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250 páginas semioeasy: Apostila de semiologia médica com resumos de todos os sistemas do corpo. Material completo, referenciado e ilustrado com imagens e esquemas. Anne Caroline Marques, estudante de Medicina, influencer digital e empreendedora. No Instagram, seu perfil é equilibrado em quatro pilares: exercício físico, alimentação saudável, saúde mental e estudos. Lá ela compartilha os seus aprendizados de vida diários, dicas sobre a faculdade, rotina e, principalmente, mostra que a sua a vida vai muito além do seu curso de Medicina. AUTORIA Essa apostila foi feita com muito esforço e dedicação ao longo de 4 semestres da minha formação em Medicina. Peço que, ao adquirir, por favor, não compartilhe com ninguém. CONSIDERAÇÕES Anne Marques A P O S T I L A D E S E M I O L O G I A M É D I C A I. ANAMNESE 1 17 24 29 31 52 60 66 II. EXAME FÍSICO GERAL Exame ocular Exame auditivo Exame nasal Exame bucal 5 IV. EXAME CARDÍACO Insuficiência cardíaca 33 43 V. EXAME PULMONAR Asma x DPOC Síndromes pleuropulmonares VI. EXAME ENDÓCRINO Exame da hipófise Exame da tireoide Exame das adrenais Diabetes mellitus 72 77 84 94 100 S U M Á R IO III. EXAME DE CABEÇA E PESCOÇO VII. EXAME DO ABDOME 106 113 119 127 Exame do estômago Exame do esôfago Síndromes diarreicas A P O S T I L A D E S E M I O L O G I A M É D I C A 133 141 147 153 189 203 206 X. EXAME DO APARELHO LOCOMOTOR Sinais e sintomas reumatológicos Doenças do colágeno XI. EXAME DO APARELHO REPRODUTOR Exame ginecológico Exame da genitália masculina 213 220 S U M Á R IO VIII. EXAME DERMATOLÓGICO Dermatites Micoses superficiais Tumores cutâneos 155 168 173 178 182 IX. EXAME NEUROLÓGICO Sinais e sintomas neurológicos Cefaleias Epilepsia Acidente vascular cerebral XII. EXAME DO APARELHO URINÁRIO 226 230 233 237 244 Infecção do trato urinário Litíase renal Síndromes nefrótica e nefrítica Insuficiência renal aguda e crônica A P O S T I L A D E S E M I O L O G I A M É D I C A 1 Capítulo 1 Anamnese significa trazer de volta à mente todos os fatos relacionados com a doença e o paciente; Tem como objetivo conhecer o paciente e a causa de sua doença através de uma entrevista médica; Se bem feita, culmina em decisões diagnósticas e terapêuticas corretas. Se mal feita, em contrapartida, desencadeia várias consequências negativas; • Estabelecer condições para uma adequada relação médico-paciente; • Conhecer, por meio da identificação, os determinantes epidemiológicos que influenciam o processo saúde-doença de cada paciente; • Fazer a história clínica, registrando, detalhada e cronologicamente, os problemas de saúde do paciente; • Registrar e desenvolver práticas de promoção da saúde; • Avaliar o estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo os fatores pessoais, familiares e ambientais que influenciam seu processo saúde-doença; • Conhecer os hábitos de vida do paciente, bem como suas condições socioeconômicas e culturais; • Avaliar de maneira clara os sintomas de cada sistema corporal. • A anamnese pode ser conduzida de três maneiras: • Deixar o pacientar falar, livre e espontaneamente e, assim, o médico se limita a ouvi-lo, sem que sua presença não exerça influência inibidora ou coercitiva; • Outra maneira, é quando o médico tem um esquema básico e conduz a entrevista. Essa técnica exige rigor técnico do médico e ele deve ter cuidado para que não se deixe levar por ideias preconcebidas; • Outra maneira é o médico deixar que o paciente relate suas queixas para depois conduzir a entrevista. Paciente informado ou expert Com a capacidade do paciente obter informações sobre sintomas, doenças e tratamentos, surge um novo tipo de entrevista chamado de “anamnese dialogada”. Assim, a anamnese é feita através de um diálogo amparado nas informações trazidas pelos pacientes e nos conhecimentos científicos do médico. Espírito preconcebido: É um erro técnico que deve ser evitado, pois pode ser uma tendência natural do examinador. • É no primeiro contato que se encontra a melhor oportunidade para criar uma boa relação médico-paciente; • Cumprimente o paciente, pergunte o nome dele e se apresente; • Não utilize termos como “vovô”, “vozinha” para os seus pacientes idosos; 2 Capítulo 1 • Ouça com atenção o que o paciente tem a dizer e nesse momento procure identificar alguma condição especial como dor, sonolência, ansiedade, hostilidade, tristeza e confusão mental para que assim você conduza a anamnese da maneira adequada; • Cuidado para não sugestionar o paciente com perguntas que surgem de ideias preconcebidas; • Sintomas bem investigados abrem caminho para um exame físico objetivo. Apoio: afirmações de apoio dão segurança ao paciente e o encoraja a prosseguir no relato de sua queixa; Esclarecimento: O médico procura definir de maneira mais clara o que o paciente está relatando; Confrontação: mostrar ao paciente algo acerca das suas próprias palavras e comportamento; um exemplo é quando o paciente diz que está bem, mas seu comportamento, sua expressão dizem o contrário; Resposta empática: é a compreensão e aceitação do médico sobre algo relato pelo paciente através de palavras, gestos ou atitudes, como colocar a mão sobre o braço do paciente, oferecer um lenço ou apenas dizer que compreende seu sofrimento. Mas é necessário ter cuidado, pois tal gesto pode desencadear reações inesperadas ou até contrários por parte do paciente; Silêncio: Há momentos na anamnese, em que o médico deve permanecer calado, O silêncio pode ser o mais adequado quando o paciente se emociona ou chora. Identificação • Data e hora da anamnese; • Nome do paciente: designar o paciente pelo número do leito ou pelo diagnóstico são expressões que jamais devem ser usadas; • Idade: Cada grupo etário tem sua própria doença e, no contexto da anamnese, a relação médico-paciente apresenta peculiaridades de acordo com as diferentes faixas etárias; • Sexo/Gênero: Há enfermidades que só ocorrem em determinado sexo. A questão de gêneros aponta para um processo de adoecimento diferenciado no homem e na mulher; • Cor/etnia: A influência da etnia conta com muitos exemplos como a anemia falciforme em negros, hipertensão arterial que são mais graves em negros e o câncer de pele que é mais comum em brancos; • Estado civil; • Profissão; • Local de trabalho; • Naturalidade, residência e procedência; • Religião; • Escolaridade; • Plano de saúde; • Nome da mãe: Importante para diferenciar os pacientes homônimos; Fonte e confiabilidade: fonte das informações que você está coletando, se é o próprio paciente ou um acompanhante, assim como registrar o grau de confiabilidade do informante; Queixa principal • É o motivo que leva o paciente a procurar o serviço médico; 3 Capítulo 1 • É importante ter cuidado com os “rótulos diagnósticos” e procurar pelos sintomas; • Para se obter a queixa principal, você pode usar as seguintes expressões: - O que te trouxe até aqui? - O que está sentindo? - Como posso te ajudar? Fatores de risco: • Alcoolismo; • Áreas endêmicas; • Asma; • Cardiopatia; • Cintura Quadril; • DPOC; • DST; • Diabetes Mellitus; • Dislipidemia; • Doença Autoimune; • Drogas; • Internamento Recente; • Hepatopatia; • Hipertensão Arterial; • Hipotireoidismo; • Insuficiência Renal; • Neoplasia; • Nulípara / Multípara; • Obesidade; • Sedentarismo; • Sepse; • Tabagismo. História da doença atual • Sintoma guia; • Início, cronologia; - Confirme com o paciente se você entendeu; • Características: • Localização, duração, intensidade, frequência, tipo da dor; • Desencadeantes, fatores de melhora e piora; • Relação com outras queixas; • Evolução; • Tratamentos;• Situação atual; História patológica pregressa: • Doenças na infância; • Alergias; • Trauma; • Internamentos; • Transfusão sanguínea; • Cirurgias; • Vacinas; • Medicamentos em uso; História pessoal e social: • Gestação; • Desenvolvimento; • Vacinas; • Condições socioeconômicas (trabalho, renda habitação); • Qualidade do sono; • Evacuações/micções; • Psicológico, relacionamentos; • Atividade física (tipo, frequência e duração); • Hábitos (tabagismo, alcoolismo, drogas ilícitas); • Atividade sexual (primeira relação, mora sozinho ou com companheiro (a), sexo seguro); • Orientação sexual: - Siglas em que H significa homem, M significa mulher e S significa faz sexo com; - HSM, HSH, HSMH, MSH, MSM, MSHM. Anamnese alimentar • Quantidade, frequência, alimentos preferidos: 4 Capítulo 1 - “Alimentação quantitativa e qualitativamente adequada” - “Reduzida ingesta de fibras” • “Insuficiente consumo de proteínas, com alimentação à base de carboidratos” - “Consumo de calorias acima das necessidades” - “Alimentação com alto teor de gorduras” - “Reduzida ingesta de verduras e frutas” - “Insuficiente consumo de proteínas sem aumento compensador da ingestão de carboidratos” - “Baixa ingestão de líquidos” - “Reduzida ingesta de carboidratos” - “Reduzido consumo de gorduras” - “Alimentação puramente vegetariana” - “Alimentação láctea exclusiva” História familiar: • Estado de saúde dos parentes próximos; • Doenças genéticas, cardíacas, neurológicas; • Mortes. Interrogatório sistemático: • É comum o paciente não relatar um ou outro sintoma durante a elaboração da história da doença atual; • Explique ao paciente, comece com perguntas gerais e depois específicas; • Faça uma revisão de sistemas de acordo com a queixa apresenta, utilizando o seu raciocínio diagnóstico; • Não induza o paciente; Referência: