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1 Co nh ec im en to s Es pe cí fi co s Universidade Federal de Goiás Pedagogo Conhecimentos Específicos 1. Origem, evolução e contextualização da orientação educacional no Brasil: conceituação, evolução histórica, fundamentos legais, pressupostos teóricos, o profissional de orientação educacional e a ética. .............................................................................................................. 1 2. A orientação educacional como mediadora do sucesso na aprendizagem e permanência do aluno na escola. Meios para a apropriação crítica dos conhecimentos dos diversos campos disciplinares e transversais, a interdisciplinaridade, a multidisciplinaridade e a transdisciplinaridade; a inclusão educacional, a evasão escolar e estudo das causas fundamentais; o problema da repetência e como vencê-la: as dificuldades de aprendizagem. ............................................................................................................................................... 24 3. Psicologia do desenvolvimento: aspectos biopsicossociais da criança, do adolescente e/ou jovem, do adulto e do idoso. .......................................................................................... 94 4. Prática da orientação educacional no processo de avaliação: limites e possibilidades para medir e avaliar, conceitos básicos; instrumentos de medida e avaliação como subsídios no trabalho de orientação educacional: observação, análise de cenário, entrevistas, questionário, testes sociométricos, testes vocacionais, o projeto de pesquisa como caminho para elaboração de instrumentos de medida. ................................................................................................ 153 5. Perspectivas de atuação na área vocacional frente às características dos alunos das escolas brasileiras: trajetória da orientação vocacional, proposições teóricas e suas aplicações à prática da orientação e visão crítica. ................................................................................. 218 6. A orientação educacional e a construção de processos solidários e engajamento normativo: o orientador educacional como mediador das relações escola-família-comunidade. Conselho escolar e grêmio estudantil. Alunos e pais representantes de turma, conselho de classe. ................................................................................................................................. 231 7. Plano de convivência escolar/ mediação de conflitos no contexto escolar. .................. 276 8. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024/61; nº 5.692/71 e nº 9.394/96. ............................................................................................................................................. 295 9. As Constituições Brasileiras 1937, 1964 e 1988; As Leis Orgânicas de Ensino; Planos Nacionais de Educação; Diretrizes do Conselho Nacional de Educação (CNE). Projeto Político Pedagógico. Planejamento para Projetos; Pensamento Pedagógico Brasileiro; Base Curricular Nacional (BNCC) ................................................................................................................. 325 Apostila gerada especialmente para: DIEGO DE SOUZA PAES 004.071.631-74 2 Olá Concurseiro(a), tudo bem? Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação. Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail professores@maxieduca.com.br para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou questionamentos sobre o conteúdo da apostila. Todos e-mails que chegam até nós, passam por uma triagem e são direcionados aos tutores da matéria em questão. Para o maior aproveitamento do Sistema de Atendimento ao Concurseiro (SAC) liste os seguintes itens: 01. Apostila (concurso e cargo); 02. Disciplina (matéria); 03. Número da página onde se encontra a dúvida; e 04. Qual a dúvida. Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados, pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até cinco dias úteis para respondê-lo (a). Não esqueça de mandar um feedback e nos contar quando for aprovado! Bons estudos e conte sempre conosco! Apostila gerada especialmente para: DIEGO DE SOUZA PAES 004.071.631-74 1 1A Orientação Educacional Os referentes teóricos que fundamentam a função da Orientação Educacional, torna-se possível esclarecer-se melhor a própria função do orientador educacional. Isto lhe dará maior oportunidade de analisar a sua ação, tanto junto ao educando, como junto à organização escolar. Para que este esclarecimento fosse viável, procurou-se responder algumas questões, tais como: de que forma o processo de vir-a-ser do educando pode ser explicado? Qual a função educadora para com este ser? Qual o papel da Orientação Educacional com relação ao curriculum escolar? E com relação à vida do educando como um todo? A posição assumida neste trabalho é a de que a função da Orientação Educacional seja: "auxiliar a síntese dos momentos dialógicos da vida do educando e a do processo educacional realizado pela equipe educadora". O significado do termo "momento dialógico" será explicitado no capítulo referente à fundamentação filosófica da Orientação Educacional. Entretanto, mesmo antes de elucidá-lo, é necessário que aqui se faça uma ressalva. "Momento dialógico", quando se refere ao procedimento educacional, é utilizado de forma aproximativa. Refere-se ao relacionamento aluno-professor que ocorre numa atmosfera de liberdade, onde o professor aceita o educando respondendo-lhe como pessoa. Neste caso, este relacionamento é dialógico, mas apresenta características que lhe são peculiares, em virtude das condições de desigualdade entre ambos pares do referido relacionamento. Propõe que a Orientação Educacional dialógicos da vida do educando. Isto é proposto no sentido de auxiliá-lo a perceber a direção que os acontecimentos significativos da sua vida seguem. Esta percepção depende daquela que o educando possui de si mesmo. É aqui que se coloca a importância que a Orientação Educacional assume com relação a síntese do processo educativo. A percepção que o orientando possui sobre si reflete, até certo ponto, a unidade dos valores que norteiam aquele processo. A Fundamentação Filosófica Da Orientação Educacional Sendo a orientação considerada a atividade do curriculum escolar que auxilia a realização da síntese do seu desempenho, a análise dos seus embasamentos filosóficos torna-se valiosa. Isto porque tais fundamentos se constituem nos fins últimos que direcionam o processo educacional a ser desenvolvido pela escola, conferindo, assim, significado à própria Orientação Educacional. Estes embasamentos possuem um duplo sentido. Por um lado, apontam os objetivos últimos da Orientação Educacional. Por outro, auxiliam a esclarecer o seu próprio processo, na medida em que refletem sobre a existência do ser que é orientado. Sob esta perspectiva é que será realizado, no presente capítulo, o estudo dos elementos básicos do processo de atualização do ser humanizado. Procurar-se-á saber que aspectos, e por que, devem ser considerados relevantes para o processo educativo e, portanto, para a Orientação Educacional. Os elementos básicos considerados significativos para a realização do processo de vir-a-ser são os seguintes. O homem é um organismo vivo que, como os demais, necessita sobreviver. Suas necessidadesbásicas fazem-se sentir através do seu corpo o qual procura adaptar-se ao meio. Entretanto, o meio no qual sobrevive como um ser humanizado é pecutiar e possui suas próprias características. O homem é um ser que é capaz de raciocinar simbolicamente, que se expressa através dos símbolos, que cria e que vive num mundo de símbolos por ele elaborados. E um ser independente de tudo o mais que o cerca; é um ser que se une às coisas do mundo exterior. É um ser que se realiza como pessoa pelo convívio com outras pessoas. Que possui a capacidade de comunicar-se com os demais seres relacionando-se dialogicamente com o que está a sua frente. Que participa das coisas que realiza, criando-as. Estas características serão cuidadosamente explicitadas. É a partir da sua explicação que se pode entender a grandiosidade da tarefa educativa. Antes, porém, de passar-se a tal explicação é importante que se esclareça que se abordou duas perspectivas referentes ao ser do ser humanizado. Uma, concernente à postura que ele assume frente ao mundo; a forma que ele se relaciona com as demais pessoas, animais, plantas, objetos da natureza, 1BICUDO, M.A.V.; Fundamentos de orientação educacional. São Paulo: Saraiva, 1978. 