Prévia do material em texto
IANI SOARES LUZ XIII – MED VERTIGEM, DESEQULÍBRIO E EXAME DA AUDIÇÃO Orelha - A orelha interna é um conjunto complexo de estruturas no interior do osso temporal dividido em 2 sistemas: • Labirinto anterior ou cóclea: Contém os órgãos da audição; • Labirinto posterior ou sistema vestibular: Contém os órgãos responsáveis pelo equilíbrio. Audição IANI SOARES LUZ XIII – MED Orelha externa - Pavilhão auricular: Fixado lateralmente na cabeça. • O pavilhão auricular, constituído por um esqueleto fibrocartilaginoso, permite identificar e localizar a fonte sonora. • Em sua porção medial está localizada a concha, uma escavação profunda, ao redor da qual há 4 saliências: hélice, antélice, trago e antitrago. • Na porção inferior, há uma quinta saliência, o lóbulo, que não possui cartilagem. – Meato acústico externo (MAE): Estende-se do pavilhão auricular até a membrana timpânica . - A orelha externa funciona como uma caixa de ressonância, sendo responsável por transferir e amplificar o som para a orelha média, principalmente em frequências de 2.000 a 5.000 Hz. Contribui, também, na percepção da origem da fonte sonora. 1.1.2. Orelha média - Cavidade pneumática (cheia de ar) localizada na parte petrosa do osso temporal, denominada cavidade timpânica. - Comunica-se com a nasofaringe por meio de um canal osteocartilaginoso, a tuba auditiva. - Na cavidade timpânica encontra-se a cadeia ossicular (martelo, bigorna e estribo), articulados entre si, e que se estendem da membrana timpânica à orelha interna. - A orelha média funciona como um transformador de impedâncias ao transmitir a energia mecânica do som do meio aéreo, de baixa impedância (baixo atrito), para o interior da cóclea, meio de alta impedância (alto atrito). IANI SOARES LUZ XIII – MED Orelha interna - Composta por minúsculas cavidades e canalículos na parte petrosa do osso temporal, incluindo o labirinto ósseo dentro do qual se encontram ductos e vesículas membranáceas que formam o labirinto membranoso. - Labirinto ósseo: • 3 canais semicirculares; • Cóclea: Responsável pela conversão da energia mecânica do som em impulsos elétricos (transdução mecanoelétrica. Além disso) e pela separação dos sons de acordo com seu espectro de frequência. ◦ Possui a forma de um ducto em espiral, dividido em 3 seções: o Escala timpânica o Escala média o Escala vestibular • Membrana basilar: Separa as escalas vestibular e média da escala timpânica e é composta por fibras com diferentes graus de elasticidade. • Teoria da codificação espacial da frequência ou tonotopia coclear: A diversidade de tamanho e elasticidade entre as fibras que compõem a membrana basilar faz com que diferentes regiões vibrem de acordo com a frequência da onda sonora incidente na orelha, de modo que sons agudos excitam a região basal da cóclea, enquanto os graves, a região apical. Equilíbrio Labirinto e canais semicirculares - Labirinto (orelha interna) é composto por uma estrutura membranosa (labirinto membranoso), contida no interior de uma estrutura óssea (labirinto ósseo). • Cada labirinto contém 5 receptores sensoriais, representados pelas 2 máculas dos órgãos otolíticos e pelas cristas dos 3 canais semicirculares. IANI SOARES LUZ XIII – MED • Entre o labirinto ósseo e o membranoso encontra-se um líquido, a perilinfa, e, dentro do labirinto membranáceo, a endolinfa. - Canais semicirculares: Canal anterior (ou superior), canal posterior e canal horizontal (ou lateral). • Formam entre si pares coplanares, sendo responsáveis pelo reconhecimento de acelerações angulares causadas pela rotação da cabeça ou do corpo. • Como esses canais são espelhados, ou seja, o canal lateral direito está no esmo plano que o esquerdo, um movimento que cause máxima excitação de um membro do par produzirá a máxima inibição do outro. • A ampola de cada ducto contém células ciliadas, nas quais cada uma possui diversos estereocílios e um cinocílio, envoltos por massa gelatinosa (cúpula). • São esses cílios que, ao se movimentarem, permitem