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1 Rafaela Pamplona Resumo I - NEFROLOGIA ABORDAGEM DO PACIENTE COM DOENÇA RENAL ........................................................................................................................... 1 INJÚRIA OU LESÃO RENAL AGUDA....................................................................................................................................................... 7 SÍNDROME NEFRÍTICA E ABORDAGEM NA HEMATÚRIA .................................................................................................................. 11 SÍNDROME NEFRÓTICA ....................................................................................................................................................................... 15 DISTÚRBIOS DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO .................................................................................................................................... 19 ABORDAGEM DO PACIENTE COM DOENÇA RENAL Anatomia – Rins • Órgãos glandulares em forma de feijão • Tamanho 10 – 13cm • Entre a 1° e 4° vértebra lombar – ortostase • 12° vértebra torácica e 3° vértebra lombar – decúbito • Rim direito mais baixo que o esquerdo 1.5cm • São órgãos retroperitoneais • Parênquima renal Camada cortical – mais interna - Dividido em: glomérulos, túbulos proximais e distais Camada medular – mais externa - Dividido em: alças de Henle e túbulos coletores • Cápsula renal: tecido conjuntivo que envolve externamente o rim • Fáscia de Gerota: gordura perirrenal que fica ao redor da capsula renal • Hilo renal: região central, por onde passam vasos e nervos Disposição das estruturas de superior para inferior: arteira renal (posterior), veia renal (anterior) e ureter Agenesia renal: defeito congênito, ausência de um rim Rim vicariante: para suprir a falta de um rim, o que ficou aumenta de tamanho 2 Rafaela Pamplona Vascularização • Duas características da circulação renal Alta taxa de fluxo de sangue Presença de dois leitos capilares (capilares glomerulares e peritubulares), que são arranjados em serie e separados pelas arteríolas eferentes Função renal • Unidade funcional: néfron (700.000 1.2 milhão/rim) Néfrons: glomérulo, túbulo contorcido proximal, alça de Henle, túbulo contorcido distal, ducto coletor • Regulação: equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico (pH) • Excreção: produtos finais do metabolismo orgânico (ureia, creatinina, excesso de ácidos) e substâncias exógenas (excreção de medicamentos etc) • Função hormonal Produzem e secretam enzimas e hormônios - Renina: controle da PA - Eritropoetina: atua na medula, estimulando a produção de eritrócitos (células vermelhas do sangue – hemácias) ~ Pacientes com falência renal desenvolvem anemia - Vitamina D ativa (calcitriol): no TRP, a enzima 1α- hidroxilase converte a vit D inativa em ativa, responsável pela reabsorção de íons de cálcio no TGI e para a deposição de cálcio nos ossos ~ Reposição indiscriminada de vitamina D pode causar lesão renal - Prostaglandinas, cininas Sítios de ação de hormônios (ADH, PTH, peptídeo natriurético atrial...) Regulação da pressão arterial: por ser o órgão responsável pela regulação do volume corporal, se o rim não eliminar a quantidade necessaria de sódio, o paciente acaba acumulando líquidos, causando aumento da pressão, edema etc 3 Rafaela Pamplona Filtração glomerular • Filtração do plasma através dos capilares glomerulares (água, eletrólitos, ácido úrico, ureia, creatinina, AA, glicose) – substâncias pequenas passam livremente < 15.000 daltons A glicose é filtrada pelos glomérulos e reabsorvida integralmente de forma ativa pelos túbulos renais • Exceto proteínas maiores, hemácias, leucócitos, plaquetas • A seleção do que será filtrado ocorre pelo tamanho e carga da molécula Tamanho: pequeno Carga: positiva - Água é livremente filtrada - Albumina possui baixa taxa de filtração - Moléculas com carga negativa filtram menos • Forças exercidas – mecanismo de Starling Em situações fisiológicas, há um equilíbrio entre a filtração (depende da pressão hidrostática) e a reabsorção (depende da pressão oncótica) Capilar: pressão hidrostática e pressão oncótica capilar Cápsula de Bowman: pressão hidrostática e pressão oncótica Albumina – regula a pressão oncótica - O aumento da concentração de proteínas aumenta a pressão oncótica, fazendo essa superar a pressão hidrostática. Esse processo culmina na insuficiência renal aguda O grau de contração da arteríola aferente controla o volume sanguíneo que vai ser filtrado Cálculo da pressão de filtração glomerular Clearence – Medida da filtração glomerular (TFG) • Depuração ou clearence é a quantidade de sangue totalmente clareada de determinada substância em um período de tempo • Glicose – clearence igual a zero: totalmente filtrada e reabsorvida (consegue reabsorver até ≈ 180) DM descompensada ou lesão no túbulo renal: presença de glicose na urina • Marcadores da clearence renal – avalia a função renal Inulina: marcador ideal – mas não utilizada na prática - Não se liga a proteínas, pequeno diâmetro, sem cargas elétricas, não é reabsorvida, secretada ou metabolizada pelos túbulos renais - Infusão plasmática: tudo que for injetado será eliminado Creatinina (Cr) – utilizada na prática - Substância endógena - Fácil dosagem no sangue e urina - Produzida no músculo de forma constante e excretada somente pelos rins - Não é ideal porque ~ Pequena secreção tubular 4 Rafaela Pamplona ~ Varia de acordo com a massa muscular, idade e sexo do paciente → é necessário contextualizar os valores com o caso de cada paciente Cistatina C - Produzida por todas as células nucleadas em ritmo constante - Livremente filtrada pelos glomérulos e totalmente metabolizada pelos túbulos - Marcador mais precoce do que a creatinina - Interferências: hiper e hipotireoidismo, inflamação, uso de corticoides ~ Por utilizar marcadores nucleares, tudo que envolve metabolismo pode alterar os valores Clearence de Creatina • A estimativa da TFG, por meio das equações que ajustam para idade, gênero, superfície corpórea e etnia, deve ser realizada de rotina e em conjunto com a medida da albuminúria • A concentração sérica da creatinina não deve ser utilizada como índice isolado de avaliação da função renal e existem as equações que utilizam na fórmula a creatinina sérica e a cistatina C • Dentre as equações utilizadas existem a de Cockcroft-Gault (CG), a do estudo Modification of Diet in Renal Disease (MDRD) e a Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (CKD-EPI) para adultos e a de Schwartz para crianças • Equação de Cockcroft Gault Em desuso Considera a redução na excreção de creatinina urinaria relacionada a idade, mas não a relaciona com a obesidade Não tem boa acurácia 𝐶𝑙𝐶𝑟 (𝑚𝑙/𝑚𝑖𝑛) = (140 − 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒) 𝑥 𝑝𝑒𝑠𝑜 (𝑘𝑔) 72 𝑥 𝑐𝑟𝑒𝑎𝑡𝑖𝑛𝑖𝑛𝑎 