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- -1 GESTÃO DE RISCOS FINANCEIROS RISCO: CONCEITOS BÁSICOS – DEFINIÇÃO E TIPOS DE RISCO - -2 Olá! Nesta aula você irá iniciar o estudo de Gestão de Riscos Financeiros buscando compreender os principais objetivos das instituições que necessitam de um gerenciamento de riscos, como os bancos, por exemplo, e qual a importância desse estudo dentro do contexto da economia brasileira. Ao fim desta aula, você será capaz de: 1- Compreender as principais formas de risco; 2- Analisar a importância e o funcionamento da gestão de risco para as empresas; 3- Avaliar como o processo de gestão de riscos está inserido no dia a dia de uma empresa. Nos últimos anos os administradores passaram a ficar mais atentos ao fato de que suas empresas poderiam ser atingidas por riscos que fogem ao seu controle. Em alguns casos, mudanças bruscas em variáveis financeiras e econômicas, dentre elas taxa de câmbio e taxa de juros, trouxeram efeitos devastadores para suas estratégias corporativas e de performance da instituição. Muitas empresas, para tentar proteger-se desses riscos, lançam-se no mercado de derivativos, usando instrumentos como contratos futuros, opções e swaps os quais sem uma meta definida podem tornar-se muito perigosos. Estas empresas, mesmo envolvidas em um processo de gestão de risco, não possuem um conjunto claro de objetivos a serem usados em um sistema de controle de risco. - -3 O gerenciamento de risco pode ser visto como um processo pelo qual as várias exposições ao risco de uma empresa são detectadas, medidas e controladas. Ultimamente, o gerenciamento de risco financeiro tornou-se um instrumento indispensável na sobrevivência das atividades de uma instituição no mercado financeiro. O aumento da volatilidade nos mercados financeiros mundiais e o avanço da teoria financeira contribuíram enormemente para o aumento da demanda por produtos de gerenciamento de risco. O conhecimento da existência do risco não é suficiente para gerenciá-lo. A equipe encarregada de gerenciar o risco de uma instituição financeira deve saber o seu grau de exposição ao risco financeiro. A metodologia adotada deve ser aceita e assimilada em sua exatidão. Uma alternativa que pode ser adotada é a utilização do conceito do Value-At-Risk (Var), na qual consideramos os efeitos de diversificação e hedge, além de precisar os efeitos de não-linearidade, ocorridos em portfólios que contenham opções. Ressaltamos que a regulamentação dos Bancos Centrais de todo o mundo é baseada no modelo de cálculo do VaR. Antes de sua implementação, qualquer sistema de gerenciamento de risco tem que necessariamente identificar os tipos de risco que uma corporação financeira está exposta. Além disso, para atingirmos um bom gerenciamento de risco devemos ter um razoável investimento inicial em equipamentos, banco de dados e qualificação de pessoal. Um bom gerenciamento de risco agrega valor às corporações, tornando-as mais seguras assim como conhecedoras de sua situação frente ao risco, colocando-as assim em uma posição favorável frente às suas concorrentes. - -4 1 Definição – O que é exatamente risco? Podemos definir risco como sendo a volatilidade de resultados não esperados ou uma estimativa para as possíveis perdas de uma instituição financeira, devido às incertezas que envolvem suas atividades diárias. Sistema de Gerenciamento de Risco compreende o conjunto de pessoas, equipamentos, softwares, normativos, processos, metodologias e bancos de dados, utilizados para medir e controlar os riscos inerentes às atividades diárias de uma instituição. No mercado financeiro, usamos três conceitos muito importantes sobre investimento, são eles: risco, retorno e incerteza. O retorno pode ser entendido como medida numérica da apreciação do capital investido, ao final de um horizonte de tempo. Obviamente, existem incertezas ligadas ao retorno que se espera obter ao final do período de investimento. Chamamos de “risco” à avaliação numérica dessa incerteza. Resumindo, risco é a medida da incerteza em relação ao retorno esperado. Podemos resumir nos tipos de risco a seguir: Risco de negócio este tipo de risco é inerente ao negócio no qual a empresa ou pessoa está envolvida e se relaciona à inovação tecnológica, propaganda do produto, concorrência, legitimidade e legalidade, preço do produto, entre outros; Risco estratégico é aquele resultante de mudanças na economia, no ambiente político ou físico capaz de alterar as condições comerciais do mercado de atuação da indústria, não previstos quando da definição de objetivos, área de atuação, expansão dos negócios e tudo que diga respeito às decisões estratégicas de uma corporação. Além das características inerentes ao negócio, os planos estratégicos consideram também as condições de entorno (infraestrutura pública e ambientes físico, econômico e político); Risco econômico é aquele que afeta todos os agentes econômicos em um sistema, ao mesmo tempo, independente do setor de indústria e da estratégia de atuação desses agentes. Assim como o risco estratégico, o econômico também está vinculado às condições econômicas do entorno, tais como política econômica dos governos, eventos políticos, tratados internacionais, crises econômicas globais ou locais, entre outras. Risco financeiro é aquele que está relacionado às possíveis perdas no mercado financeiro resultantes de movimentos em variáveis financeiras, como, por exemplo, taxa de câmbio, taxa de juros, entre outros. - -5 Para fins de estudo, há ainda a necessidade de abrir e detalhar melhor esses tipos de risco, em fatores, o que faremos nos capítulos seguintes. Para melhor entendermos o conceito de risco dentro do mercado financeiro, analisaremos a seguir um exemplo matemático de desenvolvimento de métrica de risco. Comecemos por nos preocupar com as variações de preço que um ativo pode ter, em um mercado qualquer, de um momento para outro, ou