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Paradigma da inovação e a teoria da 
complexidade
Apresentação
A teoria da complexidade vem sendo escrita a muitas mãos, desde as décadas iniciais do século XX. 
Foi impulsionada pela Primeira e Segunda Guerras Mundiais, quando a capacidade do homem em 
evoluir a partir da ciência tornou-se incerta e insegura, devido às barbáries cometidas e aos 
atentados contra a vida e a sua própria humanidade. Assim, foi necessário repensar os modelos 
predominantes na ciência, rompendo com o paradigma da razão cartesiana-newtoniana e propondo 
uma visão mais plena e holística sobre o pensar (gnose) e sobre a própria trajetória humana 
(ontologia). Correntes de pensamento inovador surgem em vários campos da ciência, propondo o 
holismo, a visão sistêmica, a interdependência entre as partes, a ênfase no todo e seus aspectos 
contextuais. Elas ressaltam que a desordem e a contingência caminham ao lado da ordem e da 
certeza e propõem formas de considerar os antagônicos nesse processo de racionalidade. O 
conjunto desses fatos e mudanças no mundo inspirou o pensador contemporâneo Edgar Morin a 
elaborar a teoria da complexidade, que procura traçar novos entendimentos, aplicáveis à educação 
escolar, para que se possa preservar a existência como ser humano e ser capaz de exercer o 
pensamento, a criatividade e a inovação a favor do mundo global.
Nesta Unidade de Aprendizagem, serão abordados os aspectos contextuais e genealógicos do 
surgimento da teoria da complexidade, analisando suas características principais. Você também vai 
aprender sobre as formas como esse novo paradigma se aplica na área da educação escolar, 
podendo modificar o rumo das práticas pedagógicas.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar o contexto histórico da teoria da complexidade.•
Diferenciar os principais conceitos da teoria da complexidade.•
Discutir a teoria da complexidade no contexto da educação contemporânea.•
Desafio
A teoria da complexidade rompe com os preceitos do paradigma reducionista cartesiano que 
propunha a divisão do todo em partes para que, por meio destas, a totalidade fosse conhecida. 
Assim, os fenômenos e o ser humano deveriam ser estudados de forma holística, sistêmica e 
interdependente. A racionalidade e a subjetividade seriam consideradas nas interações e na 
organização, que, necessariamente, passa pelos estágios da ordem e da desordem.
 
Você é o coordenador pedagógico da escola e deve, baseado nos conceitos da teoria da 
complexidade, aconselhar Fernanda sobre sua atitude.
Infográfico
Foram vários os aspectos contextuais que colaboraram para que a teoria da complexidade fosse 
elaborada, se opondo ao paradigma do reducionismo proposto por Descartes, Newton e Bacon, 
que forneceu as bases da ciência moderna. A teoria da complexidade alia as ideias da holística, do 
pensamento sistêmico e da cibernética para propor uma nova epistemologia e ontologia que sirva 
ao ser humano contemporâneo em sua condição global e interplanetária.
Neste Infográfico, você vai conhecer alguns dos principais aspectos contextuais da emergência da 
teoria da complexidade.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/7e2664ba-8ebc-4592-b28d-dba7b08b0b6c/011e077b-550e-49dc-9016-abb458dfeb7d.jpg
Conteúdo do livro
O antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar Morin formulou a teoria da complexidade ao final 
do século XX. Essa teoria consiste em uma mudança radical no paradigma cartesiano e propõe que 
a forma como se pensa e a trajetória da humanidade até a contemporaneidade devem ser revistas. 
Nessa mudança, deve-se considerar o complexo, a desordem, a aleatoriedade e a incerteza como 
fatos que ocorrem juntos, de forma simultânea e complementar, para que as coisas venham a 
ocorrer e para que as pessoas tornem-se humanas. Inspirado nas correntes de pensamento de 
várias áreas das ciências ao longo do século XX, como o holismo, a teoria dos sistemas e as teorias 
dos jogos, caos e contingência, Morin propõe um modelo globalizante, no qual o homem e os 
fenômenos são considerados de forma plena, envolvendo questões contextuais/ambientais e 
enfatizando a importância dos cuidados globais e planetários.