1. Origem, evolução e contextualização da orientação educacional no Brasil: conceituação, evolução histórica, fundamentos legais, pressupostos teóricos, o profissional de orientação educacional e a ética. Apostila gerada especialmente para: DIEGO DE SOUZA PAES 004.071.631-74 2 objetos simbólicos, incluindo-se aqui divindades, obras de arte, e todos os tipos de criações de que é capaz. Outra, referente à expressão da sua atividade mental. A primeira perspectiva engloba elucidações sobre as possibilidades e as formas do seu relacionamento e do seu tornar-se. Incluem-se aqui: o ato de entrar em relação e o de estabelecer distância; o ato de confirmar e o de ser confirmado; o relacionamento dialógico; ser e aparência, o ser singular. Estes são termos que tentam explicar como o ser é, quais os movimentos básicos da sua existência, como sua vida transcorre. Tais elucidações esclarecem muitos pontos ambíguos do existir do ser humanizado, como, por exemplo, os aspectos concernentes à posse das coisas, à aparência, contrapondo-os ao relacionamento e ao ser. Esta contraposição, entretanto, não tem a pretensão de ser exclusiva, ou seja, de que ou se é aparência ou se é ser. Ela procura mostrar que se é ser e aparência e que ambos podem alternar-se harmoniosamente permitindo que a vida flua de forma a atingir sua forma mais plena possível. A segunda perspectiva envolve explicações sobre a explicitação das atividades da mente humana. Estas são basicamente simbólicas. Assim sendo, foram considerados os sinais e os símbolos produto e instrumento daquela atividade. Foram ambos definidos procurando-se mostrar que constituem um dos elementos com os quais, e pelos quais, o ser se expressa e realiza o salto da percepção do particular para a do geral. Do ponto de vista da aprendizagem esta análise fundamentará aquela do tipo discriminatório e a do conceito. Estas duas abordagens do ser humano foram assumidas porque sentiu-se que elas fornecem as explicações convenientes da realização do ser, principalmente, tendo-se em vista a realidade da escola. Aqui, o educando enfrenta diferentes tipos de atividades e de situações. Ele é exposto a situações onde necessita locomover-se num plano altamente simbólico: de representações, de relações abstratas. Ou de necessita expressar-se adequadamente através da linguagem: falada e escrita e entender e operar com relações abstratas as quais se constituem o conteúdo das disciplinas científicas e humanísticas que fazem parte do seu curriculum. É exposto, também, a inter-relacionamentos humanos. Alguns profundamente significativos. Outros não. Todos, porém, importantes para o seu tornar-se. Aí ele tem oportunidade de avaliar-se, de avaliar, de ser avaliado. Ele tem a oportunidade de confirmar e ser confirmado. Ora, é necessário que o orientador educacional entenda a essência desta realidade e do seu significado para o existir humano. Somente assim ele poderá auxiliar a reflexão, metódica e crítica, das ocorrências relevantes do processo educativo. Fundamentos Psicológicos e Psicossociais da Orientação Educacional Se a Orientação Educacional realizada na escola está voltada para a atualização do educando; se esta atualização se realiza num ambiente onde os inter-relacionados humanos são fundamentais, então deve- se procurar quais os embasamentos que explicam o próprio processo desta atualização. No capítulo anterior focalizou-se o processo do tornar-se sob o ponto de vista da sua realidade. Explicou-se quais seus movimentos virtuais e quais suas possibilidades. Neste capítulo procurar-se-á apresentar a explicação de como o Eu atualizante se desenvolve a um nível de realidades psicológica e psicossocial. Esta análise é importante porque fornece subsídios para o entendimento das atitudes do educando no meio escolar. Isto possibilitará um desempenho mais adequado da Orientação Educacional, pois esclarece qual a unidade básica do desenvolvimento da pessoa e quais elementos que a influenciam. O ponto mais importante nesta análise é aquele que diz respeito ao Eu ou núcleo de atualização e ao seu respectivo desenvolvimento. É necessário que, de um lado, seja explicitada a função do Eu no processo de atualização. De outro, que seja explicado o próprio processo de desenvolvimento deste núcleo. A primeira focalização se refere à estrutura do Eu e é tratada pela Psicologia. A segunda se refere ao seu processo de desenvolvimento e é tratada pela Psicologia Social. Dados Históricos Sobre a Orientação Educacional 2Segundo Pimenta, a orientação educacional teve origem, aproximadamente, em 1930, a partir da orientação profissional que se fazia nos EUA. No Brasil, a orientação educacional mostrou-se válida na ordenação da sociedade brasileira em mudança na década de 1940 e incluía a ajuda ao adolescente em suas escolhas profissionais. A autora mostra que a primeira menção a cargos de orientador nas escolas estaduais se deu pelo Decreto nº 17.698, de 1947, referente às Escolas Técnicas e Industriais. As Leis Orgânicas do Ensino referentes ao período de 1942 a 1946 fazem alusão à Orientação Educacional. Nesta época, não havia cursos especiais de orientação educacional, o que levou ao 2PASCOAL, M.; HONORATO, E.C.; ALBUQUERQUE, F.A.de.; O orientador educacional no Brasil. Educ. rev. [online]. 2008, n.47 , pp.101-120. Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-46982008000100006&lng=en&nrm=iso>. Apostila gerada especialmente para: DIEGO DE SOUZA PAES 004.071.631-74 3 preenchimento dos cargos pelos chamados "técnicos de educação", muitas vezes selecionados por critérios duvidosos. A autora menciona ainda que, até 1958, São Paulo contava com cinco faculdades que ministravam o curso superior de orientação educacional, tendo sido, o primeiro deles, o curso criado pela PUC- Campinas, em 1945. Em 1958, o MEC regulamentou provisoriamente o exercício da função e o registro de Orientador Educacional, pela Portaria n. 105, de março de 1958, tendo ela permanecido provisória até 1961, quando a LDB 4.024 veio regulamentar a formação do Orientador Educacional. A Lei 5.564, de 21/12/68, demonstra, assim como a LDB em vigor naquela época, preocupação com a formação integral do adolescente, embora traga orientações também referentes ao ensino primário, como era naquela época designado o ensino fundamental. Art. 1º A Orientação Educacional se destina a assistir ao educando, individualmente ou em grupo, no âmbito das escolas e sistemas escolares de nível médio e primário, visando o desenvolvimento integral e harmonioso de sua personalidade, ordenando e integrando os elementos que exercem influência em sua formação e preparando-o para o exercício das opções básicas.A LDB que veio a seguir, a 5.692/71, diz, no artigo 10: "será instituída obrigatoriamente a Orientação Educacional, incluindo aconselhamento vocacional em cooperação com os professores, a família e a comunidade". Segundo Pimenta, a LDB dá um sentido novo ao ensino de 1º e 2º graus: sondagem de aptidão e profissionalizante, por isso, a Orientação Educacional deveria se ocupar de aconselhamento vocacional. "Assim, o que era apenas uma área da Orientação Educacional passa a ser confundida com a própria". Para atender às exigências da legislação, o Decreto 72.846 de 1973 veio a regulamentar a Lei 5.564, de 1968, por meio de onze artigos, mantendo, porém, o artigo 1º da Lei 5.564, apenas substituindo as expressões "no âmbito das escolas e sistemas escolares de nível médio e primário" por "no âmbito do ensino de 1º e 2º graus." Uma leitura crítica da legislação e dos contextos sociais em que foram promulgadas pode nos levar a entender que a orientação educacional no Brasil tem cumprido os papéis que dela eram esperados; muitas vezes a favor do sistema excludente e poucas vezes carregada de ousadia no sentido da emancipação das camadas populares. Isso se deve, principalmente, ao fato de estar atrelada às políticas educacionais vigentes nos diferentes momentos históricos. Os referenciais teóricos confusos e obscuros têm contribuído para a colocação da função do orientador no "baú" do esquecimento. Esteve ligada às relações de poder dentro da escola, às funções de comando, contribuindo para a divisão social do trabalho reproduzida dentro da escola. Prevendo conflitos, alguns autores já alertavam para a necessidade de definição das funções e campos de atuação do orientador educacional, como Brandão e Melo, que tentavam mostrar a importância da construção de um elo entre a prática do orientador educacional e as variações da sociedade e cultura brasileiras, das ciências humanas e das teorias da educação. Pode-se dizer que o campo de atuação do orientador educacional era, inicialmente, apenas e tão somente focalizar o atendimento ao aluno, aos seus "problemas", à sua família, aos seus "desajustes" escolares, etc., pouco ou quase nada voltado à autonomia do aluno e à sua contextualização como cidadão. Depois, voltou-se à prestação de serviços, mas sempre com o objetivo de ajustamento ou prevenção. Na década de 1970, falou-se muito sobre a falta de compromisso da escola e de sua equipe pedagógica. Grinspun diz que, nesse período "tenta-se resgatar a importância da escolaridade para as estratégias de vida das camadas populares, chamando a atenção para a estrutura interna da escola como um dado significativo para o desempenho dos alunos. A Orientação estava dentro da escola e não se deu conta do seu papel". Balestro complementa a autora dizendo que "os orientadores educacionais deixaram a banda passar sem dar a sua contribuição, isto é, sem fazer parte dela. Eles ficaram em cima do muro e calados. Perderam um espaço para demarcar o seu território na educação e a função social da profissão de OE". Por tais motivos, a Orientação Educacional começa a ser questionada a partir de 1980. Assim, os pressupostos teóricos começam a ser repensados e rediscutidos. O orientador começa a participar de todos os momentos da escola, discutindo questões curriculares, como objetivos, procedimentos, critérios de avaliação, metodologias de ensino, demonstrando sua preocupação com os alunos e o processo de aprendizagem. Os cursos de reciclagem que foram oferecidos aos orientadores contribuíram para que a discussão fosse mais ampla, envolvendo as práticas, os valores que a norteavam, a realidade dos alunos, assim como o mundo do trabalho. Apostila gerada especialmente para: DIEGO DE SOUZA PAES 004.071.631-74 4 Millet, numa atuação ousada para a época e incompreendida pelos profissionais da educação da escola onde ela mesma trabalhava, já apresentou, quase vinte anos atrás, uma mudança de enfoque no trabalho do orientador educacional. "É necessário pensar junto com os alunos sobre o ambiente que os circunda e as relações que estabelecem com esse ambiente, para que, tomando consciência da expropriação a que são submetidos, sintam-se fortalecidos para lutar por seus direitos de cidadãos." Segundo a autora, indisciplina, agressividade, desinteresse, dificuldades