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Maria Luiza Rodrigues Nascimento - 020671 Equilí�io Sistema Vestibular O senso de equilíbrio deve-se a função do Aparelho Vestibular. O Aparelho Vestibular junto a Cóclea (audição) formam a orelha interna nos ossos temporais do crânio. O Aparelho Vestibular possui duas parte: (1) Utrículo e o Sáculo (2) Canais Semicirculares Utrículo e Sáculo: informações sobre a aceleração linear (Alteração da velocidade horizontalmente ou verticalmente). Canais Semicirculares: senso de aceleração rotacional (ou angular), orientados em 3 planos. Células Ciliadas: são células epiteliais modificadas e são os receptores de equilíbrio. Cada um contém 20 a 50 projeções piliformes, com exceção de uma, todas as projeções são estereocílios (contêm filamentos de proteínas circundados por parte da memb celular). Uma projeção maior denominada cinecílio, possui estrutura de um cílio verdadeiro. Quando os estereocílios são encurvados na direção do cinecílio, a memb celular se deprime devido influxo de íon positivos para a cél de líquido endolinfático, tornado-se despolarizada. Isso faz com que a célula ciliada libere um transmissor sináptico que estimula os dendritos de neurônio sensitivos que fazem parte do nervo vestibulococlear (VIII). Quando os estereocílios são encurvados na direção oposta, fecha os canais iônicos e a membrana da célula ciliada se torna hiperpolarizada, e em consequência libera menos transmissor sináptico. Dessa maneira, a frequência dos potenciais de ação dos neurônios sensitivos que inervam as células ciliadas transmitem informações sobre movimentos que fazem as projeções das células ciliadas se encurvaram. Utrículo e Sáculo: Possuem área de epitélio especializado denominada Mácula, composta por células ciliadas e células de suporte. As células ciliadas se projetam para o labirinto membranáceo cheio de endolinfa, com seus cílios encravados numa memb otolítica gelatinosa. A memb otolítica contém cristais de carbonato de cálcio (otólitos ou estatocônias). Essas pedras aumentam a massa da membrana o que acarreta em maior inércia (resistência a alteração do movimento). Por causa da orientação de suas projeções piliformes para o para o interior da membrana otolítica, o utrículo é mais sensível à aceleração horizontal e o sáculo à aceleração vertical. Durante aceleração para frente, a membrana otolítica permanece atrás das células ciliadas, de modo que os cílios do utrículo são empurrados para trás. De modo similar, a inércia da membrana otolítica faz com que os cílios do sáculo sejam empurrados para cima quando uma pessoas desce rapidamente num elevador. Esses efeitos e os efeitos opostos produzem um padrão alterado de potenciais de ação nas fibras nervosas sensitivas que nos permite manter o equilíbrio em relação à gravidade durante a aceleração linear. Canais Semicirculares: Os 3 canais se projetam em 3 planos diferentes em ângulos quase retos entre si. Cada canal contém uma extensão interna do labirinto membranáceo denominada ducto semicircular. Na base de cada ducto existe uma proeminência alargada chamada ampola. As células ciliadas sensitivas estão localizadas na crista ampular, uma área elevada da ampola. As projeções dessas células estão encravadas numa membrana gelatinosa, a cúpula, a qual possui uma densidade maior que a da endolinfa circundante. A cúpula pode ser empurrada por movimentos da endolinfa. A endolinfa dos ductos semicirculares serve a uma função análoga à membrana otolítica, provendo inércia de modo que as projeções sensitivas sejam encurvadas numa direção oposta a da aceleração linear. Por exemplo, no movimento de rotação da cabeça para a direita, a endolinfa faz com que a cúpula seja encurvada para a esquerda e estimula as células ciliadas. As células ciliadas do ducto semicircular anterior são estimuladas durante um salto, as do ducto semicircular posterior, durante uma cambalhota e as do ducto semicircular lateral, durante a rotação em torno do eixo longo do corpo. Vias Neurais A estimulação das células ciliadas (receptores) do aparelho vestibular, em contato com a endolinfa, ativa neurônios sensitivos do nervo vestibulococlear (VIII). Essas fibras transmitem impulsos ao cerebelo e aos núcleos vestibulares da medula oblonga. Por sua vez, os núcleos vestibulares enviam fibras ao centro oculomotor do tronco encefálico e a medula espinhal. Neurônios do centro oculomotor controlam os movimentos oculares e neurônios da medula espinhal estimulam os movimentos da cabeça, pescoço e membros. Os movimentos oculares e corporais produzidos por essas vias servem para manter o equilíbrio e para rastrear o campo visual durante a rotação. 