𝑠é𝑟𝑖𝑐𝑎 𝑥 0,85 (𝑠𝑒 𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟) • MDRD: Modified diet in renal disease (1999) Não inclui indivíduos saudáveis Baseado no clearance de iotalamato-I125, ela estima a TFG e não a depuração de creatinina Variáveis: creatinina sérica, idade, raça e gênero Pode estimar melhor a função renal em pacientes idosos • CKD-EPI: Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (2009) Fórmula mais precisa Inclui indivíduos com e sem DRC Ureteres, Bexiga e Uretra • Ureteres: comunicação dos rins com a bexiga • Bexiga: órgão muscular oco que forma uma cavidade virtual e se comunica com a uretra • Uretra: conduto de eliminação da urina, No homem, ejaculação e eliminação de secreções prostáticas Anamnese• Sintomas inespecíficos e variados • Antecedentes Médicos HAS Diabetes Antecedentes cirúrgicos • Medicações em uso Remédios de rotina Uso de remédios potencialmente nefrotóxicos - AINES - Lítio • Cirurgias • Diagnóstico diferencial Sintomas genitourinários • Oligúria: diminuição do débito/fluxo urinário (<400ml/dia) • Anuria: ausência de fluxo urinário • Poliúria: aumento do volume urinário (>2.5 a 3L/24h) Diabetes • Noctúria: capacidade de concentração urinária reduzida ou capacidade da bexiga reduzida • Disúria: dor ou ardor à micção • Polaciúria: aumento do número de micção com eliminação de pequenos volumes de urina • Incontinência: incapacidade de segurar a urina na bexiga. Pode ser disfuncional, alterações neurológicas ou mecânicas (instabilidade do detrusor, associada à menopausa, HPB, psicogênicas ou disfuncionais) • Urgência: necessidade súbita e impiedosa de urinar 5 Rafaela Pamplona • Enurese: perda de urina durante o sono • Hematúria: macro ou microscópica – neoplasias do trato urinário, ITU, nefrolitíase, GNF Glomerular x não glomerular: avaliar presença de cilindros, dismorfismo/acantócitos, proteinúria Inicial (uretra) ou terminal (uretra prostática ou colo vesical) • Hematúria glomerular: glomerulopatias (nefropatia por IgA, GN, Síndrome de Alport...) • Hemoglobinúria: hemólise • Mioglobinúria: rabdomiólise (lesão muscular) • Bilirrubinúria ou colúria: coloração escura devido a eliminação de bilirrubina. Associação com doenças do fígado, com a colestase • Quilúria: presença de linfa na urina. A urina fica com aspecto esbranquiçado e leitoso • Piúria: presença de conteúdo mucopurulento (pus) na urina, é resultado de leucocitúria, urina fica com aspecto amarelado, tipo leite condensado • Proteinúria: urina “espumosa” Aumento da filtração glomerular Diminuição de reabsorção tubular Aumento de [proteínas]p filtradas pelo glomérulo • Proteinúria transitória: doenças sistêmicas, prática de exercícios físicos pesados, extremos de temperatura, ortostática • Proteinúria nefrótica x não nefrótica Nefrótica perde mais que 3,5g de proteína na urina de 24h Nefrítica perde menos que 3,5g de proteína na urina de 24h • Dor Lombar e no flanco: distensão da cápsula renal, piora com os movimentos Cólica renal: dor intensa e aguda associada a náusea, vômito. Inicia na região lombar e irradia para flanco, descendo para região hipogástrica e genitália (acompanha a migração do cálculo) Pielonefrite: associada a febre Dor hipogástrica Estrangúria: dor muito forte ao urinar “rasgando” Dor perineal: normalmente associado a prostatite • Trato urinário inferior Causas: HBP, neoplasia de próstata, prostatite crônica, fraqueza ou instabilidade do músculo detrusor, ITU, nefrolitíase, doenças neurológicas Sintomas de armazenamento ou irritativos - Polaciúria, incontinência, urgência Sintomas de esvaziamento ou obstrutivos - Jato fraco, hesitação, gotejamento terminal, esforço abdominal, dificuldade de iniciar Sintomas pós-miccionais - Sensação de esvaziamento incompleto, gotejamento pós-miccional Exames complementares • Sumário de urina ou EAS: urina tipo 1 Coleta - Higiene adequada - Fração do jato médio - Evitar atividade física excessiva 72h antes - Frasco de material inerte, limpo e seco - SVA, SVD, punção suprapúbica • Analise física: volume, aspecto, cor, odor, pH, densidade e osmolaridade • Análise química: glicose, cetonas, bilirrubina, urobilinogênio, nitritos, esterase leucocitária, hemepigmentos, proteínas e ácido ascórbico • Análise microscópica do sedimento urinário: células epiteliais, leucócitos, hemácias, cilindros, cristais, bactérias, leveduras • pH Levemente ácido (5,5 – 6,5) Acidose tubular renal ITU Nefrolitíase • Densidade e Osmolaridade Reflete o estado de hidratação do paciente e a habilidade renal de concentrar e diluir a urina 1,015 a 1,030 Pode alterar com: albumina, glicose, ureia Lesões túbulo-intersticiais, diurese osmótica, potomania (compulsão por beber água) Doença renal crônica avançada Uso de furosemida • Análises químicas Glicose: glicosúria se glicemia >180 – 200/ - Síndrome de Fanconi: é um distúrbio raro da função tubular renal que resulta em quantidades excessivas de glicose, bicarbonato, fosfatos (sais de fósforo), ácido úrico, potássio e certos aminoácidos sendo excretados na urina 6 Rafaela Pamplona Cetonas: jejum prolongado, CAD, dietas lowcarb Bilirrubina e Urobilinogênio: doença hepatocelular Nitritos: ITU – bactérias gram negativas através da enzima nitrato redutase, converte nitrito em nitrato - Teste específico, porém pouco sensível Esterase leucocitária: positiva em situações de infeção ou inflamação. Enzima liberada por neutrófilos e macrófagos lisados na inflamação do epitélio - Teste muito sensível, porém pouco específico Hemepigmentos: Hb, mioglobina, hemácias Proteinúria: fita reagente (+/4+) - Hematúria macroscópica, piuria, tempo prolongado de imersão → falso positivo - Urina muito diluída, proteinúria de cadeia leve isolada (kappa ou lambda) Ácido ascórbico (vit C): sua presença pode induzir resultados falso-negativos para várias substâncias • Análise microscópica do sedimento urinário Células epiteliais: uroepiteliais, escamosas, transicionais e tubulares renais Leucócitos: 5 a 10/ campo - Infecções urinárias, glomerulonefrites, nefrite tubulointersticial aguda ou processos inflamatórios pélvicos Hemácias: 2 a 5/ campo - Doenças do trato urinário, sistêmicas (vasculites, neoplasias), exercício físico intenso - Isomórficas (não-glomerular) ou dismórficas (glomerular) Cilindros: formados nos túbulos distais e coletores a partir da precipitação da proteína de Tamm-Horsfall. O tipo de cilindro diz a condição associada Cristais: oxalato de cálcio, ácido úrico, fosfato de cálcio, uratos amorfos, cistina (pré-disposição a cálculos) Bactérias, fungos e outros elementos Tipo de cilindro Composição Condições associadas Hialino Proteínas Condições normais/ Sd nefrótica Hemático Eritrócitos GNF agudas Leucocitário Leucócitos Pielonefrite, NIA, GNF Celular Céls epiteliais e tubulares renais NIA, NTA Granular Vários tipos de céls DRC Gorduroso Lipídeos Sd. nefrótica Céreo Vários tipos de células DRC • Volume urinário: 1500ml – 