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E-Book Completo_Fisiopatologia Clínica em Urologia e Gineco-Obstétrica_DIGITAL PAGES(VERSÃO DIGITAL)

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Fisiopatologia Clínica em
 Urologia e Gineco-Obstétrica
Liliam Rosany Medeiros Fonseca BarcellosLiliam Rosany Medeiros Fonseca Barcellos
GRUPO SER EDUCACIONAL
gente criando o futuro
O corpo humano possui complexos mecanismos que trabalham juntos no intuito de 
contribuir para a funcionalidade dos diversos órgãos e sistemas. Para que o estudo 
em urologia, ginecologia e obstetrícia se faça completo, é importante que se conhe-
ça a anatomia funcional das estruturas envolvidas, bem como suas interações, e a 
contribuição dos diversos sistemas do corpo humano para que essas funções sejam 
executadas.
Esse conhecimento introdutório irá proporcionar embasamento para o estudo da 
musculatura do assoalho pélvico e sua função, além de mostrar as disfunções propen-
sas a surgirem nos órgãos e na musculatura uroginecológica. Dessa forma, estuda-
remos os principais tipos de disfunções, dores, distúrbios relacionados ao ato sexual, 
complicações e doenças em urologia e gineco-obstetrícia, com seus aspectos clínicos, 
diagnósticos e tratamentos a partir de uma visão integral e interdisciplinar, no intui-
to de oferecer o melhor atendimento ao indivíduo. 
Por � m, você será convidado(a) ao estudo sobre os principais distúrbios relacionados 
à pediatria e as principais alterações durante a infância. Também serão apresentadas 
as temáticas relacionadas à gestação e ao puerpério, bem como temáticas relaciona-
das à saúde da mulher. O estudo em urologia e gineco-obstetrícia é parte fundamen-
tal no processo de formação pro� ssional; dessa forma, é de extrema importância a 
dedicação ao estudo minucioso dessa temática.
FISIOPATOLOGIA
CLÍNICA EM UROLOGIA E
GINECO-OBSTÉTRICA
FISIOPATOLOGIA
CLÍNICA EM UROLOGIA E
GINECO-OBSTÉTRICA
SER_FISIO_FISCUGO_CAPA.indd 1,3 04/05/2021 11:04:15
© Ser Educacional 2021
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro 
Recife-PE – CEP 50100-160
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio 
ou forma sem autorização. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do 
Código Penal.
Imagens de ícones/capa: © Shutterstock
Presidente do Conselho de Administração 
Diretor-presidente
Diretoria Executiva de Ensino
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos
Diretoria de Ensino a Distância
Autoria
Projeto Gráfico e Capa
Janguiê Diniz
Jânyo Diniz 
Adriano Azevedo
Joaldo Diniz
Enzo Moreira
Liliam Rosany Medeiros Fonseca Barcellos
DP Content
DADOS DO FORNECEDOR
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.
SER_FISIO_FISCUGO_UNID1.indd 2 04/05/2021 11:52:25
Boxes
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa 
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto 
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma 
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da 
área de conhecimento trabalhada.
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Unidade 1 - Introdução anatômica, função motora da pelve e disfunções do assoalho 
pélvico
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12
Anatomia neuromuscular, visceral e perineal ............................................................... 13
Sistema neuromuscular ................................................................................................. 13
Sistema visceral .............................................................................................................. 15
Sistema perineal .............................................................................................................. 17
Anatomia funcional do assoalho pélvico e do sistema anorretal .............................. 19
Musculatura do assoalho pélvico e sistema anorretal ............................................. 21
Abordagem interdisciplinar nas disfunções do assoalho pélvico ............................. 25
Disfunções do assoalho pélvico ................................................................................... 25
Atuação interdisciplinar ................................................................................................. 30
Função motora e organização do movimento: nível cortical, cerebral e espino-
-muscular ou unidade motora ............................................................................................ 32
Mecanismo da execução do movimento .................................................................... 32
Sintetizando ........................................................................................................................... 35
Referências bibliográficas ................................................................................................. 36
Sumário
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Sumário
Unidade 2 - Etiologia e alterações mecânicas das disfunções em urologia e gineco-
-obstetrícia
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 39
Aspectos clínicos e diagnósticos nas disfunções vesicoesfínctero-perineal ........ 40
Disfunções vesicoesfínctero-perineal ......................................................................... 42
Aspectos clínicos e diagnósticos ................................................................................ 43
Prolapso urogenital.............................................................................................................. 45
Classificação dos prolapsos genitais .......................................................................... 46
Tratamento dos prolapsos urogenitais ........................................................................ 49
Incontinência urinária e tratamento fisioterapêutico ................................................... 52
Tratamento fisioterapêutico para as incontinências ................................................ 55
Incontinência anal e constipação intestinal .................................................................. 57
Prostatectomias .................................................................................................................... 61
Prostatectomias e tratamento fisioterapêutico ........................................................ 62
Sintetizando ........................................................................................................................... 66
Referências bibliográficas ................................................................................................. 67
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Sumário
Unidade 3 - Dor pelve-perineal, disfunções gênito-sexuais e do assoalho pélvico e 
período gestacional
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 70
Dor pelve-perineal e tratamento interdisciplinar .......................................................... 71
Etiologia da dor pelve-perineal ..................................................................................... 71
Tratamento interdisciplinar ............................................................................................75
Disfunções gênito-sexuais ................................................................................................. 79
Distúrbios de excitação, distúrbios do orgasmo e distúrbios sexuais caracterizados 
pela dor ..................................................................................................................................80
Tratamento fisioterapêutico........................................................................................... 82
Distúrbios do assoalho pélvico em Pediatria e abordagem interdisciplinar ........... 85
Fisiopatologia, epidemiologia e classificação das alterações vesico-esfíncter-perineais 
na infância ............................................................................................................................................. 86
Abordagem interdisciplinar no tratamento dos distúrbios do assoalho pélvico infantil......89
Período gestacional e puerperal ....................................................................................... 91
Diagnósticos da gravidez e alterações fisiológicas da gravidez ............................ 93
Tipos de parto e puerpério ............................................................................................. 97
Sintetizando ........................................................................................................................... 99
Referências bibliográficas ............................................................................................... 100
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Sumário
Unidade 4 - Saúde da mulher: do início do ciclo reprodutivo ao fim e principais 
complicações desse período
Objetivos da unidade 102
Patologias gestacionais e puerperais 103
Patologias mais comuns da gestação 104
Patologias mais comuns do puerpério 110
Saúde da mulher 114
Ciclo menstrual e suas alterações 115
Climatério e câncer de mama 120
Sintetizando 129
Referências bibliográficas 130
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O corpo humano possui complexos mecanismos que trabalham juntos no 
intuito de contribuir para a funcionalidade dos diversos órgãos e sistemas. 
Para que o estudo em urologia, ginecologia e obstetrícia se faça completo, é 
importante que se conheça a anatomia funcional das estruturas envolvidas, 
bem como suas interações, e a contribuição dos diversos sistemas do corpo 
humano para que essas funções sejam executadas.
Esse conhecimento introdutório irá proporcionar embasamento para o estudo 
da musculatura do assoalho pélvico e sua função, além de mostrar as disfunções 
propensas a surgirem nos órgãos e na musculatura uroginecológica. Dessa forma, 
estudaremos os principais tipos de disfunções, dores, distúrbios relacionados ao 
ato sexual, complicações e doenças em urologia e gineco-obstetrícia, com seus 
aspectos clínicos, diagnósticos e tratamentos a partir de uma visão integral e inter-
disciplinar, no intuito de oferecer o melhor atendimento ao indivíduo. 
Por fi m, você será convidado(a) ao estudo sobre os principais distúrbios rela-
cionados à pediatria e as principais alterações durante a infância. Também serão 
apresentadas as temáticas relacionadas à gestação e ao puerpério, bem como 
temáticas relacionadas à saúde da mulher. O estudo em urologia e gineco-obste-
trícia é parte fundamental no processo de formação profi ssional; dessa forma, é 
de extrema importância a dedicação ao estudo minucioso dessa temática.
FISIOPATOLOGIA CLÍNICA EM UROLOGIA E GINECO-OBSTÉTRICA 9
Apresentação
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Dedico todo meu trabalho ao meu Deus, criador e mantenedor, a Ele toda 
honra e Glória. Ao meu estimado marido Márcio, a meus pais Francisco 
e Vera, a meus irmãos Wilham, Erivelton e Marcelo, aos meus sobrinhos 
Maria Victória e João Pedro, às minhas cunhadas Shirley, Karla e Renata, 
aos meus sogros Genes e Glaúcia e às minhas queridas amigas, Stephanie 
Wild, Vanessa Melo e Érica Midori.
A professora Liliam Rosany Medeiros 
Fonseca Barcellos é mestra em Aten-
ção à Saúde pela Universidade Federal 
do Triângulo Mineiro – UFTM (2018), es-
pecialista em Saúde do Idoso pelo Pro-
grama de Residência Multiprofi ssional 
da Universidade Federal do Triângulo 
Mineiro – UFTM (2017) e graduada em 
Fisioterapia pela Universidade de Ube-
raba – UNIUBE (2013). Dedica-se aos es-
tudos em saúde do idoso e fi sioterapia.