2 conjuntos de estruturas: - receptores no utrículo e sáculo: cílios ativados pela gravidade (informa a posição da cabeça) - receptores em canais semicirculares: crista ampular (a movimentação da endolinfa em resposta aos movimentos externos ativam os cílios dando origem à movimentação reflexa dos olhos) (neurônio 1: célula bipolar gânglio vestibular) - prolongamentos periféricos (pequenos) ligam-se aos receptores - prolongamentos centrais (maiores) constitui a porção vestibular do nervo vestibulococlear que fazem sinapse com neurônio 2 (neurônio 2: localizados nos núcleos vestibulares e a partir deles formam-se as vias: - inconsciente: axônios formam o fascículo vestíbulo cerebelar que ganha o cortex do vestíbulo cerebelo - consciente: conexão com área vestibular (lobo parietal) (o nervo vestibular transmite informações sobre a aceleração da cabeça para os núcleos vestibulares do bulbo que as distribuem para centros superiores, dessa forma, mantendo o equilíbrio, a postura e os reflexos oculares. - dos núcleos vestibulares saem fibras que atingem os pares 3,4 e 6 (promove movimento dos olhos no sentido contrário da cabeça) - fibras aferentes (chegam ao cerebelo vindas dos núcleos vestibulares) - fibras eferentes (vão para os neurônios dos núcleos vestibulares) esses modulam os tratos vestibuloespinhais que controlam a musculatura axial e extensora dos membros (mantém postura e marcha) Nistagmo e vertigem Quando um pessoas começa a rodopiar, a inércia da endolinfa no interior dos ductos semicirculares faz com que a cúpula encurve na direção oposta. A medida que a rotação continua, a inércia da endolinfa é superada e a cúpula endireita. Nesse momento a endolinfa e a cúpula se movem na mesma direção e com a mesma velocidade. Quando o movimento é abruptamente interrompido, a maior inércia da endolinfa faz com que ela continue a se mover na direção prévia da rotação e que a cúpula seja encurvada nessa direção. A inclinação da cúpula afeta o controle muscular dos olhos e do corpo através das vias neuronais. Durante uma rotação, isso produz movimentos oculares suaves na direção oposta a do movimento da cabeça, de modo que um ponto de fixação visual estável pode ser mantido. Quando a rotação é interrompida de forma abrupta, os olhos continuam a mover-se suavemente na direção oposta a da rotação (encurvamento contínuo da cúpula) e a seguir, movem se rapidamente de volta a linha média. Isso produz oscilações involuntárias dos olhos denominadas Nistagmo Vestibular. A vertigem em decorrência da rotação é uma resposta natural do aparelho vestibular. Patologicamente, a vertigem pode ser causada por qualquer coisa que altere a taxa de disparo de um dos nervos vestibulococleares (direito ou esquerdo)em comparação ao outro. A vertigem grave é muitas vezes acompanhada por tontura, palidez, sudorese, náusea e vômito em decorrência do envolvimento do sistema nervosos autônomo, que ativado pelo sistema vestíbulo do tronco encefálico Investigação Testes Clínicos Provocativos (1) Head Impulse Test: Quando há comprometimento, há dificuldade em manter fixação do olhar a rotação da cabeça para o lado comprometido, pois a correção do globo ocular depende de sua informação. Consiste em ficar frente para o paciente segurando sua cabeça entre as mãos, o paciente fixa um ponto entre os olhos do examinador e então sua cabeça é girada bruscamente para um dos lados. Quandoo giro e para o lado comprometido há atraso no ajuste vestibular na correção do olhar. Esse atraso manifesta-se como desvio do olhar e sacada corretiva para manter fixação da imagem. Positividade sugere comprometimento vestibular. Os casos de vertigem com teste normal são suspeito de lesão aguda do SNC. (2) Teste de Romberg: Consiste em pedir que o paciente fique em pé, com pés juntos e olhos fechados. Positivo quando a estabilidade corporal pode ser mantida com olhos abertos mas não com eles fechados. Teste consistente com doença vestibular ou proprioceptiva. Sua sensibilidade é baixa para diagnóstico