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DEMÊNCIAS ALANA FERNANDES ALVES Avaliação cognitiva no idoso A cognição é entendida como um conjunto de habilidades intelectuais necessárias ao aprendizado e ao desempenho adequado das atividades de vida diária. Os principais domínios cognitivos são atenção, funções executivas, linguagem, memória, praxias e habilidades visuoespaciais e visuoperceptivas. Além desses, o comportamento social também tem sido entendido como uma função cortical superior O envelhecimento cerebral, a alta prevalência de doenças neurodegenerativas, o uso de fármacos psicoativos e a presença de comorbidades clínicas e mentais tornam o idoso mais suscetível ao surgimento de sintomas cognitivos A pontuação nos testes cognitivos pode variar bastante em função do grau de escolaridade e da função desempenhada pelo paciente. Ter bom desempenho acadêmico previne demências, mas se tem as sequelas são piores. Mais frequente após os 65 anos, e mais vinculado com demências Menos de 65 anos: precoce, pior prognóstico INSTRUMENTO DE RASTREIO Nos casos mais graves, pode ser usada a escala de atividades básicas de vida diária de Katz No Brasil, é preferido o miniexame do estado mental (MEEM) ou, nos indivíduos de maior escolaridade, o Montreal Cognitive Assessment (MoCA) Teste do desenho do relógio (TDR): Avalia a capacidade de planejar e executar, a qual pode ser analisada de maneira quantitativa, por pontuação, e qualitativa, avaliando as estratégias adotadas pelo paciente para a conclusão da tarefa. Teste GONOGO: Escuta ruídos com os olhos fechados -> e bate na mesa se ouvir e imóvel se não Teste Stroop: Ler a palavra escrita de uma cor, escrita com uma cor diferente (tem que ler a palavra) DIAGNÓSTICO DA SÍNDROME DEMÊNCIAL CLASSIFICAÇÃO DAS SÍNDROMES DEMÊNCIAIS: ❑ Cortical ou subcortical. ❑ reversíveis ou irreversíveis, ❑ degenerativas ou não degenerativas ❑ de início precoce (ou pré-senil – antes de 65 anos) ou tardio (a partir dos 65 anos) ❑ Rapidamente ou lentamente progressivas Paciente acha que tem demência, mas está normal. COMPROMETIMENTO COGNITIVO E COGNITIVO LEVE ◦ EVELECIMENTO COGNITIVO – FATORES DE RISCO NÃO MODIFICÁVEIS: idade mais avançada, etnia (maior prevalência em afrodescendentes), gênero (mulheres) e genética (60% da capacidade cognitiva geral). MODIFICÁVEIS: diabetes, traumatismos cranianos, estilo de vida e escolaridade. O comprometimento cognitivo leve (CCL): é uma condição em que o indivíduo demonstra declínio cognitivo com mínima interferência em suas atividades de vida diária. Tipicamente, o paciente e os familiares relatam progressivos e recorrentes lapsos de memória ou, às vezes, perda de habilidades antes facilmente executadas. Atualmente, o CCL é definido como um estado de declínio cognitivo que ainda não caracteriza demência, mas que não é normal para a idade e não afeta significativamente as habilidades de vida diária. Não existe nada para bloquear evolução da doença Muitos consideram como fase prodrômica Os critérios para diagnóstico do quadro DE CCL: • Queixas cognitivas provenientes do paciente e/ou familiar. • A pessoa ou o informante relata declínio no funcionamento cognitivo em relação às habilidades prévias no último ano. • Déficit cognitivo evidenciado por avaliação clínica em memória ou outro domínio cognitivo. • O comprometimento cognitivo não tem repercussão importante na funcionalidade; no entanto, pode haver dificuldade em atividades mais complexas. • Sem evidência de demência. COMPROMETIMENTO COGNITIVO O envelhecimento promove uma queda inexorável da capacidade cognitiva com lentificação do raciocínio, e pequenos lapsos de memória são mais comuns. CAUSAS REVERSÍVEIS (DEMENTIA) o Correspondem 10% dos casos o Para afastar essas causas pedimos exames complementares. DOENÇA DE ALZHEIMER Definição/ Fatores de risco/ Epidemiologia É A CAUSA MAIS COMUM DE DEMÊNCIA (GERALMENTE ACOMETE INDIVÍDUOS COM MAIS DE 65 ANOS) SEXO FEMININO É DOENÇA INSIDIOSA, DE EVOLUÇÃO PROGRESSIVA! O ÓBITO OCORRE COM 7 À 18 ANOS (MÉDIA 10 ANOS) APÓS O DIAGNÓSTICO (POR COMPLICAÇÕES DO PACIENTE ACAMADO) FATORES DE RISCO: IDADE >60 ANOS; HISTÓRIA FAMILIAR; FATORES GENÉTICOS -> ALELO E3 DO GENE APOE; SÍNDROME DE DOWN; SEDENTARISMO; DOENÇAS CARDIOVASCULAR (HAS, DM...) FATORES PROTETORES: ALTA ESCOLARIDADE; ALTA ATIVIDADE INTELECTUAL; ATIVIDADE FÍSICA, DIETA MEDITERRÂNEA EPIDEMIOLOGIA: SUA PREVALÊNCIA AUMENTA COM A IDADE (DOBRA CADA 5 ANOS A PARTIR DOS 60 ANOS) FISIOPATOLOGIA TEM-SE UM ACÚMULO DAS PLACAS SENIS (NEURÍTICAS) DE PEPTÍDEO BETA AMILOIDE, ENTRE OS NEURÔNIOS CORTICAIS-> O QUE LEVA A PERDA DE CONECÇÕES ENTRE OS NEURÔNIOS DIMINUINDO A EFICÁCIA DAS SINAPSES. ISSO JÁ PODE OCORRER CERCA DE DUAS DÉCADAS ANTES DO INÍCIO DOS SINTOMAS DEMENCIAIS. ❖ A PROTEÍNA PERCUSSORA DA AMILOIDE (VEM DO CROMOSSOMO 21 E É CLIVADA PELA ENZIMA ALFA- SECRETASE) ❖ A ALFA SECRETASE SE MUDA PARA ENZIMA B E Y SECRETASE (ESSAS ENZIMAS, DÃO ORIGEM A UM FAGMENTO TÓXICO (PEPTÍDEO BETA-AMILOIDE) QUE SE ACUMULA SOB A FORMA DAS PLACAS NEURÍTICAS COM A EVOLUÇÃO DA DOENÇA A PROTEÍNA TAU, QUE NORMALMENTE LIGA-SE AOS MICROTÚBULOS, FORMANDO O CITOESQUELETO NEURONAL. ❖ PASSA A HIPERFOSFORILAR, FORMAM-SE OS EMARANHADOS NEUROFIBRILARES E OCORRE MORTE NEURONAL ISSO OCORRE PRINCIPALMENTE NO: HIPOCAMPO / LOBO TEMPORAL / CÓRTEX ENTORRINAL Posteriormente nota-se, a perda dos neurônios colinérgicos do núcleo basal de Meynert, no prosencéfalo basal. ❖ Esses neurônios projetam-se para o córtex em vias relacionadas à consolidação da memória. A ação da acetilcolina é controlada pela enzima acetilcolinesterase, cuja atividade também se encontra reduzida. FISIOPATOLOGIA Quadro clínico Instalação insidiosa Piora progressiva Déficit de memória episódica ❖ Anterógrada (Recente)início da doença ❖ Retrograda (passado) avanço da doença Dificuldade em cálculo Desorientação espacial Apatia / agitação/ depressão: 80% das manifestações neuropsiquiátrica Alucinação visual e auditiva Delírium e agressividade Incontinência e imobilidade Outras manifestações neuropsiquiátricas: ❖ Síndrome de capgras: Não reconhece os familiares ❖ Fenômeno de doppelganger: Ver seu reflexo como um impostor ❖ Síndrome de Goldot: Preocupa com o futuro. ❖ Fenômeno do sol poente: Aumenta a agitação a noite QUADRO CLÍNICO: DEPENDE DO ESTÁGIO DA DOENÇA DIAGNÓSTICO O DEFINITIVO É ANATOMOPATOLÓGICO, MAS COMO NÃO É FEITO, FICA COM O CLÍNICO PARA O DIAGNÓSTICO DE DOENÇA DE ALZHEIMER PROVÁVEL, É NECESSÁRIO QUE SE ENCONTRE PELO MENOS UM DOS SEGUINTES (DO CONTRÁRIO, TEREMOS DOENÇA DE ALZHEIMER POSSÍVEL): 1. EVIDÊNCIA DE UMA MUTAÇÃO GENÉTICA (HISTÓRIA FAMILIAR OU TESTE GENÉTICO); 2. TODOS OS TRÊS A SEGUIR: A. DECLÍNIO NA MEMÓRIA E NA APRENDIZAGEM E EM PELO MENOS OUTRO DOMÍNIO COGNITIVO; B. PROGRESSIVO E GRADUAL; C. AUSÊNCIA DE EVIDÊNCIAS DE ETIOLOGIA MISTA. Exames complementares: Hemograma / creatinina / TSH/ albumina / TGO e TGP/ cálcio / vitamina B12/ ácido fólicp / VDRL / anti-HIV (menos de 60 anos) / eletrólitos LCR (da proteína TAU (que aumenta) e Beta amiloide (de diminui)) TC: pode pedir RNM: ❖ fase inicial (costuma está normal) ❖ fase tardia (atrofia cortical (hipocampo)) -> isso ocorre por conta do aumento do liquor (hidrocefalia compensatória ou hidrocefalia ex vacuum) em região posterior, frontal ou corticobasal do cérebro. OBS: liquor e ECG não é indicado pedir, mesmo para exame de exclusão: