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A Democracia moçambicana

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4
Universidade católica de Moçambique
Instituto de Educação à Distância
Licenciatura em Ensino de História
Tema: A democracia Mocambiçana
Nome da estudante: Marta Manuel Baraca 
Código: 708235592 
Turma: C
Trabalho de carácter avaliativo do curso de Licenciatura em Ensino de História a ser entregue na Universidade Católica de Moçambique no Instituto de Educação á Distância na disciplina de História das Instituições Politicas I, leccionado pelo Tutor: Adamo Cassamo Juma
Cuamba, Agosto 2023
Índice
Introdução	3
Objectivos	3
Geral	3
Específicos	3
Metodologia	3
A democracia moçambicana	4
Conceito de democracia	4
Origem e história da democracia	4
Conceito de democracia moçambicana	5
Contextualização da democracia moçambicana	6
Surgimento do multipartidarismo em Moçambique	9
Características do sistema multipartidário moçambicano	10
A frelimo e o Estado de Direito em Moçambique	12
Afonso Dhlakama – Pai da democracia moçambicana?	13
Os desafios da democracia em Moçambique	14
Conclusão	18
Bibliografia	20
Introdução
O presente trabalho tem como tema a democracia moçambicana cujo tema leva em conta diversas abordagens que tentam explicar a origem da dita democracia moçambicana que para muitos começou após o alcance da independência nacional. No entanto, após o a proclamação da independência nacional foram adoptadas diversas medidas a nível político, económico, social e cultural. Porém, neste trabalho serão apresentadas as características do sistema multipartidário, a Frelimo e o Estado de direito em Moçambique, e será debatido a questão que diz respeito sobre o pai da democracia em Moçambique que terá como foco analisar se Afonso Dhlakama é ou não pai da democracia moçambicana e por fim serão apresentados os desafios que a democracia moçambicana enfrenta na actualidade.
Objectivos
Geral
· Compreender a democracia moçambicana.
Específicos
· Explicar o surgimento do multipartidarismo em Moçambique;
· Identificar as características do sistema multipartidário em Moçambique
· Conhecer o Estado de direito em Moçambique;
· Identificar os desafios da democracia em Moçambique.
Metodologia
Para a elaboração deste trabalho recorreu-se ao uso do método bibliográfico que consistiu na recolha das informações que dizem respeito a este tema acima supracitado em livros electrónicos. Para melhor compreender o conteúdo deste tema usou o método de comparação das fontes com vista a melhorar o discurso histórico.
A democracia moçambicana
Conceito de democracia 
Democracia é a institucionalização da liberdade. Ela aponta sempre para a maioria sem desprezar as minorias. O princípio de governo da maioria em momento algum se estabelece como um elitismo ou mero partidarismo, pois tem como principal função a protecção aos direitos humanos, assim como reconhece no indivíduo alguém capaz de se organizar e fundar suas estruturas de reivindicação, assegurando a mesma protecção legal para todos. Falamos de uma democracia liberal fundada sobre o ideal deliberativo e pluripartidário, com a protecção das minorias e das oposições, vinculada à opinião pública em função de valorizar as liberdades pessoais como valores superiores e prévios ao próprio direito positivo (Júnior, 2018, p. 13).
Origem e história da democracia
A origem da democracia nos vincula à cultura grega, lugar onde, pela primeira vez na história, o exercício democrático se fez presente. Os gregos a inventaram. Até então, não existia essa forma de governo, o que existia era o despotismo, ou pior, a tirania, aqueles governos em que a vontade do governante era o indicativo havia da vontade geral. Não havia democracia por que não existia o espaço público (Júnior, 2018, p. 19).
Na compreensão da própria palavra já identificamos seu sentido demo (povo), cracia (governo), ou seja governo do povo, para o povo. Este povo é o responsável pela manutenção do espaço público e pela ideia de civismo. Assim, o indivíduo torna-se cidadão, e a esta condição é agregada uma serie de valores. A cidadania é um valor absoluto com o qual o indivíduo defende com a própria vida. É o caso do filósofo Sócrates, que por força das suas convicções democráticas entrega-se ao decreto dos juízes, sendo levado à morte em função dos crimes que lhe acusaram. Ainda que inocente, cumpre as leis por considerá-las primordiais à saúde do Estado. A democracia grega vai ser representada em especial pelo grande governante Péricles (495/492 a.C. – 429 a.C.), responsável por valiosas conquistas culturais e políticas do período no classicismo. A Grécia fica na história como o berço da democracia, a fonte inspiradora de líderes e pensadores no decorrer de todos estes tempos (Idem).
Conceito de democracia moçambicana
A democracia Moçambicana pode ser definida de várias maneiras. Aqui estão algumas definições apresentadas por diferentes autore que podem ajudar a compreender o contexto democrático em Moçambique:
Na perspectiva de Cuco (2016), ʻʻa democracia moçambicana é um sistema político baseado na soberania popular, no qual os cidadãos têm o direito de escolher seus representantes e participar activamente na tomada de decisões políticas. Isso é alcançado por meio de eleições periódicas e do respeito aos direitos e liberdades fundamentaisʼʼ (p. 15).