de aprendizagem (queixas mais comuns dos professores) não podem e não devem ser tratadas isoladamente e, sim, a partir de um estudo das relações "professor-aluno, aluno-conteúdo, aluno-aluno, aluno-estatutos escolares, aluno- comunidade, professor-comunidade". Pela apresentação de um relato de experiência, a autora conclui alertando para o caráter político da atuação do orientador educacional que "ultrapassa os limites dos muros da escola" e se envolve com a comunidade. Origina-se aí uma nova visão de orientação educacional. A orientação, hoje, está mobilizada com outros fatores que não apenas e unicamente cuidar e ajudar os 'alunos com problemas'. Há, portanto, necessidade de nos inserirmos em uma nova abordagem de Orientação, voltada para a 'construção' de um cidadão que esteja mais comprometido com seu tempo e sua gente. Desloca-se, significativamente, o 'onde chegar', neste momento da Orientação Educacional, em termos do trabalho com os alunos. Pretende-se trabalhar com o aluno no desenvolvimento do seu processo de cidadania, trabalhando a subjetividade e a intersubjetividade, obtidas através do diálogo nas relações estabelecidas. Villon diz que o trabalho do orientador educacional deve ser o de propiciar a aproximação entre a escola e a comunidade, desvelando os papéis e a influência que diversas instituições, tais como clubes, indústrias, comércios locais, associações, clubes, etc. exercem na comunidade. Preconiza a liberdade de extrapolar o espaço escolar indo rumo à comunidade escolar. A autora evidencia, desta forma, que o campo de atuação do orientador educacional não se limita à microestrutura escolar. Assis apresenta a importância do papel do orientador educacional como corresponsável pela aprendizagem dos alunos. Questiona as práticas docentes envolvendo os aspectos didático-pedagógicos, tais como metodologia, avaliação, relação professor-aluno, objetivos, conteúdos, e mostra a necessidade de que os docentes conheçam e reflitam sobre o real significado da existência da escola e sua função social. Apresenta o papel do orientador educacional numa dimensão bastante ampla e fala também da escola como locus privilegiado de participação. Questiona a formação profissional, mostrando que há necessidade do domínio de conteúdos necessários a uma nova atuação. A autora diz que a Filosofia ajuda o orientador educacional no sentido da práxis pedagógicas e acrescenta: "Outros conhecimentos devem fundamentar a prática do orientador educacional, tais como: Psicologia, Sociologia, História da Educação e História do Brasil (até nossos dias), além de outros, oriundos da Antropologia, Ciências Políticas, Metodologia e Pesquisa em uma abordagem qualitativa". Placco conceitua a orientação educacional como um processo social desencadeado dentro da escola, mobilizando todos os educadores que nela atuam - especialmente os professores - para que, na formação desse homem coletivo, auxiliem cada aluno a se construir, a identificar o processo de escolha por que passam, os fatores socioeconômico-político- ideológicos e éticos que o permeiam e os mecanismos por meio dos quais ele possa superar a alienação proveniente de nossa organização social, tornando-se, assim, um elemento consciente e atuante dentro da organização social, contribuindo para sua transformação. Esse período referente à década de 1980, que Grinspun chama de "questionador", foi marcado por estudos, congressos, lutas sindicais, que, articuladamente, transformaram-se em grandes conquistas para os orientadores educacionais. A FENOE - Federação Nacional dos Orientadores Educacionais - teve importante papelem defesa dos orientadores educacionais, sendo extinta na década de 90, o que levou ao enfraquecimento da categoria profissional que representava. A AOERGS - Associação dos Orientadores Educacionais do Rio Grande do Sul - tem contribuído significativamente com a categoria profissional dos Orientadores Educacionais, sendo responsável pela publicação Prospectiva, que traz matéria sobre orientação no Brasil. Apostila gerada especialmente para: DIEGO DE SOUZA PAES 004.071.631-74 5 Grinspun diz que o período "orientador", a partir da década de 90, foi cheio de incertezas e questionamentos. Não se sabia se a nova LDB traria ou não menções ao Orientador Educacional em seu texto. Tais incertezas foram dizimadas com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que em seu artigo 64, diz: A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. Embora pareça reconhecida a sua importância pela LDB, ao mesmo tempo deixa em aberto a formação profissional do orientador. Isso pode levar os cursos de Pedagogia a deixarem de formar o orientador educacional, relegando para a pós-graduação tal tarefa. Inicia-se um novo período nos anos 2000. O ensino, de uma maneira geral, e, em especial, o ensino público, está caminhando aos "trancos e barrancos". Globalmente, o país está mal no cenário educacional. É comum vermos reportagens mostrando o baixo nível de aprendizagem dos alunos nas escolas brasileiras. Isso mostra que a equipe escolar precisa ser rearticulada. No entanto, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Pedagogia, Licenciatura, em Parecer aprovado em 13/12/2005, reduzem a orientação educacional à área de serviços e apoio escolar, o que significa mais um passo para a extinção total desta função. Incoerentemente, o artigo 5o menciona que o egresso do curso de Pedagogia deverá estar apto para uma série de tarefas possíveis apenas a partir de um trabalho integrado com outros profissionais da educação. II compreender, cuidar e educar crianças de zero a cinco anos, de forma a contribuir para o seu desenvolvimento nas dimensões, entre outras, física, psicológica, intelectual, social; VII promover e facilitar relações de cooperação entre a instituição educativa, a família e a comunidade; XIV realizar pesquisas que proporcionem conhecimentos, entre outros: sobre alunos e alunas e a realidade sociocultural em que estes desenvolvem suas experiências não-escolares; sobre processos de ensinar e de aprender, em diferentes meios ambiental-ecológicos; sobre propostas curriculares e sobre organização do trabalho educativo e práticas pedagógicas. É interessante observar que as tarefas apontadas são apenas algumas que podem ser realizadas pelo orientador educacional, em trabalho articulado com o gestor e o coordenador pedagógico. Não resta dúvida de que a gestão escolar que visa à emancipação necessita de apoio e trabalho conjunto de diferentes profissionais da educação, em suas diferentes frentes de atuação, que não podem ser relegadas a segundo plano. Toda escola realiza um trabalho pedagógico composto por situações de caráter burocrático-administrativo e situações de caráter pedagógico-administrativo. O primeiro grupo envolve, prioritariamente, a documentação escolar. Envolve, ainda, a organização e a divisão do trabalho propriamente dito: a divisão de funções, a determinação de horários a serem cumpridos pelos funcionários e horários de funcionamento dos diferentes setores; a divisão do pessoal nos diversos turnos e setores, abertura e fechamento de portões, merenda escolar, etc. Toda essa parte é importante porque, sem ela, a escola não pode caminhar. Ela representa a estrutura indispensável para que seja possível a realização do ato educativo. Não menos importantes são as situações de caráter pedagógico-administrativo. Envolvem todas as iniciativas que a escola deve ter para que o ensino e a aprendizagem ocorram. Aliás, este é o coração do trabalho pedagógico. Aí destacam-se duas ordens de necessidades diferentes: uma ligada ao professor e outra ligada ao aluno. Mesmo reconhecendo a imprescindibilidade da tecnologia da informação, o professor não pode ser descartado. Porém, para fazer frente a todos os avanços da sociedade, há necessidade de um novo professor, mais atuante, mais atualizado, com novas competências. Destaca-se, então, que a escola precisa ter um profissional que coordene todo o trabalho docente. E este é o profissional conhecido como "coordenador pedagógico", mais especificamente, o professor coordenador, no estado de São Paulo. Este profissional é aquele encarregado de cuidar da atualização docente em serviço, de fornecer condições estruturais e materiais para que o trabalho docente se desenvolva, de divulgar obras existentes na biblioteca para os professores, organizar as reuniões pedagógicas, cuidar da interdisciplinaridade, enfim, proporcionar ao professor meios para que possa desenvolver o seu trabalho da melhor maneira possível. Apostila gerada especialmente para: DIEGO DE SOUZA PAES 004.071.631-74 6 O aluno, por sua vez, é a razão de ser da escola. Para colaborar com o aluno e com as suas necessidades, a escola precisa contar com o trabalho do orientador educacional. Esse é o profissional que trabalha diretamente com o aluno e se preocupa com a sua formação pessoal. A ele cabe desenvolver propostas que elevem o nível cultural do aluno e tudo fazer para que o ambiente escolar seja o melhor possível. O orientador educacional diferencia-se do coordenador pedagógico, do professor e do diretor. O diretor ou gestor administra a escola como um todo; o professor cuida da especificidade de sua área do conhecimento; o coordenador fornece condições para que o docente realize a sua função da maneira mais satisfatória possível; e o orientador educacional cuida da formação de seu aluno, para a escola e para a vida. 3Os Percursos Históricos do Papel do Orientador Educacional. Para que o Orientador Educacional conseguisse conquistar seu espaço dentro da escola, ele teve que passar por vários períodos históricos até sua profissão ser reconhecida como tal e inserida nas dimensões pedagógicas. Collares resume os vários períodos