Semiologia Médica, Porto. Capítulo 2 5 í Também chamado de somatoscopia ou ectoscopia, é a obtenção de dados gerais através da observação dos segmentos corporais do paciente; Roteiro sugerido do exame físico geral: 1. Estado geral; 2. Nível de consciência e orientação no tempo e espaço; 3. Fala e linguagem; 4. Estado mental; 5. Estado nutricional / Antropometria; 6. Condições de higiene; 7. Postura e Atitude ou decúbito preferencial; 8. Idade aparente x idade cronológica; 9. Biotipo ou tipo morfológico; 10. Fácies; 11. Avaliação de pele e mucosas (hidratação, palidez, icterícia e cianose); 12. Enchimento capilar (perfusão periférica); 13. Anexos: Cabelos, pelos e unhas (fâneros); 14. Edema/Circulação colateral; 15. Sistema Osteoarticular. O paciente deve ser examinado nas posições de decúbito, sentada, de pé e caminhando; É uma avaliação usada para compreender até que ponto a doença atingiu o organismo, visto como um todo. Serve de alerta para o médico nos casos com escassos sinais ou sintomas indicativos de uma determinada enfermidade; A manutenção de bom estado geral pode estar associada a uma doença grave, isso vai indicar uma boa capacidade de reação do organismo, o que tem, inclusive, valor prognóstico; O estado é classificado em três nomenclaturas: - Bom estado geral (BEG); - Regular estado geral (REG); - Mau estado geral (MEG). Um paciente que está em coma, não significa necessariamente que ele está num mau estado geral. Entre o estado de inteiramente consciente e o estado comatoso é possível distinguir diversas fases intermediárias em uma graduação: Vigília; estado completamente normal de consciência; Obnubilação: quando o nível de consciência é pouco comprometido, permanecendo o paciente em estado de alerta ainda que algo diminuído; Sonolência: o paciente é facilmente despertado, responde mais ou menos apropriadamente, mas logo volta a dormir; Confusão mental: perda de atenção, pensamento não claro, respostas lentas e não há uma percepção temporoespacial normal; Torpor ou estupor: quando a alteração de consciência é mais pronunciada, mas o paciente ainda é capaz de ser despertado por estímulos mais fortes e dolorosos; Capítulo 2 6 Coma: quando o paciente não é despertado por estímulos fortes e não apresenta movimentos espontâneos. Habitualmente é prolongado, do qual o paciente pode ou não emergir. A perceptividade pode ser analisada da seguinte maneira: Resposta a uma ordem simples: “feche os olhos e mostre a língua”; Orientação de tempo: - Que dia é hoje? - Que anos estamos? - Que horas são? Orientação de espaço: - Onde você está agora? - Que cidade/bairro estamos? A reatividade pode ser analisada por: Reação de orientação e de alerta: o examinador provoca um ruído e observa se o paciente o localiza com os olhos, com abertura e movimentação; Reação de piscamento à ameaça de atingir os olhos; Reação à dor – aplicação de estímulos dolorosos leves. Escala de coma de Glasglow: • É o instrumento mais utilizado para determinar alterações de nível de consciência; • Os extremos da escala (15 ou 3 pontos), caracterizam a normalidade (15 pontos) ou o estado de coma grave (3 pontos); Entre os dois extremos, encontram-se vários graus de comprometimento de nível de consciência, sendo que abaixo de 8 pontos, corresponde ao estado de coma; As alterações da fala classificam-se em: Disfonia ou afonia: alteração do timbre da voz causada por alguma alteração no órgão fonador. A voz pode tornar-se rouca, fanhosa ou bitonal; Dislalia: alterações menores da fala, comuns em crianças, como a troca de letra; - Uma forma especial é a disritmolalia, que compreende distúrbios no ritmo da fala, incluindo a gagueira e a taquilalia; Disartria: alterações nos músculos da fonação, incoordenação cerebral (voz arrastada, escandida), hipertonia no parkinsonismo (voz baixa, monótona e lenta) ou perda do controle piramidal (paralisia pseudobulbar); Disfasia: aparece com total normalidade do órgão fonador e dos músculos da fonação e depende de um distúrbio na elaboração cortical da fala. Há Capítulo 2 7 diversos graus de disfasia, desde mínimas alterações até perda total da fala; - A disfasia pode ser de recepção ou sensorial (o paciente não entende o que se diz a ele) ou da expressão ou motora (o paciente entende, mas não consegue se expressar), ou ainda do tipo misto, o que é mais frequente. A disfasia traduz lesão do hemisfério dominante. O estado mental é analisado através de 4 aspectos, são eles: Atenção: pergunte qual o nome do paciente, a sua idade e como é o nome do seu acompanhante; Memória: peça que ele grave três palavras e analise se sua memória está curta ou longa; Conteúdo do pensamento: observe se o seu pensamento é pobre (repetitivo), paranoico, persecutório, hipocondríaco ou se contém alguma ideia obsessiva, Humor: 0bserve se o seu humor é eutímico (tranquilo), disfórico, deprimido e ansioso. As medidas antropométricas incluem peso, altura, envergadura (distância pubovértice e puboplantar), índice de massa corporal (IMC), circunferências da cintura e do abdome, circunferência da panturrilha e perímetro cefálico; O estado nutricional tem a ver com nutrientes presentes no organismo do indivíduo e não necessariamente com o peso. Uma pessoa pode ter um peso adequado ou ser obesa e mesmo assim ser desnutrida; Peso: O paciente deve ser pesado descalço, com a menor quantidade de roupa possível, posicionado no centro da balança, enquanto o avaliador deve ficar à frente da balança e à esquerda do paciente para realizar a leitura; Em pacientes acamados, o peso pode ser aferido em cama-balança ou balança de pesagem para leito. Peso ideal: é calculado a partir de parâmetroscomo idade, biotipo, sexo e altura, podendo variar até 10% a menos ou 10% a mais; O índice de massa corporal (IMC) é o indicador de estado nutricional mais utilizado, no entanto, ele não distingue massa gordurosa de massa magra; Deve-se ainda estar atento ao biotipo do paciente, pois, este parâmetro tem influência na distribuição do tecido adiposo; O IMC considerado ideal para homens é 22 kg/m2 para mulheres, 21 kg/m2. IMC = Peso (kg) / Altura² (m) Capítulo 2 8 Peso ajustado: É o peso estimado a partir do peso atual (PA) e do peso ideal (PI). É utilizado para fazer prescrições de dietas em pacientes ambulatoriais ou para suporte nutricional em pacientes hospitalizados; - As seguintes fórmulas podem ser utilizadas a fim de se estimar o peso ajustado para obesos (IMC > 30 kg/m²) e desnutridos (IMC < 18,5 kg/m²): Obesos: (PA – PI) × 0,25 + PI Desnutridos: (PI – PA) × 0,25 + PA Peso estimado: É o peso obtido a partir de fórmulas ou tabelas. É utilizado quando não há possibilidade de se obter o peso usual ou quando não se pode pesar o indivíduo. Peso seco: É o peso descontado de edema e ascite. O valor a ser descontado depende da localização e da intensidade do edema; Peso corrigido: Deve ser utilizado em pacientes amputados. - Fórmula utilizada para se estimar o peso corrigido: - Peso corrigido = (Peso antes da amputação x 100) / (100% - % da amputação); Circunferência da cintura (CC): A CC reflete o conteúdo de gordura visceral, ou seja, aquela aderida aos órgãos internos, como intestinos e fígado. Essa gordura apresenta associação com a gordura corporal total, sendo o tipo de obesidade mais comumente associada à síndrome metabólica e às doenças cardiovasculares; Em pacientes com IMC > 35 kg/m², justifica-se a utilização da circunferência abdominal (CA), pela dificuldade em medir a CC. - Cheiro característico; - Roupas; - Unhas; - Pelos; - Espaços interdigitais. • Brevilíneo: - Pescoço curto e grosso; - Tórax alargado e volumoso; - Membros curtos em relação ao tronco; - Angulo de Charpy (costal) maior que 90°; - Musculatura desenvolvida e panículo espesso; - Tendência para baixa estatura. • Mediolíneo: - Equilíbrio entre os membros e o tronco; - Desenvolvimento harmônico da musculatura e do panículo adiposo; - Angulo de Charpy (costal) em torno de 90°. • Longilíneo: - Pescoço longo e delgado; - Tórax afilado e chato; - Membros alongados; - Angulo de Charpy (costal) menor que 90°; - Musculatura delgada e panículo adiposo pouco desenvolvido; Cumpre fazer uma ressalva em relação ao peso ideal, pois sua utilização é criticável quando se trata de indivíduos dentro da faixa normal (IMC entre 18,5 e 24,9 kg/m2). Isto porque deve-se respeitar o biotipo e as características individuais do paciente, sem estabelecer metas que podem levar a exageros e transtornos alimentares como bulimia e anorexia. Capítulo 2 9 - Tendência para estatura elevada. A atitude ou posição do paciente deve ser observada não apenas no leito, mas também quando ele se põe de pé, pois uma postura defeituosa pode ser consequência de hábitos posicionais (má postura) ou de afecção da coluna vertebral; A postura é classificada da seguinte maneira: - Boa postura: cabeça ereta ou ligeiramente inclinada para diante, peito erguido, abdome inferior achato ou levemente retraídos e curvas posteriores nos limites normais; - Postura sofrível: cabeça levemente inclinada para diante, peito achatado, abdome passa a ser a parte mais saliente do corpo, curvas posteriores exageradas; - Má postura: cabeça acentuadamente inclinada para diante, peito deprimido, abdome saliente e relaxado, curvas posteriores exageradas. Atitude e decúbito preferido no leito: são posições adotadas pelo paciente no leito ou fora dele, por comodidade, hábito ou com