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APOSTILA SEMIOEASY 2

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250 páginas
semioeasy:
Apostila de semiologia médica com resumos de todos os sistemas
do corpo. Material completo, referenciado e ilustrado com imagens
e esquemas.
Anne Caroline Marques,
estudante de Medicina, influencer
digital e empreendedora. No
Instagram, seu perfil é equilibrado
em quatro pilares: exercício físico,
alimentação saudável, saúde
mental e estudos. Lá ela
compartilha os seus
aprendizados de vida diários,
dicas sobre a faculdade, rotina e,
principalmente, mostra que a sua
a vida vai muito além do seu
curso de Medicina.
AUTORIA
Essa apostila foi feita com muito esforço e
dedicação ao longo de 4 semestres da minha
formação em Medicina. Peço que, ao adquirir, por
favor, não compartilhe com ninguém.
CONSIDERAÇÕES
Anne Marques
A P O S T I L A D E S E M I O L O G I A M É D I C A
I. ANAMNESE 1
 
17
24
29
31
52
 
60
66
 
II. EXAME FÍSICO GERAL
Exame ocular
Exame auditivo
Exame nasal
Exame bucal
5
 
IV. EXAME CARDÍACO
Insuficiência cardíaca
33
43
V. EXAME PULMONAR
Asma x DPOC
Síndromes pleuropulmonares
VI. EXAME ENDÓCRINO
Exame da hipófise
Exame da tireoide
Exame das adrenais
Diabetes mellitus 
72
 
77
84
94
100
S
U
M
Á
R
IO
III. EXAME DE CABEÇA E PESCOÇO
VII. EXAME DO ABDOME 106
 
113
119
127
 
Exame do estômago
Exame do esôfago
Síndromes diarreicas
A P O S T I L A D E S E M I O L O G I A M É D I C A
133
 
141
147
153
189
 
203
206
 
X. EXAME DO APARELHO LOCOMOTOR 
Sinais e sintomas reumatológicos
Doenças do colágeno
XI. EXAME DO APARELHO REPRODUTOR
Exame ginecológico
Exame da genitália masculina
 
 
213
220
 
S
U
M
Á
R
IO
VIII. EXAME DERMATOLÓGICO
Dermatites
Micoses superficiais
Tumores cutâneos
155
 
168
173
178
182
IX. EXAME NEUROLÓGICO
Sinais e sintomas neurológicos
Cefaleias
Epilepsia
Acidente vascular cerebral
XII. EXAME DO APARELHO URINÁRIO 226
 
230
233
237
244
Infecção do trato urinário
Litíase renal
Síndromes nefrótica e nefrítica
Insuficiência renal aguda e crônica
A P O S T I L A D E S E M I O L O G I A M É D I C A
 
1 Capítulo 1 
Anamnese significa trazer de volta à mente todos 
os fatos relacionados com a doença e o paciente; 
Tem como objetivo conhecer o paciente e a causa 
de sua doença através de uma entrevista médica; 
Se bem feita, culmina em decisões diagnósticas e 
terapêuticas corretas. Se mal feita, em 
contrapartida, desencadeia várias consequências 
negativas; 
• Estabelecer condições para uma adequada 
relação médico-paciente; 
• Conhecer, por meio da identificação, os 
determinantes epidemiológicos que 
influenciam o processo saúde-doença de cada 
paciente; 
• Fazer a história clínica, registrando, detalhada 
e cronologicamente, os problemas de saúde do 
paciente; 
• Registrar e desenvolver práticas de promoção 
da saúde; 
• Avaliar o estado de saúde passado e presente 
do paciente, conhecendo os fatores pessoais, 
familiares e ambientais que influenciam seu 
processo saúde-doença; 
• Conhecer os hábitos de vida do paciente, bem 
como suas condições socioeconômicas e 
culturais; 
• Avaliar de maneira clara os sintomas de cada 
sistema corporal. 
• A anamnese pode ser conduzida de três 
maneiras: 
• Deixar o pacientar falar, livre e 
espontaneamente e, assim, o médico se limita 
a ouvi-lo, sem que sua presença não exerça 
influência inibidora ou coercitiva; 
• Outra maneira, é quando o médico tem um 
esquema básico e conduz a entrevista. Essa 
técnica exige rigor técnico do médico e ele 
deve ter cuidado para que não se deixe levar 
por ideias preconcebidas; 
• Outra maneira é o médico deixar que o 
paciente relate suas queixas para depois 
conduzir a entrevista. 
Paciente informado ou expert 
Com a capacidade do paciente obter informações 
sobre sintomas, doenças e tratamentos, surge 
um novo tipo de entrevista chamado de 
“anamnese dialogada”. Assim, a anamnese é feita 
através de um diálogo amparado nas informações 
trazidas pelos pacientes e nos conhecimentos 
científicos do médico. 
 
Espírito preconcebido: É um erro técnico que deve 
ser evitado, pois pode ser uma tendência natural 
do examinador. 
• É no primeiro contato que se encontra a 
melhor oportunidade para criar uma boa 
relação médico-paciente; 
• Cumprimente o paciente, pergunte o nome 
dele e se apresente; 
• Não utilize termos como “vovô”, “vozinha” para 
os seus pacientes idosos; 
 
2 Capítulo 1 
• Ouça com atenção o que o paciente tem a 
dizer e nesse momento procure identificar 
alguma condição especial como dor, sonolência, 
ansiedade, hostilidade, tristeza e confusão 
mental para que assim você conduza a 
anamnese da maneira adequada; 
• Cuidado para não sugestionar o paciente com 
perguntas que surgem de ideias 
preconcebidas; 
• Sintomas bem investigados abrem caminho 
para um exame físico objetivo. 
Apoio: afirmações de apoio dão segurança ao 
paciente e o encoraja a prosseguir no relato de 
sua queixa; 
Esclarecimento: O médico procura definir de 
maneira mais clara o que o paciente está 
relatando; 
Confrontação: mostrar ao paciente algo acerca 
das suas próprias palavras e comportamento; 
um exemplo é quando o paciente diz que está 
bem, mas seu comportamento, sua expressão 
dizem o contrário; 
Resposta empática: é a compreensão e aceitação 
do médico sobre algo relato pelo paciente através 
de palavras, gestos ou atitudes, como colocar a 
mão sobre o braço do paciente, oferecer um lenço 
ou apenas dizer que compreende seu sofrimento. 
Mas é necessário ter cuidado, pois tal gesto pode 
desencadear reações inesperadas ou até 
contrários por parte do paciente; 
Silêncio: Há momentos na anamnese, em que o 
médico deve permanecer calado, O silêncio pode 
ser o mais adequado quando o paciente se 
emociona ou chora. 
Identificação 
• Data e hora da anamnese; 
• Nome do paciente: designar o paciente pelo 
número do leito ou pelo diagnóstico são 
expressões que jamais devem ser usadas; 
• Idade: Cada grupo etário tem sua própria 
doença e, no contexto da anamnese, a relação 
médico-paciente apresenta peculiaridades de 
acordo com as diferentes faixas etárias; 
• Sexo/Gênero: Há enfermidades que só 
ocorrem em determinado sexo. A questão de 
gêneros aponta para um processo de 
adoecimento diferenciado no homem e na 
mulher; 
• Cor/etnia: A influência da etnia conta com 
muitos exemplos como a anemia falciforme 
em negros, hipertensão arterial que são mais 
graves em negros e o câncer de pele que é 
mais comum em brancos; 
• Estado civil; 
• Profissão; 
• Local de trabalho; 
• Naturalidade, residência e procedência; 
• Religião; 
• Escolaridade; 
• Plano de saúde; 
• Nome da mãe: Importante para diferenciar 
os pacientes homônimos; 
 
Fonte e confiabilidade: fonte das informações que 
você está coletando, se é o próprio paciente ou 
um acompanhante, assim como registrar o grau 
de confiabilidade do informante; 
Queixa principal 
• É o motivo que leva o paciente a procurar o 
serviço médico; 
 
3 Capítulo 1 
• É importante ter cuidado com os “rótulos 
diagnósticos” e procurar pelos sintomas; 
• Para se obter a queixa principal, você pode 
usar as seguintes expressões: 
- O que te trouxe até aqui? 
- O que está sentindo? 
- Como posso te ajudar? 
Fatores de risco: 
• Alcoolismo; 
• Áreas endêmicas; 
• Asma; 
• Cardiopatia; 
• Cintura Quadril; 
• DPOC; 
• DST; 
• Diabetes Mellitus; 
• Dislipidemia; 
• Doença Autoimune; 
• Drogas; 
• Internamento Recente; 
• Hepatopatia; 
• Hipertensão Arterial; 
• Hipotireoidismo; 
• Insuficiência Renal; 
• Neoplasia; 
• Nulípara / Multípara; 
• Obesidade; 
• Sedentarismo; 
• Sepse; 
• Tabagismo. 
História da doença atual 
• Sintoma guia; 
• Início, cronologia; 
- Confirme com o paciente se você 
entendeu; 
• Características: 
• Localização, duração, intensidade, frequência, 
tipo da dor; 
• Desencadeantes, fatores de melhora e piora; 
• Relação com outras queixas; 
• Evolução; 
• Tratamentos;• Situação atual; 
História patológica pregressa: 
• Doenças na infância; 
• Alergias; 
• Trauma; 
• Internamentos; 
• Transfusão sanguínea; 
• Cirurgias; 
• Vacinas; 
• Medicamentos em uso; 
História pessoal e social: 
• Gestação; 
• Desenvolvimento; 
• Vacinas; 
• Condições socioeconômicas (trabalho, renda 
habitação); 
• Qualidade do sono; 
• Evacuações/micções; 
• Psicológico, relacionamentos; 
• Atividade física (tipo, frequência e duração); 
• Hábitos (tabagismo, alcoolismo, drogas ilícitas); 
• Atividade sexual (primeira relação, mora 
sozinho ou com companheiro (a), sexo seguro); 
• Orientação sexual: 
- Siglas em que H significa homem, M 
significa mulher e S significa faz sexo com; 
- HSM, HSH, HSMH, MSH, MSM, MSHM. 
Anamnese alimentar 
• Quantidade, frequência, alimentos preferidos: 
 
4 Capítulo 1 
- “Alimentação quantitativa e 
qualitativamente adequada” 
- “Reduzida ingesta de fibras” 
• “Insuficiente consumo de proteínas, com 
alimentação à base de carboidratos” 
- “Consumo de calorias acima das 
necessidades” 
- “Alimentação com alto teor de gorduras” 
- “Reduzida ingesta de verduras e frutas” 
- “Insuficiente consumo de proteínas sem 
aumento compensador da ingestão de 
carboidratos” 
- “Baixa ingestão de líquidos” 
- “Reduzida ingesta de carboidratos” 
- “Reduzido consumo de gorduras” 
- “Alimentação puramente vegetariana” 
- “Alimentação láctea exclusiva” 
História familiar: 
• Estado de saúde dos parentes próximos; 
• Doenças genéticas, cardíacas, neurológicas; 
• Mortes. 
Interrogatório sistemático: 
• É comum o paciente não relatar um ou outro 
sintoma durante a elaboração da história da 
doença atual; 
• Explique ao paciente, comece com perguntas 
gerais e depois específicas; 
• Faça uma revisão de sistemas de acordo com 
a queixa apresenta, utilizando o seu raciocínio 
diagnóstico; 
• Não induza o paciente; 
 