Ao contrário do que foi defendido por Cuco (2016), Harrison (1996), defende que ʻʻa democracia moçambicana valoriza o pluralismo político, permitindo a existência de diversos partidos políticos e garantindo a competição justa e igualitária entre eles. Isso permite que os cidadãos tenham opções e possam expressar sua vontade por meio do votoʼʼ . (p. 12)
Diferenciando com o que foi dito pelos autores acima, Rocha (1990), argumenta que 
A democracia moçambicana é baseada no princípio do Estado de Direito, no qual ninguém está acima da lei e todos são iguais perante a lei. Isso garante a protecção dos direitos humanos, a justiça e a equidade no sistema legal e judicial. A democracia Moçambicana promove a participação activa e responsável dos cidadãos na vida política e social do país. Isso inclui o direito de se expressar livremente, participar de organizações da sociedade civil, manifestar pacificamente e contribuir para a formulação de políticas públicas (Rocha, 1990, p. 55).
A democracia Moçambicana valoriza a transparência e a prestação de contas por parte dos líderes políticos e instituições governamentais. Os cidadãos têm o direito de acessar informações públicas e fiscalizar o uso adequado dos recursos públicos. A democracia moçambicana é fundamentada no respeito pelos direitos humanos universais, incluindo a igualdade, a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, a liberdade de associação e a proteção contra a discriminação. A democracia moçambicana busca promover o desenvolvimento sustentável e inclusivo, garantindo o acesso igualitário aos recursos e oportunidades para todos os cidadãos. Isso inclui a redução da pobreza, a melhoria das condições de vida e a protecção do meio ambiente (Mbembe, 2018, p. 34).
Contextualização da democracia moçambicana
Segundo Sopa (2017), ʻʻa Democracia Moçambicana começou a surgir durante a transição política que ocorreu no país após a guerra pela independência e a consequente proclamação da independência de Moçambique em 1975ʼʼ (p. 43). 
Inicialmente, Moçambique adoptou um sistema político baseado no partido único, liderado pelo partido FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), que desempenhou um papel central na luta pela independência. Durante esse período, as decisões políticas eram tomadas pelo partido e o multipartidarismo não era permitido. No entanto, após a adopção de reformas internas dentro do partido FRELIMO, como resultado das pressões internas e externas, e com o fim da Guerra Civil em 1992, foi possíveliniciar um processo de abertura política em direção a uma democracia mais pluralista e multipartidária (Idem).
Em 1990, foi promulgada uma nova Constituição que estabeleceu as bases para a democracia em Moçambique. O multipartidarismo foi restaurado, permitindo a criação de novos partidos políticos e a realização de eleições livres e justas. Desde então, Moçambique tem realizado eleições regulares para escolher seus representantes políticos, incluindo o Presidente e a Assembleia da República. A democracia moçambicana tem sido marcada por progressos significativos, mas também por desafios e obstáculos no caminho para o pleno desenvolvimento democrático, como a superação de tensões políticas e a melhoria dos processos eleitorais (Rocha, 1990, p. 57)
A vida política moçambicana é fundamentalmente caracterizada por uma tensa entre a democratização e gestão de conflitos. Esta democratização que é baseada em instituições e procedimentos formais, tal como as eleições. A história impõe uma necessidade continua degestão de conflitos, baseada na construção informal. Esta tensão fundamental torna-se notóriadurante os processos eleitorais. Numa perspectiva comparativa internacional, Moçambique insere-se no que é geralmente caracterizado como a “terceira onda de democracia” ( Huntington 1991, p. 66). 
Elaborou-se um paradigma de transição para a democratização, em parte com base na experiencia, mas particularmente com base nas expectativas gerais. Este paradigma indica duma forma geral que a transição de uma forma autocrática de governação para a democracia atravessa três fases: abertura, catalisação e consolidação. Em Moçambique estas duas primeiras fases coincidiram com o processo de paz, e podemos considerar como a fase da abertura a aprovação de uma nova constituição (1990) e as negociações de paz. A implementação do Acordo Geral de Paz e as primeiras eleições multipartidárias constituem, de acordo com a lógica de transição, a fase de catalisação. O que restava era a consolidação da jovem democracia. Esta fase que não foi efectuada criando um fenómeno chamado “síndromas politicas” (Idem).
Sindromas politicas que manifesta-se por um lado, em um certo pluralismo incipiente onde existe uma certa regularidade das eleições, existe uma certa alternância, mas a participação popular é apenas restrita aos momentos eleitorais e muitas vezes temos elites corruptas. Por outro, manifestam-se em política de poder dominante em que há eleições regulares uma certa institucionalidade, “mas as instituições ainda não são muito fortes e muitas vezes temos um grupo que está no poder de forma indefinida e cria certos vícios das próprias instituições e no Estado”. Em Moçambique temos o caso do partido dominante e não temos alternância política, e onde não rege um multipartidarismo perfeito (Sopa, 2017, p. 45).