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2803191989955887
FISIOPATOLOGIA CLÍNICA EM UROLOGIA E GINECO-OBSTÉTRICA 10
A autora
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INTRODUÇÃO 
ANATÔMICA, FUNÇÃO 
MOTORA DA PELVE 
E DISFUNÇÕES DO 
ASSOALHO PÉLVICO
1
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Apresentar a anatomia da pelve e associá-la ao sistema nervoso;
 Abordar os tipos de disfunções do assoalho pélvico e a atuação 
interdisciplinar nessas disfunções.
 Anatomia neuromuscular, vis-
ceral e perineal
 Sistema neuromuscular
 Sistema visceral
 Sistema perineal
 Anatomia funcional do assoalho 
pélvico e do sistema anorretal
 Musculatura do assoalho pélvi-
co e sistema anorretal
 Abordagem interdisciplinar nas 
disfunções do assoalho pélvico
 Disfunções do assoalho pélvico
 Atuação interdisciplinar
 Função motora e organização 
do movimento: nível cortical, 
cerebral e espino-muscular ou 
unidade motora
 Mecanismo da execução do 
movimento
FISIOPATOLOGIA CLÍNICA EM UROLOGIA E GINECO-OBSTÉTRICA 12
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Anatomia neuromuscular, visceral e perineal
A Anatomia estuda a relação entre os componentes internos e externos 
que formam os sistemas do corpo humano e suas interações entre esses 
diferentes sistemas. 
O sistema nervoso é responsável por realizar o processamento das in-
formações internas e externas ao corpo humano, regular funções especí-
fi cas e controlar todas as atividades do corpo, seja de forma consciente ou 
inconsciente. 
Para que ocorra determinada atividade do corpo humano, é necessária a 
contração dos músculos esqueléticos, da musculatura lisa dos órgãos internos 
e a secreção de substâncias químicas, por meio das glândulas exócrinas e en-
dócrinas. Esse conjunto de atividades é conhecido como as funções motoras 
do sistema nervoso. 
Segundo a Anatomia, o sistema nervoso é dividido em sistema nervoso 
central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP). O SNC possui partes da sua 
estrutura localizadas na parte interna do crânio, que corresponde ao encéfalo, 
e na coluna vertebral, que corresponde à medula espinhal. O SNP possui suas 
estruturas localizadas fora do SNC e é composto pelas raízes, nervos, gânglios, 
plexos e terminações nervosas. Esse sistema ainda é dividido quanto à sua fun-
ção, ou seja, em somático e visceral (autônomo).
Tendo isso em mente, este tópico discutirá as estruturas, funções e intera-
ções dos sistemas neuromuscular, visceral e perineal, com enfoque em urolo-
gia e gineco-obstetrícia.
Sistema neuromuscular
A medula espinhal é o centro nervoso dos atos involuntários e os 
sinais sensoriais chegam a ela pelos nervos espinhais. O 
encéfalo controla a maioria das atividades subconscien-
tes, como a resposta sexual, que acontece na região 
do córtex cerebral. A região do córtex é responsável 
por realizar a integração da informação sensorial e 
pela tomada de decisão para várias respostas motoras.
FISIOPATOLOGIA CLÍNICA EM UROLOGIA E GINECO-OBSTÉTRICA 13
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O SNP funciona como a interface entre o ambiente e o SNC, por meio das 
fibras nervosas, que são formadas pelos neurônios. Os neurônios sensoriais 
ou aferentes são responsáveis por captar o estímulo externo ao corpo e levá-
-lo até o encéfalo e a medula espinhal (SNC). Os neurônios motores ou efe-
rentes, por sua vez, são responsáveis pelatransmissão do impulso a partir do 
encéfalo e da medula espinhal (SNC) até as fibras musculares e as glândulas. 
Os neurônios mistos são compostos pelo axônio de neurônios sensoriais e por 
neurônios motores (BERNE; LEVY, 2004).
O sistema muscular é composto pelos músculos, que são formados por mi-
lhares de fibras musculares de comprimento variável. Essas fibras podem ser 
controladas de forma indireta ou direta pelo sistema nervoso e pelas sinapses 
entre os neurônios e as fibras musculares, que poderão resultar no relaxamen-
to ou na contração e ocasionar o movimento do músculo. 
A sinapse entre a parte terminal do axônio e a fibra muscular é responsável 
por promover a junção neuromuscular. A partir dela, os estímulos advindos 
dos neurônios motores do SNC chegam até essa junção e estimulam a libera-
ção da acetilcolina, provocando diversas reações que irão resultar na contra-
ção do músculo estriado esquelético (ZANELA, 2015). 
Cérebro
Medula 
espinhal
Neurônio motor
Gânglio da raiz dorsal
Terminação nervosa motora
Receptor sensorial
Nervo periférico
Neurônio sensorial
Figura 1. Estrutura neuromuscular para contração do músculo. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 12/01/2021.
FISIOPATOLOGIA CLÍNICA EM UROLOGIA E GINECO-OBSTÉTRICA 14
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Sistema visceral
O sistema nervoso visceral, também conhecido como autônomo, é um dos 
componentes do SNP responsáveis pela regulação dos processos fi siológi-
cos involuntários, ou seja, aqueles que não demandam esforço consciente 
do indivíduo para serem executados, como a micção, a defecação e a res-
posta sexual. Esse sistema é dividido em simpático e parassimpático, sendo 
que ambos contêm fi bras aferentes e eferentes, responsáveis pela entrada 
sensorial e saída motora. 
Esse sistema possui dois neurônios motores: o neurônio pré-ganglionar e 
o pós-ganglionar. O corpo celular do pré-ganglionar está localizado no encé-
falo ou na medula espinhal (SNC) e seu axônio sai em direção aos nervos cra-
nianos, ou na direção dos nervos espinhais, para fazer sinapse com o segundo 
neurônio motor, o pós-ganglionar, cujo axônio leva o estímulo até o tecido-al-
vo, que pode ser um músculo liso ou cardíaco.
Grande parte dos órgãos do corpo humano recebe inervações do simpático 
e do parassimpático. As vias simpáticas têm sua origem na região torácica e 
lombar da medula espinhal. A maioria tem origem no tronco encefálico, en-
quanto a outra parte se origina no sacro, para controle dos órgão pélvicos. 
Tanto os neurônios pré-ganglionares do simpático como do parassimpático 
liberam a acetilcolina nos receptores pós-ganglionares. Nos receptores adrenér-
gicos dos órgãos, os neurônios pós-ganglionares simpáticos secretam a nora-
drenalina. Nos receptores colinérgicos muscarínicos dos órgãos, os neurônios 
pós-ganglionares do parassimpático secretam a acetilcolina (ZAMELA, 2015). 
As atividades do corpo humano relacionadas ao simpático estão rela-
cionadas à resposta de fuga ou luta, como é o caso do aumento do débito 
cardíaco, da dilatação das pupilas, do aumento da pressão arterial, dentre 
outros. Quanto ao parassimpático, as respostas do corpo humano estão 
relacionadas à diminuição do débito cardíaco, além de salivação, micção, 
defecação, digestão, dentre outros. 
Ambos sistemas, neuromuscular e visceral, são de extrema importância para 
a funcionalidade dos músculos do assoalho pélvico. Esses músculos estão loca-
lizados na região perineal, oferecendo suporte para órgãos pélvicos e contri-
buindo para o funcionamento adequado do sistema urinário, fecal e sexual.
FISIOPATOLOGIA CLÍNICA EM UROLOGIA E GINECO-OBSTÉTRICA 15
SER_FISIO_FISCUGO_UNID1.indd 15 04/05/2021 11:52:44
DICA
A anatomia funcional da pelve diz respeito às interações entre os múscu-
los, fáscias, ligamentos e nervos com o objetivo de promover continência 
e suporte dos órgãos pélvicos. 
Simpático
Dilata a pupila
Inibe a salivação
Contrai a pupila
Estimula a produção
de lágrimas e
de salivação
Contrai as vias aéreas
Relaxa as
vias aéreas
Contrai os vasos
sanguíneos
Reduz os
batimentos
cardíacos
Acelera os
batimentos cardíacos
Estimula a produção
de suor
Gânglio celíaco
Estimula a produção e 
liberação de glicose
Gânglio mesentérico
superior
Gânglio
mesentérico
inferior
Estimula a secreção
de norepinefrina
e adrenalina
Estimula o orgasmo
Estimula a ejaculação Estimula a ereção
Promove a micção
Estimula a
secreção
Estimula a digestão
Estimula a
liberação de bile
Inibe a secreção
Inibe a micção
Inibe a digestão
Gânglios
vertebraisTronco
cerebral
Medula 
espinhal
Tronco cerebral
Medula
espinhal
Parassimpático
Figura 2. Representação esquemática do sistema nervoso visceral, com distribuição simpática e parassimpática nos 
órgãos do corpo humano. Fonte: LOW, 2018, [n.p.].
