contrair a gripe. Porém, crianças menores, idosos, pessoas com sistema imune enfraquecido e portadores de doenças crônicas são especialmente vulneráveis (Figura 1.1). A partir de uma reação imunológica o vírus da influenza é classificado nos tipos A, B e C. A ocorrência de eventos gripais em humanos se deve às cepas de influenza A e B. Contudo, é importante destacar que o influenza A é o que apresenta maior variabilidade superficial e, consequentemente, maior infectividade. Estas caracterís- ticas explicam o fato de ser a cepa viral responsável por causar a maioria das epi- demias de gripe e também as grandes pandemias que afetaram e que têm afetado a humanidade – H1N1, gripe espanhola e suína, e H5N1, gripe aviária. No tocante ao influenza do tipo B, em menor prevalência causa processos semelhantes aos da gripe e pode produzir epidemias. No entanto, o vírus do tipo C provoca quadros respiratórios pouco significativos. O resfriado comum é uma infecção simples do trato respiratório superior que acomete, especialmente, a mucosa do nariz e da garganta. Os adultos, em média, têm dois resfriados ao ano, e as crianças (especialmente os pré-escolares) um pouco mais que dois episódios anuais. É uma entidade responsável por altos índices de absenteísmo escolar e laboral. O resfriado não tem tratamento específico, é uma doença autolimitada, ou seja, independentemente de usar medicamento, dentro de poucos dias o indivíduo melhora. Após 5 a 7 dias os sinais e sintomas clínicos do resfriado devem melhorar, embora alguns possam persistir até 2 semanas. Caso dure mais que isso, há possibilidade de o paciente ter desenvolvido infecção bacte- riana secundária (pneumonia, laringite, sinusite ou otite), que pode ter surgido após o resfriado. Cinco tipos diferentes de vírus podem causar o resfriado. Os vírus mais frequen- temente envolvidos são o rinovírus e o coronavírus. Devido à grande variedade de vírus, não existem ainda vacinas para proteger as pessoas destas viroses. O período de contágio se inicia poucas horas após o indivíduo ter se infectado, mesmo que o aparecimento das manifestações clínicas seja imperceptível, e finda quando há remissão destas manifestações, ou seja, ao final de 2 a 3 dias do início do quadro clínico. O período de incubação é de 24 a 72 horas, mas em média é de 48 horas. Os conselhos dos avós quanto a não tomar banho de chuva, não tomar líquidos ou alimentos muito gelados porque você poderá ficar resfriado ou gripado tem um pouco de verdade, pelo fato de que a possibilidade de contágio aumenta pela diminuição da temperatura da superfície corporal. O frio leva a uma vasoconstrição que diminui a temperatura na mucosa nasal, consequentemente alterando-a, e isto favorece a entrada do vírus. Lógico que o contato com o vírus deverá ter acontecido Volume 6 – Série Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica 4 antes para que o resfriado aconteça. Não poderemos esquecer da imunocompe- tência do indivíduo. ■ Sinais e sintomas Os principais sinais e sintomas clínicos da gripe são: • febre – em geral alta (39º a 40ºC), durando 3 a 4 dias; • cefaleia – é referenciada pelo paciente como sendo intensa e na região frontal ou retro-orbitária, principalmente quando movimenta os olhos; • mialgia e artralgia – intensa, sobretudo nas costas e pernas; • fadiga e mal-estar – mais intensa, podendo durar 2 a 3 semanas; • congestão nasal – cursa com fluxo abundante de muco nasal; • dor de garganta – devida à tosse seca no início e, consequentemente, o paciente perde o apetite; • sintomas característicos do resfriado comum. Estes sinais e sintomas clínicos inespecíficos tendem a se manifestar após um período de incubação de 18 a 48 horas. As pessoas confundem gripe e resfriado com muita frequência, uma vez que alguns de seus sintomas são semelhantes. A gripe se diferencia do resfriado por ser mais grave e ter um início súbito. Ela com- promete de maneira significativa o estado geral da pessoa, diferentemente do res- friado, que costuma apresentar sinais nasais e comprometimento da garganta. Os principais sinais e sintomas clínicos do resfriado são: • rinorreia – devida ao aumento da permeabilidade vascular, bem como pelo estímulo dos receptores colinérgicos. O aspecto da secreção nasal produzi- da no início é aquoso e claro; • obstrução nasal uni ou bilateral que ocorre pelo aumento da permeabilida- de vascular e vasodilatação local; • espirros; • diminuição do olfato e do paladar; • irritação faríngea – consequentemente, rouquidão e/ou afonia (voz ‘nasala- da’). O paciente referencia dor de garganta e perda de apetite; • tosse seca ou produtiva; • cefaleia frontal e periorbitária; • lacrimejamento – ocorre obstrução dos canais de drenagem dos ductos lacrimais. O que o farmacêutico precisa saber? O farmacêutico tem um papel importante enquanto promotor da saúde, pois frente a duas entidades mórbidas potencialmente contagiosas e debilitantes, o acesso à informação sobre as medidas que impedem a aquisição e disseminação das doenças é valoroso. Haja vista ser a farmácia o primeiro local em que os indiví- duos procuram por informações sobre um determinado problema de saúde, o pa- Capítulo 1 – Gripe e Resfriado 5 ciente com sinais e sintomas clínicos de gripe e resfriado será sistemática e cuidado- samente investigado pelo farmacêutico devido à inespecificidade destas doenças, por ser o quadro clínico de caráter comum, por não existir um tratamento etiológico eficaz e ser autodiagnosticado. Posto isto, a escolha pelo farmacêutico da melhor farmacoterapia para o paciente deve ser restrita aos agentes anti-inflamatórios não esteroidais (AINE), anti-histamínicos, descongestionantes, entre outros, ou seja, me- dicamentos isentos de prescrição (MIP) que irão aliviar as principais manifestações clínicas. Para tanto, a realização de questionamentos é indispensável. A seguir, al- gumas informações necessárias e indispensáveis ao profissional para uma melhor escolha ao tratamento do paciente. • Quem é o paciente? (Existem na população os denominados grupos de risco, a saber pacientes que apresentam doenças pulmonares, cardiovas- culares, metabólicas e/ou renais crônicas e indivíduos maiores de 65 anos. Para este grupo se tem a vacina que previne a gripe. Mas o farmacêutico deverá encaminhar esses indivíduos aos cuidados de um médico para uma abordagem mais adequada devido às repercussões clínicas do vírus.) • Quais os sinais e sintomas clínicos mais frequentes? (Febre, dor de