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Curso/Disciplina: Direito Civil - Parte Geral 
Aula: Revogação. 
Professor (a): Rafael da Mota 
Monitor (a): Lívia Cardoso Leite 
 
Aula 03 
 
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO 
 
3. Revogação 
 
LINDB, art. 2º - Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou 
revogue. - Princípio da continuidade dos efeitos da norma. 
§1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare (revogação expressa), quando 
seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 
§2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem 
modifica a lei anterior. 
§3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a 
vigência. 
 
O Direito brasileiro admite a revogação tácita da norma? 
LINDB, art. 2º, §1º. Admite-se a revogação tácita quando: 
- Lei nova é incompatível com a lei anterior; 
- Lei nova regula toda a matéria. 
 
CPC/15 afirma expressamente que revoga o CPC/73. O CC/02 expressamente revogou o CC/16. 
Imagine-se que não houvesse nada a respeito da revogação dos diplomas anteriores. Mesmo assim estariam 
revogados, pois os Códigos posteriores vieram para regular toda a matéria. 
 
Incompatibilidade: há de se ter um esforço interpretativo. Ex: EC 66/2010. 
 
CF, art. 226 - A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
§1º O casamento é civil e gratuita a celebração. 
§2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. 
§3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como 
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 
§4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus 
descendentes. 
§5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela 
mulher. 
 
 
 
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§6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 
66, de 2010) 
§7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o 
planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos 
para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. 
§8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando 
mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. 
 
A separação deixou de ser requisito para o divórcio. A EC só disse isso. Ela não falou nada 
sobre a revogação do instituto da separação. A doutrina começou a sustentar que ele foi tacitamente 
revogado por incompatibilidade com o novo sistema. 
 
CJF, En. 514 - Art. 1.571: A Emenda Constitucional n. 66/2010 não extinguiu o instituto da separação 
judicial e extrajudicial. 
En. 515 - Art. 1.574, caput: Pela interpretação teleológica da Emenda Constitucional n. 66/2010, não há 
prazo mínimo de casamento para a separação consensual. 
En. 516 - Art. 1.574, parágrafo único: Na separação judicial por mútuo consentimento, o juiz só poderá 
intervir no limite da preservação do interesse dos incapazes ou de um dos cônjuges, permitida a cindibilidade dos 
pedidos com a concordância das partes, aplicando-se esse entendimento também ao divórcio. 
En. 517 - Art. 1.580: A Emenda Constitucional n. 66/2010 extinguiu os prazos previstos no art. 1.580 do 
Código Civil, mantido o divórcio por conversão. 
 
A Defensoria Pública do Estado do RJ editou portaria sustentando a revogação tácita por 
incompatibilidade. 
 
Independente dessas teses doutrinárias e da defendida pela DPERJ, o Judiciário continuou 
recebendo demandas de separação. Mesmo as pessoas podendo se divorciar diretamente, elas optavam por 
se separar. 
A questão, em repercussão geral, chegou ao STJ. Este decidiu que o instituto da separação não 
foi tacitamente revogado por incompatibilidade pela EC 66/2010. Continua sendo direito potestativo dos 
cônjuges optarem pela separação ou pelo divórcio. A separação não é mais requisito para o divórcio. Para 
se divorciar basta estar casado. Porém, pode-se exercer o direito de separar, rompendo-se, extinguindo-se, 
apenas a sociedade conjugal, mas mantendo-se o vínculo conjugal. 
Ex: questões religiosas podem fundamentar o pleito. A religião católica não permite o fim do 
vínculo conjugal, o divórcio, admitindo apenas o fim da sociedade conjugal, direitos e deveres entre os 
cônjuges. Portanto, quem segue a religião à risca, pleiteia apenas a separação, e não o divórcio. 
 
Não confundir revogação tácita porque a lei nova regulou toda a matéria com o dito pelo art. 
2º, §2º da LINDB. Esse é o caso em que a lei nova não regula toda a matéria, mas traz disposições gerais ou 
especiais. Quando a lei nova regula toda a matéria há revogação tácita. Quando ela traz disposições gerais 
ou especiais, não há revogação. Há vigência conjunta. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc66.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc66.htm#art1
 
 
 
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Ex: direito de superfície. Ingressou no Direito brasileiro com o Estatuto da Cidade (Lei nº 
10257/2001). Ele disciplinou o direito de superfície em áreas urbanas e sempre no interesse social. 
Em 2002 veio o CC e disciplinou aspectos gerais do direito de superfície. O CC, no que diz 
respeito a esse direito, revogou o que está previsto no Estatuto da Cidade? 
Não. A hipótese é de vigência conjunta, e não de revogação tácita. 
 
CJF, En. 93 - Art. 1.369: As normas previstas no Código Civil sobre direito de superfície não revogam as 
relativas a direito de superfície constantes do Estatuto da Cidade (Lei n. 10.257/2001) por ser instrumento de política 
de desenvolvimento urbano. 
 
Se o CC tivesse regulado toda a matéria, ou seja, também tivesse falado sobre direito de 
superfície aplicado em área urbana e no interesse social, estaria revogado o disposto no Estatuto da Cidade. 
Porém, ele trouxe apenas disposições gerais acerca desse direito. 
 
Repristinação: é admitida no Direito brasileiro? 
Para falar dela, têm de existir 3 leis - A, B e C. A lei B revogou a A. A lei C revogou a B. A 
repristinação é a retomada da vigência da Lei A por causa da perda da vigência da norma que a revogou, a 
Lei B. LINDB, art. 2º, §3º. Só é admitida a repristinação expressa. A tácita é proibida. A lei C expressamente 
tem de falar que revoga a Lei B com retorno de vigência da lei A. Isso é admitido. Não é uma técnica 
legislativa muito usual. Não acontece muito. É mais comum que a lei C revogue a B e traga a redação da Lei A 
em seu corpo. 
 
Não confundir repristinação com efeito repristinatório. Neste caso há 2 leis e 1 decisão judicial 
declaratória de inconstitucionalidade, que é uma declaração de nulidade absoluta. Decisões dessa 
natureza possuem efeitos ex tunc, que retroagem. Esses são os efeitos repristinatórios. A lei B revogou a A 
e foi declarada inconstitucional. Pelos efeitos repristinatórios, essa declaração produz efeitos ex tunc. 
Assim, a lei A volta a ter vigência porque a lei revogadora foi declarada inconstitucional. Para evitar 
problemas de segurança jurídica, os efeitos repristinatórios, de acordo com a lei que regula a ADI, podem ser 
modulados. Ao declarar a inconstitucionalidadede uma norma, o Judiciário pode dizer que os efeitos podem 
ser dali para frente ou que vão retroagir até tal data, por exemplo.

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