percepção dos movimentos - Sáculo e utrículo - Estruturas que possuem células ciliadas sensitivas agrupadas nas chamadas máculas utriculares e saculares. As células ciliadas estão embebidas em uma membrana otolítica, constituída de matriz gelatinosa de mucopolissacarídios. • Nessa matriz encontram-se aderidos cristais de carbonato de cálcio (otocônias), que, por terem densidade relativa maior, exercem pressão sobre o epitélio sensorial. - A mácula é capaz de detectar acelerações lineares, movimentos de inclinação e estímulos gravitacionais em qualquer plano tridimensional, complexo mecanismo que contribui para a manutenção do equilíbrio. IANI SOARES LUZ XIII – MED Exame clínico Anamnese Identificação Idade: • Recém-nascidos (RNs): Destacam-se infecções perinatais, uso de medicamentos ototóxicos e mutações genéticas; • Crianças pré-escolares e escolares: Maior prevalência de otite média; • Idosos: Relevância a presbiacusia. Sexo: A presbiacusia, por exemplo, é mais prevalente no sexo masculino, enquanto otosclerose, doenças imunomediadas e paraganglioma são mais frequentes em mulheres; Cor: Otosclerose é mais frequente em pessoas de cor branca; Profissão: Pensar em perda auditiva nos pacientes expostos, no momento atual ou pregressamente, a ambientes ruidosos no trabalho ou a agentes tóxicos inaláveis. Antecedentes pessoais Crianças: • Antecedentes pré-natais (uso de substâncias ototóxicas; infecções [toxoplasmose, rubéola, citomegalovirose, HIV/AIDS]); • Antecedentes perinatais (prematuridade, anoxia, hipoxia); • Antecedentes pós-natais (necessidade de internação em unidade de terapia intensiva, uso de aminoglicosídeos ou diuréticos de alça, hiperbilirrubinemia, meningite neonatal). Adultos e idosos: • Tabagismo, uso de bebidas alcoólicas, alimentação e sedentarismo; • Antecedentes cirúrgicos, especialmente otorrinolaringológicos; • Doenças sistêmicas; • Uso de medicamentos (aminoglicosídeos, diuréticos de alça, salicilatos e cisplatina); • Exposição a ambientes ruidosos; • História de traumatismo cranioencefálico. IANI SOARES LUZ XIII – MED Antecedentes familiares: Questionar a existência de outros familiares com perda auditiva, como disacusias congênitas, otosclerose e presbiacusia. Sinais e sintomas - Disacusia (hipoacusia e anacusia): Principal queixa relacionada com a audição. Significa perda parcial ou total de audição que diminua a inteligibilidade da mensagem falada. • Deve ser sempre avaliada quanto a: − Lateralidade (uni ou bilateral); − Início (insidioso, rapidamente progressivo ou abrupto); − Intensidade (se parcial ou total); − Duração (dias, semanas, meses ou anos); − Constância, intermitência ou flutuação ao longo do dia; − Início, antes ou após aquisição da linguagem oral (pré ou pós lingual); sintomas associados (zumbido, tontura, plenitude aural e acometimento de outros pares cranianos, como o nervo facial). - Tontura e vertigem: Pode decorrer de comprometimento dos sistemas periféricos (aferência) ou das respostas motoras envolvidas na estabilização da postura e da manutenção do centro da massa corporal e da cabeça (eferência). Pontos importantes a investigar: − Tempo de evolução, aguda (menos de 1 semana) ou crônica; − Recorrente ou autolimitada; − Periodicidade; − Características da tontura (sensação rotatória caracteriza a vertigem); − Sintomas associados (hipoacusia, zumbido, cefaleia, náuseas, vômito); − Fatores desencadeantes (movimentos ou posição da cabeça; esforço físico; alimentação; estresse). - Zumbido: Sensaçãode som na ausência de estímulo sonoro externo. Dados a serem analisados: − Localização (unilateral, bilateral ou na cabeça); − Características (apito, chiado, grave, agudo, pulsação); − Tempo de evolução; − Modo de início (insidioso, abrupto, após episódio de surdez súbita ou episódio de tontura); − Fatores de melhora ou piora (movimentação da cabeça; ingestão de alimentos como chocolate, alimentos condimentados, uso de cafeína); − Grau de incômodo (leve, moderado, intenso); IANI SOARES LUZ XIII – MED − Sintomas