de vertigem. (3) Fukuda - Unterberger: Investigação dinâmica do equilíbrio. O paciente marcha no lugar, com olhos fechados por um minuto. O teste é positivo quando há desvio de mais de 30 graus, comumente para o lado que apresenta menor atividade vestibular. Os pacientes com lesões do SNC costumam oscilar o corpo durante a marcha, eventualmente com queda. (4) Dix Hallpike: paciente passa rapidamente da posição sentada à posição deitada com a cabeça pendente na maca (mais ou menos 30°) e rodada lateralmente a 45° com a orelha a ser testada voltada para o solo. Na presença de partículas em suspensão, essa movimentação da cabeça provoca deslocamento da endolinfa e da cúpula do canal semicircular posterior, produzindo um nistagmo característico com latência de 2 a 5 seg, que desaparece alguns seg depois. O paciente é mantido com a cabeça rodada e pendente por aproximadamente 30 seg, para observar latência e a duração do nistagmo. Ao retornar à posição sentada inicial, pode aparecer nistagmo, geralmente menos intenso, em direção contrária à observada no teste. Positividade é dada pelo surgimento de nistagmo torsional paroxístico após latência de alguns segundos, no sentido horário no olho esquerdo (ao testar o canal posterior esquerdo) ou anti-horário no olho direito (no teste do canal posterior direito). O olho contralateral à orelha testada apresenta nistagmo vertical para cima. O teste tem importância particular na diferenciação dos nistagmos de origem central ou periférica Exame Otoscópico Se história e sinais clínicos sugerem síndrome periférica, o exame é fundamental para afastar problemas locais, como infecções, retrações, perfurações, hemotímpano, etc. Exame Otoneurológico O exame compreende a avaliação funcional do labirinto (audição e equilíbrio). É composta por audiometria, impedanciometria e pela eletronistagmografia. Audiometria: medição dos limiares auditivos e da discriminação da fala. Impedanciometria: avalia a pressão interna da orelha média e a presença do reflexo estapediano Eletronistagmografia: se refere a combinação investigativa do nistagmo vestibular, oculomotricidade e provas calóricas com gravação dos movimentos oculares.Utiliza estímulos não fisiológicos (água ou ar no conduto auditivo) para induzir gradiente térmico dentro dos canais semicirculares. A baixa resposta sugere lesão do órgão periférico ou das isas vestibulares. na ausência de outros sinais de localização no SNC, é um sinal de doença vestibular. Prova Calórica: Teste da avaliação otoneurológica que verifica a integridade do reflexo vestíbulo-ocular e possibilita avaliar cada labirinto separadamente. Provas com Diapasão Teste de Weber: Ao diapasão ser batido e é colocado ou no centro do crânio com uma distância igual entre as orelhas ou colocado junto do lábio superior. Mostra perda auditiva condutiva (ouve com mais intensidade na orelha afetada) ou perda neurossensorial (ouve com mais intensidade na orelha em bom estado) Teste de Rinne: Diapasão é colocado no mastóide (parte de trás da orelha) e é posto a vibrar. Se por via óssea for melhor que aerea, então o paciente tem perda auditiva condutiva, e se ouvir por tempo mais reduzido que normal em ambas as vias, então o paciente tem perda auditiva neurossensorial. Prova de Schwabach: Estuda a duração da condução óssea em segundos, comparando-a com a de um ouvido normal. Exames de Imagem Ressonância Magnética é o exame de eleição para a orelha inteira e as lesões do SNC. A solicitação de RM em um paciente com vertigem deve ser feita frente a associação de 1 ou mais dos sintomas: a) Vertigem súbita, persistente e isolada b) Vertigem súbita na presença de Head Impulse Test normal. c) Vertigem súbita com cefaléia, especialmente em região occipital. d) Vertigem súbita acompanhada de sinais neurológicos. e) Vertigem súbita e surdez sem história pregressa compatível com síndrome de Ménière. Avaliação de especialista: A avaliação por otorrino ou neuro deve ser solicitada na presença de alguns fatores de alerta: a) Vertigem incapacitante ou ataxia desproporcional à tontura. b) Tontura persistente por mais de 4 semanas. c) Doenças localizadas no labirinto, com ou sem vertigem. d) Comprometimento da audição. e) Nistagmo vertical, dissociado ou multidirecional. f) Sinais neurológicos focais. Tratamento geral das vestibulopatias Objetivo do