FISIOPATOLOGIA CLÍNICA EM UROLOGIA E GINECO-OBSTÉTRICA 16
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Sistema perineal
O períneo fi ca localizado na parte inferior do tronco, entre as coxas e as 
nádegas. A região perineal forma um losango e suas bordas anatômicas na 
região anterior são formadas pela sínfi se púbica; na região posterior, pela 
ponta do osso cóccix; nas laterais, pelos ramos púbicos inferiores, ramos is-
quiáticos inferiores e ligamento sacrotuberal. A parte superior (telhado) é for-
mada pelo assoalho pélvico, enquanto a parte inferior (base) é formada por 
pele e fáscias. 
A região anterior do períneo (trígono urogenital) é formada pelas estru-
turas urinária e genital. Na parte posterior (trígono anal), por sua vez, está 
localizado o canal do ânus. Na região perineal estão localizadas estruturas 
para suporte dos sistemas urogenital e gastroinstestinal, tendo importante 
contribuição para a execução das funções da micção, defecação, relações se-
xuais e do parto.
Ligamento púbico inferior 
Veia dorsal profunda do clitóris 
M. levantador do ânus: 
M. pubococcígeo: 
M. pubovaginal
M. puboperineal 
M. puboanal 
M. puborretal 
M. iliococcígeo 
Túber isquiático 
Espinha 
isquiática 
M. coccígeo 
MulherHomem
Ânus
M. coccígeo 
M. ilococcígeo 
M. puborretal 
M. puboanal 
M. puboperineal 
M. puboprostático
M. levantador do ânus: 
M. pubococcígeo 
Cóccix
Sacro
Local do corpo do 
períneo 
Corpo (ligamento) anococcígeo 
Uretra
Vagina
Veia dorsal profunda do pênis 
Próstata
Uretra 
Sínfi se púbica 
Figura 3. Vista inferior de estruturas do períneo masculino (esquerda) e do feminino (direita). Fonte: MOORE, 2014, p. 339.
FISIOPATOLOGIA CLÍNICA EM UROLOGIA E GINECO-OBSTÉTRICA 17
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O trígono urogenital é delimitado pela sínfise púbica, pelos ramos is-
quiopúbicos e por uma linha imaginária entre as tuberosidades isquiáticas. 
Esse trígono possui uma fáscia profunda e resistente, a membrana perineal, 
que contém uma região mais profunda, correspondente à bolsa perineal pro-
funda, localizada entre a fáscia profunda do assoalho pélvico e a membrana 
perineal. Além disso, a região é composta por parte da uretra e esfíncter ure-
tral externo. Em mulheres há também a vagina; nos homens, as glândulas bul-
bouretrais e os músculos perineais transverso profundos. 
A bolsa perineal superficial corresponde à região mais superior da mem-
brana e está localizada entre a membrana perineal superior e a fáscia perineal 
superficial. Essa região contém o clitóris, tecidos responsáveis pela ereção do 
pênis, as glândulas de Bartholin e os músculos isquiocavernoso, bulboespon-
joso e transversos superficiais do períneo.
EXPLICANDO
As glândulas de Bartholin são estruturas pequenas e 
arredondadas localizadas bilateralmente na vulva, tendo 
como função realizar a secreção do muco responsável 
pela lubrificação durante a relação sexual. Os ductos 
dessas glândulas podem sofrer obstrução, formando uma 
massa equivalente a cistos e abscessos. Para aprofundar 
no conhecimento, leia o artigo “Cistos dasglândulas de 
Bartholin”, escrito por Kilpatrick.
Ainda sobre a região do trígono urogenital, é importante mencionar a fás-
cia perineal, que é uma continuação da fáscia abdominal com uma parte mais 
profunda responsável por cobrir os músculos perineais mais superficiais e as 
estruturas mais proeminentes, como pênis e clitóris. A fáscia superficial é for-
mada pelas fáscias de Camper e de Colles e, por fim, pela pele, onde os orifícios 
da uretra e vagina se abrem.
O trígono anal é delimitado pelo cóccix, pelos ligamentos sacrotuberal e 
por uma linha imaginária entre as tuberosidades isquiáticas. Nessa região 
também ocorre a abertura e o fechamento do ânus pelo músculo esfíncter 
anal externo, e a fossa isquional, que corresponde aos espaços nas late-
rais do ânus. Por fim, essa região também conta com o nervo pudendo, que 
inerva todo o períneo.
FISIOPATOLOGIA CLÍNICA EM UROLOGIA E GINECO-OBSTÉTRICA 18
SER_FISIO_FISCUGO_UNID1.indd 18 04/05/2021 11:52:47
A estrutura que une o trígono urogenital ao trígono anal é o corpo peri-
neal, que corresponde à união dos músculos e septos. Além disso, nessa mes-
ma região, é possível encontrar as musculaturas esquelética e lisa, bem como 
as fi bras colágenas e elásticas. 
O corpo perineal tem papel primordial no equilíbrio das forças biomecâ-
nicas, pois integra as funções de excreção urogenital e anorretal, absorvendo 
todos os movimentos dos órgãos. Sua integridade contribui para a continên-
cia, pois ele está diretamente associado à função respiratória do diafragma, 
à função postural do tronco e à função locomotora dos mem-
bros inferiores. Nas mulheres, durante a gravidez, hormônios 
infl uenciam no alongamento do corpo perineal e nos tecidos 
moles da pelve, contribuindo para o parto (HODGES; PENGEL; 
SAPSFORD, 2007; BORDONI; SICCARDI, 2020).
Anatomia funcional do assoalho pélvico e do sistema 
anorretal
Anatomia funcional é de extrema importância para a Uroginecologia, 
pois diz respeito às interações entre os músculos, fáscias, ligamentos e ner-
vos com o objetivo de promover continência, esvaziamento e suporte dos 
órgãos pélvicos. 
A pelve é formada pelos ossos do quadril (ílio, ísquio e púbis), juntamente 
com os ossos do sacro e cóccix. Toda essa estrutura óssea forma um anel que 
tem como principal função proteger os órgãos da cavidade pélvica, além de 
fi xar os músculos do períneo e dos membros inferiores e auxiliar ativamente 
na transferência de peso do corpo para os membros inferiores. Ela também 
possui duas bases: uma maior, na qual estão localizados os órgãos abdominais, 
e outra menor, na qual estão localizados os órgãos urogenitais e a porção ter-
minal do tubo digestório. 
A pelve feminina apresenta diferença quando comparada à masculina. 
Ela é mais afunilada, com forames obturatórios em formato mais triangular 
e seu diâmetro circular é mais evidente. Além disso, ela possui abertura 
superior mais alargada, o que acaba predispondo a um possível enfraque-
cimento muscular.
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CINTURA PÉLVICA MASCULINA
Base do sacro
Crista Ilíaca
Ílio
Osso púbico
Ísquio Sínfise púbica
Cóccix
Fossa
Ilíaca 
Sacro
Arco púbico
estreito
CINTURA PÉLVICA FEMININA
Base do sacro
Crista Ilíaca
Ílio
Osso púbico
ÍsquioSínfise púbica
Cóccix
Fossa
Ilíaca 
Sacro
Arco púbico 
largo
Canal de nascimento
alargado
Figura 4. Diferenças no formato ósseo entre a pelve masculina e feminina. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 03/01/2021. 
(Adaptado).
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O posicionamento e a suspensão dos órgãos da pelve são mantidos pelos 
ligamentos, que também auxiliam na limitação de movimentos inapropriados. 
Os ligamentos da pelve são: iliolombar, sacrotuberal, sacroespinhal, sacroilía-
cos e sacrococcígeo. Eles auxiliam na sustentação, mas o principal componente 
responsável por essa sustentação é a musculatura.
Visão frontal 
da pelve
Ligamento 
iliolombar
Ligamento 
sacroilíaco anterior
Ligamento sacrotuberal
Ligamento 
sacrococcígeo
Ligamento sacroespinhal
Figura 5. Visão frontal dos ligamentos da pelve. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 03/01/2021. (Adaptado).
Musculatura do assoalho pélvico e sistema anorretal
A musculatura do assoalho pélvico, juntamente com as fáscias, é respon-
sável por prover sustentação para as vísceras que se localizam na pelve. 
Essa musculatura se divide em diafragma pélvico, que está diretamente 
relacionado à manutenção estática das vísceras e da continência, 
e em diafragma urogenital, diretamente relacionado à sexuali-
dade, além de também contribuir para a continência. 
O diafragma pélvico é formado pelo músculo eleva-
dor do ânus e pelo músculo isquiococcígeo ou coc-
cígeo. O músculo levantador do ânus possui três 
porções: pubococcígeo, puborretal e a iliococcígeo.
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QUADRO 1. TIPOS DE MÚSCULOS
Tipo de músculo Características Ação
Músculo 
levantador 
do ânus
Músculo 
pubococcígeo
Músculo 
pubovaginal
Origem: osso púbico
Inserção: cóccix
Inervação: nervo sacral 
(S3-S4)
Estabilizar e sustentar 
os órgãos pélvicos, 
oferecer resistência 
durante o aumento da 
pressão intra-abdominal, 
controle do esfíncter 
anal, mantém o tônus 
da vagina e também 
sustenta a cabeça do 
bebê durante a dilatação 
do colo uterino no parto.