3000ml Volume ideal = 30ml / kg Alimentação, perdas insensíveis, exercício, temperatura e ingesta hídrica • Proteinúria Proteinúria <150mg/24h Albuminuria <30mg/24hs Albumina: molécula grande (69.000D): doença glomerular Proteinúria 24h: falha em idosos, incontinência urinária, crianças Relação proteína/creatinina • Microalbuminúria (termo em desuso) Albuminuria < 30 Microalbuminúria: de 30 a 300 Macroalbuminúria ou albuminúria grave: acima de 300 Marcador de disfunção endotelial - Reflete micro lesões vasculares - Quanto mais elevado maior o índice de morbimortalidade, risco de doenças cardiovasculares Lesão microvascular em diabéticos Fator de risco para morbidade e mortalidade cardiovascular • Urocultura Analisar a presença de bactérias • Dosagem de substâncias Íons, carboidratos, proteínas, gorduras, aminoácidos, hormônios, fragmentos de DNA e RNA Exames de Imagem • USG de rins e vias urinárias Avaliar cronicidade - Crônico: rim diminuído, com perda de diferenciação entre córtex e medula e afilamento do parênquima renal - Agudo: rim com aspectos normais Avaliar obstrução do trato urinário - Visualiza a bexiga cheia de urina e hidronefrose ~ Abaulamento evidenciando a dilatação do rim, devido a urina não conseguir passar até a bexiga,se acumulando no rim Nefrolitíase - Cálculo > 4mm não necessita de cirurgia • TC com ou sem contraste Sem: suspeita de cálculo renal Com contraste: suspeita de tumor etc 7 Rafaela Pamplona Biópsia renal • Precoce Se suspeita de GNRP (glomerulonefrite rapidamente progressiva) Doenças sistêmicas (LES) • NIA (nefrite intersticial aguda) Reação alérgica a medicamentos (omeprazol, amoxicilina etc) • Ausência de diagnóstico clínico provável • Após a 3° semana na ausência de recuperação INJÚRIA OU LESÃO RENAL AGUDA Definição • Insuficiência renal a queda abrupta da taxa de filtração glomerular, comprometendo todas as funções renais Aumento da taxa de creatinina sérica ≥0,3mg/dl dentro de 48h OU Aumento da creatinina sérica ≥ 1,5x o valor de base, ocorrendo nos últimos 7 dias OU Débito urinário < 0,5ml/kg/h por mais de 6h • O quadro de insuficiência renal é dito agudo (IRA) quando sua evolução é rápida, ao longo de horas ou dias • Na ausência de sintomas, o diagnóstico pode ser puramente laboratorial Elevação de ureia e creatinina plasmáticas (azotemia) Azotemia é o aumento das escorias nitrogenadas, detectado pela elevação de ureia e creatinina no sangue Uremia é um termo sindrômico que faz referência aos sinais e sintomas da injuria renal grave Importância • Altas taxas de morbimortalidade (50%) • Risco de evolução para DRC • Redução abrupta da TFG • Rim não exerce suas funções básicas Excreção de escórias nitrogenadas Homeostase hidroeletrolítica • Reversível • Incidência vem aumentando 8 Rafaela Pamplona Etiopatogenia • Pré-renal: hipofluxo renal • Renal: lesão no próprio parênquima renal • Pós-renal: obstrução Pré-renal • O problema não é no rim, é na quantidade de volume sanguíneo que chega no rim – HIPOFLUXO • Redução da perfusão renal: desidratação, sangramentos, uso de diuréticos, ICC • Medida compensatória – urina concentrada Caracteriza-se pela redução da excreção urinária de Na+ e H2O Aumento da osmolaridade urinária • Reversível se correção rápida dos fatores precipitantes Renal • Fatores intrínsecos ao rim • Principal causa de IRA • Locais afetados Glomérulo, túbulos, interstício e vasos • A lesão tubular é a mais comum NTA – necrose tubular aguda: é a progressão da LRA pré- renal não revertida • Nefrotoxicidade: antibióticos (aminoglicídeos), contrastes iodados, quimioterápicos, pigmentos e venenos ofídicos • Medicamentos Modificações hemodinâmicas - AINES ~ Atua no bloqueio das prostaglandinas (vasodilatador endógeno), causando vasoconstricção da arteríola aferente, reduzindo a quantidade de sangue que chega no rim Dano tubular direto Reação alérgica – NIA (nefrite intersticial aguda) Obstrução intratubular Síndrome hemolítico-urêmica • LRA renal – 74% oliguria X 26% não oliguria 62% NTA (72% isquemia/ 28% tóxicas) - De 7 a 28 dias para o túbulo se regenerar - Em média de 21 dias para recuperação da FR - Só faz biopsia se após 28 dias não houver melhora 22% GNF 6% NIA 5% necrose cortical – não há recuperação! 5% outras Pós-renal • Obstrução de vias urinárias: HPB, neoplasia próstata ou bexiga, distúrbios retroperitoneais, bexiga neurogênica, cálculos renais bilaterais • Elevação da pressão hidráulica da via urinária, de forma ascendente • A reversibilidade da LRA pós-renal depende da duração da obstrução Fisiopatologia • Vasoconstrição intrarrenal: desequilíbrio entre fatores vasoconstritores (angiotensina II, endotelina) e vasodilatadores (PGs, óxido nítrico) • Lesão tubular: redução dos níveis intracelulares de ATP e lesões de reperfusão (estresse oxidativo) 9 Rafaela Pamplona • Reversibilidade: vai depender da capacidade de regeneração e diferenciação das células tubulares renais Duração Intensidade Evento agressor Quadro clínico • Fase inicial: perda da capacidade de excreção adequada dos compostos nitrogenados • Fase oligúrica: débito urinário <400ml/24h • Fase poliúrica: incapacidade dos túbulos regenerados em reabsorver sal e água • Fase de recuperação funcional Manifestações renais • Síndrome urêmica Náusea, vômito, redução do nível de consciência, HDA, ulcera gástrica, prurido, dispneia intensa, congestão pulmonar • Alteração do balanço de água e sódio • Alteração do balanço do potássio Hipercalemia é uma complicação da IRA - Aumento do catabolismo endógeno de proteínas, dano tecidual, sangramento intestinal, movimento de K do intra para o extracelular na acidose metabólica - Arritmia → fibrilação → parada cardíaca - Principal causa de óbito/ toxicidade cardíaca e neuromuscular • Alteração do balanço de cálcio e fósforo Manifestações extrarrenais • Infecção (45 – 80%) Sepse - Lesão pré-renal: hipofluxo - Lesão renal: microcoágulos que obstruem os túbulos Tanto a sepse pode levar a IRA quando a IRA pode levar a sepse • HAS • Arritmias • ICC – hipervolemia • Pericardite/ Tamponamento cardíaco – pericardite urêmica • Encefalopatia urêmica/ convulsão/coma – dialise com urgência • Úlceras gástricas ou duodenais Principais achados da IRA Diagnóstico • Creatinina – marcador tardio • RIFLE 2004 (Risk, Injury, Failure, Loss e ESRD) • Creatinina (Cr) e débito urinário • AKIN 2007 Redução abrupta da FR (48h) + aumento da Cr ≥ 0,3 aumento porcentual da Cr ≥ 50% ou redução do débito urinário < 0.5ml/kg/h > 6h • Paciente por urinar normal (2L/24h) e ter IRA – IRA não oligúrica (creatinina extremamente alterada) Nefrotoxicidade – uso de aminoglicosídeo Leptospirose • KDIGO 2012 – creatinina e diurese Estadiamento da IRA - Somente um dos critérios (CrS ou diurese) pode ser utilizado para inclusão no estágio → escolha o pior! - Pacientes que necessitam de diálise são considerados estágio 3, independente do estágio em que se encontravam no início