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ANÁLISE ESTRATÉGICA DE CUSTOS AULA 5 Prof. Allan Marcelo de Oliveira 2 CONVERSA INICIAL Olá, querido(a) aluno(a), chegamos a nossa quinta aula de Análise Estratégica de Custos e cada vez mais vamos aprofundando nosso conhecimento acerca dos custos. Vamos iniciar esta aula tratando de análise de custo, volume e lucro e vamos verificar como o lucro se comporta com a ocorrência de alterações no volume produzido, com tal alteração impactando na alocação dos custos, em especial os custos fixos. Na sequência do conteúdo, vamos abordar o conceito de ponto de equilíbrio, que de forma bem simples podemos dizer que é o momento em que a margem de contribuição em função da quantidade produzida é igual ao valor total dos gastos fixos da organização. Dentro da aplicação do ponto de equilíbrio, vamos verificar o contábil, o econômico e o financeiro, cada um fornecendo um tipo de informação para a entidade. O terceiro assunto de nossa aula é a margem de segurança e alavancagem operacional. A margem de segurança é utilizada para calcular o quanto a empresa está operando acima do ponto do equilíbrio, podendo, se for o caso, reduzir esse volume da margem de segurança, sem que chegue na zona do prejuízo. Já a alavancagem operacional é focada em explicar quanto o lucro aumenta em função da elevação do volume produzido, partindo de um determinado ponto de análise. O penúltimo assunto que vamos trabalhar na aula são as possíveis implicações no ponto de equilíbrio que advêm de alterações dos custos, pois devemos ter em mente que, alterando os custos utilizados para o cálculo do ponto de equilíbrio, teremos impacto que deve ser apurado para a melhor gestão dos custos. O último assunto a ser tratado nesta aula serão algumas considerações adicionais relacionadas ao ponto de equilíbrio e à análise de custo, volume e lucro. CONTEXTUALIZANDO No início da industrialização, buscava-se sempre aumentar a produção, pois até então produzir era sinônimo de venda. Porém, com a evolução dos processos indústrias, e apurações de custos sendo implementadas, faz-se necessário que as empresas evoluam também. Algo que devem saber é que não necessariamente uma maior quantidade produzida trará maior lucro, pois as 3 empresas devem saber utilizar sua estrutura da melhor forma possível. Então, às vezes é necessário elevar o volume de produção de um determinado produto, em outros momentos deve ser reduzido o volume dele, elevando a quantidade do outro, e assim por diante. A gestão das empresas deve levar em conta que sua estrutura de produção é composta por custos fixos, que devem ser utilizados para obter maior resultado, então é preciso realizar um planejamento adequado da produção, sendo esse processo facilitado pelo conhecimento de informações fornecidas pela análise de custos, até porque partindo dos custos é que vamos formar o preço de venda, então o processo de apuração deve ter o máximo de acurácia, refletindo a realidade e visando a maximização dos resultados da entidade. Mostra-se a relevância de atuar com maior conhecimento sobre os custos de produção, bem como sobre suas variações e seus métodos de verificação. Então, caro(a) aluno(a), vamos estudar com afinco para que você se torne um(a) profissional capaz de fazer a diferença atuando na área de custos das empresas. TEMA 1 – ANÁLISE CUSTO/VOLUME/LUCRO Entender como é o comportamento dos custos e do lucro na ocorrência da variação do volume da produção denomina-se análise custo-volume-lucro (CVL) (Jiambalvo, 2002). O mesmo autor ainda relata que, para que tal análise possa ser efetiva, é preciso compreender o comportamento dos custos com a alteração do nível de atividade. Estudar o CVL mostra-se salutar por essa técnica atuar de forma analítica, buscando o entendimento das variações de custos e lucros em função da alteração do volume produzido e vendido da organização. De maneira bem clara, podemos perceber que, se alterarmos nosso volume de produção, vamos alterar o lucro e, muito provavelmente, o custo unitário devido a alocação dos custos fixos. 1.1 Custos fixos Como já vimos em aulas anteriores, os custos fixos permanecem constantes, independente do volume produzido. No entanto, Martins (2010) ressalta que os custos fixos permanecerão fixos dentro de um limite de oscilação da produção, após isso podem se alterar, não exatamente de maneira 4 proporcional à produção. Como exemplo, podemos observar o valor da supervisão da produção, que se mantém fixo dentro da utilização de metade da capacidade produtiva da fábrica, e, após elevação da produção utilizando a capacidade ociosa, esse custo de supervisão poderá se elevar em algum percentual pela necessidade de mais supervisores ou até mesmo dobrar. Martins (2010) nos traz um exemplo mais claro de que a existência de uma planta parada, sem atividade, possui custos fixos (vigia, lubrificação das máquinas, depreciação etc.). Para deixar essa planta pronta para funcionar, mesmo que com uma capacidade pequena, há a ocorrência de um aumento dos custos fixos, como chefias, mecânicos, almoxarifes, entre outros. Esses custos suportarão até um certo volume da atividade. Após isso, será necessário um volume maior de mão de obra, o que vai alterar o valor do custo fixos, e tudo isso acontece em função da alteração do volume da produção, sendo que a elevação dos custos fixos poderá ser em maior ou menor percentual do que o aumento do volume. Vejamos dois gráficos que mostram essa alteração dos custos fixos. Gráfico 1 – Alteração dos custos fixos Fonte: Martins (2010). Podemos ver, inicialmente, uma situação do custo fixo constante com um volume de atividade. Enquanto isso, no segundo caso, vemos que o custo varia com a elevação do volume da atividade, porém não é de forma proporcional, e sim em aumentos específicos. Então, vemos que, ao elevar-se o volume de produção, no caso da necessidade de elevar a capacidade da produção, teremos elevação dos custos fixos. 