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Práticas de Orientação Educacional | O contexto de surgimento da orientação educacional www.cenes.com.br | 1 DISCIPLINA PRÁTICAS DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Práticas de Orientação Educacional | O contexto de surgimento da orientação educacional www.cenes.com.br | 2 Sumário Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 2 1 O contexto de surgimento da orientação educacional ------------------------------------ 3 2 A Orientação Educacional no Brasil ------------------------------------------------------------ 3 3 A relação entre teoria e prática no cotidiano da orientação educacional ----------- 8 4 As tendências pedagógicas e a Orientação Educacional --------------------------------- 9 5 As áreas de atuação do orientador educacional ------------------------------------------ 11 6 A Orientação Educacional e a família do aluno ------------------------------------------- 13 7 A Orientação Educacional e a integração do aluno à escola e à sociedade ------- 15 8 A Orientação Educacional e o desenvolvimento físico e emocional do aluno ----- 16 9 Competências e atribuições do orientador educacional -------------------------------- 18 10 Funções e atribuições do orientador educacional ------------------------------------- 22 10.1 Educação infantil ---------------------------------------------------------------------------------------------- 22 10.2 Ensino Fundamental ------------------------------------------------------------------------------------------ 23 10.3 Ensino Médio --------------------------------------------------------------------------------------------------- 24 10.3.1 As atribuições do orientador educacional no ensino médio ---------------------------------------------- 24 11 Aspectos legais do orientador educacional no contexto educacional ------------ 25 12 Princípios e objetivos da orientação educacional ------------------------------------- 29 13 Objetivos da orientação educacional ----------------------------------------------------- 31 15 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------- 35 Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por marcadores. Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e DESCOMPLICADA pelo conteúdo. Práticas de Orientação Educacional | O contexto de surgimento da orientação educacional www.cenes.com.br | 3 1 O contexto de surgimento da orientação educacional Do ponto de vista institucional a trajetória de surgimento da Orientação Educacional tem início pela área da Orientação Vocacional, sendo todo o seu procedimento voltado para a escolha de uma profissão ou ocupação. De acordo com Grinspun (2006), em todos os países que implementaram a Orientação Educacional nas escolas a característica marcante era a Orientação Vocacional. Tendo esta uma concepção que se configurava no aconselhamento que marcou significativamente toda a sua trajetória. Em relação à organização escolar, ela surge, nas escolas, em 1912, em Detroit, nos Estados Unidos, porém sua característica básica era atender à problemática vocacional e social dos alunos. 2 A Orientação Educacional no Brasil No Brasil, as primeiras experiências datam da década de 20. Sendo que, em sua implementação, a orientação educacional teve uma grande influência da orientação americana, em especial o aconselhamento, e também da Orientação Educacional francesa. Em 1942, pela Reforma Capanema, o Brasil foi o primeiro país no mundo a ter a Orientação Educacional proclamada obrigatória através de documento legal. A Lei Orgânica do Ensino Industrial instituiu o serviço de orientação educacional. De acordo com GRINSPUN (2006), “Ela aparece na década de 20, quando também surge todo um movimento em prol da educação do povo. O governo estava interessado em dar educação para todas as pessoas. A educação então representaria para o povo uma ascensão social, pela via da escolaridade, abafando, dessa forma, os descontentamentos com a grave crise social e política da década de 20” (GRINSPUN, 2006, P. 23). Dessa forma, foi sendo configurado um ambiente propicio à Orientação Educacional, enquanto ela poderia tanto contribuir para melhoria de seu povo, quanto encontrar espaço nas reformas que começavam a surgir no país. Estando fundamentada em um referencial basicamente psicologizante. As transformações sociais e econômicas foram gradativamente ampliando e modificando o papel da escola e do indivíduo dentro dela e da sociedade. Na busca da consciência de que há Práticas de Orientação Educacional | A Orientação Educacional no Brasil www.cenes.com.br | 4 uma intencionalidade no processo educativo. “Tem sido uma preocupação constante dos educadores, hoje, e em especial dos orientadores educacionais, analisar a serviço de quem serve a orientação educacional. Na medida em que essa especialização sofreu uma transformação em seus conceitos, parece-nos necessário refletir sobre essa área, partindo dos próprios conceitos que a caracterizam em seus diferentes momentos histórico” (GRINSPUN, 1986, P. 96). Segundo Grinspun (2008), para que haja uma compreensão das atividades desenvolvidas atualmente pelos orientadores, temos que nos deter aos diferentes períodos em a Orientação foi desenvolvida e o que era esperado dos orientadores em cada período. Inicialmente houve uma fase em que se achava que a Orientação por si resolveria todos os problemas que envolvessem direta ou indiretamente os alunos. Nesta fase o ajustamento era a palavra determinante, havendo modelos a serem alcançados. Outra fase poderia se chamada de objetiva, onde a Orientação era considerada prestadora de serviços de várias ordens, a fim de não permitir que os alunos incorressem em problemas. Nesta fase a Orientação estaria sempre atenta esclarecendo com objetividade as situações emergenciais, procurando mostrar a necessidade de dominar conceitos e normas, prevenindo problemas posteriores. Nesse momento o conceito chave era a prevenção. A orientação educacional buscava se adiantar em todas as circunstâncias para que não se instalassem conflitos. Seguindo esta linha de análise, atualmente na orientação vivemos a fase crítica, em que se procura ajudar o aluno como um todo, considerando seus conflitos e o significado dos mesmos junto ao momento histórico que vivemos. Dessa forma, estando ao lado do aluno, fazendo-o se perceber enquanto agente de sua própria história de vida. A evolução do conceito de Orientação Educacional no Brasil está vinculada a cinco períodos marcantes (GRINSPUN, 2008): • Período Implementador (de 1920 a 1941); • Período Institucional (de 1942 a 1960); • Período Transformador (de 1961 a 1970); • Período Disciplinador (de 1971 a 1980); • Período questionador (a partir de 1980). No período Implementador, o conceito de Orientação Educacional era importado Práticas de Orientação Educacional | A Orientação Educacional no Brasil www.cenes.com.br | 5 e apresentava uma concepção nitidamente vocacional. Sendo o objetivo básico da orientação a seleção para o treinamento profissional. Tendo como estratégia as técnicas psicométricas. Essas técnicas eram importadas principalmente dos Estados Unidos. Houve tentativas de adaptar as técnicas ao contexto brasileiro, porém sem realmente uma efetivação significativa. O resultado dos testes aplicados era devolvido aos alunos sob a forma de perfis profissionais. “A Orientação Educacional Métrico-Profissional, conforme conceituação nesse período estava intimamente relacionada com as oportunidades profissionais existentes na sociedade brasileira e contribuía, com empenho, para o desenvolvimento do modelo socioeconômico existente, adequando, da melhor forma possível, o jovem estudante às profissõesdisponíveis” (BONFIM, 1981, P.21). O período Institucional caracterizou-se pelo surgimento da Orientação Educacional na legislação brasileira. Nesse período ocorreu toda a exigência legal da Orientação nas escolas com grande esforço do Ministério da Educação e Cultura para dinamizá-la e os cursos que cuidavam da formação de orientadores educacionais. De acordo com Bonfim (1981), a Orientação Educacional, nesse período em que é instituída por lei, no Brasil, buscava, com bases científicas, alcançar o desenvolvimento integral da adequação da personalidade do educando, visando o seu ajustamento pessoal, escolar e social. Não tendo em vista a formação da personalidade do aluno em função de princípios morais e religiosos, e nem mesmo a sua adequação ao exercício da profissão. Estando, nessa fase, o sucesso do orientador dependendo diretamente da sua compreensão da escola como um sistema social, a fim de determinar o tipo de ajuda que deveria oferecer e ainda como oferecê-la. As contradições da própria sociedade não eram questionadas e as atividades da orientação eram marcadas por um cunho assistencial. No início da década de 60 surge um movimento com o objetivo de transformar a orientação importada em uma orientação necessária à realidade brasileira, assinalando assim o surgimento de um novo período na orientação educacional, denominado período transformador. Nessa fase cria-se a profissão do orientador educacional no Brasil, sistematizada pela Lei de Diretrizes e Bases n 4024 de 1961, que buscava delinear um campo próprio para a orientação Educacional, além de reafirmar a sua obrigatoriedade e estabelecer normas para a formação desse profissional. Práticas de Orientação Educacional | A Orientação