Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DOENÇA RENAL AGUDA DEFINIÇÃO: · Insuficiência renal é dito agudo (IRA) quando sua evolução é rápida, ao longo de horas ou dias, sendo na maioria das vezes reversível. EPIDEMIOLOGIA: · Estima-se que cerca de 5-7% das admissões hospitalares, e 30% das internações desenvolve IRA. · A mortalidade da IRA é altíssima, chegando a 80% em populações mais suscetíveis (exemplo: idosos, hipertensos, diabéticos. · A principal causa é a sepse. FATORES DE RISCO: · modificáveis: · desidratação · uso de contrato iodato · inibidores do SRAA · drogas nefrotóxicas → gentamicina, diclofenaco. · má perfusão orgânica · obesidade · não modificáveis: · idade · câncer · sexo feminino · raça negra · IRA prévia · comorbidades: doença renal crônica, cardiovascular. · DPOC NEFROCHECK: · Exame de urina (médio risco): biomarcador atuais positivo vai apresentar lesão renal. ETIOLOGIA: · Injúria pré-renal (60-70%): hipovolemia. Mais facilmente reversível. · Redução do volume circulante efetivo (queimadura, desidratado). · Estados de choque. · Insuficiência cardíaca descompensada. · Cirrose hepática: não produz albumina suficiente → gerando ascite. · Síndrome nefrótica. · AINE. · Inibidores da ECA/antagonistas de angio II. · Injúria renal intrínseca (25-40%): · Necrose Tubular Aguda → o túbulo após tratamento se regenera. · picadas de cobras. · Sepse → causa mais comum. · Síndrome nefrítica. · Nefrite intersticial aguda "alérgica". · Glomerulonefrite difusa aguda · Glomerulonefrite rapidamente progressiva · Nefroesclerose hipertensiva maligna · Ateroembolismo por colesterol · Síndrome hemolítico-urêmica · Injúria pós-renal (5-10%): · Obstrução uretral → cálculo. · Obstrução do colo vesical e uretra prostática → HBP. · Obstrução dos óstios vesicais → câncer de bexiga. · Funcional: · Bexiga neurogênica (ex.: neuropatia diabética). · Medicamentos. · Mielopatia (ex.: traumatismo raquimedular) FISIOPATOLOGIA: · Pré- renal: quando a Pressão Arterial Média (PAM) cai, as arteríolas aferentes ficam vasodilatas, reduzindo a resistência vascular do rim, evitando o hipofluxo renal. Em condições normais, o fluxo sanguíneo renal é preservado até uma PA sistólica de 80 mmHg. Hipoperfusão renal com integridade do parênquima renal. A injúria pré-renal geralmente se instala assim que a pressão arterial média cai abaixo de 80 mmHg. A arteríola aferente está fazendo vasodilatação. · MECANISMO DE COMPENSAÇÃO: com a redução da pressão arterial (menor que 100 mmHg), os rins secretam a enzima renina na corrente sanguínea agindo na angiotensinogênio → angiotensina I. Em seguida, a IECA transforma a angiotensina I em angiotensina II qual vai aumentar a reabsorção de sódio e água pelo néfron proximal. Age na aldosterona aumentando a reabsorção de sódio e água no néfron distal. A angiotensina II causa vasoconstrição da arteríola aferente e por mediadores químicos (ex.: prostaglandinas, NO, etc.) gera vasodilatação na arteríola eferente. Tudo isso ocorre a fim de manter a TFG. A vasopressina aumenta a reabsorção de água livre no néfron distal. Resultado final: oligúria, urina hiperconcentrada e pobre em sódio. · RENAL (40%): originada em qualquer segmento do néfron, por conta de dano estrutural no parênquima. Lesões isquêmicas e sépticas são as principais causas. · Suas causas são: necrose tubular aguda, nefrite intersticial aguda, obstruções tubulares, nefrotoxicidade medicamentosa e nefropatia por contraste · NECROSE TUBULAR AGUDA: ocorre um insulto inicial (ex. choque, trauma, toxicidade), que leva a hipoperfusão renal, com descamação epitelial dos túbulos que forma os “plugs” e gera uma obstrução tubular, dificultando na reabsorção de Na+ e água. Tende a ser um processo autolimitado (7-14 dias). · NEFRITE INTERSTICIAL AGUDA: infiltrado de células inflamatórias no interstício por conta de um insulto inicial (ex. medicamentos, doenças autoimunes e infecções) que leva uma disfunção tubular. Por conta dessa lesão de parênquima, a função reabsortiva fica prejudicada. Portanto, a urina do paciente tende a ser mais diluída · PÓS-RENAL (10%): caracterizada por