Moçambique tinha sido até então um exemplo de transição democrática, nos princípios de 1995, a comunidade internacional, que desempenhou um papel fundamental para conclusão próspera das primeiras duas fases, fez, em colaboração com o governo, uma avaliação de áreas de prioridade de democratização. As prioridades identificadas eram: o parlamento, eleições, o sector da justiça, a polícia e a identificação civil. Numa fase posterior acrescentou-se a media. Moçambique seguiu o modelo da democracia liberal do ocidente, seguiu o modelo durante o processo de paz, de uma maneira exemplar que país quase ficou identificado com isso (Idem).
O processo de democratização em Moçambique teve problemas na fase de consolidação como referido, estes problemas surgem tanto internamente com externamente. Internamente, a Renamo boicotou as eleições locais e rejeitou os resultados das segundas eleições gerais. Para estes a pratica parlamentar não era democrática, mas estava sujeita à ditadura da maioria. Os académicos lamentam a ausência de dialogo aberto, não só entre as forcas politicas mas também entre governantes e governados, alguns medias acusam a elite política de administrar negócios públicos de um modo neopatrimonial ou até mesmo de uma maneira expressamente corrupta ( Mazula 2000, p. 231).
Externamente, varias teorias da falha da democracia em Moçambique também surgiram, Alden culpa a comunidade internacional por falta de um compromisso substancial, afirma que o facto de os doadores trocarem a sua influencia por uma identificação com o sucesso moçambicano, isto é, o desejo do doador pelo sucesso colocou-o cada vez mais numa posição de cativo das exigências da situação moçambicana ( Alden, 2001, p. 110).
Para Weinstein (2002), ʻʻa atenção dada pelos doadores a processos eleitorais e capacitação institucional desviou a atenção das fraquezas estruturais do sistema político que surgiu do Acordo Geral de Paz de 1992ʼʼ (p. 155).
O mesmo autor acima, clama que Moçambique se arrisca a ficar entrincheirado num minimalismo democrático, notando pouco progresso em termos de democratização desde 1995. Desta forma, Moçambique já se encontra fora daquilo que são os processos para formação de Estado de direito democrático, formando uma sociedade onde as pessoas não tem fe, ou não acreditam na dita separação de poderes vendo os todos como o de uma pessoa. Onde a relação governados e governantes esta cada vez mas deficitária, e não há uma sociedade civil forte e apartidária (Idem).
Parece ser um sistema novo que se exprime em dois tipos de regimes: O “ pluralismo débil” neste a alternação de poder sem distúrbios é possível, mas a elite política está completamente desligada do cidadão. E a de “ política do poder dominante” neste um partido consegue ficar no poder mesmo depois da introdução de eleições multipartidárias e a linha de separação Estado e o partido é difusa, estes sistemas são direcções alternativas e não estágios no caminho para a democracia liberal, pelo que não podem ser classificadas como um ou outro tipo de democracia (Rocha, 1990, p. 59).
O autor acima supracitado, apresenta três razões para que o resultado da transição tenha sido diferente do esperado. Primeiro, porque há uma discrepância entre a democracia e desenvolvimento sócio-económico, isto é, em Moçambique não havia riquezas para serem distribuídas. Em segundo lugar, porque o desafio da construção do Estado foi frequentemente sub-estimado. Isto em relação não só à construção de instituições e de capacidade, mas também ao facto óbvio de o interesse fundamental dos detém o poder ser contrario aos requisitos de construção de uma democracia. Por ultimo, a terceira causa é a não existência de experiencia democrática previa. Formando-se assim um multipartidarismo de partido dominante, onde este pode até ter o controlo da comissão de eleições. O que não traz credibilidade as eleições dum Estado de direito que se pretende construir (Idem).
Surgimento do multipartidarismo em Moçambique 
Para Weinstein (2002), ʻʻas transformações políticas que o pais viria a ter iniciaram-se ainda na década de 1980. No entanto, a critica ao sistema político só viria a ocorrer aquando do 5º e 6º Congressos do Partido FRELIMO, em 1989 e 1991, respectivamenteʼʼ (p. 160).
A primeira proposta de alterações à Constituição moçambicana foi apresentada em 1988. Esta proposta tinha apenas que ver com pequenas mudanças no âmbito do sistema político existente. Em Janeiro de 1990 foi apresentada uma segunda proposta, muito mais abrangente. Ao mesmo tempo que decorriam os contactos entre beligerantes, em Roma, estas alterações constitucionais eram discutidas no país nos meios de comunicação e em reuniões nos locais de trabalho e instituições de todo o país (Idem).
