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Mastite -Classificação de mastite quanto à observação a olho nu, tempo, origem dos microrganismos e meio de entrada. São classificações independentes, uma não interfere na outra e não há necessidade de classificar em todos os 4 tipos. • Clínica/ subclínica. • Aguda/ subaguda/ crônica. • Descendente/ ascendente. • Contagioso/ ambiental: se o animal se deita após a manipulação da mama, as chances de ser ambiental são maiores. Para evitar isso, muitas vezes é oferecido comida após a retirada do leite. -Principais microrganismos: -Pode acontecer formação de biofilme dentro da glândula mamária que tem risco de se romper (privação de água, gestação) e a mastite retorna. Nesse caso, antibióticos não agem. -Epidemiologia: • Idade: vacas primíparas que nunca tiveram lactação devem ser ordenhados primeiros para evitar contaminação. • Raças: algumas raças são mais propensas a ter maior quantidade de leite. Os animais forçados a 2 ordenhas por dia, usando máquina e mão, as chances de contaminação são maiores. • Tipo de criação: onde o animal fica, manejo sanitário e nutricional. Animais de lactação/ ordenha e gestantes variam em necessidades nutricionais. • Mão de obra e manejo de ordenha. • Instalações. • Sistema de ordenha/ limpeza e manutenção dos utensílios. • Fases da lactação. -Na propriedade, a quantidade de mastites clínicas é bem menor que mastites subclínicas (efeito iceberg, pirâmide). -Na indústria leiteira, os problemas sanitários são os que mais afetam, seguido de problemas reprodutivos e metabólicos. Além disso, é um problema de saúde pública pelas toxinas liberadas pelo leite. -Mecanismos de defesa da glândula mamária: • Orifício do teto e canal: esfíncter do canal fecha e é necessário abrir para a retirada do leite e, após isso, o canal ainda fica aberto por um tempo. Quanto maior o canal, mais tempo a bactéria tem para adentrar no teto. • Fluxo do leite também ajuda a impedir a ascendência das bactérias. • Descamação das células queratinizadas superficiais do canal do teto: turn over das células que expulsa as bactérias aderidas. • Defesa celular: a glândula mamária contém leucócitos e células somáticas que podem atuar na defesa contra infecções. Essas células podem combater microrganismos invasores. • Defesa humoral (anticorpos): os anticorpos presentes no leite materno, como as imunoglobulinas, são transferidos para o bebê durante a amamentação. Esses anticorpos podem neutralizar bactérias e outros patógenos, protegendo tanto a mãe quanto o bebê. • Complemento (via alternativa): o sistema complemento, ativado pela via alternativa, pode destruir bactérias e outros patógenos por meio de uma série de reações químicas que levam à destruição das membranas celulares. • Sistema lactoperoxidase-tiocianato-peróxido de hidrogênio: esse sistema gera produtos químicos que têm propriedades bacteriostáticas para gram positivas e bactericidas para gram negativas. • Lisozima: enzima que ataca a parede celular bacteriana, destruindo-a e enfraquecendo a bactéria. • Lactoferrina: sequestra íons de ferro, o que é essencial para o crescimento bacteriano. -Patofisiologia: • Via canal do teto: via mas comum de infecção. Bactérias patogênicas podem entrar na glândula mamária através do canal do teto durante a amamentação ou em qualquer situação em que o teto esteja aberto, como ordenha inadequada. • Via percutânea: bactérias entram na glândula mamária através da pele ao redor do mamilo. Isso ocorre devido a fissuras ou feridas na pele que fornecem uma porta de entrada para as bactérias. • Hematógena: bactérias entram na glândula mamária através da corrente sanguínea. -Microrganismos diferentes podem infectar os quartos do úbere, ocasionando mastite de origens diferentes. -Fontes de contaminação da mastite: • Entre as ordenhas: o Fezes, cama contaminada; o Solo, água, ordem os animais, manejo sanitário. • Durante a ordenha: o Tipo de limpeza, mãos, teteiras, calibração. -Diagnóstico: • A campo: o Caneca telada ou fundo escuro: método