5 1.2 Custos variáveis Tratamos anteriormente sobre os custos variáveis, que são aqueles que variam proporcionalmente ao volume de produção. Dependendo da empresa, os únicos custos que são realmente variáveis são as matérias-primas (Martins, 2010). O autor ainda complementa que a mão de obra direta tende a crescer com volume de produção, porém, em alguns casos, não é de forma proporcional. Martins (2010) relata a seguinte situação de mão de obra: os funcionários têm 8 horas para produzir 60 unidades, porém poderiam produzir em 6 horas, mas gastam 8 trabalhando com calma, desde que o volume por hora não esteja condicionado a horas máquinas. Elevando o volume para 80 unidades, poderá ser atendido o volume nas mesmas 8 horas; elevando para 90 unidades, talvez o tempo seja superior a 9 horas, devido ao cansaço, que faz a produtividade ser reduzida. Portanto, é necessário sempre verificar se a mão de obra direta será um custo variável efetivamente, e o volume de produção pode mudar sua classificação. Vejamos o gráfico clássico dos custos variáveis e outra vertente que pode representá-los. Gráfico 2 – Custos variáveis Fonte: Martins (2010). Como podemos ver, a elevação do volume eleva os custos variáveis, podendo ser de maneira proporcional ou, em outros casos, sem uma proporção perfeita, como no gráfico da direita. 6 1.3 Custos totais Verificamos como podem se comportar os custos fixos e os custos variáveis individualmente quando se altera o volume da produção. Agora, vamos verificar a situação dos custos totais. Gráfico 3 – Custos totais Fonte: Martins, 2010. Como podemos ver, quando a empresa não oscila tanto o volume da atividade, teremos o resultado de (e), que é considerado o gráfico clássico da atividade, enquanto o (f) evidencia a situação de que o volumealterado de forma abrupta impacta nos custos fixos e variáveis. Em (f), se olharmos o destaque do volume entre 40% e 90%, o gráfico mostra uma relação linear, porém, inferior a 40% ou superior a 90% do volume, a alteração no comportamento dos custos fica mais evidente, por isso a relevância do estudo da variação do CVL. Além do volume, outras variáveis podem interferir no CVL. Uma delas é a mudança dos preços dos itens. Por exemplo, pode haver a manutenção do volume, porém uma elevação no valor dos custos fixos, como reajuste de aluguel. No caso dos custos variáveis, também pode haver alteração que implica no CVL, por exemplo o aumento do preço de alguma MP. A alteração no CVL pode ocorrer pela mudança do volume da produção ou de valores dos custos da produção devido a reajustes. Vejamos como seria a alteração dos valores em forma de gráfico. 7 Gráfico 4 – Alteração dos valores Fonte: Martins (2010). Vemos em (h) que, ao se elevar o custo fixo, a reta sobe conforme as flechas, enquanto em (i), no caso do custo variável, a reta vai se inclinar conforme as flechas. Podemos ver que analisar o CVL é tarefa importante na empresa, pois só assim haverá um entendimento dos motivos de o custo unitário ter se alterado ou até mesmo de o lucro se elevar ou reduzir. Conhecer as variações dos custos propicia a oportunidade de melhorar sua gestão. TEMA 2 – PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL, ECONÔMICO E FINANCEIRO O ponto de equilíbrio, ou ponto de ruptura, surge da combinação de custos totais, despesas totais e receitas totais (Martins, 2010). Essa combinação acontece quando o valor total da margem de contribuição é igual ao valor somado do total de custos fixos e despesas fixas (Padoveze, 2013). Dessa maneira, existirá um equilíbrio entre receitas totais e gastos totais (Schier, 2011). Podemos observar que o ponto de equilíbrio é um momento importante para a organização, pois esta já conseguiu arcar com seus gastos fixos, podendo dizer que, a partir desse momento, a cada nova venda, o lucro se elevará no valor da margem de contribuição unitária. Em outras palavras, ao atingir o ponto de equilíbrio, a entidade não apresentará prejuízo operacional, e cada venda incremental lhe proporcionará lucros operacionais. O ponto de equilíbrio é utilizado para tomadas de decisões principalmente no curto prazo, pois evidencia qual é o limite mínimo de venda para atingir o equilíbrio. O conceito de ponto de equilíbrio divide-se em ponto de equilíbrio 8 contábil, econômico e financeiro, conforme vamos ver na sequência. Para o ponto de equilíbrio, não são considerados os valores de tributos sobre o lucro: trata-se de técnica para avaliar o resultado operacional bruto, sem considerar o impacto das decisões financeiras. 2.1 Ponto de equilíbrio contábil O ponto de equilíbrio contábil (PEC) consiste no momento em que a receita será igual ao valor dos custos fixos e das despesas fixas. O cálculo pode ser feito para encontrar o ponto de equilíbrio em quantidade a ser vendida ou em valor de receita. Temos as seguintes equações para o cálculo desse ponto de equilíbrio: 𝑃𝐸𝐶𝑞 = 𝐶𝐹 + 𝐷𝐹 𝑀𝐶𝑢$ ou 𝑃𝐸𝐶$ = 𝐶𝐹 + 𝐷𝐹 𝑀𝐶𝑢% Em que: PECq: ponto de equilíbrio contábil em quantidade. PEC$: ponto de equilíbrio contábil em valor de receita. MCu$: margem de contribuição unitária em valor. MCu%: margem de contribuição unitária em percentual. CF: custos fixos. DF: despesas fixas. O PEC pode ser representado graficamente para nosso melhor entendimento. 