associados: tontura, plenitude aural, perda auditiva, cefaleia, cervicalgia e distúrbio da articulação temporomandibular; doenças sistêmicas (hipertensão arterial, diabetes, hiper ou hipotireoidismo); − Tabagismo, etilismo, consumo excessivo de doces; − Medicamentos (ácido acetilsalicílico, anti-inflamatórios, aminoglicosídeos e antidepressivos); − Tratamentos realizados. Exame físico Inspeção das orelhas externa e média - Observar forma, tamanho e cor do pavilhão auricular, com o objetivo de detectar malformações, como agenesia de pavilhão auricular; microtia do pavilhão auricular; aplasia ou hipoplasia do meato acústico externo; orelhas proeminentes; fístulas ou cistos pré-auriculares. - Meato acústico externo: Pesquisar edema, secreções, descamações, sangue ou cerume, corpo estranho, escoriações ou alterações na estrutura (estreitamento, abaulamento, deformidades). - Membrana timpânica: Quando normal, tem formato arredondado, coloração perlácea com uma região anterior que reflete a luz do otoscópio, chamada triângulo luminoso de Politzer, à otoscopia ou à otomicroscopia. - Alterações mais frequentes da membrana timpânica: • Otite média aguda: Observa-se membrana timpânica íntegra e abaulada; • Membrana timpânica com perfuração central; IANI SOARES LUZ XIII – MED • Membrana timpânica íntegra com áreas de esclerose. Palpação da orelha externa - A palpação do pavilhão auricular e da região retroauricular é útil para avaliação de tumorações, identificação de linfonodos, cistos, abscessos ou hematomas. • Indispensável para identificar áreas de flutuação quando houver suspeita de abscesso. - Observar também a presença de orifícios (fístulas), malformações dos arcos branquiais, como o coloboma auricular. Ausculta - Importante ser feita nas regiões retroauricular, periauricular e cervical em pacientes com zumbido pulsátil para investigar a possibilidade de aneurisma, fístula ou malformações arteriovenosas. - Teste de Weber: O diapasão é colocado na linha média do crânio do paciente, na testa, glabela ou incisivos centrais superiores ou inferiores. O paciente deve informar se escutou o som na linha média, na orelha direita ou na esquerda. IANI SOARES LUZ XIII – MED - Teste de Rinne: Permite comparar a audição por vias óssea e aérea. O diapasão é colocado na apófise da mastoide do paciente até o desaparecimento da percepção sonora; em seguida é colocado na região anterior ao trago, sem tocá-lo. • Rinne positivo, ou seja, condução aérea melhor que a condução óssea. Rinne positivo na perda neurossensorial, a condução óssea e a condução aérea são igualmente diminuídas. • Rinne negativo na perda condutiva, condução óssea melhor que a aérea. IANI SOARES LUZ XIII – MED OBS: Em indivíduos com audição normal a via respiratória é mais sensível à percepção sonora do que a via óssea, ou seja, a percepção do som ainda ocorre quando o diapasão estiver localizado à frente do trago (Rinne positivo). OBS: Avaliação de perda auditiva pelo Teste de Rinne: • Perdas neurossensoriais: Teste de Rinne positivo significa que há rebaixamento tanto na via respiratória quanto na via óssea. • Perda condutiva: Teste de Rinne negativo, ou seja, a percepção na via óssea é melhor que na via respiratória. ◦ Paciente escuta melhor o som do diapasão quando estiver apoiado na mastoide. Testes de função vestibular - Teste estático da função vestibular (teste de Romberg): Utilizado para avaliar o reflexo vestibulospinal, as conexões do tronco encefálico e o cerebelo. • Técnica: Coloca-se o paciente em pé com os calcanhares juntos e as pontas dos pés separadas a 30º, braços ao longo do corpo ou estendidos anteriormente na altura dos ombros e olhos fechados durante cerca de 1 min. • Interpretação do teste: • Normal: Indivíduo permanece na posição inicial, sem oscilações que ocasionem queda ou deslocamento do pé; IANI SOARES LUZ XIII – MED • Queda para a frente ou para trás: Relaciona-se com o comprometimento do SNC; • Oscilações ou queda para as laterais: Sugerem alterações no sistema