No capítulo Paradigma da inovação e a teoria da complexidade, da obra Teoria da Educação, você 
vai aprender sobre as bases que forneceram subsídios e condições para que a teoria da 
complexidade fosse proposta. Você ainda vai conhecer seus fundamentos e aplicabilidade nas 
escolas, que poderão contribuir para a construção desse modelo de homem necessário e urgente 
para a sociedade contemporânea.
Boa leitura.
TEORIA DA 
EDUCAÇÃO
Pablo Rodrigo Bes
Paradigma da inovação e 
a teoria da complexidade
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Identificar o contexto histórico da teoria da complexidade.
 Diferenciar os principais conceitos da teoria da complexidade.
 Discutir a teoria da complexidade no contexto da educação
contemporânea.
Introdução
A teoria da complexidade começou a ser traçada a partir das duas grandes 
guerras mundiais. Naquele período, foi necessário rever o avanço do conhe-
cimento humano, que havia culminado em barbáries e genocídios. Assim, 
procurando abordar os aspectos gnósticos e ontológicos, novas teorias 
emergiram de diversas áreas das ciências. Tais teorias propunham o entendi-
mento do ser humano de forma mais holística e a superação do paradigma 
da ciência cartesiana predominante na época. Pontuava-se a incerteza, a 
imprevisibilidade, o caráter aleatório e a desordem da formação dos eventos 
que compõem a vida e, consequentemente, as organizações sociais.
Entre essas correntes de pensamento, destacam-se: a gestalt, a psi-
cologia, a teoria dos sistemas e a biologia, que logo se inseriram na 
administração das organizações. Além disso, destacam-se inúmeros 
modelos matemáticos e físicos, como a teoria dos jogos, a teoria da con-
tingência e a teoria do caos, que procuraram romper com o paradigma 
do reducionismo, propondo uma forma mais abrangente e complexa de 
entender os fenômenos a partir do seu todo. A teoria da complexidade 
se consolidou ao final do século XX, propondo novos caminhos para a 
educação do século XXI, global e interplanetária. Tal educação precisa 
formar os jovens para atuarem em um cenário dinâmico, instável, inse-
guro e incerto, produzindo as inovações e os modelos necessários para 
a continuação da vida na Terra.
Neste capítulo, você vai ler sobre os aspectos contextuais que possi-
bilitaram a formulação da teoria da complexidade. Além disso, você vai 
conhecer os principais conceitos estruturantes dessa teoria e ver como 
ela se aplica à educação contemporânea.
1 A teoria da complexidade: contexto histórico
A teoria da complexidade encontra condições para sua emergência a partir de 
uma contestação levada a cabo por diferentes campos científi cos, como fi losofi a, 
psicologia, sociologia, biologia, economia, administração e pedagogia. Esses 
campos procuravam lançar um olhar diferente para a operação do conhecimento 
e do pensamento (gnose), bem como para os efeitos de tais elementos na vida 
dos sujeitos, subjetivando-os (ontologia). Dessa forma, embora a teoria da 
complexidade tenha sido amplamente difundida nas duas últimas décadas, 
seu surgimento remonta a meados do século XX, quando começa a entrar em 
contradição e descrença o paradigma moderno. Tal paradigma pode ser, nesse 
caso, considerado simplifi cador, por defender que a evolução ocorre de forma 
ordenada, rígida, infl exível, segura, progressiva e determinada infalivelmente 
pela ciência, noções que são heranças do Positivismo e do Iluminismo.