Educacional no Brasil www.cenes.com.br | 6 Em 1968, a Lei 5.562 preceitua em seu artigo primeiro, que a Orientação Educacional seja realizada de maneira a integrar os elementos que exercem influência na formação do indivíduo, preparando-o para p exercício das opções básicas. Passando então a ser inserida no programa geral da escola, com o objetivo de favorecer a existência de um ambiente educativo saudável, pela interação das várias funções e papéis dos que formavam a comunidade escolar. Ainda nesse período, por meio do parecer n 252, de 12 de maio de 1969, estabeleceu-se a formação do orientador educacional em nível fé graduação, como uma das habilitações do curso de pedagogia. Em 1971, com a Lei n 5692, tem início o período Disciplinador. Nessa fase, observa-se o surgimento de uma ênfase de adaptação às necessidades sociais e à formação profissional. No artigo 10 da referida lei, o aconselhamento vocacional, em cooperação com os professores, a família e a comunidade escolar, veio fazer brotar uma nova fase na Orientação Educacional. Nesse momento o exercício da função de orientador educacional põe em destaque a orientação vocacional detalhando-a desde a caracterização da comunidade, da escola e da clientela, ao processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades, à informação profissional, ao acompanhamento pós escolar e a integração entre escola, família, comunidade. Nesse momento, surgem várias correntes ou concepções de orientação educacional. Segundo Bonfim (1981), é uma fase em que vamos encontrar uma abordagem: “Que se preocupava em propiciar oportunidades de individuação da educação, visando a garantir a todos os alunos condições de formação de uma personalidade crítica e objetiva, favorecendo o desenvolvimento de cada aluno no sentido da construção saudável de sua autonomia” (p.29). Passando a Orientação Educacional a ser vista como responsável pelo desenvolvimento das relações interpessoais e, por isso, passível de ser estendida a todos os níveis de ensino. Surgindo dessa forma uma nova estratégia de trabalho, em que a Orientação estava centrada no professor e enfatizava-se o envolvimento de toda a equipe educativa. Essa perspectiva de Orientação Educacional foi a precursora de todo o movimento crítico a se desencadear na década de 80, começam a surgir os questionamentos dos profissionais com relação tanto à ideologia que regia a prática da Orientação Educacional, como as próprias teorias e instrumentos utilizados. Tendo início assim o Período Questionador. Práticas de Orientação Educacional | A Orientação Educacional no Brasil www.cenes.com.br | 7 O Período Questionador se configurou como um momento de parada e reflexão que retrata as inquietações pelas quais passou a Orientação Educacional na busca por um espaço próprio, específico e definido no campo educacional. Havendo nesse período uma busca intensa por uma análise crítica do papel do orientador educacional nas escolas, bem como por uma caracterização do próprio serviço de Orientação Educacional no processo educativo. Nesse momento os orientadores, enquanto trabalhadores, organizam-se de maneira mais objetiva através dos sindicatos, fortalecendo sua relação com os demais profissionais da educação. O papel do orientador educacional enquanto trabalhador foi amplamente discutido, desvelando seu compromisso político e pedagógico. A prática dos orientadores ia sendo diferenciada de acordo com as possibilidades e espaços conquistados. Dessa forma, toda a prática da Orientação ia se debruçando nesta concepção de educação como um ato político, estando intrinsecamente relacionada com as mudanças ocorridas no núcleo da sociedade. Discutia-se a questão do trabalho não pelo caminho da sondagem de aptidões individuais, mas pelas questões sociais e pelo significado do próprio trabalho. A partir de 1990, no dizer de Grinspun (2008) “inúmeros são os fatores que nos mostram um novo momento vivido por esta área” (p.25). Houve a extinção da Federação Nacional de orientação educacional (FENOE), e, em uma tentativa de unificação dos trabalhadores de educação, a criação de uma entidade nacional, a Confederação Nacional dos Trabalhadores de Educação. De acordo com Grinspun, foi precipitada a extinção de um órgão para o fortalecimento de outro, pois estes não seriam excludentes, mas complementares. Surge nesse momento, para muitos, uma grande insegurança em relação ao espaço ocupado pelo orientador educacional, em termos de prática e de mercado de trabalho. Segundo Grinspun: “A prática que virá esta sendo construída, uma vez que os orientadores têm que buscar – sem o apoio específico de sua categoria em termos de órgão de classe _ a especificidade requerida no trabalho com os demais educadores” (2008, p.25). Porém, de acordo com a autora, a orientação nunca deixará de existir embora sua prática deva relacionar-se com o novo contexto, social, político e histórico que iremos experienciar, e, ainda, não deixará de existir, pois nunca deixará de existir a Práticas de Orientação Educacional | A relação entre teoria e prática no cotidiano da orientação educacional www.cenes.com.br | 8 educação, e elas estão ligadas a tal ponto que o próprio conceito etimológico de educação se compromete, enquanto educare, com orientação, isto é, refere-se a orientar, guiar, conduzir o indivíduo. (Ibidem, p.26). 3 A relação entre teoria e prática no cotidiano da orientação educacional A Orientação Educacional caminha de acordo com a educação, sofrendo as mesmas influências desta no decorrer do tempo, sendo submetida à mesma perspectiva teórico-prática a qual a educação é submetida. Durante um longo período a escola teve como função ensinar o aluno que, por sua vez, tinha a função de aprender. Se nesse processo alguma coisa desse errado, a causa era de inteira responsabilidade do aluno, precisando ele de um acompanhamento para a resolução de seu problema. E nesse contexto é que aparecia a função do orientador, tendo esse profissional apenas que fazer com que o aluno a se encaixasse no sistema. Com o tempo, a educação passa a sofrergrande influência de outras instâncias da sociedade, por exemplo, dos meios de comunicação. Nesse contexto o aluno passa a perceber com mais clareza a sua posição de sujeito, fazendo sua história, sua formação. E a orientação educacional passa a ter uma amplitude de ações nessa prática pedagógica, sendo um profissional que respeita o senso comum, aprecia o conhecimento científico, e esta ciente de que seu exercício só é possível porque existe uma teoria que lhe permite desenvolver sua proposta pedagógica (GRINSPUN, 2002, p.48). Para Grinspun (2008) podemos interpretar a teoria como um pensar, um raciocinar, a partir de determinados princípios e pressupostos; a prática seria a realização, a ação e os resultados. São muitas as formas de conceber a relação entre teoria e prática. Havendo um grupo de teóricos que percebe uma relação de unidade entre teoria e prática e outro uma visão dicotômica. Candau (1990) identifica dois agrupamentos responsáveis pela visão dicotômica e pela visão de unidade. A primeira forma esta centrada na separação entre teoria e prática, estando esses componentes totalmente isolados, até opostos. Dessa maneira, os teóricos pensam e os práticos executam. Na visão associativa os polos não são opostos, mas justapostos, Práticas de Orientação Educacional | As tendências pedagógicas e a Orientação Educacional www.cenes.com.br | 9 teoria e prática são indissociáveis da práxis, definida, de acordo com Vasquez, como: “Atividade teórico-prática, ou seja, tem um lado ideal, teórico, e um lado material, propriamente prático, com a particularidade de que só artificialmente, por um processo de abstração, podemos separar, isolar um do outro” (VASQUEZ, 1977, apud GRINSPUN, 2008). Na visão de Grinspun, o educador trabalha a relação entre teoria e prática de três formas distintas. Na primeira as duas áreas separadamente, justapostas, onde o professor estuda as teorias e posteriormente efetiva a sua prática. Na segunda forma é a concepção de que a prática significa a aplicação da teoria pedagógica. Tendo de um lado as abordagens teóricas e do outro o resultado dos estudos realizados. A terceira forma seria o tratamento conjunto e integrado da teoria com a prática. O pensar e o agir estariam juntos. Nessa forma última o educador desenvolve uma práxis criadora, na medida em que a vinculação entre o pensar e o agir se fazem presentes em termos de unicidade. A produção intelectual no Brasil já conta com um considerável número de pesquisas sobre a evolução teórico-prática da educação, mas na prática não há o devido entendimento do que propõem as teorias. Sendo necessária uma pesquisa junto ao movimento da Educação brasileira para captar a concretude da relação teórico-prática do fenômeno educativo. Para a construção de uma prática educativa que de fato contemple a união entre teoria e prática, é necessária a realização de pesquisas sobre o processo educativo, que não se distanciem da educação construída no dia-a-dia das relações entre os agentes pedagógicos da escola. 