vestibular. - Testes dinâmicos da função vestibular: • Marcha: Nas lesões unilaterais do sistema vestibular periférico, a marcha é insegura, e o paciente apresenta desvio ou queda para o lado comprometido. − De modo característico, observa-se piora da qualidade da marcha com os olhos fechados, ocorrendo melhora, quando o paciente abre os olhos e tem o auxílio da fixação visual. • Teste de Fukuda: Solicita-se que o paciente execute 60 passos, elevando os joelhos como se estivesse marchando sem sair do lugar, com os olhos fechados e os braços estendidos anteriormente na altura dos ombros. − Consideram-se normais os desvios laterais de até 30° e deslocamentos anteriores de 1 metro. − O ideal é realizar o teste em uma sala com marcação circular no chão, representada por 3 círculos concêntricos com 50 cm de diâmetro cada e 12 divisões radiais de 30°). − A alteração mais frequente no teste é o desvio lateral progressivo ao longo do teste, em geral para o lado do déficit vestibular. IANI SOARES LUZ XIII – MED Nistagmo ◦ Espontâneo: Movimento ocular observado no paciente sentado, com os olhos na posição primária do olhar (olhar frontal), sem fixação ocular. ▪ Nas labirintopatias periféricas o nistagmo espontâneo está presente apenas na fase aguda e coincide com o relato de vertigem. ▪ Na fase aguda, o nistagmo tem o componente rápido no sentido oposto ao da lesão e diminui progressivamente até desaparecer. De posição: ▪ Manobra de Dix-Hallpike: Testase o canal semicircular posterior, o mais acometido nos casos de desprendimento de otólitos. IANI SOARES LUZ XIII – MED Semiotécnica da manobra de DixHallpike: • Paciente inicialmente sentado com as pernas estendidas sobre a maca; • Com o paciente sentado, vira-se sua cabeça passivamente em um ângulo de 45° com o plano sagital para o lado testado; • Faz-se movimento rápido e contínuo, deitando o paciente e finalizando a manobra com a cabeça do paciente ultrapassando a borda da maca e pendurada para trás em torno de 15°; • Paciente deve permanecer com a cabeça pendente por cerca de 30 s com os olhos abertos; • Canal posterior testado em cada lado é aquele que está em posição mais inferior ao fim da manobra. • O nistagmo que aparece alguns segundos é: ◦ Geotrópico (componente rápido em direção ao solo); ◦ Torcional; ◦ Desaparece com a repetição da manobra (fatigável) IANI SOARES LUZ XIII – MED Doenças das orelhas - Cerume Substância normalmente presente no meato acústico externo, cuja função é limpá- lo, lubrificá-lo e protegê-lo. Quando em excesso ou impactado, pode provocar hipoacusia e desconforto. • É hidrofóbico, ácido e conter lisozima e tem atividade bactericida. - Corpo estranho Comum em crianças. • Provocam hipoacusia e zumbidos. • No caso de insetos, provocam desconforto e ruído desagradáveis. • Pode ocorrer infecção. - Otite externa difusa Inflamação difusa do meato acústico externo, podendo atingir também pavilhão auriculare a membrana timpânica. • Caracteriza-se por dor, que pode ser intensa, que irradia para a região temporal e mandibular, sensibilidade aumentada da dor à palpação e à manipulação da orelha, prurido, perda auditiva tipo condutiva e plenitude auricular por edema e estenose do meato acústico externo devido ao acúmulo de debris e secreções. • Ao exame físico, o meato é eritematoso e edemaciado. Podem ser observadas otorreia purulenta, bolhas, falsas membranas e lesões crostosas. • Nos processos infecciosos avançados, podem estar presentes febre e linfonodomegalia, pré e pós-auricular, e na região cervical anterior. • A bactéria isolada com mais frequência é a Pseudomonas aeruginosa (cerca de 40% dos casos), seguida por Staphylococcus epidermidis e Staphylococcus aureus. IANI SOARES LUZ XIII – MED - Otite externa necrosante Processo infeccioso começa no meato acústico externo e se estende à base do crânio. - A maioria dos casos é observada em pacientes imunocomprometidos, principalmente diabéticos (90%), insulinodependentes e mal controlados e idosos. • A Pseudomonas aeruginosa, tal como na