gargan- ta, espirros, congestão nasal, rinorreia, dor de cabeça, mialgia, artralgia, fadiga e tosse são manifestações clínicas normais à gripe e ao resfriado, a depender do paciente, do tempo da presença da manifestação e da inten- sidade. Contudo, secreção espessa e purulenta, falta dear, chiado, cansaço excessivo e sangramento são manisfestações que determinam o encami- nhamento ao médico). • É a primeira vez que apresenta esses sinais e sintomas clínicos? (A gripe e o resfriado são autolimitados e melhoram dentro de 7 dias. Caso ultrapassem esse período, o paciente deverá ser encaminhado ao médico.) • Há quanto tempo os sinais e sintomas clínicos têm se manifestado? (Após 2 dias do início da gripe e do resfriado as manifestações clínicas tendem a diminuir. A complicação aguda mais séria causada pelo influenza é a bron- copneumonia viral primária, que aparece após 24 horas de instalação da gripe. O paciente apresenta um quadro de dificuldade respiratória com aumento de frequência respiratória que cursa com progressiva cianose e presença de expectoração com sangue. A evolução é fulminante. Outra situação é a infecção bacteriana secundária ou a broncopneumonia bacte- riana secundária, que são mais frequentes dentre as complicações respira- tórias pós-gripais). • Os sinais e sintomas clínicos são constantes ou intermitentes? • Tem alergia a algum medicamento? Qual o nome do medicamento? • Apresenta alguma doença crônica? (diabetes ou hipertensão são, por exem- plo, doenças que limitam a indicação farmacêutica de MIP. Neste caso, o farmacêutico deverá avaliar cuidadosamente a segurança dos MIP disponí- veis para efetuar a dispensação. Por exemplo, os descongestionantes orais devem ser usados com precaução: Volume 6 – Série Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica 6 º na hipertensão arterial, pois podem elevar os níveis da pressão arterial sanguínea; º no hipertireoidismo ou com problemas cardíacos, pois provoca taquicar- dia e arritmia; º no diabetes, pois pode elevar a glicemia; • Se mulher: está grávida ou amamentando? (Em caso de resposta afirmativa encaminhar ao médico. O uso do tratamento farmacológico deve ser feito por períodos curtos). • Usa algum medicamento? (O farmacêutico indagará o paciente sobre o uso de inibidores da monoamina oxidase, betabloqueadores, antidepressivos tricíclicos, por exemplo. Caso o paciente seja usuário de alguns desses far- macos não poderá administrar o descongestionante). • Usou algum medicamento para o tratamento? • Que tipo de medicamento foi usado? Qual a resposta ao medicamento? (Caso o paciente se queixe de sonolência ao usar um anti-histamínico, por exemplo, o farmacêutico deverá informar que isto é um efeito colateral comum de determinada classe de anti-histamínico. É importante enfatizar que estes fármacos estão indicados para reduzir a rinorreia, o prurido e os espirros, mas não a congestão nasal, cuja abolição cabe aos descongestio- nantes. O uso de anti-histamínicos de primeira geração – clorfeniramina, dexclorfeniramina, hidroxizina, cetotifeno – está limitado pelos efeitos se- dativos e anticolinérgicos tais como secura ocular, visão turva, retenção uri- nária, prisão de ventre e taquicardia. Os fármacos de última geração – ceti- rizine, loratadina, fexofenadina, azelastina – apresentam menor capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica e, portanto, apresentam menos efeitos sedativos e anticolinérgicos). A partir dessa avaliação o farmacêutico deverá estar apto a tomar uma das seguintes decisões: (1) indicar, fundamentado em sua práxis, farmacoterapia apro- priada com MIP, ou (2) encaminhar o paciente imediatamente ao médico. Em quais situações referir imediatamente ao médico? • Febre acima de 40ºC ou por mais de 2 dias. • Gripe ou resfriado que dura mais de 10 dias. • Problemas em respirar, ritmo rápido da respiração e chiados. • Dor ou pressão no peito. • Pele com cor azulada. • Ingesta insuficiente de líquidos. • Dor ou presença de secreção no ouvido. • Mudança no estado mental – sonolência, irritabilidade ou tontura. • Sintomas de gripe que melhoram, mas que cursam com febre e tosse severa. Capítulo 1 – Gripe e Resfriado 7 • Piora de condições crônicas de saúde. • Confusão ou desorientação. • Vômito severo ou persistente. • Dor na face. • Rouquidão, dor de garganta e tosse persistentes. • Mulheres grávidas ou amamentando. • Sinais e sintomas que não respondem ao tratamento com MIP. Orientações do farmacêutico O tratamento da gripe ou do resfriado é sintomático. Haja vista a infinidade de especialidades farmacêuticas disponíveis para o tratamento destas enfermidades, o farmacêutico informará o paciente de forma a promover o uso racional dos me- dicamentos e auxiliar outros profissionais de saúde. Vale salientar que a orientação farmacêutica englobrará três grandes pontos: os hábitos higiênicos e sanitários, que serão abordados nas medidas não medicamentosas, a vacinação e a quimioprofila- xia (Tabela 1.1). A seguir, algumas das orientações que devem ser dadas aos pacien- tes, referentes a: • duração do tratamento; • finalidade do uso do medicamento; • modo de administração correta dos MIP (descongestionantes e anti-hista- mínicos nasais e orais, AINE, entre outros); • o que fazer em relação à ausência da resposta terapêutica; • como armazenar o medicamento; • aparecimento de efeitos colaterais: conduta a ser adotada; • uso de outros medicamentos. Alternativas terapêuticas ■ Tratamento medicamentoso A gripe e o resfriado na maioria dos pacientes são sintomáticos, seu tratamento consiste na administração de medicamentos para aliviar o desconforto das doenças respiratórias, como mostrado na Tabela 1.1. Tratamento tópico Para alívio ou eliminação da sintomatologia nasal, as substâncias disponíveis nas formulações em gotas, aerossóis e spray nasais são os anti-histamínicos e as aminas simpatomiméticas. O farmacêutico no momento da dispensação, além de informar sobre a característica do medicamento, deverá orientar sobre a adminis- tração correta do medicamento e a adesão ao tempo total de tratamento (Tabela 2.1 – Capítulo 2 – Rinite Alérgica). Volume 6 – Série Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica 8 Ta be la 1 .1 M ed ic am en to s, a pr es en ta çã o, d os ag em , c on tra in di ca çã o e cu id ad os es pe ci ai s pa ra o tr at am en to tó pi co e s is tê m ic o co m M IP d a gr ip e e do re sf ria do Fá rm ac o Ap re se nt aç ão Do se /p os ol og ia M od o de u sa r Co nt ra in di ca çõ es Cu id ad os e sp ec ia is Pa ra ce ta m ol C om pr im id os S ol uç ão o ra l • A du lto s Fe br e, d or le ve a m od er ad a D e 50 0 a 1. 