4 As tendências pedagógicas e a Orientação Educacional Da mesma forma que a educação acompanha o perfil que determinada época lhe impõe, na Orientação educacional ocorre igual procedimento. Sobre isso Grinspun (2008), traz que cada linha teórica acabou definindo a prática educativa do orientador dentro do âmbito da escola. Veremos a seguir alguns pontos dessa orientação a partir das tendências educacionais contemporâneas destacadas por Libâneo (1996), relacionando as teorias não-críticas e críticas da educação. Na educação tradicional a orientação se caracteriza como terapêutica e psicológica, estando destinada aos alunos problemáticos com o objetivo de ajustá-los aos modelos apresentados pela família, pela escola e pela sociedade. Nessa Práticas de Orientação Educacional | As tendências pedagógicas e a Orientação Educacional www.cenes.com.br | 10 abordagem teórica o problema, tanto da aprendizagem, como da conduta, era sempre uma questão referente ao aluno, desprezando as variáveis que interferiam nesse contexto. Na educação renovada progressivista o orientador tinha como função auxiliar o desenvolvimento cognitivo dos alunos, identificando-o através de testes específicos e trabalhando em termos individuais. Na renovada não-diretiva a orientação esta relacionada à afetividade, tendo nesse momento a função de facilitadora de mudanças. A educação tecnicista apresenta uma linha funcionalista, com ênfase nas técnicas de seu processo. Com a preocupação principal de identificar as aptidões dos alunos para um determinado mercado de trabalho. Na educação libertária a orientação tinha a função de assessorar o professor na medida em que era o catalisador do grupo junto aos alunos. A orientação discutiria as formas de poder, as questões da relação do poder com as classes trabalhadoras, subsidiando a formação dos alunos para a vivência grupal e a consciência da participação crítica na sociedade. Na libertadora a orientação possui o papel de captar o mundo real dos alunos, sendo que estes devem ser percebidos como sujeitos históricos, concretos e reais. A orientação trabalhava questionando concretamente a realidade das relações do homem com a natureza e com os outros homens, visando a uma transformação, sendo, por isso, considerada uma educação crítica. Nessa tendência o educador e os educandos se posicionam como sujeitos no processo de ensino aprendizagem. Sob essa ótica, uma perspectiva política também constitui um fundamento da educação. Na educação crítico-social dos conteúdos a educação prepara para o mundo e suas contradições, fornecendo instrumental, através da aquisição do conteúdo e da socialização. A orientação procura valorizar o aluno e sua experiência em um contexto cultural para posteriormente confrontá-lo com os conteúdos e modelos apresentados pelo educador. Nesse contexto, orientador procura ser um mediador nessa busca, auxiliando o aluno na busca pela autonomia, ajudando-o dessa forma a compreender as realidades sociais enquanto sujeito de sua história. Na concepção de educação fundamentada em uma abordagem construtivista, a orientação teria a função de promover os meios para a aquisição do conhecimento por parte do aluno, procurando resgatar sua realidade cultural e ainda promover o desenvolvimento e aquisição do conhecimento. Nessa prática pedagógica acreditasse Práticas de Orientação Educacional | As áreas de atuação do orientador educacional www.cenes.com.br | 11 que todo conhecimento provém de uma prática social e que o conhecimento é um empreendimento coletivo, não podendo, portanto, ser produzido na solidão do sujeito. A orientação acompanhou a evolução teórico-prática da educação. No caso das teorias acríticas, a orientação também fez seu papel acrítico em sua concepção de educação e na metodologia empregada. A Orientação procurava identificar as aptidões dos alunos e seu possível ajustamento na escola, família e na sociedade. Estando comprometida com o aluno problema e as situações de desajustamento do mesmo nas instituições, enfatizando sempre os aspectos individuais. Hoje, na predominância das teorias críticas, o comprometimento da orientação está relacionado à dimensão coletiva que favorece o desenvolvimento do aluno. O orientador educacional tem como objeto “a articulação currículo-sociedade, homem- natureza, homem-sociedade, escola-trabalho, escola-vida e, como ação fundamental, a leitura crítica permanente da sociedade e do mundo em que vivemos” (Ibidem, p.50). A Orientação Educacional busca compreender a teoria e a prática em uma relação de mutualidade, de dependência e de reciprocidade. Objetivando auxiliar na construção de uma prática emancipatória, encontrando na teoria a função de mediação. Toda atividade realizada na orientação deve ser dirigida pela integraçãoentre teoria e prática, englobando os aspectos do campo cognitivo e os valores da própria prática. Essa junção é que vai direcionar a ação da Orientação Educacional, que deve partir do cotidiano da escola para o conhecimento de sua realidade, e assim buscar o conhecimento teórico e retornar ao cotidiano, para um real conhecimento e melhor avaliação para nele intervir. 5 As áreas de atuação do orientador educacional A Orientação Educacional deve ser estabelecida como um processo dinâmico, contínuo e sistemático, que está presente em toda a vida acadêmica do educando, considerando o seu desenvolvimento global, de forma harmoniosa e equilibrada. A função de orientar fica a cargo do orientador educacional, profissional formado em pedagogia, habilitado ou pós-graduado em Orientação Educacional. No plano de ação do orientador educacional, deve ser observado que, em virtude Práticas de Orientação Educacional | As áreas de atuação do orientador educacional www.cenes.com.br | 12 de mudanças socioeconômicas ocorridas na sociedade brasileira, a escola teve que reformular suas funções tradicionais, redefinir o seu papel e criar novos serviços, aumentando-se, assim, o número de pessoas envolvidas no processo educativo assim como o nível de complexidade dessa instituição. Assim, acabou gradativamente por assumir a responsabilidade pelo desenvolvimento integral do educando em seus diferentes aspectos: físico, intelectual, social emocional, moral, vocacional, profissional, enfim, os aspectos em relação aos quais a criança e o adolescente se desenvolvem, enquanto nela permanecem (GIACAGLIA, 1997, p. 11). Como o aluno passa um grande número de horas na escola, e como esta instituição é, ou ao menos deveria ser a instituição mais bem aparelhada para exercer influência sistemática e científica na educação dos jovens, espera-se dela atualmente mais que a transmissão de conhecimentos. Enquanto uma função complementar ao processo de ensino aprendizagem, a Orientação Educacional é: “Atualmente concebida, por especialistas como um processo sistemático e contínuo que se caracteriza por uma assistência profissional realizada por meio de métodos e técnicas pedagógicas e/ou psicológicas, exercida direta ou indiretamente sobre os alunos, levando-os ao conhecimento de suas características pessoais e do ambiente sócio-cultural, a fim de que possam tomar decisões apropriadas às melhores perspectivas de seu desenvolvimento pessoal e social” (Ibidem, p. 11). Dessa forma, a Orientação torna-se cada vez mais necessária ao processo de ensino-aprendizagem, concluindo-se que a educação não pode se esgotar unicamente na relação entre professor e aluno. Impondo-se entre nós não como um recurso adicional para o aprimoramento da escola, mas, sim, como uma necessidade para responder às demandas do desenvolvimento pessoal e social do aluno. Dadas à necessidade e a importância que a Orientação Educacional assume nas escolas brasileiras, conhecendo suas atribuições legais e alertando sobre os processos éticos que devem reger seu comportamento profissional, ao iniciar o exercício de suas funções, o Orientador Educacional, conforme a época e as condições de trabalho, precisa conhecer as características da escola e da comunidade; os fundamentos para a formulação de objetivos em educação; estratégias adequadas a sua atuação, bem como instrumentos e técnicas úteis para essas tarefas. A seguir veremos algumas áreas de atuação do profissional de orientação Práticas de Orientação Educacional | A Orientação Educacional e a família do aluno www.cenes.com.br | 13 educacional na atualidade. 