Referência: Semiologia Médica, Porto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 5 
í 
Também chamado de somatoscopia ou 
ectoscopia, é a obtenção de dados gerais através 
da observação dos segmentos corporais do 
paciente; 
Roteiro sugerido do exame físico geral: 
1. Estado geral; 
2. Nível de consciência e orientação no tempo 
e espaço; 
3. Fala e linguagem; 
4. Estado mental; 
5. Estado nutricional / Antropometria; 
6. Condições de higiene; 
7. Postura e Atitude ou decúbito 
preferencial; 
8. Idade aparente x idade cronológica; 
9. Biotipo ou tipo morfológico; 
10. Fácies; 
11. Avaliação de pele e mucosas (hidratação, 
palidez, icterícia e cianose); 
12. Enchimento capilar (perfusão periférica); 
13. Anexos: Cabelos, pelos e unhas (fâneros); 
14. Edema/Circulação colateral; 
15. Sistema Osteoarticular. 
O paciente deve ser examinado nas posições de 
decúbito, sentada, de pé e caminhando; 
 
É uma avaliação usada para compreender até que 
ponto a doença atingiu o organismo, visto como um 
todo. Serve de alerta para o médico nos casos 
com escassos sinais ou sintomas indicativos de 
uma determinada enfermidade; 
A manutenção de bom estado geral pode estar 
associada a uma doença grave, isso vai indicar uma 
boa capacidade de reação do organismo, o que 
tem, inclusive, valor prognóstico; 
O estado é classificado em três nomenclaturas: 
- Bom estado geral (BEG); 
- Regular estado geral (REG); 
- Mau estado geral (MEG). 
Um paciente que está em coma, não significa 
necessariamente que ele está num mau estado 
geral. 
 
Entre o estado de inteiramente consciente e o 
estado comatoso é possível distinguir diversas 
fases intermediárias em uma graduação: 
Vigília; estado completamente normal de 
consciência; 
Obnubilação: quando o nível de consciência é pouco 
comprometido, permanecendo o paciente em 
estado de alerta ainda que algo diminuído; 
Sonolência: o paciente é facilmente despertado, 
responde mais ou menos apropriadamente, mas 
logo volta a dormir; 
Confusão mental: perda de atenção, pensamento 
não claro, respostas lentas e não há uma 
percepção temporoespacial normal; 
Torpor ou estupor: quando a alteração de 
consciência é mais pronunciada, mas o paciente 
ainda é capaz de ser despertado por estímulos 
mais fortes e dolorosos; 
 
Capítulo 2 6 
Coma: quando o paciente não é despertado por 
estímulos fortes e não apresenta movimentos 
espontâneos. Habitualmente é prolongado, do qual 
o paciente pode ou não emergir. 
A perceptividade pode ser analisada da seguinte 
maneira: 
Resposta a uma ordem simples: “feche os olhos 
e mostre a língua”; 
Orientação de tempo: 
- Que dia é hoje? 
- Que anos estamos? 
- Que horas são? 
Orientação de espaço: 
- Onde você está agora? 
- Que cidade/bairro estamos? 
A reatividade pode ser analisada por: 
Reação de orientação e de alerta: o examinador 
provoca um ruído e observa se o paciente o 
localiza com os olhos, com abertura e 
movimentação; 
Reação de piscamento à ameaça de atingir os 
olhos; 
Reação à dor – aplicação de estímulos dolorosos 
leves. 
Escala de coma de Glasglow: 
• É o instrumento mais utilizado para 
determinar alterações de nível de consciência; 
• Os extremos da escala (15 ou 3 pontos), 
caracterizam a normalidade (15 pontos) ou o 
estado de coma grave (3 pontos); 
Entre os dois extremos, encontram-se vários 
graus de comprometimento de nível de 
consciência, sendo que abaixo de 8 pontos, 
corresponde ao estado de coma; 
 
 
As alterações da fala classificam-se em: 
Disfonia ou afonia: alteração do timbre da voz 
causada por alguma alteração no órgão fonador. 
A voz pode tornar-se rouca, fanhosa ou bitonal; 
Dislalia: alterações menores da fala, comuns em 
crianças, como a troca de letra; 
- Uma forma especial é a disritmolalia, que 
compreende distúrbios no ritmo da fala, 
incluindo a gagueira e a taquilalia; 
Disartria: alterações nos músculos da fonação, 
incoordenação cerebral (voz arrastada, 
escandida), hipertonia no parkinsonismo (voz 
baixa, monótona e lenta) ou perda do 
controle piramidal (paralisia pseudobulbar); 
Disfasia: aparece com total normalidade do órgão 
fonador e dos músculos da fonação e depende de 
um distúrbio na elaboração cortical da fala. Há 
 
Capítulo 2 7 
diversos graus de disfasia, desde 
mínimas alterações até perda total da fala; 
- A disfasia pode ser de recepção ou sensorial 
(o paciente não entende o que se diz a ele) ou 
da expressão ou motora (o paciente entende, 
mas não consegue se expressar), ou ainda do 
tipo misto, o que é mais frequente. A disfasia 
traduz lesão do hemisfério dominante. 
O estado mental é analisado através de 4 
aspectos, são eles: 
Atenção: pergunte qual o nome do paciente, a sua 
idade e como é o nome do seu acompanhante; 
Memória: peça que ele grave três palavras e 
analise se sua memória está curta ou longa; 
Conteúdo do pensamento: observe se o seu 
pensamento é pobre (repetitivo), paranoico, 
persecutório, hipocondríaco ou se contém alguma 
ideia obsessiva, 
Humor: 0bserve se o seu humor é eutímico 
(tranquilo), disfórico, deprimido e ansioso. 
As medidas antropométricas incluem peso, 
altura, envergadura (distância pubovértice e 
puboplantar), índice de massa corporal (IMC), 
circunferências da cintura e do abdome, 
circunferência da panturrilha e perímetro 
cefálico; 
O estado nutricional tem a ver com nutrientes 
presentes no organismo do indivíduo e não 
necessariamente com o peso. Uma pessoa pode 
ter um peso adequado ou ser obesa e mesmo 
assim ser desnutrida; 
Peso: 
O paciente deve ser pesado descalço, com a 
menor quantidade de roupa possível, posicionado 
no centro da balança, enquanto o avaliador deve 
ficar à frente da balança e à esquerda do paciente 
para realizar a leitura; 
Em pacientes acamados, o peso pode ser aferido 
em cama-balança ou balança de pesagem para 
leito. 
Peso ideal: é calculado a partir de parâmetroscomo idade, biotipo, sexo e altura, podendo variar 
até 10% a menos ou 10% a mais; 
O índice de massa corporal (IMC) é o indicador de 
estado nutricional mais utilizado, no entanto, ele 
não distingue massa gordurosa de massa magra; 
Deve-se ainda estar atento ao 
biotipo do paciente, pois, este parâmetro tem 
influência na distribuição do tecido adiposo; 
O IMC considerado ideal para homens é 22 kg/m2 
para mulheres, 21 kg/m2. 
 
IMC = Peso (kg) / Altura² (m) 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 8 
 
Peso ajustado: É o peso estimado a partir do 
peso atual (PA) e do peso ideal (PI). É utilizado 
para fazer prescrições de dietas em pacientes 
ambulatoriais ou para suporte nutricional em 
pacientes hospitalizados; 
- As seguintes fórmulas podem ser utilizadas a 
fim de se estimar o peso ajustado para 
obesos (IMC > 30 kg/m²) e desnutridos (IMC 
< 18,5 kg/m²): 
Obesos: (PA – PI) × 0,25 + PI 
Desnutridos: (PI – PA) × 0,25 + PA 
Peso estimado: É o peso obtido a partir de 
fórmulas ou tabelas. É utilizado quando não há 
possibilidade de se obter o peso usual ou quando 
não se pode pesar o indivíduo. 
Peso seco: É o peso descontado de edema e 
ascite. O valor a ser descontado depende da 
localização e da intensidade do edema; 
Peso corrigido: Deve ser utilizado em pacientes 
amputados. 
- Fórmula utilizada para se estimar o peso 
corrigido: 
- 
Peso corrigido = (Peso antes da amputação 
x 100) / (100% - % da amputação); 
 
Circunferência da cintura (CC): 
A CC reflete o conteúdo de gordura visceral, ou 
seja, aquela aderida aos órgãos internos, como 
intestinos e fígado. Essa gordura apresenta 
associação com a gordura corporal total, 
sendo o tipo de obesidade mais comumente 
associada à síndrome metabólica e às doenças 
cardiovasculares; 
Em pacientes com IMC > 35 kg/m², justifica-se a 
utilização da circunferência abdominal (CA), pela 
dificuldade em medir a CC. 
- Cheiro característico; 
- Roupas; 
- Unhas; 
- Pelos; 
- Espaços interdigitais. 
• Brevilíneo: 
- Pescoço curto e grosso; 
- Tórax alargado e volumoso; 
- Membros curtos em relação ao tronco; 
- Angulo de Charpy (costal) maior que 90°; 
- Musculatura desenvolvida e panículo 
espesso; 
- Tendência para baixa estatura. 
• Mediolíneo: 
- Equilíbrio entre os membros e o tronco; 
- Desenvolvimento harmônico da 
musculatura e do panículo adiposo; 
- Angulo de Charpy (costal) em torno de 90°. 
• Longilíneo: 
- Pescoço longo e delgado; 
- Tórax afilado e chato; 
- Membros alongados; 
- Angulo de Charpy (costal) menor que 90°; 
- Musculatura delgada e panículo adiposo 
pouco desenvolvido; 
Cumpre fazer uma ressalva em relação ao peso 
ideal, pois sua utilização é criticável quando se 
trata de indivíduos dentro da faixa normal (IMC 
entre 18,5 e 24,9 kg/m2). Isto porque deve-se 
respeitar o biotipo e as características individuais 
do paciente, sem estabelecer metas que podem 
levar a exageros e transtornos alimentares como 
bulimia e anorexia. 
 
 
Capítulo 2 9 
- Tendência para estatura elevada. 
 