Músculo 
puboperineal
Músculo 
puboanal
Músculo puborretal
Músculo iliococcígeo
Músculo coccígeo
Origem: ramo isquiopúbico 
e tuberosidade isquiática
Inserção: corpo do períneo
Inervação: ramo muscular 
profundo do nervo 
perineal e um ramo do 
nervo pudendo (S2-S4)
Auxilia reforçando o 
assoalho pélvico e o 
músculo levantador do 
ânus.
O diafragma urogenital é formado pelo músculo transverso profundo do 
períneo, pelas fáscias e fica situado logo abaixo do diafragma pélvico.
Diafragma pélvico Sínfise púbica
Uretra
Vagina
Obturador 
interno
Cóccix PiriformisPosterior
Anterior
Ânus
Levantador do ânus
Pubococcígeo
Iliococcígeo
Coccígeo
Figura 6. Vista superior da musculatura do diafragma pélvico feminino. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/01/2021. 
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O períneo feminino possui formato de losango. Seus trígonos são forma-
dos pela linha imaginária entre as tuberosidades isquiáticas. A área anterior 
corresponde à parte urogenital e a posterior corresponde à parte anal, com-
posta pelo músculo do esfíncter anal. A parte muscular corresponde ao trígono 
urogenital e é formada por músculos superfi ciais e profundos.
Músculo bulbocavernoso
Músculo isquicavernoso
Diafragma urogenital
Músculo transverso perineal
Diafragma pélvico Ânus
Músculo do 
esfíncter anal
Osso pélvico
Abertura da uretra
Glande clitoriana
Ligamento suspensório
Vagina
Figura 7. Musculatura do períneo feminino. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 04/01/2021.
DeLancey (1992) diferenciou a sustentação das paredes da vagina e do úte-
ro em três níveis:
• Nível I: sustentação do útero e porção superior da vagina, posicionamento 
dos órgãos sobre os músculos elevadores do ânus e formação por fi bras do 
uterossacrocardinal;
• Nível II: sustentação da porção média da vagina por meio da fáscia pu-
bocervical, do arco tendíneo da fáscia pélvica, na região anterior. Na região 
posterior, ocorre a sustentação retovaginal nas fáscias do músculo iliococcígeo.
• Nível III: união entre a vagina e o músculo levantador do ânus na parte la-
teral, com o corpo perineal na região posterior e com a uretra na parte anterior.
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QUADRO 2. MÚSCULOS SUPERFICIAIS E PROFUNDOS DO PERÍNEO
Músculos superficiaisOrigem Inserção
Transversos superficiais do 
períneo Tuberosidade isquiática Base do corpo perineal
Bulboesponjoso Corpo perineal Corpos cavernosos da uretra e clitóris
Isquiocavernoso Tuberosidade isquiática Crura do clitóris
Músculos profundos Origem Inserção
Transversos profundos do 
períneo Tuberosidade isquiática Base do corpo perineal
Esfíncter uretrovaginal Circunda a uretra e parte inicial da vagina
Circunda a uretra e parte 
inicial da vagina
Compressor da uretra Ossos isquiáticos Corpo cavernoso da uretra e clitóris
Esfíncter externo da uretra Porção do músculo compressor da uretra Circunda a vagina e a uretra
Lesões e prolapsos, por sua vez, podem ocorrer em níveis específicos, tais 
como:
• Defeito do nível I: lesão uterossacrocardinal que pode resultar em pro-
lapso uterino ou vaginal;
• Defeito de nível II: descolamento da fáscia retovaginal do uterossacrocar-
dinal, provocando retocele ou uretrocistocele;
• Defeito de nível III: lesão dos ligamentos uretrais, ocasionando hipermo-
bilidade uretral, uretrocele ou deficiência de corpo perineal.
A região anorretal fica localizada no compartimento posterior da pelve. O 
trajeto do reto se inicia aproximadamente na terceira vertebra sacral e segue 
até o osso do sacro, atravessando o músculo elevador do ânus e dando conti-
nuidade ao canal anal. Esse canal é composto pelo músculo esfíncter interno e 
o esfíncter externo do ânus, sendo que ambos ficam sobrepostos. 
O músculo esfíncter externo do ânus é a extensão da musculatura levan-
tadora do ânus. É um músculo estriado esquelético que circunda o canal anal e 
possui ação voluntária, contribuindo para a continência fecal. Sua inervação é 
realizada pelo nervo pudendo. 
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O músculo esfíncter interno do ânus é formado por musculatura lisa, a 
partir da continuação da musculatura interna ou circular do reto. Sua inerva-
ção ocorre pelas fi bras advindas do sistema parassimpático dos nervos es-
plâncnicos pélvicos. Ele tem como objetivo fazer com que não ocorra a perda 
involuntária de fezes e gases. Além disso, fi bras musculares do canal anal 
adentram como septos no esfíncter interno, se prendendo à pele 
do ânus e ocasionando a formação do músculo corrugador. Por 
fi m, o sulco interesfi nctérico, localizado no interior do canal 
anal, corresponde ao limite inferior do esfíncter interno do ânus.
Abordagem interdisciplinar nas disfunções do assoalho 
pélvico
O assoalho pélvico é a região que inclui todas as estruturas da pelve, loca-
lizadas na parte inferior do abdômen. Nessa região, há órgãos dos sistemas 
reprodutor, urinário e digestivo. 
A sustentação para o funcionamento adequado desses órgãos é realizada 
pelos músculos, tendões, ligamentos e fáscias, que estão inseridas nas estru-
turas ósseas da pelve. Além disso, o assoalho pélvico oferece resistência ao 
aumento da pressão intra-abdominal, da ação esfi ncteriana e da manutenção 
da pressão vaginal. 
Alguns fatores, no entanto, podem prejudicar a estrutura pélvica, levando 
a disfunções do assoalho pélvico. Esses fatores incluem condições como obesi-
dade, traumatismo, genética, idade, múltiplos partos vaginais, cirurgias, dentre 
outros (PALMA, et al. 2014). 
Disfunções do assoalho pélvico
A disfunção do assoalho pélvico (DAP) não tem a sua etiologia total-
mente compreendida. Não há algum fator desencadeante ou evento iden-
tificado que cause a DAP; contudo, há fatores relacionados à funcionalida-
de da musculatura do assoalho pélvico que podem contribuir para a DAP, 
conforme demonstram Grimes e Stratton em “Pelvic Floor Dysfunction”, 
publicado em 2020. 
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Como exemplo podemos mencionar a incapacidade do controle devido ao 
aumento da atividade muscular, a hipertonia, ou com a diminuição da ativi-
dade muscular, a hipotonia, além das condições mistas. Essas disfunções na 
parte anterior da pelve acometem, principalmente, os órgãos pélvicos, geran-
do prolapsos e incontinência urinária (IU), que irão interferir diretamente na 
função urinária e sexual. Na parte posterior da pelve, essas disfunções irão 
comprometer a função colorretal, ocasionando a incontinência fecal (IF). 
QUADRO 3. FATORES QUE INFLUENCIAM NO DESENVOLVIMENTO DAS DAP E SUAS 
POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS
Fatores que influenciam a DAP Consequência
Aprendizagem inadequada de técnicas de 
micção e evacuação (esforço para evitar urinar 
ou evacuar)
Hipertonia associada à micção e evacuação
Trauma cirúrgico ou obstétrico Dor muscular com hipertonia
Multiparidade, principalmente quando 
associada ao parto vaginal difícil e por período 
prolongado de trabalho de parto
Dano ao nervo pudendo e possível latência 
do nervo motor terminal
Abuso sexual Dor pélvica crônica
Menopausa Deficiência de estrogênio, contribuindo para fraqueza progressiva do tecido pélvico
Postura e marcha Dor muscular pélvica
Doença neuromuscular degenerativa, lesão do 
nervo espinal
Complicações musculares com hipertonia ou 
hipotonia
Vaginite atrófica Dispareunia com dor pélvica
Síndromes viscerais (endometriose, síndrome 
do intestino irritável, cistite intersticial) Dor pélvica
Relaxantes musculares, narcóticos, 
bloqueadores alfa e de canais de cálcio e 
metildopa
Aumento do relaxamento da musculatura 
lisa e esquelética, favorecendo a 
incontinência
Anti-histamínicos e anticolinérgicos Retenção urinária
Idade avançada, obesidade, gravidez e 
histerectomia
Complicações musculares com hipertonia ou 
hipotonia, dor pélvica, incontinência, dentre 
outras complicações
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Diabetes, osteoporose e artrite Alterações no colágeno do tecido conjuntivo, resultando em fraqueza
Tabagismo e doenças respiratórias crônicas Aumento consistente da pressãointra-abdominal
Obesidade Pressão adicional nas estruturas pélvicas de suporte
Fonte: DAVIS; KUMAR; STANTON, 2003 e GRIMES; STRATTON, 2020. (Adaptado).
Os órgãos pélvicos incluem o útero, vagina, próstata, bexiga e reto. Os pro-
lapsos relacionados a esses órgãos estão associados a fatores mecânicos de 
alargamento do hiato levantador do ânus e à frouxidão do assoalho pélvico. Os 
mais comumente encontrados são: cistocele, que é o prolapso da bexiga para 
a vagina; o prolapso uterino, que é uma herniação do útero para a vagina; e a 
retocele, que é a herniação do reto para a vagina. Todos podem ser causados 
por obesidade, gravidez, menopausa, partos cesáreos ou vaginais, anormali-
dades de colágeno genéticas ou adquiridas e aumento da pressão abdominal 
exagerado ao defecar (BOYADZHYAN; RAMAN; RAZ, 2008).