A teoria da complexidade propõe uma nova visão da realidade, que se baseia 
“[...] na consciência do estado de inter-relação e interdependência essencial de 
todos os fenômenos — físicos, biológicos,psicológicos, sociais e culturais. 
Essa visão transcende as atuais fronteiras disciplinares e conceituais e será 
explorada no âmbito de novas instituições [...]” (CAPRA, 2003, p. 259). Ou 
seja, quebram-se as lógicas do pensamento proposto por Descartes, Bacon e 
Newton, com a fragmentação dos saberes que levaria ao entendimento dos 
fenômenos a partir do espectro do método científico. Ademais, propõem-
-se novos elementos, muitas vezes contraditórios e contingenciais, que se 
combinam na produção da realidade e devem ser igualmente considerados.
As ideias que constituem a teoria da complexidade foram renovadas no 
Brasil por meio da obra do pesquisador francês Edgar Morin (1921–). Ele pro-
curou capturar os traços principais dessa teoria, constituindo uma teorização 
amplamente aplicável aos campos organizacionais e à educação, sobretudo 
em relação aos termos da estratégia e da inovação. A seguir, veja quais são 
os principais elementos que compõem o contexto histórico do surgimento do 
paradigma da complexidade (CAPRA, 2003; KIMURA; PERERA; LIMA, 
2010):
Paradigma da inovação e a teoria da complexidade2
  gestalt;
  holismo;
  teoria geral dos sistemas;
  cibernética;
  teoria da contingência;
  teoria dos jogos;
  teoria da informação;
  teoria do caos.
A psicologia da gestalt, também conhecida como “psicologia da forma”, 
surge em meados do século XX, após a Primeira Guerra Mundial, em oposição 
à psicologia atomista predominante. Esta considerava que o conhecimento 
do todo só era possível a partir de sua decomposição em partes. A gestalt 
propõe o inverso: só é possível conhecer as partes a partir do todo, tradu-
zindo as relações de interdependência e complementaridade existentes entre 
os componentes. Seus autores principais foram Kurt Koffka (1886–1941), 
Wolfgang Köhler (1887–1967), Max Wertheimer (1880–1943) e Fritz Perls 
(1893–1970). Veja como Perls, Hefferline e Goodman (1997, p. 36) resumem 
as ideias principais da gestalt:
O maior valor da abordagem gestáltica está, talvez, na compreensão de que 
o todo determina as partes, o que contrasta com a suposição anterior de que 
o todo é meramente a soma total de seus elementos. A situação terapêutica, 
por exemplo, é mais do que somente uma ocorrência estatística de um médico 
mais um paciente. É um encontro entre médico e paciente. O médico não será 
um bom terapeuta se for rígido e insensível às necessidades específicas de 
uma situação terapêutica que está sempre mudando.
Essa visão holística, que leva ao entendimento de que as partes componentes 
devem ser consideradas em sua totalidade, na sua relação sinérgica com o todo, 
foi perseguida por intelectuais de várias áreas. Entre eles, está Jan Christian 
Smuts (1870–1950), primeiro-ministro da África do Sul, que em 1926 lançou 
seu livro Holismo e evolução. Nessa obra, ele vai ao encontro das ideias da 
gestalt, propondo que os homens “[...] tem que encontrar uma expressão nova 
e mais completa para as grandes unidades de salvação [...]” (SMUTS, 1927, 
p. v). O holismo também foi muito difundido por meio das ideias de Pierre 
Weil (1924–2008), em que a ênfase se volta para as relações humanas e para 
a vida em sua completude.
3Paradigma da inovação e a teoria da complexidade
A gestaltpedagogia foi proposta por Hilarion Petzold (1944–) em 1970. Petzold procura 
entender a relação entre professor e aluno e o processo de aprendizagem dos estudan-
tes de forma mais globalizada e holística. Ele considera o aluno um ser complexo, dotado 
de cognição e subjetividade, de modo que o meio e as relações são essenciais para 
que aprenda e evolua. Esses princípios foram assumidos e defendidos por intelectuais 
das correntes pedagógicas liberais e progressistas.