otite externa difusa, é o agente infeccioso mais comum. • O sintoma mais comum (90% dos casos) é otalgia, em geral lancinante, que se irradia para as regiões frontotemporais e parietais, com piora à noite. Otomicroscopia de orelha direita com cerume em meato acústico externo. ◦ Costuma ser resistente aos analgésicos comuns. • Grande parte dos casos é acompanhado de otorreia fétida e purulenta. • Paralisia facial periférica pode ocorrer pelo comprometimento do forame estilomastóideo ou necrose do VII par em infecções avançadas, condição clínica que tem pior prognóstico. • Os nervos mais comumente envolvidos são o VII, X e XI. Otomicose/otite externa fúngica Causada por fungos existentes na pele do meato acústico externo. Aspergillus é o agente etiológico mais frequente, seguido por Candida albicans. Principal queixa é prurido intenso, podendo ocorrer também sensação de plenitude aural e zumbido, em decorrência de acúmulo de secreções, além de otorreia espessa que pode ocluir o meato. Ao exame físico, o meato acústico tem aspecto hiperemiado com discreto edema. ◦ Infecções por Aspergillus: Micélios fúngicos, que apresentam diversas colorações, conforme a espécie: preta quando se trata de A. niger, verde de A. viridans, amarela de A. flavus, marrom de A. Fumigatus. ◦ Infecções por Candida: Meato pode estar preenchido por massa esbranquiçada. Pericondrite e condrite auricular Processos inflamatórios do pericôndrio e da cartilagem da orelha externa, respectivamente. IANI SOARES LUZ XIII – MED • Como o suprimento sanguíneo da cartilagem é feito através do pericôndrio, a presença de coleções purulentas entre o pericôndrio e a cartilagem impede a irrigação, podendo causar necrose. • Pseudomonas aeruginosa é o microrganismo encontrado com mais frequência. • A orelha afetada mostra-se hiperemiada e dolorosa, com endurecimento de parte ou de todo o pavilhão, podendo ocasionar oclusão do meato acústico externo. - Podem existir pontos de flutuação, inclusive com drenagem espontânea de secreção purulenta. - Nos casos mais graves, a pele sobre a área afetada pode ter descamação, com crostas ou ulceração. • A pericondrite do pavilhão auricular induzida pelo piercing vem se tornando uma afecção frequente, principalmente entre os jovens. Herpes-zóster Aparecimento de reações inflamatórias nos gânglios e na pele do dermátomo correspondente. • A causa é a reativação do herpes-vírus simples tipo 3 que permanece latente nos gânglios das raízes nervosas dorsais. ◦ Diminuição da imunidade parece ser a causa da ativação do vírus. • Manifesta-se por dor intensa, do tipo nevrálgico, e aparecimento de vesículas sobre uma base eritematosa, seguindo a distribuição cutânea do nervo acometido. IANI SOARES LUZ XIII – MED Otite média aguda Antecedente de alergia ou infecção que resulta em congestão com edema de mucosa do trato respiratório, incluindo rinofaringe, tuba auditiva e orelha média. • A efusão produzida dentro da orelha média, não encontrando saída, nela se acumula. • Inicia-se com infecção de vias aéreas superiores, que se arrasta até o súbito aparecimento de otalgia. • Em crianças pode-se observar irritabilidade, dificuldade para alimentar e febre. • O diagnóstico de otite média aguda é feito pela presença de otalgia e visualização pela otoscopia de abaulamento de membrana timpânica, dado que é considerado patognomônico. • Ao exame físico observa-se membrana timpânica com perda da transparência ou presença de líquido em orelha média, e à pneumotoscopia encontra-se redução na mobilidade desta membrana. • Os microrganismos bacterianos mais frequentes são Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis. IANI SOARES LUZ XIII – MED Otite média com efusão: Presença de líquido na orelha média na ausência de sinais ou sintomas de infecção aguda. O fluido pode ser mucoide, seroso, sanguinolento ou purulento. • Confirma-se o diagnóstico pela otoscopia, com visualização de bolhas de secreção ou nível hidroaéreo. • A membrana timpânica frequentemente apresenta aumento da