Indicações para pedir o LCR: ínicio <65 anos; curso atípico; hidrocefalia comunicante; suspeitade doença inflatória ou infecciosa DIAGNÓSTICO TRATAMENTO SINTOMAS DA DOENÇA (NÃO TEM CURA) • REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA, A FISIOTERAPIA, A FONOAUDIOLOGIA E A TERAPIA OCUPACIONAL • Os inibidores da acetilcolinesterase e a memantina são os únicos medicamentos disponíveis atualmente para o tratamento dos sintomas cognitivos OUTRAS OPÇÕES: ADUCANUMABE (AC. MONOCLONALCONTRA B-AMILOIDE): LEVES ❖ Inibidores da acetilcolinesterase visam minimizar o déficit de acetilcolina decorrente da perda de neurônios no núcleo basal de Maynert São usados em paciente em estágio inicial da DA (aguarda 6 meses de tratamento, para saber eficácia) Os principais efeitos colaterais são: náusea, vômito, diarreia, dor abdominal, insônia, cefaleia e anorexia ❖ A memantina é um fármaco antagonista não competitivo de moderada afinidade de receptores NMDA (N-metil-D-asparta-to) do glutamato e está indicada nas fases moderadas e avança-das da DA, sendo geralmente bem tolerada São usados em paciente em estágios mais tardios (pode ser adicionados aos IAChE) ou só Entre os principais efeitos colaterais estão: diarreia, insônia, de-sorientação, alucinações, cefaleia e ansiedade. Os objetivos gerais do tratamento são: retardar a progressão dos sintomas cognitivos da doença; atenuar ou evitar os sintomas neuropsiquiátricos; manter a funcionalidade; melhorar a qualidade de vida dos pacientes. DEMAIS DEMÊNCIAS Demência rapidamente progressiva ◦ A demência rapidamente progressiva é tipicamente definida como um comprometimento cognitivo que acontece em mais de um domínio e em menos de 1 a 2 anos, embora na maioria das vezes se estabeleça em semanas a meses. ◦ Acomete geralmente indivíduos com menos de 65 anos ◦ A etiologia varia de acordo com os centros estudados (pode ser por vários tipos de demência de causassecundárias) ◦ É uma demência não degenerativa ◦ Pode ser reversível ou irreversível Outras demências: a) Mista: Quadro inespecífico / geralmente Alzheimer com outra (vascular na maioria das vezes) b) Depressão: não é demência, mas está associada piora cognitiva Demência por corpos de Lewy ◦ A demência por corpos de Lewy (DCL) é a segunda demência neurodegenerativa mais comum. ◦ Declínio cognitivo progressivo, flutuante ◦ PARKINSONISMO PRECOCE ◦ A doença subjacente é caracterizada principalmente pelo acúmulo da alfasinucleína e agregação dentro dos corpos de Lewy, que também são encontrados na doença de Parkinson. ◦ O início dos sintomas ocorre entre a sexta e a nona décadas, e a média de sobrevida é de 5 a 7 anos. ◦ Para a definição de DCL devem estar presentes o diagnóstico de demência e um ou mais critérios centrais: alucinações visuais (curiosamente, muitas vezes não incomodam o paciente), sinais parkinsonianos, flutuação na atenção e distúrbios do sono REM. ◦ Demencia aparece 1 a 2 anos antes do aparecimento da síndrome parkinsoniana ou após um ano dos sintomas ◦ Características adicionais podem sugerir o diagnóstico, como disfunção autonômica, sensibilidade importante aos neurolépticos, quedas frequentes, síncope e grandes oscilações de desempenho cognitivo de um dia para o outro ou mesmo de uma hora para a outra. ◦ O diagnóstico pode ser confundido com o de DA ou demência associada ao Parkinson A doença acomete mais homens por volta dos 70 à 85 anos Demência frontotemporal (demência de pick) ◦ A demência frontotemporal (DFT) é um distúrbio heterogêneo com fenótipos clínicos distintos associados a múltiplas entidades neuropatológicas. É a 3° causa de demência degenerativa (2° causa de demência degenerativa em menores de 65 anos) ❖ Grupo de doença que cursa com atrofia progressiva do lobo frontal e/ou temporal ◦ Trata-se de uma demência particularmente comum antes dos 65 anos. ◦ Atualmente, abrange desordens clínicas que incluem mudanças no comportamento, linguagem, controle executivo, desinibição e frequentemente sintomas motores. ◦ Os principais transtornos do espectro DFT incluem: DFT variante comportamental (DFTvc), afasia progressiva primária não fluente/agramática variante (ANFP) e demência semântica (DS). ◦ O diagnóstico pode ser estabelecido a partir de critérios clínicos, complementados por imagem. Convém levantar a suspeita quando o paciente preenche três dos seguintes critérios: apatia ou inércia, desinibição, perda de empatia, comportamento compulsivo e obsessivo, hiperoralidade ou disfunção executiva em teste cognitivo. ◦ A imagem estrutural e funcional fornece uma evidência de apoio mas não diagnóstica para a DFT, já que a neuroimagem pode parecer normal no início do curso da doença. ◦ Conforme a doença progride, a atrofia focal frontal ou temporal se manifesta em 50% a 65% dos pacientes ◦ 40% com HF (origem: genética ou esporádica) ◦ Não há tratamento específico (causa morte mais rápido) ◦ Nas variantes da linguagem pode ter benefício com a terapia fonoaudiológica ◦ Os anticolinesterásicos e a memantina não apresentam benefícios ◦ Terapia multidisciplinar ◦ Os subtipos principais: à Variante comportamental / à Variantes da afasia progressiva primária Demência frontotemporal (demência de pick) Demência vascular (comprometimento cognitivo vascular) ◦ Com frequência referida como demência aterosclerótica, demência por multiinfarto ou declínio cognitivo relacionado com doença vascular, a demência vascular (DV) é a segunda causa mais comum de demência no mundo, sendo na maioria das vezes associada à DA (demência mista). ◦ O quadro mais comum de CCV é a isquemia subcortical, afetando pequenos vasos cerebrais. Não ocorre por um processo neurodegenerativo (pode ser reversível ou não) ◦ A localização do acometimento é mais importante que a extensão; portanto, os sintomas variam em um amplo espectro. Aparecimento após 3 meses do AVC ◦ A progressão se dá classicamente em degraus, podendo também haver um declínio gradual, um curso flutuante ou um curso rápido. ◦ Habitualmente se associa a sinais focais e declínio cognitivo que nem sempre se relacionam anatomicamente, tendo em vista que em cerca de 50% dos casos a doença acomete pequenos vasos. ◦ Fatores de risco: OBESIDADE / HAS / DM / HIPERCOLESTEROLEMIA / TABAGISMO / SEXO MASCULINO / IDADE/ ETINIA NEGRA ◦ Diagnóstico: Por imagem ou Redução da memória + 1 campo cognitivo ou Redução de 2 ou mais campos cognitivos Obs: não pode ser por sequelas de AVC, delírium ou demais doenças Tratamento: Pode reverter ou não Sem evidência clara de benefício no uso de anticolinesterásico, mas considerar no caso de DA concomitante (galantamina) Prevenção pós-avc (abordagem dos fatores modificáveis) Slide 1: DEMÊNCIAS Slide 2: Avaliação cognitiva no idoso Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11: COMPROMETIMENTO COGNITIVO E COGNITIVO LEVE Slide 12 Slide 13: DOENÇA DE Alzheimer Slide 14: Definição/ Fatores de risco/ Epidemiologia Slide 15: FISIOPATOLOGIA Slide 16: FISIOPATOLOGIA Slide 17: Quadro clínico Slide 18: DIAGNÓSTICO Slide 19: DIAGNÓSTICO Slide 20: TRATAMENTO Slide 21: DEMAIS DEMÊNCIAS Slide 22: Demência rapidamente progressiva Slide 23: Demência por corpos de Lewy Slide 24: Demência frontotemporal (demência de pick) Slide 25: Demência frontotemporal (demência de pick) Slide 26: Demência vascular (comprometimento cognitivo vascular) Slide 27
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