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MASTITE - DOENÇAS BACTERIANAS - VET 340

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Mastite 
-Classificação de mastite quanto à observação a olho nu, tempo, 
origem dos microrganismos e meio de entrada. São classificações 
independentes, uma não interfere na outra e não há necessidade de 
classificar em todos os 4 tipos. 
• Clínica/ subclínica. 
• Aguda/ subaguda/ crônica. 
• Descendente/ ascendente. 
• Contagioso/ ambiental: se o animal se deita após a 
manipulação da mama, as chances de ser ambiental são 
maiores. Para evitar isso, muitas vezes é oferecido comida 
após a retirada do leite. 
-Principais microrganismos: 
 
-Pode acontecer formação de biofilme dentro da glândula mamária 
que tem risco de se romper (privação de água, gestação) e a mastite 
retorna. Nesse caso, antibióticos não agem. 
-Epidemiologia: 
• Idade: vacas primíparas que nunca tiveram lactação devem 
ser ordenhados primeiros para evitar contaminação. 
• Raças: algumas raças são mais propensas a ter maior 
quantidade de leite. Os animais forçados a 2 ordenhas por 
dia, usando máquina e mão, as chances de contaminação são 
maiores. 
• Tipo de criação: onde o animal fica, manejo sanitário e 
nutricional. Animais de lactação/ ordenha e gestantes variam 
em necessidades nutricionais. 
• Mão de obra e manejo de ordenha. 
• Instalações. 
• Sistema de ordenha/ limpeza e manutenção dos utensílios. 
• Fases da lactação. 
 
-Na propriedade, a quantidade de mastites clínicas é bem menor que 
mastites subclínicas (efeito iceberg, pirâmide). 
-Na indústria leiteira, os problemas sanitários são os que mais 
afetam, seguido de problemas reprodutivos e metabólicos. Além 
disso, é um problema de saúde pública pelas toxinas liberadas pelo 
leite. 
-Mecanismos de defesa da glândula mamária: 
• Orifício do teto e canal: esfíncter do canal fecha e é 
necessário abrir para a retirada do leite e, após isso, o canal 
ainda fica aberto por um tempo. Quanto maior o canal, mais 
tempo a bactéria tem para adentrar no teto. 
 
• Fluxo do leite também ajuda a impedir a ascendência das 
bactérias. 
• Descamação das células queratinizadas superficiais do canal 
do teto: turn over das células que expulsa as bactérias 
aderidas. 
• Defesa celular: a glândula mamária contém leucócitos e 
células somáticas que podem atuar na defesa contra 
infecções. Essas células podem combater microrganismos 
invasores. 
• Defesa humoral (anticorpos): os anticorpos presentes no leite 
materno, como as imunoglobulinas, são transferidos para o 
bebê durante a amamentação. Esses anticorpos podem 
neutralizar bactérias e outros patógenos, protegendo tanto a 
mãe quanto o bebê. 
• Complemento (via alternativa): o sistema complemento, 
ativado pela via alternativa, pode destruir bactérias e outros 
patógenos por meio de uma série de reações químicas que 
levam à destruição das membranas celulares. 
• Sistema lactoperoxidase-tiocianato-peróxido de hidrogênio: 
esse sistema gera produtos químicos que têm propriedades 
bacteriostáticas para gram positivas e bactericidas para 
gram negativas. 
• Lisozima: enzima que ataca a parede celular bacteriana, 
destruindo-a e enfraquecendo a bactéria. 
• Lactoferrina: sequestra íons de ferro, o que é essencial para o 
crescimento bacteriano. 
-Patofisiologia: 
• Via canal do teto: via 
mas comum de infecção. 
Bactérias patogênicas 
podem entrar na glândula 
mamária através do canal 
do teto durante a 
amamentação ou em 
qualquer situação em que 
o teto esteja aberto, como ordenha inadequada. 
• Via percutânea: bactérias entram na glândula mamária 
através da pele ao redor do mamilo. Isso ocorre devido a 
fissuras ou feridas na pele que fornecem uma porta de 
entrada para as bactérias. 
• Hematógena: bactérias entram na glândula mamária através 
da corrente sanguínea. 
-Microrganismos diferentes podem infectar os quartos do úbere, 
ocasionando mastite de origens diferentes. 
 