vascularização radial da parte tensa. • Pode-se observar também horizontalização do cabo do martelo. Otite média crônica (OMC) Processo inflamatório da orelha média com duração superior a 3 meses. • OMC não colesteatomatosa simples: Perfurações timpânicas; ◦ Centrais: Quando se encontram bordas de remanescente timpânico em torno da perfuração; ◦ Marginais: Quando não existem bordas em algum ponto da perfuração. ◦ As manifestações mais comuns são otorreia intermitente, em geral associada a episódios de infecções de vias aéreas superiores ou história de contaminação com água, com dor e diminuição da acuidade auditiva. ◦ Mucosa da orelha média normalmente tem aspecto pálido e não apresenta secreção. OMC não colesteatomatosa supurativa IANI SOARES LUZ XIII – MED Presença de otorreia mucoide ou mucopurulenta de longa duração que se acentua durante episódios infecciosos de vias aéreas superiores. ◦ As perfurações da membrana timpânica são de grandes dimensões e às vezes totais. OMC colesteatomatosa Colesteatoma caracteriza-se pela presença de pele na cavidade timpânica, com matriz externa formada por epitélio estratificado pavimentoso queratinizado, repousando sobre perimatriz de tecido conjuntivo. ◦ A matriz descama em lamelas de queratina para dentro do espaço por ela delimitado, preenchendo-o e distendendo-o. ◦ Pode ser classificada em congênita e adquirida, primária e secundária Mastoidite coalescente Resulta de evolução de processo inflamatório que envolve a mastoide, levando à lise das septações ósseas. • Caracteriza-se por hiperemia, calor e rubor da região retroauricular, podendo, em alguns casos, evoluir para coleção purulenta, com formação de abscesso. IANI SOARES LUZ XIII – MED Otosclerose Hipoacusia originada da anquilose da platina do estribo, e/ou do envolvimento generalizado da cápsula ótica. • Em geral, a perda auditiva tem início na idade de 15 a 35 anos, sendo mais frequente em pessoas de cor branca. • Em geral, a otoscopia é normal, mas em raros casos observam-se anastomoses dos vasos do promontório, originando mancha róseo-avermelhada, conhecida como sinal de Schwartz. • A audiometria demonstra perda auditiva condutiva, principalmente, para tons graves. Vertigem - A vertigem, ou seja, sensação ilusória rotativa, é o principal tipo de tontura que pode ser caracterizada pelos pacientes. - É importante diferenciar a crise vertiginosa periférica da de origem central,a partir da análise do nistagmo e de testes adequados. - Entre as vestibulopatias periféricas, as principais são: síndrome de Ménière, vertigem postural paroxística benigna (VPPB), neurite vestibular. IANI SOARES LUZ XIII – MED Síndrome de Ménière - Vertigem de origem periférica caracterizada pela tétrade sintomática: • Vertigem episódica • perda auditiva progressiva • Zumbido • Plenitude aural. • Crise vertiginosa: Início súbito, duração de alguns minutos a 24 h; em geral, a sensação vertiginosa permanece 2 a 3 h, persistindo desequilíbrio o resto do dia; • Perda auditiva: Neurossensorial, flutuante, progressiva, acometendo, inicialmente, frequências mais graves; Vertigem postural paroxística benigna (VPPB) - Caracteriza-se por crises vertiginosas desencadeadas por movimentos bruscos da cabeça, associadas a nistagmo posicional paroxístico. • A vertigem tem duração de alguns segundos e cessa espontaneamente. • Não há sintomas auditivos. - O diagnóstico pode ser feito pela manobra de Dix-Hallpike. Neurite vestibular - De etiologia desconhecida, acredita-se que esteja relacionada a infecção pelo herpes-vírus simples tipo 1, com comprometimento do ramo superior do nervo vestibular. - O paciente apresenta um episódio de vertigem de aparecimento súbito associado a sintomas neurovegetativos importantes, como náuseas, vômito e sudorese fria. • Não há queixas auditivas. • A crise pode ter duração de dias a semanas. IANI SOARES LUZ XIII – MED EXAME OTOSCÓPICO Entre as ferramentas diagnósticas da otologia está a otoscopia. A presença de um canal – conduto auditivo externo – e de uma