A teoria geral dos sistemas foi proposta por Ludwig von Bertalanffy 
(1901–1972) em suas obras produzidas entre 1950 e 1968. Nelas, ele defende 
a integração entre as ciências naturais e sociais, buscando uma unidade da 
ciência. Assim, emerge o conceito de sistema aberto, no qual as partes são 
intercambiáveis entre si, com o ambiente e com outros sistemas, contrapondo-se 
à visão reducionista cartesiana. A teoria geral dos sistemas inspirou intelectuais 
das ciências exatas e sociais a produzirem modelos matemáticos voltados ao 
entendimento dos sistemas abertos e do seu funcionamento, considerando 
também os aspectos contingenciais envolvidos nas organizações.
A seguir, você vai conhecer algumas das teorias que foram impulsionadas 
por se aliarem às noções de complexidade, holismo e sistema (CHIAVENATO, 
1993; FIEDLE-FERRARA; PRADO, 1994; GRAMIGNA, 2007).
  Cibernética: foi criada pelo matemático Norbert Wiener entre os anos 
de 1943 e 1947. É vista como a ciência destinada a estabelecer relações 
entre as várias ciências: tanto preencheria os espaços vazios interdis-
ciplinares não pesquisados por nenhuma ciência como permitiria que 
cada ciência utilizasse em seu desenvolvimento os conhecimentos das 
demais ciências.
  Teoria da contingência: enfatiza que não há nada de absoluto nas 
organizações ou na teoria administrativa. Tudo é relativo. Tudo depende. 
A abordagem contingencial explica que existe uma relação funcional 
entre as condições do ambiente e as técnicas administrativas apropriadas 
para o alcance eficaz dos objetivos da organização.
  Teoria dos jogos: essa teoria foi proposta por Johann von Neumann e 
Oskar Morgenstern, em 1949, com a finalidade de treinar executivos das 
áreas financeiras das organizações, logo se estendendo a outras áreas.
Paradigma da inovação e a teoria da complexidade4
  Teoria da informação: foi proposta por Claude E. Shannon e Warren 
Weaver, sendo uma teoria matemática que utiliza o cálculo da proba-
bilidade para medir e calcular a quantidade de informação. Cria-se a 
teoria do sistema de comunicação com seus seis componentes: fonte, 
transmissor, canal, receptor, destino e ruído ou interferência.
  Teoria do caos: surgida na área da física, propõe que os sistemas são 
dinâmicos e que suas variáveis podem se modificar, alterando o resultado 
final esperado. Logo, devem ser considerados pontos de bifurcação 
possíveis, traduzidos como cenários que existem no movimento de 
ordem e caos.
As ideias propostas nessas teorias impactaram o pensamento intelectual 
das décadas posteriores à Segunda Guerra Mundial. Elas propuseram novas 
maneiras de entender os fenômenos e o pensamento, fazendo com que as 
ciências criassem modelos mais holísticos, globalizantes, transdisciplinares, 
interdisciplinares e, sobretudo, não determinísticos ou reducionistas, como 
eram os modelos anteriores.
Assim, passa-se a perseguir cenários possíveis para os resultados orga-
nizacionais, o que dá origem ao pensamento estratégico. Ademais, surge a 
possibilidade da criação da informática e, mais recentemente, da inteligência 
artificial, aliada nessa mudança paradigmática. Essas ideias da complexidade 
levam ao pensamento inovador e à consolidação da expressão “pensar fora 
da caixa”, hoje largamente utilizada. Ou seja: a ideia é romper com a divisão 
fragmentada dos saberes, típica do pensamento cartesiano e que impede a 
visão da totalidade.
Na área da educação, a teoria da complexidade propõe um processo de 
ensino e aprendizagem mais dinâmico, sistêmico e interdisciplinar. Busca-se 
um processo de ensino e aprendizagem mais globalizante e uma formação 
humana integral, como você vai ver nas próximas seções.