6 A Orientação Educacional e a família do aluno A Orientação Familiar é uma das atribuições do orientador educacional de acordo com o decreto que regulamenta sua profissão. De acordo com a legislação vigente, a Orientação educacional será exercida em cooperação com a família, cabendo ao orientador educacional participar no processo de integração entre escola, família e sociedade. A criança, de modo geral, se desenvolve na instituição familiar que é encarregada de prover recursos necessários a sua sobrevivência; da assistência na área da saúde; ministrar-lhe os primeiros ensinamentos e de propicia-lhe uma base afetiva. A escola, por sua vez, esta incumbida de realizar a instrução formal das crianças e dos jovens. Surge então, como condição básica para que possam ser cumpridas as finalidades educacionais, a necessidade do conhecimento mútuo entre ambas para a compatibilização das expectativas e para a integração entre as duas instituições. Como elemento de ligação entre a escola e a família o orientador educacional deve manter uma comunicação constante com a família, respeitando seus valores e procurando obter sua colaboração, já que ambos têm como objetivo o bem-estar, o desenvolvimento e a formação do educando. Ao planejar o trabalho na área de Orientação Familiar, é necessário levantar um conjunto amplo de informações para caracterizar as famílias, seus valores e suas expectativas. Com o conhecimento dos dados básicos haverá maior facilidade para manter um canal e um fluxo permanente de informações entre a Orientação Educacional e a família e vice-versa. “O conhecimento da família e uma comunicação efetiva entre ela e a escola, além de condições básicas para a realização de uma Orientação Familiar eficiente, são essenciais para a busca de uma unidade de princípios de atuação entre ambas as instituições” (Ibidem, p.57). A atuação da escola em relação ao aluno é bastante ampla e diversificada não se atendo apenas aos aspectos de aprendizagem de conteúdos escolares. São inúmeros os aspectos em que é necessário haver concordância de princípios e de atuação entre a família e a escola, cabendo ao orientador trabalhar diversos temas, dentre eles, tudo o que se refere à execução das tarefas escolares e às atividades extracurriculares. Práticas de Orientação Educacional | A Orientação Educacional e a família do aluno www.cenes.com.br | 14 Principalmente nos tempos atuais, muitos pais sentem-se inseguros para educar seus filhos e em nome de teorias mal-entendidas, adotam atitudes muito permissivas temendo causar problemas para os filhos. Outros optam por atitudes extremas e opostas, e ainda há outros que alternam tratamentos rigorosos e permissivos, conforme a situação. A criança necessita na sua educação de uma orientação segura e do estabelecimento de limites para o seu comportamento. A discussão sobre essa temática pode ser útil para alertar os pais sobre a necessidade do estabelecimento de limites e para dar parâmetros aos que necessitam de orientação. A falta do estabelecimento de limites e de disciplina no lar tem reflexos no comportamento do aluno na escola e no seu rendimento escolar. A eficiência do trabalho na área de orientação familiar depende, em grande parte do conhecimento da comunidade e das famílias dos alunos. Boa parte dos dados necessários é encontrada na caracterização da comunidade que faz parte do Projeto Político Pedagógico e nas fichas dos alunos que ficam na secretaria da escola. Podem ser utilizadas diferentes estratégias para o levantamento de informações, dentre essas, destacam-se as reuniões as entrevistas solicitadas pelos pais ou pelo Orientador Educacional, cursos e palestras promovidas pela escola. Na maior parte das situações é difícil manter um contato individual e sistemático com todas as famílias dos alunos, sendo a reunião com pais ou responsáveis o recurso mais prático e mais frequente de interação entre escola e família. Considerando-se, pois, a frequência com que ocorrem essas reuniões e a importância que assumem, é importante atentar para alguns pré-requisitos que assegurem a elas maior eficácia. Dentre esses se destacam: boa organização e planejamento, periodicidade, datas, duraçãoe escolha de horários favoráveis à presença do maior número possível de pais; pontualidade, elaboração de pautas contendo temática de interesse geral, convocação por escrito e local adequado. A elaboração de festas escolares e de atividades extraclasse, embora não seja responsabilidade do Orientador Educacional, constituem uma oportunidade de manter contato com os pais e a comunidade, facilitando assim a sua atuação. É importante mostrar que as relações entre escola e família não se restringem a punições ou recriminações mútuas. Antes devem se basear no cooperativismo e na interatividade. Práticas de Orientação Educacional | A Orientação Educacional e a integração do aluno à escola e à sociedade www.cenes.com.br | 15 A partir das informações colhidas de várias fontes e do convívio com as famílias o Orientador Educacional terá a oportunidade de conhecer os pais e saber do interesse, das capacidades e da disponibilidade deles para colaborar com as atividades da escola a fim de colaborar com o processo de ensino aprendizagem de seu filho. 7 A Orientação Educacional e a integração do aluno à escola e à sociedade O aluno que ingressa na escola irá passar nela muitas horas do dia e muitos dias de sua vida. Portanto é importante que a mesma se constitua em um ambiente interessante e agradável que, além da formação intelectual favoreça o desenvolvimento sadio do educando. Entretanto, por outro lado, ela pode vir a se tornar um meio hostil onde problemas preexistentes se agravam e/ou onde sérios problemas têm inicio. Dessa forma, a adaptação do aluno ao ambiente escolar e ao meio social no qual está inserido deve ser foco da ação do orientador educacional, tendo em vista que a adaptação do indivíduo ao meio interfere diretamente na sua produtividade. Em grande parte, experiências positivas ou negativas vivenciadas na escola irão refletir-se por toda a vida do educando. Costuma ocorrer, com frequência, a existência de estudantes que, por pertencerem a minorias de algum tipo, são rejeitados pelos colegas. Com relação a essa situação de discriminação, o orientador educacional deve recorrer a técnicas como o aconselhamento, para ajudar a enfrentar situações difíceis que irão vivenciar, na escola e na vida em geral. Entretanto, não basta dar apenas assistência às vítimas de discriminação, ele deve, também, aproveitar a situação para orientar os que exercem a discriminação. Se não for dada a devida atenção a tais problemas, eles poderão contribuir para a deterioração das relações no ambiente escolar. A atuação do Orientador Educacional deverá ser preventiva. Estratégias como palestras, filmes, leituras, intercâmbios, visitas e discussões em grupo sobre a diversidade de costumes, religiões, crenças, etnias, classes sociais, etc., existentes entre pessoas devem ser empregadas para desenvolver o respeito à tolerância do aluno quanto às diferenças individuais. Práticas de Orientação Educacional | A Orientação Educacional e o desenvolvimento físico e emocional do aluno www.cenes.com.br | 16 Estudantes com falta de base ou com dificuldade de aprendizagem também requerem atenção especial para que esses problemas não dêem origem a desajustamentos em relação à escola. Tanto os defasados dos demais em conteúdo ou em ritmo de aprendizagem quanto os superdotados podem apresentar dificuldades de adaptação ao sistema escolar e, dificilmente as escolas estão preparadas para lidar de modo adequado com esses alunos. De modo geral, a seleção dos conteúdos e do ritmo do processo de ensino aprendizagem tem como base a capacidade média da classe, e, por esse motivo, acabam não sendo adequados para os menos aptos e também não representam desafios para os superdotados, o que leva ao desinteresse e a falta de motivação para o estudo. Em cooperação com os professores, o Orientador Educacional deve procurar identificar tais estudantes para buscar desenvolver suas potencialidades e canalizá-las tanto em benefício do próprio aluno como de seus colegas e da escola como um todo. É necessário que o orientador educacional tenha sempre em mente, para melhor compreender o comportamento de seus alunos que, principalmente na adolescência, a determinação do comportamento sofre a influência da necessidade e a busca pela aceitação. Giacaglia (1997) fala sobre essa busca pelo pertencimento a um grupo que influencia no comportamento dos jovens. “Dois motivos mostram-se particularmente importantes na determinação desses comportamentos. São os motivos de afiliação e o gregário. O adolescente deseja “pertencer” ao grupo do qual faz parte e, muitas vezes, para conseguir se integrar chega a comportamentos extremos para chamar a atenção” (Ibidem, p.90). Ao buscar a solucionar os conflitos existentes o primeiro foco do orientador deve ser a busca pelo que desencadeou o conflito. Cabe ao Orientador Educacional, com o auxílio dos demais educadores, o desafio de fazer da escola um ambiente adequado e agradável para todos e, sobretudo, fazer dela uma instituição educativa, no sentido mais amplo do termo. 8 A Orientação Educacional e o desenvolvimento físico e emocional do aluno A função precípua da escola é o ensino, porém ela tem assumido, cada vez mais, a responsabilidade pela educação integral do aluno. Esse contexto não deixa de ser legitimo, pois, no dizer de Giacaglia: “O indivíduo que aprende é um ser complexo que Práticas de Orientação Educacional | A Orientação Educacional e o desenvolvimento físico e emocional do aluno www.cenes.com.br | 17 se desenvolve não só no aspecto intelectual, como também, e concomitante, no afetivo emocional, físico-motor, social, sexual, vocacional, enfim, em todos os aspectos de sua personalidade” (Ibidem, p.99). Por essa razão e também porque dificuldades ou problemas nessas áreas poderão afetar o rendimento escolar do aluno, o Orientador Educacional não pode desconsiderá-las no seu trabalho. A escola deve atentar para a problemática de seus alunos e estar preparada para lidar, da melhor maneira possível como ela. Crianças e adolescentes costumam lidar com conflitos não só do ponto de vista interno de suas frustrações ou complexos, mas também em relação aos colegas que podem usar tais problemas para agredi-los aumentando a proporção do problema. Além da ajuda que o Orientador Educacional possa dar a esses alunos, é necessário, às vezes, estabelecer contato com médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, de um lado, e com professores e pais de outro. Mesmo estudantes sem problemas especiais de saúde precisam ser orientados sobre doenças e higiene pessoal. Da mesma forma ocorre com relação às doenças. Em caráter preventivo, O