-Fontes de contaminação da mastite: 
• Entre as ordenhas: 
o Fezes, cama contaminada; 
o Solo, água, ordem os animais, manejo sanitário. 
• Durante a ordenha: 
o Tipo de limpeza, mãos, teteiras, calibração. 
-Diagnóstico: 
• A campo: 
o Caneca telada ou fundo escuro: método simples para 
identificar possíveis sinais de mastite visualmente 
durante a ordenha. A caneca telada ou o fundo escuro 
permitem observar a presença de alterações na 
aparência do leite, como grumos, coágulos, sangue ou 
pus. 
o CMT (California Mastitis Test): teste rápido que pode ser 
realizado no campo para avaliar a CCS no leite. CMT 
envolve a mistura do leite com um reagente que reage 
com as células somáticas, formando uma consistência 
gelatinosa. A espessura do gel formado é uma 
indicação da gravidade da mastite. 
 
• Diagnóstico laboratorial: 
o Coleta de amostra para CCS: alta CCS indica 
inflamação. 
o Isolamento microbiano: amostra do leite infectado é 
cultivada em meios de cultura apropriados para 
identificar as bactérias presentes. 
o Antibiograma: teste de sensibilidade aos antibióticos 
feito após o isolamento das bactérias causadoras da 
infecção. 
-Haptoglobina: glicoproteína presente no sangue de mamíferos, 
incluindo ruminantes como bovinos, e desempenha papel crucial 
como uma proteína de fase aguda. Proteínas de fase aguda são 
aquelas cujas concentrações no sangue podem aumentar ou diminui 
significativamente em resposta a eventos inflamatórios, infecciosos 
ou traumáticos. A haptoglobina é sintetizada no fígado e, em 
circunstâncias normais, sua concentração no sangue é relativamente 
baixa. No entanto, sob estímulo inflamatório, a concentração de 
haptoglobina pode aumentar rapidamente. 
• No leite: 
o A haptoglobina é uma proteína de fase aguda que 
aumenta em resposta a inflamações e infecções em 
ruminantes. 
o No contexto da bovinocultura de leite, a haptoglobina 
pode ser usada para identificar vacas com mastite 
clínica e subclínica, além de ser um indicador de lote 
com alta CCS ou rebanhos com infecções. 
• No corte: 
o A haptoglobina também desempenha um papel na 
produção da carne bovina. 
o Na inspeção ante mortem, níveis anormais de 
haptoglobina no sangue podem ser um indicador de 
estresse, doença ou inflamação nos animais, 
contribuindo para a triagem antes do abate. 
o Monitorar a haptoglobina após o transporte e antes do 
abate pode fornecer informações sobre o bem-estar 
animal e o impacto do estresse no estado de saúde dos 
animais, afetando a qualidade dos produtos cárneos. 
-Tratamento: se é não infecciosa (não tem agente etiológico) mas 
ainda se encontra inflamada, pode ser que o bezerro tenha batido a 
cabeça no úbere para forçar a saída do leite ou qualquer outro 
motivo que tão requer um agente etiológico. Nesse caso, são 
utilizados anti-inflamatórios. No caso de mastite infecciosa, são 
utilizados tratamentos parenterais (sistêmicos) com: 
• MIC (concentração inibitória mínima) baixo; 
• Biodisponibilidade e distribuição alta no alvo. Muitas vezes o 
agente antimicrobiano não consegue atuar na região por 
variar muito as condições ideais de pH, quantidade de células 
no local, proteínas quelantes etc. Em outras palavras, alvo se 
encontra alterado. 
• Estrutura química que favoreça o acúmulo no leite: é por isso 
que o leite não pode ser colocado no tanque, e sim ser 
descartado. 
• Baixa atividade de ligação às proteínas do soro (do leite e 
sangue): essas proteínas costumam a se ligar aos 
componentes dos antimicrobianos, atuando como quelantes e 
impedindo que ele chegue na sua concentração ideal na 
glândula mamária. 
• Meia vida longa; 
• Custo baixo. 
-Antimicrobianos geralmente usados contra os principais agentes 
causadores de mastite bovina: 
1. Staphylococcus aureus: cefalosporinas, eritromicina, 
penicilina (para S. aureus susceptíveis), penicilina com 
novobiocina, tetraciclina e tilosina. O tratamento nem sempre 
é eficiente para cura clínica e eliminação completa das 
bactérias. 
2. Streptococcus agalactiar: cefalosporina,cloxacilina, 
macrolídeos, penicilina. Tratamento melhor sucedido em 
relação ao microrganismo anterior, podendo ser realizado no 
período de lactação. 
3. Escherichia coli: ampicilina-cloxacilina, cefalosporinas, 
gentamicina, tetraciclinas. O tratamento pode levar a uma 
melhora na taxa de recuperação de animais 
imunocomprometidos. 
4. Corynebacterium bovis: ampicilina, oxacilina, eritromicina. 
Boa resposta em tratamentos intramamários. 
5. Mycoplasma bovis: tetraciclinas, tilosina. Tratamento pouco 
eficiente. Para controle, separar animais infectados de não 
infectados. Importante realizar terapia de suporte. 
6. Estreptococcus ambientais: ampicilina, cefalosporinas, 
cloxacilina, novobiocina, penicilina, tetraciclinas. Boa 
resposta em tratamentos intramamário. 
7. Arcanobacterium pyogenes: penicilina, tetraciclinas. Por 
conta da reação supurativa causada pela infecção desta 
bactéria, há pouca penetração do antimicrobiano no sítio de 
ação, fazendo assim por vezes ineficaz o tratamento. 
-Idealmente, antes da antibioticoterapia é feito o antibiograma. 
-Procedimento para tratamentos: 
• Mastite clínica: 
o Tratada tão logo seja diagnosticada. 
o Pode não esperar pelo resultado do antibiograma. 
o Coletar amostras de leite para isolamento e 
antibiogramas. 
o Ordenhar animal por último. 
o Não usar leite para consumo. 
o Ferver antes de dar ao bezerro. Logicamente um leite 
cheio de sangue e células inflamatórias deve ser 
eliminado por risco de causar uma enterite no bezerro. 
• Mastite subclínica: 
o Tratar no início do período seco. Pode acompanhar no 
CNT (quantidade de cruzes). 
o Antimicrobianos formulados em veículos de eliminação 
e absorção lentos. Como o animal vai ficar 2 meses seco, 
é ideal que seja de absorção lenta para ficar mais 
tempo agindo. 
o Ação curativa e ação preventiva. Tratar os que estão 
com mastite e, de uma forma preventiva, tratar todos 
do rebanho. 
• Outras medidas: 
o Fluidoterapia; 
o Anti-inflamatórios; 
o Ocitocina para facilitar a limpeza da glândula 
mamária; 
o Esvaziamento do úbere. 
-A escolha do tratamento depende também do proprietário e varia 
de animal para animal. 
-Tratamentos alternativos promissores: compostos de plantas e 
associações estão em alta atualmente. Geralmente são utilizados de 
forma intramamária. São utilizados também inibidores de sistemas 
de efluxo (um dos mecanismos de resistência aos antimicrobianos, é 
um tipo de transporte ativo secundário). 
 