A atitude ou posição do paciente deve ser 
observada não apenas no leito, mas também 
quando ele se põe de pé, pois uma postura 
defeituosa pode ser consequência de hábitos 
posicionais (má postura) ou de afecção da coluna 
vertebral; 
A postura é classificada da seguinte maneira: 
- Boa postura: cabeça ereta ou ligeiramente 
inclinada para diante, peito erguido, abdome 
inferior achato ou levemente retraídos e 
curvas posteriores nos limites normais; 
- Postura sofrível: cabeça levemente inclinada 
para diante, peito achatado, abdome passa a 
ser a parte mais saliente do corpo, curvas 
posteriores exageradas; 
- Má postura: cabeça acentuadamente inclinada 
para diante, peito deprimido, abdome saliente 
e relaxado, curvas posteriores exageradas. 
Atitude e decúbito preferido no leito: são posições 
adotadas pelo paciente no leito ou fora dele, por 
comodidade, hábito ou com objetivo de conseguir 
alívio para dores e desconfortos; 
Algumas posições são voluntárias, enquanto 
outras independem da vontade do paciente ou são 
resultantes de estímulos cerebrais. 
Atitudes voluntárias: 
Atitude genupeitoral: também chamada de “prece 
maometana”, é comum em cardiopatias 
restritivas como derrame pericárdico, pois 
melhora o retorno venoso (enchimento do 
coração); 
 
 
 
Atitude ortopneica: o 
paciente apoia as mãos no 
colchão para facilitar a 
respiração e aliviar a falta de 
ar decorrente da insuficiência 
cardíaca, asma brônquica ou 
ascite volumosa; 
 
Posição de cócoras: é 
observada em crianças com cardiopatia congênita 
Boa postura (A), postura sofrível (B), má postura (C). 
 
Capítulo 2 10 
cianótica (Tetralogia de Fallot, por exemplo). Os 
pacientes descobrem instintivamente que essa 
posição alivia a hipóxia generalizada em 
decorrência da diminuição do retorno venoso. 
Atitude Parkinsoniana: o paciente com doença de 
Parkinson apresenta semiflexão da cabeça, 
tronco membros inferiores e, ao caminhar, 
parece estar correndo atrás do seu próprio eixo 
de gravidade. 
 
Decúbitos: significa “posição de quem está deitado” 
e decúbito preferido indica como o paciente 
prefere ficar no leito, desde que o faça 
conscientemente por hábito ou para obter alívio 
de algum padecimento. 
- Decúbito lateral: posição que costuma ser 
adotada quando há uma dor de origem 
pleurítica. Por meio dela, o paciente reduz a 
movimentação dos folhetos pleurais do lado 
sobre o qual repousa. Ele se deita sobre o lado 
da dor; 
- Decúbito dorsal: com pernas fletidas sobre as 
coxas e estas sobre a bacia, é observado nos 
processos inflamatórios pelviperitoneais; 
- Decúbito ventral: comum nos portadores de 
cólica intestinal. O paciente deita-se de bruços 
e, às vezes, coloca um travesseiro debaixo do 
ventre; 
- Decúbitos com variados graus de flexão da 
coluna são observados nas lombalgias (posição 
antálgica). 
Atitudes involuntárias: 
Atitude passiva: O paciente fica na posição em que 
é colocado no leito, sem contratura muscular. É 
observada nos pacientes inconscientes ou 
comatosos; 
Opistótono: decorrente de contratura da 
musculatura lombar, sendo observada nos casos 
de tétano e meningite. O corpo passa a se 
apoiar na cabeça e nos calcanhares, emborcando-
se como um arco; 
 
Pleurostótono: observado no tétano, na meningite 
e na raiva. O corpo se curva lateralmente. 
Posição em gatilho: encontrada na irritação 
meníngea, é mais comum em crianças e 
caracteriza-se pela hiperextensão da cabeça, 
flexão das pernas sobre as coxas e 
encurvamento do tronco com concavidade para 
diante. 
Mão pêndula da paralisia radial: ocorre devido a 
lesão do nervo radial. 
 
 
 
Capítulo 2 11 
É o conjunto de dados exibidos na face do 
paciente., resultando de elementos anatômicos 
associados à expressão fisionômica; 
Os principais tipos de fácies são: 
Fácies normal ou atípica: é a expressão individual 
de cada paciente sem caracterizar algum 
distúrbio ou alteração patológica. Portanto, não há 
necessidade de descrevê-la; 
- No entanto, é importante identificar, no rosto 
do paciente, sinais indicativos de tristeza, 
ansiedade, medo, indiferença e apreensão; 
Fácies hipocrática: caracterizada por olhos 
fundos, parados e inexpressivos, nariz afilado, 
lábios entreabertos, 
delgados e com uma 
discreta cianose, 
palidez cutânea, rosto 
quase sempre coberto 
de suor e “batimentos 
das asas do nariz” 
(movimentação de 
dilatação da aba nasal durante a inspiração); 
- Esse tipo de fácies indica doença grave ou 
estado avançado de várias doenças. 
Fácies renal: caracterizada por edema 
predominante ao redor 
dos olhos que se 
intensifica pela manhã e 
palidez cutânea. Ocorre 
devido a uma redução 
acentuada de albumina e 
é observada nas doenças 
renais, particularmente 
na síndrome nefrótica e na glomerulonefrite 
difusa aguda (GNDA); 
Fácies leonina:caracterizada por pele espessa, 
nódulos de tamanhos 
variados e confluentes, 
supercílios caídos, nariz 
espessado e alargado, 
lábios grossos e 
proeminentes, 
bochechas e mento 
deformados pelo 
aparecimento de nódulos, barba escasseia ou 
desaparece. Essas alterações são observadas em 
pacientes com hanseníase. 
Fácies adenoidiana: caracterizada por nariz 
pequeno e afilado e boca 
sempre entreaberta. 
Aparece nos indivíduos 
com hipertrofia das 
adenoides, as quais 
dificultam a respiração 
pelo nariz ao obstruírem 
os orifícios posteriores 
das fossas nasais. 
Fácies parkinsoniana: cabeça inclinada para frente 
e imóvel nesta posição, olhar fixo, supercílios 
elevados e a fronte 
enrugada conferem ao 
paciente uma expressão 
de espanto. Costuma-se 
dizer que esses 
pacientes se parecem 
com uma figura de 
máscara. falta de 
expressividade facial. Essa fácies é observada na 
síndrome na Doença de Parkinson; 
Fácies basedowiana: caracterizada por olhos 
salientes (exoftalmia) e brilhantes, destacando-
se no rosto magro, expressão fisionômica de 
 
Capítulo 2 12 
vivacidade, espanto e 
ansiedade e bócio. 
Indica hipertireoidismo 
(Doença de Graves); 
 
 
Fácies mixedematosa: caracterizada por um 
rosto arredondado, nariz e lábios grossos, pele 
seca, espessada e com 
acentuação de seus 
sulcos, pálpebras 
infiltradas e enrugadas, 
supercílios escassos, 
cabelos secos e sem 
brilho, expressão 
fisionômica indicativa 
de desânimo e apatia. 
Esse tipo de fácies aparece no hipotireoidismo ou 
mixedema; 
Fácies acromegálica: caracterizada pela saliência 
das arcadas supraorbitárias, proeminência das 
maçãs do rosto e maior desenvolvimento do 
maxilar inferior, além do aumento do 
tamanho do nariz, lábios, 
língua e orelhas. Nesse 
conjunto de estruturas 
hipertrofiadas, os olhos 
parecem pequenos. 
Indica hiperfunção 
hipofisária; 
Fácies cushingoide: caracterizada por rosto 
arredondado (congesto) e levemente cianótico 
com atenuação dos traços faciais, acompanhado 
de obesidade do tronco, pescoço e abdome e acne. 
Este tipo de fácies é observado nos casos de 
síndrome de Cushing por hiperfunção do córtex 
suprarrenal. Pode ocorrer 
também nos pacientes 
que fazem uso 
prolongado de 
corticosteroides. 
 
 
 Fácies downiana: caracterizada por uma prega 
cutânea (epicanto) que torna os olhos oblíquos, 
bem distantes um do 
outro, rosto redondo, 
boca quase sempre 
entreaberta e uma 
expressão fisionômica 
de pouca inteligência. É 
observada na Síndrome 
de Down; 
Fácies do deficiente mental: caracterizada por 
traços faciais apagados e grosseiros, boca 
entreaberta, às vezes com salivação, 
hipertelorismo (má formação congênita 
caracterizada pelo afastamento excessivo dos 
olhos), estrabismo, olhar desprovido de objetivo, 
olhos não se fixam em algo, meio sorriso sem 
movimentação; 
Fácies de depressão: caracterizada pela 
expressividade do rosto, cabisbaixo, olhos pouco 
brilhantes e fixos em um 
ponto distante ou 
voltados para o chão. 
acentuação do sulco 
nasolabial e cantos da 
boca rebaixados. O 
conjunto fisionômico 
denota indiferença, 
tristeza e sofrimento emocional. É observada nos 
transtornos depressivos; 
 
Capítulo 2 13 
Fácies de paralisia fácil periférica (Bell): 
caracterizada pela assimetria da face, 
impossibilidade de fechar 
as pálpebras ipsilateral a 
lesão, desvio da 
comissura labial/desvio 
da comissura para o lado 
são, fissura palpebral 
alargada, apagamento do 
sulco nasolabial e queda do ângulo da boca 
ipsilateral. Indica atrofia muscular progressiva; 
Fácies miastênica ou fácies de Hutchinson: 
caracterizada por ptose palpebral bilateral que 
obriga o paciente a 
franzir a testa e 
levantar a cabeça, 
estrabismo e 
expressão amímica. 
Ocorre na miastenia 
gravis; 
Fácies etílica: caracterizada por olhos 
avermelhados e caídos e certa ruborização da 
face, hálito etílico, voz pastosa e um sorriso meio 
indefinido; 
Fácies esclerodérmica: denominada também 
fácies de múmia e caracterizada pela imobilidade 
facial devido a alterações da pele, que se 
torna apergaminhada, 
endurecida e aderente aos 
planos profundos, com 
repuxamento dos lábios, 
afinamento do nariz e 
imobilização das pálpebras. 
A fisionomia é 
inexpressiva, parada e 
imutável. 
Fácies lupóide: caracterizada por eritema na 
região malar e dorso 
do nariz, erupções 
cutâneas, alopecia e 
lesão fotorreativa. É 
indicativa de lúpus 
eritematoso sistêmico 
(LES); 
Fácies tetânica: caracterizada por sorriso 
sardônico, trismo 
(contratura dolorosa da 
musculatura da 
mandíbula/masseteres), 
deformidades 
fisionômicas e rigidez 
muscular. 
Fácies de sífilis congênita: apresenta fronte 
desenvolvida, nariz em forma de sela, dentes de 
Hutchinson. Na neurosífilis, os pacientes podem 
apresentar o sinal de Argyll Robertson composto 
por miose + abolição do reflexo fotomotor + 
conservação do reflexo de acomodação. 
 