orientador Educacional poderá sugerir campanhas diversas sobre saúde e higiene, na escola, em conjunto com professores de áreas afins e, se for o caso, com membros da equipe técnica ou outras pessoas da comunidade. Dentre os aspectos do desenvolvimento do educando, uma área que merece grande atenção é a orientação sexual-afetiva. Jovem e crianças necessitam de assistência nesses aspectos da educação e, dificilmente, encontram na família e em outras instituições, orientação útil e adequada. Existindo a necessidade de que o Orientador Educacional procure se informar sobre a filosofia e a posição da escola e da comunidade, sobre as expectativas dos pais, a programação dos professores e as necessidades dos alunos a fim de programar as intervenções mais adequadas. Ao tratar de temas complexos, com múltiplas implicações, é importante que o orientador educacional esteja bem-preparado para lidar com eles, atualizando-se constantemente e, solicitando auxílio de especialistas. Além da saúde física do aluno, há que se considerar, também o emocional. Considerando a complexidade e a problemática familiar, agravada pelas crises socioeconômicas que afetama família, a frequência de alunos com problemas emocionais tem aumentado gradativamente. A tendência natural de crianças e adolescentes é demonstrar que estão passando por problemas através de seu Práticas de Orientação Educacional | Competências e atribuições do orientador educacional www.cenes.com.br | 18 comportamento. Nesse contexto, muitos alunos apresentam comportamentos agressivos, de revolta ou de apatia. Outros se mostram tímidos ou superprotegidos. É necessário que o Orientador educacional juntamente com os professores esteja preparado para orientar os alunos de acordo com cada situação. Crianças e jovens podem apresentar sinais indicativos de sintomas psicossomáticos relacionados à escola ou/e a problemas familiares. Expressando, por meio de sintomas físicos, a existência de conflitos emocionais. Dificilmente, tais alunos conseguirão superar, sozinhos esses problemas, que acabam por interferir tanto na saúde mental como no desempenho escolar do aluno. Sendo extremamente relevante um trabalho do Orientador Educacional no sentido de lidar da melhor maneira possível, com essas situações tão comuns nas escolas, e que, muitas vezes, são ignoradas ou negligenciadas. 9 Competências e atribuições do orientador educacional Até que ponto estará o Orientador realmente consciente do seu papel, dos seus direitos e dever? A consciência de si, e da realidade concreta que o cerca, o conhecimento de seu papel frente a esta realidade, vão dar validade e significação à história do homem. No entanto, o homem nasce dentro de um mundo já interpretado e criado. Este fato propicia certa alienação e despreocupação com a análise e reflexão deste mundo. Segundo Heloisa Lück (1982), “o homem se torna acrítico, mais receptor que transmissor, mais paciente que agente. É necessário interferir neste contexto. Sendo assim, cabe à educação, estimular e promover a formação da consciência, ou seja, estabelecimento de identidade pessoal do homem e compreensão de seu relacionamento com o mundo. Este processo não pode ser considerado acabado e sim entendido como dinâmico e um constante “dever ser”. Deve despojar-se de preconceitos e subjetividade. “ A autora cita alguns elementos que interferem na formação da Consciência: • Intencionalidade – predisposição do indivíduo de compreender, interpretar e explicar os fatos; • Capacidade perceptiva – quanto mais adequada e objetiva for a capacidade de percepção, maior será a correspondência da consciência com o fato real; Práticas de Orientação Educacional | Competências e atribuições do orientador educacional www.cenes.com.br | 19 • Operações mentais – determinam a superioridade, flexibilidade e nível de conscientização; • Historicidade e temporalidade – estabelecem o espírito da consciência e do ato consciente; • Julgamento moral – os valores formam parte primordial da consciência que a pessoa elabora de si e do seu mundo. Mosquera (1978) afirma que “a vida autêntica inicia quando nos negamos a permanecer na alienação e na desumanização e caminhamos rumo a uma vida consciente, autêntica e mais humana. O processo educativo deve ter como função primordial à formação da consciência do indivíduo, entendida como conscientização do homem enquanto homem e não orientado por uma ideologia política. Não se trata de doutrinação, mas sim ensinar a pensar e não, o que pensar. Deve possibilitar ao homem aumento de sua capacidade e liberdade de escolha.” Conforme as citações acima, o homem tendo uma maior consciência de si torna- se um ser crítico, atuante e transformador do mundo que o cerca sendo importante a observação de tudo o que está ao seu redor. Algumas vezes a atuação do Orientador Educacional é comprometida pela imagem formada ao longo dos anos. Isto se torna mais sério quando se sabe que a consciência de si não é feita isoladamente, mas através de relações. Por outro lado, o Orientador deve ter o cuidado de não ser o doutrinador, no sentido de determinar a consciência crítica dos alunos. O sentimento de identidade do homem inicia quando ele concebe o mundo exterior como coisa separada e independente dele, quando começa a tomar consciência de si mesmo, como sujeito de suas ações, quando é capaz de dizer, EU SOU. Referindo-se ao papel do Orientador Educacional, Alzira Tenfen da Silva (1981), relaciona, a partir da posição de diversos autores, alguns dos papéis a ele atribuídos, tais como: • Especialista – prioridade ao aconselhamento psicopedagógico. • Generalista – orientação de grupo, registro de alunos, sessões de aula, aplicação de testes, organização de classes, fichas cumulativas, etc. • Monitor – orientação centrada no aluno. • Assessor – orientação centrada no contexto. • Consultor e assessor – assessoramento de pessoas e pequenos grupos, consultando professores, diretores, pais e outros. • Agente de mudança – revisão crítica. Práticas de Orientação Educacional | Competências e atribuições do orientador educacional www.cenes.com.br | 20 • Profissional de ajuda – ajuda, assessoramento. • Catalizador – o indivíduo realizando seu próprio papel. • Conselheiro e guia pessoal do aluno. • Agente de informações sobre oportunidades educacionais e ocupacionais. • Orientador da vocação do aluno. • Mediador entre comunidade escolar e familiar. • Membro do grupo profissional. A identidade do Orientador Educacional como um profissional e o seu posicionamento frente à vida são fatores que caracterizam o desencadeamento do processo de Orientação. Se toda identificação profissional pressupõe reforço de valoração, supõe-se que o Orientador Educacional vivencie valores pessoais na sua atuação. Crenças, valores, atitudes da pessoa, ao serem associados com elementos comportamentais comuns a uma determinada profissão, delineiam um perfil profissional. Na medida em que houver maior coerência entre os valores pessoais e expectativas sociais, a identidade profissional é mais consciente. Neste sentido, quanto mais clara e precisa a definição das metas da profissão, mais objetivo e definido será o desempenho deste profissional. O Orientador Educacional, por sua vez, está confuso. Talvez essa confusão se deva às razões históricas de seu surgimento ou razões funcionais pelo fato de sua classe ser considerada uma subclasse dentro da classe maior do magistério, gerando assim conflitos de papéis. Dá-se o conflito de papéis quando o Orientador Educacional não consegue realizar o que é de sua competência e realiza atividades incompatíveis com sua formação. O posicionamento do Orientador Educacional deve incluir uma ética profissional, debatendo questões práticas, capazes de suscitar-lhe operações de pensamento que o desafiam e levam à reflexão e à pesquisa em busca de uma autêntica identidade apoiada em valores significativos. Diversas experiências auxiliam no levantamento desta hipótese e acredita se que o espaço existe, basta que os profissionais se disponham realmente. Cabe enfatizar que o desempenho do papel do educador faz com que sua proposta seja, efetivamente, na educação. Em toda a ação do Orientador Educacional é necessária uma reflexão contínua sobre a realidade que o cerca, possibilitando-lhe um posicionamento profissional mais Práticas de Orientação Educacional | Competências e atribuições do orientador educacional www.cenes.com.br | 21 adequado. Ter sempre presente em suas atividades os princípios que servem de suporte ao processo de orientação, levando o a uma ação mais consistente e coerente. O Orientador Educacional, muitas vezes, não tem condições de realizar todas as tarefas que lhes são pertinentes, correndo o risco de tornar-se generalista, ou de esvaziar sua ação, a ponto de torná-la irrelevante na escola. De acordo com Saviani (1980), “... a especialidade no campo educacional, como toda especialidade,só faz sentido na medida em que a área básica não seja perdida de vista... a especificidade da Orientação Educacional é apenas... a divisão no plano de educação...”