objetivo de conseguir alívio para dores e desconfortos; Algumas posições são voluntárias, enquanto outras independem da vontade do paciente ou são resultantes de estímulos cerebrais. Atitudes voluntárias: Atitude genupeitoral: também chamada de “prece maometana”, é comum em cardiopatias restritivas como derrame pericárdico, pois melhora o retorno venoso (enchimento do coração); Atitude ortopneica: o paciente apoia as mãos no colchão para facilitar a respiração e aliviar a falta de ar decorrente da insuficiência cardíaca, asma brônquica ou ascite volumosa; Posição de cócoras: é observada em crianças com cardiopatia congênita Boa postura (A), postura sofrível (B), má postura (C). Capítulo 2 10 cianótica (Tetralogia de Fallot, por exemplo). Os pacientes descobrem instintivamente que essa posição alivia a hipóxia generalizada em decorrência da diminuição do retorno venoso. Atitude Parkinsoniana: o paciente com doença de Parkinson apresenta semiflexão da cabeça, tronco membros inferiores e, ao caminhar, parece estar correndo atrás do seu próprio eixo de gravidade. Decúbitos: significa “posição de quem está deitado” e decúbito preferido indica como o paciente prefere ficar no leito, desde que o faça conscientemente por hábito ou para obter alívio de algum padecimento. - Decúbito lateral: posição que costuma ser adotada quando há uma dor de origem pleurítica. Por meio dela, o paciente reduz a movimentação dos folhetos pleurais do lado sobre o qual repousa. Ele se deita sobre o lado da dor; - Decúbito dorsal: com pernas fletidas sobre as coxas e estas sobre a bacia, é observado nos processos inflamatórios pelviperitoneais; - Decúbito ventral: comum nos portadores de cólica intestinal. O paciente deita-se de bruços e, às vezes, coloca um travesseiro debaixo do ventre; - Decúbitos com variados graus de flexão da coluna são observados nas lombalgias (posição antálgica). Atitudes involuntárias: Atitude passiva: O paciente fica na posição em que é colocado no leito, sem contratura muscular. É observada nos pacientes inconscientes ou comatosos; Opistótono: decorrente de contratura da musculatura lombar, sendo observada nos casos de tétano e meningite. O corpo passa a se apoiar na cabeça e nos calcanhares, emborcando- se como um arco; Pleurostótono: observado no tétano, na meningite e na raiva. O corpo se curva lateralmente. Posição em gatilho: encontrada na irritação meníngea, é mais comum em crianças e caracteriza-se pela hiperextensão da cabeça, flexão das pernas sobre as coxas e encurvamento do tronco com concavidade para diante. Mão pêndula da paralisia radial: ocorre devido a lesão do nervo radial. Capítulo 2 11 É o conjunto de dados exibidos na face do paciente., resultando de elementos anatômicos associados à expressão fisionômica; Os principais tipos de fácies são: Fácies normal ou atípica: é a expressão individual de cada paciente sem caracterizar algum distúrbio ou alteração patológica. Portanto, não há necessidade de descrevê-la; - No entanto, é importante identificar, no rosto do paciente, sinais indicativos de tristeza, ansiedade, medo, indiferença e apreensão; Fácies hipocrática: caracterizada por olhos fundos, parados e inexpressivos, nariz afilado, lábios entreabertos, delgados e com uma discreta cianose, palidez cutânea, rosto quase sempre coberto de suor e “batimentos das asas do nariz” (movimentação de dilatação da aba nasal durante a inspiração); - Esse tipo de fácies indica doença grave ou estado avançado de várias doenças. Fácies renal: caracterizada por edema predominante ao redor dos olhos que se intensifica pela manhã e palidez cutânea. Ocorre devido a uma redução acentuada de albumina e é observada nas doenças renais, particularmente na síndrome nefrótica e na glomerulonefrite difusa aguda (GNDA); Fácies leonina:caracterizada por pele espessa, nódulos de tamanhos variados e confluentes, supercílios caídos, nariz espessado e alargado, lábios grossos e proeminentes, bochechas e mento deformados pelo aparecimento de nódulos, barba escasseia ou desaparece. Essas alterações são observadas em pacientes com hanseníase. Fácies adenoidiana: caracterizada por nariz pequeno e afilado e boca sempre entreaberta. Aparece nos indivíduos com hipertrofia das adenoides, as quais dificultam a respiração pelo nariz ao obstruírem os orifícios posteriores das fossas nasais. Fácies parkinsoniana: cabeça inclinada para frente e imóvel nesta posição, olhar fixo, supercílios elevados e a fronte enrugada conferem ao paciente uma expressão de espanto. Costuma-se dizer que esses pacientes se parecem com uma figura de máscara. falta de expressividade facial. Essa fácies é observada na síndrome na Doença de Parkinson; Fácies basedowiana: caracterizada por olhos salientes (exoftalmia) e brilhantes, destacando- se no rosto magro, expressão fisionômica de Capítulo 2 12 vivacidade, espanto e ansiedade e bócio. Indica hipertireoidismo (Doença de Graves); Fácies mixedematosa: caracterizada por um rosto arredondado, nariz e lábios grossos, pele seca, espessada e com acentuação de seus sulcos, pálpebras infiltradas e enrugadas, supercílios escassos, cabelos secos e sem brilho, expressão fisionômica indicativa de desânimo e apatia. Esse tipo de fácies aparece no hipotireoidismo ou mixedema; Fácies acromegálica: caracterizada pela saliência das arcadas supraorbitárias, proeminência das maçãs do rosto e maior desenvolvimento do maxilar inferior, além do aumento do tamanho do nariz, lábios, língua e orelhas. Nesse conjunto de estruturas hipertrofiadas, os olhos parecem pequenos. Indica hiperfunção hipofisária; Fácies cushingoide: caracterizada por rosto arredondado (congesto) e levemente cianótico com atenuação dos traços faciais, acompanhado de obesidade do tronco, pescoço e abdome e acne. Este tipo de fácies é observado nos casos de síndrome de Cushing por hiperfunção do córtex suprarrenal. Pode ocorrer também nos pacientes que fazem uso prolongado de corticosteroides. Fácies downiana: caracterizada por uma prega cutânea (epicanto) que torna os olhos oblíquos, bem distantes um do outro, rosto redondo, boca quase sempre entreaberta e uma expressão fisionômica de pouca inteligência. É observada na Síndrome de Down; Fácies do deficiente mental: caracterizada por traços faciais apagados e grosseiros, boca entreaberta, às vezes com salivação, hipertelorismo (má formação congênita caracterizada pelo afastamento excessivo dos olhos), estrabismo, olhar desprovido de objetivo, olhos não se fixam em algo, meio sorriso sem movimentação; Fácies de depressão: caracterizada pela expressividade do rosto, cabisbaixo, olhos pouco brilhantes e fixos em um ponto distante ou voltados para o chão. acentuação do sulco nasolabial e cantos da boca rebaixados. O conjunto fisionômico denota indiferença, tristeza e sofrimento emocional. É observada nos transtornos depressivos; Capítulo 2 13 Fácies de paralisia fácil periférica (Bell): caracterizada pela assimetria da face, impossibilidade de fechar as pálpebras ipsilateral a lesão, desvio da comissura labial/desvio da comissura para o lado são, fissura palpebral alargada, apagamento do sulco nasolabial e queda do ângulo da boca ipsilateral. Indica atrofia muscular progressiva; Fácies miastênica ou fácies de Hutchinson: caracterizada por ptose palpebral bilateral que obriga o paciente a franzir a testa e levantar a cabeça, estrabismo e expressão amímica. Ocorre na miastenia gravis; Fácies etílica: caracterizada por olhos avermelhados e caídos e certa ruborização da face, hálito etílico, voz pastosa e um sorriso meio indefinido; Fácies esclerodérmica: denominada também fácies de múmia e caracterizada pela imobilidade facial devido a alterações da pele, que se torna apergaminhada, endurecida e aderente aos planos profundos, com repuxamento dos lábios, afinamento do nariz e imobilização das pálpebras. A fisionomia é inexpressiva, parada e imutável. Fácies lupóide: caracterizada por eritema na região malar e dorso do nariz, erupções cutâneas, alopecia e lesão fotorreativa. É indicativa de lúpus eritematoso sistêmico (LES); Fácies tetânica: caracterizada por sorriso sardônico, trismo (contratura dolorosa da musculatura da mandíbula/masseteres), deformidades fisionômicas e rigidez muscular. Fácies de sífilis congênita: apresenta fronte desenvolvida, nariz em forma de sela, dentes de Hutchinson. Na neurosífilis, os pacientes podem apresentar o sinal de Argyll Robertson composto por miose + abolição do reflexo fotomotor + conservação do reflexo de acomodação. Na ectoscopia devem ser avaliadas a coloração e a hidratação da pele, incluindo a análise de presença de icterícia e cianose. • Cabelos: deve se analisar a implantação, distribuição, quantidade e coloração. • Cílios e supercílios; Capítulo 2 14 • Unhas: deve se analisar a forma ou configuração, tipos de implantação, espessura, superfície, consistência, brilho e coloração; - A ocorrência de manchas brancas é comum em pessoas sadias e são chamadas leuconíquias. Intoxicação por arsênio, déficit de albumina ou déficit vitaminas, traumas e uso de antibióticos podem alterar a cor das unhas. O estado de hidratação do paciente é avaliado de acordo com os seguintes parâmetros; - Alteração abrupta do peso; - Alterações da pele quanto à umidade, elasticidade e turgor; - Alteração das mucosas quanto à umidade; - Tensão ocular; - Fontanelas em crianças; - Estado geral; Um paciente estará hidratado quando a