tratamento das vertigens em sua fase aguda é aliviar sintomas apresentado e proporcionar alívio. Medicamentos de escolha são: antieméticos, como o dimenidrato e metoclopramida, os anti-hista- mínicos, como a prometazina, e os benzodiazepínicos, como o diazepam. Quando náuseas e vômitos os medicamentos devem ser usados preferencialmente por via intramuscular ou retal. Passado estado de náusea e vômito, pode ser usado medicamentos por período limitado para conforto do paciente. Antes era usado bloqueadores de canal de cálcio (cinarizina e flunarizina), atualmente damos preferência para medicamentos que sabidamente auxiliam na compensação central, como beta histina, que promove a liberação de histamina no núcleo vestibular. A Histamina atua no SNC como neurotransmissor modulador da atividade vestibular e sua presença está relacionada a efetividade da compensação central. Todo medicamento de uso na fase aguda deve ser utilizado durante o menor tempo possível, pois os depressores vestibulares implicam em retardamento da compensação vestibular central fisiológica, cronificando a tontura. Quando há diagnóstico específico o tratamento deve ser direcionado a causa. O espaço anteriormente utilizado pelo medicamento foi hoje ocupado pelo métodos de reabilitação vestibular. Esse programa deve ser iniciado o mais rápido possível, devendo seguir alguns princípios: - Orientação do paciente, com explicações sobre sua doença e benefícios do tratamento. Essa conduta propicia apoio psicológico ao doente - Tratamento de reabilitação necessário a compensação fisiológica - Medicação adequada que auxilie o tratamento, apenas quando necessário. Síndromes Vestibulares mais comuns Vertigem Postural Paroxística Benigna (VPPB) Epidemiologia: - A mais comum das doenças vestibulares - Mais comum entre mulheres de 40 a 60 anos - Pode ter como causa: osteoporose, trauma, infecção, neurite, idiopática Fisiopatologia: - Desordem comum da orelha interna que resulta na estimulação anormal dos canais semicirculares, na maioria das vezes no canal posterior. - A posição da cabeça e a direção do nistagmo indicam o canal acometido. - Essa vertigem é atribuída ao movimentento de partículas livres (otolitos flutuantes livres) na endolinfa por ação da força gravitacional, deslocados da máculaa ventricular para um dos canais semicirculares, sendo mais freqüente no posterior em função de sua posição anatômica. - Otólitos nos canais semicirculares (canalitíase) ou otólitos aderidos à cúpula (cupulolitíase) Quadro Clínico: - Vertigens curtas (duram < 1 minuto e tipicamente entre 15-20 segundos) e cessam espontaneamente. - Após a crise, muitos pacientes referem mal-estar e náuseas com alguma instabilidade que pode durar horas. - Provocados por alteração na posição da cabeça com relação a gravidade, como deitado, rolando na cama, erguendo-se na posição supina e estendendo a cabeça para olhar para cima. Diagnóstico: - Pesquisa diagnóstica é realizada pela manobra de Dix Hallpike em que observa a presença de nistagmo. Quando o canal acometido é o lateral, nistagmo induzidopelo posicionamento da cabeça é horizontal. Nesse caos sua direção apontará para o solo (geotrópico) se as partículas estiverem livres na endolinfa (canalitíase) ou terá direção contrária ao solo (ageotrópico) caso estejam aderidas à cúpula do canal (cupulolitíase) Tratamento: - Em sua grande maioria os casos de VPPB regridem espontaneamente, assim que cessado o período de adaptação natural do SNC - Não são indicados medicamentos sedantes vestibulares, uma vez que a vertigem tem causa mecânica e apresenta bons resultados com as manobras de reposicionamento e o uso de depressores vestibulares interfere na recuperação funcional do sistema. - Manobras de reposicionamento para tirar o otólito do canal semicircular: a mais utilizada é a manobra de Eply. O paciente é colocado na posição de diagnóstico de Dix Hallpike e assim permanece até o desaparecimento do nistagmo e da tontura, de um a dois minutos. A cabeça é lentamente girada 90° para o lado oposto, sendo assim mantida por mais 1-2 min. O corpo é rodado para a posição de decúbito lateral, seguido pela movimentação de 90° da cabeça até que o nariz aponte para o chão em ângulo de 45° do plano do solo. Essa posição é mantida por 30-60 seg, e então o paciente é orientado a encostar seu queixo no peito e