simples para identificar possíveis sinais de mastite visualmente durante a ordenha. A caneca telada ou o fundo escuro permitem observar a presença de alterações na aparência do leite, como grumos, coágulos, sangue ou pus. o CMT (California Mastitis Test): teste rápido que pode ser realizado no campo para avaliar a CCS no leite. CMT envolve a mistura do leite com um reagente que reage com as células somáticas, formando uma consistência gelatinosa. A espessura do gel formado é uma indicação da gravidade da mastite. • Diagnóstico laboratorial: o Coleta de amostra para CCS: alta CCS indica inflamação. o Isolamento microbiano: amostra do leite infectado é cultivada em meios de cultura apropriados para identificar as bactérias presentes. o Antibiograma: teste de sensibilidade aos antibióticos feito após o isolamento das bactérias causadoras da infecção. -Haptoglobina: glicoproteína presente no sangue de mamíferos, incluindo ruminantes como bovinos, e desempenha papel crucial como uma proteína de fase aguda. Proteínas de fase aguda são aquelas cujas concentrações no sangue podem aumentar ou diminui significativamente em resposta a eventos inflamatórios, infecciosos ou traumáticos. A haptoglobina é sintetizada no fígado e, em circunstâncias normais, sua concentração no sangue é relativamente baixa. No entanto, sob estímulo inflamatório, a concentração de haptoglobina pode aumentar rapidamente. • No leite: o A haptoglobina é uma proteína de fase aguda que aumenta em resposta a inflamações e infecções em ruminantes. o No contexto da bovinocultura de leite, a haptoglobina pode ser usada para identificar vacas com mastite clínica e subclínica, além de ser um indicador de lote com alta CCS ou rebanhos com infecções. • No corte: o A haptoglobina também desempenha um papel na produção da carne bovina. o Na inspeção ante mortem, níveis anormais de haptoglobina no sangue podem ser um indicador de estresse, doença ou inflamação nos animais, contribuindo para a triagem antes do abate. o Monitorar a haptoglobina após o transporte e antes do abate pode fornecer informações sobre o bem-estar animal e o impacto do estresse no estado de saúde dos animais, afetando a qualidade dos produtos cárneos. -Tratamento: se é não infecciosa (não tem agente etiológico) mas ainda se encontra inflamada, pode ser que o bezerro tenha batido a cabeça no úbere para forçar a saída do leite ou qualquer outro motivo que tão requer um agente etiológico. Nesse caso, são utilizados anti-inflamatórios. No caso de mastite infecciosa, são utilizados tratamentos parenterais (sistêmicos) com: • MIC (concentração inibitória mínima) baixo; • Biodisponibilidade e distribuição alta no alvo. Muitas vezes o agente antimicrobiano não consegue atuar na região por variar muito as condições ideais de pH, quantidade de células no local, proteínas quelantes etc. Em outras palavras, alvo se encontra alterado. • Estrutura química que favoreça o acúmulo no leite: é por isso que o leite não pode ser colocado no tanque, e sim ser descartado. • Baixa atividade de ligação às proteínas do soro (do leite e sangue): essas proteínas costumam a se ligar aos componentes dos antimicrobianos, atuando como quelantes e impedindo que ele chegue na sua concentração ideal na glândula mamária. • Meia vida longa; • Custo baixo. -Antimicrobianos geralmente usados contra os principais agentes causadores de mastite bovina: 1. Staphylococcus aureus: cefalosporinas, eritromicina, penicilina (para S. aureus susceptíveis), penicilina com novobiocina, tetraciclina e tilosina. O tratamento nem sempre é eficiente para cura clínica e eliminação completa das bactérias. 2. Streptococcus agalactiar: cefalosporina,cloxacilina, macrolídeos, penicilina. Tratamento melhor sucedido em relação ao microrganismo anterior, podendo ser realizado no período de lactação. 3. Escherichia coli: ampicilina-cloxacilina, cefalosporinas, gentamicina, tetraciclinas. O tratamento pode levar a uma melhora na taxa de recuperação de animais imunocomprometidos. 