da terapia dialítica - Sempre comparar a primeira medida com a atual Estágio Critério pela creatinina sérica Critério pelo débito urinário 1 Aumento na CrS ≥0,3mg/dl OU Aumento de 1,5 a 1,9x da CrS basal < 0,5ml/kg/h por mais de 6h 2 Aumento de 2 a 2,9x da CrS basal < 0,5ml/kg/h por mais de 12h 3 Aumento ≥3 da CrS, OU CrS ≥4mg/dl, OU início de terapia de substituição renal < 0,3ml/kg/h por mais de 24h ou anuria por 12h 10 Rafaela Pamplona Diagnóstico diferencial de IRA pré-renal e renal Diagnóstico por imagem • USG de rins e vias urinárias Avaliar cronicidade: história clínica + USA - Crônica ~ DM, HAS, dislipidêmico ~ Atrofiado, perda de diferenciação entre córtex e medula e afilamento do parênquima renal ↳ Exceção: DM, amiloidose e anemia falciforme – paciente não apresenta alteração na imagem, mesmo quando faz dialise - Aguda Avaliar obstrução do trato urinário Nefrolitíase Infecção: pielonefrite • TC Quando o USG não é satisfatório Preferencialmente sem contraste, pois o contraste é nefrotóxico Biopsia renal • Precoce: se suspeita de GNRP e doenças sistêmica EAS: Hematúria, proteinúria, cilindros hemáticos, esterase leucocitária e hemácias dismórficas Pulsoterapia com altas doses de corticoide para tentar diminuir o processo inflamatório – tentar salvar o rim • NIA • Necrose cortical bilateral • Ausência de diagnóstico clínico provável Tratamento – depende da causa • Identificar IRA pré-renal e pós-renal Pré-renal: correção da volemia, fazer solução salina, tratar hipercalemia, diminuir as manifestações urêmicas • Correção da volemia (solução salina) • Reestabelecimentodo equilíbrio eletrolítico • Controle das manifestações urêmicas • Uso de vasopressores SN: noradrenalina, vasopressina, na tentativa de aumentar a PA e chegar mais sangue no rim • Controle da hipervolemia – uso de diuréticos • Ajuste da dose de medicamentos de acordo com o CLCr estimado TODO paciente com IRA deve ser avaliado se está com acidose metabólica (gasometria) e hipercalemia Hipercalemia • Principal causa de mortalidade: arritmia cardíaca grave que pode evoluir para óbito • Gluconato de cálcio EV Sempre é utilizado Faz estabilização da membrana cardíaca, evitando fibrilação • Tratamento Por potássio para dentro da célula (mascara o problema) - Inalação com β-agonista - Soluções polarizantes (glicose + insulina) Eliminação pela urina ou fezes - Furosemida • Bicarbonato de sódio • Resinas de troca – Sorcal • Diálise – hipercalemia refratária Indicações de hemodiálise de urgência • Hipercalemia refratária • Acidose metabólica refratária • Hipervolemia refratária • Manifestações graves da uremia Sangramentos (HDA) Encefalopatia urêmica (rebaixamento do nível de consciência) Pericardite urêmica 11 Rafaela Pamplona SÍNDROME NEFRÍTICA E ABORDAGEM NA HEMATÚRIA Objetivos • Diferenciar as principais causas de hematúria • Diagnosticar síndrome nefrítica • Diferenciar síndrome nefrítica de síndrome nefrótica Diferenciação entre síndromes nefróticas e nefríticas Características típicas Nefrótico Nefrítico Inicio Insidioso Abrupto Edema ++++ ++ Pressão arterial Normal Elevado Pressão venosa jugular Normal/baixo Elevado Proteinúria ++++ ++ Hematúria Pode ou não ocorrer +++ Elementos de glóbulos vermelhos Ausente Presente Albumina sérica Baixo Normal/ligeiram ente reduzido • Realizar a propedêutica de exames Diferenciar as principais causas de síndrome nefrítica baseadas no complemento sérico e exames reumatológicos • Diagnosticar a GNDA, entender a evolução e o seu tratamento Alterações da cor da urina • Variação normal: amarelo claro a escuro • Hematúria: é a presença de hemácias, pode ser micro ou macroscópica • Colúria: é a presença de bilirrubinúria, urina escura • Mioglobinúria: presença de mioglobina (lesão muscular) urina vermelha ou marrom escura Rabdomiólise - Exercício físico extenuante - Medicamentos da classes das estatinas - Picada de cobra cascavel - Choque elétrico - Espancamento (lesões que causam esmagamento) Hematúria X Mioglobinúria – EAS Hematúria → hemácias Mioglobinúria → mioglobina • Hemoglobinúria: presença de hemoglobina • Porfiria: doenças hematológicas • Outras Hematúria fictícia Menstruação Alimentos (beterraba, páprica) • Outros pigmentos Rifampicina: urina alaranjada Nitazoxanida: urina esverdeada • Urina turva Cristais de fosfatos amorfos: pH alcalino Cristais de uratos amorfos: pH ácido • Leucocituria • Bacteriúria • Urina esverdeada (infecção por Proteus) • Quiluria (linfa): presença de gordura, esbranquiçada e leitosa Hematúria • Hematúria: é a presença de hemácias • Pode ser micro ou macroscópica Hematúria microscópica: visível apenas no microscópio (EAS) - Mulheres: pelo menos 4 hemácias - Homens: a presença de qualquer quantidade Hematúria macroscópica: visível a olho nu 1gota de sangue é capaz de turvar de 1 a 2L de urina 12 Rafaela Pamplona Localização de causa de hematúria • Pode ter origem em qualquer lugar do trato urinário • É importante diferenciar se a origem é urológica ou glomerular Causas urológicas são responsáveis pela maior parte dos casos de hematúria e incluem nefrolitíase, infecção do trato urinário baixo (cistite, uretrite e prostatite), tumores e trauma. A hematúria de origem nas vias urinárias (pelve renal, bexiga, uretra) possui coloração vermelho-viva e coágulos A hematúria de origem glomerular tem características peculiares: coloração amarronzada (ou “de coca-cola”) da urina e ausência de formação de coágulos Causas de hematúria • Cálculos renais • Doenças glomerulares • Doenças medulares Necrose papilar Rim esponja-medular Tuberculose • Infecções • Tumores Carcinoma de células renais Lesões de células transicionais Carcinoma da próstata Carcinoma da uretra • Distúrbios da coagulação Doenças da coagulação Drogas anticoagulantes • Doenças intersticiais Nefrite intersticial Rins policísticos • Trauma • Outras Cistite química Corpos estranhos Endometriose Malformações vasculares Hematúria • Avaliação inicial História ou exame físico sugerem algum diagnóstico? Macroscópica ou microscópica? Hematúria transitória ou persistente? Inicial, terminal ou indiferente em relação ao fluxo urinário? - Início: hematúria total ~ Principalmente se tiver cor acastanhada – origem renal - Terminal – origem uretra ou bexiga Hematúria glomerular ou não-glomerular? • Glomerular ou não glomerular Glomerular Não-glomerular Coágulos Ausentes Presentes ± Proteinúria Variável < 500mg Cilindros hemáticos Presentes ± Ausentes Dismorfismo Presentes ± Ausente ± Cilindros hemáticos 13 Rafaela Pamplona Hematúria glomerular e acantócitos A presença de hemácias dismórficas e de acantócitos (hemácias em formato de rosca com protrusões citoplasmáticas vesiculares) na urina é um indicativo de patologias glomerulares Síndrome nefrítica • Definição Doença que ocasiona inflamação do glomérulo Conjunto de sinais e sintomas característicos de inflamação glomerular (glomerulonefrite) Inflamação glomerular → Hematúria → Retenção hidrossalina → Hipertensão • Tríade Edema + Hipertensão + Hematúria - Não é necessário apresentar os três sinais e sintomas • Glomerulonefrites proliferativas – definição Hematúria Edema - Principalmente pela manha - Periorbitário (fácies renal) Hipertensão arterial (140x90mmHg) Oliguria (abaixo de 600ml) - Anuria (menos de 100ml) Proteinúria (geralmente < 3,5g/24h) Redução da TFG → clearance de Cr Causas de síndrome nefrítica • Causas infecciosas Pós-estreptocócica Não pós-estreptocócica - Endocardite infecciosa - Bacteremia estafilocócica - Pneumonia pneumocócica - Meningococcemia - Sífilis secundária - Infecções virais agudas - Outras • Causas não infecciosas Doenças sistêmicas - LES - Purpura Henoch-Schönlein - Vasculite necrosante ~ Grandes vasos ~ Médios vasos ~ Pequenos vasos → vasos renais - Doença Goodpasture Doenças glomerulares primárias - Nefropatia por IgA primária - GN membranoproliferativa - GN proliferativa mesangial Avaliação laboratorial • Fator antinuclear (FAN) → investigar LES Muito sensível, mas pouco específico • Anticorpos Anti-DNA Anticitoplasma de neutrófilo (ANCA) → investigar vasculites Antiestreptolisina O (ASO) → investigar infecção estreptocócica recente Anti-estreptozima Anti-membrana basal glomerular • Componentes do sistema complemento C3 (via alternativa) C4 (via clássica) • Pesquisa de crioglobulinas séricas • Sorologias Hepatite B, C, HIV • Hemoculturas • Outras • Biopsia renal conforme indicação CAUSAS DE SÍNDROME NEFRÍTICA AGUDA Baixo nível de complemento sérico Nível normal de completo sérico DOENÇAS SISTÊMICAS LES (focal ≈75%; difuso, ≈90%) Crioglobulinemia (≈85%) Endocardite bacteriana subaguda (≈90%) Nefrite “shunt” (≈90%) Poliartrite nodosa Granulomatose de Wegener Vasculite de hipersensibilidade Purpura de Henoch-Schönlein Síndrome de Goodpasture Abscesso visceral DOENÇAS RENAIS Glomerulonefrite pós- estreptocócica aguda(≈90%) Glomerulonefrite membranoproliferativa Tipo I (≈50% – ≈80%) Tipo II (≈80% – ≈90%) Nefropatia IgG – IgA Glomerulonefrite idiopática rapidamente progressiva Doença anti-GBM Pauci-immunet (sem depósitos imunológicos) Doença de depósito imunológico 14 Rafaela Pamplona CAUSA DE SN DE ACORDO COM O COMPLEMENTO SÉRICO Consumo de C3 Consumo de C3 e C4 C3 e C4 normais GNDA Glomerulonefrite membrano Proliferativa Lúpus Crioglobulinemia Endocardite subaguda Nefrite do shunt Poliarterite nodosa Granulomatose de Wegner Purpura de Henoch-Schönlein Goodpasture Abscessos viscerais GN pós-estreptocócica (GNPE) • GNDA – glomerulonefrite difusa aguda – é a síndrome nefrite clássica e “pura”. A lesão do glomérulo renal caracterizada pelo processo inflamatório de origem imunológica, originadas a partir de uma infecção pela bactéria Streptococcus pyogenes, através de vias aéreas superiores (faringoamigdalite) ou por uma infecção de pele (piodermite) • GNPE ocorre como sequela de uma infecção estreptocócica e se exterioriza como síndrome nefrítica • Surtos epidêmicos: áreas com higiene precária • Maior incidência Por faixa etária: 2 a 12 anos Por região: países subdesenvolvidos • Risco de nefrite pós-infecção por cepa nefritogênica: 15% • Antecedente de infecção estreptocócica Principalmente orofaringe e pele - Faringoamigdalite – período de latência 1-3 semanas - Piodermites – período de latência 2-6 semanas Período de latência (geral): 7 a 21 dias Cepas nefritogênicas - Cepas que possuem partículas que se assemelham as partículas dos glomérulos. O sistema imune ataca a bactéria e, por engano, ataca o glomérulo, causando inflamação Marcadores sorológicos: ASO, antiestreptoquinase • Síndrome nefrítica aguda Ao menos 2 manifestações clínicas: 95% Quadro completo: 40% GN rapidamente progressiva: 1% dos casos • Forma subclínica 4 a 5 vezes mais frequente (?) • Proteinúria nefrótica Crianças: 5 a 10% Adultos: 20% • Diminuição do complemento (C3 e CH50): 90% • Microhematúria: 100% (macro: 30%) • Edema e HA: 60 a 90% • Insuficiência cardíaca congestiva Crianças: < 5% Adultos: 40% • Azotemia (retenção de escorias nitrogenadas) Crianças: 25 a 40% Adultos: 80% Glomérulo normal Glomerulonefrite proliferativa exsudativa difusa aguda • Diagnóstico 1º PERGUNTA Houve algum episódio recente compatível com faringite ou piodermite? SIM 2º PERGUNTA O período de incubação é compatível? SIM Via faríngea: 1-3 semanas Via cutânea: 2-6 semanas 3º PERGUNTA A infecção foi realmente estreptocócica? SIM ASLO Antiestreptoquinase 4º PERGUNTA Há queda do complemento sérico? SIM ↓ C3 ↓ CH50 Ativação da via alternativa C4 normal Via clássica Tratamento • Não existe tratamento específico, as medidas adotadas devem ser de suporte • Maioria dos casos: autolimitada com resolução espontânea • Tratar infecção se em atividade: antibióticos O uso de antibióticos tem como objetivo erradicar o estreptococo, interrompendo a transmissão do agente Penicilina V, penicilina benzatina, eritromicina, cefalexina, amoxicilina + clavulanato • Repouso relativo / internação • Restrição da ingestão de sal e água • Diuréticos: furosemida • Anti-hipertensivos • Controle da hiperpotassemia (restrições ao potássio) • Ultrafiltração ou tratamento dialítico • Corticosteróides, imunossupressores e plasmaférese 15 Rafaela Pamplona Síndrome nefrótica-nefrítica • Nefrite lúpica estádio 3 ou 4 • Nefropatia da IgA • Glomerulonefrite membranoproliferativa Associada a infecção pelo vírus da hepatite C - Com ou sem crioglobulinemia Associada à endocardite Associada à esquistossomose Idiopática • Outras Glomerulonefrite rapidamente progressiva (GNRP) • É uma glomerulonefrite mais agressiva • Definição: GNDA que evolui para lesão terminal (rins fibrosados) em muito pouco tempo Evolução para insuficiência renal em dias ou semanas (10 a 15 dias) Formação de crescentes - “tumor” glomerular que surge dentro da capsula de Bowman e cresce sem parar, comprimindo e lesando todas as estruturas vizinhas, até “matar” o glomérulo - Causado por lesão da parede glomerular • Proteinúria (geralmente não nefrótica < 3,5 g/24h) • Hematúria • Pode ter sinais de vasculite sistêmica • Fisiopatologia da formação de crescentes glomerulares Ruptura da membrana glomerular Infiltração de macrófagos Deposição de fibrina e fibronectina - Resolução OU - Cicatriz ~ Proliferação de células epiteliais ~ Ruptura da cápsula de Bowman ~ Influxo de macrófagos e fibroblastos ~ Crescente fibrocelular ~ Crescimento fibroso ~ Cicatrizes e glomeruloesclerose SÍNDROME NEFRÓTICA Introdução • Síndrome caracterizada pela proteinúria maciça (≥ 3.5g/24h) • Compõem a síndrome Proteinúria maciça ≥ 3.5g/24h Hipoalbuminemia <3.5g/dl Edema - Sem albumina, o liquido extravasa causando edema Hipercolesterolemia - Devido à grande perda de proteína pela urina, o fígado procura outra via para suprir a demanda, aumentando a produção de lipoproteínas - Paciente torna-se dislipidêmico • Outras alterações Hipercoagulabilidade/tromboses - Aumento do risco de trombose venosa ou arterial devido a perda de fatores antitrombóticos na urina (antitrombina III, proteína C, proteína S) associada ao aumento de cofatores plasmáticos procoagulantes (fatores V e VIII), além do aumento dos níveis de fibrinogênio Hipertensão arterial sistêmica - Retenção de sódio e agua Infecções - Resultante da perda de imunoglobulinas Anemia hipo-micro - Resultante da perda de transferrina Hiperparatireoidismo secundário - Resultante da perda de PTN fixadora de colecalciferol 16 Rafaela Pamplona • O diagnostico pode ser puramente laboratorial! Paciente assintomático, apresentando excreção elevada de proteína na urina tem diagnostico de síndrome nefrótica! • Valores de referência de proteinúrias não nefrótica e nefrótica em crianças e adultos conforme o modo e quantificação Proteinúria Normal NÃO nefrótica Nefrótica Criança >2anos (mg/kg/24h) ≤ 4 4 a 50 > 50 ou > 40 Adultos (mg/24h) < 150 150 a 3500 > 3500 Índice U Crianças até 6 meses Crianças de 6 meses Até 24 meses ≤ 0,2 ≤ 0,7 ≤0,5 0,2 a 2,0 ≥ 2,0 Classificação • Primária Glomeruloesclerose Segmentar e Focal – GESF (24,6%) Glomerulopatia Membranosa (20,7%) Nefropatia por IgA (20,1%) Lesões mínimas (15,5%) Glomerulonefrite Membranoproliferativa (4,2%) • Secundária LES Diabetes mellitus Hepatites HIV Linfoma Qualquer infecção crônica pode causar lesão renal (sífilis, endocardite) Fisiopatologia • Perda de proteína devido a Alteração na barreira mecânica (não seletiva) – fendas de filtração (podócitos) Alteração na barreira de cargas (seletiva para albumina) – membrana basal Quadro clínico Síndrome nefrótica = Síndrome edemigênica + complicações • Pode ser recidivante e crônica • Evolução varia de acordo com a glomerulopatia subjacente • Risco de progressão para doença renal crônica terminal (DRC) e necessidade de terapia de substituição de função renal • Principais achados Hipoalbuminemia e redução de outras proteínas - Urina “espumosa” Edema - Matinal periorbital matutino e gravitacional (assume a postura do paciente) - Edema MMII - Ascite - Derrame pleural (dispneia) Dislipidemia: a perda de lipoproteínas estimula a produção hepática exacerbada Anemia ferropriva devido a perda de transferrina • Principais complicações Alta susceptibilidade a infecções Estado de hipercoagulabilidade Diagnóstico• Clínico • Laboratorial SU, prot 24h, perfil lipídico, albumina; • Histopatológico: define o plano terapêutico, auxilia a definição do diagnóstico etiológico e do prognóstico • Diagnóstico etiológico Outros exames são necessários para afirmar ou excluir condições ou doenças sistêmicas subjacentes como - DM, hepatites virais, HIV, sífilis, colagenoses como LES, crioglobulinemia e vasculites sistêmicas - Hemograma completo, creatinina sérica, glicemia, SU, anti-HIV, Anti-HCV, HBsAg, Anti-HBc total, VDRL, FAN e dosagem de complemento (C3, C4) Glomerulopatia de lesão mínima Síndrome nefrótica “pura” - Não tem características de síndrome nefrite - O paciente apresenta proteinúria, edema etc Doença dos processos podálicos (desaparecimento difuso) 17 Rafaela Pamplona Causa mais comum em crianças 1 a 10 anos (80 – 95% dos casos), em adultos: 25% 70% são do sexo masculino (3:2) Raça branca Causas secundárias: AINES, lítio, rifampicina, ampicilina, linfoma, timoma, infecções virais, esquistossomose, LES Quadro clínico - Síndrome nefrótica sem hipertensão, hematúria ou perda de função renal - Edema de instalação rápida → anasarca - Ascite e derrame pleural Laboratório - Proteinúria ≥3.5g/24h em adultos e > 50mg/kg/dia em crianças - Hipoalbuminemia < 3.0g/dl - Hiperlipidemia Relação proteína/creatinina em amostra de urina isolada - O ideal é o exame de urina de 24h, mas é de difícil execução em crianças Complemento normal Sedimento urinário geralmente é normal 30% apresentam recidiva Etiopatogenia - Redução da carga negativa da barreira de filtração glomerular – podócitos - Proteinúria seletiva – albumina - Anatomia patológica ~ Microscopia óptica: glomérulos normais ~ Imunofluorescência: negativa ~ Microscopia eletrônica: retração dos prolongamentos dos podócitos A imunofluorescência analisa a presença de depósitos de imunoglobulinas e imunocomplexos Tratamento - Corticoide é primeira escolha – excelente resposta em 80% dos casos - Em crianças o diagnóstico é presuntivo e deve-se iniciar corticoide (prednisona ou prednisolona 1mg/kg), em adultos deve-se realizar a biópsia renal - Se resistência ou recidivas frequentes: ciclofosfamida/ ciclosporina Todo paciente que necessitar fazer uso prolongado de corticoide deve fazer profilaxia com antiparasitário para evitar sepse por strongyloides Tratamento: medidas farmacológicas e não farmacológicas - Controle do edema, da PA (<130x80) e da dislipidemia (estatinas / fibratos) - Profilaxia de infecções (Vacinação, parasitoses, ATB) - Prevenção dos fenômenos tromboembólicos (hipoalbuminemia grave < 2.5g/dl) - Avaliar sempre o peso diário em jejum e o volume urinário em 24 horas! - Medidas gerais ~ Restrição de sal (2g Na/dia), evitar exercícios, diuréticos e IECA ou BRA SN - Antibiótico profilático se ascite - Diuréticos ~ Edema importante e hiponatremia ~ Hemodinamicamente estáveis ~ Sem hipoalbuminemia grave (>1,8g/dl) ~ Furosemida ou espironolactona Tratamento específico – sem resposta em 4 semanas - Remissão completa: normalização da proteinúria - Remissão parcial: redução de pelo menos 50% da proteinúria em relação ao valor inicial (níveis não nefróticos) - Recidiva: 2 ou mais episódios de síndrome nefrótica 6 meses após resposta inicial ou 4 ou mais recidivas em 12 meses - Cortico sensível: remissão completa em 4 a 8 sem de CO em dose plena (crianças). Adultos: até 16 sem - Corticosensível recidivante: 2 episódios de SN em 6 meses da resposta inicial, ou 4 ou mais episódios em 12 meses - Cortico dependente: remissão da proteinúria em 4 semanas com recorrência após redução ou suspensão do CO Recidiva frequente - 2 ou mais episódios de síndrome nefrótica 6 meses após resposta inicial ou 4 ou mais recidivas em 12 meses Cortico dependência - Redução ou remissão da proteinúria em 8 semanas do início da corticoterapia com recorrência da proteinúria após diminuição da dose ou descontinuação da medicação 18 Rafaela Pamplona Glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) Causa mais comum de SN em adultos submetidos a biópsia renal – adultos jovens (20 a 40 anos) Termo com descrição morfológica e se aplica a um grupo heterogêneo de doenças Primária (próprio rim) ou secundária (obesidade) Etiopatogenia ainda controversa – lesão podocitária - Origem: fator circulante – recorrência de GESF após o transplante renal (20 a 40%) Anatomia patológica - MO ~ Retração de processos podocitários e lesões escleróticas acometendo segmentos de parte dos glomérulos ~ Esclerose de alguns glomérulos (focal) e com lesões localizadas (segmentar) ~ Aumento da matriz mesangial, hipercelularidade, depósitos