Na ectoscopia devem ser avaliadas a coloração e 
a hidratação da pele, incluindo a análise de 
presença de icterícia e cianose. 
• Cabelos: deve se analisar a implantação, 
distribuição, quantidade e coloração. 
• Cílios e supercílios; 
 
Capítulo 2 14 
• Unhas: deve se analisar a forma ou 
configuração, tipos de implantação, espessura, 
superfície, consistência, brilho e coloração; 
- A ocorrência de manchas brancas é 
comum em pessoas sadias e são 
chamadas leuconíquias. Intoxicação por 
arsênio, déficit de albumina ou déficit 
vitaminas, traumas e uso de antibióticos 
podem alterar a cor das unhas. 
O estado de hidratação do paciente é avaliado de 
acordo com os seguintes parâmetros; 
- Alteração abrupta do peso; 
- Alterações da pele quanto à umidade, 
elasticidade e turgor; 
- Alteração das mucosas quanto à umidade; 
- Tensão ocular; 
- Fontanelas em crianças; 
- Estado geral; 
Um paciente estará hidratado quando a oferta de 
líquidos e eletrólitos estiver de acordo com as 
necessidades do organismo e quando não houver 
perdas extras (diarreia, vômitos, febre, 
taquipneia, sudorese excessiva). No estado de 
hidratação normal, em pessoas de cor branca, a 
pele é rósea com boa elasticidade e com leve grau 
de umidade, as mucosas são úmidas, não há 
alterações oculares nem perda abrupta de peso. 
No caso de crianças, as fontanelas são planas e 
normotensas, e o peso mantém curva 
ascendente. O estado geral é bom, e a criança se 
apresenta alegre e comunicativa, bem como sorri 
facilmente. 
Já a desidratação é a diminuição de água e 
eletrólitos totais do organismo, caracterizando-
se por: 
- Sede; 
- Diminuição abrupta do peso; 
- Pele seca, com elasticidade e turgor 
diminuídos; 
- Mucosas secas; 
- Olhos afundados (enoftalmia) e hipotônicos; 
- Fontanelas deprimidas no caso de crianças; 
- Estado geral comprometido; 
- Excitação psíquica ou abatimento; 
- Oligúria (produção de urina abaixo do normal). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Normal se for menor que 2 segundos em 
adultos e entre 5 a 7 segundos em recém-
nascidos; 
- No entanto, possui baixa sensibilidade e 
especificidade. 
A investigação semiológica do edema tem início na 
anamnese, quando se deve obter três 
informações: tempo de duração, localização, 
evolução; 
 
Capítulo 2 15 
No exame físico 
completa-se a análise, 
investigando-se os 
seguintes parâmetros: 
 
• Localização e distribuição: 
- O edema generalizado é também chamado 
de anasarca e pode estar presente na 
síndrome nefrótica; 
- Um exemplo de edema localizado é o sinal 
de Romaña na Doença de Chagas; 
• Intensidade em cruzes (Sinal de Cacifo); 
Edema + corresponde a uma depressão leve 
(2mm), contorno normal, associado com volume 
do líquido intersticial; 
Edema ++ corresponde a uma depressão mais 
profunda (4mm), contorno quase normal, 
prolonga mais que edema +1; 
Edema +++ corresponde a uma depressão 
profunda(6mm), permanece vários segundos 
após a pressão, edema de pele óbvio pela inspeção 
geral; 
Edema +++ corresponde a uma depressão 
profunda (8mm), permanece por tempo 
prolongado após a pressão e inchaço evidente. 
 
• Consistência 
• Elasticidade 
• Temperatura da pele circunjacente; 
• Sensibilidade da pele circunjacente; 
• Outras alterações da pele adjacente. 
As causas de um edema podem ser: inflamatória, 
alérgica, medicamentosa, hormonal, postural, 
nefrótica, gravidez, hepatopatia, insuficiência 
cardíaca congestiva ou por desnutrição. 
Presença de circuito venoso anormal visível ao 
exame da pele; 
Indica dificuldade ou impedimento do fluxo 
venoso através dos troncos venosos principais 
(cava inferior, cava superior, tronco venoso 
braquicefálico, ilíacas primitivas, veia cava). Por 
causa desse obstáculo, o sangue se desvia para as 
colaterais previamente existentes, tornando-se 
um caminho substituto capaz de contornar o local 
ocluído, parcial ou totalmente. 
 
 
 
 
 
A circulação colateral deve ser analisada sob os 
seguintes aspectos: 
Localização: Tórax, abdome, raiz dos membros 
superiores e segmento cefálico são as regiões em 
que se pode encontrar a circulação colateral, cuja 
avaliação contribui para o raciocínio diagnóstico. 
Porém, para ser identificada, é necessário 
reconhecer a direção do fluxo sanguíneo; 
Direção do fluxo sanguíneo: É determinada com a 
seguinte técnica: comprime-se com as polpas 
digitais dos dois indicadores, colocados rentes um 
ao outro, um segmento da veia a ser analisada; 
em seguida, os dedos vão se afastando 
A) B) 
C) D) 
 
Capítulo 2 16 
lentamente, mantida constante a pressão, de 
modo a deslocar a coluna sanguínea daquele 
segmento venoso; 
 
 
 
 
 
Existência de frêmito e/ou sopro. 
Tipos e fluxos: 
A) Circulação colateral tipo cava superior, 
restrita ao tórax; 
B) Circulação colateral tipo cava superior, 
incluindo as veias do tórax e da parede 
abdominal; 
C) Circulação colateral tipo porta; 
D) Circulação colateral tipo cava inferior. 
 
No exame físico geral também deve ser avaliado: 
- Atitude; 
- Marcha; 
- Desalinho articular; 
- Atrofia muscular; 
- Volume articular; 
- Nódulos; 
- Flogose (inflamação); 
- Número de articulações; 
- Crepitação ou limitação do movimento; 
- Simetria; 
- Predomínio em esqueleto periférico/axial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C) D) 
A) B) 
 
 
17 
Capítulo 3 
ç ç 
Olhos jamais devem ser examinados como órgãos 
isolados... Problemas oculares podem 
manifestar-se me outros locais, bem como 
doenças sistêmicas podem apresentar 
complicações oftalmológicas. 
Algumas afecções oculares ocorrem com mais 
frequência em determinadas idades e sexos, por 
isso a identificação é sempre importante no 
raciocínio diagnóstico; 
A profissão deve ser sempre valorizada, pois 
alguns tipos de trabalho favorecem o 
aparecimento de certas afecções, por exemplo, 
pessoas que trabalham em ambientes fechados 
e empoeirados têm maior tendência para 
apresentar blefarite e 
conjuntivite; 
Os hábitos alimentares têm importante papel nas 
afecções carenciais, como a avitaminose A, que 
causa olho seco; 
O uso abusivo de bebidas alcoólicas e o tabagismo 
podem conduzir à diminuição da acuidade visual 
por lesão desmielinizante do nervo óptico. 
• Sensação de corpo estranho; 
• Queimação ou ardência; 
• Dor ocular; 
• Cefaleia: geralmente é localizada na região 
frontal e se manifesta no fim do dia 
• Prurido (coceira); 
• Lacrimejamento; 
• Xeroftalmia (sensação de olho seco); 
• Xantopsia (visão amarelada); 
• Hemeralopia e nictalopia (cegueira diurna e 
noturna. respectivamente): A hemeralopia 
resulta de disfunção dos cones, enquanto a 
nictalopia resulta de uma disfunção dos 
bastonetes; 
• Alucinações visuais; 
• Amaurose (diminuição ou perda da visão); 
• Diplopia (visão dupla): é importante observar 
se a diplopia é constante ou intermitente, se 
ocorre em certas posições do olhar ou a 
determinadas distâncias ou se é monocular ou 
binocular; 
• Fotofobia (sensibilidade ou intolerância à luz); 
• Nistagmo (movimento involuntário dos olhos); 
• Escotoma (área de cegueira parcial ou total): 
Os escotomas podem ser unilaterais ou 
bilaterais e devem ser investigados quanto a 
posição, forma, tamanho, 
intensidade, uniformidade, início e evolução. 
Apesar do stress emocional ser uma causa 
frequente de transtornos psicossomáticos, e 
sendo as alterações visuais uma de suas 
manifestações... Lembre-se! 
Este sempre será um diagnóstico de exclusão! 
 
Globo ocular: na inspeção deve-se observar a 
separação entre as duas cavidades orbitárias. Um 
grande afastamento está presente em diversas 
 
 
18 
Capítulo 3 
anomalias genéticas e é denominado 
hipertelorismo.; 
 
• Em relação ao tamanho do globo ocular, pode-
se observar microftalmia presente na 
rubéola congênita; 
• Na palpação da órbita, investiga-se a reborda 
óssea, procurando fraturas, espessamento 
ou presença de crepitação. 
Exoftalmia: é a protusão do globo ocular 
decorrente do aumento do 
volume orbitário, secundário 
a hipertireoidismo, 
neoplasia, anormalidade 
vascular ou inflamação; 
Aparelho lacrimal: a inspeção serve para detectar 
aumento do volume da glândula lacrimal, cujas 
causas principais são as afecções inflamatórias e 
as neoplasias, assim como tumefação e 
vermelhidão 
• Para reconhecer pequenos aumentos de 
volume, é necessário levantar a pálpebra do 
paciente pedir a ele que olhe para baixo e para 
dentro; 
 
 
 
• Pela palpação, avaliam-se a consistência, a 
profundidade e a sensibilidade das glândulas 
lacrimais. Deve-se verificar se há refluxo de 
secreção mucopurulenta, através da 
compressão do saco lacrimal. Quando o 
refluxo ocorre, significa que o conduto 
nasolacrimal está obstruído. 
• O lacrimejamento em excesso, denominado 
epífora, pode ser causado por excessiva 
formação de lágrimas ou por 
obstrução das vias de excreção. 
Pálpebras: Estruturas de proteção do globo 
ocular. Pela inspeção, investigam-se a cor, 
textura, posição, movimentos das pálpebras, 
possível presença de edema, defeitos no 
desenvolvimento embrionário como os colobomas 
palpebrais e alterações pigmentares como 
xantelasma, vitiligo e melanose; 
- Triquíase: cílios virados para dentro; 
- Madarose: queda de cílios; 
- Poliose: cílios se tornam brancos. 
A paralisia do músculo orbicular aparece na 
paralisia facial periférica e resulta na 
impossibilidade de oclusão 
palpebral (impossibilidade de fechar os olhos), 
surgindo, então, lagoftalmia e suas possíveis 
complicações corneanas; 
 
 
A paralisia do músculo elevador da pálpebra 
superior leva à blefaroptose, que pode ser 
congênita ou adquirida. 
 
A paralisia do músculo de Müller, que é 
acompanhada de blefaroptose parcial, faz parte 
da síndrome de paralisia do simpático cervical 
(síndrome de Claude Bernard Horner); 
 
 
19 
Capítulo 3 
A blefaroptose pode fazer parte da miastenia 
gravis; nestes casos, caracteristicamente, a 
blefaroptose vai piorando no 
transcurso do dia, mas melhora com injeção de 
prostigmina. 
Síndrome de Claude-Bernard-Horner
• A síndrome de Horner é causada pela lesão 
dos nervos oculomotor e facial no seu 
componente participante do sistema nervoso 
autônomo simpático. Tem como causas 
principais tumores cerebrais, más formações 
vasculares, infecções, iatrogenia e causas 
congênitas. 
• A síndrome é caracterizada pelos sinais 
clássicos: 
- Ptose unilateral: devido à perda da 
inervação simpática dos nervos tarso 
superior que inerva o músculo de Muller e 
tarso inferior; 
- Miose (pupila em estado de contração): 
devido à paralisia do nervo dilatador da íris; 
- Anidrose (ausênciade sudorese na face); 
- Enoftalmia (afundamento do globo ocular); 
- Dilatação pupilar retardada após retirada 
do estímulo luminoso. 
 