desse profissional, sistematizando-os da seguinte forma: • Período Implementar - compreende o período de 1920 a 1941 e está associado à Orientação Profissional, preponderando a seleção e escolha profissional, nesse período o papel do orientador era auxiliar na escolha profissional de seus alunos com o intuito de inseri-lo no mercado de trabalho; • Período Institucional - de 1942 a 1961: caracterizado pela exigência legal da Orientação Educacional nas unidades de ensino e nos cursos de formação dos orientadores educacionais; nesse período há a divisão funcional e institucional; surge a Escola Pública; • Período Transformador - de 1961 a 1970: pela Lei 4.024/61, a Orientação Educacional é caracterizada como educativa, ressaltando a formação do Orientador Educacional e fixando as Diretrizes e Bases da Educação Nacional; • Período Disciplinador - de 1971 a 1980: conforme a Lei 5.692/71, a Orientação Educacional é obrigatória nas escolas, incluindo o aconselhamento vocacional. O Decreto 72.846/73, regulamentando a Lei 5.564/68, sobre o exercício da profissão de Orientador Educacional, disciplina os passos a serem seguidos; • Período Questionador - de 1980 a 1990: o Orientador Educacional interroga suas práticas, seus valores, a questão do aluno trabalhador, enfim, a sua realidade no meio social; a prática da orientação volta-se para a concepção de educação como ato político; • Período Orientador - a partir de 1990: a orientação está voltada para a “construção”do cidadão comprometido com seu tempo e sua gente, trabalhando a subjetividade, obtida através do diálogo. Atualmente ainda há uma luta em relação à exata função do Orientador dentro das escolas, vista principalmente na quase inexistência do mesmo em colégios particulares e a grande falta de sua atuação e cargo em colégios públicos, porém com o decorrer dos anos percebemos um grande avanço político para que o Orientador se encontre como profissional e ator da educação. Educação Neoliberal O neoliberalismo trata de relações econômicas, do esforço individual para alcançar o sucesso. Não trata da orientação educacional buscar auxiliar o aluno para se encontrar no mercado, este é um mérito dele. Educação Não-diretiva O aluno "nasce sabendo" e suas aptidões são apenas reveladas com o tempo. Não cabe ao orientador ou qualquer professor intervir no desenvolvimento do estudante, isso é algo natural, está nele, a profissão que vai até ele, porque nasceu para aquilo, não o orientador que vai ao aluno. Educação Funcionalista A tendência funcionalista vê uma experiência determinada por funções e o que são trabalhos se não funções? A sociedade possui instituições e cada instituição tem sua função. Se ela não é cumprida, pode danificar todo o sistema. Durkheim, pai da Sociologia Moderna e autor deste conceito, dizia que era como um corpo e seus órgãos, o mal funcionamento de um poderia afetar e até levar a morte todo o sistema. Numa perspectiva funcionalista, o orientador iria apenas identificar qual seria a aptidão do estudante e direcioná-lo, para fazê-lo "funcionar" dentro do sistema, ele já tem sua função definida. Na tecnicista, 3https://bit.ly/2HmFJQP Apostila gerada especialmente para: DIEGO DE SOUZA PAES 004.071.631-74 7 contudo, tenta-se direcionar o aluno através de suas aptidões, ou seja, ele possui outras "funções" e o orientador deve auxiliá-lo na busca mais correta e cientificamente melhor e mais útil para o mercado de trabalho e a vida em sociedade. 4A função da Orientação Educacional encarada do ponto de vista escolar adquire significado ao se pensar que o processo de educação que ocorre na escola é intenciona. Isto exige que todas as atividades ali desenvolvidas sejam pensadas e analisadas de forma crítica e reflexiva, tendo em vista um alvo específico, qual seja, o tornar-se do educando. Estando o estudante num processo de vir-a-ser contínuo, a tarefa da escola torna-se muito complexa uma vez que ela deve atentar para todos os fatores que interferem naquele acontecer. Isto significa que ele necessita considerar as influências que os grupos congenial, familial, de vizinhança, de professores exercem sobre o educando, bem como as necessidades e as expectativas da sociedade e as da cultura onde ele vive. Estas influências devem ser suficientemente analisadas para que se possa formar um quadro de valores ou das tendências básicas que norteiam as atividades educacionais e que explicitam sua unidade. É necessário que este estudo abranja os dados fornecidos por todos aqueles que trabalham na escola, pela própria família do estudante e pela sociedade onde ele vive. Tal análise é impraticável se deixada a cargo das posições e dos papéis socialmente definidos como essenciais à escola: o de professor, o de administrador e o de aluno dada a complexidade do dinamismo das posições e dos papéis, das regras, das influências culturais, dos grupos congeniais, dos subgrupos formais e informais que constituem a organização escolar, Se este estudo não for realizado, então aquelas influências tornam-se difusas, pouco delineadas, podendo mesmo chegar a agir de forma heterogênea. Isto repercute no dinamismo da escola levando-a a desenvolver-se de forma desarmônica quando, então, várias direções podem emergir fazendo com que obstáculos sejam levantados para a consecução dos próprios objetivos educacionais foram propostos no início do processo. Para que tal dispersão não ocorra, e para que as influências que interferem no processo educacional realizado na escola sejam assumidas de forma consciente, torna-se necessário que exista uma área específica que aja dentro da própria escola e cuja função seja a de analisar aquelas influências e a de delinear os pontos básicos - os valores - que norteiam tais atividades refletindo sobre o significado dos mesmos em relação aos objetivos do processo educacional. Esta tarefa é muito importante para o desenvolvimento de todo o processo educativo que ocorre na escola porque permite uma avaliação crítica dos próprios propósitos e porque trata-se de um ponto de partida para uma renovação continua dos seus alvos e atividades. Tal tipo de análise faz-se necessário, também, ao se focalizar o outro polo do processo educativo - o estudante. Este encontra-se num processo contínuo de vir-a-ser e está sujeito a uma desorientação em relação ao mesmo em virtude da grande quantidade de eventos aparentemente desconexos que ocorrem à sua volta. Ele necessita de um auxílio para começar a refletir sobre tais acontecimentos e para perceber o significado que os mesmos possuem para sua vida. Este auxilio pode lhe ser dado de duas formas. Mediante a solicitação de uma continua reflexão sobre: as atividades e as respectivas avaliações realizadas no contexto escolar, as ocorrências, as decisões e as ações consideradas mais significativas ou mais valorizadas por cada um. Esta reflexão o levará a perceber, gradativamente, o quadro dos valores que lhe são mais significativos. Ele, também, é auxiliado na medida em que a escola está consciente da unidade de sua organização, ou seja, do ponto comum a todas as suas atividades. A apreensão desta unidade por parte de todos aqueles que trabalham na escola repercute nas suas atitudes para com o estudante, fazendo com que este possa vir a percebê-la de forma mais clara, permitindo-lhe situar-se mais facilmente no meio dos vários acontecimentos com os quais se depara no ambiente escolar. O que se pretende que aqui fique explicito é que este papel de - análise dos acontecimentos que interferem no processo educativo, de detectar os mais relevantes ou de maior valor para tal processo, de auxilio na reflexão crítica de tais acontecimentos por parte de todos aqueles que trabalham na escola - seja próprio da Orientação Educacional. Somente assim ela se justifica como escolar, isto é, somente na medida em que ela auxiliar a apreensão de ambos os quadros de valores - e a respectiva reflexão sobre os mesmos - o da escola e o do estudante; ela pode realmente ser vista como uma orientação do processo educacional realizado na escola. A apreensão do quadro de valores da escola é importante por auxiliá-la a perceber a direção indicada pelas próprias atividades aí propostas e desenvolvidas. O do estudante, ao ajudá-lo a entender o seu 4BICUDO, M.A.V.; Fundamentos de orientação educacional. São Paulo: Saraiva, 1978. Apostila gerada especialmente para: DIEGO DE SOUZA PAES 004.071.631-74 8 compromisso em relação as suas ações e a perceber as tendências que as mesmas apontam. Isto poderá levá-lo a uma reflexão sobre si próprio como um ser que ascende na escalada da conscientização. A Orientação Educacional escolar, de acordo com a perspectiva aqui assumida, admite o seguinte quadro teórico no qual a Orientação Educacional" é vista como uma variável independente; o "Eu do Educando" (ou o estudante visto como um ser num continuo processo de vir-a-ser), como uma variável dependente; a "escola" (ou organização escolar ou sistema escolar) como variáveis intervenientes. No modelo abaixo, a função da Orientação Educacional é a de realizar uma unificação entre os vários componentes do processo educativo: a administração, o corpo de professores, os alunos, levando em consideração todas as influências culturais exercidas sobre os mesmos os objetivos visados pela escola no desempenho de suas atividades e o estudante, visto num contínuo processo de vir-a-ser.Ela age como um ponto de ligação entre o Eu atualizante do estudante, visto como um fim e os objetivos que a própria escola levanta para o processo educativo. Modelo teórico da Orientação Educacional Várias considerações devem ser explicitadas em relação a este enfoque do papel da Orientação Educacional. Uma delas concerne ao questionamento sobre sua possível posição superior na