2 Conceitos estruturantes da teoria 
da complexidade
Como você viu, alguns aspectos contextuais importantes fi zeram com que 
as ideias do modelo reducionista e atomista cartesiano fossem repensadas. 
Assim, os modelos que entendiam o funcionamento do pensamento e da 
realidade a partir de lógicas de um sistema fechado foram criticados. Esse 
processo ocorreu devido ao avanço dos estudos científi cos, principalmente 
5Paradigma da inovação e a teoria da complexidade
após os impactos ocasionados pelas Primeira e Segunda Guerras Mundiais, 
que colocaram em xeque as ciênciaspositivas (exatas) e sua relação com o 
contexto social. Por exemplo, o uso de bombas nucleares ao fi nal da Segunda 
Guerra Mundial indicou a necessária modifi cação das formas de pensamento 
sobre a tecnologia e a obrigatória consideração de outras áreas sociais, políticas, 
econômicas, geográfi cas e antropológicas.
Dessa forma, o paradigma da complexidade, opositor do paradigma da sim-
plificação (ou reducionismo cartesiano-newtoniano), leva a outro entendimento 
sobre o pensamento. O paradigma da complexidade, de acordo com Morin 
(2000a, p. 387), “[...] parte de fenômenos, ao mesmo tempo, complementares, 
concorrentes e antagonistas, respeita as coerências diversas que se unem em 
dialógicas e polilógicas e, com isso, enfrenta a contradição por várias vias 
[...]”. Assim, a natureza do pensamento complexo é contingencial, muitas vezes 
aleatória, e emerge a partir das múltiplas relações possíveis entre a ordem e 
a desordem ao explicar o funcionamento do universo e seus fenômenos. Essa 
relação foi proposta a partir do tetragrama de Morin (2000a), que você pode 
ver na Figura 1.
Figura 1. Tetragrama de Morin.
Fonte: adaptada de Morin (2000a).
Analisando o tetragrama, você pode compreender os elementos funda-
mentais considerados na existência de todas as coisas, o que envolve uma 
relação interativa em busca de organização, que ocorre de forma permanente 
e dialógica entre a ordem e a desordem. Morin (2000a, p. 204) comenta que 
cada um dos elementos do seu tetragrama atua “[...] chamando o outro, cada 
um precisando do outro para se constituir, cada um inseparável do outro, cada 
um complementar do outro, sendo antagônico ao outro [...]”.
Paradigma da inovação e a teoria da complexidade6
Esse entendimento supera radicalmente a ideia de evolução e progresso 
lineares. De acordo com tal ideia, a busca pela ordenação levaria à organização 
e ao desenvolvimento como resultado certo e preciso ao final. Morin (2000a) 
propõe que outros aspectos sejam considerados. A seguir, veja quais são os 
conceitos fundamentais que compõem a teoria da complexidade proposta por 
Morin (2010):
  razão aberta;
  razão evolutiva;
  razão complexa;
  razão residual;
  dialogia;
  autopoiesis;
  serendipidade;
  reorganização permanente;
  ordem e desordem;
  caráter estratégico.
O paradigma da complexidade baseia-se na ideia de que a razão deve 
ser aberta. Ou seja: o homem, a partir do seu pensamento racional, que se 
ancora sobretudo nas ciências, deve considerar que as respostas não podem 
ser obtidas a partir de modelos de sistemas fechados, sem interferências de 
outras variáveis. Por esse motivo, o paradigma da complexidade também se 
contrapõe ao paradigma reducionista cartesiano.