oferta de líquidos e eletrólitos estiver de acordo com as necessidades do organismo e quando não houver perdas extras (diarreia, vômitos, febre, taquipneia, sudorese excessiva). No estado de hidratação normal, em pessoas de cor branca, a pele é rósea com boa elasticidade e com leve grau de umidade, as mucosas são úmidas, não há alterações oculares nem perda abrupta de peso. No caso de crianças, as fontanelas são planas e normotensas, e o peso mantém curva ascendente. O estado geral é bom, e a criança se apresenta alegre e comunicativa, bem como sorri facilmente. Já a desidratação é a diminuição de água e eletrólitos totais do organismo, caracterizando- se por: - Sede; - Diminuição abrupta do peso; - Pele seca, com elasticidade e turgor diminuídos; - Mucosas secas; - Olhos afundados (enoftalmia) e hipotônicos; - Fontanelas deprimidas no caso de crianças; - Estado geral comprometido; - Excitação psíquica ou abatimento; - Oligúria (produção de urina abaixo do normal). - Normal se for menor que 2 segundos em adultos e entre 5 a 7 segundos em recém- nascidos; - No entanto, possui baixa sensibilidade e especificidade. A investigação semiológica do edema tem início na anamnese, quando se deve obter três informações: tempo de duração, localização, evolução; Capítulo 2 15 No exame físico completa-se a análise, investigando-se os seguintes parâmetros: • Localização e distribuição: - O edema generalizado é também chamado de anasarca e pode estar presente na síndrome nefrótica; - Um exemplo de edema localizado é o sinal de Romaña na Doença de Chagas; • Intensidade em cruzes (Sinal de Cacifo); Edema + corresponde a uma depressão leve (2mm), contorno normal, associado com volume do líquido intersticial; Edema ++ corresponde a uma depressão mais profunda (4mm), contorno quase normal, prolonga mais que edema +1; Edema +++ corresponde a uma depressão profunda(6mm), permanece vários segundos após a pressão, edema de pele óbvio pela inspeção geral; Edema +++ corresponde a uma depressão profunda (8mm), permanece por tempo prolongado após a pressão e inchaço evidente. • Consistência • Elasticidade • Temperatura da pele circunjacente; • Sensibilidade da pele circunjacente; • Outras alterações da pele adjacente. As causas de um edema podem ser: inflamatória, alérgica, medicamentosa, hormonal, postural, nefrótica, gravidez, hepatopatia, insuficiência cardíaca congestiva ou por desnutrição. Presença de circuito venoso anormal visível ao exame da pele; Indica dificuldade ou impedimento do fluxo venoso através dos troncos venosos principais (cava inferior, cava superior, tronco venoso braquicefálico, ilíacas primitivas, veia cava). Por causa desse obstáculo, o sangue se desvia para as colaterais previamente existentes, tornando-se um caminho substituto capaz de contornar o local ocluído, parcial ou totalmente. A circulação colateral deve ser analisada sob os seguintes aspectos: Localização: Tórax, abdome, raiz dos membros superiores e segmento cefálico são as regiões em que se pode encontrar a circulação colateral, cuja avaliação contribui para o raciocínio diagnóstico. Porém, para ser identificada, é necessário reconhecer a direção do fluxo sanguíneo; Direção do fluxo sanguíneo: É determinada com a seguinte técnica: comprime-se com as polpas digitais dos dois indicadores, colocados rentes um ao outro, um segmento da veia a ser analisada; em seguida, os dedos vão se afastando A) B) C) D) Capítulo 2 16 lentamente, mantida constante a pressão, de modo a deslocar a coluna sanguínea daquele segmento venoso; Existência de frêmito e/ou sopro. Tipos e fluxos: A) Circulação colateral tipo cava superior, restrita ao tórax; B) Circulação colateral tipo cava superior, incluindo as veias do tórax e da parede abdominal; C) Circulação colateral tipo porta; D) Circulação colateral tipo cava inferior. No exame físico geral também deve ser avaliado: - Atitude; - Marcha; - Desalinho articular; - Atrofia muscular; - Volume articular; - Nódulos; - Flogose (inflamação); - Número de articulações; - Crepitação ou limitação do movimento; - Simetria; - Predomínio em esqueleto periférico/axial. C) D) A) B) 17 Capítulo 3 ç ç Olhos jamais devem ser examinados como órgãos isolados... Problemas oculares podem manifestar-se me outros locais, bem como doenças sistêmicas podem apresentar complicações oftalmológicas. Algumas afecções oculares ocorrem com mais frequência em determinadas idades e sexos, por isso a identificação é sempre importante no raciocínio diagnóstico; A profissão deve ser sempre valorizada, pois alguns tipos de trabalho favorecem o aparecimento de certas afecções, por exemplo, pessoas que trabalham em ambientes fechados e empoeirados têm maior tendência para apresentar blefarite e conjuntivite; Os hábitos alimentares têm importante papel nas afecções carenciais, como a avitaminose A, que causa olho seco; O uso abusivo de bebidas alcoólicas e o tabagismo podem conduzir à diminuição da acuidade visual por lesão desmielinizante do nervo óptico. • Sensação de corpo estranho; • Queimação ou ardência; • Dor ocular; • Cefaleia: geralmente é localizada na região frontal e se manifesta no fim do dia • Prurido (coceira); • Lacrimejamento; • Xeroftalmia (sensação de olho seco); • Xantopsia (visão amarelada); • Hemeralopia e nictalopia (cegueira diurna e noturna. respectivamente): A hemeralopia resulta de disfunção dos cones, enquanto a nictalopia resulta de uma disfunção dos bastonetes; • Alucinações visuais; • Amaurose (diminuição ou perda da visão); • Diplopia (visão dupla): é importante observar se a diplopia é constante ou intermitente, se ocorre em certas posições do olhar ou a determinadas distâncias ou se é monocular ou binocular; • Fotofobia (sensibilidade ou intolerância à luz); • Nistagmo (movimento involuntário dos olhos); • Escotoma (área de cegueira parcial ou total): Os escotomas podem ser unilaterais ou bilaterais e devem ser investigados quanto a posição, forma, tamanho, intensidade, uniformidade, início e evolução. Apesar do stress emocional ser uma causa frequente de transtornos psicossomáticos, e sendo as alterações visuais uma de suas manifestações... Lembre-se! Este sempre será um diagnóstico de exclusão! Globo ocular: na inspeção deve-se observar a separação entre as duas cavidades orbitárias. Um grande afastamento está presente em diversas 18 Capítulo 3 anomalias genéticas e é denominado hipertelorismo.; • Em relação ao tamanho do globo ocular, pode- se observar microftalmia presente na rubéola congênita; • Na palpação da órbita, investiga-se a reborda óssea, procurando fraturas, espessamento ou presença de crepitação. Exoftalmia: é a protusão do globo ocular decorrente do aumento do volume orbitário, secundário a hipertireoidismo, neoplasia, anormalidade vascular ou inflamação; Aparelho lacrimal: a inspeção serve para detectar aumento do volume da glândula lacrimal, cujas causas principais são as afecções inflamatórias e as neoplasias, assim como tumefação e vermelhidão • Para reconhecer pequenos aumentos de volume, é necessário levantar a pálpebra do paciente pedir a ele que olhe para baixo e para dentro; • Pela palpação, avaliam-se a consistência, a profundidade e a sensibilidade das glândulas lacrimais. Deve-se verificar se há refluxo de secreção mucopurulenta, através da compressão do saco lacrimal. Quando o refluxo ocorre, significa que o conduto nasolacrimal está obstruído. • O lacrimejamento em excesso, denominado epífora, pode ser causado por excessiva formação de lágrimas ou por obstrução das vias de excreção. Pálpebras: Estruturas de proteção do globo ocular. Pela inspeção, investigam-se a cor, textura, posição, movimentos das pálpebras, possível presença de edema, defeitos no desenvolvimento embrionário como os colobomas palpebrais e alterações pigmentares como xantelasma, vitiligo e melanose; - Triquíase: cílios virados para dentro; - Madarose: queda de cílios; - Poliose: cílios se tornam brancos. A paralisia do músculo orbicular aparece na paralisia facial periférica e resulta na impossibilidade de oclusão palpebral (impossibilidade de fechar os olhos), surgindo, então, lagoftalmia e suas possíveis complicações corneanas; A paralisia do músculo elevador da pálpebra superior leva à blefaroptose, que pode ser congênita ou adquirida. A paralisia do músculo de Müller, que é acompanhada de blefaroptose parcial, faz parte da síndrome de paralisia do simpático cervical (síndrome de Claude Bernard Horner); 19 Capítulo 3 A blefaroptose pode fazer parte da miastenia gravis; nestes casos, caracteristicamente, a blefaroptose vai piorando no transcurso do dia, mas melhora com injeção de prostigmina. Síndrome de Claude-Bernard-Horner • A síndrome de Horner é causada pela lesão dos nervos oculomotor e facial no seu componente participante do sistema nervoso autônomo simpático. Tem como causas principais tumores cerebrais, más formações vasculares, infecções, iatrogenia e causas congênitas. • A síndrome é caracterizada pelos sinais clássicos: - Ptose unilateral: devido à perda da inervação simpática dos nervos tarso superior que inerva o músculo de Muller e tarso inferior; - Miose (pupila em estado de contração): devido à paralisia do nervo dilatador da íris; - Anidrose (ausênciade sudorese na face); - Enoftalmia (afundamento do globo ocular); - Dilatação pupilar retardada após retirada do estímulo luminoso. Síndrome de Pancoast: • Consiste em sinais e sintomas