estrutura organizacional da escola. Poder-se-ia dizer que, aparentemente, mediante a perspectiva abordada, ela passaria a ocupar uma posição eminentemente de cúpula dentro dessa organização, sendo que as outras posições são, também, importantes para o processo educativo; algumas delas tem sido vistas tradicionalmente como estando no ápice da referida hierarquia. O que aqui está sendo proposto não é esta inversão de posições do ponto de vista hierárquico, mas, s im, um trabalho de conjunto realizado pelas várias posições ocupadas na escola. As decisões-e os compromissos que as acompanham competem a toda a equipe e não à de Orientação Educacional apenas. A esta compete: a tarefa de análise dos dados oferecidos por todos, o levantamento dos valores que aparecem como mais significativos, a apresentação dos seus estudos à equipe toda de pessoas que trabalham com o processo educativo desenvolvido na escola. A partir desta apresentação passa-se à fase de reflexão crítica dos dados obtidos, tentando-se uma avaliação do todo do processo. Isto, por sua vez, possibilita um ponto de partida para novas proposições e realizações. Assim sendo, a Orientação Educacional utiliza-se dos dados fornecidos pelo psicólogo educacional, pelo orientador pedagógico, pelo assistente social, pelo diretor, pelos professores, pelos estudantes e realiza uma síntese das direções que os mesmos apontam, as quais serão refletidas em conjunto. Outro ponto que deve ser explicitado, para que sejam evitadas ambiguidades, é o concernente ao auxílio que se deve dar ao estudante para que ele realize uma reflexão contínua sobre suas próprias atividades. Este auxílio não é uma tarefa da Orientação Educacional apenas, mas de todos aqueles que estiverem exercendo a função de orientador. Entretanto, o trabalho do orientador, como aqui foi delineado, ajudará o educador a tomar consciência da necessidade e do significado de tal reflexão, bem como o ajudará a refletir sobre suas próprias atividades e atitudes, o que repercutirá no seu trabalho com o aluno. O momento de encontro e de pensar crítico em conjunto com todos aqueles que estão envolvidos na tarefa educativa é muito importante para a instituição escolar, pois trata-se de um ponto essencialmente avaliativo do processo que ali é desenvolvido. Isto permite que o trabalho da Orientação Educacional seja visto como um processo eminentemente dialético, na medida em que suas ações influenciam o ser do educando e que as ações deste voltam sobre a própria Orientação Educacional realimentando-a e dando uma chance para que se renovem as expectativas da escola. Neste modelo, a escola seria um sistema aberto às necessidades de inovações relevantes em relação ao Eu-Atualizante do educando. Apostila gerada especialmente para: DIEGO DE SOUZA PAES 004.071.631-74 9 O Orientador Educacional e os Princípios Éticos 5É extremamente válido lembrar que o trabalho do orientador educacional, assim como o trabalho pedagógico de modo geral, precisa estar revestido pelo comportamento ético. Em todos os campos em que o orientador educacional atua, ele estará sempre em contato com algumas informações que precisam ser sigilosas. Isso acontece, por exemplo, quando o profissional conversa com alunos e seus familiares, momentos em que, muitas vezes, toma conhecimento de situações complexas e delicadas. O bom senso, o sigilo e o cuidado na emissão de juízos de valor podem favorecer o trabalho do orientador. A confiança na pessoa do orientador é fundamental para o êxito de seu trabalho. Um fato que ocorre com muita frequência é a solicitação de informações sobre os alunos pelos professores. Neste caso, o orientador precisa tomar muito cuidado, fornecendo apenas informações que sejam relevantes, pois, como dizem Giacaglia e Penteado, há que se considerar razões de natureza psicológica para a não-divulgação dos dados. Trata-se do "efeito Rosenthal" ou "profecia autorrealizável", segundo a qual, quando um professor desenvolve expectativas de que um aluno ou grupo de alunos irá ter insucesso escolar, tais expectativas podem se transformar, inconscientemente, por parte do professor, em fator ou causa do respectivo fracasso daqueles alunos. Por acreditar na necessidade do orientador educacional dentro da escola, desenvolvemos a presente pesquisa com a finalidade de identificar quais estados mantêm esse profissional em seus quadros para, num segundo momento, buscar sinais indicativos da necessidade desse profissional nas escolas públicas brasileiras. 6Contribuições Para Um Repensar Sobre A Orientação Educacional Como partícipe da equipe de gestão, a orientação educacional pode se desenvolver em cinco áreas: o aluno, a escola, a família, a comunidade e a sociedade. O papel do Orientador Educacional na escola é bastante amplo, sendo muito importante em todo o processo educacional, pois busca sempre a formação integral do estudante e trabalha com toda a comunidade escolar. A Orientação Educacional é um processo organizado e permanente que existe na escola. Ela busca a formação integral dos educandos (este processo é apreciado em todos seus aspectos, tido como capaz de aperfeiçoamento e realização), através de conhecimentos científicos e métodos técnicos. A Orientação Educacional é um sistema em que se dá através da relação de ajuda entre Orientador, aluno e demais segmentos da escola; resultado de uma relação entre pessoas, realizada de maneira organizada que acaba por despertar no educando oportunidades para amadurecer, fazer escolhas, se auto conhecer e assumir responsabilidades 7 O orientador educacional e os alunos: a criação de espaços de participação social e exercício da cidadania A visão contemporânea de orientação educacional aponta para o aluno como centro da ação pedagógica, cabendo ao orientador atender a todos os alunos em suas solicitações e expectativas, não restringindo a sua atenção apenas aos alunos que apresentam problemas disciplinares ou dificuldades de aprendizagem. Mediador entre o aluno e o meio social, o orientador discute problemas atuais, que fazem parte do contexto sociopolítico, econômico e cultural em que vivemos. Assim, por meio da problematização, pode levar o aluno ao estabelecimento de relações e ao desenvolvimento da consciência crítica. Para poder exercer a contento a sua função, o orientador precisa compreender o desenvolvimento cognitivo do aluno, sua afetividade, emoções, sentimentos, valores, atitudes. Além disso, cabe a ele promover, entre os alunos, atividades de discussão e informação sobre o mundo do trabalho, assessorando-os no que se refere a assuntos que dizem respeito a escolhas. Todas as relações que se estabelecem no cotidiano escolar, em especial o relacionamento com os colegas, podem receber inúmeras contribuições do profissional orientador educacional. 5PASCOAL, M.; HONORATO, E.C.; ALBUQUERQUE, F.A.de.; O orientador educacional no Brasil. Educ. rev. [online]. 2008, n.47 , pp.101-120. <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-46982008000100006&lng=en&nrm=iso>. 6PASCOAL, M.; HONORATO, E.C.; ALBUQUERQUE, F.A.de.; O orientador educacional no Brasil. Educ. rev. [online]. 2008, n.47 , pp.101-120. <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-46982008000100006&lng=en&nrm=iso>. 7 MARTINS, José do Prado.Princípios e métodos da orientação educacional. 2 ed. São Paulo; Atlas, 1984. Apostila gerada especialmente para: DIEGO DE SOUZA PAES 004.071.631-74 10 O orientador educacional e a escola: a participação nos momentos coletivosComo membro do corpo gestor da escola, cabe ao orientador educacional participar da construção coletiva de caminhos para a criação de condições facilitadoras e desejáveis ao bom desenvolvimento do trabalho pedagógico. É um profissional que participa de todos os momentos coletivos da escola, na definição de seus rumos, na elaboração e na avaliação de sua proposta pedagógica, nas reuniões do Conselho de Classe, oferecendo subsídios para uma melhor avaliação do processo educacional. Desta forma, é necessária a discussão sobre a natureza da vida escolar, em que todos os integrantes da equipe pedagógica escolar "questionem criticamente o currículo existente na escola, o currículo oculto, o aparelho político em todos os níveis, a forma e o conteúdo dos textos escolares e as condições de trabalho que caracterizam escolas específicas". O orientador, aliado aos demais profissionais da escola e a outros pedagogos, pode contribuir muito para a organização e a dinamização do processo educativo. É o que dizem Giacaglia e Penteado: "participando do planejamento e da caracterização da escola e da comunidade, o orientador educacional poderá contribuir, significativamente, para decisões que se referem ao processo educativo como um todo". Cabe a ele integrar todos os segmentos que compõem a comunidade escolar: direção, equipe técnica, professores, alunos, funcionários e famílias, visando à construção de um espaço educativo ético e solidário. Em que pesem as contribuições do profissional orientador educacional ao processo educativo, muitas escolas, notadamente na rede escolar estadual paulista, não têm mais esse profissional na equipe, o que significa que outro profissional está acumulando as suas funções. Normalmente esse profissional é o coordenador pedagógico, que, além de cumprir a sua extensa função junto aos professores, associa a ela a função do orientador, resultando numa inadequação das duas. O orientador educacional e a família: a criação de ambientes socioeducativos O orientador educacional é o profissional encarregado da articulação entre escola e família. Assim, cabe a ele a tarefa de contribuir para a aproximação entre as duas, planejando momentos culturais em que a família possa estar presente, junto com seus filhos, na escola. Cabe também ao