 
 
Síndrome de Pancoast: 
• Consiste em sinais e sintomas decorrentes de 
um tumor localizado no ápice pulmonar e que 
compromete o plexo braquial, primeiros 
corpos vertebrais e costelas; 
• Os sinais e sintomas 
incluem miose, 
anidrose, ptose e, 
em casos severos, a 
síndrome de Horner 
completa. Nos casos 
progressivos, o plexo 
braquial também é 
afetado, causando 
dor e fraqueza no 
membro superior, além do nervo frênico 
também ser afetado, causando a paralisação 
do diafragma. 
Conjuntiva e esclera: A conjuntiva é uma 
membrana mucosa, transparente e fina que 
reveste a esclera. A esclera normalmente tem 
cor branco-porcelana, no entanto, essa cor pode 
se modificar pelo depósito de pigmentos como a 
bilirrubina e melanina, causando icterícia e 
melanose ocular, respectivamente. 
• Edema da conjuntiva (quemose), enfisema 
com crepitação e hemorragia subconjuntival 
devem ser pesquisados, podendo fazer parte 
de lesões perioculares 
• O exame da conjuntiva palpebral inferior 
fornece valiosa informação nas anemias, nas 
quais a cor normal, rosa vivo, transforma-se 
em rosa pálido ou fica quase branca. 
Córnea: Com boa iluminação e ajuda de uma lupa, 
pode-se constatar a presença de opacificação 
corneana (leucoma), irregularidades epiteliais 
provocadas por corpo estranho e 
neovascularização (pannus corneano).; 
• É importante determinar a sensibilidade 
corneana, o que é feito mantendo-se a 
pálpebra aberta e encostando a ponta de um 
algodão na parte apical da córnea, sempre 
 
 
20 
Capítulo 3 
comparativamente, tendo-se o cuidado para 
não tocar nos cílios. Lesões do nervo trigêmeo 
frequentemente diminuem a sensibilidade 
corneana 
Pupila: As pupilas normais são redondas, 
localizadas centralmente e, na maioria das 
pessoas, de igual tamanho. No entanto, pupilas de 
tamanhos diferentes (anisocoria) são observadas 
em cerca de 25% da população normal. 
Reflexo fotomotor: O reflexo pupilar à luz é 
testado com uma iluminação uniforme sobre a 
face do paciente, incidindo um feixe luminoso 
sobre um dos olhos. A pupila normal contrai-se 
vigorosa e rapidamente, mantendo esta 
contração (reflexo fotomotor direto). A pupila do 
outro olho deve contrair-se simultaneamente e 
com mesma intensidade (reflexo fotomotor 
indireto ou consensual). 
 
Reflexo para perto: aproxima-se do olho um 
objeto até uma distância de aproximadamente 10 
cm. Neste momento, ocorre então miose bilateral, 
bem como convergência dos olhos e acomodação. 
Cristalino: o exame é feito com a lâmpada de 
fenda, estando a pupila em midríase. Porém, na 
falta desta, uma boa iluminação permite 
perceber as alterações mais grosseiras. Em 
relação à posição do cristalino, pode-se encontrá-
lo deslocado (luxado), o que ocorre, às vezes, na 
síndrome de Marfan e nos traumatismos 
oculares; 
• Com o oftalmoscópio, pode-se caracterizar a 
perda de transparência do cristalino 
(catarata) pelo desaparecimento do clarão 
pupilar. 
A observação do campo visual nos permite 
localizar o nível da lesão da via óptica. 
A) Cegueira monocular direita: lesão do nervo 
óptico; 
B) Hemianopsia bitemporal: 
lesão do quiasma; 
C) Hemianopsia lateral 
homônima direita: lesão 
do trato óptico; 
D) Hemianopsia lateral 
homônima direita: lesão 
das radiações ópticas; 
E) Quadronopsia inferior 
direita: lesão das 
radiações parietais; 
F) Quadronopsia superior 
direita: tesão das 
radiações temporais; 
G) Hemianopsia lateral homônima direita: lesão 
calcarina. 
A acuidade visual é testada em cada um dos olhos 
separadamente. Ao se ocluir o olho que não está 
sendo examinado, deve-se evitar pressioná-lo, 
O fundo de olho normal: a retina apresenta cor vermelho-
alaranjada, homogênea., o disco óptico possui coloração 
rósea, com bordas bem-definidas, podendo haver leve 
borramento da borda nasal, a escavação fisiológica 
corresponde 
 
 
21 
Capítulo 3 
pois isto pode provocar distorção na imagem com 
diminuição da acuidade visual. Se o paciente usar 
óculos, a acuidade visual deve ser avaliada com a 
correção óptica; 
O método mais usado é a Tabela de Snellen, 
ficando o paciente sentado a 20 pés (6m) de 
distância dela. A 
acuidade visual normal 
por convenção 20/20. 
Se um paciente 
consegue ler 20/20 
significa que a 20 pés o 
paciente tem 
capacidade de enxergar 
o que um paciente 
normal deveria 
enxergar a 20 pés e, 
desta maneira, 20/60 
significaria dizer que o 
paciente enxerga a 20 pés o que um paciente 
normal estaria enxergando a 60 pés, portanto, o 
registro de uma visão pior; 
A avaliação da acuidade visual indica a função da 
fóvea, área da retina responsável pela melhor 
acuidade visual. 
Também chamado de fundoscopia, tem por 
finalidade inspecionar a câmera anterior, pupila, 
cristalino, retina, nervo óptico, mácula, artérias e 
veias; 
O fundo de olho normal: a retina apresenta 
cor vermelho-alaranjada, homogênea., o disco 
óptico possui coloração rósea, com bordas bem-
definidas, podendo haver leve borramento da 
borda nasal, a escavação fisiológica corresponde à 
área de penetração do nervo óptico e localiza-
se na porção central do disco, sendo de cor branca 
ou amarelo-pálida e de tamanho variável. Os 
vasos retinianos projetam-se radialmente a 
partir do disco óptico, com a veia acompanhando 
a artéria na maioria das vezes. A visualização 
direta permite diferenciá-los entre artérias e 
veias. Lateralmente, no mesmo plano horizontal 
do disco óptico, identifica-se a mácula de 
coloração rosa-pálida e com pequena 
área vermelho-escura central (fóvea). 
 
Cristalino: Opacidades lenticulares (catarata) 
formam manchas negras no reflexo vermelho. A 
ausência do reflexo vermelho pode ocorrer por 
posicionamento inadequado do oftalmoscópio, 
catarata e hemorragia vítrea. Descolamento de 
retina, retinoblastoma e coriorretinite podem 
apresentar reflexo branco. 
Retina: 
• Exsudatos algodonosos: resultado de edema e 
espessamento das terminações nervosas por 
infarto isquêmico. Possuem cor branca à 
acinzentada, com bordas pouco definidas. 
• Exsudatos duros: pequenos focos branco-
amarelados com bordas bem-definidas. 
Formam-se a partir do acúmulo de lipídeos 
após exsudação vascular. 
• Manchas pigmentadas: secundárias a 
hemorragias antigas. 
 
 
22 
Capítulo 3 
• Manchas brancas/amareladas: depósitos de 
talco observados em usuários de drogas 
intravenosas (metilfenidato). 
• Estrias angioides: linhas pigmentares radiais 
ao disco óptico. Indicam provavelmente 
degeneração de tecido elástico da retina. 
• Hemorragias: 
• Derrames sub-retinianos: apresentam-
se sob a forma de áreas escuras, elevadas, 
simulando tumor melanótico. 
• Hemorragias mais superficiais: são lesões 
focais, de margens borradas e cor vermelha. 
• Microaneurismas: cor vermelha, bordas bem-
definidas, não são reabsorvidos, podendo 
ocorrer em grupos. 
• Hemorragias em chama de vela: ocorrem na 
camada nervosa da retina; cor vermelha, 
presença de estrias. 
• Hemorragia pré-retiniana: apresentam 
formato de meia-lua, com nível líquido na 
porção superior. 
• Manchas de Roth: pequenos focos 
hemorrágicos com área clara central. São 
encontrados na endocardite bacteriana e na 
leucemia. 
Retinopatia hipertensiva 
Os vasos retinianos, diferentemente do restante 
do organismo, não possuem inervação 
autonômica, estando mais suscetíveis ao dano 
causado pela sobrecarga pressórica. Entre as 
alterações arteriolares, o estreitamento vascular 
é um achado precoce. Na fase crônica, a presença 
de tortuosidade aumentada, estreitamentos 
focais ou generalizados e aumento do reflexo 
dorsal são indicativos de arterioloesclerose. 
Exsudatos algodonosos e transudatos 
periarteriolares (áreas esbranquiçadas de 
tamanhovariável) podem estar presentes. Entre 
cruzamentos patológicos (entre artérias e veias) 
também são característicos. As lesões 
extravasculares correspondem às hemorragias 
em chama de vela, ao edema da retina e aos 
depósitos lipídicos (exsudatos duros). 
 
Retinopatia diabética 
O grau de descontrole metabólico e o tempo de 
evolução da doença são fatores importantes no 
desenvolvimento das complicações oculares do 
diabete melito (DM). A retinopatia diabética é 
dividida em retinopatia diabética não 
proliferativa (RDNP) e retinopatia diabética 
proliferativa (RDP), sendo a última a de pior 
prognóstico com maior risco de dano ocular 
irreversível; 
• Não proliferativa: presença de 
microaneurismas, hemorragias retinianas 
puntiformes, hemorragias em chama de vela, 
exsudatos duros, exsudatos algodonosos, 
edema retiniano e veias em rosário. É o 
primeiro estágio da retinopatia diabética. 
Quanto mais graves as alterações, maior a 
chance de evolução para RDP. 
 
 
23 
Capítulo 3 
• Proliferativa: estágio avançado da retinopatia 
diabética, caracteriza-se por proliferação de 
neovasos retinianos. É um quadro de alto risco 
para o desenvolvimento de complicações 
como hemorragia vítrea e descolamento de 
retina, que podem comprometer 
irreversivelmente a acuidade visual. 
Retinopatia nas colagenases 
• Lúpus Eritematoso Sistêmico: 
- Ceratite – ceratoconjuntivite seca; 
- Úlceras – Neovascularização da córnea; 
- Primária: Fase aguda e sem tratamento; 
- Secundária: HAS e nefropatia lúpica; 
- Iatrogênica: Antimaláricos; 
• Dermatofibromiosite: Eliotropo; 
• Esclerose sistêmica; 
• Poliarterite nodosa; 
• Arterite de células gigantes; 
• Arterite de Takayasu. 
 
