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Resenha capítulo 4 do controle motor Base fisiológica do aprendizado motor e recuperação da função

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Base fisiológica do aprendizado motor e da recuperação da função 
Bruno de Oliveira Baptista, Centro Universitário Bráz Cubas 
Livro: Controle Motor: Teoria e aplicações práticas 
Autor: Woollacott, Marjorie H. / Shumway-Cook, Anne 
Neste capítulo começa citando as bases fisiológicas do aprendizado 
motor e da recuperação da função. Discute sobre a relação entre a plasticidade 
neural e o aprendizado motor, e discute como a plasticidade neural está 
relacionada a recuperação da função após lesões. 
Os autores iniciam o capítulo falando sobre a plasticidade neural e explica 
sobre a capacidade do cérebro de se adaptar e mudar ao longo do tempo. Isso 
significa que o cérebro pode modificar as suas conexões e as suas estruturas 
para responder a diferentes estímulos ou condições. É como se o cérebro fosse 
adaptativo e pudesse se moldar para aprender coisas novas, guardar memórias 
e se recuperar de lesões. 
A plasticidade neural é muito importante para a nossa capacidade de 
aprendizagem, que segundo os autores, temos como componente a memória 
que pode ser de curto prazo em que as informações são temporárias, ou de 
longo prazo em que são mais duradoras. A memória de longo prazo está 
diretamente ligada ao que aprendemos e envolve algumas alterações nas 
conexões entre os neurônios sendo elas mais estáveis, mas tanto a 
aprendizagem quanto a memória ocorrem em várias partes do cérebro. 
Há citações dos autores também neste capítulo sobre formas não 
associativas de aprendizagem, envolvendo a habituação e a sensibilidade. A 
habituação é um processo de aprendizado no qual a resposta a um estímulo 
diminui com a exposição repetida, enquanto a sensibilização é o oposto, em que 
a resposta aumenta. A habituação acontece quando o cérebro se acostuma com 
um estímulo considerado irrelevante ou que não causará prejuízo, enquanto a 
sensibilização ocorre quando o cérebro se torna mais sensível a um estímulo 
considerado relevante ou perigoso. Os dois processos são formas não 
associativas de aprendizado, ambos de curto ou a longo prazo e interligam 
alterações nas mesmas sinapses. 
Outra abordagem dos autores foi lembrar sobre a aprendizagem 
associativa, que se destaca o condicionamento clássico, onde o indivíduo faz 
uma associação entre dois estímulos resultando em uma resposta, e o operante 
que é o aprendizado por meio de recompensa ou punição. 
Mais outros dois tipos de aprendizagem foram citadas, uma é a 
aprendizagem declarativa que exige a consciência e atenção, ou seja, o autor 
cita algo que resulta em algo explícito como contar a alguém como foi algum 
evento do passado. A aprendizagem processual também foi lembrada durante o 
texto que tem por característica a melhora na atividade de alguma tarefa 
aprendida, diferente da declarativa onde já citado, pode ser expressada diferente 
de quando foi ensinada ou passada. Os autores enfatizam que a memória 
processual envolve circuitos cerebelares enquanto a declarativa os circuitos do 
 
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lobo temporal, e isso faz com que haja interferência na memória declarativa. 
Houve um estudo com alguns pacientes após a retirada do hipocampo e áreas 
do lobo temporal devido a epilepsia, e após a cirurgia não conseguiam obter 
memórias declarativas de longo prazo, porém mantinham as memórias antigas. 
Memórias curtas eram normais, porém, se houvesse alguma interferência ou 
algo que tirasse a atenção, esqueciam completamente. No estudo feito declarou 
que os lobos temporais e o hipocampo são importantes para o trabalho da 
memória, porém não fazem parte da região de armazenamento. Um outro tipo 
de aprendizagem sendo considerada a mais complexa é a aprendizagem 
perceptiva, ela não tem associação direta entre estímulos ou respostas sendo 
considerada uma forma mais complexa de aprendizagem. Ela ocorre quando 
observamos uma cena nova e o nosso cérebro armazena uma representação 
codificada dessa cena no córtex visual. Logo depois quando nos deparamos com 
o mesmo estímulo a representação visual é ativada novamente e reconhecemos 
esse estímulo. Dessa forma a aprendizagem perceptiva nos permite conhecer 
novamente e interpretar estímulos com base em experiências passadas. 
Os autores citam também neste capítulo a plasticidade neuronal e a 
recuperação da função após uma lesão neural que é citado no início. Existem 
formas diretas e indiretas de recuperação, que envolvem mudanças temporárias 
e a reorganização de circuitos neurais. A lesão afeta a função neuronal 
diretamente ou indiretamente, interrompendo as projeções das áreas lesadas, 
desnervando neurônios inervados por neurônios lesados ou removendo 
neurônios. Além da perda de neurônios, a perda sináptica causa degeneração 
nos tratos neuronais. 
Após essa lesão do sistema nervoso central, podem acontecer casos em 
que causam interrupção transitória no funcionamento cerebral. O nome usado 
para este caso é diasquise, que é a perda de função em uma área do cérebro 
não afetada diretamente pela lesão, pela falta de estímulo vindo de uma área 
lesionada. Isso pode acontecer pela diminuição no fluxo sanguíneo ou 
metabolismo. Em alguns estudos mostram que pode acontecer de voltar os 
níveis normais de atividade cerebral, pode haver também o recrutamento de 
sinapses silenciosas durante a recuperação, a regeneração neural após uma 
lesão nos axônios e eles voltam a surgir, supersensibilidade de denervação, que 
é o que acontece com pessoas com Parkinson onde ocorre a perda de neurônios 
que produzem dopamina na substância negra e núcleos da base, e por fim a 
germinação colateral que ocorre quando axônios vizinhos normais nascem para 
inervar locais sinápticos anteriormente ativados por axônios que sofreram algum 
tipo de trauma ou lesão. Mas como recuperar após a lesão? Esses estudos 
mostraram que o sistema nervoso é altamente adaptável e que essa capacidade 
é crucial para a recuperação após uma lesão. Existem pesquisas para aumentar 
a plasticidade do sistema nervoso e promover a reorganização, a fim de melhorar 
a recuperação, como a plasticidade cruzada que ocorre quando uma parte do 
cérebro que normalmente responde a um estímulo específico passa a responder 
a estímulos de outras modalidades sensoriais. Isso foi estudado principalmente 
no sistema visual e auditivo. Esses estudos dizem que os mapas corticais são 
muito dinâmicos. Quando ocorre uma lesão em um trato no cérebro, outro trato 
 
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menos dominante pode assumir as funções desse trato logo em seguida. Isso 
indica que há competição dependente do uso entre os neurônios por conexões 
sinápticas. Quando uma área fica inativa, uma área vizinha pode assumir suas 
funções anteriores e funcionar de forma funcional. 
O capítulo ajuda a entender e finaliza dizendo que mudanças podem 
ocorrer no cérebro após uma lesão neural, através de reorganizações imediatas. 
Além disso, a pesquisa sugere que essas experiências são cruciais e 
importantes para a formação dos mapas corticais. Se os pacientes ficarem sem 
reabilitação por longo período, o cérebro sofrerá mudanças na organização 
devido ao desuso, o que será prejudicial para eles. Porém, a boa notícia é que o 
treinamento faz a diferença, independentemente do momento em que é iniciado, 
pois o cérebro continua a ser plástico ao longo da vida.

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