00 0 m g, p or v ia or al , a c ad a 4 ho ra s; d os e m áx im a di ár ia : 4 g • C ria nç as d e 6 a 36 m es es : Fe br e D e 12 ,5 -1 5 m g/ kg /d os e, p or vi a or al , a c ad a 4 ho ra s, p or nã o m ai s de 5 d ia s (m áx im o de 4 do se s em 2 4 ho ra s) M an te r o m ed ic am en to n a em ba la ge m o rig in al , em lo ca l f re sc o (e nt re 1 5- 30 °C ), pr ot eg id o de lu z, ca lo r e um id ad e. U so ex cl us iv am en te o ra l H ip er se ns ib ili da de ao p ar ac et am ol e he pa to pa tia s • A le rt ar p ar a nã o ut ili za r do se s ac im a de 4 g /2 4 ho ra s • A le rt ar p ar a ris co d e in to xi ca çã o co m o ut ro s m ed ic am en to s, já q ue m ui ta s as so ci aç õe s m ed ic am en to sa s de v en da li vr e co nt êm p ar ac et am ol • A le rt ar q ue u so s im ul tâ ne o de vá ria s pr ep ar aç õe s po de r es ul ta r em s up er do se d o fá rm ac o • O rie nt ar p ar a in ge rir o m ed ic am en to c om 2 50 m L de ág ua • O rie nt ar q ue p od e se r in ge rid o co m o u se m a lim en to s • N ão in ge rir b eb id a al co ól ic a en qu an to e st iv er u til iz an do e st e m ed ic am en toCo nt in ua > > Capítulo 1 – Gripe e Resfriado 9 Ta be la 1 .1 M ed ic am en to s, a pr es en ta çã o, d os ag em , c on tra in di ca çã o e cu id ad os es pe ci ai s pa ra o tr at am en to tó pi co e s is tê m ic o co m M IP d a gr ip e e do re sf ria do Fá rm ac o Ap re se nt aç ão Do se /p os ol og ia M od o de u sa r Co nt ra in di ca çõ es Cu id ad os e sp ec ia is Ib up ro fe no C om pr im id os S us pe ns ão • A du lto s D or le ve a m od er ad a, f eb re , di sm en or re ia p rim ár ia , do en ça s in fla m at ór ia s, in cl ui nd o m us cu lo es qu el ét ic as D e 20 0 a 40 0 m g, p or v ia or al , a c ad a 6 a 8 ho ra s D os e m áx im a: 2 ,4 g /d ia • C ria nç as D or le ve a m od er ad a, f eb re , do en ça s in fla m at ór ia s m us cu lo es qu el ét ic as D e 1 a 3 m es es : 5 m g/ kg , p or vi a or al , 3 a 4 v ez es a o di a D e 3 a 6 m es es : 50 m g, p or vi a or al , 3 v ez es a o di a; e m co nd iç õe s gr av es , at é 30 m g/ kg /d ia , d iv id id os e m 3 a 4 do se s D e 6 m es es a 1 a no : 50 m g, po r vi a or al , 3 v ez es a o di a D e 1 a 4 an os : 10 0 m g, p or v ia or al , 3 v ez es a o di a D e 4 a 7 an os : 15 0 m g, p or v ia or al , 3 v ez es a o di a D e 7 a 10 a no s: 2 00 m g, p or vi a or al , 3 v ez es a o di a D e 10 a 1 2 an os : 30 0 m g, p or vi a or al , 3 v ez es a o di a M an te r o m ed ic am en to n a em ba la ge m o rig in al , em lo ca l f re sc o (e nt re 1 5- 30 °C ), pr ot eg id o de lu z, ca lo r e um id ad e U so ex cl us iv am en te o ra l H ip er se ns ib ili da de a ác id o ac et ils al ic íli co ou q ua lq ue r ou tr o an ti- in fla m at ór io n ão es te ro id e • C au te la e m p ac ie nt es c om de fe ito s de c oa gu la çã o, pr ed is po si çã o a al er gi as , h is tó ria de u lc er aç ão , p er fu ra çã o ou sa ng ra m en to g as tr oi nt es tin al , tr at am en to • co m a nt i-h ip er te ns iv os , a ne m ia pr ee xi st en te , a sm a br ôn qu ic a, de si dr at aç ão , i ns uf ic iê nc ia s re na l ( D C E in fe rio r a 30 m L/ m in ut o) e h ep át ic a • Id os os to le ra m m en os o s ef ei to s ga st ro in te st in ai s as so ci ad os a o fá rm ac o • S eg ur an ça e e fic ác ia e m b eb ês co m m en os d e 6 m es es d e id ad e nã o es tã o es ta be le ci da s • R is co n a gr av id ez Fo nt e: F or m ul ár io T er ap êu tic o N ac io na l, 20 10 . > > C on tin ua çã o Volume 6 – Série Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica 10 Anti-histamínicos A ação principal deste grupo de fármacos é a diminuição do prurido nasal, ocular e de palato. Contudo, anti-histamínicos de primeira geração (clorferinamina, dexclorfeniramina) possuem um efeito colateral anticolinérgico que propicia ação na congestão nasal e rinorreia. Porém, esses agentes de primeira geração provocam sonolência (Tabela 2.1 – Capítulo 2 – Rinite Alérgica). Aminas simpatomiméticas Designados como descongestionantes, agem diminuindo a congestão nasal e a rinorreia por provocarem uma constrição dos vasos sanguíneos que irrigam a mu- cosa nasal. O tratamento sintomático da congestão nasal tem como alvo melhorar a permeabilidade das fossas nasais. Deste modo, utilizam-se medicamentos vaso- constritores, tópicos ou sistêmicos. Os descongestionantes tópicos de ação direta agem nos receptores α-adrenér- gicos dos vasos sanguíneos da mucosa nasal, culminando em uma vasoconstrição, e os de ação indireta propiciam a liberação de noradrenalina das terminações ner- vosas simpáticas, o que leva à diminuição do edema e da hipertrofia dos cornetos, culminado em alívio da obstrução nasal. As substâncias utilizadas são a oximetazo- lina e a xilometazolina (duração de ação longa, de 8 a 12 horas) e a fenilefrina e a nafazolina (de duração curta, de 4 a 6 horas). Contudo, alguns cuidados devem ser considerados para se garantir o seu uso correto: • administrar por até 5 dias consecutivos pelo risco de desenvolvimento da rinite medicamentosa; • risco de absorção para a circulação sistêmica e provocar taquicardia e au- mento da pressão arterial, a depender da forma de administração e do in- divíduo que utiliza. Os descongestionantes nasais sistêmicos têm uma maior duração de ação, provocam menos irritação local e menor risco de congestão nasal ‘de rebote’ ao suspender o tratamento quando, no caso, ocorreu o abuso na utilização do medica- mento tópico. Contudo, quando comparados aos descongestionantes nasais tópi- cos, a vasoconstrição é menor e os efeitos colaterais sistêmicos são mais evidentes. Dentre as substâncias utilizadas, estão a fenilefrina e a pseudoefedrina. Tratamento sistêmico As associações medicamentosas são frequentes nas formulações das especia- lidades farmacêuticas disponíveis para tratar das manifestações clínicas da gripe e do resfriado. Essas formulações são destinadas a reduzir a febre, aliviar a congestão nasal, a cefaleia, a mialgia, a artralgia, a tosse e as demais manifestações clínicas. Os MIP disponíveis são analgésicos e antipiréticos como o paracetamol e o ibuprofeno (Tabela 1.1). Os demais, como antitussígenos, mucolíticos, expectorantes, anti-hista- minícos e descongestionantes, serão apresentados em outros capítulos. Capítulo 1 – Gripe e Resfriado 11 ■ Tratamento não