de proteínas e aderências a cápsula de Bowman - IF: depósito de IgM e C3 em alças capilares Tratamento - Após exclusão de GESF secundária - Imunossupressão está indicada em GESF primária com síndrome nefrótica - Prednisona 1mg-kg-dia (máximo 80mg) por 4 a 16 semanas - Redução gradual do corticoide após remissão (6 meses) - Se não puder usar corticoide ou apresentar corticoresistência – inibidores da calcineurina (ciclosporina) - Prognóstico: variável, a depender da resposta ao tratamento - Remissão espontânea é rara Nefropatia membranosa Ocorre em 20 a 40% dos pacientes adultos com síndrome nefrótica (segunda causa mais comum) Instalação insidiosa Homens, faixa etária 45-50 anos Quadro clínico - SN com alta proteinúria - Pode ou não ter alteração da função renal, HAS Alto índice de remissão espontânea – 40% - Normalmente não inicia o tratamento de forma imediata Fatores que contribuem para um pior prognóstico – idade avançada, HAS, alteração da função renal Etiologia - Primária ou idiopática - Secundária: neoplasias sólidas, doenças autoimunes e infecções crônicas Anatomia patológica - MO: lesão da membrana basal glomerular, presença de espículas - IF: depósito de IgG e C3 em alças capilares Etiopatogenia – formação in situ de imunocomplexos - 2009 – identificado o receptor de fosfolipase (PLA2R) localizado na membrana citoplasmática do podócito de pacientes com NM - Anticorpo da classe IgG 4 reage contra esse receptor e desencadeia a NM - Dosagem de anti-PLA2R: se positivo sugere o diagnóstico de NM e sua titularidade se associa a atividade de doença Tratamento - Selecionar os pacientes para tratamento específico, pois alta taxa de remissão espontânea - Tratar pacientes com proteinúria persistente, síndrome nefrótica refratária, piora progressiva da função renal ou altos títulos de anticorpo anti PLA2R - Esquema de Ponticelli – pulsoterapia ~ Metilprednisolona IV por 3 dias, seguido de corticoide oral 0,5mg-kg alternando com ciclofosfamida oral por 6 meses ↳ Meses impares faz corticoide ↳ Meses pares pulsoterapia com metilprednisolona IV - Outra opção – ciclosporina Causas secundarias de glomerulopatia membranosa - Sitio de neoplasias: pâncreas, estômago, cólon, reto, mama, próstata, rim, bexiga, leucemia, linfoma não Hodgkin, melanoma, nasofaríngeo - Doenças autoimunes: LES, AR, doença mista do tecido conectivo, dermatomiosite, espondilite anquilosante, esclerose sistêmica, miastenia gravis, pênfigo bolhoso, tireoidite de hashimoto, doença de graves, síndrome de Sjogren, doença de Crohn, artrite temporal - Infecções: hepatites B e C, sífilis, HIV, malária, filariose, hanseníase, esquistossomose - Drogas, toxinas ou alérgenos: sais de ouro, penicilamina, compostos de mercúrio, AINES, captopril, lítio, proteína do leite, hidrocarbonetos 19 Rafaela Pamplona Glomerulonefrite membranoproliferativa • Síndrome nefrótica + síndromenefrítica • Secundária a processos sistêmicos e caracterizada por consumo persistente do complemento • Pacientes jovens • Discreto predomínio em mulheres • Incidência vem caindo • Quadro clínico SN ocorre em 40 – 70% dos casos, também pode ocorrer síndrome nefrítica HAS → 90% dos pacientes Sedimento urinário ativo com hematúria microscópica Alteração da função renal – comum Hipocomplementemia – queda de C3 em 40 a 60% dos casos • Tratamento inespecífico: IECA ou BRA Objetivo proteinúria < 1g em 24h e PA <130x80 • Investigação insistente para causas secundárias • Tratamento específico: imunossupressão em casos selecionados Diagnóstico diferencial Parâmetros Síndrome nefrítica Síndrome nefrótica Quadro clínico Edema Hipertensão Hematúria Edema Hipoalbuminemia Proteinúria Exame de urina Hematúria Cilindros hemáticos Proteinúria Cilindros hialinos Complemento sérico Baixo Normal Antecedente estreptocócico Sim Não Fisiopatologia Hipervolemia Hipovolemia Recidivas Não Sim Tratamento Diuréticos Corticosteróides ❤ RESUMINDO LM GESF NM GNMP Nefrótica pura Podocitopatia Crianças Edema abrupto MO sem alteração Ótima resposta ao tto Fator circulante Podocitopatia Adulto 20-40 MO retração podócitos IF IgM + C3 Rara remissão espontânea Receptor PLA2R Lesão membrana Adulto 45-50 Insidioso MO espículas IF IgG + C3 Remissão espontânea Esquema Ponticelli Nefrite + nefrótica Mulher jovem Altera função renal Queda de C3 DISTÚRBIOS DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO Objetivos • Entender a importância dos mecanismos de tampão • Conhecer os componentes da gasometria • Identificar os distúrbios primários • Reconhecer a existência de distúrbios compensatórios e/ou mistos Homeostase • A homeostase do pH depende de tampões Rins: são responsáveis pela excreção dos ácidos fixos produzidos pelo metabolismo. Regula a concentração de HCO3 Pulmão: regula a concentração CO2 Sistemas tampões • Alteração aguda Extracelular: CO2 e HCO3 Intracelular: hemoglobina Pulmão: compensação imediata Rins: compensação tardia (após 48h) Numa situação de acidemia há uma maior concentração de H+ fora da célula. O H+ pode trocar com o K+ H+ entra K+ sai Em situações de acidose é comum ter hipercalemia Numa situação de alcalemia há menor concentração de H+ fora da célula. O H+ pode trocar K+ H+ sai K+ entra Em situações de alcalose é comum ter hipocalemia 20 Rafaela Pamplona O maior risco da alcalose é a hipocalemia, pois pode causar uma parada cardíaca • Bulbo – regulação reflexa da respiração As informações da variação de [CO2] são percebidas nos quimiorreceptores localizados no bulbo As informações são transformadas em sinais para os músculos intercostais e o diafragma Modelo tradicional • pH plasmático é determinado pela relação entre o HCO3 e o CO2 Fórmula de Henderson-Hasselbach 𝑝𝐻 = 6,1 + log [𝐻𝐶𝑂3] 0,03 𝑥 𝑝𝐶𝑂2 pH e CO2 = inversamente proporcionais pH e HCO3 = diretamente proporcionais CO2 e HCO3 = diretamente proporcionais HCO3 + H+ ⇿ CO2 + H2O - HCO3: base, pois consome H+ ~ O aumento da concentração plasmática de base eleva o pH = alcaliniza o sangue - CO2: ácido, pois libera H+ ~ O aumento da concentração plasmática de ácido diminui o pH = acidifica o sangue Coleta de gasometria arterial • Padrão pois faz analise gases, oxigenação tecidual • Pulso arterial Artéria radial: 30 – 45º Artéria femoral: 90º Compressão posterior de 10min Gasometria arterial • Valores de referência pH = 7,35 – 7,45 pCO2 = 35 – 45 mmHg pO2 = 80 – 100 mmHg SO2 = 96 – 98% HCO3 = 22 – 26mEq/l BE = –2 a +2 - Base excess (BE): é a diferença entre a base total do paciente e a base total normal ~ BE positivo: significa que há um aumento total de bases, isto é, o organismo está retendo bases, devido a algum distúrbio metabólico ~ BE negativo: significa que há uma diminuição total de bases, isto é, o organismo está perdendo bases, devido a algum distúrbio metabólico ~ BE não se altera com distúrbios respiratórios agudos, pois não há tempo hábil para a resposta compensatória renal pH: 7,35 a 7,45 