Blefarites, hordéolo e calázio 
• As blefarites podem ser: 
- Infecciosas (ulcerativas): causada 
geralmente por estafilococos, observam-
se pálpebras vermelhas, áreas ulceradas 
e queda de cílios; 
- Seborreicas (não ulcerativas): encontra-
se associada à dermatite seborreica do 
couro cabeludo e apresenta hiperemia, 
prurido, fotofobia, escamas e crostas 
amareladas; 
• Hordéolo: infecção estafilocócica das glândulas 
palpebrais, caracterizada por dor, hiperemia e 
edema. Pode ser interno ou externo. Quando 
externo é conhecido por terçol; 
• Calázio: inflamação granulomatosa crônica, 
caracterizado por edema sem sinais 
inflamatórios; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
Capítulo 3 
• A idade, em recém-nascidos, destaca-se 
infecções perinatais, uso de medicamentos 
otóxicos e mutações genéticas. Em crianças 
há maior prevalência de otite média e em 
idosos, há relevância a presbiacusia 
(diminuição auditiva); 
• Considerando o sexo do paciente, a 
presbiacusia é mais prevalente em homens, 
enquanto a otosclerose é mais comum em 
mulheres; 
• Considerando a cor a otosclerose é mais 
frequente em pessoas de cor branca; 
• Quanto à profissão, deve-se analisar em 
perda auditiva por exposição a ambientes 
ruidosos ou agentes tóxicos inaláveis; 
• Antecedentes pessoais: em crianças deve-se 
perguntar sobre antecedentes pré-natais 
como uso de substâncias tóxicas e infecções 
como toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, 
HIV/aids. Já em adultos e idosos é necessário 
avaliar hábitos de vida, antecedentes 
cirúrgicos, doenças sistêmicas, uso de 
medicamentos e traumatismos; 
• Antecedentes familiares: deve-se questionar 
a existência de familiares que já tiveram 
perda auditiva. 
Hipoacusia e anacusia: perda parcial ou total da 
audição, respectivamente. Deve ser sempre 
avaliada quanto a: 
Lateralidade (uni ou bilateral); 
Início (insidioso, progressivo ou abrupto): 
Intensidade, duração, constância e sintomas 
associados; 
Tontura e vertigem: são sintomas bastantes 
confundidas, no entanto, tontura significa 
sensação de flutuação, cabeça vazia, sensação de 
escurecimento visual ou pré-sincope, enquanto 
vertigem caracteriza uma sensação rotatória da 
cabeça; 
Zumbido: também chamado de acúfeno deve-se 
avaliar a localização, características, tempo de 
evolução, fatores de melhora ou piora, grau de 
incomodo e sintomas associados; 
Otalgia: dor na orelha; 
Otorreia: secreção mucosa ou purulenta; 
Otorragia: sangramento no ouvido que pode estar 
associado a algum trauma; 
Prurido; 
Para avaliar o aparelho auditivo do paciente, 
utilizam-se inspeção, palpação, ausculta (testes 
de Weber e Rinne) e testes de função vestibular; 
Inspeção das orelhas externa e média: deve-se 
avaliar tamanho e cor do pavilhão auricular, 
pesquisar no meato acústico externo a presença 
de edema, secreções, descamações, sangue, 
cerume, corpo estranho, escoriações ou 
deformidades; 
À otoscopia ou à otomiscrocopia, a membrana 
timpânica normal tem formato arredondado, 
coloração aperolada e saliência do cabo do martelo 
terminando no umbigo; 
 
 
 
25 
Capítulo 3 
Membrana timpânica íntegra, transparente, com 
saliência do cabo do martelo terminando no umbigo. 
 
Membrana timpânica com perfuração central. 
 
Palpação: é útil para avaliar a presença de 
tumorações, linfonodos, cistos, abscessos, 
hematomas, fístulas ou malformações dos arcos 
branquiais; 
Ausculta: importante ser feita nas regiões 
retroauricular, periauricular e cervical em 
pacientes com zumbido pulsátil; 
Teste de Weber 
Esse teste permite a comparação das vias 
ósseas. O diapasão vibrando é colocado na linha 
média do crânio do paciente; 
O paciente deve informar se escutou o som na 
linha média, na orelha direita ou na orelha 
esquerda; 
 
A) Ilustração de perda condutiva em orelha 
esquerda, ou seja, paciente com queixa de 
hipoacusia em orelha esquerda e Weber 
lateralizando para a esquerda. 
B) Teste sem lateralização; 
C) Ilustração de perda neurossensorial em 
orelha esquerda, ou seja, queixa de hipoacusia 
em orelha esquerda e teste de Weber 
lateralizando para orelha direita. 
Teste de Rinne 
Permite comparar a audição por via óssea e via 
aérea. O diapasão é colocado na apófise da 
mastoide do paciente até o desaparecimento da 
percepção sonora, em seguida é colocado na 
região anterior ao trago sem tocá-lo; 
 
A) Rinne positivo, ou seja, condução aérea melhor 
que a condução óssea; 
B) Rinne positivo na perda neurossensorial, a 
condução óssea e a condução aérea são 
igualmente diminuídas; 
C) Rinne negativo na perda condutiva, condução 
óssea melhor que a aérea. 
Teste de Romberg 
Teste de função vestibular, serve para avaliar p 
reflexo vestibuloespinal, as conexões do tronco 
encefálico e o cerebelo; 
 
 
26 
Capítulo 3 
Para sua execução, coloque o paciente em pé com 
os calcanhares juntos e as pontas dos pés 
separadas a 30º, braços ao longo do corpo ou 
estendidos na altura do ombro e olhos fechados 
durante cerca de 1 minuto; 
• Interpretação do teste: 
- Teste normal: paciente permanece na 
posição, sem oscilações que causem queda 
ou deslocamento do pé; 
- Queda para frente ou para trás: 
comprometimento do SNC; 
- Oscilações ou queda para as laterais: 
alterações no sistema vestibular. 
Outros testes vestibulares 
Marcha: uma marcha insegura sugere lesões 
unilaterais do sistema vestibular periférico, de 
forma que de olhos fechados observa-se piora 
da qualidade da marcha, ocorrendo melhora com 
o auxílio da função visual; 
Teste de Fukuda: solicita que o paciente dê 60 
passos, elevando o joelho como se estivesse 
marchando sem sair do lugar com os olhos 
fechados e os braços estendidos na altura do 
ombro. O teste é positivo quando se observa 
desvio lateral progressivo para o lado do déficit 
vestibular; 
Nistagmo: pode ser espontâneo ou de posição. O 
espontâneo observa movimento ocular no 
paciente sentado com o olhar frontal e no de 
posição o paciente deve ser inclinado até 
ultrapassar a borda da maca. 
Compreende o cerume, corpo estranho, otite 
externa, otomicose, pericondrite, condrite 
auriculare herpes zoster; 
Cerume: cerume é uma substância normalmente 
presente no meato acústico externo, cuja função 
é limpá-lo, lubrificá-lo e protegê-lo. No entanto, 
quando em excesso ou impactado, pode provocar 
hipoacusia e desconforto; 
Corpo estranho: a introdução de corpos estranhos 
é comum principalmente em crianças e pode 
provocar hipoacusia e zumbidos. No caso de 
insetos podem causar desconforto, ruídos e 
infecção. 
Otite externa 
Pode ser de dois tipos: 
Otite externa difusa: inflamação do meato 
acústico externo, podendo atingir o pavilhão 
auricular e a membrana timpânica; 
- Inicia-se com prurido, causado por trauma 
local (cotonetes ou unhas) ou maceração da 
pele pela remoção da camada lipídica de 
proteção, permitindo assim a entrada de 
bactérias; 
- Outras causas são: sudorese excessiva, 
ausência de cerume, meato acústico externo 
longo ou estreito, pH alcalino, doenças 
cutâneas (psoríase, seborreia e eczema), 
cerume impactado, corpos estranhos, uso de 
prótese auditiva e otorreia; 
- Caracteriza-se por dor que irradia para região 
temporal e mandibular, sensibilidade 
aumentada da dor à palpação, prurido, perda 
auditiva do tipo condutiva; 
- Ao exame físico, o meato se apresenta 
eritematoso e edemaciado, podendo ser 
 
 
27 
Capítulo 3 
observadas bolhas, otorreia purulenta, falsas 
membranas e lesões crostosas. Em infecções 
mais avançadas, podem estar presentes 
febre e linfonodomegalia; 
Otite externa necrosante: a infecção se inicia no 
meato acústico externo e se estende à base do 
crânio. A maioria dos casos é observada em 
pacientes imunossuprimidos, principalmente em 
diabéticos, insulinodependentes e mal controlados 
e idosos; 
- Pode ocorrer também em pacientes com 
leucemia, hipogamaglobulinemia ou fazendo 
uso de corticosteroides ou quimioterápicos; 
- A Pseudomonas aeruginosa, assim como na 
otite externa difusa, é o agente infeccioso 
mais comum; 
- O quadro clínico tem início semelhante ao de 
otite externa difusa, com otalgia que se irradia 
para as regiões frontotemporais e parietais 
com piora à noite, otorreia fétida e purulenta; 
- Pode ocorrer paralisia facial periférica devido 
ao comprometimento do forame 
estilomastoideo ou necrose do VII par. 
Otomicose 
- Também chamada de otite externa fúngica, 
pode ser aguda ou crônica; 
- Os fatores predisponentes são: infecção 
bacteriana da orelha, condições climáticas, 
utilização de gotas otológicas, estenose do 
meato acústico externo e perda da proteção 
do cerume; 
- Os achados clínicos são: prurido intenso, 
zumbido, otorreia espessa que pode ocluir o 
meato; 
- Ao exame físico, meato hiperemiado com 
discreto edema. 
Pericondrite e condricte auricular 
Processos inflamatórios do pericôndrio e da 
cartilagem da orelha externa, causados pela 
extensão de processos infecciosos, trauma 
acidental ou cirúrgico (piercings); 
A orelha afetada mostra-se hiperemiada e 
dolorosa, podendo ocasionar oclusão do meato, 
podendo apresentar secreção purulenta; 
 
 
 
 
 
 
Otite média 
Pode ser dos seguintes tipos: 
Otite média aguda: geralmente sempre tem 
antecedente de alergia ou infecção que resulta 
em congestão com edema de mucosa do trato 
respiratório; 
- Os fatores de risco são: frequentar creches e 
berçários, história familiar de otite média 
aguda de repetição, pais tabagistas, curta 
duração de aleitamento materno e atopia 
(hipersensibilidade tipo 1); 
- A doença se inicia com infecção das vias 
aéreas superiores e aparecimento súbito de 
otalgia. Crianças podem ter febre, 
irritabilidade e dificuldade para se alimentar; 
- À otoscopia é visualizado abaulamento de 
membrana timpânica, sinal patognomônico da 
doença; 
 