fronteira com transparência – membrana timpânica – entre a orelha externa e a orelha média transforma o uso de iluminação não somente necessário como um diferencial em relação à grande maioria das regiões anatômicas que não permitem de forma tão acessível obter informações de tamanho impacto no diagnóstico dos pacientes. Para se reconhecer as diversas patologias que afetam a orelha média com repercussões à otoscopia (otite média aguda e otite média crônica) O otoscópio é um instrumento semelhante a uma lanterna que possui formato cônico em sua cabeça para facilitar sua adequação à anatomia da orelha. Ele possui uma lente de aumento que permite a melhor visualização das estruturas anatômicas. O instrumento dispõe de uma série de espéculos de tamanhos variados que facilitam a acomodação do instrumento da orelha. O tamanho adequado do espéculo deve ser o maior que o meato acústico do paciente consiga acomodar com facilidade. É fundamental que o espéculo escolhido seja corretamente esterilizado antes do procedimento. PROCEDIMENTO O examinador deve solicitar que o paciente incline a cabeça para o lado contralateral ao examinado. Para facilitar a introdução do otoscópio, devemos realizar a retificação do meato acústico. Em adultos, isso consiste na tração delicada do pavilhão auricular para superior e posteriormente, afastando-o discretamente da cabeça. Em crianças, o pavilhão auricular deve ser tracionado para inferior e posteriormente. IANI SOARES LUZ XIII – MED O instrumento deve ser segurado através de seu cabo, entre o polegar e os demais dedos do examinador, de forma semelhante a uma caneta. Em geral, o examinador segura o otoscópio em sua mão direita quando está avaliando a orelha direita, e o inverso quando se observa a orelha esquerda. Além disso, é importante apoiar a mão que segura o otoscópio na face do paciente, através do quinto dedo, para garantir que o instrumento acompanhe os movimentos da cabeça do paciente IANI SOARES LUZ XIII – MED A inserção do espéculo deve ser lenta, delicada e direcionada para baixo e para frente, permitindo a visualização da membrana timpânica. Ao longo do conduto auditivo externo, o profissional de saúde deve buscar identificar presença de corpos estranhos, hiperemia, edema e cerume. Por vezes, o cerume, cuja cor varia de amarelo a marrom, pode atrapalhar a visualização das demais estruturas. Por outro lado, ao observar o tímpano, o examinador deve estar atento à coloração, contornos e presença ou não de perfurações na membrana. A observação dos pontos de referência mencionados pode auxiliar o profissional na avaliação da saúde do ouvido médio. IANI SOARES LUZ XIII – MED ALTERAÇÕES OTITE EXTERNA AGUDA Otite externa aguda é a infecção da pele do canal auditivo, geralmente de etiologia bacteriana. No exame físico, geralmente manifesta-se através de dor à movimentação do pavilhão auricular e trago. - Na otoscopia, a otite externa aguda apresenta meato acústico edemaciado, estreitado, úmido, pálido e hipersensível. Eventualmente, o meato acústico pode apresentar hiperemia. OTITE MÉDIA AGUDA A otite média aguda é o surgimento rápido de sinais e sintomas de inflamação da orelha média. - No exame físico, geralmente manifesta-se através de dor à palpação do processo mastoide. - Em geral, ela se manifesta na otoscopia através de abaulamento, opacidade (perda da translucidez) e hiperemia da membrana timpânica, e, quando de etiologia bacteriana, via acúmulo de secreção purulenta. Saiba mais sobre essa doença em Otite Média aguda | Ligas. PERFURAÇÃO DE MEMBRANA TIMPÂNICA - As perfurações da membrana timpânica podem ser causadas tanto por traumatismos diretos, quanto por infecções purulentas na orelha média. Elas podem estar associadas a sintomas como perda auditiva, dor, otorragia e vertigem. - Essa perfuração geralmente é evidente na otoscopia, onde a membrana timpânica também se apresentará com mobilidade abolida e, em perfurações infecciosas, pode apresentar fibrose e tecido de granulação (associados à inflamação crônica).