Útero
Bexiga 
Vagina 
Reto
Figura 8. Órgãos da cavidade pélvica feminina. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 29/12/2020. (Adaptado).
Os prolapsos são classifi cados segundo o grau de descida da estrutura, 
sendo grau I quando ocorre a descida da estrutura da sua posição anatômica 
normal à altura das espinhas isquiáticas; grau II quando há descida entre as 
espinhas isquiáticas e o hímen; e grau III quando o prolapso do órgão é total, 
para fora da vulva (ESPUNA; LACIMA, 2008).
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Bexiga 
Próstata 
Reto 
Figura 9. Órgãos da cavidade pélvica masculina. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 29/12/2020. (Adaptado).
Dentre as disfunções, a incontinência urinária (IU) é o sintoma mais comu-
mente encontrado na população, principalmente em mulheres. Aproxima-
damente uma em cada quatro mulheres tem risco de desenvolver DAP. Um 
estudo realizado com 4002 mulheres turcas identificou que mais de 50% das 
entrevistadas apresentaram IU, além de demonstrar que a idade avançada e 
quantidade de partos estão diretamenterelacionadas com a ocorrência de 
DAP (GOOD; SOLOMON, 2019). 
A IU é quando há qualquer perda involuntária de urina, exceto em crian-
ças, que gera desconforto social ou higiênico. Estão divididas em IU de esforço, 
IU de urgência e IU mista. A IU de esforço é comumente encontrada nas mu-
lheres durante a perda urinária devido ao esforço de tossir, espirrar e fazer 
exercícios físicos; a IU de urgência está relacionada à frequência e à noctúria e 
ocorre quando há uma vontade forte e repentina de urinar, podendo ocasionar 
vazamentos; a IU mista é quando o indivíduo apresenta tanto a IU de esforço 
quanto a IU de urgência. 
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Anatomia normal Cistocele
Prolapso uterino Retocele
Útero
Útero
Bexiga
Bexiga
Vagina Reto
Reto
Figura 10. Tipos de prolapsos comumente encontrados nas mulheres, de acordo com o órgão e a região acometida. 
Fonte: Shutterstock. Acesso em: 29/12/2020.
Algumas mulheres, independentemente da faixa etária, sofrem com DAP, 
seja com IU, IF (incontinência fecal) ou prolapso de órgão pélvico. Em idades mais 
avançadas, as DAP se tornam mais comuns, afetando 40% de mulheres na faixa 
etária de 65 e 70 anos e por volta dos 50% entre aquelas com mais de 80 anos 
(NYGAARD, et al. 2008). 
Os homens também sofrem com esse problema, mas em número bem 
menor. Essas disfunções influenciam negativamente a qualidade de vida da po-
pulação, contribuindo para limitações físicas, sociais, ocupacionais e sexuais.
A incontinência fecal (IF) acomete tanto homens como mulheres, sendo mais 
comum em mulheres. Se caracteriza pela incapacidade de manter o controle so-
bre as fezes e gases devido a um problema na musculatura do esfíncter anal. É 
classificada como IF passiva quando há disfunção do esfíncter anal interno; IF de 
urgência quando a disfunção acomete o esfíncter anal externo; e IF mista quan-
do há disfunção de ambos os esfíncteres, interno e externo. Grande parte dos 
casos de IF são advindos de lesões no esfíncter anal, além de fatores como neu-
ropatia, trauma obstétrico, problema congenital, fraqueza muscular, alteração 
da consistência das fezes, retenção anormal das fezes e condições idiopáticas.
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É de suma importância que intervenções efi cazes e com olhar integral pelo 
indivíduo sejam adotadas. Uma abordagem interdisciplinar pode contribuir 
para esse atendimento integral, adotando medidas de promoção e prevenção 
da saúde para indivíduos não acometidos pela DAP. Para aqueles que já pos-
suem DAP, é necessário realizar tratamento e reabilitação que possam contri-
buir para sua qualidade de vida. 
EXPLICANDO
A IU pode acometer tanto homens como mulheres; contudo, a prevalência 
é maior em mulheres. Isso ocorre devido a alterações na funcionalidade 
do esfíncter urinário, provocando a perda involuntária da urina. Já nos 
homens, a IU é comumente encontrada após cirurgia para retirada da 
próstata devido a complicações do câncer ou por doenças neurológicas. 
Atuação interdisciplinar
Indivíduos que possuem DAP necessitam de uma abordagem interdiscipli-
nar, de forma a oferecer um cuidado em saúde completo. Abordagens tradi-
cionais – aquelas nas quais há somente uma especialidade, geralmente cen-
trada no médico, e que utiliza apenas diagnóstico e tratamento, ignorando 
a sintomatologia coexistente – necessitam ser revistas, pois esse indivíduos 
necessitam de atendimento integral e isso só é possível com os diversos sa-
beres de prática de cuidado.
O tratamento apropriado deve estar baseado nos conhecimento inter-
disciplinares, de forma a contribuir para uma melhor tomada de decisão, vi-
sando o aspecto físico, mental e social, com treinamentos comportamentais; 
adoção de um estilo de vida saudável; abandono de hábitos prejudiciais e 
nocivos para a saúde; orientações para prática de exercícios de fortalecimen-
to do assoalho pélvico; uso de medicamentos quando houver necessidade; 
apoio psicológico e social; cirurgias e reabilitação pós-operatória nos casos 
em que houver necessidade.
É de extrema importância que o indivíduo em tratamento receba aten-
dimento gradual e personalizado por parte da equipe de profi ssionais. Essa 
equipe interdisciplinar pode ser formada por médico, fi sioterapeuta, enfer-
meiro, nutricionista, assistente social, psicólogo e profi ssional de educação 
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física. Antes da tomada de decisão sobre as condutas a serem adotadas, é 
importante que se realize a discussão do caso do indivíduo a ser tratado, e 
que seja proposto o melhor tratamento de acordo com suas necessidades.
Após a tomada de decisão sobre o tratamento mais adequado, seja ci-
rúrgico ou conservador, a equipe interdisciplinar deverá criar intervenções 
com a incorporação de exercícios para o fortalecimento do assoalho pélvi-
co e orientações sobre continência, adequação da dieta, terapias compor-
tamentais para reeducação da bexiga e intestino, medicação adequada, 
abordagem de saúde mental e social, tudo de acordo com a necessidade 
do indivíduo (DAVIS; KUMAR; STANTON, 2003). A discussão sobre sua evo-
lução durante o tratamento é de extrema importância, tanto para a equipe 
quanto para o indivíduo. 
O trabalho interdisciplinar nas DAP também deve estar apoiado em ações 
de promoção e prevenção. Isso pode acontecer por meio de ações de edu-
cação em saúde em Unidades Básicas de Saúde, com grupos de gestantes, 
fumantes, diabetes, idosos, nas salas de espera, grupos de ginásticas, e tam-
bém em empresas, locais públicos e escolas. Essas ações podem levar conhe-
cimento para a população, incentivando a busca por alternativas de cuidado, 
disseminando conhecimento e estimulando a procura por ajuda no caso de 
sentir algum dos sintomas.
Uma abordagem interdisciplinar com excelência precisa ser colocada em 
prática, de forma a proporcionar ao indivíduo um tratamento que seja:
• Individualizado e que se paute pelos conhecimentos dos profissionais e 
suas respectivas habilidades;
• Mais esclarecedor em relação aos problemas, doenças e tratamento dos 
indivíduos com DAP;
• Incentivador do enfrentamento da disfunção;
• Continuado;
• Referência e contra-referência entre profissionais da atenção básica, Se-
cundária e terciária de saúde;
• Estabelecedor de uma boa relação entre os profissionais envolvidos no 
tratamento;
• Otimizador de recursos financeiros;
• Pedagógico e instrutivo para os indivíduos em tratamento.
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Função motora e organização do movimento: nível cortical, 
cerebral e espino-muscular ou unidade motora
Para que ocorra o funcionamento dos vários músculos do corpo humano, é 
necessário que complexas interações aconteçam no sistema nervoso central. 
Por exemplo: o controle da micção pode ser realizado de forma tanto cons-
ciente como inconsciente. Para isso, necessita que a musculatura execute seus 
mecanismos complexos de controle pelo bulbo, ponte, mesencéfalo e córtex 
cerebral (COLOMBARI; JUC; SATO, 2011; HIDAI; KOMIYAMA; KUBOTA, 1998).
No sistema nervoso, chegam informações de diferentes órgãos e músculos; 
da mesma maneira, informações saem desse sistema em direção à determina-
da região por meio dos sinais dos neurônios. 
O músculo esquelético contém uma unidade motora formada por uma célu-
la nervosa, o motoneurônio, e também por fi bras musculares, das quais ele irá 
inervar. A função dessa unidade motora é transformar o sinal vindo do neurô-
nio em resultado mecânico para o músculo durante sua contração (FOX, 2000).