orientador educacional a tarefa de servir de elo entre a situação escolar do aluno e a família, sempre visando a contribuir para que o aluno possa aprender significativamente. A perspectiva de orientação educacional que consideramos válida não se equipara ao trabalho do psicólogo escolar, que tem dimensão terapêutica. O papel do orientador com relação à família não é apontar desajustes ou procurar os pais apenas para tecer longas reclamações sobre o comportamento do filho e, sim, procurar caminhos, junto com a família, para que o espaço escolar seja favorável ao aluno. Não cabe ao orientador a tarefa de diagnosticar problemas e/ou dificuldades emocionais ou psicológicas e, sim, que volte seu trabalho para os aspectos saudáveis dos alunos. O orientador educacional e a comunidade: o conhecimento do contexto local Compreender o modo de vida, os interesses, as aspirações, as necessidades, as conquistas da comunidade são muito importante. Só assim será possível o apoio da escola na luta da comunidade por melhores condições de vida. Neste sentido, pode-se apontar que uma das tarefas do orientador educacional é o conhecimento da comunidade e das situações que facilitam sua vida, bem como as que a dificultam. Como polo cultural, cabe à escola e, especificamente, ao orientador educacional elevar o nível cultural dos membros da comunidade, propiciar debates sobre temas de interesse, bem como de alunos, pais, professores, envolvendo questões presentes no dia-a-dia. É fundamental que se estabeleça um clima de constante diálogo entre ambas, uma vez que a escola deve estar aberta à comunidade à qual pertence. Como estratégia que pode colaborar para o bom andamento do trabalho educativo, podemos citar a abertura da escola à comunidade, que nem sempre é feita de forma tranquila, com afirma Vasconcellos: Alguns diretores tratam os equipamentos da escola como se fossem objetos pessoais, propriedades privadas; outros, ao contrário, estabelecem relações de parceria com a comunidade e, com isto, não só passam a contar com ela como elemento de apoio para as mudanças, como ainda obtêm diminuição do vandalismo, da violência; os alunos se sentem acolhidos, experimentam a escola como território aliado. Queremos deixar claro que estamos nos referindo à abertura tanto no que diz respeito às instalações e equipamentos, quanto, num sentido mais sutil, de se deixar sensibilizar pelas exigências colocadas pela sociedade. Apostila gerada especialmente para: DIEGO DE SOUZA PAES 004.071.631-74 11 O orientador educacional e a sociedade: a participação em lutas maiores Da mesma forma que se dá o trabalho do orientador educacional no que se refere à comunidade, assim também o é no que se refere à sociedade. O orientador educacional é o profissional da escola que, não tendo um currículo a seguir, pode se organizar para trazer aos alunos os fatos sociais marcantes que nos envolvem, bem como propor a participação em lutas maiores. A escola não pode silenciar face às grandes questões que a mídia veicula diariamente. Discutir a corrupção, os atos de terrorismo, a violência urbana e outras situações presentes na sociedade brasileira e na mundial serão de grande utilidade para os demais componentes curriculares. De modo análogo, não só deve o orientador educacional levar a sociedade para a escola, mas, também, como uma via de mão dupla, levar a escola, suas conquistas e dificuldades para a sociedade. 8O Papel do Orientador Educacional na Aprendizagem Ser orientador é uma opção, mas atuar como orientador significa enfrentar constantes desafios, buscando atitudes cotidianas que promovam a união e integração. O orientador atua promovendo uma prática que inclui, combatendo a discriminação, compreendendo e auxiliando o aluno em seu desenvolvimento pleno, sem preconceitos, com muito respeito, independente de sua condição econômica, da aparência física ou opção sexual de todos os sujeitos da educação. Ser desenvolver orientador é uma função na qual a intenção de solidariedade é o maior valor. A Orientação Educacional é uma das funções mais importantes na área de atuação do pedagogo. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96 estabelece que a formação dos Orientadores Educacionais deva acontecer em Cursos de Especialização, Pós-Graduação na área da Educação. É nesta área que acontece às estratégias da organização escolar, onde a ação do Orientador Educacional visa uma plena interação do aluno com o espaço escolar, sempre com apoio da família e da comunidade. Devido às mudanças socioeconômicas e culturais ocorridas em nossa sociedade, a escola passa a ter responsabilidade pelo desenvolvimento integral do aluno, em seus vários aspectos: físico, intelectual, social, escolar, emocional, em todos os aspectos que a criança desenvolve durante o período que permanece na escola. Para tanto o orientador busca em seu trabalho informações sobre a realidade dos alunos, em que tipo de sociedade que se está inserido e a partir do levantamento dessas informações e junto com a proposta pedagógica da escola busca realizar de forma adequada o seu papel dentro da escola. Em Grinspun A orientação deve buscar uma visão mais completa da realidade e do sujeito, as especificidades do campo de ação ajudam o entendimento da totalidade, sem perder de vista a singularidade. Nessa abordagem, novos aliados terão o trabalho próprio na escola, nos quais três indicativos se impõem: a comunicação, a argumentação e a reflexão. Eles são dados significativos á formação do sujeito. A multiplicidade dos enfoques e análises que caracteriza o fenômeno educativo não torna inócua a Orientação Educacional, aocontrário precisamos dela como campo de ação e investigação para dinamizar o processo educativo e a formação do aluno cidadão. O Orientador, portanto faz um trabalho de interdisciplinaridade entre os fatos, situações, ações e tudo que leva o aluno a agir de determinada forma, buscando torná-lo mais crítico e consciente, evidenciando os conceitos de parceria, coletividade e principalmente perceber-se como membro da sociedade. Para que a trajetória da orientação educacional ocorra com qualidade, é preciso entender que esse trabalho é atividade social constante, que auxilie os alunos em escolhas corretas e no processo de construção crítica e de consciência. Com isso a importância de analisar essa profissão em todas as dimensões, como o mundo e suas transformações, educação, trabalho, valores, desafios e as mudanças que vão surgindo, exigindo atualizações. Dessa forma, o orientador educacional vai dividir a responsabilidade com todos os eixos da escola. Com união e parceria nesse trabalho cotidiano, se torna possível a construção de uma sociedade mais humana e justa, de forma democrática superando o individualismo na instituição de educação, proporcionando mais chances de formar alunos com uma nova visão e com condições de seguir nessa futura sociedade consciente. De acordo com Luck: 8http://cerrogrande.rs.gov.br/site/o-papel-do-orientador-educacional-na-aprendizagem/ Apostila gerada especialmente para: DIEGO DE SOUZA PAES 004.071.631-74 12 A democratização dos processos de gestão da escola, estabelecida na constituição nacional, na lei de diretrizes e bases da educação nacional (Lei nº 9394/96) e no plano nacional de educação, acentua a necessidade de ação coletiva compartilhada. A descentralização dos processos de organização e tomada de decisões em educação e a consequente construção da autonomia da escola demandam o desenvolvimento de espírito de equipe e noção de gestão compartilhada nas instituições de ensino, em todos os níveis. Nesse sentido cabe salientar, a grandeza do trabalho do orientador e a autonomia deste profissional numa gestão democrática, pois dele parte a reflexão sobre a escola e o crescimento coletivo numa missão pautada no diálogo e na cooperação. Compreendemos a amplitude e importância de sua tarefa de zelar pela formação dos alunos como cidadãos, ajudar os professores a entender os comportamentos das crianças e cuidar das relações com a comunidade considerando ainda que suas atribuições estão inteiramente ligadas à aprendizagem, cidadania, valores, atitudes, reflexão e desenvolvimento no contexto educacional. Na escola, o orientador educacional é um dos membros da equipe gestora, ao lado do diretor e do coordenador pedagógico. Ele é o principal responsável pelo desenvolvimento pessoal de cada aluno, dando suporte a sua formação como cidadão, à reflexão sobre valores morais e éticos e à resolução de conflitos. Ao lado do professor, é evidente que esse profissional zela pelo processo de aprendizagem e formação dos estudantes por meio do auxílio ao docente na compreensão dos comportamentos das crianças, entram aspectos que as crianças aprendem na escola de forma não explícita: valores e a construção de relações interpessoais. Por tratar diretamente das relações humanas, o orientador educacional, frequentemente, acaba por ter suas funções confundidas com as de outros profissionais como um psicológico, por exemplo. Essa confusão, no entanto, deve ser evitada, porque, embora também lide com problemas de convivência e com dificuldades de aprendizagem das crianças, a função do orientador se aproxima mais do aspecto pedagógico e não da dimensão terapêutica do atendimento. Isso fica explícito na fala de Grinspun sobre o que o Orientador Educacional não é em termos de formação profissional: “(…) Afirmo que o profissional Orientador Educacional pertence ao grupo do magistério e não a outro grupo que atue (ou não) nas escolas, embora seu trabalho, em determinado momento, se relacione (ou até mesmo se fundamente), como por exemplo, na Psicologia, na Sociologia, na Administração, no Serviço Social etc. Portanto, o Orientador Educacional não é Psicólogo Clínico ou