Assim, com a nova Constituição, que entrou em vigor em 30 de Novembro de 1990, foi alterada a designação de República Popular de Moçambique para República de Moçambique, ao mesmo tempo que foi introduzido o multipartidarismo. A partir de agora, o cargo de presidente seria escolhido em eleições gerais. O presidente passava a ser eleito por períodos de Cinco anos e só poderia ser reeleito duas vezes. A nova Constituição alterou também a estrutura centralizadado Estado. Anteriormente, todos os órgãos políticos locais estavam sob a tutela das respectivas instituições provinciais e centrais. Estabeleceu-se então uma estrutura descentralizada, existindo dois processos de escolha diferentes: o primeiro diz respeito à escolha de deputados à Assembleia e de um presidente. O segundo consiste num sistema de eleições deve escolher as instituições locais soberanas na sua região. Este documento incluía também regras sobre a: liberdade de imprensa, o direito dos cidadãos à informação, o direito à greve, a liberdade religiosa, o princípio do mercado livre e da propriedade privada, reservando-se ao Estado o papel regulador e de promoção do bem-estar social (Weinstein, 2002, p. 162).
No mês seguinte, foi aprovada a Lei sobre os Partidos Políticos, a qual criou a base para a sua organização e actividades. Pela lei aprovada, os partidos deveriam ter uma abrangência nacional, não poderiam prosseguir uma política separatista ou ter a sua base assente em grupos regionais, étnicos, tribais, racistas ou religiosos. No seguimento destas mudanças constitucionais, ocorrem também outras alterações económicas e políticas, de modo a satisfazer as exigências das grandes instituições internacionais e outros doadores, bem como da própria RENAMO (Idem).
O sistema multipartidário em Moçambique é caracterizado pela presença de vários partidos políticos competindo de forma livre e justa nas eleições. Desde a introdução do multipartidarismo em 1994, após décadas de governo de partido único, o país tem experimentado uma dinâmica política pluralista. Actualmente, os principais partidos políticos em Moçambique incluem a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que tem sido o partido governante desde a independência do país em 1975, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido de oposição, e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), também representado no parlamento (Weinstein, 2002, p. 162).
A FRELIMO, como partido no poder, detém uma grande influência política, com uma base de apoio sólida nas zonas rurais e urbanas. A RENAMO, por sua vez, é um partido de oposição histórico, que lutou contra o governo da FRELIMO durante a guerra civil que durou desde a independência até 1992. O MDM, embora seja um partido mais recente, tem conseguido ganhar algum apoio principalmente nas áreas urbanas (Idem).
O sistema multipartidário moçambicano proporciona uma competição política saudável entre os partidos, permitindo que diferentes ideias, visões e propostas sejam apresentadas aos eleitores. No entanto, alguns desafios persistem, como a falta de acesso igual a recursos e financiamento para todos os partidos, o que pode influenciar a capacidade de competir em pé de igualdade. Ao longo dos anos, Moçambique tem enfrentado desafios para fortalecer ainda mais a democracia e garantir eleições livres e justas. A transparência eleitoral, a participação inclusiva e a fiscalização adequada são questões que requerem contínuos esforços para aprimorar o sistema multipartidário moçambicano (Rocha, 1990, p. 89).
Características do sistema multipartidário moçambicano
Na perspectiva de Sopa (2017), ʻʻo sistema multipartidário em Moçambique é caracterizado por vários partidos políticos concorrendo nas eleições e competindo pelo poder político. Algumas das principais características desse sistema são: pluralidade de partidos, eleições regulares, liberdade de associação política, governo de coalizão e fiscalização mútuaʼʼ (p. 54).
1. Pluralidade de partidos
O sistema multipartidário moçambicano é caracterizado pela pluralidade de partidos políticos. Isso significa que existem diferentes partidos que representam uma variedade de ideologias, interesses e pontos de vista dentro do cenário político de Moçambique. Essa diversidade partidária permite que os cidadãos tenham opções na hora de escolher seus representantes e expressar suas preferências políticas. Além disso, promove a concorrência política saudável, já que os partidos podem apresentar propostas e programas distintos, estimulando o debate democrático (Sopa, 2017, p. 57).
No sistema multipartidário moçambicano, os partidos políticos têm o direito de competir entre si nas eleições e buscar o apoio popular para alcançar cargos de poder, como a presidência ou o parlamento. O voto é uma forma de participação cívica fundamental nesse contexto, pois os eleitores têm a oportunidade de escolher os candidatos e partidos que melhor representam suas visões e prioridades. Além disso, o sistema multipartidário implica na autonomia dos partidos políticos em suas atividades internas, como a formação de lideranças, elaboração de plataformas políticas e tomada de decisões. Cada partido tem liberdade para definir sua estrutura, organização e estratégias, de acordo com as regras estabelecidas pela legislação eleitoral moçambicana (Idem).