Essa contração irá contribuir para a execução de determinado movimento. Es-
ses movimentos podem serdivididos em: refl exos, de organização e complexidade 
mais simples, e os movimentos voluntários, que possuem organização e comple-
xidade maior. Para execução dos movimentos voluntários, é necessária uma ação 
organizada, que ocorre com a contribuição de diversas áreas do córtex cerebral. 
Mecanismo da execução do movimento
Para execução do movimento, há uma organização do plano motor devido 
à elaboração de uma estratégia motora e tática. Quando alguém se levanta 
do sofá, por exemplo, para ir ao banheiro, há um planejamento para levantar, 
andar até o banheiro, chegar ao banheiro e realizar suas necessidades fi sioló-
gicas. Esse é o aspecto estratégico realizado pelas áreas corticais, em que se 
emite uma informação que deverá ser o comportamento motor (BALDO, 2001).
A partir dessa sequência, o córtex motor e o cerebelo se tornam respon-
sáveis por defi nir, recrutar e ativar o conjunto muscular para a realização do 
plano motor, etapa que corresponde à estratégia tática. Por fi m, o tronco ce-
rebral e a medula espinhal são responsáveis por converter esse plano motor 
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em uma continuidade para realização da contração e do relaxamento muscu-
lar, que será necessário para a realização dessa execução motora de levantar 
do sofá e ir até o banheiro.
Áreas corticais 
associativas Estrátegia motora
Córtex motor 
cerebelo
Tática motora Tronco cerebralmedula espinhal Execução motora
Fonte: BALDO, 2001, [n.p.]. 
DIAGRAMA 1. ESQUEMA ORGANIZACIONAL PARA EXECUÇÃO DO MOVIMENTO
As únicas estruturas responsáveis pela execução do movimento são a me-
dula espinhal e o tronco cerebral. O tronco cerebral fica a cargo da execução 
dos movimentos dos nervos cranianos. Ele também intermedia projeções 
descendentes das estruturas superiores até a medula espinhal e participa da 
manutenção postural. A medula espinhal inerva grande parte da musculatura 
estriada esquelética. Os neurônios presentes nessa estrutura são os moto-
neurônios alfa, que são responsáveis por qualquer movimento executado, 
seja pelo tronco ou membros (BALDO, 2001). 
Outro sistema que contribui para função motora é a sensibilidade proprio-
ceptiva. Ela é responsável por levar informações sobre os movimentos ao sis-
tema nervoso em cada etapa da sua execução para, assim, ocorrer a adequa-
ção, seja nas posições, velocidades, acelerações ou na força, do plano motor 
responsável pela execução de determinado movimento. 
Toda essa organização do movimento voluntário segue uma hierarquia do 
sistema nervoso central, na qual o córtex pré-motor é o local em que é feita a 
programação motora que, em associação com os sinais do cerebe-
lo e gânglio basal, é enviada ao córtex motor primário para que, 
assim, ocorra interação entre interneurônios e motoneurônios 
do tronco cerebral e da medula espinhal.
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DIAGRAMA 2. HIERARQUIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Córtex pré-motor
Córtex motorGânglio basal
Tronco cerebral Cerebelo
Cordão 
Músculo
Fonte: NOTH, 1992, [n.p.].
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Sintetizando
Nesta unidade, observamos que os componentes anatômicos da pelve, 
assim como a contribuição do sistema nervoso para que ocorra o funciona-
mento adequado da região pélvica feminina e masculina, são de extrema im-
portância para que o profissional de saúde trace condutas que possam ser 
eficazes, tanto em nível de prevenção como de promoção e reabilitação da 
saúde em urologia e gineco-obstetrícia.
Assim, foram apresentadas as estruturas ósseas, ligamentares e muscula-
res dos principais músculos do assoalho pélvico, bem como a origem, inser-
ção e a sua ação. De maneira geral, aprendemos sobre a função do assoalho 
pélvico, com ênfase no assoalho pélvico feminino, devido às disfunções que 
acometem esse público. Também aprendemos sobre os níveis de sustentação 
da musculatura do períneo e possíveis lesões em decorrência de defeito em 
algum destes níveis.
Verificamos que as disfunções do assoalho pélvico acometem grandes 
proporções de mulheres, principalmente entre as de idade avançada, as que 
tiveram múltiplos partos, as obesas e com predisposição genética. Os tipos de 
disfunções e prolapsos dos órgãos pélvicos foram apresentados, bem como a 
importância de uma abordagem interdisciplinar, contando com diversos pro-
fissionais da área da saúde, no intuito de contribuir para melhor qualidade de 
vida do indivíduo que sofre com alguma disfunção.
Para finalizar, abordamos como o movimento muscular é formado e quais 
estruturas neurais atuam para que o músculo consiga executar sua função 
com excelência. Desse modo, conseguimos entender a importância da função 
motora e da anatomia funcional para todo o corpo humano e, consequente-
mente, para a saúde uroginecológica. 
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ETIOLOGIA E 
ALTERAÇÕES 
MECÂNICAS DAS 
DISFUNÇÕES EM 
UROLOGIA E GINECO-
OBSTETRÍCIA
2
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Expor etiologia e quadro clínico de disfunções em urologia e gineco-obstetrícia; 
 Ver tratamentos fisioterapêuticos de disfunções urológicas e gineco-obstétricas.
 Aspectos clínicos e diagnósticos 
nas disfunções vesicoesfínctero-
perineal
 Disfunções vesicoesfínctero-
perineal
 Aspectos clínicos e diagnósticos 
 Prolapso urogenital
 Classificação dos prolapsos 
genitais
 Tratamento dos prolapsos 
urogenitais
 Incontinência urinária e 
tratamento fisioterapêutico
 Tratamento fisioterapêutico 
para as incontinências
 Incontinência anal e 
constipação intestinal
 Prostatectomias
 Prostatectomias e tratamento 
fisioterapêutico 
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Aspectos clínicos e diagnósticos nas disfunções
vesicoesfínctero-perineal
O sistema nervoso, através de 
mecanismos voluntários e involun-
tários, realiza o controle da micção, 
que possui três fases. A primeira é a 
de enchimento vesical, com aumen-
to gradual da resistência uretral, em 
conjunto com o esfíncteres estriado 
e liso. Na fase de reservatório, a uri-
na é armazenada até o momento da 
micção, que corresponde à última 
fase, o esvaziamento vesical, no qual 
a contração coordenada entre o de-
trusor e o relaxamento do esfíncter 
urinário externo resulta na micção. Essas fases são dependentes do sistema 
nervoso, e complicações advindas dele e de disfunções anatômicas contri-
buem para o aparecimento de doenças, incontinências, prolapsos, infec-
ções, obstrução e distúrbios.
A bexiga é um órgão muscular localizado na pelve que possui como prin-
cipal função o armazenamento e a eliminação periódica da urina através 
da uretra, formando o trato urinário inferior junto com a uretra. A bexiga é 
formada por fi bras de musculatura lisa, que recebem o nome de músculo 
detrusor. O detrusor (bexiga) tem um corpo vesical acima dos orifícios ure-
trais e uma base formada pelo trígono e pelo colo vesical.
A sustentação da bexiga é realizada nos indivíduos do sexo masculino 
pelos ligamentos puboprostáticos e, nos indivíduos do sexo feminino, pe-
los ligamentos pubovesicais. O funcionamento da bexiga é comandado pelo 
sistema nervoso central (SNC) e sua inervação se faz tanto por fi bras paras-
simpáticas, originadas dos segmentos de S2 a S4 e que seguem até a bexiga, 
quanto por fi bras simpáticas, derivadas dos segmentos de T11 a L2 e que 
formam o nervo hipogástrico, inervando a bexiga e a uretra. Esses segmen-
tos dão origem ao plexo nervoso vesical.
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Vazio Ureter
Camadas musculares 
Orifícios uretrais 
Trígono da bexiga 
Uretra
Colo
Mucosa
Cheio
Figura 1. Anatomia do trato urinário inferior. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/03/2021.
Formada por um tubo muscular, a uretra é responsável por conduzir a 
urina do óstio interno da uretra da bexiga até sua eliminação pelo óstio 
externo da uretra. A uretra masculina possui a porção pré-prostática, mem-
branosa, esponjosa e inervada pelo nervo pudendo e pelo plexo prostáti-
co. A uretra feminina está localizada no vestíbulo da vagina, passando pelo 
diafragma pélvico, músculo esfíncter externo da uretra e membrana do pe-
ríneo, sendo inervada pelo nervo pudendo, conforme exposto por Girão, 
em Tratado de uroginecologia e disfunções do assoalho pélvico, de 2015. Em 
condições fisiológicas normais, a urina pode ser eliminada após a percepção 
do enchimento completo da bexiga e também em condições de enchimento 
parcial, nas quais o indivíduo considerará o momento mais oportuno para 
iniciar a micção, de acordo com relatos de Kavia, Dasgupta e Fowler, em ar-
tigo para o The Journal of Comparative Neurology em 2005.
Quando a bexiga estiver cheia de urina, sua parede se distende, estimu-
lando as raízes parassimpáticas aferentes (sensitivas) para que elas acio-
nem o centro de reflexo de S2 a S4 que, através das fibras eferentes (motor), 
envia a informação ao músculo detrusor para que este execute a contração 
e elimine a urina através da uretra. Tal reflexo se dá de forma automática, ao 
nível medular. O indivíduo, em condições anatômicas e fisiológicas normais, 
com o aumento da pressão vesical, comprime receptores na parede da bexi-
ga, provocando o desejo miccional.