Morin (2000a) explica, por meio dos estudos de Piaget, que a razão é 
também evolutiva. A evolução ocorre a partir de modificações elaboradas 
por meio de construções operatórias, que, por sua vez, levam a novidades em 
relação aos paradigmas existentes anteriormente. Assim, a forma de pensar 
evolui a partir da adaptação, da relação e da interação com o meio e com as 
suas variantes, produzindo novos avanços, novos entendimentos. A razão se 
torna residual porque acolhe, ao longo desse percurso em que se reconfigura, 
os resíduos do pensamento anterior, que passam a compor o novo.
Ao referir-se ao caráter da complexidade, fundamental para o paradigma 
em questão, Estrada (2009, p. 86) afirma que a razão “É complexa, porque 
reconhece a complexidade da relação sujeito/objeto, ordem/desordem, reco-
nhecendo, também em si própria, uma zona obscura, irracional e incerta, 
abrindo-se ao acaso, à álea, à desordem, ao anômico e ao aestrutural [...]”. 
Assim, a razão complexa admite elementos nunca anteriormente percebidos 
ou considerados na epistemologia cartesiana, o que inclui a aleatoriedade 
7Paradigma da inovação e a teoria da complexidade
e a possibilidade de não seguir as regras existentes e não se valer das es-
truturas formais que estão postas na sociedade. Ela é dialógica justamente 
por se valer de todos esses elementos enquanto ocorrem os processos e 
fenômenos, admitindo seus efeitos na modificação ou na alteração dos 
resultados finais.
Atualmente, no senso comum, a palavra “serendipidade” designa aquilo que ocorre 
de forma casual e que normalmente se associa com momentos felizes e realizações. 
Kingdon (2014), em sua obra Os Verdadeiros Heróis da Inovação, no entanto, defende 
que a serendipidade pode ser alcançada por meio da sagacidade, da capacidade 
de observar e concluir a partir dos eventos aleatórios que ocorrem, associando-a 
diretamente aos fatores necessários para que a inovação aconteça.
A teoria da complexidade considera a organização da própria vida de 
forma autopoiética, o que Morin (1979, p. 120) descreve ao diferenciar o ser 
humano das máquinas. Veja:
A diferença fundamental entre os organismos vivos e as máquinas artificiais 
diz respeito à desordem, ao ruído, ao erro. Na máquina artificial, tudo o 
que é erro, desordem, aumenta a entropia, provocando a sua degradação, 
sua desorganização, enquanto que, no organismo vivo, apesar de, e com 
a desordem, erro, os sistemas não provocam necessariamente entropia, 
podem até ser regeneradores. É o processo (organização do ser vivo) de 
autoprodução permanente ou autopoiesis ou reorganização permanente, 
proporcionando, aos sistemas vivos, f lexibilidade e liberdade em relação 
às máquinas. Princípios estes que são os de organização da vida, que são 
os da complexidade.
Atualmente, esse traço se evidencia na grande dificuldade enfrentada 
pelos sistemas de inteligência artificial. Tais sistemas funcionam simulando as 
redes neurais humanas e acabam, com seus logaritmos, reproduzindo fatores 
programados e recorrentes, sem a possibilidade de se autoajustar, de regenerar 
suas formas de análise ou de aprender com os erros e com as contingências, 
como fazem os seres humanos.
Paradigma da inovação e a teoria da complexidade8
Para entender como ocorre a reorganização permanente proposta pela 
teoria da complexidade, você precisa conhecer o conceito de organização 
proposto por Morin (2002, p. 133): “[...] o encadeamento de relações entre 
componentes ou indivíduos que produz uma unidade complexa ou sistema, 
dotada de qualidades desconhecidas quanto aos componentes ou indivíduos 
[...]”. Nesse caso, esse processo sistêmico e relacional, que admite o desco-
nhecido, também se encontra em movimento, sendo alimentado pela ordem 
e pela desordem existentes. Ao referir-se a esse aspecto, Estrada (2009, p. 87) 
esclarece o seguinte:
O conceito de ordem extrapola as ideias de estabilidade, rigidez, repetição e 
regularidade, unindo-se à ideia de interação, e prescinde, recursivamente, da 
desordem, que comporta dois polos: um objetivo e outro subjetivo. O objetivo 
é o polo das agitações, dispersões, colisões, irregularidades e instabilidades, 
em suma, os ruídos e os erros.