4. Corynebacterium bovis: ampicilina, oxacilina, eritromicina. Boa resposta em tratamentos intramamários. 5. Mycoplasma bovis: tetraciclinas, tilosina. Tratamento pouco eficiente. Para controle, separar animais infectados de não infectados. Importante realizar terapia de suporte. 6. Estreptococcus ambientais: ampicilina, cefalosporinas, cloxacilina, novobiocina, penicilina, tetraciclinas. Boa resposta em tratamentos intramamário. 7. Arcanobacterium pyogenes: penicilina, tetraciclinas. Por conta da reação supurativa causada pela infecção desta bactéria, há pouca penetração do antimicrobiano no sítio de ação, fazendo assim por vezes ineficaz o tratamento. -Idealmente, antes da antibioticoterapia é feito o antibiograma. -Procedimento para tratamentos: • Mastite clínica: o Tratada tão logo seja diagnosticada. o Pode não esperar pelo resultado do antibiograma. o Coletar amostras de leite para isolamento e antibiogramas. o Ordenhar animal por último. o Não usar leite para consumo. o Ferver antes de dar ao bezerro. Logicamente um leite cheio de sangue e células inflamatórias deve ser eliminado por risco de causar uma enterite no bezerro. • Mastite subclínica: o Tratar no início do período seco. Pode acompanhar no CNT (quantidade de cruzes). o Antimicrobianos formulados em veículos de eliminação e absorção lentos. Como o animal vai ficar 2 meses seco, é ideal que seja de absorção lenta para ficar mais tempo agindo. o Ação curativa e ação preventiva. Tratar os que estão com mastite e, de uma forma preventiva, tratar todos do rebanho. • Outras medidas: o Fluidoterapia; o Anti-inflamatórios; o Ocitocina para facilitar a limpeza da glândula mamária; o Esvaziamento do úbere. -A escolha do tratamento depende também do proprietário e varia de animal para animal. -Tratamentos alternativos promissores: compostos de plantas e associações estão em alta atualmente. Geralmente são utilizados de forma intramamária. São utilizados também inibidores de sistemas de efluxo (um dos mecanismos de resistência aos antimicrobianos, é um tipo de transporte ativo secundário). -Vias de aplicação do antimicrobiana: • Intramamária: o é necessário esgotar o quarto. o Limpeza igual da coleta de leite, porque muitas vezes foi visto que o organismo se encontra no exterior à glândula. Limpeza anteriormente com solução de álcool ou pré-dipping. o Utilizar cânula cuidadosamente. A cânula é uma bisnaga que possui uma cânula, semelhanetemente a uma seringa. É necessário haver cuidado porque está se introduzindo um material na glândula, sendo as vezes indicado passar um pouco de glicerina e introduzir lentamente e depois apertar a bisnaga. • Via sistêmica: o Mastite clínica aguda; o Para evitar infecções generalizadas. Dependendo da toxina da E. coli, o animal pode ser perdido em poucas horas. Pode ocorrer de o microrganismo entrar na corrente sanguínea e causar septicemia. o Associado ou não a tratamento intramamário, dependendo do grau. Obs.: quanto maior o número de associações, maior o custo do tratamento. -Prevenção e controle: programa plano, controle e manejo sanitário estabelecido na propriedade. O plano deve ser feito de acordo com o que é viável para o proprietário fazer. Plano geral para controle de mastite: 1. Ordenhadeira em bom estado funcional: foi feito para tirar leite, não sangue. Esvaziar totalmente o úbere. Trocar as borrachas das teteiras, limpeza do equipamento. 2. Realização do pré e pós-dipping: o pós deve conter uma solução emoliente, não seco. 3. Tratamento das vacas com mastite clínica e vacas secas. 4. Boa higienização antes, durante e após a ordenha: é essencial. 5. Abate dos animais persistentes e recidivantes. -Metas a serem atingidas em um programa para controle da mastite: • Limitar a prevalência da mastite a níveis economicamente aceitáveis dentro da realidade de cada propriedade; • Erradicação não é possível. -Programa baseado em 4 aspectos fundamentais: fonte de infecção, diagnóstico, tratamento, descarte ou segregação de infectados. -Medidas de profilaxia para mastite:
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