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Córtex cerebral 
Fibras parassimpáticas
do nervo pélvico 
Fibra motora do nervo pudendo
Receptor de
alongamento 
Músculo detrusor 
Esfíncter interno 
Esfíncter externo 
Sensitiva 
Motor
Uretra
Figura 2. Controle neural da micção. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/03/2021.
Disfunções vesicoesfínctero-perineal
Doenças neurológicas podem causar alterações na funcionalidade vesical e es-
fi ncteriana do trato urinário inferior. A bexiga neurogênica, ou micção disfuncional, é 
uma disfunção vesico-esfi ncteriana que acomete indivíduos portadores de doenças 
do sistema nervoso central ou periférico, sendo gerada por lesão parcial da medula 
espinhal ou do tronco cerebral e distúrbios neurológicos, como acidente vascular 
cerebral (AVC), esclerose múltipla, paraplegia, doença de Parkinson, neuropatia pe-
riférica; porém, a origem mais comum é o traumatismo raquimedular.
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Tal disfunção acarreta em alterações no padrão normal da micção nas fa-
ses de enchimento vesical, reservatório e esvaziamento vesical, contribuindo 
para o aumento da pressão intravesical, esvaziamento vesical incompleto, in-
capacidade de iniciar ou interromper a micção, sem falar no aparecimento de 
incontinências, dada a lesão sofrida pelos centros responsáveis pela emissão 
dos sinais inibitórios.
A bexiga neurogênica é classifi cada de acordo com o nível de lesão. O con-
trole medular da micção fi ca localizado entre S2 a S4, na medula espinhal. Le-
sões acima do nível do controle da micção ocasionam bexigas neurogênicas 
não fl ácidas, divididas em refl exa ou não inibida. A bexiga refl exa é quando 
há uma lesão completa, acima do controle da micção, que leva a comprome-
timento motor e sensitivo. A bexiga não inibida é quando, durante o processo 
de enchimento vesical, as contrações para eliminação da urina não são inibi-
das, levando à urgência miccional ou incontinência urinária.
As lesões abaixo do controle medular da micção suscitam bexigas neuro-
gênicas fl ácidas,divididas em autônoma, atônica (sensitiva) e paralítico-mo-
tora. A bexiga autônoma tem a sua ocorrência associada à choque medular, 
interrompendo o arco-refl exo. A bexiga atônica (sensitiva) se dá quando ocor-
re uma lesão no corno superior da medula espinhal. Já a bexiga paralítico-mo-
tora é quando a lesão ocorre no neurônio ou nervo responsável pelo controle 
do músculo detrusor.
Aspectos clínicos e diagnósticos
Para que seja oferecido um tratamento adequado, conforme a necessidade 
do indivíduo, é de extrema importância que o profi ssional de saúde realize uma 
avaliação minuciosa. A avaliação deve ser geral, contemplando um histórico 
completo sobre sintomas pregressos e atuais do indivíduo, abordando cirur-
gias realizadas, doenças do trato urinário e intestinal, função neurológica e se-
xual, histórico da micção, queixas miccionais, medicamentos em uso, fatores 
hereditários, bem como presença de dor, febre, infecção e hematúria.
No exame físico, o profi ssional foca na anatomia pélvica e no sistema neuro-
lógico, na sensibilidade e nos refl exos urogenitais, além de testes de função es-
fi ncteriana e do assolho pélvico. Também são aplicados testes mentais, de força 
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e de sensação (dermátomos sacrais), no intuito de verificar condições neuroló-
gicas que contribuem para alterações na micção. Para pacientes que possuem 
lesões na medula espinhal, é importante verificar o nível da lesão, se é completa 
ou incompleta, sem esquecer do tônus e da sensação da extremidade.
Entre os sintomas apresentados pelos indivíduos acometidos pela bexiga 
neurogênica, os principais são de esvaziamento incompleto da bexiga, perda 
de urina em pequena ou grande quantidade e infeções do trato urinário com 
frequência. Exames solicitados pelo médico, como a radiografia contratada 
logo após a micção, auxiliam no diagnóstico preciso, assim como o uso de son-
da, de modo a medir a pressão interna da bexiga e aferir a quantidade de urina, 
e de exames como ultrassonografia, cistografia e urodinâmico.
Após o diagnóstico, é necessário que o indivíduo realize o tratamento ade-
quado com base no tipo de bexiga neurogênica apresentado. Pode ser neces-
sário o uso de medicamentos, cirurgias e a fisioterapia, uma vez que o trata-
mento ideal deve buscar solucionar o problema. Contudo, nos casos em que 
não for possível, as ações devem oferecer uma melhor qualidade de vida para o 
indivíduo. O tratamento para bexiga neurogênica consiste em preservar a fun-
ção renal, fornecer baixa pressão no armazenamento da urina, melhorar a ca-
pacidade de armazenamento e trabalhar na prevenção de possíveis infecções.
O tratamento fisioterapêutico é de extrema importância para as disfunções 
vesicoesfínctero-perineais. O tratamento fisioterapêutico para a bexiga neu-
rogênica não inibida pode se valer dos exercícios de Kegel para estimular a 
contração da musculatura do assoalho pélvico. Esses exercícios auxiliam o indi-
víduo na melhora da força muscular, colaborando para uma melhor resistência 
uretral. O biofeedback, associado à eletromiografia, fisioterapia miofascial no 
assoalho pélvico e terapia comportamental, também é uma técnica que o fisio-
terapeuta pode utilizar no tratamento.
A fim de estimular o reflexo para a micção, o tratamento fisio-
terapêutico para a bexiga neurogênica reflexa também 
pode empregar técnicas de percussão, de amassa-
mento e de tracionamento do pelos púbicos. No 
tratamento da bexiga neurogênica autônoma, o 
fisioterapeuta usa exercícios que estimulam a con-
tração isométrica dos músculos que fazem parte do 
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assoalho pélvico e abdominais. O biofeedback, a acupuntura e a terapia com-
portamental também podem ser aproveitadas. 
Em relação ao tratamento para bexiga atônica (sensitiva) e paralítica mo-
tora, o fi sioterapeuta realiza técnicas que provocam o aumento da pressão 
intravesical, como a manobra de Valsalva, estímulo de tosse, exercícios de con-
tração muscular isométrica e isotônica do abdômen, iliopsoas, glúteo e para-
vertebrais, no intuito de provocar a micção, além da acupuntura, da eletroesti-
mulação, do biofeedback e dos exercícios de Kegel.
Prolapso urogenital
O prolapso urogenital, também denominado prolapso genital ou prolapsos 
dos órgãos pélvicos (POP), é uma consequência do desequilíbrio entre os me-
canismos que sustentam e suspendem os órgãos pélvicos em sua posição nor-
mal, ocasionando o deslocamento, no sentido caudal, de uretra, bexiga, útero, 
alças intestinais e reto através da vagina, ocorrendo em diferentes graus. Mu-
lheres são acometidas por esse problema de saúde em todo o mundo, porém, 
o prolapso quase nunca resulta em morbidade e mortalidade, embora o im-
pacto negativo na qualidade de vida da mulher seja signifi cativo.
A ocorrência do prolapso pode estar associada a alguma alteração congê-
nita, que contribui para o enfraquecimento dos aparelhos de suspensão e sus-
tentação, e também ao aumento crônico advindo da pressão intra-abdominal. 
A multiparidade é o principal fator para o aparecimento dos prolapsos, dadas 
as alterações hormonais na musculatura lisa e no tecido conjuntivo pélvico, 
que sofrem um afrouxamento na gestação.
Todavia, mulheres que não tiveram gestação (nulíparas) também têm chan-
ces de desenvolvimento dos prolapsos, em especial as que praticam exercícios 
físicos de alta intensidade, que podem aumentar a pressão intra-abdominal e 
acarretar em algum prolapso. Estudos sugerem que mulheres negras e asiá-
ticas têm menor risco do desenvolvimento de prolapsos, enquanto mulheres 
hispânicas possuem maior risco, algo que pode ser explicado pelas diferenças 
anatômicas e pela composição das fi bras de colágeno.
Os prolapsos urogenitais são afecções exclusivas para indivíduos do sexo 
feminino e que podem acometer a vagina, nas suas paredes anterior e pos-
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terior, e o útero, no ápice da vagina. Em outras situações, pode haver mais 
de uma combinação de áreas acometidas, entretanto, o segmento em que 
há um número maior de casos são as afecções da parede anterior da vagina, 
nas quais, em geral, a bexiga desce no sentido caudal, pela vagina, também 
conhecido como cistocele. Já o prolapso apical se dá quando o útero ou o 
fundo da vagina sofrem protrusão, enquanto parte do intestino delgado e 
o reto sofrem protrusão devido ao prolapso da parede posterior da vagina.