O polo da subjetividade, por sua vez, envolveria o acaso, a indeterminabili-
dade, a incerteza e o impreciso. Dessa forma, no paradigma da complexidade, 
tudo aquilo que as pessoas fazem, todas as experiências que vivenciam, pos-
suem doses de ordem e desordem, de certeza e incerteza, de acerto e erro, de 
determinação e acaso. Esses elementos produzem justamente a experiência em 
si e fazem com que ela se torne significativa para cada sujeito de forma única 
e particular, o que remete à origem do termo “complexus”. Morin (2000b, p. 
38) define o termo da seguinte forma:
Complexus significa o que foi tecido junto; de fato, há complexidade quando 
elementos diferentes são inseparáveis constitutivos do todo (como o econômico, 
o político, o sociológico, o psicológico, o afetivo, o mitológico), e há um tecido 
interdependente, interativo e retroativo entre o objeto de conhecimento e seu 
contexto, as partes e o todo, o todo e as partes, as partes entre si. Por isso a 
complexidade é a união entre a unidade e a multiplicidade [...] A educação deve 
promover a “inteligênciageral” apta e referir-se ao complexo, ao contexto, de 
modo multidimensional e dentro da concepção global.
Como você pode perceber, a teoria da complexidade possui um caráter 
pedagógico essencial para que os processos mentais se realizem de forma 
contextual e multidimensional. Isso deve ser considerado nas escolas con-
temporâneas para que seja possível formar sujeitos capazes de conviver neste 
mundo dinâmico e global, como você vai ver a seguir.
9Paradigma da inovação e a teoria da complexidade
3 A teoria da complexidade e a educação 
contemporânea
A teoria da complexidade apresenta importantes contribuições para o modelo 
pedagógico emergente. Tal modelo procura, por meio de uma abordagem 
holística do ser humano, planejar e organizar os processos de ensino e apren-
dizagem considerando a aleatoriedade, a contingência e a relação dialógica e 
interativa, que são imprescindíveis para os seres humanos. Esses aspectos da 
teoria da complexidade já haviam sido manifestados no Relatório da Comissão 
Internacional sobre a Educação para o Século XXI, de 1998, da Organização 
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), organizado 
por Delors et al. (1998). Foram apontados os quatro pilares sobre os quais a 
educação contemporânea deveria se assentar:
  aprender a conhecer;
  aprender a fazer;
  aprender a viver juntos;
  aprender a ser.
Aprender a conhecer remete à aquisição dos conhecimentos necessários 
para a vida cotidiana; estão em jogo conhecimentos que sirvam para a leitura 
de mundo e para o sujeito alcançar uma condição de vida mais digna. Por 
meio do aprender a conhecer, se garantem melhores condições de desenvol-
vimento profissional, de comunicação e de compreensão do ambiente em 
que se vive. Além disso, o “[...] aprender para conhecer supõe, antes tudo, 
aprender a aprender, exercitando a atenção, a memória e o pensamento. Desde 
a infância, sobretudo nas sociedades dominadas pela imagem televisiva, o 
jovem deve aprender a prestar atenção às coisas e às pessoas [...]” (DELORS 
et al., 1998, p. 92). Embora o aprender a conhecer e o aprender a fazer sejam 
indissociáveis, o segundo se relaciona mais às questões de formação profis-
sional. Sabe-se que, na atualidade, cada vez mais se exigem competências 
no mercado de trabalho para que se garanta a empregabilidade, ou mesmo 
para que se consigam empregos.
Aprender a viver juntos, ou conviver, diz respeito a uma aprendizagem 
que “[...] representa, hoje em dia, um dos maiores desafios da educação. 