decorrentes de um tumor localizado no ápice pulmonar e que compromete o plexo braquial, primeiros corpos vertebrais e costelas; • Os sinais e sintomas incluem miose, anidrose, ptose e, em casos severos, a síndrome de Horner completa. Nos casos progressivos, o plexo braquial também é afetado, causando dor e fraqueza no membro superior, além do nervo frênico também ser afetado, causando a paralisação do diafragma. Conjuntiva e esclera: A conjuntiva é uma membrana mucosa, transparente e fina que reveste a esclera. A esclera normalmente tem cor branco-porcelana, no entanto, essa cor pode se modificar pelo depósito de pigmentos como a bilirrubina e melanina, causando icterícia e melanose ocular, respectivamente. • Edema da conjuntiva (quemose), enfisema com crepitação e hemorragia subconjuntival devem ser pesquisados, podendo fazer parte de lesões perioculares • O exame da conjuntiva palpebral inferior fornece valiosa informação nas anemias, nas quais a cor normal, rosa vivo, transforma-se em rosa pálido ou fica quase branca. Córnea: Com boa iluminação e ajuda de uma lupa, pode-se constatar a presença de opacificação corneana (leucoma), irregularidades epiteliais provocadas por corpo estranho e neovascularização (pannus corneano).; • É importante determinar a sensibilidade corneana, o que é feito mantendo-se a pálpebra aberta e encostando a ponta de um algodão na parte apical da córnea, sempre 20 Capítulo 3 comparativamente, tendo-se o cuidado para não tocar nos cílios. Lesões do nervo trigêmeo frequentemente diminuem a sensibilidade corneana Pupila: As pupilas normais são redondas, localizadas centralmente e, na maioria das pessoas, de igual tamanho. No entanto, pupilas de tamanhos diferentes (anisocoria) são observadas em cerca de 25% da população normal. Reflexo fotomotor: O reflexo pupilar à luz é testado com uma iluminação uniforme sobre a face do paciente, incidindo um feixe luminoso sobre um dos olhos. A pupila normal contrai-se vigorosa e rapidamente, mantendo esta contração (reflexo fotomotor direto). A pupila do outro olho deve contrair-se simultaneamente e com mesma intensidade (reflexo fotomotor indireto ou consensual). Reflexo para perto: aproxima-se do olho um objeto até uma distância de aproximadamente 10 cm. Neste momento, ocorre então miose bilateral, bem como convergência dos olhos e acomodação. Cristalino: o exame é feito com a lâmpada de fenda, estando a pupila em midríase. Porém, na falta desta, uma boa iluminação permite perceber as alterações mais grosseiras. Em relação à posição do cristalino, pode-se encontrá- lo deslocado (luxado), o que ocorre, às vezes, na síndrome de Marfan e nos traumatismos oculares; • Com o oftalmoscópio, pode-se caracterizar a perda de transparência do cristalino (catarata) pelo desaparecimento do clarão pupilar. A observação do campo visual nos permite localizar o nível da lesão da via óptica. A) Cegueira monocular direita: lesão do nervo óptico; B) Hemianopsia bitemporal: lesão do quiasma; C) Hemianopsia lateral homônima direita: lesão do trato óptico; D) Hemianopsia lateral homônima direita: lesão das radiações ópticas; E) Quadronopsia inferior direita: lesão das radiações parietais; F) Quadronopsia superior direita: tesão das radiações temporais; G) Hemianopsia lateral homônima direita: lesão calcarina. A acuidade visual é testada em cada um dos olhos separadamente. Ao se ocluir o olho que não está sendo examinado, deve-se evitar pressioná-lo, O fundo de olho normal: a retina apresenta cor vermelho- alaranjada, homogênea., o disco óptico possui coloração rósea, com bordas bem-definidas, podendo haver leve borramento da borda nasal, a escavação fisiológica corresponde 21 Capítulo 3 pois isto pode provocar distorção na imagem com diminuição da acuidade visual. Se o paciente usar óculos, a acuidade visual deve ser avaliada com a correção óptica; O método mais usado é a Tabela de Snellen, ficando o paciente sentado a 20 pés (6m) de distância dela. A acuidade visual normal por convenção 20/20. Se um paciente consegue ler 20/20 significa que a 20 pés o paciente tem capacidade de enxergar o que um paciente normal deveria enxergar a 20 pés e, desta maneira, 20/60 significaria dizer que o paciente enxerga a 20 pés o que um paciente normal estaria enxergando a 60 pés, portanto, o registro de uma visão pior; A avaliação da acuidade visual indica a função da fóvea, área da retina responsável pela melhor acuidade visual. Também chamado de fundoscopia, tem por finalidade inspecionar a câmera anterior, pupila, cristalino, retina, nervo óptico, mácula, artérias e veias; O fundo de olho normal: a retina apresenta cor vermelho-alaranjada, homogênea., o disco óptico possui coloração rósea, com bordas bem- definidas, podendo haver leve borramento da borda nasal, a escavação fisiológica corresponde à área de penetração do nervo óptico e localiza- se na porção central do disco, sendo de cor branca ou amarelo-pálida e de tamanho variável. Os vasos retinianos projetam-se radialmente a partir do disco óptico, com a veia acompanhando a artéria na maioria das vezes. A visualização direta permite diferenciá-los entre artérias e veias. Lateralmente, no mesmo plano horizontal do disco óptico, identifica-se a mácula de coloração rosa-pálida e com pequena área vermelho-escura central (fóvea). Cristalino: Opacidades lenticulares (catarata) formam manchas negras no reflexo vermelho. A ausência do reflexo vermelho pode ocorrer por posicionamento inadequado do oftalmoscópio, catarata e hemorragia vítrea. Descolamento de retina, retinoblastoma e coriorretinite podem apresentar reflexo branco. Retina: • Exsudatos algodonosos: resultado de edema e espessamento das terminações nervosas por infarto isquêmico. Possuem cor branca à acinzentada, com bordas pouco definidas. • Exsudatos duros: pequenos focos branco- amarelados com bordas bem-definidas. Formam-se a partir do acúmulo de lipídeos após exsudação vascular. • Manchas pigmentadas: secundárias a hemorragias antigas. 22 Capítulo 3 • Manchas brancas/amareladas: depósitos de talco observados em usuários de drogas intravenosas (metilfenidato). • Estrias angioides: linhas pigmentares radiais ao disco óptico. Indicam provavelmente degeneração de tecido elástico da retina. • Hemorragias: • Derrames sub-retinianos: apresentam- se sob a forma de áreas escuras, elevadas, simulando tumor melanótico. • Hemorragias mais superficiais: são lesões focais, de margens borradas e cor vermelha. • Microaneurismas: cor vermelha, bordas bem- definidas, não são reabsorvidos, podendo ocorrer em grupos. • Hemorragias em chama de vela: ocorrem na camada nervosa da retina; cor vermelha, presença de estrias. • Hemorragia pré-retiniana: apresentam formato de meia-lua, com nível líquido na porção superior. • Manchas de Roth: pequenos focos hemorrágicos com área clara central. São encontrados na endocardite bacteriana e na leucemia. Retinopatia hipertensiva Os vasos retinianos, diferentemente do restante do organismo, não possuem inervação autonômica, estando mais suscetíveis ao dano causado pela sobrecarga pressórica. Entre as alterações arteriolares, o estreitamento vascular é um achado precoce. Na fase crônica, a presença de tortuosidade aumentada, estreitamentos focais ou generalizados e aumento do reflexo dorsal são indicativos de arterioloesclerose. Exsudatos algodonosos e transudatos periarteriolares (áreas esbranquiçadas de tamanhovariável) podem estar presentes. Entre cruzamentos patológicos (entre artérias e veias) também são característicos. As lesões extravasculares correspondem às hemorragias em chama de vela, ao edema da retina e aos depósitos lipídicos (exsudatos duros). Retinopatia diabética O grau de descontrole metabólico e o tempo de evolução da doença são fatores importantes no desenvolvimento das complicações oculares do diabete melito (DM). A retinopatia diabética é dividida em retinopatia diabética não proliferativa (RDNP) e retinopatia diabética proliferativa (RDP), sendo a última a de pior prognóstico com maior risco de dano ocular irreversível; • Não proliferativa: presença de microaneurismas, hemorragias retinianas puntiformes, hemorragias em chama de vela, exsudatos duros, exsudatos algodonosos, edema retiniano e veias em rosário. É o primeiro estágio da retinopatia diabética. Quanto mais graves as alterações, maior a chance de evolução para RDP. 23 Capítulo 3 • Proliferativa: estágio avançado da retinopatia diabética, caracteriza-se por proliferação de neovasos retinianos. É um quadro de alto risco para o desenvolvimento de complicações como hemorragia vítrea e descolamento de retina, que podem comprometer irreversivelmente a acuidade visual. Retinopatia nas colagenases • Lúpus Eritematoso Sistêmico: - Ceratite – ceratoconjuntivite seca; - Úlceras – Neovascularização da córnea; - Primária: Fase aguda e sem tratamento; - Secundária: HAS e nefropatia lúpica; - Iatrogênica: Antimaláricos; • Dermatofibromiosite: Eliotropo; • Esclerose sistêmica; • Poliarterite nodosa; • Arterite de células gigantes; • Arterite de Takayasu. Blefarites, hordéolo e calázio • As blefarites podem ser: - Infecciosas (ulcerativas): causada geralmente por estafilococos, observam- se pálpebras vermelhas, áreas ulceradas e queda de cílios; - Seborreicas (não ulcerativas): encontra- se associada à dermatite seborreica do couro cabeludo e apresenta hiperemia, prurido, fotofobia, escamas e crostas amareladas; • Hordéolo: infecção estafilocócica das glândulas palpebrais, caracterizada por dor, hiperemia e edema. Pode ser interno ou externo. Quando externo é conhecido por terçol; • Calázio: inflamação granulomatosa crônica, caracterizado por edema sem sinais inflamatórios; 24 Capítulo 3 • A idade, em recém-nascidos, destaca-se infecções perinatais, uso de medicamentos otóxicos e mutações genéticas. Em crianças há maior prevalência de otite média e em idosos, há relevância a presbiacusia (diminuição auditiva); • Considerando o sexo do paciente, a presbiacusia é mais prevalente em homens, enquanto a otosclerose é mais comum em mulheres; • Considerando a cor a otosclerose é mais frequente em pessoas de cor branca; • Quanto à profissão, deve-se analisar em perda auditiva por exposição a ambientes ruidosos ou agentes tóxicos inaláveis; • Antecedentes pessoais: em crianças deve-se perguntar sobre antecedentes pré-natais como uso de substâncias tóxicas e infecções como toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, HIV/aids. Já em adultos e idosos é necessário avaliar hábitos de vida, antecedentes cirúrgicos, doenças sistêmicas, uso de medicamentos e traumatismos; • Antecedentes familiares: deve-se questionar a existência de familiares que já tiveram perda auditiva. Hipoacusia e anacusia: perda parcial ou total da audição, respectivamente. Deve ser sempre avaliada quanto a: Lateralidade (uni ou bilateral); Início (insidioso, progressivo ou abrupto): Intensidade, duração, constância e sintomas associados; Tontura e vertigem: são sintomas bastantes confundidas, no entanto, tontura significa sensação de flutuação, cabeça vazia, sensação de escurecimento visual ou pré-sincope, enquanto vertigem caracteriza uma sensação rotatória da cabeça; Zumbido: também chamado de acúfeno deve-se avaliar a localização, características, tempo de evolução, fatores de melhora ou piora, grau de incomodo e sintomas associados; Otalgia: dor na orelha; Otorreia: secreção mucosa ou purulenta; Otorragia: sangramento no ouvido que pode estar associado a algum trauma; Prurido; Para avaliar o aparelho auditivo do paciente, utilizam-se inspeção, palpação, ausculta (testes de Weber e Rinne) e testes de função vestibular; Inspeção das orelhas externa e média: deve-se avaliar tamanho e cor do pavilhão auricular, pesquisar no meato acústico externo a presença de edema, secreções, descamações, sangue, cerume, corpo estranho, escoriações ou deformidades; À otoscopia ou à otomiscrocopia, a membrana timpânica normal tem formato arredondado, coloração aperolada e saliência do cabo do martelo terminando no umbigo; 25 Capítulo 3 Membrana timpânica íntegra, transparente, com saliência do cabo do martelo terminando no umbigo. Membrana timpânica com perfuração central. Palpação: é útil para avaliar a presença de tumorações, linfonodos, cistos, abscessos, hematomas, fístulas ou malformações dos arcos branquiais; Ausculta: importante ser feita nas regiões retroauricular, periauricular e cervical em pacientes com zumbido pulsátil; Teste de Weber Esse teste permite a comparação das vias ósseas. O diapasão vibrando é colocado na linha média do crânio do paciente; O paciente deve informar se escutou o som na linha média, na orelha direita ou na orelha esquerda; A) Ilustração de perda condutiva em orelha esquerda, ou seja, paciente com queixa de hipoacusia em orelha esquerda e Weber lateralizando para a esquerda. B) Teste sem lateralização; C) Ilustração de perda neurossensorial em orelha esquerda, ou seja, queixa de hipoacusia em orelha esquerda e teste de Weber lateralizando para orelha direita. Teste de Rinne Permite comparar a audição por via óssea e via aérea. O diapasão é colocado na apófise da mastoide do paciente até o desaparecimento da percepção sonora, em seguida é colocado na região anterior ao trago sem tocá-lo; A) Rinne positivo, ou seja, condução aérea melhor que a condução óssea; B) Rinne positivo na perda neurossensorial, a condução óssea e a condução aérea são igualmente diminuídas; C) Rinne negativo na perda condutiva, condução óssea melhor que a aérea. Teste de Romberg Teste de função vestibular, serve para avaliar p reflexo vestibuloespinal, as conexões do tronco encefálico e o cerebelo; 26 Capítulo 3 Para sua execução, coloque o paciente em pé com os calcanhares juntos e as pontas dos pés separadas a 30º, braços ao longo do corpo ou estendidos na altura do ombro e olhos fechados durante cerca de 1 minuto; • Interpretação do teste: - Teste normal: paciente permanece na posição, sem oscilações que causem queda ou deslocamento do pé; - Queda para frente ou para trás: comprometimento do SNC; - Oscilações ou queda para as laterais: alterações no sistema vestibular. Outros testes vestibulares Marcha: uma marcha insegura sugere lesões unilaterais do sistema vestibular periférico, de forma que de olhos fechados observa-se piora da qualidade da marcha, ocorrendo melhora com o auxílio da função visual; Teste de Fukuda: solicita que o paciente dê 60 passos, elevando o joelho como se estivesse marchando sem sair do lugar com os olhos fechados e os braços estendidos na altura do ombro. O teste é positivo quando se observa desvio lateral progressivo para o lado do déficit vestibular; Nistagmo: pode ser espontâneo ou de posição. O espontâneo observa movimento ocular no paciente sentado com o olhar frontal e no de posição o paciente deve ser inclinado até ultrapassar a borda da maca. Compreende o cerume, corpo estranho, otite externa, otomicose, pericondrite, condrite auriculare herpes zoster; Cerume: cerume é uma substância normalmente presente no meato acústico externo, cuja função é limpá-lo, lubrificá-lo e protegê-lo. No entanto, quando em excesso ou impactado, pode provocar hipoacusia e desconforto; Corpo estranho: a introdução de corpos estranhos é comum principalmente em crianças e pode provocar hipoacusia e zumbidos. No caso de insetos podem causar desconforto, ruídos e infecção. Otite externa Pode ser de dois tipos: Otite externa difusa: inflamação do meato acústico externo, podendo atingir o pavilhão auricular e a membrana timpânica; - Inicia-se com prurido, causado por trauma local (cotonetes ou unhas) ou maceração da pele pela remoção da camada lipídica de proteção, permitindo assim a entrada de bactérias; - Outras causas são: sudorese excessiva, ausência de cerume, meato acústico externo longo ou estreito, pH alcalino, doenças cutâneas (psoríase, seborreia e eczema), cerume impactado, corpos estranhos, uso de prótese auditiva e otorreia; - Caracteriza-se por dor que irradia para região temporal e mandibular, sensibilidade aumentada da dor à palpação, prurido, perda auditiva do tipo condutiva; - Ao exame físico, o meato se apresenta eritematoso e edemaciado, podendo ser 27 Capítulo 3 observadas bolhas, otorreia purulenta, falsas membranas e lesões crostosas. Em infecções mais avançadas, podem estar presentes febre e linfonodomegalia; Otite externa necrosante: a infecção se inicia no meato acústico externo e se estende à base do crânio. A maioria dos casos é observada em pacientes imunossuprimidos, principalmente em diabéticos, insulinodependentes e mal controlados e idosos; - Pode ocorrer também em pacientes com leucemia, hipogamaglobulinemia ou fazendo uso de corticosteroides ou quimioterápicos; - A Pseudomonas aeruginosa, assim como na otite externa difusa, é o agente infeccioso mais comum; - O quadro clínico tem início semelhante ao de otite externa difusa, com otalgia que se irradia para as regiões frontotemporais e parietais com piora à noite, otorreia fétida e purulenta; - Pode ocorrer paralisia facial periférica devido ao comprometimento do forame estilomastoideo ou necrose do VII par. Otomicose - Também chamada de otite externa fúngica, pode ser aguda ou crônica; - Os fatores predisponentes são: infecção bacteriana da orelha, condições climáticas, utilização de gotas otológicas, estenose do meato acústico externo e perda da proteção do cerume; - Os achados clínicos são: prurido intenso, zumbido, otorreia espessa que pode ocluir o meato; - Ao exame físico, meato hiperemiado com discreto edema. Pericondrite e condricte auricular Processos inflamatórios do pericôndrio e da cartilagem da orelha externa, causados pela extensão de processos infecciosos, trauma acidental ou cirúrgico (piercings); A orelha afetada mostra-se hiperemiada e dolorosa, podendo ocasionar oclusão do meato, podendo apresentar secreção purulenta; Otite média Pode ser dos seguintes tipos: Otite média aguda: geralmente sempre tem antecedente de alergia ou infecção que resulta em congestão com edema de mucosa do trato respiratório; - Os fatores de risco são: frequentar creches e berçários, história familiar de otite média aguda de repetição, pais tabagistas, curta duração de aleitamento materno e atopia (hipersensibilidade tipo 1); - A doença se inicia com infecção das vias aéreas superiores e aparecimento súbito de otalgia. Crianças podem ter febre, irritabilidade e dificuldade para se alimentar; - À otoscopia é visualizado abaulamento de membrana timpânica, sinal patognomônico da doença; 28 Capítulo 3 - Ao exame físico, membrana com perda de transparência ou presença de líquido em orelha média. Otite média crônica: inflamação da orelha média com duração superior a 3 meses, caracterizada histopatologicamente como processo inflamatório com alterações teciduais irreversíveis; Pode ser classificada em: - Não