2. Eleições regulares
O sistema multipartidário em Moçambique é caracterizado por eleições regulares, o que significa que ocorrem em intervalos predefinidos de tempo. Nesse sistema, existem vários partidos políticos legalmente reconhecidos que competem entre si nas eleições. Moçambique adoptou esse sistema após o término da guerra civil em 1992, implementando uma Constituição que garante a liberdade de associação política e permite a formação de diferentes partidos políticos. Além das eleições regulares, outras características do sistema multipartidário em Moçambique incluem a existência de liberdade de expressão e pluralismo político. Os partidos políticos têm a oportunidade de expressar suas opiniões e visões políticas e disputar eleições para assumir o controle do governo. A pluralidade de partidos políticos oferece aos eleitores uma escolha diversificada e a oportunidade de apoiar o partido que melhor representa seus interesses e ideais (Ferrão, 2002, p. 66).
3. Liberdade de associação política
O sistema multipartidário moçambicano possui várias características fundamentais. Uma das principais é a liberdade de associação política, que permite que os cidadãos de Moçambique se organizem livremente em diferentes partidos políticos. Isso significa que os indivíduos têm o direito de se reunir, formar e se afiliar a partidos políticos de sua escolha, expressando suas opiniões e participando activamente do processo político do país. Além disso, o sistema multipartidário moçambicano é baseado na competição entre diferentes partidos políticos que representam uma variedade de ideologias, visões e interesses. Essa competição é essencial para a promoção de um sistema democrático saudável, pois permite que os eleitores tenham opções alternativas ao escolher seus líderes e representantes (Sopa, 2017, p. 59).
4. Governo de coalizão
Uma das características distintivas do sistema multipartidário moçambicano é a formação de governos de coalizão. Isso ocorre quando nenhum partido político obtém a maioria absoluta nas eleições legislativas. Nesse cenário, os partidos políticos que conseguem representação no parlamento podem se unir em coalizões para formar um governo de maioria. O governo de coalizão é formado por diferentes partidos que compartilham o poder executivo. Nesse tipo de governo, os partidos colaboram e negociam para alcançar um consenso em relação às políticas públicas e decisões importantes para o país. As diferentes forças políticas têm representação no governo e influenciam as decisões tomadas. Essa característica reflecte a diversidade política e a importância da negociação e do diálogo na governança moçambicana. O governo de coalizão permite uma maior representatividade e inclusão política, facilitando a construção de consensos e a busca por soluções compartilhadas para os desafios enfrentados pelo país (Carvalho, 2017: 70).
5. Fiscalização mútua
Segundo Alfredo (2014), ʻʻno sistema multipartidário, os partidos políticos atuam como fiscalizadores uns dos outros. Partidos de oposição desempenham um papel crítico na supervisão do governo, questionando suas acções e políticas. Isso ajuda a promover a transparência, a prestaçãode contas e a prevenção do abuso de poderʼʼ (p. 54).
Sob ponto de vista da autora que desenvolveu este trabalho, acrescenta dizendo que em resumo, o sistema multipartidário moçambicano é caracterizado por uma variedade de partidos políticos, eleições regulares, liberdade de associação política, formação de coalizões e um sistema de fiscalização mútua entre os partidos. Essas características são fundamentais para a democracia e a participação política do povo moçambicano.
A frelimo e o Estado de Direito em Moçambique
Segundo Sopa (2017), ʻʻa FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) é um partido político moçambicano que desempenhou um papel significativo durante a luta pela independência do país. Após a independência, a FRELIMO tem sido o partido no poder em Moçambique desde 1975ʼʼ (p. 150).
O Estado de Direito é um princípio fundamental de governança democrática que visa garantir que todas as pessoas no país sejam governadas por leis justas e imparciais. Ele estabelece que ninguém está acima da lei e que governo e cidadãos devem respeitar e obedecer às leis do país. No contexto de Moçambique, a relação entre a FRELIMO e o Estado de Direito tem sido objecto de debate e crítica ao longo dos anos. Embora a Constituição de Moçambique estabeleça o princípio do Estado de Direito, há desafios na sua implementação efectiva (Idem).
Críticos apontam que, em alguns casos, a FRELIMO pode ter exercido influência e controle excessivo sobre instituições do Estado, como o poder judiciário e as forças de segurança, comprometendo a independência e a imparcialidade dessas instituições. No entanto, é importante ressaltar que Moçambique tem feito progressos significativos na promoção do Estado de Direito nos últimos anos. Houve avanços na protecção dos direitos humanos, no fortalecimento das instituições democráticas, na promoção da transparência e na luta contra a corrupção Além disso, a sociedade civil em Moçambique tem desempenhado um papel vital na vigilância do Estado de Direito, pressionando por accountability e responsabilização tanto do governo quanto da FRELIMO (Rocha, 1990, p. 190).
Sob ponto de vista da autora que desenvolveu este trabalho, compreendeu em poucas palavras que a relação entre a FRELIMO e o Estado de Direito em Moçambique é complexa e multifacetada. Embora desafios existam, o país tem feito esforços para fortalecer as instituições democráticas e garantir o respeito pelos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos. A implementação efectiva do Estado de Direito requer um compromisso contínuo de todas as partes interessadas, incluindo a FRELIMO, para fortalecer ainda mais as instituições, promover a transparência e garantir a independência do poder judiciário.