. Orientadores Educacionais são antes de tudo, educadores, e a finalidade de toda e qualquer ação orientadora é educativa. Se a escola é uma instituição que tem por finalidade ensinar bem à totalidade dos alunos que a procuram, Orientador Educacional têm por função fundamental mobilizar os diferentes saberes dos profissionais que atuam na escola, para que a escola cumpra a sua função: que os alunos aprendam. Partindo da condição comum de educadores, cada um desempenha tarefas específicas, capacitado pela habilitação específica, cujo sentido é dado pelos fins comuns. A investigação sobre a realidade vivencial do aluno e sua percepção desta realidade deve ser o ponto de partida e o fio condutor do processo pedagógico. O Orientador Educacional que, através da investigação sobre a realidade, percebe que no processo de ensino aprendizagem estão em jogo inúmeras relações, compreende que as relações na escola não são um fim em si mesmo, mas meio para que o aluno aprenda e amplie o seu conhecimento sobre “relações de ajuda”, passando a trabalhar as diferentes relações, que podem influenciar para que o aluno aprenda. O desenvolvimento de uma concepção crítica de educação comprometida com a realidade social e com sua transformação não prescinde do planejamento. Planejar envolve, em sua base, compreender a realidade em todos os seus desdobramentos, tanto de tempo, quanto de espaço. Segundo Heloísa Lück (1991), “Planejar a Orientação Educacional implica delinear Práticas de Orientação Educacional | Funções e atribuições do orientador educacional www.cenes.com.br | 22 o seu sentido, os seus rumos, a sua abrangência e as perspectivas de sua atuação. Vale dizer que esse planejamento envolve antes de tudo, uma visão global sobre a natureza da Educação, da Orientação Educacional e de suas possibilidades de ação”. Durante a década de 80, o sentido da Educação e da Orientação Educacional foi questionado, a tal ponto que grande parte das obras publicadas na área evidenciaram um resultado muito maior de menosprezo ao papel da escola como agente de Educação e de estabelecimento da antiorientação educacional do que de explicitar sua natureza e configurar as possibilidades de sua atuação. Na definição da antiorientação, o que se observou foi a construção de uma visão negativa e de uma generalizada atitude de desconsideração a tudo quanto o orientador educacional realizava nas escolas e a tudo quanto era definido na literatura a respeito. Assim, as funções da Orientação Educacional passaram a ser condenadas por serem vistas como tecnicistas, simplistas e limitadas em sua visão e alcance. De fato, as ações da área tinham horizontes limitados e necessitavam de revisão que viesse a dar à Orientação Educacional um sentido diferente, mais comprometido com a escola com um todo e com a realidade social do aluno. Como resultado, a Orientação Educacional ganhou um discurso político para direcionar seu trabalho, mas perdeu a força da ação. É importante, ter em mente, que de nada valem as boas ideias, se não vierem a revestir ações que as ponham em prática. A Orientação Educacional tem certas funções (ações) clássicas a serem desempenhadas no contexto pedagógico em que estejam inseridas, funções essas cujo sentido não é estático, mas sim, transforma-se continuamente, em razão da interação múltipla de variados fatores, que ocorre no processo dinâmico da l pedagógica. 10 Funções e atribuições do orientador educacional 10.1 Educação infantil A Orientação Educacional na Pré-Escola é muito importante no contexto escolar pelo papel que exerce junto à comunidade escolar. Oportuniza a visão criativa do profissional, na conscientização dos pais no dever de participar ativamente nas Práticas de Orientação Educacional | Funções e atribuições do orientador educacional www.cenes.com.br | 23 atividades escolares. Desperta nos educadores, pais e professores, a necessidade da observação em todos os momentos da vida da criança. Sugere programa de ação integrada entre pais, professores, orientadores educacionais que fortaleça a responsabilidade de todos na ação conjunta da educação. 10.2 Ensino Fundamental A Orientação Educacional no Ensino Fundamental tem duas tarefas distintas a executar. São elas: uma correspondente as quatro primeiras séries e a outra, às quatro últimas séries. As atribuições do Orientador educacional no Ensino fundamental são: • •Desenvolver junto ao educando, crianças que, são um trabalho de adaptação dos mesmos no ambiente escolar; • •desenvolver nos educandos, atitudes de otimismo e admiração com o mundo que os cerca; • •propiciar atividades que favoreça a socialização, a confiança em si e nos outros, a iniciativa e a criatividade dos educandos; • •deve dirigir as vistas dos educandos para os horizontes do mundo, para que descubram, com encanto, o próximo, em movimento de distanciamento dos dois centros que são o lar e a escola; • •habituá-los a viver e a conviver no ambiente escolar para que no mesmo se ajustem e melhor revejam suas potencialidades, a fim de melhor serem atendidos e orientados; • •observar os educandos quanto às suas peculiaridades de comportamento e temperamento, com a cooperação dos professores; • •nas últimas quartas séries de Ensino Fundamental, o Orientador deve dedicar- se com mais afinco à exploração e desenvolvimento das aptidões e preferências do educando. Vê-se, então, a necessidade de se intensificar o funcionamento das atividades extras classes, bem como as oportunidades de visitas, excursões e estágios, para que aptidões e preferências tenham mais oportunidades de se manifestarem e se desenvolverem; • •revelar profissionalmente, o mundo do trabalho, uma vez que o educando, deva fazer a opção de curso profissionalizante; Práticas de Orientação Educacional | Funções e atribuições do orientador educacional www.cenes.com.br | 24 • •Cuidados que fazem necessários como a educação sexual e a formação moral, pois existe o advento da crise pubertária e o despertar do espírito crítico. 10.3 Ensino Médio O Ensino Médio tem por objetivo proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades com elementos de autorrealização, preparação para o trabalho e o exercício consciente da cidadania. Preocupa-se em esclarecer quanto à formação profissional, além, da incumbência de melhor orientar o jovem numa formação profissional. Tem a preocupação de orientar quanto às aptidões, tipos de profissões para os níveis técnicos ou universitários. 10.3.1 As atribuições do orientador educacional no ensino médio • realizar serviço integrado com o Serviço de Supervisão Escolar, visando o acompanhamento do rendimento escolar do aluno; • Participar dos Conselhos de Classe dando aconselhamento psicopedagógico oferecendo e coletando informações; • propor atividades que favoreçam as relações interpessoais, aluno x professor e aluno x aluno e demais elementos da escola; • Participar da elaboração do Plano do SOE e do Plano da Escola; • Participar do critério para a constituição de turmas; • selecionar atividades e desenvolvê-las atendendo as necessidades dos alunos para melhor conhecimento de si e do grupo; • Participar da compatibilização do Regimento Interno com a Legislação e Diretrizes propostas pelo currículo; • Participar das atividades de sondagem para a elaboração do diagnóstico da população escolar e da comunidade; • Participar da avaliação interna da Escola e do Serviço; • manter atualizado o dossiê do aluno; • assistir ao aluno individualmente ou em grupo em sessões programadas e sistemáticas; • programar e coordenar atividadesde informação profissional, envolvendo professores, família e comunidade; • Promover e/ou participar de reuniões e/ou sessões de estudo com Práticas de Orientação Educacional | Aspectos legais do orientador educacional no contexto educacional www.cenes.com.br | 25 professores; • manter-se informado sobre as necessidades do mercado de trabalho; • participar e acompanhar a execução de projetos e atividades especiais desenvolvidas na escola, oriundos de órgãos superiores; • manter-se atualizado em assuntos educacionais. 11 Aspectos legais do orientador educacional no contexto educacional A Orientação Educacional no Brasil nem sempre aconteceu de forma sistemática na escola. Encontra-se suas raízes na Lei Orgânica do Ensino Industrial de 30 de janeiro de 1942 e no Decreto Lei nº 4244 de 04 de abril de 1942 que estabelece as diretrizes para a Orientação Educacional como função de encaminhar os alunos nos estudos e na escolha da profissão, sempre em entendimento com sua família. Porém, em seu artigo 50, a Orientação Educacional é concebida como um processo de adaptação do sujeito ao meio visando os problemas dos alunos, seus desvios que perturbam a vida da escola. Com o passar dos anos, o Orientador Educacional continuou a dirigir sua atenção ao aluno “irregular”, tendo que, “corrigir, encaminhar, isto é, adaptar o aluno a rotina da escola, ao invés de dirigir a sua ação ao processo integral de desenvolvimento da atividade educativa. Desta forma, se efetivava as intenções do Decreto Lei nº 4073/42 que reduz as funções da Orientação Educacional às atividades isoladas do contexto da escola, reduzindo-a a um veículo escolar repudiado por alunos e professores.” Em dezembro de 1968, em Brasília, foi aprovada a Lei nº 5564 que provê sobre o exercício da profissão do Orientador Educacional. A promulgação da Lei em 21 de dezembro de 1968 significou um avanço na definição e profissionalização do Orientador Educacional. Até a década de 70, em todo nosso país, a Orientação Educacional se apoiou num referencial basicamente psicológico reforçando a ideologia de aptidões. Com a Lei 5692/71, a Orientação Educacional passa a ser obrigatória no Ensino de 1º e 2º graus, para atender o objetivo de “qualificação para o trabalho” e