 
28 
Capítulo 3 
- Ao exame físico, membrana com perda de 
transparência ou presença de líquido em 
orelha média. 
Otite média crônica: inflamação da orelha média 
com duração superior a 3 meses, caracterizada 
histopatologicamente como processo 
inflamatório com alterações teciduais 
irreversíveis; 
Pode ser classificada em: 
- Não colesteatomatosa simples: perfurações 
timpânicas com otorreia intermitente, em 
geral associada a infecções de vias aéreas 
superiores ou história de entrada de água, 
com dor e diminuição da acuidade auditiva; 
- Não colesteatomatosa supurativa: 
perfurações timpânicas de grandes 
dimensões ou totais e presença de otorreia 
mucoide ou mucopurulenta de longa duração. 
- Colesteatomatosa: presença de pele na 
cavidade timpânica, sendo classificada em 
congênita e adquirida. A adquirida pode ser 
consequência de defeitos da membrana 
timpânica ou devido a uma otite média crônica 
não tratada. Dentre os sintomas, vertigem e 
dor são excepcionais. Quando presentes 
indicam extensão da doença para a orelha 
interna. Podem ocorrer também zumbidos 
(tons graves), plenitude auricular e Otorragia. 
Zumbidos agudos, crise de vertigens, dor, 
surdez súbita, paralisia facial periférica e 
meningite indicam complicações graves. 
Outras doenças 
Trauma sonoro: Doença ocupacional caracterizada 
por alteração coclear irreversível devido à 
exposição a níveis sonoros elevados. Uma vez 
instalada é irreversível, bilateral, simétrica ou 
relativamente simétrica, não sendo evolutiva, 
após cessação definitiva da exposição ao ruído 
Presbiacusia: diminuição auditiva por alterações 
degenerativas associadas ao envelhecimento. 
Costuma iniciar-se a partir dos 55 anos, evoluindo 
de forma lenta e progressiva; 
Otosclerose: Hipoacusia causada por crescimento 
anormal no osso que imobiliza progressivamente 
o estribo (ossículo mais interno do ouvido médio); 
 
 
 
 
 
Síndrome de Ménière: vertigem de origem 
periférica caracterizada pelos sintomas: 
vertigem episódica, perda auditiva progressiva, 
zumbido e plenitude aural (sensação de som 
abafado); 
Mastoidite coalescente: evolução de processo inflamatório 
que envolve a mastoide. Caracterizada por hiperemia, rubor 
e calor na região retroauricular, podendo apresentar 
abscesso purulento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
Capítulo 3 
• Idade: é relevante pois, em recém-nascidos 
com alterações respiratórias deve-se 
suspeitar de malformações congênitas e 
infecções perinatais e deve ser encarada 
como urgência, já que o RN é respirador nasal 
obrigatório; 
• Sexo: malformações congênitas, como atrésia 
de coana, são duas vezes mais prevalentes no 
sexo feminino; 
• Profissão: locais de trabalho em que poluentes 
são abundantes, podem ser a causa de rinites 
ocupacionais; 
• Antecedentes pessoais: é necessário 
investigar uso de medicamentos como 
descongestionante nasal, AAS, estatina, 
exposição a ambientes com irritantes 
inalatórios, história de trauma 
cranioencefálico; 
• Antecedentes familiares: história familiar de 
alergia se associa ao aparecimento de rinite. 
• Obstrução nasal: deve ser investigada quanto 
a lateralidade; 
• Rinorreia: deve ser investigada quanto à 
lateralidade e a sua viscosidade (hialina, 
espessa, purulenta). Em crianças com 
rinorreia fétida, deve-se sempre pesquisar 
presença de corpo estranho; 
• Rinorragia: sangramento que pode ser oriundo 
das fossas nasais independente da origem 
(seios paranasais, rinofaringe, tuba auditiva); 
• Rinofima: afecção do nariz que se caracteriza 
por um aspecto inchado, bulboso e grosseiro, 
causado por uma infiltração granulomatosa 
• Nariz em sela. 
• Epistaxe: sangramento oriundo da mucosa das 
fossas nasais. 
• Esternutação (espirro); 
• Alterações do olfato: 
- Anosmia e hiposmia: perda do olfato e 
diminuição do olfato, respectivamente; 
- Hiperosmia: aumento da olfação. Pode 
estar presente na gravidez 
hipertireoidismo, psicoses etc.; 
- Cacosmia: sensação constante ou 
frequente de odor desagradável, podendo 
ser subjetiva quando apenas o paciente 
sente ou objetiva quando o paciente e 
outras pessoas sentem. Na rinite ozenosa 
somenteas outras pessoas sentem, pois 
há lesão de terminações nervosas do 
paciente e/ou fadiga do nervo em 
consequência da percepção contínua dos 
odores fétidos. 
- Parosmia: interpretação errônea de uma 
sensação olfatória; 
Compreende a inspeção e a rinoscopia anterior e 
posterior; 
Inspeção: Analisa-se a pirâmide nasal, para 
detectar dismorfias, distúrbios de 
desenvolvimento e desvios; sinais 
sugestivos de processos infecciosos: hiperemia, 
 
 
30 
Capítulo 3 
edema e abaulamento. Além de observar a fáceis 
característica do respirador bucal. 
 
Rinoscopia anterior: Com um espéculo nasal 
apropriado e de tamanho adequado para cada 
paciente, promove-se a lateralização da asa do 
nasal para permitir melhor visão do interior da 
cavidade nasal. 
- Observar o assoalho da cavidade nasal e se há 
secreções ou lesões; a concha inferior 
(coloração da mucosa, hipertrofia, 
degenerações polipoides), concha média e 
meato médio (local em que ocorre drenagem 
das secreções provenientes dos seios frontal, 
maxilar e etmoidal anterior) ; medialmente, 
septo nasal (deformidades, perfurações, 
ulcerações e abaulamentos). 
Rinoscopia posterior: com a língua apoiada no 
assoalho da boca e assim mantida com auxílio de 
abaixador de 
língua, introduz-se o espelho de laringe pequeno, 
em direção à parede posterior da orofaringe até 
ultrapassar os limites do palato mole. 
Avaliar as paredes da rinofaringe, as coanas, a 
cauda da concha inferior, a porção posterior do 
septo nasal, o tamanho das tonsilas faríngeas e 
as tubas auditivas. 
 
 
 
 
 
 
Rinites 
Inflamação da mucosa de revestimento do nariz, 
caracterizada por obstrução nasal, rinorreia, 
espirros, prurido e hiposmia; 
Pode ser classificada em infecciosas (viral, 
bacteriana, fúngica), alérgicas, não alérgicas 
(induzidas por medicamentos, hormonais, 
idiopática, neurogênica, eosinofílica não alérgica, 
atrófica, induzida por refluxo gastresofágico) e 
outras (ocupacional, mista, alérgica local). 
Hiperplasia adenoideana 
Aumento das tonsilas faríngeas que causa 
obstrução nasal; 
Em sua forma crônica promove a mudança do 
padrão respiratório, apresentando uma fácies 
adenoideana e causando desvios craniofacial e 
dentário, além de maior frequência de infecções 
das vias respiratórias e distúrbios de sono; 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
Capítulo 3 
Idade: as faringotonsilites virais correspondem a 
75% dos casos de infecção das vias aéreas em 
crianças menores de 2 anos. Já a mononucleose 
infecciosa ocorre, em geral, na segunda ou 
terceira década de vida; 
Profissão: profissionais que têm contato com 
crianças em idade pré-escolar, escolar e pré-
adolescente, a incidência de faringotonsilites é 
maior; 
Hábitos de vida: podem tornar os quadros de 
faringotonsilites mais frequentes, destacando-se 
ambientes confinados ou 
não ventilados, convívio com tabagistas, 
frequentar escolas e/ou berçários cada vez mais 
cedo. 
Dor de garganta: encontrada em quase todas as 
enfermidades da faringe; 
Dispneia; 
Disfagia (dificuldade de deglutir); 
Tosse; 
Halitose: pode ser causada pela deposição de 
detritos alimentares nas tonsilas (massas 
caseosas), má higienização bucal, aparelhos 
ortodônticos, periodontite, doenças respiratórias 
(bronquite, rinite, adenoide, pólipos), doenças 
gastrointestinais, doenças metabólicas (diabetes 
mellitus) e doenças psicogênicas; 
Dor: causada por cáries com exposição da dentina, 
pulpite (inflamação da polpa dentária), abscessos 
agudos e osteomielite. Geralmente a dor é forte 
e irradiada para vários pontos da cabeça. 
Inspeção: avaliar higiene bucal, condição dos 
dentes (conservação e ausência), presença de 
lesões (úlceras, aftas e monilíase (“sapinho”), 
além de avaliar a presença de tártaro; 
Solicita-se ao paciente manter a língua dentro da 
boca, de forma relaxada. Deve-se analisar a 
orofaringe, as tonsilas palatinas, os arcos 
palatoglossos e os palatofaríngeos. 
Observa-se primeiramente o tamanho da língua e 
sua relação com o palato mole. 
As tonsilas devem ser avaliadas quanto ao 
tamanho, simetria, presença de exsudato ou 
caseum, tamanho das criptas, ulcerações, 
tumores ou abaulamentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
Capítulo 3 
Aftas: ulcerações superficiais, dolorosas, 
localizadas na mucosa não queratinizada; 
Faringotonsilite: infecções que se desenvolvem na 
mucosa faríngea. Podem ser divididas em 
eritematosas, eritematopultáceas, 
pseudomembranosas e ulcerosas; 
 
Mononucleose infecciosa: causada pelo vírus 
Epstein-Barr, também conhecida como doença 
do beijo, devido à transmissão ocorrer 
principalmente pela saliva; 
 
 
 
 
 
Neoplasias de faringe: as mais frequentes são 
câncer de amigdala, fibroma da nasofaringe. 
Compreende sua avaliação geral (musculatura, 
postura, movimentação, simetria, tumores, 
avaliação da coluna cervical, avaliação da cadeia 
linfonodal, avaliação da tireoide e vasos cervicais; 
Avaliação de linfonodos: realizar palpação e 
inspeção, avaliando tamanho, aderência a planos 
profundos e superficiais, localização, simetria, 
consistência, coalescência, sensibilidade e 
alterações da pele; 
Com o paciente sentado e examinador posicionado 
atrás do paciente, palpa-se os linfonodos com a 
polpa digital e a face ventral dos dedos médio, 
indicador e anelar; 
CUIDADO: ao palpar os linfonodos 
submandibulares, não confundir com as glândulas 
salivares! 
 
Avaliação da tireoide: deve ser analisado o 
formato, nódulos, dor e a mobilidade da traqueia. 
O paciente deve estar sentado, com a cabeça 
estendida e o médico deve solicitar que ele 
degluta. Ao tentar deglutir, o esperado é que a 
glândula se desloque para cima. 
 
Referências: PORTO, Celmo Celeno. Semiologia 
médica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
2009. 1308 p. 
 