sentar-se lentamente. - Em alguns casos de má evolução, além da busca do fator desencadeante do processo, são indicadas outras técnicas fisioterápicas, que não o reposicionamento de partículas, além de intervenção cirúrgica, quando há persistência da queixa após várias tentativas de reposição e tratamento. Neurite Vestibular (Vertigem Aguda Prolongada) Fisiopatologia: - Lesão vestibular unilateral aguda - Geralmente a lesão é causada por um vírus que danifica o nervo vestibular, o qual envia mensagem sobre o movimento e equilíbrio da orelha para o cérebro. A infecção pode ter origem respiratória ou gastrointestinal, geralmente Herpes Zoster. - Também pode ser causada por diminuição do fluxo sanguíneo na orelha interna, exposição a agentes tóxicos ou substâncias alérgicas que podem danificar o nervo. - Tais sintomas se devem a uma assimetria súbito dos impulsos provenientes dos labirintos ou em suas conexões centrais, simulando uma rotação contínua da cabeça. A vertigem contínua persiste mesmo quando a cabeça não está em movimento. Quadro Clínico: - Causa vertigem constante, com duração de dias (1 a 3), náuseas, vômito, oscilopsia (movimento da cena visual) e desequilíbrio. - Gravidade dos sintomas geralmente diminui ao longo do tempo, mas pelo nervo ter sido danificado ainda pode ter sintomas. - Podem se agravar com movimentos rápidos da cabeça - Não afeta a audição Diagnóstico: - Hiperatividade na prova calórica observada na fase aguda e posteriormente a hiporreatividade identifica o lado acometido. - Principal diagnóstico diferencial é o infarto cerebelar (só vertigem) - Falta de inibição do nistagmo pela fixação ocular e integridade do reflexo vestíbulo ocular durante o Head Impulse Test fecham diagnóstico para Sd vertiginosa de origem central. - Assim, em pacientes idosos, com fatores de risco vasculares com sd vestibular aguda deve -se avaliar possibilidade de AVE quando não tiver achados específicos que indiquem lesão central. Tratamento: - A maioria dos pacientes tem recuperação espontânea, mas glicocorticóides podem melhorar o prognóstico, se administrados até 3 dias a partir do início dos sintomas. - Não há benefício comprovado em medicação antiviral, a menos que haja evidência de Herpes Zoster - Medicamentos supressores vestibulares podem amenizar sintomas agudos, mas devem ser evitados após primeiros dias pois impede compensação central e a recuperação. - Terapia de reabilitação vestibular dirigida pode acelerar a melhora Síndrome de Ménière Fisiopatologia: - Algumas etiologias estão relacionadas ao desenvolvimento da hidropisia, como infecções da orelha média, distúrbios metabólicos, traumatismos, migrânea e otosclerose. Quando não identifica um possível fator causal, A síndrome é denominada doença de Ménière. - Acredita-se que a doença se deve ao excesso de líquido (endolinfa) na orelha interna, daí a designação de Hidropsia Endolinfática, aumentando a pressão. Quadro Clínico: - Caracterizada por crises vertiginosas acompanhadas de diminuição da audição, zumbidos e sensação de ouvido cheio (plenitude auricular), a SM pode ser incompleta, apresentando apenas um ou dois desses sintomas. - Nos períodos intercrises pode haver ausência de sintomas, persistência das queixas auditivas ou ainda desequilíbrios ao movimento. - Com o passar do tempo, não mais ocorre flutuação dos sintomas e a lesão labiríntica é instalada - A evolução costuma ser lenta e benigna, mas alguns casos podem evoluir rapidamente levando a surdez Diagnóstico: - Clínico - A audiometria e a eletronistagmografia demonstram o grau de comprometimento da orelha afetada - A eletrococleografia também pode documentar a hidropisia, realizada através de potencial evocado auditivo. Tratamento: - Baseada na teoria da concentração plasmática da vasopressina e seu efeito sobre as aquaporinas, o tratamento é baseado na diluição do hormônio pela ingestão elevada de água. - Dieta pobre de sódio (hipossódica) e diuréticos - Cirurgia é tratamento de exceção e deve ser ponderado após tratamento clínico sem sucesso. estão entre essas cirurgias: procedimentos conservadores como descompressão do saco endolinfático e os destrutivos, como labirintectomia química e neurectomia do nervo vestibular. Fístula Perilinfática Defini-se fístula labiríntica como uma comunicação anormal entre a orelha interna e a orelha