Classificação dos prolapsos genitais
Os prolapsos urogenitais são classifi cados pelo sistema de Baden-Walker e 
pelo International Continence Society (ICS) de acordo com o introito vaginal e o 
compartimento genital. O prolapso em relação ao introito vaginal é caracterizado 
conforme o grau. O prolapso de primeiro grau se dá quando o órgão prolapsado 
não alcança o introito da vagina; o de segundo grau acontece quando os órgãos 
prolapsados se exteriorizam de forma parcial através do introito vaginal; e o pro-
lapso de terceiro grau ocorre quando o órgão que sofreu o prolapso se exterioriza 
de maneira total. A classifi cação baseada no sistema de Baden-Walker, explicada 
no Quadro 1, é de fácil execução, embora pouco empregada na prática clínica.
QUADRO 1. CLASSIFICAÇÃO DE BADEN-WALKER
GRAU EXAME FÍSICO
0 Sem prolapso
1 Prolapso até metade da vagina
2 Prolapso até o hímen
3 Prolapso até o meio do caminho entre o hímen e o prolapso completo
4 Prolapso completo
Fonte: BADEN; WALKER, 1972. (Adaptado).
A classifi cação do ICS utiliza o sistema de quantifi cação do prolapso dos 
órgãos pélvicos (Pelvic Organ Prolapse Quantifi cation System- POP-Q). O POP-Q 
examina os prolapsos por meio de medidas e pontos específi cos de suporte 
dosórgãos pélvicos da mulher. Em posição ortostática, a mulher examinada 
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executa algum esforço a fim de se realizar o mapeamento da anatomia vaginal. 
O anel do hímen é utilizado como ponto fixo de referência, denominado como 
o ponto zero. As estruturas localizadas acima desse ponto fixo são classifica-
das com um valor negativo, e as estruturas abaixo do ponto fixo recebem um 
valor positivo. O Quadro 2 traz os pontos de referência adotados para realizar 
as medidas.
QUADRO 2. PONTOS DE MEDIDAS NO POP-Q
Aa – Ponto na parede a 3 cm 
acima do anel himenal.
Ba – O ponto de maior prolap-
so da parede anterior entre o 
ponto Aa e o ponto C.
C – Lábio anterior do colo ute-
rino ou cúpula da vagina.
GH – Hiato genital. Distância 
entre o meio do meato ure-
tral e a carúncula himenal 
posterior.
PB – Corpo perineal. Distância 
entre o meio do orifício e a 
carúncula himenal posterior.
TVL – Comprimento total da 
vagina.
Ap – Ponto na parede pos-
terior a 3 cm acima do anel 
himenal.
Bp – O ponto de maior prolap-
so da parede posterior entre 
o ponto Ap e o ponto D.
D – Fundo do saco posterior.
PBGH
Ap TVL
Aa
Ba Bp
C
D
Figura 3. Localização anatômica dos pontos de medida Fonte: AUGS, 2017.
A classificação dos prolapsos urogenitais também pode se fundamentar a 
partir do compartimento genital envolvido. Quando o prolapso está localizado 
no compartimento anterior da vagina, ele é denominado de cistocele, uretro-
cele ou cistouretrocele. Quando o prolapso está no compartimento apical, é 
Fonte: BUMP, 1996, p. 13. (Adaptado).
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denominado uterino (uterocele), fórnice posterior (enterocele) ou prolapso de 
cúpula vaginal pós-histerectomia. Agora, se o prolapso está localizado no com-
partimento posterior da vagina, é denominado de retocele.
Útero Útero 
Anatomia 
normal Prolapso uterino Retocele Cistocele 
Bexiga 
Bexiga 
Reto 
Reto Vagina 
Figura 4. Prolapso segundo o compartimento genital. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 23/03/2021.
A cistocele acontece em decorrência de lesão da fáscia vesicovaginal e/ou perda da 
fixação da fáscia vesicovaginal ao arco tendíneo. Com isso, a bexiga, não sustentada 
em sua posição normal, se desloca no sentido caudal para a vagina. Os sintomas rela-
tados pelas mulheres são de sensação de peso ou desconforto na região da genitália 
externa, aliviados ao se deitar e menos evidentes pela manhã, porém, o desconforto 
se intensifica ao ficar por muito tempo em ortostatismo (de pé). A dispaurenia e a dor 
durante a relação sexual também são sintomas associados a esse prolapso. Na cisto-
cele, o sinal mais comum é o da exteriorização de uma “bola” na vagina, que pode se 
apresentar também em repouso e aumentar conforme o esforço.
Os ligamentos laterais (cardinais), posteriores (uterossacros) e anteriores 
(pubovesicocericais) oferecem suporte para o colo uterino e para a cúpula da 
vagina. Complicações nesse suporte, advindas de traumatismos no parto e/
ou de cirurgias pélvicas, podem favorecer o aparecimento do prolapso apical. 
Esse prolapso pode incluir o útero, com ou sem enterocele. O prolapso uterino 
é quando o útero se desloca, no sentido caudal, através da vagina.
O Manual de orientação: uroginecologia e cirurgia vaginal, editado em 2010 
pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febras-
go), classifica em três graus o prolapso uterino:
• o prolapso de primeiro grau acontece quando o órgão prolapsado não 
atinge o introito vaginal;
• o prolapso de segundo grau é ocasionado quando o órgão prolapsado se 
exterioriza de forma parcial pelo introito vaginal;
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• o prolapso de terceiro grau é quando o órgão prolapsado se exterioriza 
todo através do prolapso genital.
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O vídeo Experiência Conecta GO – Prolapso Genital traz 
uma discussão da Febrasgo relativa à atenção à saúde e 
cuidados nas desordens do assoalho pélvico, com enfo-
que no prolapso genital.
Os sinais e sintomas apresentados são sensação de peso ou desconforto, 
com sensação de uma “bola” na genitália externa, dispaurenia, sangramento 
pelo contato com roupa e disfunção sexual. Como na cistocele, os sintomas 
são aliviados ao deitar-se e pela manhã e pioram quando a mulher fi ca por 
muito tempo em pé. O prolapso da cúpula vaginal ou eritrocele pode acontecer 
durante o procedimento de histerectomia, ou outra cirurgia pélvica, através da 
redução das estruturas de suporte. Os sintomas são os mesmos apresentados 
pela cistocele e pelo prolapso uterino. A enterocele se dá quando o intestino 
delgado se desloca em direção à cúpula vaginal por conta de um defeito na 
fáscia endopélvica, colocando o peritônio em contato direto com a vagina. Ela 
também tem o seu aparecimento mais comum após a histerectomia.
O prolapso da parede posterior da vagina, denominado de retocele, acon-
tece quando o enfraquecimento da fáscia retovaginal e de seus pontos de 
fi xação próximos aos músculos elevadores do ânus, desencadeia a herniação 
do reto. Na retocele, também há lesão do centro tendíneo do períneo, que dá 
suporte suplementar para os órgãos do assoalho pélvico. Os sinais e sinto-
mas comumente apresentados são similares aos dos outros prolapsos, com 
a sensação de peso e desconforto na região da vagina, exteriorização de uma 
“bola” pela vagina, sangramento devido ao atrito com tecidos, dispaurenia, 
disfunção sexual e difi culdade durante a evacuação. E em algumas mulheres, 
a retocele pode ser assintomática.
Tratamento dos prolapsos urogenitais
O tratamento para os prolapsos urogenitais engloba uma série de fatores, vis-
to que os sintomas advindos dessas complicações afetam a saúde física e mental, 
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bem como a vida sexual e social, gerando consequências negativas impactantes 
na qualidade de vida das mulheres. O tratamento médico pode ser através de cor-
reções cirúrgicas, com o uso de técnica de implantes ou uso de telas, e o uso de 
medicamentos conforme a necessidade. O tratamento conservador, indicado nos 
casos mais leves e moderados, se aplica quando há educação em saúde sobre a 
importância de adoção de um estilo de vida saudável e da fisioterapia.
Em primeiro lugar, é necessário que o fisioterapeuta saiba quais os tipos de 
prolapsos, o compartimento afetado e o grau desse prolapso. Quanto ao grau, o 
fisioterapeuta se pauta na classificação dos estágios do prolapso segundo o POP-
-Q, a fim de padronizar a sua intervenção e contribuir para comparação entre os 
pacientes. Nos casos leves (estágio I) e em alguns casos moderados (estágio II), 
segundo a classificação do POP-Q, a fisioterapia também pode ser adotada, como 
preconizado por Palma (2009) em Aplicações clínicas das técnicas fisioterapêuticas 
nas disfunções miccionais e do assoalho pélvico.
Para que o fisioterapeuta trace a sua conduta, ele faz uma detalhada anamne-
se englobando idade, número de gestações e partos, cirurgias, medicamentos em 
uso, doenças diagnosticadas pelo médico, hábitos de vida e o que acreditar ser 
pertinente para o tratamento. No exame visual da região acometida, verifica se há 
presença de cicatrizes, edemas e escoriações, além da coloração da pele da região 
da genitália e da avaliação da musculatura do assoalho pélvico. Os objetivos do 
tratamento fisioterapêutico para os prolapsos urogenitais aumentam a força, a ri-
gidez e o suporte da musculatura do assoalho pélvico. Auxiliar na prevenção, para 
que esse prolapso não progrida para um estágio negativo mais avançado, sendo 
necessária a cirurgia, contribui para a melhora

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