colesteatomatosa simples: perfurações timpânicas com otorreia intermitente, em geral associada a infecções de vias aéreas superiores ou história de entrada de água, com dor e diminuição da acuidade auditiva; - Não colesteatomatosa supurativa: perfurações timpânicas de grandes dimensões ou totais e presença de otorreia mucoide ou mucopurulenta de longa duração. - Colesteatomatosa: presença de pele na cavidade timpânica, sendo classificada em congênita e adquirida. A adquirida pode ser consequência de defeitos da membrana timpânica ou devido a uma otite média crônica não tratada. Dentre os sintomas, vertigem e dor são excepcionais. Quando presentes indicam extensão da doença para a orelha interna. Podem ocorrer também zumbidos (tons graves), plenitude auricular e Otorragia. Zumbidos agudos, crise de vertigens, dor, surdez súbita, paralisia facial periférica e meningite indicam complicações graves. Outras doenças Trauma sonoro: Doença ocupacional caracterizada por alteração coclear irreversível devido à exposição a níveis sonoros elevados. Uma vez instalada é irreversível, bilateral, simétrica ou relativamente simétrica, não sendo evolutiva, após cessação definitiva da exposição ao ruído Presbiacusia: diminuição auditiva por alterações degenerativas associadas ao envelhecimento. Costuma iniciar-se a partir dos 55 anos, evoluindo de forma lenta e progressiva; Otosclerose: Hipoacusia causada por crescimento anormal no osso que imobiliza progressivamente o estribo (ossículo mais interno do ouvido médio); Síndrome de Ménière: vertigem de origem periférica caracterizada pelos sintomas: vertigem episódica, perda auditiva progressiva, zumbido e plenitude aural (sensação de som abafado); Mastoidite coalescente: evolução de processo inflamatório que envolve a mastoide. Caracterizada por hiperemia, rubor e calor na região retroauricular, podendo apresentar abscesso purulento. 29 Capítulo 3 • Idade: é relevante pois, em recém-nascidos com alterações respiratórias deve-se suspeitar de malformações congênitas e infecções perinatais e deve ser encarada como urgência, já que o RN é respirador nasal obrigatório; • Sexo: malformações congênitas, como atrésia de coana, são duas vezes mais prevalentes no sexo feminino; • Profissão: locais de trabalho em que poluentes são abundantes, podem ser a causa de rinites ocupacionais; • Antecedentes pessoais: é necessário investigar uso de medicamentos como descongestionante nasal, AAS, estatina, exposição a ambientes com irritantes inalatórios, história de trauma cranioencefálico; • Antecedentes familiares: história familiar de alergia se associa ao aparecimento de rinite. • Obstrução nasal: deve ser investigada quanto a lateralidade; • Rinorreia: deve ser investigada quanto à lateralidade e a sua viscosidade (hialina, espessa, purulenta). Em crianças com rinorreia fétida, deve-se sempre pesquisar presença de corpo estranho; • Rinorragia: sangramento que pode ser oriundo das fossas nasais independente da origem (seios paranasais, rinofaringe, tuba auditiva); • Rinofima: afecção do nariz que se caracteriza por um aspecto inchado, bulboso e grosseiro, causado por uma infiltração granulomatosa • Nariz em sela. • Epistaxe: sangramento oriundo da mucosa das fossas nasais. • Esternutação (espirro); • Alterações do olfato: - Anosmia e hiposmia: perda do olfato e diminuição do olfato, respectivamente; - Hiperosmia: aumento da olfação. Pode estar presente na gravidez hipertireoidismo, psicoses etc.; - Cacosmia: sensação constante ou frequente de odor desagradável, podendo ser subjetiva quando apenas o paciente sente ou objetiva quando o paciente e outras pessoas sentem. Na rinite ozenosa somenteas outras pessoas sentem, pois há lesão de terminações nervosas do paciente e/ou fadiga do nervo em consequência da percepção contínua dos odores fétidos. - Parosmia: interpretação errônea de uma sensação olfatória; Compreende a inspeção e a rinoscopia anterior e posterior; Inspeção: Analisa-se a pirâmide nasal, para detectar dismorfias, distúrbios de desenvolvimento e desvios; sinais sugestivos de processos infecciosos: hiperemia, 30 Capítulo 3 edema e abaulamento. Além de observar a fáceis característica do respirador bucal. Rinoscopia anterior: Com um espéculo nasal apropriado e de tamanho adequado para cada paciente, promove-se a lateralização da asa do nasal para permitir melhor visão do interior da cavidade nasal. - Observar o assoalho da cavidade nasal e se há secreções ou lesões; a concha inferior (coloração da mucosa, hipertrofia, degenerações polipoides), concha média e meato médio (local em que ocorre drenagem das secreções provenientes dos seios frontal, maxilar e etmoidal anterior) ; medialmente, septo nasal (deformidades, perfurações, ulcerações e abaulamentos). Rinoscopia posterior: com a língua apoiada no assoalho da boca e assim mantida com auxílio de abaixador de língua, introduz-se o espelho de laringe pequeno, em direção à parede posterior da orofaringe até ultrapassar os limites do palato mole. Avaliar as paredes da rinofaringe, as coanas, a cauda da concha inferior, a porção posterior do septo nasal, o tamanho das tonsilas faríngeas e as tubas auditivas. Rinites Inflamação da mucosa de revestimento do nariz, caracterizada por obstrução nasal, rinorreia, espirros, prurido e hiposmia; Pode ser classificada em infecciosas (viral, bacteriana, fúngica), alérgicas, não alérgicas (induzidas por medicamentos, hormonais, idiopática, neurogênica, eosinofílica não alérgica, atrófica, induzida por refluxo gastresofágico) e outras (ocupacional, mista, alérgica local). Hiperplasia adenoideana Aumento das tonsilas faríngeas que causa obstrução nasal; Em sua forma crônica promove a mudança do padrão respiratório, apresentando uma fácies adenoideana e causando desvios craniofacial e dentário, além de maior frequência de infecções das vias respiratórias e distúrbios de sono; 31 Capítulo 3 Idade: as faringotonsilites virais correspondem a 75% dos casos de infecção das vias aéreas em crianças menores de 2 anos. Já a mononucleose infecciosa ocorre, em geral, na segunda ou terceira década de vida; Profissão: profissionais que têm contato com crianças em idade pré-escolar, escolar e pré- adolescente, a incidência de faringotonsilites é maior; Hábitos de vida: podem tornar os quadros de faringotonsilites mais frequentes, destacando-se ambientes confinados ou não ventilados, convívio com tabagistas, frequentar escolas e/ou berçários cada vez mais cedo. Dor de garganta: encontrada em quase todas as enfermidades da faringe; Dispneia; Disfagia (dificuldade de deglutir); Tosse; Halitose: pode ser causada pela deposição de detritos alimentares nas tonsilas (massas caseosas), má higienização bucal, aparelhos ortodônticos, periodontite, doenças respiratórias (bronquite, rinite, adenoide, pólipos), doenças gastrointestinais, doenças metabólicas (diabetes mellitus) e doenças psicogênicas; Dor: causada por cáries com exposição da dentina, pulpite (inflamação da polpa dentária), abscessos agudos e osteomielite. Geralmente a dor é forte e irradiada para vários pontos da cabeça. Inspeção: avaliar higiene bucal, condição dos dentes (conservação e ausência), presença de lesões (úlceras, aftas e monilíase (“sapinho”), além de avaliar a presença de tártaro; Solicita-se ao paciente manter a língua dentro da boca, de forma relaxada. Deve-se analisar a orofaringe, as tonsilas palatinas, os arcos palatoglossos e os palatofaríngeos. Observa-se primeiramente o tamanho da língua e sua relação com o palato mole. As tonsilas devem ser avaliadas quanto ao tamanho, simetria, presença de exsudato ou caseum, tamanho das criptas, ulcerações, tumores ou abaulamentos. 32 Capítulo 3 Aftas: ulcerações superficiais, dolorosas, localizadas na mucosa não queratinizada; Faringotonsilite: infecções que se desenvolvem na mucosa faríngea. Podem ser divididas em eritematosas, eritematopultáceas, pseudomembranosas e ulcerosas; Mononucleose infecciosa: causada pelo vírus Epstein-Barr, também conhecida como doença do beijo, devido à transmissão ocorrer principalmente pela saliva; Neoplasias de faringe: as mais frequentes são câncer de amigdala, fibroma da nasofaringe. Compreende sua avaliação geral (musculatura, postura, movimentação, simetria, tumores, avaliação da coluna cervical, avaliação da cadeia linfonodal, avaliação da tireoide e vasos cervicais; Avaliação de linfonodos: realizar palpação e inspeção, avaliando tamanho, aderência a planos profundos e superficiais, localização, simetria, consistência, coalescência, sensibilidade e alterações da pele; Com o paciente sentado e examinador posicionado atrás do paciente, palpa-se os linfonodos com a polpa digital e a face ventral dos dedos médio, indicador e anelar; CUIDADO: ao palpar os linfonodos submandibulares, não confundir com as glândulas salivares! Avaliação da tireoide: deve ser analisado o formato, nódulos, dor e a mobilidade da traqueia. O paciente deve estar sentado, com a cabeça estendida e o médico deve solicitar que ele degluta. Ao tentar deglutir, o esperado é que a glândula se desloque para cima. Referências: PORTO, Celmo Celeno. Semiologia médica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. 