de “sondagem de aptidões”. O artigo 10 refere-se: “Será instituída obrigatoriedade a Orientação Educacional nas escolas, incluindo Aconselhamento Vocacional, em cooperação com os professores, a família e a comunidade”. Práticas de Orientação Educacional | Aspectos legais do orientador educacional no contexto educacional www.cenes.com.br | 26 A partir das determinações desta lei, a Orientação Educacional desenvolve a sua prática nas escolas, baseada no autoconhecimento, nas relações pessoais, sondagem de aptidões e interesses, informações sobre as profissões e mercado de trabalho. As técnicas de aconselhamento, entrevistas, aplicação de testes, inventário de interesses, sociogramas, atendimentos a problemas disciplinares pautam a ação cotidiana do Orientador Educacional. Portanto, em 26 de setembro de 1973, é assinado o Decreto nº 72.846 regulamentando a Lei nº 5.564, de 21 de dezembro de 1968 que provê sobre o exercício da profissão de Orientador Educacional. DECRETO Nº 72.826 – DE 26 DE SETEMBRO DE 1973. O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 81, item III da Constituição, decreta: Art. 1º Constitui o objeto da Orientação Educacional a assistência ao educando, individualmente ou em grupo, no âmbito do ensino de 1º e 2º graus, visando o desenvolvimento integral e harmonioso de sua personalidade, ordenando e integrando os elementos que exercem influência em sua formação e preparando-o para o exercício das opções básicas. Art. 2º O exercício da profissão de Orientador Educacional é privativo: I - Dos licenciados em pedagogia, habilitados em orientação educacional, possuidores de diplomas expedidos por estabelecimentos de ensino superior oficiais ou reconhecidos. II - Dos portadores de diplomas ou certificados de orientador educacional obtidos em cursos de pós-graduação, ministrados por estabelecimentos oficiais ou reconhecidos, devidamente credenciados pelo Conselho Federal de Educação. III - Dos diplomados em orientação educacional por escolas estrangeiras, cujos títulos sejam revalidados na forma da legislação em vigor. Art. 3º É assegurado ainda o direito de exercer a profissão de Orientador Educacional: Práticas de Orientação Educacional | Aspectos legais do orientador educacional no contexto educacional www.cenes.com.br | 27 I - Aos formados que tenham ingressado no curso antes da vigência da Lei nº 5.692-71, na forma do art. 63, da Lei nº 4.024-61, em todo o ensino 1º e 2º graus. II - Aos formados que tenham ingressado no curso antes da vigência da Lei nº 5.692-71 na forma do artigo 64, da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, até a 4º série do ensino de 1º grau. Art. 4º Os profissionais, de que tratam os artigos anteriores, somente poderão exercer a profissão após satisfazerem os seguintes requisitos: I - Registro dos diplomas ou certificados no Ministério da Educação e Cultura; II - Registro profissional no órgão competente do Ministério da Educação e Cultura. Art. 5º A Profissão de Orientador Educacional, observadas as condições previstas neste regulamento, se exerce na órbita pública ou privada, por meio de planejamento, coordenação, supervisão, execução, aconselhamento e acompanhamento relativos às atividades de orientação educacional, bem como por meio de estudos, pesquisas, análises, pareceres compreendidos no seu campo profissional. Art. 6º Os documentos referentes ao campo de ação profissional de que trata o artigo anterior só terão validade quando assinados por Orientador Educacional, devidamente registrado na forma desse regulamento. Art. 7º É obrigatório a citação do número do registro de Orientador Educacional em todos os documentos que levam sua assinatura. Art. 8º São atribuições privativas do Orientador Educacional: a) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional em nível de: 1 - Escola; Práticas de Orientação Educacional | Aspectos legais do orientador educacional no contexto educacional www.cenes.com.br | 28 2 - Comunidade. b) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional dos órgãos do Serviço Público Federal, Municipal e Autárquico; das Sociedades de Economia Mista Empresas Estatais, Paraestatais e Privadas. c) Coordenar a orientação vocacional do educando, incorporando-o ao processo educativo global. d) Coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades do educando. e) Coordenar o processo de informação educacional e profissional com vista à orientação vocacional. f) Sistematizar o processo de intercâmbio das informações necessárias ao conhecimento global do educando. g) Sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos, encaminhando a outros especialistas aqueles que exigirem assistência especial. h) Coordenar o acompanhamento pós-escolar. i) Ministrar disciplinas de Teoria e Prática da Orientação Educacional, satisfeitas as exigências da legislação específica do ensino. j) Supervisionar estágios na área da Orientação Educacional. l) Emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação Educacional. Art. 9º Compete, ainda, ao Orientador Educacional as seguintes atribuições: a) Participar no processo de identificação das características básicas da comunidade; b) Participar no processo de caracterização da clientela escolar; c) Participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola; d) Participar na composição caracterização e acompanhamento de turmas e grupos; e) Participar do processo de avaliação e recuperação dos alunos;Práticas de Orientação Educacional | Princípios e objetivos da orientação educacional www.cenes.com.br | 29 f) Participar do processo de encaminhamento dos alunos estagiários; g) Participar no processo de integração escola-família-comunidade; h) Realizar estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional. Art. 10. No preenchimento de cargos públicos, para os quais se faz mister qualificação de Orientador Educacional, requer-se, como condição essencial, que os candidatos hajam satisfeito, previamente, as exigências da Lei nº 5.564, de 21 de dezembro de 1968 e deste regulamento. Art. 11. Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. 12 Princípios e objetivos da orientação educacional Ver o educando em sua realidade biopsicosocial, com todo o respeito e consideração, a fim de que, a partir dessa realidade, se possa erigir uma personalidade ajustada, segura de si e compreensiva. Em reforço ao primeiro princípio, respeitar o educando em sua realidade, qualquer que ela seja. Realizar trabalho de orientação, sem criar dependências, mas orientar para a autoconfiança, independência, autonomia e cooperação. Em se querendo que o educando seja independente e respeitador, sensibilizá-lo para a necessidade de também respeitar os seus semelhantes. O trabalho de Orientação exige o maior número possível de informes a respeito do educando, o que deve ser diligenciado por todos os meios. Assistir todos os educandos, desde os mais aos menos carentes, bem como os que não revelarem carências. Dar ênfase aos aspectos preventivos do comportamento humano, uma vez que é muito mais fácil evitar um acidente do que se recuperar do mesmo. Este princípio guarda analogia com outro de natureza médica e que diz: “um grama de prevenção vale mais que uma tonelada de curas”. Assim, o ideal será a Orientação Educacional agir, preferencialmente, de maneira profilática do que curativa. Práticas de Orientação Educacional | Princípios e objetivos da orientação educacional www.cenes.com.br | 30 Estabelecer um clima de confiança e respeito mútuo, incentivando a procura espontânea do Serviço de Orientação Educacional, logo que a dificuldade ou uma dúvida surja na vida do educando, antes que a mesma tome vulto e desoriente. Procurar envolver todas as pessoas com o processo de educação, como diretor, professores, pais, serventes, etc., para que todos cooperem com a Orientação Educacional, no sentido de ajudá-la a melhor ajudar o educando. A Orientação Educacional deve ter muito cuidado em formular juízos a respeito do educando, não esquecendo que este é um ser em evolução, em marcha para a maturidade e que uma série de fatores pode estar influenciando para que ocorra o comportamento anormal que tem apresentado. A Orientação Educacional deve ser levada a efeito como um processo contínuo e não como ação esporádica dos momentos em que faltarem professores ou que surgirem dificuldades maiores. Deve ser trabalho planejado para todo o ano letivo, sem aquelas características de tapa buraco. A Orientação Educacional tem de trabalhar em estreito entendimento com a direção. Jamais em sentido de subserviência ou petulância, mas em sentido de cooperação, compreensão e respeito mútuo. A Orientação Educacional não deve se envolver em pequenas questões entre educandos e professores. Ocorrências conflitivas de pouca intensidade são, até certo ponto, naturais. Assim, problemas que não ultrapassem certos limites devem ser deixados para que os próprios professores os resolvam. A Orientação Educacional deve agir, também, como órgão de estudo e de pesquisa de medidas que levem à superação de dificuldades de natureza disciplinar, não devendo, porém nunca, funcionar como “órgão disciplinador”. Deve, sim, agir como órgão que leve todos a tomarem consciência do grave problema da disciplina, que está inutilizando o trabalho de muitas escolas. Exaltar que a Orientação Educacional precisa dar muita atenção ao serviço de anotações, que deve ser o mais perfeito possível, a fim de que dados a respeito de um educando estejam sempre a mão e atualizados. A Orientação Educacional deve estar aberta para a realidade comunitária, a fim de que o seu trabalho esteja articulado com o meio, para melhor ajudar o educando a integrar-se no mesmo. A Orientação Educacional deve esforçar-se para criar na escola um clima de Práticas de Orientação Educacional | Objetivos da orientação educacional www.cenes.com.br | 31 comunidade e sensibilizar a todos, quanto à necessidade de que cooperem em suas atividades, com entusiasmo, respeito e solidariedade. A Orientação Educacional não deve esquecer-se de estimular ao máximo a iniciativa do educando, principalmente, através de atividades extraclasse, empenhando-a na realização com verdadeiro engajamento, que ajudará na explicitação de suas virtualidades, na conquista da autoconfiança e na revelação de suas capacidades de liderança. 