9 Gráfico 5 – Ponto de equilíbrio contábil Fonte: Martins, 2010. Podemos ver a área grifada como zona de prejuízo, porém, depois que o ponto de equilíbrio é alcançado, abre-se uma zona de lucro, pois, como esta evidenciado, o valor dos custos e despesas fixos já foi “pago”. Então, depois de arcar com o total de gastos, apenas será deduzida a parcela de gastos variáveis para chegar-se ao lucro. Para podermos ter uma melhor visão sobre PEC, vamos verificar um exemplo com os seguintes dados: Preço de venda: $ 1.500,00 por unidade Custos e despesas variáveis: $ 900,00 por unidade Margem de contribuição: $ 600,00 por unidade (600/1.500=0,4=40%) Custos fixos, exceto depreciação: $ 180.000,00 Depreciações: $ 50.000,00 Despesas administrativas e comerciais: $ 40.000,00 Total de custos e despesas fixas: $ 270.000,00 Aplicando as equações, temos: 𝑃𝐸𝐶𝑞 = 270.000 600 = 450 𝑃𝐸𝐶$ = 270.000 0,4 = 675.000 Então, vemos que é preciso vender 450 unidades de produto para atingir o PEC e que a receita necessária é de $ 675.000,00, conforme o Quadro 1: Quadro 1 – Verificação do PEC Receita 450 x 1.500 $ 675.000,00 Custos e despesas variáveis 450 x 900 ($ 405.000,00) Margem de contribuição 450 x 600 $ 270.000,00 Custos e despesas fixas ($ 270.000,00) Resultado $ 0,00 10 Pode-se, assim, montar uma demonstração de resultado simplificada para conferir se o PEC está correto. Apenas não são considerados para o cálculo do PEC os valores de despesas financeiras ou custos de oportunidade. 2.2 Ponto de equilíbrio econômico A diferença para o cálculo do ponto de equilíbrio econômico (PEE) é que, no caso dele, deverão ser consideradas as metas de lucro da empresa, que representam a expectativa de retorno dos acionistas. Nesse cálculo, considera- se de maneira mais próxima o valor do lucro que se almeja, para então atingir as vendas necessárias para alcançar o lucro desejado. Aos gastos fixos é somado o valor do lucro desejado. 𝑃𝐸𝐸𝑞 = 𝐶𝐹 + 𝐷𝐹 + 𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜 𝑀𝐶𝑢$ ou 𝑃𝐸𝐸$ = 𝐶𝐹 + 𝐷𝐹 + 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐸𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜 𝑀𝐶𝑢% Em que: PEEq: ponto de equilíbrio econômico em quantidade. PEE$: ponto de equilíbrio econômico em valor de receita. MCu$: margem de contribuição unitária em valor. MCu%: margem de contribuição unitária em percentual. CF: custos fixos. DF: despesas fixas. Lucro esperado: valor de lucro esperado pelos acionistas como retorno. Considerando os mesmos dados anteriores, supondo que o valor desejado de lucro é de $ 18.000,00, chegaríamos ao valor de $ 288.000,00 e teríamos o seguinte cálculo: 𝑃𝐸𝐸𝑞 = 288.000 600 = 480 𝑃𝐸𝐸$ = 288.000 0,4 = 720.000 Então, vemos que é necessário vender 480 unidades de produto para atingir o PEE e que a receita necessária é de $ 720.000,00, conforme o Quadro 2: Quadro 2 – Verificação do PEE Receita 480 x 1.500 $ 720.000,00 Custos e despesas variáveis 480 x 900 ($ 432.000,00) Margem de contribuição 480 x 600 $ 288.000,00 11 Custos e despesas fixas ($ 270.000,00) Resultado $ 18.000,00 Novamente, monta-se a demonstração de resultado simplificada para verificar a adequação do PEE. 2.3 Ponto de equilíbrio financeiro Por fim, o ponto de equilíbrio financeiro (PEF) vai considerar para o cálculo apenas os custos e as despesas fixas que foram desembolsadas, ou seja, valores de depreciação, amortização ou exaustão não são considerados para o cálculo. 𝑃𝐸𝐹𝑞 = 𝐶𝐹 + 𝐷𝐹 − 𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑛ã𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑚𝑏𝑜𝑙𝑠á𝑣𝑒𝑖𝑠 𝑀𝐶𝑢$ ou 𝑃𝐸𝐹$ = 𝐶𝐹 + 𝐷𝐹 − 𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑛ã𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑚𝑏𝑜𝑙𝑠á𝑣𝑒𝑖𝑠 𝑀𝐶𝑢% Em que: PEFq: ponto de equilíbrio financeiro em quantidade PEF$: ponto de equilíbrio financeiro em valor de receita MCu$: margem de contribuição unitária em valor MCu%: margem de contribuição unitária em percentual CF: custos fixos DF: despesas fixas Considerando os dados anteriores, em que a depreciação é de $ 50.000,00, retirando-a do cálculo, o total de gastos fixos é de $ 220.000,00. 𝑃𝐸𝐹𝑞 = 220.000 600 = 366,67 𝑃𝐸𝐹$ = 220.000 0,4 = 550.000 Então, vemos que é necessário vender 366,67 unidades de produto para atingir o PEF e que a receita necessária é de $ 550.000,00, conforme o Quadro 3. Quadro 3 – Verificação do PEF Receita 366,67 x 1.500 $ 550.000,00Custos e despesas variáveis 366,67 x 900 ($ 330.000,00) Margem de contribuição 366,67 x 600 $ 220.000,00 Custos e despesas fixas desembolsáveis ($ 220.000,00) Resultado $ 0,00 12 Como podemos perceber, mais uma vez o nosso cálculo está correto conforme cálculo simplificado do resultado, e vemos como é importante o cálculo do ponto de equilíbrio para fornecer informação a gestão da entidade. TEMA 3 – MARGEM DE SEGURANÇA E ALAVANCAGEM OPERACIONAL 3.1 Margem de segurança Bornia (2010) define margem de segurança como o excedente de vendas que supera a quantidade do ponto de equilíbrio. Então, podemos dizer que esse excedente pode ser reduzido sem que a empresa tenha um prejuízo. Para o cálculo da margem de segurança, é utilizada a seguinte equação: 𝑀𝑆 = 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 − 𝑃𝐸 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 Em que: MS: margem de segurança Vendas: quantidade vendida PE: quantidade do ponto de equilíbrio Referente a quantidade do ponto de equilíbrio, o gestor pode optar pelo contábil, econômico ou financeiro, conforme a necessidade. Utilizando essa equação, pode-se comparar de maneira simples e ágil quanto das vendas poderiam ser reduzidas sem ter prejuízo. É claro que reduzir vendas não é o pensamento, porém, no caso de os clientes começarem a comprar menos, o planejamento usará as informações da margem de segurança para tomar decisões melhores. Vejamos um exemplo: Preço de venda: $ 1.500,00 por unidade. Custos e despesas variáveis: $ 900,00 por unidade. Margem de contribuição: $ 600,00 por unidade. Total de custos e despesas fixas: $ 270.000,00. Quantidade vendida: 500 unidades. 