1308 p. 33 Capítulo 4 í Idade: nas crianças e jovens predominam as anomalias congênitas. Já a doença de Chagas e a hipertensão arterial são mais frequentes dos 20 aos 50 anos de idade; Sexo: lesões mitrais, como estenose e prolapso da valva mitral ocorrem mais em mulheres jovens, enquanto aterosclerose coronária predomina nos homens até os 45 anos de idade; Cor: a hipertensão arterial é mais frequente nos negros e costuma apresentar uma evolução clínica mais grave; Profissão: existem profissões que exigem grande esforço físico e podem contribuir para insuficiência cardíaca; Naturalidade e procedência: se relacionam com regiões endêmicas de Doença de Chagas; Antecedentes pessoais: infecções estreptocócicas, lesões orovalvares de etiologia reumática, alimentação rica em lipídios e o risco de aterosclerose, lesões renais e o risco de hipertensão arterial, perturbações emocionais e manifestações cardiovasculares de ansiedade e/ou depressão. Hábitos de vida: tabagismo, o alcoolismo e o sedentarismo, relacionados com o aparecimento de aterosclerose e hipertensão arterial. Sinais e sintomas Na anamnese, é necessário avaliar sintomas comuns que causam preocupação, fazendo perguntas, como: Dor torácica: O senhor sente alguma dor ou desconforto no peito? – Caracterizar quanto à localização, duração, intensidade, irradiação, sintomas associados, fatores de melhora ou piora, medicamentos, evolução, situação atual; Edemas: Caracterizar quanto à localização, temperatura, dor; Palpitações: Sente o coração batendo, pulando ou acelerando? As palpitações devem ser analisadas quanto a frequência, ritmo, horário de aparecimento, modo de instalação e desaparecimento, isto é, se têm início e término súbitos. Deve-se indagar, também, quanto ao uso de chá, café, refrigerantes à base de cola, tabaco e drogas, principalmente cocaína e anfetaminas. As palpitações podem ser de três tipos: • Palpitações de esforço; • Alterações do ritmo cardíaco; • Transtornos emocionais. Dispneia: Sente falta dear, fôlego curto, respiração difícil? Geralmente, a dispneia em paciente com uma cardiopatia indica congestão pulmonar e deve ser caracterizada quanto ao esforço e postura e se o paciente chegou a usar inalação; • Dispneia de esforço: pode ser aos grandes, médios e pequenos esforços; • Ortopneia: surge quando o paciente se deita e ocorre devido ao aumento da congestão pulmonar pelo maior afluxo de sangue proveniente dos membros inferiores. Geralmente esse paciente dorme com vários travesseiros, podendo chegar a adotar até a posição semissentada para dormir; 34 Capítulo 4 • Dispneia paroxística noturna: consiste no fato de o paciente acordar com intensa dispneia, sufocação, tosse seca e opressão torácica, sendo obrigado a sentar-se na beira do leito ou levantar-se da cama. Durante a crise dispneica, pode haver broncoespasmo, responsável pelo aparecimento de sibilos, cuja causa provável é a congestão da mucosa brônquica. Nessas condições, costuma ser chamada de asma cardíaca. • Dispneia de Cheyne-Stokes: períodos de apneia, seguidos de movimentos respiratórios, superficiais a princípio, mas que se tornam cada vez mais profundos, até chegar a um máximo. Quando isso acontece, o paciente apresenta-se em estado de torpor, sonolento ou inconsciente, as pupilas se contraem (miose), podendo aparecer cianose ao término da fase de apneia. • Tosse: sintoma frequente na insuficiência ventricular esquerda, costuma ser seca e está associada à congestão pulmonar, por isso sempre é acompanhada de dispneia. Já no edema pulmonar agudo, a tosse acompanha- se de expectoração espumosa de cor rósea. Pressão arterial: É a força exercida pelo sangue sobre as paredes dos vasos que pode sofrer variações de acordo com a posição do indivíduo, das atividades e das situações em que ele se encontra; • Tem como finalidade promover a perfusão dos tecidos e está relacionada com o trabalho do coração e traduz o sistema de pressão vigente na árvore vascular arterial; • A pressão arterial tem sua importância no exame físico, pois através dela podemos avaliar a pressão sistólica máxima necessária para que o ventrículo possa fazer uma boa ejeção do sangue para os tecidos periféricos e avaliar a complacência e a pressão diastólica na aorta; Frequência cardíaca: informa como que está o coração, tanto do ponto de vista patológico, como do ponto de vista fisiológico; Inspeção geral Tipos de tórax: • Normal; • Em tonel ou globoso: aumento exagerado do diâmetro anteroposterior, horizontalização dos arcos costais e abaulamento da coluna dorsal, o que torna o tórax mais curto. Comum em enfisematosos do tipo PP (soprador rosado); • Infundibuliforme (pectus excavatum): depressão na parte inferior do esterno e região epigástrica de natureza congênita; • Cariniforme (pectus carinatum): o esterno é proeminente e as costelas horizontalizadas, resultando em um tórax que se assemelha ao das aves (tórax de pombo). Pode ser de origem congênita ou adquirida devido a raquitismo na infância; • Cifótico: curvatura da coluna dorsal, formando uma gibosidade. Pode ser de origem congênita ou resultar de postura defeituosa, assim como de tuberculose óssea, osteomielite ou neoplasias; • Cifoescoliótico: apresenta além da cifose, um desvio da coluna vertebral para o lado (escolioses); Utilização da musculatura acessória: É necessário avaliar se há batimento de asa de nariz, tiragem intercostal ou respiração subdiafragmática; 35 Capítulo 4 Baqueteamento digital: alteração do ângulo de implantação da unha; Cianose periférica: resulta da perda exagerada de oxigênio ao nível da rede capilar por estase venosa ou diminuição funcional ou orgânica do calibre dos vasos da microcirculação. Sempre é acompanhada de pele fria, podendo aparecer na insuficiência cardíaca congestiva (a estase venosa periférica retarda a circulação nos capilares que se encontram dilatados), no colapso periférico com diminuição do volume minuto, ou pode depender de obstáculo na circulação de retorno, como ocorre na flebite ou na flebotrombose; Palpação dos pulsos: No sistema arterial, é importante conhecer tais pulsos: • Carotídeo: utilizado em suspeita de estenose carotídea; • Braquial: utilizado para aferir a pressão arterial; • Radial; • Ulnar; • Femoral: utilizado em casos de suspeita de pseudoaneurisma relacionado a cateterismo cardíaco; • Poplíteo; • Pedioso; • Tibial posterior; É importante comparar os pulsos nos dois lados. No sistema venoso, existem sinais que devem ser investigados, como: Turgência jugular: para investigar esse sinal, o paciente deve ser colocado em um ângulo de 45º e, dentro da normalidade, a jugular só deve aparecer até 5cm acima do esterno. Quando se verifica uma estase de jugular, isso quer dizer que a pressão do átrio direito está muito grande e há uma dificuldade de retorno venoso; Edema de MMII: Numa patologia do coração (central), geralmente, o edema é bilateral. No entanto, quando é uma patologia circulatória periférica, o edema pode ser unilateral; • A causa básica do edema cardíaco é a insuficiência ventricular direita por aumento da pressão hidrostática associado à retenção de sódio; • Primeiramente, localiza-se nos membros inferiores, pela ação da gravidade, iniciando-se em torno dos maléolos. Além disso, o edema cardíaco intensifica-se com o decorrer do dia, chegando à máxima intensidade no período da tarde; Diminui ou desaparece com o repouso noturno. Com o agravamento da função cardíaca, o edema acomete o corpo todo, inclusive o rosto (anasarca). 36 Capítulo 4 Dermatite ocre: ocorre devido à hipertensão venosa causada pela Insuficiência Venosa. Devido ao mau funcionamento das veias o sangue fica represado na parte inferior da perna aumentando a pressão local. Isso pode levar a um extravasamento de sangue e acúmulo de um pigmento chamado hemossiderina na pele. Inspeção e palpação Inspeção: O exame se inicia com inspeção da região, estando o paciente em decúbito dorsal, com cabeceira elevada a cerca de 30 graus. O examinador deve ficar à direita do paciente e deve observar o tórax do paciente, investigando abaulamentos, análise de ictus cordis, análise de batimentos ou movimentos visíveis ou palpáveis e pesquisa de frêmito cardiovascular; Palpação: inicialmente, toda a face palmar da mão é utilizada sobre o precórdio, procurando por movimentos, choques valvares, frêmitos e já analisando as suas características, tais como intensidade e situação no ciclo cardíaco. Nos casos de mama esquerda volumosa, deve-se afastá-la com sutileza com a mão esquerda. Abaulamento Para facilitar o reconhecimento de abaulamento, a observação deve ser feita em incidência tangencial, (examinador de pé do lado direito do paciente) e incidência frontal (examinador fica junto aos pés do paciente, que permanece deitado). Abaulamento desta região pode indicar a ocorrência de aneurisma da aorta, cardiomegalia, derrame pericárdico e alterações da própria caixa torácica Ictus cordis Também chamado de impulso cardíaco apical ou choque de ponta, é analisado pela inspeção e palpação, investigando-se localização, extensão, mobilidade, intensidade e tipo da impulsão, ritmo e frequência. A localização do ictus varia com o biotipo, mas geralmente se encontra no 5º espaço intercostal esquerdo, na linha médio-clavicular; Técnica: o paciente deve estar em decúbito dorsal com o tórax descoberto. O examinador deve ficar à direita do paciente e estender a mão direita para palpar a região anteroinferior esquerda do tórax com a palma dos dedos, procurando a região do choque de ponta. Ao encontrar, o examinador deve colocar a palma de uma ou
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