seja, instantaneamente. Vamos então chamar o preço no instante t de Pt. Podemos então supor que os preços variam com o passar do tempo, por diversos motivos: inflação, variações na relação entre oferta e demanda, elevações ou redução ou elevação nos custos operacionais e de produção, alterações nas normas técnicas, surgimento de novos tributos ou incentivos fiscais e muitos outros. Para restringir o estudo e elaborar um modelo matemático, vamos nos preocupar apenas com um ativo financeiro, sujeito a variações de preços decorrentes de diversos fatores, porém vamos modelar sua formação de preço considerando apenas a variável tempo. Assim, podemos dizer que o preço varia à medida que o tempo passa. Podemos estar falando aqui de qualquer tipo de preço: preço de uma ação, de um título público, de um índice de mercado ou de um índice de inflação etc. Denotemos por Pt (t ε R+) o processo que governa a evolução do preço de um ativo, que matematicamente lemos “Preço no instante t é função do tempo t e da variável R+”. Como estamos interessados em modelar a variação do preço devido à variação do tempo, podemos definir o processo de variação de preço por uma equação diferencial igual a: - -6 μ e σ são parâmetros, que poderíamos perfeitamente chamar de a e b, ou α e β ou quaisquer outros símbolo e ε representa o erro, que segue uma distribuição normal padrão. A formulação acima utiliza os conceitos de derivada, que em resumo permitem observar o comportamento de variações no valor de uma função, para um período infinitamente pequeno. Isso nos reporta ao conceito de variação instantânea, neste caso, variação instantânea do preço de um ativo. Para uma aproximação em um intervalo de tempo Δt, não mais infinitesimal, mas mensurável, podemos reescrever a equação como se segue: Uma das suposições necessárias para desenvolvimento de análise sob o ponto de vista estatístico é considerar que o valor esperado do erro é nulo, ou seja, na média não há erro. Isso caracteriza um processo estocástico. Dessa forma o valor esperado da variação unitária do preçodo ativo é igual a: Isto é, esperamos uma apreciação (variação) relativa de μ vezes a unidade de tempo para o preço do ativo que estamos analisando. Entretanto, não se pode ter certeza hoje de quanto será o preço Δt unidades de tempo à - -7 frente. Não podemos afirmar que este preço variou efetivamente μ Δt. Assim, estamos diante de uma incerteza associada à variação de preço do ativo durante intervalo de tempo Δt. O termo da equação que representa o erro em relação ao valor esperado é representado em nossa equação estatística por ε, que nesse caso em particular trata-se de um ruído branco ou simplesmente um conjunto de erros que não apresenta estrutura linear. Não podemos modelar esse erro e, portanto, nele reside a incerteza em relação ao preço após o intervalo de tempo Δt. O termo estocástico indica exatamente a existência desse termo, que é denominado erro estocástico. Se formos calcular a variância para a variação relativa do preço do referido ativo, iremos obter: Podemos ver que, enquanto o parâmetro μ está relacionado com o retorno esperado do ativo, o parâmetro σ relaciona-se com a incerteza associada à apreciação do preço do ativo. Em relação à equação 1, o parâmetro σ é chamado de volatilidade do preço de um ativo, sendo comum usar tal parâmetro para medida de risco. Esta forma de medição é muito usada, contudo ela avalia apenas o risco de mercado. Uma alternativa é utilizar o conceito de Value-At-Risk (VaR), que considera outros efeitos como a diversificação e hedge. Partindo das definições acima, pode-se definir risco como um problema de probabilidade, que pode ser medido por intermédio de processos estocásticos. A incerteza, no entanto, representa um conceito subjetivo o qual não pode ser medido diretamente. - -8 2 Pontos importantes Sistema de Gerenciamento de Risco – é o conjunto de pessoas, equipamentos, softwares, normativos, processos, metodologias e bancos de dados, utilizados para medir e controlar os riscos inerentes às atividades diárias de uma instituição. Risco é a medida de incerteza em ralação ao retorno esperado. Incerteza conceito subjetivo o qual não pode ser medido diretamente. Risco de negócio - inerente à atividade da empresa ou pessoa, depende das características próprias de um agente (empresa ou pessoa) e de fatores internos. Risco estratégico – representa a possibilidade de perdas decorrentes de possíveis mudanças nas condições que serviram de base para a definição das estratégias do agente (empresa ou pessoa). Risco econômico - afeta todos os agentes econômicos em um sistema, ao mesmo tempo, independente de suas características próprias. Risco financeiro - relacionado aos possíveis financeiros resultantes de movimentos em variáveis financeiras, como, por exemplo, taxa de câmbio, taxa de juros, entre outros. Retorno de um ativo – é a variação de preço desse ativo para um intervalo de tempo. Volatilidade – conceito relacionado à variação dos retornos de um ativo, medido pelo desvio padrão dos erros em relação ao valor esperado para esse retorno. Volatilidade está intimamente associada a risco. VaR – é uma medida alternativa para estimação do risco, muito utilizada em mercado de capitais. - -9 Intuitivamente, a variação dos resultados esperados, que também pode ser chamada de volatilidade, é uma medida que representa o risco de mercado. Trata-se de uma parte da incerteza que podemos estimar (medir) e gerir (administrar). O que vem na próxima aula • Risco das instituições financeiras; • Risco financeiro; • Fontes de risco de mercado. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Compreendeu a importância do gerenciamento de riscos na economia do país; • Apreendeu o que é risco; • Aprendeu os tipos de risco existentes em uma instituição financeira. • • • • • • Olá! 1 Definição – O que é exatamente risco? 2 Pontos importantes O que vem na próxima aula CONCLUSÃO