𝑃𝐸𝐶𝑞 = 270.000 600 = 450 𝑀𝑆 = 500−450 500 = 0,1 = 10% Nesse caso, a margem de segurança da entidade é de 10%. Podemos dizer que a empresa opera com uma margem de segurança de 10%, ou de 50 unidades de produto. Então, a empresa poderia ter uma redução de até 10% da quantidade vendida sem ter prejuízo. Obviamente, a empresa não vai esperar 13 toda a redução para tomar atitudes, vai tomar providências conforme a redução for sendo percebida, trabalhando dentro da margem de segurança para tomar providências e melhorar a situação para o próximo período. 3.2 Alavancagem operacional A alavancagem operacional acontece quando é elevada a quantidade vendida em um percentual, porém o lucro se eleva em percentual superior. A elevação do lucro em percentual maior do que o percentual do volume se dá devido a diluição dos custos fixos pela maior quantidade de produtos. Vejamos como ficaria o caso de uma empresa que vendia 500 unidades e pretende passar a vender 550 unidades: Preço de venda: $ 1.500,00 por unidade. Custos e despesas variáveis: $ 900,00 por unidade. Margem de contribuição: $ 600,00 por unidade. Total de custos e despesas fixas: $ 270.000,00. Quadro 4 – Dados para cálculo de alavancagem operacional Quantidade vendida 500 unidades 550 unidades Receita $ 750.000,00 $ 825.000,00 Custos e despesas variáveis ($ 450.000,00) ($ 495.000,00) Margem de contribuição $ 300.000,00 $ 330.000,00 Custos e despesas fixas ($ 270.000,00) ($ 270.000,00) Lucro $ 30.000,00 $ 60.000,00 Podemos verificar que o volume era de 500 unidades e foi para 550 unidades, assim o aumento é de 10% (550/500=1,1-1=0,1=10%), já o lucro teve uma elevação de 100% (60.000/30.000=2-1=1=100%), então temos aumento de 10% em volume e de 100% em lucro. Para calcular o grau de alavancagem, vamos utilizar a seguinte equação: 𝐴𝑙𝑎𝑣𝑎𝑛𝑐𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑟é𝑠𝑐𝑖𝑚𝑜 𝑛𝑜 𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑟é𝑠𝑐𝑖𝑚𝑜 𝑛𝑜 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 Utilizando as informações obtidas, temos: 𝐴𝑙𝑎𝑣𝑎𝑛𝑐𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = 100% 10% = 10 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠 Temos uma alavancagem de 10 vezes, então, a cada 1% que o volume variar, o lucro vai variar em 10%, ou seja, em 10 vezes. Salienta-se que tal situação só pode ser considerada constante se partirmos do volume inicial de 14 500 unidades; se alterarmos para outra quantidade, a alavancagem vai se alterar. Vamos ver com outros valores para perceber a diferença. Quadro 5 – Dados para cálculo da alavancagem operacional Quantidade vendida 530 unidades 550 unidades Receita $ 795.000,00 $ 825.000,00 Custos e despesas variáveis ($ 477.000,00) ($ 495.000,00) Margem de contribuição $ 318.000,00 $ 330.000,00 Custos e despesas fixas ($ 270.000,00) ($ 270.000,00) Lucro $ 48.000,00 $ 60.000,00 Agora, o volume era de 530 unidades e foi para 550 unidades, então o aumento é de 3,77% (550/530=1,0377-1=0,0377=3,77%). Já o lucro teve uma elevação de 25% (60.000/48.000=1,25-1=0,25=25%). Fica assim: 𝐴𝑙𝑎𝑣𝑎𝑛𝑐𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = 25% 3,77% = 6,63 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠 Nessa situação, a cada 1% de aumento do volume vendido, o lucro se eleva em 6,63%. Sempre que alteramos a base de mensuração da alavancagem operacional, termos uma alavancagem diferente, então é bom estar atento a essas situações no momento de calcular a alavancagem operacional da entidade. TEMA 4 – IMPLICAÇÕES DA APROPRIAÇÃO DE CUSTOS SOBRE O PONTO DE EQUILÍBRIO Como vimos, caro(a) aluno(a), o cálculo de ponto de equilíbrio demonstra, em determinado momento, qual será o ponto em que o lucro será zero. Para isso, utilizamos os valores dos custos fixos e despesas fixas, que são divididos pelo valor da margem de contribuição. Então, qualquer alteração nos valores dos custos, sejam fixos ou variáveis, vai resultar em alteração no ponto de equilíbrio. Vejamos como isso pode acontecer com um exemplo retirado da obra de Martins (2010): Custos variáveis + despesas variáveis: $ 1.000,00/un. Custos fixos + despesas fixas: $ 600.000,00/mês. Preço de venda: $ 1.500,00/un. Com esses dados alinhados, a empresa possui um PEC de 1.200 unidades (600.000/500). Então, vamos imaginar que 70% dos gastos fixos são 15 referentes a folha de pagamento. Se essa folha tiver um aumento de 40%, como ficaria o PEC? 600.000 x 70% = 420.000 (folha de pagamento). 