média. Quadro Clínico: - Apresenta-se como um surto agudo de vertigem acompanhada de perda auditiva, geralmente precedida por esforço físico ou trauma, embora possa ser espontânea. - Outro sintoma muito sugestivo de fístula é a presença de nistagmo e vertigem desencadeados por sons (fenômeno de Túlio) - O aumento da pressão intracraniana por manobra de Valsalva, tosse, espirros ou sons intensos pode desencadear vertigem. Diagnóstico: - É controverso e não há exame que possa ser conclusivo, ficando a história clínica como indício mais importante para a conclusão final. - Teste clínico utilizado é o aparecimento de nistagmo quando aumentada a pressão no conduto auditivo externo através de pêra de borracha ou compressão digital do tragus – sinal da fístula ou de Hennebert. Mas sua ausência não exclui o diagnóstico, que será certeza apenas quando observado o extravasamento da endolinfa para o ouvido médio durante cirurgia exploradora. - Audiometria é o exame de esco- lha para a demonstração de comprometimento auditivo. Tratamento: - Não há tratamento medicamentoso resolutivo - Recomenda-se repouso com a cabeça elevada evitando esforços com o intuito de não aumentar a pressão sobre a fístula por 2-3 semanas. - Para aliviar vertigem são utilizados depressores vestibulares como meclizina, dimenidrinato, prometazina, metoclopramida, etc. - Persistência dos sintomas leva a indicação de timpanotomia exploradora (controversa na literatura) - A finalidade cirúrgica é amenizar a vertigem, não sendo esperada normalização auditiva de imediato Labirintite Fisiopatologia: - Inflamação do labirinto da orelha interna ocorre quando o nervo é infectado por um vírus ou bactéria. Geralmente secundárias a infecções da orelha externa ou média. - Atualmente são raras com o uso de antibioticoterapia precoce Quadro Clínico: - Manifesta-se de forma abrupta com hipoacusia e vertigem intensa podendo progredir para o intracraniano Classificação( proposta por Schuknecht.): (1) Labirintite aguda serosa ou tóxica: causada pela ação de toxinas gerada em infecção óptica aguda ou meníngea sem invasão bacteriana na orelha interna. Pode ocorrer em infecções crônicas da orelha média. Apresenta vertigens de intensidade variáveis com perda auditiva importante. (2) Labirintite aguda supurativa - purulenta: Há invasão bacteriana na orelha interna por continuidade do osso temporal ou pela meninge e se manifesta por vertigem intensae perda auditiva. (3) Labirintite Crônica: Secundária à invasão por novos tecidos como colesteatoma, granulações ou fibrose. (4) Labirintite esclerosante: Evolução da labirintite supurativa. Ocorre substituição das estruturas labirínticas normais por tecido fibroso ou ósseo nos espaços labirínticos, levando a uma perda severa da função. Diagnóstico: - Exame otoneurológico mostra nistagmo espontâneo, batendo para o lado oposto à lesão e geralmente de forte intensidade com arreflexia à prova calórica. Tratamento: - Realizado com antibioticoterapia e corticoterapia, podendo necessitar de drenagem cirúrgica. Quanto mais cedo o tratamento melhor é o prognóstico. - A perda da função labiríntica é irreversível. Encefalopatia de Wernicke Fisiopatologia: - Causada por deficiência aguda de tiamina - Outras alterações neurológicas podem ocorrer simultaneamente como hipotensão arterial ou hipotermia, em razão do acometimento do tálamo, ou polineuropatia. - Patologicamente, há desmielinização, necrose, gliose e proliferação vascular nos corpos mamilares, vermis cerebelar superior e núcleo hipotalâmico, especialmente. A ressonância magnética de encéfalo é o melhor método para demonstrar in vivo esse processo de desmielinização - Deficiência aguda de tiamina e, conseqüentemente, a EW podem ocorrer em outras situações além do alcoolismo, como em casos de vômitos persistentes, jejum, diálise e neoplasias, entre outras. Quadro Clínico: - Caracterizada por disfunção cerebelar (ataxia da marcha), anormalidades oculomotoras (nistagmo, paresias dos nervos da motricidade ocular extrínseca, alterações do olhar conjugado) e confusão mental aguda (desatenção, desorientação temporal e espacial, sonolência, agitação ou apatia) - Por definição, o termo doença/encefalopatia de Wernicke é aplicado quando sinais de oftalmoparesia, nistagmo, ataxia e estado confusional. - Se em associação for constatado distúrbio de