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Podcast 
Disciplina: Legislação e Políticas Públicas de Inclusão e 
Multiculturalidade 
Título do tema: Conceitos, fundamentos e políticas de 
educação multicultural, intercultural e inclusiva e sua 
influência no processo de formação do cidadão. 
Autoria: Gleidis Roberta Guerra 
Leitura crítica: Prof. Dr. Carlos Eduardo Candido Pereira 
 
Abertura: 
Olá ouvinte! No podcast de hoje vamos falar sobre a Nova Política Nacional 
de Educação Especial 
Assinado pelo Presidente da República, o Decreto n.º 1.0502/2020 propõe a 
nova Política de Educação Especial que causou polêmica em diversas áreas 
da sociedade civil, universidades e entidades que defendem o direito das 
pessoas com deficiência. Vamos entender por que isso ocorreu. 
Desde o ano de 1994, com a assinatura do documento mundial denominado 
Declaração de Salamanca, o Brasil se comprometeu com a inclusão de todas 
as pessoas em um mesmo sistema de ensino, o Sistema Regular, acabando 
assim com as escolas e classes especiais. 
Desta forma, a Educação Especial deixou de ser um local, uma escola, e 
passou a ser um serviço, fazendo parte do projeto pedagógico das escolas 
regulares e através do Atendimento Educacional Especializado provendo 
recursos e estratégias para que as pessoas com deficiência, Transtornos 
Globais do Desenvolvimento e altas habilidades/superdotação pudessem ter 
a oportunidade de se desenvolver em igualdade de oportunidade com os 
demais alunos. 
Todos os compromissos assumidos pelo Brasil internacionalmente e também 
referendados pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA) foram reafirmados na Política Nacional de Educação 
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), que deixa então de 
ter validade a partir da publicação da nova Política de Educação Especial 
(2020). 
Mas por que tanto desconforto da sociedade, das universidades e das 
entidades? 
Vários fatores contribuíram para isso. Em primeiro lugar, a retirada do termo 
“na perspectiva da educação inclusiva” do título, não é apenas a mudança de 
um nome, sabemos que ao mudar o nome, mudamos também a ideologia 
que está por trás daquilo que se pretende. 
 
As entidades que defendem os direitos das pessoas com deficiência afirmam 
que em momento algum foram consultadas em relação aos interesses das 
mesmas, embora o Governo afirme que houve um amplo debate entre todos. 
A proposta principal de tal política é a flexibilização dos sistemas de ensino, 
ou seja, o retorno das classes e escolas especiais, em um claro incentivo à 
volta da segregação. 
Segundo os autores da política, a ideia não é segregar, mas sim flexibilizar, 
dar às famílias a opção de escolher, juntamente com a escola e a equipe 
multidisciplinar qual a melhor escola para o seu filho, individualizando o caso 
e não olhando para o grupo de pessoas com deficiência como um todo. 
Porém, é sabido que em nosso país, muitas famílias não têm acesso à 
informação, ou mesmo ao tratamento básico, quem dirá a uma equipe 
multidisciplinar que possa orientá-los em relação à escolarização de seus 
filhos. Posto isso, acaba-se por pensar que a decisão acabará sendo do 
diretor da escola. 
Outra crítica que se levanta é que a nova Política de Educação Especial de 
2020 não deixa claro quais serão os critérios de avaliação para determinar 
quem vai ficar nas escolas regulares e quem será encaminhado para as 
classes ou escolas especiais, e nem mesmo quem será o responsável por 
fazer estas avaliações. 
Em suma, é possível afirmar que o Decreto propicia retrocesso para o 
período denominado de integração. Este período, que ocorreu a partir da 
década de 1960, era um período em que a educação ocorria em três níveis – 
Escola Especial, Classe Especial e Classe Comum. 
O período de integração foi marcado pela busca da normalização das 
pessoas com deficiência, se acreditava que quanto mais “normal” ela ficasse, 
mais condições ela teria de se integrar à sociedade, e com isso ela era 
exposta a horas semanais de terapias de reabilitação – fonoaudiologia, 
fisioterapia, terapia ocupacional. 
Acreditava-se também que era o aluno que tinha que se adaptar à escola, e 
que essa não tinha que se modificar em nada para recebê-lo. Assim, ele 
tinha que ter pré-requisitos para conseguir ir para a escola comum, o que 
fazia com que, na maioria das vezes, ficasse mesmo entre a escola especial 
e a classe especial. 
Devemos saber que após um grande movimento das entidades que lutam 
pelos direitos das pessoas com deficiência, das Universidades e outros 
movimentos relacionados à causa, a Nova Política de Educação Especial foi 
suspensa por uma liminar do STF em dezembro de 2020, por ter sido 
considerada inconstitucional 
 
Nos dias 23 e 24 de agosto de 2021 houve uma grande audiência pública, 
em que 58 pessoas da sociedade civil se colocaram em relação à volta dos 
alunos com deficiência para as escolas e classes especiais. 
Agora cabe aos ministros votarem pela revogação ou continuidade desta 
política. 
Fechamento: 
Este foi nosso podcast de hoje! Até a próxima!

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