420.000 x 40% = 168.000 (acréscimo). O novo PEC é de: (600.000+168.000)/500 = 1.536 unidades. Os gastos fixos se elevaram em 28% (168.000/600.000=0,28) devido ao aumento da folha de pagamento, enquanto o ponto de equilíbrio também se elevou em 28% (336/1.200=0,28). Isso seria uma coincidência? Não se trata de coincidência, pois, efetivamente, a cada 1% dos gastos fixos que forem elevados, o ponto de equilíbrio também vai se elevar em 1%. Então, o novo ponto de equilíbrio sempre será igual ao anterior acrescido do mesmo percentual em que foram elevados os gastos fixos. Caso ocorra alteração de custos e despesas variáveis, podemos utilizar a mesma conclusão obtida das alterações dos gastos fixos? Não! Com a alteração dos gastos variáveis, a abordagem precisa ter outro ponto de visão, pois vai impactar no valor da margem de contribuição. Então, vejamos um exemplo retirado da obra de Martins (2010): Custos variáveis + despesas variáveis: $ 400,00/un. Custos fixos + despesas fixas: $ 1.200.000,00/mês. Preço de venda: $ 600,00/un. Com esses dados, temos o PEC de 6.000 unidades (1.200.000/200). E se os custos e as despesas variáveis aumentassem em 30%, como ficaria o novo PEC? 400 x 30% = 120. O novo PEC é de: 1.200.000/80 = 15.000 unidades. Os custos e as despesas variáveis se elevaram em 30%, enquanto o PEC se elevou em 150%. Tal disparidade ocorre principalmente se observarmos a margem de contribuição, que foi reduzida em 60% (120/200=0,6), devido ao aumento dos custos e das despesas variáveis. Como o PEC é calculado dividindo os custos e as despesas fixas pela margem de contribuição, quanto mais for reduzida a margem de contribuição devido a alteração dos gastos variáveis, maior será a elevação do PEC. Para chegarmos ao novo ponto de equilíbrio, podemos utilizar a variação do valor da margemde contribuição, dividindo o valor da margem de contribuição 16 antes da alteração nos custos fixos (MC1) pelo valor da margem de contribuição depois da alteração dos custos variáveis (MC2), conforme o cálculo a seguir: MC1/MC2 200/80=2,5. O resultado da divisão das margens de contribuição, nesse caso 2,5, será multiplicado pelo PEC anterior, resultando no novo PEC: 6.000 x 2,5 = 15.000 unidades. Obteríamos o mesmo resultado se tivéssemos aplicado a equação do PEC. Sempre que acontecerem variações de custos ou despesas, fixos ou variáveis, teremos impactos no cálculo do ponto de equilíbrio, cabendo sempre ao contador estar atento a tais situações para que possa tomar as devidas providências e informar à gestão. Vimos a importância do cálculo do ponto de equilíbrio, bem como que seu resultado é utilizado para margem de segurança, e agora abordamos a alteração do ponto de equilíbrio quando se alteram os custos. E você, caro(a) aluno(a), deve sempre estar atento(a) a isso, pois são pontos muito importantes para a análise do custos-volume-lucro. TEMA 5 – CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS SOBRE PONTO DE EQUILÍBRIO E ANÁLISE CVL Caro(a) aluno(a), vamos ver agora algumas situações adicionais relacionadas aos conceitos vistos em nossa aula. Aspectos da análise CVL podem impactar de maneiras diferentes em cada empresa, muito em decorrência da estrutura de custos de cada organização. Conforme for a estrutura de custos fixos e variáveis, a análise CVL será alterada. Vamos ver uma situação exemplo retirada da obra de Martins (2010) que mostra essas variações em três empresas. Quadro 6 – Variação de CVL Empresa X Y Z Custos e despesas fixos 150.000,00/mês 210.000,00/mês 240.000,00/mês Mão de obra indireta 100.000,00/mês 100.000,00/mês 80.000,00/mês Depreciação 20.000,00/mês 60.000,00/mês 85.000,00/mês Despesas diversas 30.000,00/mês 50.000,00/mês 75.000,00/mês Custos e despesas variáveis 900,00/un 700,00/un 600,00/un Matéria-prima 300,00/un 300,00/un 300,00/un Embalagens 100,00/un 100,00/un 100,00/un Mão de obra direta 400,00/un 150,00/un 40,00/un Despesas de venda 100,00/un 150,00/un 160,00/un 17 Preço de venda 1.400,00/un 1.400,00/un 1.400,00/un Margem de contribuição 500,00/un 700,00/un 900,00/un PEC 300 un 300 un 300 un A empresa Y é mais mecanizada que a X, por isso possui mais custos e despesas fixas, enquanto a Z é a mais mecanizada de todas, justificando assim o maior valor de custos e despesas fixas. Tal situação também justificativa os custos variáveis menores com mão de obra direta quando existe maior automação. Com as informações das três empresas, sabendo que o ponto de equilíbrio é de 300 unidades para todas, vamos ver no Quadro 7qual seria o resultado das empresas simulando alguns volumes vendidos: Quadro 7 – Variações do CVL Resultado Volume X Y Z 100 un/mês ($ 100.000,00) ($ 140.000,00) ($ 160.000,00) 200 un/mês ($ 50.000,00) ($ 70.000,00) ($ 80.000,00) 300 un/mês - - - 400 un/mês $ 50.000,00 $ 70.000,00 $ 80.000,00 500 un/mês $ 100.000,00 $ 140.000,00 $ 160.000,00 As empresas possuem o mesmo PEC; fora desse ponto, possuem resultados diferentes. Outra situação que chama a atenção é que a alavancagem operacional é a mesma nas 3 empresas, pois, ao elevarem o volume de 400 para 500 unidades, ou seja, 25% de aumento de volume, o lucro aumentou em 100% em todos os casos, tendo assim uma alavancagem operacional de 4 vezes. Fora do PEC, conforme eleva-se o volume, a empresa Z apresenta maior lucro, depois a Y e, por fim, a X, enquanto, abaixo do PEC, Z apresenta o pior desempenho, seguida por Y, e X possui o desempenho melhor abaixo do PEC. Essas alterações acontecem devido a empresa X possuir maiores custos e despesas variáveis, logo uma margem de contribuição unitária inferior, fazendo com que ganhe menos após atingir o PEC. Em contrapartida, por possuir menores custos e despesas fixas, seu prejuízo é menor ao trabalhar abaixo do PEC. Em oposição a X está a empresa Z, que possui maior margem de contribuição unitária, tendo maiores benefícios com a elevação do volume, porém possui maior prejuízo se trabalhar abaixo do PEC. Vejamos a situação em forma de gráfico. 