medicamentoso O farmacêutico deve orientar o paciente quanto à adoção de medidas higiê- nico-sanitárias, em se tratando da gripe e do resfriado. Ao considerar que as go- tículas de flugge são o melhor meio de transmissão da doença, algumas medidas simples se configuram como de fácil prevenção da doença e de rápida recuperação da saúde: • evitar o contato com pessoas doentes; • não frequentar ambientes aglomerados; • evitar o uso de tabaco; • evitar o frio e mudanças bruscas de temperatura, as quais fazem a pessoa ficar altamente suscetível às infecções virais; • tomar bastante líquido, pois isso mantém a funcionalidade protetora da mucosa respiratória; • fazer uma dieta equilibrada, rica em frutas e vegetais, o que favorece um aporte de vitaminas e sais minerais; interessante seria uma combinação de cobre e zinco e de betacaroteno e vitamina C que, em conjunto, atuam amplificando o sistema imune; • evitar compartilhar copos, talheres e outros utensílios com pessoas doentes; • lavar as mãos frequentemente; • utilizar lenço de papel; • trocar a escova de dente ao final do episódio de gripe ou de resfriado; • repousar. No caso de crianças que apresentem congestão nasal, recomenda-se a instila- ção de soro fisiológico (solução de cloreto de sódio a 0,9%). Além disso, limpar bem o nariz. Cuidados especiais Observar durante a evolução do quadro da gripe e do resfriado e contatar o médico ou o farmacêutico no caso de perda de peso rápida devida a falta de apeti- te, falta de ar, retorno da febre alta, dores articulares, cianose, sinusite, otite média e presença de expectoração com sangue, durante a evolução do quadro ou após a primeira semana da doença. No tocante ao resfriado, é pouco frequente a observação de complicações, mas quando relatadas as mais comuns são a otite e a sinusite. Estas entidades aco- metem mais as crianças, os indivíduos com mais de 60 anos de idade e aqueles com doenças pulmonares. A sinusite se instala devido à inflamação obstruir os canais de drenagem dos seios paranasais ea otite, pela difusão da inflamação por meio da trompa de Eutásquio até o ouvido médio. A laringite, a traqueíte e a bronquite agu- da são outras complicações mais graves. Na observação destes quadros o paciente deverá procurar atendimento médico. Volume 6 – Série Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica 12 Cuidados na administração O farmacêutico deve informar ao paciente em linguagem clara e acessível sobre o que está sendo prescrito, bem como orientar sobre alguns cuidados que devem ser tomados ao se administrar o medicamento para obter melhor resposta terapêutica. O paciente deve seguir a orientação do médico e do farmacêutico, sempre respeitando os horários, doses e duração do tratamento. Não interromper o tratamento sem o conhecimento do seu médico. ■ Administração via oral O farmacêutico deverá informar ao paciente que a absorção do medicamento ocorre pelo trato gastrointestinal e, quando utilizado corretamente, é o meio mais seguro, conveniente e menos dispendioso de administrar medicamentos. Assim, as principais vantagens da via oral são: facilidade de administração, baixo custo e segurança. Além disso, o paciente deverá saber que as drágeas não devem ser partidas e nem as cápsulas abertas. Somente os comprimidos com sulcos, caso não haja a do- sagem desejada, podem ser partidos, mas uma única vez. Entretanto, esse procedi- mento deve ser evitado devido ao risco de perda de fármaco. Ademais, o paciente deverá ser advertido para não mastigar os comprimidos que não são mastigáveis, especialmente aqueles que têm revestimento entérico, pois poderá comprometer a ação do medicamento. Posto isto, na administração de formas farmacêuticas orais é importante que o paciente siga algumas instruções, tais como: Tabela 1.2 Interações medicamentosas e reações adversas no tratamento da gripe e do resfriado Medicamento Interações medicamentosas Reaçôes adversas Paracetamol Etanol, hidantoína e sulfapirazona aumentam o risco de hepatotoxicidade do paracetamol. O paracetamol aumenta o efeito da varfarina. Metoclopramida aumenta absorção do paracetamol A principal é a hepatotoxicidade Ibuprofeno Acetazolamida, amilorida, furosemida, hidroclorotiazida, ciclosporina – aumento do risco de nefrotoxicidade. Betabloqueadores – efeito diminuído. IECA e gliceril trinitrato, hidralazina – antagonismo do efeito hipotensor. Aumenta o efeito da varfarina. Aumenta [aminoglicosídeos] em crianças prematuras. Aumenta a toxicidade do metotrexato, principalmente em paciente que apresente problemas renais e hepáticos. Aumenta [lítio]. Ciprofloxacina – aumento do risco de convulsão. Dexametasona, hidrocortisona e fludrocortisona – aumenta o risco de ulceração e sangramento gastrointestinal. Digoxina – aumenta [digoxina]. Heparina – aumenta o risco de sangramento As mais comuns são náusea, vômito, diarreia, dispepsia, reações de hipersensibilidade como anafilaxia, broncoespasmo, rash e retenção de líquido Fonte: Formulário Terapêutico Nacional, 2010. Capítulo 1 – Gripe e Resfriado 13 a) lavar as mãos antes de retirar o medicamento da embalagem; b) ficar em pé ou sentado para tomar o medicamento, pois isso facilita a deglutição; c) tomar os comprimidos, cápsulas ou drágeas com um copo cheio de água; d) no caso de suspensão oral, o paciente deverá ser informado sobre a ne- cessidade de agitar bem o frasco do medicamento para que o(s) ativo(s) sejam ressuspendidos (observar que o líquido estará homogêneo ou com uma única coloração) e, assim, façam o seu(s) efeito(s). Caso prático com resolução comentada NMT, 23 anos, adentra a fármacia pedindo por um analgésico para sua febre que começou ontem. Ela falou para o balconista que não estava se sentindo muito bem desde ontem à noite e que não se alimentou até agora (15 horas), pois a garganta está incomodando um pouco, mas tomou muito líquido, principalmente, suco de laranja, pois dizem que é bom para gripe. O balconista, ouvindo isso, chamou a farmacêutica que a cumprimentou e a indagou sobre o que mais estava sentindo. NMT se queixava de nariz entupido há 2 dias, com catarro claro e que não tinha deixado ela dormir ontem, e que até agora o nariz ainda estava escorrendo, além dos espirros. Não usou medicamento para estes problemas porque não conhecia. A febre não estava tão alta, mas acreditava que febre é algo perigoso, dá convulsão, pois o filho da vizinha teve. ■ Resolução A farmacêutica deverá orientar a paciente quanto à alimentação, pois o seu estado