Afonso Dhlakama – Pai da democracia moçambicana?
Afonso Macacho Marceta Dhlakama (Mangunde, Sofala, 1 de Janeiro de 1953 —Gorongosa, e morreu 3 de Maio de 2018), foi um político e militar revolucionário e líder da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana), o principal partido político da oposição em Moçambique. Afonso Dhlakama foi ex-vice-presidente da Internacional Democrata Centrista, uma associação internacional, fundada em 1961 e sediada em Bruxelas, da qual a RENAMO é membro. Afonso Dhlakama foi casado com Rosária Xavier Mbiriakwira Dhlakama e teve oito filhos (Brito, 2019, p. 55).
Em 1974, após a Revolução do 25 de abril em Portugal e, consequentemente, o fim da guerra colonial, o jovem Dhlakama ingressou na FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique). No entanto, pouco tempo depois abandonou esse movimento para se tornar, em 1976, um dos fundadores da RNM (Resistência Nacional de Moçambique), um movimento armado criado com o apoio do regime minoritário da então Rodésia do Sul. Após a morte do primeiro presidente,André Matsangaíssa em combate, e depois de uma luta pela sucessão, Dhlakama tornou-se presidente deste movimento de oposição ao regime, que se começou a designar RENAMO. A guerra civil em Moçambique, que envolvia a FRELIMO (no Governo), e a RENAMO (na oposição), durou 16 anos, durante os quais Dhlakama se manteve a liderar a guerrilha. Em 1984 a República Popular de Moçambique, sob o governo da FRELIMO, e a República da África do Sul, sob o regime minoritário da Apartheid, assinaram o Acordo de Nkomati que previa que cada país acabasse com o apoio aos movimentos armados de oposição do outro e assim eventualmente terminar com a guerra, mas o acordo fracassou (Idem).
Respondendo a questão que esta acima, constituí verdade dizer que Afonso Dhlakama é pai da democracia moçambicana porque antes Moçambique estava independente mas não tínhamos liberdade e nem democracia. Foi o Afonso Dhlakama que nos libertou destes males. Se hoje estamos aqui a falar e existe neste país a liberdade de opinião, de expressão e de manifestação e temos uma democracia multipartidária, foi graças a coragem e determinação deste homem, ou seja, podemos dizer que a democracia que foi implementada neste país foi graças ao Afonso Dhlakama. E se não fosse Dhlakama a lutar por isso, acredita-se que em Moçambique não existíria democracia, liberdade de expressão e o multipartidarismo.
Os desafios da democracia em Moçambique
Na visão de Sopa (2017), ʻʻa democracia em Moçambique enfrenta vários desafios que afetam a consolidação do sistema político e a garantia dos direitos e liberdades fundamentais. Alguns desses desafios incluem: pobreza e desigualdade, corrupção, acesso limitado à educação, conflitos políticos e étnicos, fragilidade institucional e participação cívica limitadaʼʼ (p. 189).
1. Pobreza e Desigualdade 
A democracia em Moçambique enfrenta uma série de desafios, sendo dois deles a pobreza e a desigualdade. Esses problemas representam obstáculos significativos para o desenvolvimento político, económico e social do país. A pobreza é um desafio que afecta a maioria da população moçambicana. Muitas pessoas vivem em condições precárias, com falta de acesso a serviços básicos como saúde, educação, água potável e saneamento. A pobreza extrema tem um impacto negativo na participação cidadã e na capacidade das pessoas de exercerem seus direitos políticos e económicos. A desigualdade também é um desafio importante em Moçambique. Existem disparidades significantes de renda e oportunidades entre grupos sociais, regiões e áreas urbanas e rurais. A falta de igualdade de acesso a recursos e oportunidades limita o potencial de desenvolvimento do país e gera tensões sociais. Além disso, a corrupção e má governança também exacerbam tanto a pobreza quanto a desigualdade em Moçambique. A má gestão dos recursos públicos e a falta de transparência institucional dificultam o combate à pobreza e a promoção de políticas equitativas (Sopa, 2017, p. 192).
Para superar esses desafios, é necessário um esforço conjunto de diferentes atores, incluindo o governo, sociedade civil e comunidade internacional. É preciso investir em programas de redução da pobreza, promover a inclusão social, melhorar o acesso a serviços básicos e combater a corrupção. Além disso, é fundamental fortalecer as instituições democráticas, garantir a participação cidadã efectiva e promover uma distribuição mais justa da riqueza e oportunidades. A superação desses desafios requer um compromisso contínuo para fortalecer os pilares da democracia, promover a justiça social e garantir que todos os cidadãos moçambicanos tenham acesso igualitário aos direitos e oportunidades oferecidos por um sistema democrático saudável (Idem).