18 Gráfico 6 – Desempenho das empresas X, Y e Z Verificando os gráficos, quanto menor for a participação dos custos e despesas variáveis, maior será a “abertura do gráfico”. Nesse caso, a participação dos custos e despesas variáveis se altera devido à automação das empresas, em que Z possui maior nível de automação, seguida por Y e, depois, X, afetando, assim, a estrutura de custos, impactando no PEC, mostrando a necessidade de uma boa análise do CVL. TROCANDO IDEIAS Chegou o momento de compartilharmos aquilo que aprendemos, algumas dúvidas que ainda temos, curiosidades também. Então, caro(a) aluno(a), entre 19 no fórum e converse com seus colegas sobre empresas que você conheça e que poderiam ser beneficiadas por uma análise CVL. Para nortear o debate, seguem sugestões de algumas questões para vocês discutirem: a. A empresa possui separação entre gastos fixos e variáveis? b. Quais obstáculos podem existir nessa empresa? c. Como uma análise CVL pode ser útil para a atividade da empresa? d. Quais benefícios a empresa vai usufruir com a análise CVL? e. Seria necessário mudar algo para implementar a análise CVL? O quê? NA PRÁTICA Caro(a) aluno(a), vamos agora ver uma situação prática envolvendo os conteúdos tratados na aula de hoje. Imaginamos que você foi contratado(a) para realizar um trabalho de consultoria voltado às situações do CVL. A empresa pediu para que fossem inicialmente projetados os pontos de equilíbrio, a margem de segurança e a alavancagem operacional, bem como algumas simulações que você verá com os dados. Dados: Preço de venda: $ 1.000,00 por unidade Custos e despesas variáveis: $ 500,00 por unidade Margem de contribuição: $ 500,00 por unidade (500/1.000=0,5=50%) Custos fixos, exceto depreciação: $ 200.000,00 Depreciações: $ 20.000,00 Despesas administrativas e comerciais: $ 30.000,00 Total de custos e despesas fixas: $ 230.000,00 Cálculo do PEC Querido(a) aluno(a), vamos iniciar pelo cálculo do PEC e, para isso, vamos utilizar o valor dos gastos fixos e dividi-lo pelo valor da margem de contribuição unitária: 𝑃𝐸𝐶 = 230.000 500 = 460 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 Como podemos ver, o PEC é de 460 unidades, o que vai chegar a uma receita de $ 460.000,00. Dessa maneira, o lucro da empresa será igual a zero. A partir dessa informação, a empresa pode planejar talvez reduzir o preço após 20 atingir o PEC para, quem sabe, vender volume maior ganhando um pouco menos, porém já com os gastos fixos pagos. Cálculo do PEF O próximo passo é o cálculo do PEF, que considera apenas os gastos desembolsáveis. Então, do total de gastos fixos de $ 230.000,00, vamos deduzir $ 20.000,00, que são referentes a depreciação, e então teremos o valor de $ 210.000,00, que vai ser dividido pela margem de contribuição unitária: 𝑃𝐸𝐹 = 210.000 500 = 420 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 O PEF é de 420 unidades, sendo então necessária uma receita de $ 420.000,00 para que, entre entradas e saídas de numerário, o resultado seja igual a zero. Em posse dessa informação, a empresa tem toda noção de quanto precisa vender para que consiga pagar os gastos desembolsáveis. Cálculo do PEE A empresa almeja um lucro de $ 20.000,00 no período, então devemos calcular o PEE. Para esse procedimento, vamos somar o valor do lucro almejado com o dos gastos fixos ($ 230.000,00), chegando assim ao valor de $ 250.000,00, que será dividido pela margem de contribuição unitária: 𝑃𝐸𝐹 = 250.000 500 = 500 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 Para que a empresa consiga pagar todos seus gastos fixos e, ainda, alcançar o lucro de $ 20.000,00, será necessário que venda 500 unidades de produto, alcançando umareceita de $ 500.000,00. Dessa maneira, fica facilitado o planejamento de vendas da empresa. As informações do ponto de equilíbrio ajudam no planejamento, como também colaboram para o acompanhamento sobre o quanto já foi cumprido do objetivo das vendas. Margem de segurança Sabendo que a empresa almeja o lucro de $ 20.000,00, mesmo se não atingir esse valor, o ideal é que não venha a ter prejuízo, então vamos ver quanto seria a margem de segurança comparando a quantidade a ser vendida para atingir o PEC com a quantidade do PEE. 21 𝑀𝑆 = 500 − 460 500 = 0,08 = 8% Ao compararmos as quantidades vendidas do PEC e do PEE, podemos ver que a empresa possui uma margem de segurança de 8%. Da quantidade a ser vendida para atingir o PEE, a empresa pode sofrer uma redução de até 8% sem que tenha prejuízo. Digamos que, em vez de comparar o PEC com o PEE, a empresa queria verificar qual seria a margem de segurança se tivesse as vendas na quantidade de 600 unidades, então teríamos a seguinte margem de segurança: 𝑀𝑆 = 600 − 460 600 = 0,233 = 23,3% Dessa maneira, a margem de segurança seria de 23,3%, que seria o volume que pode ser reduzido sem que se tenha prejuízo. Alavancagem operacional Agora, veremos qual é a alavancagem operacional da empresa ao partimos da quantidade a ser vendida para alcançar o PEE, que é 500 unidades. E se a empresa passar a vender 600 unidades, como ficaria o grau de alavancagem operacional? Vejamos os dados no Quadro 8: Quadro 8 – Dados para alavancagem operacional Quantidade vendida 500 unidades 600 unidades Receita $ 500.000,00 $ 600.000,00 Custos e despesas variáveis ($ 250.000,00) ($ 300.000,00) Margem de contribuição $ 250.000,00 $ 300.000,00 Custos e despesas fixas ($ 230.000,00) ($ 230.000,00) Lucro $ 20.000,00 $ 70.000,00 Como podemos ver, o volume passou de 500 para 600 unidades, uma elevação de 20% (100/500=0,2=20%); já o lucro aumentou de $ 20.000,00 para $ 70.000,00, o que, em percentual, representa 250% (50.000/20.000=2,5=250%). Vamos colocar esses aumentos na equação da alavancagem operacional. 