nutricional será determinante para a sua recuperação. Comer frutas e verdu- ras ricas em zinco e vitamina C, além de betacaroteno, irá fortalecer o seu sistema imunológico. É importante que ela mantenha o aporte adequado de líquidos, além de repouso. Investigar se a paciente tem alguma doença crônica ou alergia a algum medicamento ou se está gestante ou amamentando. Em caso negativo, a farma- cêutica poderá prescrever um anti-histamínico sistêmico (fexofenadina) combinado a um descongestionante sistêmico (pseudoefedrina) para tratar das manifestações nasais (rinorreia, congestão nasal e espirros), especialidade farmacêutica disponível em formulação combinada. A farmacêutica informará a paciente que deverá tomar 1 comprimido a cada 12 horas da apresentação que contém 60 mg de fexofenadina +120 mg de pseudoefedrina por 3 dias. Importante destacar que o medicamento deve ser tomado com o estômago vazio e com um copo cheio de água. Além disso, recomendar, à demanda, o uso de solução fisiológica para limpeza das fossas na- sais. No tocante à febre, indicar o paracetamol, um comprimido de 750 mg quando estiver com febre. Solicitar à paciente que retorne à farmácia em 24 horas para ava- liação da intervenção farmacêutica e salientar que observe a evolução do quadro clínico. Volume 6 – Série Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica 14 ■ Referências 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Formulário Terapêutico Nacional 2010 - 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2010. 1140 p. 2. Castilla J, Arregui L, Baleztena J, Barricarte A, Brugos A, Carpintero M, et al. La Red Centinela de Gripe de Navarra. Incidencia de la gripe y efectividad de la vacuna antigripal en la temporada 2004- 2005. Salud pública y administración sanitária. 2006;29(1):97-106. 3. Cruz MJ, Dourado LF, Bodevan EC, Andrade RA, Santos DF. Medication use among children 0-14 years old: population baseline study. J Pediatr. 2014;90):608-615. 4. Encabo B, Fernández J, Gaminde M, Gurrutxaga A, Rodríguez E, Sakona L, et al. Gripe y resfriado. Farmacia profesional 2004;18:32-42. 5. Esteva E. Resfriado común. OFFARM. Educación Sanitaria; 2001. p. 57-64. 6. Ferreira TR, Lopes LC. Analysis of analgesic, antipyretic, and nonsteroidal anti-inflammatory drug use inpediatric prescriptions. J Pediatr 2016;92:81-7. 7. Font E. Etiología, diagnóstico, profilaxis y tratamiento del resfriado común. OFFARM. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Educación Sanitaria. 2002;21:72-80. 8. Garrote A, Bonet R. La gripe: Prevención y tratamiento con antigripales. OFFARM. Educación Sanitaria 2004;2382-92. 9. Ghebrehewet S, MacPherson P, Ho A. Influenza. BMJ. 2016;355:i6258 doi: 10.1136/bmj.i6258. 10. Moghadami M. A Narrative Review of Influenza: A Seasonal and Pandemic Disease. Iran J Med Sci. 2017;42(1):2-13. 11. Wannmacher L, Toscano CM. Evidências sobre influenza aviária e o uso de antivirais no acometi- mento humano. Uso racional de Medicamentos: temas selecionados. 2005 nov;2(12). Brasília. ISSN: 1810-0791. Capítulo 2 – Rinite Alérgica 15 Capítulo 2 Rinite Alérgica Izadora Menezes da Cunha Barros Chiara Erminia da Rocha Definição do transtorno ou problema de saúde O aparelho respiratório é constituído por vias respiratórias superiores, pulmões e os órgãos que auxiliam o movimento respiratório. O trato respiratório superior é constituído por órgãoslocalizados fora da caixa torácica, que são: nariz externo, cavidade nasal, faringe, laringe e parte superior da traqueia. Desde o nariz até os bronquíolos terminais, a mucosa é umedecida por uma camada de muco que re- veste a superfície inteira. Este muco é secretado pelas células caliciformes do epi- télio pseudoestratificado cilíndrico ciliado que reveste as vias respiratórias e por pequenas glândulas submucosas. O muco é removido das vias aéreas através da movimentação dos cílios, sendo levado até a faringe, de onde é deglutido ou ex- pelido. A cavidade nasal contém aberturas de drenagem, pelas quais o muco dos seios paranasais é drenado. Os seios paranasais são cavidades aeradas e revestidas por estruturas mucociliadas localizadas nos ossos ao redor das fossas nasais. Estas estruturas têm a função de defesa do organismo pela retenção das partículas em suspensão e umidificação do ar inspirado. A rinite é definida como uma inflamação crônica ou aguda da mucosa nasal. Existem vários tipos de rinite, divididos em dois grupos segundo a etiologia em: • infecciosa; • não infecciosa. Quanto à patogenia se divide em: • inflamatória ou alérgica; • não inflamatória ou não alérgica; • estrutural. As rinites não alérgicas compõem o grupo de rinites não oriundas de uma rea- ção alérgica e podem ser subdivididas em infecciosas (causadas por bactérias, vírus e fungos) e não infecciosas (vasomotora e medicamentosa). As rinites alérgicas são Série Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica Volume 6 – Série Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica 16 as mais comuns e têm como fatores desencadeantes os mesmos da asma brôn- quica, que podem ser alimentos, animais, ácaros, poeiras, drogas ou substâncias químicas e inalantes. Com frequência, essas manifestações atingem o canal lacrimal do globo ocular, como também os seios paranasais, sendo comum a coexistência de rinopatia e sinusopatia alérgicas, em graus variados. No entanto, a história clínica é o mais importante para o diagnóstico. A rinite alérgica consiste em uma reação de hipersensibilidade do tipo I devida à exposição a alérgenos, com a produção de anticorpos específicos da classe IgE, os quais se aderem à membrana celular do mastócito. Com as exposições subse- quentes aos alérgenos desencadeantes ocorre a degranulação destes mastócitos, liberação de histamina e de outros mediadores pró-inflamatórios (leucotrienos, prostagladinas, interleucinas, bradicinina, etc.), como consequência, tem-se uma resposta inflamatória tardia entre 3 e 12 horas após a exposição ao alérgeno. Os sinais e sintomas clínicos que podem ser observados são a obstrução nasal e a con- gestão das aéreas adjacentes, entre outros. O nível de exposição ao alérgeno seria então o fator principal para o aparecimento da doença. Dentre todos os tipos, as mais comuns são a rinite alérgica sazonal e a perene. Ambas, aparecem em qual- quer idade, sendo mais frequentes em crianças e adultos jovens. A rinite alérgica sazonal, também denominada febre do feno, é desencadea- da por pólens e/ou esporos comuns em épocas