7,45 ↑ pH = alcalemia (pH sangue alto) 7,35 ↓ pH = acidemia (pH sangue baixo) 𝑝𝐻 = 6,1+log[𝐻𝐶𝑂3] [𝐻2𝐶𝑂3] ou 𝑝𝐻 = 6,1+log[𝐻𝐶𝑂3] 0,03 𝑝𝐶𝑂2 Passos para interpretar 1. Avaliar o pH sanguíneo < 7,35 acidemia > 7,45 alcalemia 2. Avaliar o HCO3 para classificar o distúrbio primário pH ácido → aumento da pCO2 ou redução de HCO3 pH alcalino → diminuição da pCO2 ou aumento de HCO3 Acidose Metabólica → Respiratória → redução HCO3 aumento da pCO2 Alcalose Metabólica → Respiratória → aumento HCO3 redução da pCO2 21 Rafaela Pamplona 3. Avaliar a resposta compensatória Regra da compensação: a resposta compensatória é sempre no mesmo sentido do distúrbio primário ↓ HCO3 ↓pCO2 ↑HCO3 ↑pCO2 ↓pCO2 ↓HCO3 ↑pCO2 ↑HCO3 Distúrbios metabólicos: resposta compensatória respiratória Acidose metabólica → hiperventilação → ↓ pCO2 - Para saber se a regulação está dentro do esperado pCO2 esperada = (1,5 x HCO3) + 8 (±2) Alcalose metabólica → hipoventilação → ↑ pCO2 - Para saber se a regulação está dentro do esperado pCO2 esperada = HCO3 + 15 (±2) 4. Calcular ânion GAP na acidose metabólicos Ânion GAP = intervalo de ânions - Para o equilíbrio eletroquímico do plasma seja mantido, o total de cátions tem que ser igual ao total de ânions ~ Principal cátion do plasma é o sódio ~ Principais ânions são cloreto e o bicarbonato - Concentração plasmática de sódio é maior que somatório das concentrações de cloreto e bicarbonato o equilíbrio mantido pela existência de outros ânions plasmáticos Na+ = Cl- + HCO3- + ânion gap ↓ Ânion gap = Na+ – (Cl- + HCO3-) - Valor normal de ânion gap: 8 – 12 Ânion GAP alto (> 12) – normoclorêmicas RETENÇÃO não repõe bicarbonato - Acidose láctica: sepse, choque etc - Cetoacidose: DM, alcoólica, jejum prolongado - Uremia: insuficiência renal - Intoxicação: salicilatos (AAS), metanol, etilenoglicol - Rabdomiólise Ânion GAP normal (8 – 12) – hiperclorêmicas PERDAS repõe bicarbonato - Diarreia - Fistulas biliares, entéricas e pancreáticas - Acidoses tubulares renais - Nutrição parenteral total - Acetazolamida - Diuréticos poupadores de potássio 5. Avaliar o BE nos distúrbios respiratórios Acidose respiratória pCO2 elevada [CO2] aumenta pH diminui Aguda → BE normal -2 a +2 Crônica → BE alterado > +2 Alcalose respiratória pCO2 reduzida [CO2] diminui pH aumenta Aguda → BE normal -2 a +2 Crônica → BE alterado < -2 Abordagem diagnóstica • Basta só coletar a gasometria arterial? NÃO AG plasmático = Na - (Cl + HCO3) (n: 9+/-3mEq/l) - 𝐷𝑒𝑙𝑡𝑎 𝐴𝐺 = (AG – 12) (24 − HCO3) <1 : acidose metabólica não-AG >2 : alcalose metabólica AG urinário = (Na + K) – Cl (n: -20mEq/l) Exercícios • Masculino, choque séptico de origem abdominal pH: 7,15 HCO3: 6 mEq/l pCO2: 18 mmHg Na: 136 mEq/l Cl: 100 mEq/l K: 5,8 mEq/l Distúrbio simples: acidose metabólica AG alto • 33 anos, masculino, litíase renal de repetição, com pneumonia comunitária pH: 7,16 HCO3: 12 mEq/l pCO2: 34 mmHg Na: 136 mEq/l Cl: 114 mEq/l K: 4,5 mEq/l Distúrbio duplo: Acidose metabólica AG normal Acidose respiratória • 65 anos, DPOC há 10 anos pH: 7,35 HCO3: 32 mEq/l pCO2: 55 mmHg pO2: 82 mmHg BE: +6 22 Rafaela Pamplona • 48 anos, acidente ofídico com coral pH:7,28 HCO3: 29 pCO2: 55 pO2: 70 BE: -2 • Paciente com 17 anos,crise de asma pH: 7,48 Bic: 21 pCO2: 35 pO2: 80 BE: -1 • Paciente com 48 anos, cirrose hepática pH: 7,48 Bic: 18 pCO2: 30 pO2: 70 BE:-6 Alcalose metabólica • Causas Perda digestiva - Vômitos – perde Cl-, H+, Na+ e K+ ~ A perda de Na+ ativa o sistema renina-AA no rim, a aldosterona reabsorve Na+ e H2O e excreta H+ e K+ - Aspiração gástrica - Adenoma viloso Perda renal - Diurético de alça – a absorção de Na e Cl ocorre na alça de Henle, o bloqueio da alça leva a perda desses eletrólitos - Excesso de mineralocorticoide - Hipercalemia/hipoparatireoidismo Influxo intracelular de H+ - Hipopotassemia Retenção de bicarbonato - Transfusão sanguínea maciça - Administração de NaHCO3 Alcalose de contração - Diurético de alça - Perda gástrica em paciente com acloridria - Perda de suor na fibrose cística • Classificação Cloreto responsiva Cloreto resistente Cloreto urinário < 25mEq/l Cloreto urinário > 40mEq/l Vômitos e perdas TGI Baixa ingesta de Cl Diurético (tardio) Excesso de mineralocorticoide Hipopotassemia (K < 2,0mEq/l) Diurético (inicial) Tto soro fisiológico Tto conforme a causa • JAA, 64 anos, com a história de diabetes mellitus, insuficiência cardíaca congestiva e hipertensão arterial. Na admissão, o paciente está grave, não respondendo a estímulos verbais e dolorosos. Feitos exames laboratoriais que revelaram hipoglicemia importante e alto nível de escorias. Foi diagnosticado com insuficiência renal aguda. paciente com o rebaixamento do nível de consciência, apático e prostrado. Gasometria no dia da internação pH = 7,26 HCO3 = 17,2 pCO2 = 36 pO2 = 56 BE = - 5,7 O distúrbio ácido básico apresentado é a) Acidose metabólica b) Acidose mista descompensada c) Acidose respiratória descompensada d) Acidose mista parcialmente compensada • Dada a gasometria arterial, qual(is) o(s) distúrbio(s) ácido básico(s) apresentado(s) pH = 7,30 HCO3 = 19 pCO2 = 50 BE = - 3,5 a) Alcalose respiratória aguda b) Acidose respiratória aguda c) Acidose metabólica d) Acidose mista e) Alcalose metabólica 23 Rafaela Pamplona • Considere a seguinte questão: homem de 25 anos admitido em hospital público com história de lesão por arma branca no tórax, submetido a toracotomia a D, com colocação de dreno torácico em selo d'água HTD decorrente de hemopneumotórax traumático. Permaneceu em suporte ventilatório por 4 dias. após extubação, observou-se respiração superficial e bradipneia. A gasometria arterial revelou pH = 7,20 HCO3 = 28 pCO2 = 60 Com base nos dados expostos, podemos considerar que o paciente se encontra em: a) Acidose metabólica b) Acidose respiratória c) Alcalose respiratória d) Alcalose metabólica • Observe a gasometria arterial a seguir pH = 7,52 HCO3 = 24 pCO2 = 22 pO2 = 88 BE = +2 SatO2 = 90 Qual a interpretação da gasometria arterial apresentada acima? a) Acidose respiratória b) Alcalose respiratória c) Acidose metabólica d) Alcalose metabólica e) Acidose mista • Um paciente com insuficiência respiratória devido à pneumonia alveolar, necessitou de ventilação mecânica invasiva, apresentando a seguinte gasometria pH = 7,23 HCO3 = 14 pCO2 = 66 pO2 = 40 BE = -9 SatO2 = 88 Qual a interpretação da gasometria arterial apresentada acima? a) Acidose respiratória b) Alcalose respiratória c) Acidose metabólica d) Alcalose respiratória e) Acidose mista RESUMO 𝑝𝐻 = 6,1 + log [𝐻𝐶𝑂3] 0,03 𝑥 𝑝𝐶𝑂2 pH = 7,35 – 7,45 pCO2 = 35 – 45 mmHg pO2 = 80 – 100 mmHg SO2 = 96 – 98% HCO3 = 22 – 26mEq/l BE = –2 a +2 (dist. resp crônico = alterado) Distúrbio metabólico + resposta compensatória Acidose metabólica pCO2 esperada = (1,5 x HCO3) + 8 Alcalose metabólica pCO2 esperada = 15 + HCO3 Acidose metabólica → ânion gap AG = Na – (Cl + HCO3)
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