𝐴𝑙𝑎𝑣𝑎𝑛𝑐𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = 250% 20% = 12,5 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠 Vemos que a alavancagem operacional é de 12,5 vezes, ou seja, a cada 1% que o volume se elevar, o lucro terá elevação de 12,5%. Se, por caso, a empresa optasse por partir das 600 unidades e elevar para 750 unidades, qual 22 seria a nova alavancagem operacional? Vamos acompanhar os dados no Quadro 9. Quadro 9 – Dados para alavancagem operacional Quantidade vendida 600 unidades 750 unidades Receita $ 600.000,00 $ 750.000,00 Custos e despesas variáveis ($ 300.000,00) ($ 375.000,00) Margem de contribuição $ 300.000,00 $ 375.000,00 Custos e despesas fixas ($ 230.000,00) ($ 230.000,00) Lucro $ 70.000,00 $ 145.000,00 Nesse novo cenário, o lucro variou aproximadamente 107,14% (75/70=1,0714=107,14%), enquanto o volume teve variação de 25% (150/600=0,25=25%). Aplicando a equação da alavancagem, temos: 𝐴𝑙𝑎𝑣𝑎𝑛𝑐𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = 107,14% 25% = 4,29 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠 Nesse novo caso, a alavancagem é de 4,29 vezes: para cada 1% de elevação do volume, o lucro aumentará em 4,29%, aproximadamente. Lembrando que, sempre que mudarmos a base de partida da elevação do volume, teremos uma alavancagem operacional diferente para a empresa, então é um cuidado que deve ser tomado e acompanhado pela gestão. Dentro daquilo que vimos, caro(a) aluno(a), e se algo mudasse na estrutura de custos? Como ficaria? Vamos ver! Mudanças da estrutura de custos Vamos ver cenários em que o valor da estrutura de custos se altera para praticarmos, mas primeiro vamos trazer um resumo com as informações já obtidas: Preço de venda: $ 1.000,00 por unidade. Custos e despesas variáveis: $ 500,00 por unidade. Margem de contribuição: $ 500,00 por unidade (500/1.000=0,5=50%). Custos fixos, exceto depreciação: $ 200.000,00. Depreciações: $ 20.000,00. Despesas administrativas e comerciais: $ 30.000,00. Total de custos e despesas fixas: $ 230.000,00. Lucro almejado: $ 20.000,00. PEC: 460 unidades. PEF: 420 unidades. 23 PEE: 500 unidades. Supondo que os gastos fixos se elevem em 30% devido a um aumento do valor dos salários, permanecendo constante o restante da estrutura dos custos, quais seriam os novos pontos de equilíbrio? Primeiro, vamos encontrar o novo valor dos gastos fixos – basta acrescentarmos 30% aos $ 230.000,00, então temos $ 299.000,00 (230.000x1,3). Agora, aplicamos novamente os cálculos dos pontos de equilíbrio: 𝑃𝐸𝐶 = 299.000 500 = 598 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑃𝐸𝐹 = 279.000 500 = 558 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑃𝐸𝐶 = 319.000 500 = 638 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 Temos, então, as novas quantidades. É perceptível a elevação. Como os gastos fixos foram elevados em 30%, podemos observar que o PEC se elevou exatamente em 30%, porém o PEF e PEE não seguem a mesma proporção, pois, o valor da depreciação permanecer o mesmo, bem como o lucro almejado continuar sendo de $ 20.000,00, fazem com que sua elevação seja um pouco inferior a 30%. Vimos o que acontece se mudarmos a estrutura de custos fixos. E se forem alterados os custos variáveis, como os pontos de equilíbrio reagem? Digamos que os custos e as despesas variáveis se elevem em 20%, vejamos o que acontece. Antes, os gastos variáveis eram de $ 500,00, então, se aumentarem em 20%, o aumento será de $ 100,00 (500x20%=100), chegando assim ao novo valor de custos e despesas variáveis de $ 600,00. Como o nosso preço de venda é de $ 1.000,00 e se mantém o mesmo, nossa margem de contribuição agora é de $ 400,00. Agora, calculando os novos pontos de equilíbrio: 𝑃𝐸𝐶 = 230.000 400 = 575 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑃𝐸𝐹 = 210.000 400 = 525 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑃𝐸𝐶 = 250.000 400 = 625 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 24 Como podemos ver, todos os pontos de equilíbrio agora aumentaram, pois, devido à elevação dos gastos variáveis, tivemos impacto no valor da margem de contribuição. Podemos chegar no mesmo resultado utilizando outro cálculo, basta utilizarmos a primeira margem de contribuição, que era de $ 500,00, e dividirmos pela segunda, que é de $ 400,00: 500/400=1,25. Agora, basta multiplicarmos esse valor pelo PEC, pelo PEF e pelo PEE anteriores para chegarmos a seus novos pontos de equilíbrio. PEC = 460 x 1,25 = 575 unidades. PEF = 420 x 1,25 = 525 unidades. PEE = 500 x 1,25 = 625 unidades. Fica claro que podem ser utilizadas as fórmulas normais ou também alguns meios alternativos para chegar ao mesmo resultado. E se em uma nova situação fossem alterados os gastos fixos e variáveis simultaneamente, o que aconteceria? Vamos considerar o aumento de 30% dos gastos fixos e de 20% dos gastos variáveis e ver como seriam os novos pontos de equilíbrio. 𝑃𝐸𝐶 = 299.000 400 = 747,5 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑃𝐸𝐹 = 279.000 400 = 697,5 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑃𝐸𝐶 = 319.000 400 = 797,5 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 Chegamos às novas quantidades, e, devido à elevação de todos os gastos, fixos e variáveis, os pontos de equilíbrio se elevaram também. Dentro das situações que vimos, querido(a) aluno(a), vamos verificar o Quadro 10 com um resumo para ficar mais clara a visualização: Quadro 10 – Resumo das situações Situação inicial Aumento de 30% dos gastos fixos Aumento de 20% dos gastos variáveis Aumento de 30% dos gastos fixos e 20% dos gastos variáveis PEC 460 unid. 598 unid. 575 unid. 747,5 unid. PEF 420 unid. 558 unid. 525 unid. 697,5 unid. PEE 500 unid. 638 unid. 625 unid. 797,5 unid. 25 Dessa maneira, fica facilitada a comparação de cada situação que apresentamos. Vale salientar que consideramos alterações nos custos de forma aleatória apenas para demonstrar as mudanças nos pontos de equilíbrio. Então, caro(a) aluno(a), para que fique algo mais próximo da realidade, vamos supor que a empresapossui