33 
Capítulo 4 
í 
Idade: nas crianças e jovens predominam as 
anomalias congênitas. Já a doença de Chagas e a 
hipertensão arterial são mais frequentes dos 20 
aos 50 anos de idade; 
Sexo: lesões mitrais, como estenose e prolapso da 
valva mitral ocorrem mais em mulheres jovens, 
enquanto aterosclerose coronária predomina nos 
homens até os 45 anos de idade; 
Cor: a hipertensão arterial é mais frequente nos 
negros e costuma apresentar uma evolução 
clínica mais grave; 
Profissão: existem profissões que exigem grande 
esforço físico e podem contribuir para 
insuficiência cardíaca; 
Naturalidade e procedência: se relacionam com 
regiões endêmicas de Doença de Chagas; 
Antecedentes pessoais: infecções 
estreptocócicas, lesões orovalvares de etiologia 
reumática, alimentação rica em lipídios e o risco 
de aterosclerose, lesões renais e o risco de 
hipertensão arterial, perturbações emocionais e 
manifestações cardiovasculares de ansiedade 
e/ou depressão. 
Hábitos de vida: tabagismo, o alcoolismo e o 
sedentarismo, relacionados com o aparecimento 
de aterosclerose e hipertensão arterial. 
Sinais e sintomas 
Na anamnese, é necessário avaliar sintomas 
comuns que causam preocupação, fazendo 
perguntas, como: 
 
Dor torácica: O senhor sente alguma dor ou 
desconforto no peito? – Caracterizar quanto à 
localização, duração, intensidade, irradiação, 
sintomas associados, fatores de melhora ou 
piora, medicamentos, evolução, situação atual; 
Edemas: Caracterizar quanto à localização, 
temperatura, dor; 
Palpitações: Sente o coração batendo, pulando ou 
acelerando? As palpitações devem ser analisadas 
quanto a frequência, ritmo, horário de 
aparecimento, modo de instalação e 
desaparecimento, isto é, se têm início e término 
súbitos. Deve-se indagar, também, quanto ao uso 
de chá, café, refrigerantes à base de cola, tabaco 
e drogas, principalmente cocaína e anfetaminas. 
As palpitações podem ser de três tipos: 
• Palpitações de esforço; 
• Alterações do ritmo cardíaco; 
• Transtornos emocionais. 
Dispneia: Sente falta dear, fôlego curto, 
respiração difícil? Geralmente, a dispneia em 
paciente com uma cardiopatia indica congestão 
pulmonar e deve ser caracterizada quanto ao 
esforço e postura e se o paciente chegou a usar 
inalação; 
• Dispneia de esforço: pode ser aos grandes, 
médios e pequenos esforços; 
• Ortopneia: surge quando o paciente se deita e 
ocorre devido ao aumento da congestão 
pulmonar pelo maior afluxo de sangue 
proveniente dos membros inferiores. 
Geralmente esse paciente dorme com vários 
travesseiros, podendo chegar a adotar até a 
posição semissentada para dormir; 
 34 
Capítulo 4 
• Dispneia paroxística noturna: consiste no fato 
de o paciente acordar com intensa dispneia, 
sufocação, tosse seca e opressão 
torácica, sendo obrigado a sentar-se na beira 
do leito ou levantar-se da cama. Durante a 
crise dispneica, pode haver broncoespasmo, 
responsável pelo aparecimento de sibilos, cuja 
causa provável é a congestão da mucosa 
brônquica. Nessas condições, costuma ser 
chamada de asma cardíaca. 
• Dispneia de Cheyne-Stokes: períodos de 
apneia, seguidos de movimentos respiratórios, 
superficiais a princípio, mas que se tornam 
cada vez mais profundos, até chegar a um 
máximo. Quando isso acontece, o paciente 
apresenta-se em estado de torpor, sonolento 
ou inconsciente, as pupilas se contraem 
(miose), podendo aparecer cianose ao término 
da fase de apneia. 
• Tosse: sintoma frequente na insuficiência 
ventricular esquerda, costuma ser seca e 
está associada à congestão pulmonar, por isso 
sempre é acompanhada de dispneia. Já no 
edema pulmonar agudo, a tosse acompanha-
se de expectoração espumosa de cor rósea. 
Pressão arterial: É a força exercida pelo sangue 
sobre as paredes dos vasos que pode sofrer 
variações de acordo com a posição do indivíduo, 
das atividades e das situações em que ele se 
encontra; 
• Tem como finalidade promover a perfusão 
dos tecidos e está relacionada com o trabalho 
do coração e traduz o sistema de pressão 
vigente na árvore vascular arterial; 
• A pressão arterial tem sua importância no 
exame físico, pois através dela podemos 
avaliar a pressão sistólica máxima necessária 
para que o ventrículo possa fazer uma boa 
ejeção do sangue para os tecidos periféricos e 
avaliar a complacência e a pressão diastólica 
na aorta; 
Frequência cardíaca: informa como que está o 
coração, tanto do ponto de vista patológico, como 
do ponto de vista fisiológico; 
Inspeção geral 
Tipos de tórax: 
• Normal; 
• Em tonel ou globoso: aumento exagerado do 
diâmetro anteroposterior, horizontalização 
dos arcos costais e abaulamento da coluna 
dorsal, o que torna o tórax mais curto. Comum 
em enfisematosos do tipo PP (soprador 
rosado); 
• Infundibuliforme (pectus excavatum): 
depressão na parte inferior do esterno e 
região epigástrica de natureza congênita; 
• Cariniforme (pectus carinatum): o esterno é 
proeminente e as costelas horizontalizadas, 
resultando em um tórax que se assemelha ao 
das aves (tórax de pombo). Pode ser de 
origem congênita ou adquirida devido a 
raquitismo na infância; 
• Cifótico: curvatura da coluna dorsal, formando 
uma gibosidade. Pode ser de origem congênita 
ou resultar de postura defeituosa, assim 
como de tuberculose óssea, osteomielite ou 
neoplasias; 
• Cifoescoliótico: apresenta além da cifose, um 
desvio da coluna vertebral para o lado 
(escolioses); 
Utilização da musculatura acessória: É necessário 
avaliar se há batimento de asa de nariz, tiragem 
intercostal ou respiração subdiafragmática; 
 35 
Capítulo 4 
Baqueteamento digital: alteração do ângulo de 
implantação da unha; 
 
Cianose periférica: resulta da perda exagerada de 
oxigênio ao nível da rede capilar por estase venosa 
ou diminuição funcional ou orgânica do calibre dos 
vasos da microcirculação. Sempre é acompanhada 
de pele fria, podendo aparecer na insuficiência 
cardíaca congestiva (a estase venosa periférica 
retarda a circulação nos capilares que se 
encontram dilatados), no colapso periférico com 
diminuição do volume minuto, ou pode depender 
de obstáculo na circulação de retorno, como 
ocorre na flebite ou na flebotrombose; 
Palpação dos pulsos: No sistema arterial, é 
importante conhecer tais pulsos: 
• Carotídeo: utilizado em suspeita de estenose 
carotídea; 
• Braquial: utilizado para aferir a pressão 
arterial; 
• Radial; 
• Ulnar; 
• Femoral: utilizado em casos de suspeita de 
pseudoaneurisma relacionado a cateterismo 
cardíaco; 
• Poplíteo; 
• Pedioso; 
• Tibial posterior; 
É importante comparar os pulsos nos dois lados. 
No sistema venoso, existem sinais que devem ser 
investigados, como: 
Turgência jugular: para investigar esse sinal, o 
paciente deve ser colocado em um ângulo de 45º 
e, dentro da normalidade, a jugular só deve 
aparecer até 5cm acima do esterno. 
 
 
 
 
 
 
Quando se verifica uma estase de jugular, isso 
quer dizer que a pressão do átrio direito está 
muito grande e há uma dificuldade de retorno 
venoso; 
Edema de MMII: Numa patologia do coração 
(central), geralmente, o edema é bilateral. No 
entanto, quando é uma patologia circulatória 
periférica, o edema pode ser unilateral; 
• A causa básica do edema cardíaco é a 
insuficiência ventricular direita por aumento 
da pressão hidrostática associado à retenção 
de sódio; 
• Primeiramente, localiza-se nos membros 
inferiores, pela ação da gravidade, iniciando-se 
em torno dos maléolos. Além disso, o edema 
cardíaco intensifica-se com o decorrer do dia, 
chegando à máxima intensidade no período da 
tarde; Diminui ou desaparece com o repouso 
noturno. Com o agravamento da função 
cardíaca, o edema acomete o corpo todo, 
inclusive o rosto (anasarca). 
 36 
Capítulo 4 
 
 
 
 
 
 
 
Dermatite ocre: ocorre devido à hipertensão 
venosa causada pela Insuficiência Venosa. Devido 
ao mau funcionamento das veias o sangue fica 
represado na parte inferior da perna 
aumentando a pressão local. Isso pode levar a um 
extravasamento de sangue e acúmulo de um 
pigmento chamado hemossiderina na pele. 
 
 
 
Inspeção e palpação 
Inspeção: O exame se inicia com inspeção da 
região, estando o paciente em decúbito dorsal, 
com cabeceira elevada a cerca de 30 graus. O 
examinador deve ficar à direita do paciente e 
deve observar o tórax do paciente, investigando 
abaulamentos, análise de ictus cordis, análise de 
batimentos ou movimentos visíveis ou palpáveis e 
pesquisa de frêmito cardiovascular; 
Palpação: inicialmente, toda a face palmar da mão 
é utilizada sobre o precórdio, procurando por 
movimentos, choques valvares, frêmitos e já 
analisando as suas características, tais como 
intensidade e situação no ciclo cardíaco. Nos casos 
de mama esquerda volumosa, deve-se afastá-la 
com sutileza com a mão esquerda. 
Abaulamento 
Para facilitar o reconhecimento de abaulamento, 
a observação deve ser feita em incidência 
tangencial, (examinador de pé do lado direito do 
paciente) e incidência frontal (examinador fica 
junto aos pés do paciente, que permanece 
deitado). Abaulamento desta região pode indicar a 
ocorrência de aneurisma da aorta, cardiomegalia, 
derrame pericárdico e alterações da própria caixa 
torácica 
Ictus cordis 
Também chamado de impulso cardíaco apical ou 
choque de ponta, é analisado pela inspeção e 
palpação, investigando-se localização, extensão, 
mobilidade, intensidade e tipo da impulsão, ritmo e 
frequência. A localização do ictus varia com o 
biotipo, mas geralmente se encontra no 5º espaço 
intercostal esquerdo, na linha médio-clavicular; 
 
 
 
 
 
Técnica: o paciente deve estar em decúbito dorsal 
com o tórax descoberto. O examinador deve ficar 
à direita do paciente e estender a mão direita 
para palpar a região anteroinferior esquerda do 
tórax com a palma dos dedos, procurando a região 
do choque de ponta. Ao encontrar, o examinador 
deve colocar a palma de uma ou

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