específicas do ano, notadamente final do inverno e na primavera. A rinite alérgica perene ocorre geralmente durante todo o ano, sendo os principais alérgenos os ácaros (cuja proliferação é determina- da pela umidade e temperatura do ambiente), fungos (menor frequência, comum nos casos que se agravam no verão e início do outono. As cepas são Alternaria e Cladosporium), pelos de animais e pólen. A rinite pode ser classificada de acordo com a frequência: 1. intermitente – sintomas duram < 4 dias/semana até < 4 semanas; 2. persistente – sintomas duram ≥ 4 dias/semana até ≥ 4 semanas, sem dimi- nuição dos sintomas. Quanto à gravidade dos sintomas, pode ser classificada como: • leve – cursa com sono normal, não havendo interferência nas atividades diárias do indivíduo, esporte e lazer, bem como na realização das atividades de trabalho e escolares e ausência de sintomas incômodos; • moderado a grave – apresenta interferência no sono, nas atividades diárias de esporte, lazer, no trabalho e na escola e o indivíduo refere sintomas incômodos. ■ Sinais e sintomas A rinite apresenta certos tipos de sinais e sintomas que devem ser observados pelo farmacêutico. Dentre eles, é visível: • rinorreia com muco transparente e muito constante (assoamento frequente); • congestão nasal alternante. Caso unilateral, fixa em uma cavidade nasal, o paciente apresenta um problema anatômico no nariz; Capítulo 2 – Rinite Alérgica 17 • prurido nasal, ocular ou do palato; • espirros; • dor nasal. A histamina provoca vasodilatação nas vênulas pós-capilares presentes no na- riz, que cursa com obstrução nasal e edema. O estímulo das terminações nervosas provoca prurido nasal, espirros e obstrução nasal, além de promover a secreção das células globulares e das glândulas submucosas. Ademais, diversas enzimas, como as exoglicosidases e as proteases neutras, facilitam a ruptura da membrana mucosa. A prostaglandina D2 provoca o espessamento vascular da mucosa e o leucotrieno aumenta a permeabilidade vascular e promove a formação de um exsudato. Ocorre migração quimiotáxica e ativação dos eosinófilos, neutrófilos e basófilos para o local de desgranulação mastocitária. Tal fato favorece a liberação de uma maior quanti- dade de mediadores inflamatórios que propicia a instalação de um processo repeti- tivo de hiper-reatividade nasal crônica. Ocorrem também sintomas não nasais que acometem os órgãos adjacentes ao trato respiratório, como olhos, ouvidos, seios paranasais e orofaringe. Os sintomas característicos são: • irritação, enrijecimento e tumefação ocular, lacrimejamento, sensibilidade à luz e conjuntivite – rinoconjutivite alérgica; • dor de ouvido; • cefaleia frontal; • sinusite recorrente – comum em casos de obstrução crônica da mucosa na- sal, por impedir a drenagem dos seios paranasais, culminando na diminui- ção do olfato e do paladar; • fadiga crônica; • tosse crônica. Pacientes com rinite alérgica têm tendência para desenvolver pólipos nasais que são tumores benignos, geralmente desenvolvidos na mucosa nasal e/ou seios paranasais. Sua origem é a inflamação (natureza alérgica ou não). Os sintomas de pólipos podem resultar na perda ou diminuição dos sentidos do olfato e do paladar, sangramento nasal, dor facial, secreção nasal, geralmente drenando mais para a garganta. Os sintomas da rinite alérgica podem ser difíceis de distinguir da forma não alérgica; no entanto, uma maior proeminência de prurido nasal e irritação conjuntiva (como visto na rinite alérgica) pode ajudar a diferenciar. O que o farmacêutico precisa saber? O diagnóstico é baseado apenas na troca de informações entre o farmacêutico e o paciente sobre os sinais e sintomas clínicos apresentados e suas características quanto ao tempo, gravidade, entre outros. Portanto, antes de iniciar o tratamento com medicamento isento de prescrição (MIP), o farmacêutico deve ter certeza de que o paciente apresenta um caso de rinite alérgica e não outros problemas rela- Volume 6 – Série Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica 18 cionados às vias respiratórias como asma, bronquite, pneumonia e outras infecções virais ou bacterianas. O farmacêutico deve realizar determinados questionamentos a fim de indicar o melhor tratamento para o paciente. Para tanto, a identificação dos agentes (am- bientais e/ou etiológicos), como os aeroalérgenos (ácaros do pó, pólens, fâneros de animais, fungos, etc.), é fundamental para que haja um acompanhamento farmaco- terapêutico adequado (Figura 2.1). A seguir, alguns exemplos das indagações ao paciente: • Qual a idade do paciente? • Qual o sexo? • Se mulher, está grávida ou amamentando? • Quais os sintomas mais frequentes? (Coriza, espirros, prurido nasal, conges- tão nasal com ou sem obstrução, lacrimejamento ou comichão.) • Tem diagnóstico de febre do feno, rinite alérgica ou asma? • Há quanto tempo tem apresentadoos sintomas? • Os sintomas são contínuos ou eles vão e vêm? Se cíclicos, em que tipo de clima acontecem? • Há algo que possa ter induzido os sintomas? (Estar na rua? Contato com animais? Algo que manipula no trabalho ou em casa?) • Existe secreção nasal clara e aquosa? (Secreção purulenta é indicativa de infecção, caso não desapareça com os demais sintomas no prazo de 3 a 5 dias.) • Apresenta chiado ou sensação de sufocamento? (Resposta afirmativa pode indicar asma.) • Dor de ouvido ou em um dos lados do rosto? (Resposta afirmativa pode indicar sinusite ou otite média.) • Tem sintomas oculares? • Existem antecedentes de alergia na família? • Usa vasoconstritores nasais (citar o nome de uma marca comercial conhe- cida) habitualmente? Por quanto tempo? (Descartar rinite medicamentosa.) • Que tipo de medicamento usou para tratar os sintomas? • Existe alguma outra doença ou o paciente toma algum outro medicamento (guanetidina, prasozina, metildopa, reserpina, contraceptivos orais, etc.)