13 Objetivos da orientação educacional Orientar o educando em seus estudos, a fim de que os mesmos sejam mais proveitosos. Como complementação do primeiro objetivo, ensinar a estudar. É impressionante a quantidade de educandos de todos os níveis que se perdem nas obrigações escolares por não saberem estudar, com desperdício de tempo e energia. Este objetivo é dos mais importantes e cuja efetivação deveria ter início no Ensino Fundamental e continuar por todos os níveis de ensino. Ensinando o educando a estudar em função do nível de ensino que estivesse cursando, pois muitos fracassos escolares são devido ao fato do educando não saber estudar, com desperdício de tempo e esforço, conduzindo, o educando a abandonar os estudos. Assim, é importante, que desde o início da escolaridade intelectual, a Orientação Educacional ensine o educando a estudar, através de sessões destinadas a todos os educandos de uma classe. Discriminar aptidões e aspirações do educando, a fim de melhor orientá-lo para a sua plena realização. Auxiliar o educando quanto ao seu autoconhecimento, à sua vida intelectual e à sua vida emocional. Orientar para o melhor ajustamento na escola, no lar e na vida social em geral. É fundamental a interação entre educando e professor, educando e seus colegas, bem como educando e sua família. É importante, também, que o educando saiba manter um comportamento adequado nas atividades fora da escola e do lar. Formar o cidadão que alimente dentro de si um sentimento de fraternidade universal, capaz de fazê-lo sentir-se irmão, companheiro e amigo de seu semelhante em todas as circunstâncias da vida. Práticas de Orientação Educacional | Objetivos da orientação educacional www.cenes.com.br | 32 Trabalhar para a obtenção de um melhor cidadão, por parte do educando, para que este seja um membro integrado, dinâmico e renovador no seio da sociedade. Enfim, desenvolver ação para que se obtenha o cidadão consciente, eficiente e responsável. Levar a efeito melhor entrosamento entre escola e educando, com benefícios compensadores quanto à disciplina, formação do cidadão e rendimento escolar. Prestar assistência ao educando nas dificuldades em seus estudos ou relacionamento com professores, colegas, pais ou demais pessoas. Levar cada educando a explicar e desenvolver suas virtualidades. Prevenir o educando com relação a possíveis desajustes sociais, que sempre estão eclodindo na sociedade, como fruto de uma dinâmica negativa de desagregação social. Possibilitar aos professores melhor conhecimento dos educandos, oferecendo, assim, maiores probabilidades de entrosamento positivo entre ambos e mais adequada ação didática por parte dos professores, a fim de ser obtido maior rendimento escolar. Sensibilizar, de forma crescente, professores, administradores e demais pessoas que trabalham na escola, paraque queiram melhorar suas perspectivas atuações, visando à melhor formação do educando. Realizar trabalho de aproximação da escola com a comunidade, a fim de proporcionar ao educando maiores oportunidades de conhecimento do meio e desenvolvimento comportamental de cidadão participante. Favorecer a educação religiosa, com suas perspectivas transcendentais, mas desvinculada do compromisso sócio-ideológico... O bem que a religião infunde pode levar a efeito, na busca da melhoria do funcionamento de qualquer regime, sem apelos ao ódio e destruição. Trazer a família para cooperar de maneira mais esclarecida, eficiente e positivista na vida do educando. Proporcionar vivências que sensibilize o educando para os valores que se deseja incorporar no seu comportamento. Trabalhar para instaurar na escola um ambiente de alegria, satisfação e confiança para que se estabeleça um clima descontraído, evitando os temores, frustrações e humilhações. Práticas de Orientação Educacional | Objetivos da orientação educacional www.cenes.com.br | 33 Incentivar práticas de higiene física e mental, procurando conscientizar o educando em relação à importância e valor da saúde, que pode ser cuidada e preservada individualmente, educando por educando. Desenvolver admiração e respeito pela natureza, evitando depredá-la em quaisquer de seus aspectos: paisagem, fauna e flora. Desenvolver atividades de lazer, podendo, algumas delas, em caso de necessidade, transformar-se em atividades profissionais. Neste particular, orientar o emprego adequado e higiênico de horas de folga. Trabalhar para uma adequada formação moral do educando, imbuindo de valores éticos necessários para uma vida digna, humana e coerente, em que o respeito ao próximo deve ser o motivo principal. Favorecer a educação social e cívica do educando, sensibilizando para a cooperação social e deveres comunitários. Neste particular, incentivá-lo para a melhoria da estrutura e funcionamento da vida social, sem a marca de destruição, alertando, pois em relação a certos movimentos de fundo comunitário que pregam, em nome do bem, o ódio, a morte, a violência e a destruição. 14 Comparação das teorias de desenvolvimento Segundo a teoria de Piaget os quatro principais estágios de desenvolvimento humano são: sensório motor – até aos dezoito meses, pré-operacional – dos dezoito meses aos sete anos, operações concretas – sete anos à adolescência e as operações abstratas – adolescência. Na fase das operações concretas é a aplicação de princípios lógicos básicos ao domínio das experiências e eventos concretos não permitindo a interferência de suas percepções. Seus processos lógicos de pensamento organizam-se gradualmente numa rede cada vez mais complexa e integrada através da qual confronta e responde sistematicamente ao mundo que o cerca. Em relação às operações formais o grande progresso que caracteriza o pensamento do adolescente e tem seu início aproximadamente aos 1112 anos, mas provavelmente não alcance seu ponto de equilíbrio antes dos 1415 anos consiste na possibilidade de manipular ideias em si mesmas, não mais em manipular simplesmente objetos. A partir deste momento o jovem adolescente pode utilizar hipóteses, Práticas de Orientação Educacional | Objetivos da orientação educacional www.cenes.com.br | 34 experimentar, fazer deduções e raciocinar do particular para o geral. A diferença entre a fase de operações formais e a fase de operações concretas é que, na última as afirmações sobre o ambiente são baseadas nas relações entre objetos ou classes de objetos, enquanto na primeira o adolescente pode chegar a novas possibilidades através da combinação do previamente conhecido com o que é concluído. Lewis atribui alguns aspectos importantes para o desenvolvimento da criança em idade escolar que são: maturação, lateralidade, desenvolvimento da personalidade, latência, relacionamento com os companheiros, preparação social, desenvolvimento cognitivo, etc. Segundo Lewis “Algo acontece nitidamente no desenvolvimento da criança entre os seis e os onze anos de idade que sugere que tanto alguns aspectos quantitativos como qualitativos se consolidaram. Partes do desenvolvimento anterior parecem organizar-se quase subitamente passando a funcionar de modo fluente e integrado. A criança não só aprendem novas habilidades motoras – por exemplo, andar de bicicleta – como, em algum momento, talvez em torno dos nove anos, exerce-as muito à vontade: habilidade “estalou”, tornou-se automática e estabelecida, uma ação não deliberada sem exigir qualquer espaço ou concentração. A função da linguagem, da mesma forma, desenvolve-se melhor, e a criança torna-se mais capaz de pensar abstratamente. E, além disso, maturações fisiológicas são alcançadas nesta época.” No que se refere ao desenvolvimento da personalidade tem se como característica da criança em idade escolar, a capacidade para o pensamento, memória, fala e conceptualização é muito maior, é nesse estágio que certos conceitos de inevitabilidade se tornam estabelecidos. As manifestações comportamentais ocorridas durante o período de latência são alterações psicossexuais e psicossociais são modificadas por fatores culturais. No período das relações com os companheiros, nos anos escolares, as amizades são estabelecidas, caracteristicamente com pessoas do mesmo sexo. Com relação ao desenvolvimento social, a criança também se conscientiza, nesse momento, de que existe hora para o brinquedo e hora para o que vai sendo, progressivamente, chamado de trabalho. Práticas de Orientação Educacional | Referências Bibliográficas www.cenes.com.br | 35 15 Referências Bibliográficas ALVES, Nilda, GARCIA, Regina L. 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