Escolar; não é Psicopedagogo; não é Assistente Social; e também não é técnico administrativo; não pertence a qualquer outra categoria que não faça parte do que denominamos ser o campo do magistério.” O Orientador não pode ficar o tempo inteiro em sua sala, apenas recebendo alunos expulsos da aula ou que desrespeitaram um colega ou um professor. Na escola, sua equipe de trabalho deve ter este entendimento. Ele só consegue saber o que está acontecendo na escola, entender quais são os comportamentos das crianças e propor encaminhamentos adequados quando acompanha, convive e interage circulando pelos espaços junto aos educandos. O olhar do orientador, evidentemente deve ultrapassar os muros da escola. O trabalho deste profissional deve servir de ponte para interligar a escola e a comunidade, entendendo sua realidade, ouvindo o que ela tem a dizer de forma democrática e acolhedora de modo que se estabeleça o diálogo entre suas expectativas e o planejamento escolar. A escola precisa contar com o trabalho do orientador educacional e reconhecê-lo como profissional que trabalha diretamente com o aluno e se preocupa com a sua formação pessoal colaborando com o mesmo e identificando suas necessidades. A ele cabe desenvolver propostas que elevem o nível cultural do aluno e tudo fazer para que o ambiente escolar seja o melhor possível. O aluno, por sua vez, é a razão de ser da escola. É relevante lembrarmos que o orientador educacional se diferencia do coordenador pedagógico, do professor e do diretor. O diretor ou gestor administra a escola como um todo; o professor cuida da especificidade de sua área do conhecimento; o coordenador fornece condições para que o docente realize a sua função da maneira mais satisfatória possível; e o orientador educacional cuida da formação de seu aluno, para a escola e para a vida. A Orientação Educacional está implicada na prática pedagógica da escola, na inserção, mediação e consecução dos objetivos e propostas da escola e está intrinsicamente comprometida com a educação e as políticas vigentes e, portanto, uma função importante que necessita de um profissional bem preparado, com sólida formação teórica e uma prática voltada à mediação, à construção coletiva do projeto educativo Apostila gerada especialmente para: DIEGO DE SOUZA PAES 004.071.631-74 13 da escola, à integração escola-comunidade, professor-aluno, aluno-escola e ao desenvolvimento integral do aluno para a construção da cidadania. 9Atribuições do Orientador Educacional Na escola, o orientador educacional é um dos membros da equipe gestora, ao lado do diretor e do coordenador pedagógico. Ele é o principal responsável pelo desenvolvimento pessoal de cada aluno, dando suporte a sua formação como cidadão, à reflexão sobre valores morais e éticos e à resolução de conflitos. Ao lado do professor, esse profissional zela pelo processo de aprendizagem e formação dos estudantes por meio do auxílio ao docente na compreensão dos comportamentos das crianças. Ou seja: enquanto o professor se ocupa em cumprir o currículo disciplinar, o orientador educacional se preocupa com os conteúdos atitudinais, o chamado currículo oculto. Nele, entram aspectos que as crianças aprendem na escola de forma não explícita: valores e a construção de relações interpessoais. Por tratar diretamente das relações humanas, o orientador educacional pode ter suas funções confundidas com as de um psicológico. Essa confusão, no entanto, deve ser evitada, porque, embora também lide com problemas de convivência e com dificuldades de aprendizagem das crianças, a função do orientador se aproxima mais do aspecto pedagógico e não da dimensão terapêutica do atendimento. Para conseguir realizar seu trabalho, o profissional que ocupa esse cargonão pode ficar o tempo inteiro em sua sala, apenas recebendo alunos expulsos da aula ou que desrespeitaram um colega ou um professor. Ele só consegue saber o que está acontecendo na escola, entender quais são os comportamentos das crianças e propor encaminhamentos adequados quando circula pelos espaços e convive com os estudantes. Esse trabalho também ultrapassa os muros da escola. O orientador deve atuar como uma ponte entre a instituição e a comunidade, entendendo sua realidade, ouvindo o que ela tem a dizer e abrindo o diálogo entre suas expectativas e o planejamento escolar. Apesar de essas funções do orientador serem essenciais no processo de ensino e aprendizagem, nem sempre as escolas contam com esse profissional em sua equipe. Com ou sem ele, no entanto, o trabalho não pode deixar de ser feito. Da mesma maneira que uma escola sem coordenador pedagógico não deixa de planejar as situações didáticas, uma escola sem orientador educacional não deixa de se preocupar com a formação cidadã de seus alunos. Essa missão deve ser cumprida pelo diretor, coordenador e também pelos professores. Atribuições - Orienta os alunos em seu desenvolvimento pessoal, preocupando-se com a formação de seus valores, atitudes, emoções e sentimentos; - Orienta, ouve e dialoga com alunos, professores, gestores e responsáveis e com a comunidade; - Participa da organização e da realização do projeto político-pedagógico e da proposta pedagógica da escola; - Ajuda o professor a compreender o comportamento dos alunos e a agir de maneira adequada em relação a eles; - Ajuda o professor a lidar com as dificuldades de aprendizagem dos alunos; - Medeia conflitos entre alunos, professores e outros membros da comunidade; - Conhece a legislação educacional do país; - Circula pela escola e convive com os estudantes. Instrumentos que podem ser utilizados pelo Orientador Educacional10 - Comunicação de ocorrência em sala de aula (do professor para o SOE); - Comunicação entre o SOE e os pais ou responsáveis pelos alunos; -Registro de entrevista com pais ou responsáveis ou com alunos; - Ficha de informações sobre estagiários; - Ficha de identificação de professores e de funcionários; - Questionário informativo sobre o professor, a ser preenchido pelos professores; - Questionário informativo sobre o funcionário, a ser preenchido pelos funcionários. 9https://gestaoescolar.org.br/conteudo/233/o-papel-do-orientador-educacional 10 Giacaglia, Lia Renata Angelini. Penteado, Wilma Millan Alves. Orientação Educacional na Prática: Princípios, histórico, legislação e instrumentos, São Paulo; Cengage Learning, 2010. Apostila gerada especialmente para: DIEGO DE SOUZA PAES 004.071.631-74 14 Educação Especial na Visão Inclusiva 11Na visão contemporânea da orientação educacional o estudante é o centro da ação pedagógica, cabendo ao orientador atender a todos em suas solicitações e expectativas, não restringindo a sua atenção somente aos que apresentam problemas disciplinares ou dificuldades de aprendizagem. Desse modo, o orientador é o mediador entre o aluno e o meio social, o orientador discute problemas atuais, que são parte do contexto sociopolítico, econômico e cultural em que vivemos Por meio da problematização, é capaz de levar o aluno ao estabelecimento de relações e ao desenvolvimento da consciência crítica. A importância do Orientador Educacional na escola é muito grande, e este perante a educação inclusiva, seu papel é de grande relevância, já que é o facilitador e aquele que vai estimular o trabalho pedagógico. Assim, o serviço de orientação busca, no contexto escolar fazer um suporte pedagógico junto ao professor, para que a educação possa ser garantida a todos e respeitando as diferenças e individualidades existentes. Ademais, o orientador educacional e os demais profissionais da educação podem elaborar formas de intervenção para aqueles que julgam necessário. O papel do orientador tem o foco da sua atuação deve estar ligado ao desenvolvimento de uma aprendizagem que seja significativa, visando a formação do cidadão crítico reflexivo. Portanto, a atuação do O.E diante das diferenças encontradas na escola, torna-se fundamental, pois cabe a ele criar, descobrir e promover formas viáveis e efetivas no desenvolvimento pessoal e intelectual do estudante, bem como ajudar a escola na organização e realização da proposta pedagógica, sempre dialogando e principalmente ouvindo. 12A inclusão conceitua-se como o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais, pessoas consideradas diferentes da comunidade a que pertença. Ela ocorre num processo bilateral no qual as pessoas, ainda excluídas, e da sociedade, buscam equacionar problemas, discutir soluções e equiparar oportunidades para todos. O termo inclusão parece significar coisas distintas para pessoas distintas em distintos contextos, mas sugere que se resultem três pontos de consenso e de compromisso: Criação de uma sociedade mais justa; Desenvolvimento de um sistema educativo mais equitativo; Promoção de resposta da escola regular à diversidade e a heterogeneidade, como meio para tornar realidade tais desígnios. O trabalho do Orientador Educacional, em conjunto com o professor poderá fazer com que estes venham a enfrentar com mais segurança o trato com alunos que apresentam necessidades especiais. 