-Vias de aplicação do antimicrobiana: 
• Intramamária: 
o é necessário esgotar o quarto. 
o Limpeza igual da coleta de leite, porque muitas vezes 
foi visto que o organismo se encontra no exterior à 
glândula. Limpeza anteriormente com solução de álcool 
ou pré-dipping. 
o Utilizar cânula cuidadosamente. A cânula é uma 
bisnaga que possui uma cânula, semelhanetemente a 
uma seringa. É necessário haver cuidado porque está 
se introduzindo um material na glândula, sendo as 
vezes indicado passar um pouco de glicerina e 
introduzir lentamente e depois apertar a bisnaga. 
• Via sistêmica: 
o Mastite clínica aguda; 
o Para evitar infecções generalizadas. Dependendo da 
toxina da E. coli, o animal pode ser perdido em poucas 
horas. Pode ocorrer de o microrganismo entrar na 
corrente sanguínea e causar septicemia. 
o Associado ou não a tratamento intramamário, 
dependendo do grau. 
Obs.: quanto maior o número de associações, maior o custo do 
tratamento. 
-Prevenção e controle: programa plano, controle e manejo sanitário 
estabelecido na propriedade. O plano deve ser feito de acordo com 
o que é viável para o proprietário fazer. Plano geral para controle de 
mastite: 
1. Ordenhadeira em bom estado funcional: foi feito para tirar 
leite, não sangue. Esvaziar totalmente o úbere. Trocar as 
borrachas das teteiras, limpeza do equipamento. 
2. Realização do pré e pós-dipping: o pós deve conter uma 
solução emoliente, não seco. 
3. Tratamento das vacas com mastite clínica e vacas secas. 
4. Boa higienização antes, durante e após a ordenha: é essencial. 
5. Abate dos animais persistentes e recidivantes. 
-Metas a serem atingidas em um programa para controle da mastite: 
• Limitar a prevalência da mastite a níveis economicamente 
aceitáveis dentro da realidade de cada propriedade; 
• Erradicação não é possível. 
-Programa baseado em 4 aspectos fundamentais: fonte de infecção, 
diagnóstico, tratamento, descarte ou segregação de infectados. 
-Medidas de profilaxia para mastite:

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