aprendizado ou memória, é denominada de Síndrome de Wernicke-Korsakoff (WK) - A mortalidade na fase aguda chega a 17% por falência hepática, infecção ou pela irreversibilidade da lesão estrutural secundária à deficiência. - A psicose de Korsakoff é um distúrbio amnéstico em que as memórias remota e imediata permanecem intactas, mas há amnésia retrógrada para fatos recentes, incapacidade para reter novas informações (amnésia anterógrada) e confabulação é um achado comum.Outras funções cognitivas e o alerta não são afetados. - Esses déficits de memória são atribuídos a lesões no núcleo medial do tálamo e/ou porção infero-medial dos lobos temporais. - A deficiência de tiamina pode gerar outras manifestações neurológicas; assim, mais de 80% dos pacientes com síndrome de WK apresentam neuropatia periférica e pequeno número tem neuropatia óptica nutricional ou sinais do beribéri cardíaco Diagnóstico: - Essencialmente clínico - Deve se suspeitar de EW em qualquer paciente com estado nutricional precário e estado mental alterado. - Diagnóstico pode ser feito quando determinar concentração sérica de tiamina e RM Tratamento: - Administração imediata de tiamina parenteral intravenosa ou intramuscular (500mg 2 a 3 vezes por dia por 3 dias) seguida de suplementação oral diária. Cinetose - Ou enjoo do movimento, é caracterizada pela intolerância ao movimento, real ou aparente, resultante de um conflito sensorial entre os sistemas vestibular, visual e proprioceptivo. - Na maioria das vezes resulta de uma resposta fisiológica relacionada a estímulos de movimentos não familiares, sendo também desencadeada ou agravada por distúrbios vestibulares periféricos ou centrais. - Surge frequentemente durante a locomoção passiva em veículos, tais como automóveis, navios, trens, elevadores e aviões, mas também podem acontecer em simuladores de voo, ambientes de realidade virtual, parques de diversões, esteira ou bicicleta ergométrica Quadro Clínico: - Além da tontura, náuseas e vômitos, os pacientes podem queixar-se de palidez, sudorese, falhas na memória, perda da concentração, visão borrada, dores de cabeça, aumento da frequência cardíaca e fadiga. - A estimulação menos provocativa tende a evocar sinais e sintomas como sonolência, cansaço e desconforto gástrico. Em contraste, uma estimulação altamente provocativa tende a associar-se a outros elementos da síndrome, como náuseas, vômitos e desidratação. - Outras vezes os pacientes queixam-se dos sintomas após terem cessados os estímulos provocativos quando estavam embarcados, tal condição é denominada mal do desembarque - Em geral não tem sintomas quando realizam movimentos autoinduzidos como correr ou dirigir um automóvel. Diagnóstico: - Clínico, e investigação por meio de exames complementares é realizada para afastar outras entidades Tratamento: - Orientações e técnicas comportamentais, pode ser prevenida minimizando a exposição a situações estimulantes. - Reabilitação vestibular visa adaptação do indivíduo aos movimentos que têm conflitos sensoriais e a diminuição do desconforto apresentados durante as crises. - Para prevenção e tratamento em passageiros, recomenda-se principalmente medicamentos antimuscarínicos, antihistamínicos e depressores vestibulares, como monoterapia ou associados a substâncias pró cinéticas ou antieméticas. - Escopolamina transdérmica, considerada a droga mais eficaz para a prevenção da cinetose por muitos autores, utilizada entre 4 a 6 horas antes da exposição ao movimento e possui ação por até 72h contraindicada em pacientes portadores de glaucoma, arritmias cardíacas, edema pulmonar e na gestação. Efeitos colaterais mais comuns são a sonolência, sensação de boca seca, visão embaçada e retenção urinária. Não é disponível no BR. - Meclizina é um fármaco antagonista histaminérgico H1 de primeira geração, com propriedades anticolinérgicas, antieméticas, antiespasmódicas, utilizado na prevenção e no tratamento da tontura, náuseas e/ou vômitos. Tem capacidade em bloquear receptores H1 da histamina do centro do vômito no tronco encefálico e pela diminuição da excitabilidade do sistema vestibular. - Outra opção é associar depressores vestibulares á medicamentos procinéticos, como a domperidona, bromoprida ou metoclopramida, potencializando assim seus efeitos antieméticos.
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