13A inclusão requer um olhar individualizado para o sujeito e não para o diagnóstico. Por mais que possamos conhecer as patologias listadas no Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais (DSM-V) ou no Código Internacional de Doenças (CID), pouco saberemos sobre os sujeitos que chegam nas salas de aula. Cada pessoa é única em suas especificidades, subjetividades, capacidades e limitações. Tais sistemas classificatórios são apenas instrumentos, cabendo-lhes um bom ou mau uso, tanto para a área médica quanto para a área educacional. Outro aspecto extremamente relevante é a construção de vínculo do profissional de orientação educacional com o estudante, que se dá pela observação, pela presença e pela atuação. Dado esse vínculo, faz-se necessário auxiliar os demais membros da equipe e professores a estabelecerem essa relação de proximidade e confiança. É preciso pensar no profissional da orientação educacional como peça-chave na parceria com o professor. O orientador educacional contemporâneo precisa – para além da promoção do acolhimento – compreender a importância da inclusão em um horizonte intersubjetivo, estando em constante processo de reflexão sobre a sua prática, desenvolvendo um olhar pesquisador, a fim de contribuir para os processos de ensino e aprendizagem dos estudantes. A família, como primeiro ambiente social do sujeito, pode contribuir, e muito, nos processos da escola. Porém, a escola precisa fornecer esse espaço, estabelecendo bases vinculares que favoreçam espaços de abertura e parceria, suporte e troca de informações. Após esse primeiro contato, é preciso reforçar a construção do vínculo e realizar combinações, dando a conhecer a forma de atuação da escola, seus processos e sua forma de entender e encaminhar a inclusão, tais como: plano adaptado, contato com os especialistas, atendimento educacional especializado, processo avaliativo, uso de tecnologias assistivas, ajustes de rotina e temporalidade, acompanhamento de monitoria etc. 11 https://www.bage.ideau.com.br/wp-content/files_mf/a33bd5e523af7fb80d6110f8284ddc8c361_1.pdf 12 https://bdm.unb.br/bitstream/10483/2174/1/2011_MariadaPenhaLimaGomesPinto.pdf 13 https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/caderno-marista-de-educacao/article/view/40790/26941 Apostila gerada especialmente para: DIEGO DE SOUZA PAES 004.071.631-74 15 Esse procedimento, ao contrário do que possa ser interpretado, quando bem conduzido, transmite segurança para a família. Mostra que a instituição é séria, sabe o que está fazendo e ao que se propõe. É preciso darciência aos pais a respeito daquilo que se espera deles, bem como permitir que expressem suas expectativas em um diálogo franco e colaborativo. Em paralelo, deve ser agendada uma reunião com a professora do Atendimento Educacional Especializado a fim de apresentar a profissional, o serviço e a forma de atuação. No decorrer do ano letivo são necessárias reuniões sistemáticas, em periodicidade a combinar de acordo com a necessidade do caso, envolvendo professores, família e equipe pedagógica. O processo de inclusão só vai ocorrer de modo efetivo se houver a construção de uma rede entre escola, família e os especialistas externos que atendem o sujeito. Esses profissionais podem contribuir significativamente com informações acerca do quadro clínico, com suporte para as questões de aprendizagem e manejos comportamentais e demais orientações para o bom andamento do trabalho com o estudante no contexto escolar. Deve-se olhar para o sujeito como único e não como uma caixa cheia de compartimentos, onde cada profissional envolvido deposita as suas formas de atuação, as suas expectativas e suas intenções. Ao longo da minha caminhada, pude conhecer equipes muito integradas e outras sem qualquer ligação, em que cada um atuava de acordo com as suas crenças e posicionamentos. O resultado disso tende a ser um prejuízo no desenvolvimento da criança ou jovem, visto que a falta de alinhamento dificulta os avanços nos tratamentos. A abertura e o diálogo entre os especialistas das mais diversas áreas com a escola faz com que nenhum dos sujeitos responsáveis pelo estudante se sinta isolado do processo, dado que cada um pode e deve contribuir com os conhecimentos da sua área de atuação e se beneficiar dos conhecimentos específicos dos demais. Do mesmo modo que se faz necessário conhecer os discentes, é de suma importância que ocorra o mesmo processo em relação ao docente. Dessa maneiram como cada estudante é único, cada educador também é único também e traz consigo uma história repleta de valores, características pessoais, profissionais e que necessitam ser olhadas, consideradas, revistas, repensadas e (res)significadas. Houve um aumento da demanda de trabalho do professor e de toda comunidade educativa diante das novas leis e exigências no que tange à educação inclusiva no Brasil. Em contraponto, a formação e o preparo desses educadores não correspondem à necessidade e nem ao tempo em que as situações se apresentam. Nesse contexto, temos professores dando o máximo de si, com muitos desejos e vontade de acertar, mas com muitas dificuldades e questionamentos sobre a sua prática e sobre o quanto é possível ajudar os estudantes com deficiência a estarem realmente incluídos nas escolas regulares. A respeito da atuação para efetivação da proposta da inclusão no ambiente escolar, deve atuar na busca de soluções e estratégias que viabilize a adaptação dos alunos com necessidades educacionais especiais. 14Para isso, um vasto conhecimento sobre questões importantes relacionadas à educação especial é necessário. Dessa maneira, tem de manter uma postura de constante pesquisa e formação, para oferecer as ferramentas necessárias ao corpo docente e demais profissionais da escola, compartilhando saberes e viabilizando a inclusão dos alunos de acordo com suas peculiaridades. A colaboração efetiva com o aluno com necessidades educacionais especiais ocorro quando a escola conta com o trabalho realizado pelo orientador educacional, logo, ele trabalha diretamente com o aluno, preocupando-se com sua formação pessoal, tanto para escola quanto para vida. Para isso, precisa levar em consideração o coletivo, realizando seu trabalho junto a equipe escolar, pais, alunos e professores O trabalho visando uma prática inclusiva de maneira efetiva solicita do orientador educacional uma prática investigativa, que possibilite o encontro dos conhecimentos formais e aqueles que são produzidos além do ambiente escolar. Assim, ao levar para o ambiente escolar a realidade do aluno contribui para sua inclusão. O orientador educacional, na perspectiva de Educação Inclusiva, surge como um “formador” dentro da escola, prestando assistência e auxílio a todos, especificamente ao aluno, reunindo em seu processo de formação profissional o conhecimento sobre dos aspectos conceituais sobre o processo de ensino e de aprendizagem. 14 https://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/posdistancia/50373.pdf Apostila gerada especialmente para: DIEGO DE SOUZA PAES 004.071.631-74 16 Questões 01. (Prefeitura de Patos/PB - Orientador Educacional - PaqTcPB) A orientação que atende às reais necessidades sócio-educacionais do aluno tem uma prática: (A) Individualizada. (B) Terapêutica. (C) Contextualizada. (D) Preventiva. (E) Metodológica. 03. (Prefeitura de Patos/PB - Orientador Educacional - PaqTcPB) Qual dos itens abaixo NÃO define o perfil do orientador educacional na atualidade? (A) Procura juntar-se aos demais profissionais da educação favorecendo as relações entre o desenvolvimento do indivíduo e o seu aprendizado. (B) Colabora com o processo pedagógico (C) Padroniza os alunos como ajustados, disciplinados ou responsáveis, privilegiando a pluralidade. (D) Estuda a realidade do aluno, trazendo-a para dentro da escola, no sentido da melhor promoção do seu desenvolvimento. (E) Importa-se com a singularidade dentro da pluralidade, do coletivo. 04. (Prefeitura de Patos/PB - Orientador Educacional - PaqTcPB) Sabendo que a prática do Orientador Educacional está vinculada ao pedagógico, faz-se necessário conhecer alguns aspectos com maior profundidade, EXCETO (A) os métodos de ensino. (B) a alfabetização. (C) a pesquisa científica. (D) o currículo. (E) a avaliação. 05. (Prefeitura de Patos/PB - Orientador Educacional - PaqTcPB) Não é função da equipe de orientação educacional e psicopedagógica: (A) Elaborar, adaptar e difundir materiais e instrumentos de orientação educacional e intervenção psicopedagógica úteis para os professores. (B) Contribuir para a coordenação dos projetos curriculares entre as escolas de educação primária e as escolas de educação secundária de um mesmo setor. (C) Colaborar com o desenvolvimento dos programas formadores de pais e alunos. (D) Assessorar o corpo docente na definição de procedimentos e instrumentos de avaliação visando unicamente a aprendizagem do aluno. (E) Promover a cooperação entre escola e família para uma melhor educação dos alunos. 06. (Prefeitura de Palmas/TO - Orientador Educacional - FDC) Na escola de hoje, o orientador educacional tem como prática: (A) assumir o papel de líder na escola, como a figura-chave do processo ensino-aprendizagem preconizado por vários educadores. (B) desenvolver sua prática dentro da sala de aula, relacionada ao processo ensino-aprendizagem, não ultrapassando os “muros” da escola. (C) confeccionar e administrar as três etapas do projeto político-pedagógico em sequência, envolvendo o planejamento, o acompanhamento e o controle. (D) assumir funções de assistência ao professor, aos pais, e às pessoas próximas aos educandos, para que estes se tornem mais preparados para as áreas cognitivas, psicomotoras e afetivas (E) desenvolver uma série de funções, tanto de natureza administrativa, quanto pedagógica, como, por exemplo, a articulação da escola com o nível superior de administração do sistema educacional. 07. (IF/SE - Pedagogo - FDC) O aconselhamento profissional, na forma de sondagem de aptidões e orientação profissional, preconiza a seguinte tendência específica da orientação educacional nas escolas: (A) tecnicista (B) neo liberal (C) não diretiva (D) funcionalista Apostila gerada especialmente para: DIEGO DE SOUZA PAES 004.071.631-74 17 09. (Prefeitura de Santana do Jacaré/MG - Monitor de Creche - REIS & REIS) Todos abaixo são deveres dos professores e orientadores, exceto: (A) Zelar pela aprendizagem dos alunos; (B) Não
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