? Depois dessas análises, ainda é preciso observar a associação de rinite com asma, sendo necessária avaliação da doença crônica. Posto isto, é recomendado o encaminhamento imediato do paciente ao médico. Também se faz necessário avaliar o incômodo ocular, pois a presença de conjuntivite ou fotofobia é uma das maiores reclamações de pacientes com rinite, sendo um dos principais fatores res- ponsáveis por interferência no seu modo de vida. Capítulo 2 – Rinite Alérgica 19 FIGURA 2.1. Algoritmo para tomada de decisões. MIP: Medicamento isento de prescrição. Adaptado do artigo de Balziskueta E, et al. Rinitis, 2002. Indivíduo apresenta: rinorreia mucopurulenta, obstrução nasal unilateral, dispneia, opressão torácica, chiado no peito, febre e tosse persistente, cefaleia? Encaminhar ao médico Utiliza algum medicamento para tratar a rinite? Os sintomas aparecem ≥ 4 dias/semana até ≥ 4 semanas, sem diminuição e comprometimento da rotina do indivíduo? Avaliar o tratamento. Orientar medidas não medicamentosas e enfatizar os cuidados especiais Instaurar tratamento (MIP tópico ou oral). Adotar medidas não medicamentosas e enfatizar os cuidados especiais Encaminhar ao médico para avaliação da segurança da farmacoterapia Sim Sim Sim Sim Não Não Não Não Não Sim Mulher grávida ou amamentando. Idoso? Medicamento prescrito? Suspender Usa vasoconstritores nasais? Não Idade do paciente? ≥ 12 anos < 12 anos Volume 6 – Série Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica 20 Em quais situações referir imediatamente ao médico? • Criança menor de 12 anos. • Mulheres grávidas ou lactantes. • Presença de sintomas não associados à rinite. • Obstrução unilateral. • Muco espesso verde ou amarelo. • Perda de olfato (anosmia). • Rinorreia posterior (presença de secreção na parede posterior da faringe). • Obstrução nasal. • Sangramento nasal. • Rinite alérgica persistente (grave). • Sintomas de asma não diagnosticada. • Dor de ouvido (otite). • Sintomas que não respondem ao tratamento. • Efeitos secundários do tratamento inaceitáveis. Orientações do farmacêutico O profissional farmacêutico deverá realizar orientações quanto ao uso racio- nal dos medicamentos e adesão à terapêutica. Como relatado, a crise alérgica da rinite ocorre, principalmente, pela presença de aeroalérgenos, onde há interação do alérgeno com a IgE presente no organismo dos indivíduos sensibilizados. No entanto, se não houver substâncias alergênicas presentes no ambiente, não há pos- sibilidade de ocorrer a reação e, consequentemente, não desencadeia a crise de rinite alérgica. Para o tratamento da rinite é imprescindível que o farmacêutico destaque a im- portância de afastar os possíveis alérgenos, como também a necessidade de realizar medidas não farmacológicas. Os farmacêuticos podem indicar somente o uso de MIP, de modo que se houver a necessidade de utilizar medicamentos que precisem de prescrição médica, os farmacêuticos devem encaminhar o paciente ao médico. A seguir, são descritas algumas das orientações que devem ser dadas aos pacientes, referentes a: • duração do tratamento; • finalidade do uso do medicamento; • modo de administração correta do MIP tópico; • o que fazer em relação à ausência da resposta terapêutica; • aparecimento de efeitos colaterais: conduta a ser adotada; • uso de outros medicamentos. O farmacêutico deverá orientar, por exemplo, o uso de vasoconstritores nasais, em que sua administração se restringe apenas ao período do tratamento proposto (máximo de 5 dias), devendo ser descartado o frasco. Isso é fundamental para evitar Capítulo 2 – Rinite Alérgica 21 a rinite medicamentosa e o uso posterior do medicamento na presença de sintomas similares, pois a referida formulação estará contaminada por microrganismo devido à forma de aplicação do produto (introduzido na narina). Alternativas terapêuticas ■ Tratamento medicamentoso O tratamento das rinites alérgicas ou não é realizado pelo farmacêutico via indi- cação de MIP para o uso tópico (Tabelas 2.1 e 2.2). As formulações promovem uma ação da substância diretamente na mucosa nasal, onde a concentração é elevada, porém os efeitos sistêmicos são minimizados. Tratamento tópico O tratamento tem por objetivo promover a redução da sintomatologia na- sal, bem como a administração correta do medicamento e a adesão ao tempo total de tratamento. Dentre as substâncias disponíveis nas formulações em go- tas, aerossóis e sprays nasais estão os anti-histamínicos, corticosteroides e aminas simpatomiméticas. Anti-histamínicos Não são tão eficazes para os sintomas de congestão nasal, sendo preferível o uso de corticosteroides intranasais. Sua ação principal é a diminuição do pruri- do nasal, ocular e de palato. Contudo, o efeito colateral anticolinérgico propicia a ação dos anti-histamínicos de primeira geração (clorferinamina, dexclorfeniramina) na congestão nasal e rinorreia. Porém, esses agentes de primeira geração provocam sonolência. Para o tratamento da rinite alérgica são mais utilizados os de segunda geração, pois apresentam pouco ou nenhum efeito sedativo. A azelastina, cetirizina, fexofenadina e loratadina são exemplos desta classe. Corticosteroides intranasais Monoterapia mais eficaz para o tratamento da rinite devido à eficácia relativa sobre todos os sintomas, incluindo a congestão nasal. É importante destacar que os corticosteroides só podem ser indicados pelo médico. A budesonida, fluticasona, o propionato de beclometasona e a triamcinolona são exemplos desta classe. Aminas simpatomiméticas São úteis na diminuição da congestão nasal e rinorreia (efedrina e fenilefrina – 4 horas de duração do efeito; oximetazolina e xilometazolina – 8 a 12 horas de dura- ção do efeito; fenoxazolina e nafazolina – 6 horas de duração do efeito). Contudo, devem ser utilizadas por tempo determinado (até 5 dias consecutivos) pelo risco de desenvolvimento da rinite medicamentosa. Além disso, podem ser absorvidos para a circulação sistêmica e provocar taquicardia e aumento da pressão arterial a depender da forma de administração e do indivíduo que utiliza. Volume 6 – Série Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica 22 Ta be la 2 .1 M ed ic am en to s, a pr es en ta çã o, d os ag em , c on tra in di ca çã o e cu id ad os e sp ec ia is p ar a o tra ta m en to tó pi co e s is tê m ic o co m M IP d a rin ite a lé rg ic a Fá rm ac o Ap re se nt aç ão Do se /p os ol og ia M od o de u sa r Co nt ra in di ca çõ es Cu id ad os e sp ec ia is C et iri zi na C om pr im id o G ot as 10 m g/ 1 ve z ao d ia A du lto s e cr ia nç as a pa rt ir de 1 2 an os : 10 m L (1 0 m g) /1 v ez a o di a C ria nç as d e 6 a 12 an os : 10 m L (1 0 m g) /1 ve z ao d ia o u 5 m L (5 m g) p el a m an hã e à no ite M an te r o med ic am en to na e m ba la ge m o rig in al , em lo ca l f re sc o (e nt re 1 5- 30 °C ), pr ot eg id o da lu z, do c al or e u m id ad e. U so ex cl us iv am en te o ra l U so e m p ac ie nt es co m h ip er se ns ib ili da de ao s co m po ne nt es d a fó rm ul a, cr ia nç as m en or es d e 2 an os e la ct an te s N ão e xc ed er a d os e re co m en da da q ua nd o es tiv er em a tiv id ad es q ue e