uma obstrução do trato urinário, que aumenta a pressão intratubular retrogradamente, levando a um quadro de dilatação pielocalicial com consequente destruição dos túbulos. Se manifesta com oligúria/anúria de instalação hiperaguda, o que requer a instalação rápida de tratamento (sonda vesical). Dessa forma, por conta da redução da TFG, há um menor influxo de sódio, água, ureia e creatinina para o néfron, o que aumenta suas concentrações sanguíneas. Portanto, além do paciente apresentar oligúria, ele apresenta também uma urina concentrada. QUADRO CÍNICO: · Pré – renal: · diarreia, vômitos, edemas, hipertensão e congestão pulmonar, oligúria. · Renal: · hematúria na urina; oligúria. · Pós- renal: problemas para urinar, oligúria. · Retenção de escórias nitrogenadas (azotemia) → pericardite, encefalopatia, disfunção plaquetária, manifestações GI. · Acidose metabólica: náuseas e vômitos, letargia e hiperpneia. DIAGNÓSTICO: · laboratorial: · MARCADORES ATUAIS: · Gasometria: · acidose metabólica: perde muito bicarbonato. · Ânion gap: Na – (bicarbonato + cloreto): ânion gap aumentado por diminuição de bicarbonato pois, foi usado muito para tamponar o H+. · Urina 1: · eosinofilúria: pré-renal ou pós-renal. · cilindro hemático, hemácias disfórmicas e leucócitos glomerular: glomerular (síndrome nefrítica). · cilindro hialino: pré-renal. · cilindro epitelial/granuloso: necrose tubular aguda. · Na: · pré-renal: baixo. · renal: alta. · Fração de excreção do Na: · pré-renal: < 1%: · renal: > 2%: · Fração de excreção da ureia: · Na injúria pré-renal: < 35%. · Na injúria renal intrínseca: > 50%. · Osmolaridade: · pré-renal: > 500 mOsm/L · renal: < 350 mOsm/L. · hematúria: renal. · Urina 24 h: · proteína: · > 3,5: síndrome nefrótica. · urina mais concentrada: pré- renal e pós-renal. · urina mais diluída: renal. · Bioquímica (sérico): · pré – renal: Na ↑. · renal: Na ↓. · ↓ Ca (ocorre porque o fosfato alto consome ele). · hipercalemia (↑ K) · hiperfosfatemia (↑ P) · relação ureia/creatinina: · > 40: pré-renal. · < 15: renal → há aumento da reabsorção de ureia por conta de uma disfunção das células tubulares proximais. · > 15: pós-renal. · Estratifação laboratorial: · CRITÉRIOS DE AKIN → diurese. · estágio 1: 0,5 mL/Kg/h por 6 horas. · estágio 2: 0,5 mL/Kg/h por 12 horas. · estágio 3: 0,3 mL/Kg/h por mais de 24 horas OU anúria por 12 horas. · CRITÉRIOS DE RIFLE → creatinina. · estágio 1 (Risk): 0,3 mg/dL; > igual a 1,5 x do basal. · estágio 2 (injury): > igual a 2x do basal. · estágio 3 (Failure): > igual que 3x do basal, > 4 mg/dL (↑ agudo > 0,5). · estágio 4 (Loss): persistência por mais de 4 semanas. · estágio 5: doença renal em estágio final. · Imagem: · USG: · rim de tamanho normal: pré – renal. · aumento de tamanho, dilatação do ureter: pós – renal. TRATAMENTO: · Pré-renal: · Normalizar a pressão arterial sistólica, administrar reposição volêmica (infusão de líquido) e suspender o uso de diuréticos (se atentar caso o paciente necessite desse medicamento, como por exemplo, numa ICC); · Renal: · Depende da doença que causou o dano no parênquima e interstício renal. Por exemplo, em caso de infarto por conta de um trombo ou êmbolo, é preconizado medicamentos anticoagulantes junto de estatina; caso seja por intoxicação, é suspendido o agente patógeno; em caso de inflamações, recomenda-se uso de anti-inflamatórios não esteroidais ou glicocorticoides · Pós- renal: · litíase: desobstrução com cateter vesical. · Medidas gerais: · Monitoramento constante da concentração sérica de eletrólitos, creatinina e ureia (em TODOS os casos); · dieta com baixo teor de sódio e potássio até melhora da função renal. · hiponatremia → restrição do uso de soluções hipotônicas e da ingesta de água. Tá com sódio baixo por diluição aos líquidos. · suspensão de fármacos como AINEs, BRAs e IECAs (interferem na perfusão renal); · evitar fármacos nefrotóxicos, como aminoglicosídeos,e contrastes radiológicos. · Dialisar de urgência: · acidose metabólica refratária, hipervolemia, hipercalemia refratária. · síndrome urêmica: encefalopatia, pericardite, hemorragia. · intoxicação exógena.
Compartilhar