2. Corrupção
A corrupção é um dos grandes desafios enfrentados pela democracia em Moçambique. Como em muitos outros países ao redor do mundo, a corrupção mina a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas e prejudica o desenvolvimento económico e social do país. Um dos desafios é a falta de transparência. A falta de prestação de contas e o sigilo envolvendo os processos de tomada de decisão do governo criam oportunidades para práticas corruptas. Isso inclui desde desvios de verba pública até subornos em troca de favores políticos (Rocha, 1990, p. 169)
Outro desafio é aimpunidade. A corrupção muitas vezes não é devidamente investigada, levando a uma sensação de impunidade entre os envolvidos. A falta de punição efectiva para os corruptos perpetua um ciclo vicioso em que a corrupção se torna cada vez mais comum. Além disso, a falta de uma cultura de ética e integridade também contribui para os desafios da democracia moçambicana. A corrupção muitas vezes é vista como algo aceitável ou mesmo necessário para se obter benefícios pessoais. Isso dificulta os esforços para combater a corrupção e promover uma governanção transparente e responsável (Idem).
Para enfrentar esses desafios, é fundamental fortalecer as instituições democráticas, como o sistema judiciário e os órgãos de controle e fiscalização. É necessário investir em mecanismos de transparência e prestação de contas, e promover uma cultura de ética e integridade desde a educação básica até os altos escalões do governo. Além disso, é importante envolver a sociedade civil e os cidadãos no processo de combate à corrupção, incentivando a denúncia de casos de corrupção e promovendo a participação activa na vida política e social do país (Brito, 2019, p. 60).
Na visão da autora que desenvolveu este trabalho compreendeu em poucas palavras que a corrupção representa um grande desafio para a democracia moçambicana. Superar esse desafio requer um esforço conjunto de fortalecimento institucional, promoção da transparência e da responsabilidade, e uma mudança de mentalidade em relação à ética e integridade. Somente assim será possível construir uma democracia saudável e próspera em Moçambique.
3. Acesso limitado à educação
Um dos principais desafios enfrentados pela democracia em Moçambique é o acesso limitado à educação. Isso significa que muitos cidadãos moçambicanos não têm acesso igualitário à educação de qualidade, o que dificulta sua participação plena e efectiva na vida política e na tomada de decisões democráticas. Existem várias razões para esse acesso limitado à educação em Moçambique. Uma delas é a falta de infraestrutura adequada, como escolas bem equipadas e professores qualificados, especialmente em áreas rurais e remotas. Além disso, a pobreza e a desigualdade económica também contribuem para a dificuldade de acesso à educação, pois muitas famílias simplesmente não podem arcar com os custos relacionados à educação, como material escolar e taxas de matrícula (Weinstein, 2002, p. 170).
Outro desafio é a baixa taxa de alfabetização em Moçambique. A falta de habilidades de leitura e escrita dificulta o engajamento efectivo dos cidadãos na esfera política e dificulta sua capacidade de compreender e analisar informações relevantes para a tomada de decisões informadas. Além do acesso limitado, a qualidade da educação também é uma questão importante. A falta de investimento adequado na formação de professores, currículos actualizados e materiais didácticos de qualidade compromete a eficácia da educação moçambicana. Isso afecta negativamente a preparação dos cidadãos para participar activamente da democracia, limitando seu conhecimento sobre seus direitos e deveres, assim como a compreensão dos processos políticos (Idem).
Para enfrentar esses desafios, é necessário um compromisso político para aumentar o investimento na educação e melhorar sua qualidade em Moçambique. Isso inclui a alocação de recursos adequados para a construção de escolas, a formação e valorização dos professores, além do desenvolvimento de currículos relevantes e modernos. Também é importante promover programas de alfabetização para adultos e incentivar a participação da sociedade civil na melhoria do sistema educacional. Ao superar o acesso limitado à educação em Moçambique, a democracia moçambicana terá a oportunidade de se fortalecer, garantindo que todos os cidadãos tenham as habilidades, conhecimentos e capacidades necessárias para participar efectivamente na tomada de decisões democráticas e colaborar no desenvolvimento do país (Huntington 1991, p. 77).
4. Conflitos políticos e étnicos
A democracia em Moçambique enfrenta vários desafios, especialmente no que diz respeito a conflitos políticos e étnicos. Esses desafios têm impacto directo na estabilidade do país e no desenvolvimento da governança democrática. Os conflitos políticos são frequentes em Moçambique e muitas vezes estão relacionados com desacordos entre os diferentes partidos políticos e as suas lideranças. A competição pelo poder político pode resultar em confrontos violentos, dificultando a consolidação da democracia e afectando a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas (Cuco, 2016, p. 65).
Além disso, os conflitos étnicos também têm sido uma preocupação persistente em Moçambique. O país é étnica e culturalmente diverso, o que pode levar a tensões e rivalidades entre diferentes grupos étnicos. Esses conflitos muitas vezes envolvem disputas por recursos naturais, terras e acesso a serviços básicos, resultando em deslocamentos forçados e violência. Para superar esses desafios, é fundamental fortalecer as instituições democráticas em Moçambique e promover o diálogo inclusivo entre os diferentes atores políticos e étnicos. Isso requer o reforço do estado de direito, a promoção dos direitos humanos e a criação de mecanismos eficazes de resolução de conflitos (Harrison, 1996, p. 88). 