xi ja m at en çã o cu id ad os a N os p ac ie nt es c om in su fic iê nc ia r en al a d os e de ve s er a ju st ad a Fe xo fe na di na C om pr im id o 60 m g/ du as v ez es a o di a 12 0 m g/ 1 ve z ao d ia 18 0 m g/ 1 ve z ao d ia R ec om en da -s e qu e o co m pr im id o se ja in ge rid o co m q ua nt id ad e su fic ie nt e de líq ui do E st e m ed ic am en to n ão p od e se r pa rt id o ou m as tig ad o U so e m p ac ie nt es c om hi pe rs en si bi lid ad e a qu al qu er c om po ne nt e da f ór m ul a -- A ze la st in a S ol uç ão n as al U m a ap lic aç ão e m c ad a na rin a/ 2 ve ze s ao d ia 1. R em ov er a t am pa p ro te to ra 2. A nt es d a ap lic aç ão f az er hi gi en e do n ar iz 3. A pó s hi gi en e na sa l, ap lic ar o pr od ut o em c ad a na rin a 4. M an te r a ca be ça e re ta p ar a ev ita r sa bo r de sa gr ad áv el 5. A pó s ap lic aç ão , n ão a sp ira r o pr od ut o 6. L im pa r o bi co e r ec ol oc ar a ta m pa p ro te to ra U so e m p ac ie nt es co m h ip er se ns ib ili da de ao s co m po ne nt es d a fó rm ul a, cr ia nç as m en or es d e 5 an os e n o pr im ei ro tr im es tr e de g ra vi de z M an te r em t em pe ra tu ra am bi en te (1 5 a 30 °C ). Pr ot eg er d a lu z e m an te r em lu ga r se co A pó s a ab er tu ra d o fr as co , es te m ed ic am en to d ev e se r ut ili za do n o pr az o de 6 m es es D ur an te o t ra ta m en to o pa ci en te n ão d ev e di rig ir ve íc ul os o u op er ar m áq ui na s, po is s ua h ab ili da de e a te nç ão po de m e st ar p re ju di ca da s Co nt in ua > > Capítulo 2 – Rinite Alérgica 23 Ta be la 2 .1 M ed ic am en to s, a pr es en ta çã o, d os ag em , c on tra in di ca çã o e cu id ad os e sp ec ia is p ar a o tra ta m en to tó pi co e s is tê m ic o co m M IP d a rin ite a lé rg ic a Fá rm ac o Ap re se nt aç ão Do se /p os ol og ia M od o de u sa r Co nt ra in di ca çõ es Cu id ad os e sp ec ia is C lo rid ra to d e na fa zo lin a S ol uç ão n as al G ot ej ar 2 a 4 g ot as e m ca da n ar in a, 4 a 6 v ez es ao d ia 1. R em ov er a t am pa p ro te to ra 2. A nt es d a ap lic aç ão f az er hi gi en e do n ar iz 3. A pó s hi gi en e na sa l, ap lic ar o pr od ut o em c ad a na rin a 4. A pó s ap lic aç ão , n ão a sp ira r o pr od ut o 5. L im pa r o bi co e r ec ol oc ar a ta m pa p ro te to ra H ip er se ns ib ili da de co nh ec id a a qu al qu er co m po ne nt e da fo rm ul aç ão . C ria nç as , pr in ci pa lm en te m en or es d e 12 a no s e du ra nt e a gr av id ez . U so e m in al ot er ap ia U til iz ar c om c au te la e m pa ci en te s co m p ro bl em as ca rd io va sc ul ar es e hi pe rt ire oi di sm o, di ab et es m el lit us , h ip er tr of ia pr os tá tic a e pa ci en te s qu e ap re se nt em f or te r ea çã o a ag en te s si m pa to m im ét ic os , ev id en ci ad a po r si na is d e in sô ni a ou v er tig em . N ão d ev e se r us ad o in in te rr up ta m en te d ur an te lo ng os p er ío do s. O f ra sc o nã o de ve s er ut ili za do p or m ai s de u m a pe ss oa c om a f in al id ad e de di m in ui r o ris co d e co nt am in aç ão e tr an sm is sã o do p ro ce ss o in fe cc io so Fo nt e: A nv is a/ M S (B ul ár io E le tr ôn ic o) . > > C on tin ua çã o Volume 6 – Série Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica 24 Tratamento sistêmico O tratamento sistêmico se reserva para os casos em que é necessário o alívio rápido dos sintomas nasais graves e por curto período de tempo de tratamento. Os MIP disponíveis são os anti-histamínicos. Os anti-histamínicos orais, de modo geral, têm baixa eficácia para os sintomas de congestão nasal, com exceção dos de primeira geração. A cetirizina e fexofena- dina representam os anti-histamínicos de segunda geração utilizados para o trata- mento da rinite. Os corticosteroides orais podem ser utilizados para o tratamento de sintomas nasais graves quando administrados por um período de curta duração (5 a 7 dias) e sob orientação médica. Tratamento cirúrgico As cirurgias devem ser realizadas somente quando os pacientes mantêm quei- xas nasais persistentes, apesar de todas as terapêuticas médicas utilizadas. Tabela 2.2 Interações medicamentosas e reação adversa no tratamento da rinite alérgica Fármaco Interações medicamentosas Reações adversas Cetirizina Não há relatos de interações com outras drogas Deve-se ter cautela no uso concomitante com depressores do SNC. Evitar a ingestão excessiva de álcool Sonolência, cefaleia, tontura, agitação, boca seca e desconforto gastrointestinal Fexofenadina Administração de antiácido contendo hidróxido de alumínio e magnésio, aproximadamente 15 minutos antes do cloridrato de fexofenadina, causa uma redução na biodisponibilidade Cefaleia, sonolência, vertigem e náuseas Azelastina Não foram observadas, até o momento, reações medicamentosas com o uso de azelastina spray nasal Irritação da via nasal Cloridrato de nafazolina Irritação local passageira (queimação, ardência, espirros). Pacientes diabéticos podem ter o valor da glicemia elevado com o uso crônico. O uso crônico pode propiciar congestão nasal por efeito rebote e seu uso prolongado pode acarretar rinite medicamentosa Precaução de uso nos pacientes em tratamento com inibidores da monoamina oxidase O uso concomitante com antidepressivos tricíclicos pode levar a uma potencialização dos efeitos pressóricos da nafazolina Fonte: Anvisa/MS (Bulário Eletrônico). Capítulo 2 – Rinite Alérgica 25 ■ Tratamento não medicamentoso A terapia não medicamentosa deve ser implementada em todos os pacientes com o objetivo de diminuir a severidade dos sintomas, porém a maioria dos pacien- tes não terá a completa resolução dos seus sintomas somente com medidas não medicamentosas. Algumas sugestões de tratamento são: • evitar exposição aos alérgenos; • manter o local de dormir bem ventilado e deixar a luz solar adentrar o ambiente; • manter as janelas fechadas durante a noite para evitar a diminuição brusca da temperatura do ambiente e do corpo; • evitar contato com produtos irritantes (tintas, agentes químicos, cloro, fumo) • realizar exercício físico; • realizar uma dieta equilibrada e uma ingesta adequada de líquidos; • realizar lavagens nasais, pelo menos três vezes ao dia, com solução salina estéril; • usar tiras nasais que produzem dilatação nasal naturalmente, reduzem a resistência à passagem do ar e permitem diminuir a congestão nasal. O tratamento de escolha para a congestão nasal consiste em uma solução fi- siológica e estéril rica em oligoelementos e sais minerais usada