três opções: manter a estrutura atual, reduzir a automação, o que implicaria em elevar os gastos variáveis e reduzir os gastos fixos, ou aumentar a automação, elevando os gastos fixos e reduzindo os gastos variáveis. Essa é uma situação recorrente no dia a dia das empresas, e cada escolha vai implicar em uma nova estrutura e em um novo PEC. Vejamos a comparação no Quadro 11. Quadro 11 – Comparação das estruturas Empresa Reduzir automação Atual Elevar automação Custos e despesas fixos 184.000,00/mês 230.000,00/mês 276.000,00/mês Custos e despesas variáveis 600,00/un 500,00/um 400,00/un Preço de venda 1.000,00/un 1.000,00/um 1.000,00/un Margem de contribuição 400,00/un 500,00/um 600,00/un PEC 460 un 460 um 460 un Nas três situações, o preço de venda e o PEC são os mesmos, porém a estrutura de custos é diferente. Ao reduzir a automação, os gastos fixos se reduziram de $ 230.000,00 para $ 184.000,00, o equivalente a 20%, enquanto os gastos variáveis se elevaram de $ 500,00 para $ 600,00, também 20%. No caso de aumentar a automação, os gastos fixos vão de $ 230.000,00 para $ 276.000,00, equivalente a 20%, enquanto os gastos variáveis se reduzem de $ 500,00 para $ 400,00, ou seja, 20%. Nesse caso, utilizamos alterações lineares, pois só assim poderá ser mantido o PEC igual sem alterar o preço de venda. Vejamos o Quadro 12. Quadro 12 – Resultados de alteração do volume Resultado Volume Reduzir automação Atual Elevar automação 260 un/mês ($ 80.000,00) ($ 100.000,00) ($ 120.000,00) 360 un/mês ($ 40.000,00) ($ 50.000,00) ($ 60.000,00) 460 un/mês - - - 560 un/mês $ 40.000,00 $ 50.000,00 $ 60.000,00 660 un/mês $ 80.000,00 $ 100.000,00 $ 120.000,00 Conforme verificamos, quanto menor forem os custos e as despesas fixas, menor será o prejuízo abaixo do PEC, porém, ao ultrapassar esse ponto, o lucro também será menor. Como podemos ver, decisões de automação que alteram 26 os custos e as despesas fixos e variáveis vão implicar diretamente no resultado, sendo uma ferramenta muito útil para a organização e o planejamento da empresa. FINALIZANDO Querido(a) aluno(a), chegamos ao final de nossa quinta aula, que teve como centro de nossas atenções a análise custo/volume/lucro (CVL). Iniciamos tratando especificamente sobre a análise do CVL e verificamos quais são as possíveis consequências no lucro devido à alteração dos valores dos custos fixos ou variáveis da empresa, bem como de que maneira essas alterações nos custos podem ocorrer devido a mudança no volume de produção ou venda. Vimos que essas implicações devem ser consideradas para análises da empresa, pois conhecer como os custos se relacionam com volume e lucro se mostra uma ferramenta relevante para a organização. Depois, tratamos sobre o ponto de equilíbrio, dividindo-o em ponto de equilíbrio contábil, econômico e financeiro. O ponto de equilíbrio, de forma bem sucinta, é definido como momento em que o lucro é igual a zero, o que permite à empresa saber quanto deverá vender para não ter prejuízos – conhecido como PEC. O PEE é o momento em que a empresa consegue atingir uma lucratividade desejada, então sabendo o quanto precisa vender para conseguir tal meta. E o PEF é ponto em que a empresa chega ao caixa igual a zero, considerando a quantidade a ser vendida para atingir um lucro igual ao valor dos gastos desembolsáveis. Após conhecermos os conceitos do ponto de equilíbrio, vimos a relevância da margem de segurança, pois essa margem representa o quanto a empresa está vendendo acima do ponto de equilíbrio, tendo a noção de em quanto poderia reduzir as vendas sem ter prejuízo. Juntamente com a margem de segurança, verificamos o conceito da alavancagem operacional, a qual pode ser muito útil para algumas tomadas de decisão dentro da análise do CVL, pois evidencia quantos por cento o lucro vai aumentar para 1% de elevação do volume vendido, podendo gerar informação muito precisa. Nosso quarto tema foi a verificação de quais implicações a alteração dos custos fixos ou variáveis desencadeiam no ponto de equilíbrio, pois, como os custos fixos são utilizados no cálculo do ponto de equilíbrio, enquanto os variáveis são utilizados para encontrar a margem de contribuição, suas 27 alterações sempre vão implicar no ponto de equilíbrio, devendo sempre a gestão estar atenta a essas alterações, pois afetarão de forma direta a percepção do ponto de equilíbrio, seja o contábil, o econômico ou o financeiro. Encerramos nossa aula abordando algumas considerações adicionais referente ao CVL, deixando claro que não necessariamente empresas que possuem o mesmo PEC terão o mesmo lucro elevando de forma igual o volume, pois tudo depende de como é sua estrutura de custos: se a predominância está nos custos fixos ou nos custos variáveis. Então, caro(a) aluno(a), sempre que pensarmos na análise CVL, devemos nos ater inicialmente a entender qual é a estrutura de custos da empresa, para, dessa maneira, podermos atuar de forma mais eficaz, chegando aos pontos de equilíbrio, verificando margem de segurança e alavancagem operacional e compreendendo o comportamento dos custos dentro da organização. 28 REFERÊNCIAS BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas. 3. ed. São Paulo: Altas, 2010. JIAMBALVO, J. Contabilidade gerencial. Rio de Janeiro: LCT, 2002. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 10. ed. São Paulo: Altas, 2010. PADOVEZE, C. L. Contabilidade de custos: teoria, prática, integração com sistemas de informação (ERP). 1. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013. SCHIER, C. U. C. Gestão de custos. 2. ed. Curitiba: Ibpex, 2011.
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