Além disso, é importante investir na educação cívica e no fortalecimento da sociedade civil, a fim de empoderar os cidadãos e promover a participação política activa. Também é fundamental promover o respeito pela diversidade étnica e cultural, incentivando a tolerância, a compreensão mútua e o respeito pelos direitos de todos os grupos étnicos. Somente através de esforços conjuntos e políticas abrangentes será possível superar os desafios da democracia em Moçambique e construir uma sociedade mais justa, inclusiva e democrática (Idem).
5. Fragilidade institucional
A democracia moçambicana enfrenta diversos desafios, e a fragilidade institucional é um dos mais significativos. A fragilidade institucional refere-se à falta de robustez, transparência e eficácia das instituições governamentais, como o poder executivo, legislativo e judiciário, assim como outros órgãos que desempenham funções essenciais para a democracia. Um dos principais desafios é a falta de separação de poderes efectiva, na qual algumas instituições são influenciadas ou controladas pelo poder executivo, comprometendo a independência e a imparcialidade necessárias para um sistema democrático saudável. Isso pode levar à concentração excessiva de poder e à falta de prestação de contas. Além disso, a corrupção é outra importante forma de fragilidade institucional enfrentada pela democracia moçambicana (Alden, 2001, p. 120).
Para superar esses desafios, é fundamental fortalecer as instituições democráticas por meio de reformas institucionais, promovendo a separação efectiva de poderes, a transparência, a prestação de contas e a justiça. É necessário também investir na formação e capacitação dos servidores públicos, bem como no fortalecimento da sociedade civil e da participação cidadã. Medidas efectivas de combate à corrupção e a criação de mecanismos de responsabilização também são essenciais para fortalecer a democracia moçambicana (Idem).
6. participação cívica limitada
Um dos principais desafios enfrentados pela democracia em Moçambique é a limitada participação cívica. Isso se refere à dificuldade que os cidadãos têm de se envolver activamente no processo político e expressar suas opiniões de forma livre e segura. Existem várias razões que contribuem para essa limitação. Para enfrentar esses desafios, é necessário um esforço conjunto de governos, sociedade civil e comunidade internacional. É fundamental investir na educação cívica e na conscientização dos cidadãos sobre seus direitos e responsabilidades democráticos (Alfredo, 2014, p. 97).
 Além disso, é preciso fortalecer as instituições democráticas, garantindo a transparência, a independência e a responsabilidade dos representantes políticos. Para enfrentar esses desafios,é necessário um esforço conjunto de governos, sociedade civil e comunidade internacional. É fundamental investir na educação cívica e na conscientização dos cidadãos sobre seus direitos e responsabilidades democráticos. (Idem).
Conclusão
Esta é a parte final deste trabalho, do trabalho concluiu-se que a democracia moçambicana começou a surgir durante a transição política que ocorreu no país após a guerra pela independência e a consequente proclamação da independência de Moçambique em 1975, mas, Inicialmente, Moçambique adoptou um sistema político baseado no partido único, liderado pelo partido FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), que desempenhou um papel central na luta pela independência. Durante esse período, as decisões políticas eram tomadas pelo partido e o multipartidarismo não era permitido. No entanto, após a adoção de reformas internas dentro do partido FRELIMO, como resultado das pressões internas e externas, e com o fim da Guerra Civil em 1992, foi possível iniciar um processo de abertura política em direção a uma democracia mais pluralista e multipartidária.
A respeito do surgimento do multipartidarismo em Moçambique, concluiu-se que o sistema multipartidário em Moçambique surge após a guerra civil entre a Frelimo e a Renamo, onde a Renamo ainda era vista como movimento guerrilheiro e a Frelimo como libertadora da pátria. Quanto as características do sistema multipartidário em Moçambique concluiu-se que podem ser as seguintes: pluralidade de partidos, eleições regulares, liberdade de associação política, governo de coalizão e fiscalização mútua.
No que diz respeito a Frelimo e o Estado de direito em Moçambique concluiu-se que o Estado de Direito é um princípio fundamental de governança democrática que visa garantir que todas as pessoas no país sejam governadas por leis justas e imparciais. Ele estabelece que ninguém está acima da lei e que governo e cidadãos devem respeitar e obedecer às leis do país. No contexto de Moçambique, a relação entre a FRELIMO e o Estado de Direito tem sido objecto de debate e crítica ao longo dos anos. Embora a Constituição de Moçambique estabeleça o princípio do Estado de Direito, há desafios na sua implementação efectiva.
 Enfim, no que diz respeito aos desafios da democracia em Moçambique concluiu-se que podem ser os seguintes desafios: pobreza e desigualdade, corrupção, acesso limitado à educação, conflitos políticos e étnicos, fragilidade institucional e participação cívica limitada.
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