O mundo atual é, muitas vezes, um mundo de violência que se opõe à esperança 
posta por alguns no progresso da humanidade [...]” (DELORS et al., 1998, 
p. 96). Basta você olhar ao redor, em sua cidade, no interior da escola e nos 
Paradigma da inovação e a teoria da complexidade10
noticiários locais, para verificar como essa questão, sobretudo no Brasil, é 
urgente na contemporaneidade. A violência de todas as ordens (doméstica, de 
gênero, racista, sexista, homofóbica, xenofóbica, bullying, entre outras) deve 
encontrar na instituição escolar um espaço de discussão, de reflexão e de 
práticas adequadas. A escola pode contribuir para que a sociedade reconheça 
o outro, respeitando e tratando a todos com equidade e justiça.
Aprender a ser remete ao desenvolvimento total da pessoa, o que envolve 
“[...] espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsa-
bilidade pessoal, espiritualidade [...]” (DELORS et al., 1998, p. 99). Dessa 
forma, a partir da educação que receberam em sua juventude (contexto em 
que a escola desempenha um papel importante), os seres humanos podem se 
preparar para exercer sua autonomia de pensamentos. Além disso, podem 
estabelecer os juízos de valor necessários para que decidam sobre as questões 
que a vida impõe a todos.
Visando a aprofundar a compreensão da educação que deveria ser posta 
em prática nas escolas do século XXI, a Unesco solicitou a Edgar Morin 
que estabelecesse alguns princípios para embasar as práticas educacionais 
contemporâneas. Essas ideias foram incluídas na obra intitulada Os Sete 
Saberes Necessários à Educação do Futuro (MORIN, 2000b) e remetem aos 
seguintes pontos:
  cegueiras do conhecimento (erro e ilusão);
  princípios do conhecimento pertinente;
  condição humana;
  identidade terrena;
  enfrentamento de incertezas;
  compreensão;
  ética do gênero humano.
Considere o que você estudou anteriormente sobre a teoria da complexidade, 
o estado de constante movimento e organização e as trocas frequentes entre 
ordem e desordem. A escola deve problematizar o conhecimento e os seus 
paradigmas, uma vez que eles podem também engessar as possibilidades de 
interpretação factíveis, o que fica exposto à lógica do erro e das ilusões, que 
tanto podem se manifestar nos aspectos cognitivos quanto nos sensoriais. 
Assim, “[...] o conhecimento não é um espelho das coisas ou do mundo externo. 
Todas as percepções são, ao mesmo tempo, traduções e reconstruções cerebrais 
com base em estímulos ou sinais captados e codificados pelos sentidos [...]” 
11Paradigma da inovação e a teoria da complexidade
(MORIN, 2000b, p. 20). Logo, o conhecimento científico, a racionalidade, 
também é um processo falível, uma vez que comporta muitos aspectos sub-
jetivos em sua construção, tanto por parte de quem o produz quanto daquele 
que procura aprendê-lo.
O conhecimento pertinente propõe que a escola reveja seus paradigmas, 
reprogramando seus conhecimentos fragmentados em novas propostas inter 
e transdisciplinares, incluindo e considerando os seguintes aspectos: “[...] o 
contexto; o global; o multidimensional; e o complexo [...]” (MORIN, 2000b, 
p. 36). Assim, não basta adquirir um conhecimento isolado sobre as coisas, 
pois os aspectos contextuais são parte importante da produção de sentidos. 
Além disso, devem ser realizadas reflexões sobre o conhecimento e as 
questões globais que envolvem o planeta Terra como um todo. Para isso, 
é necessário considerar a multidimensionalidade, uma vez que “[...] o ser 
humano é ao mesmo tempo biológico, psíquico, social, afetivo e racional. A 
sociedade comporta as dimensões histórica, econômica, sociológica, religiosa 
[...]” (MORIN, 2000b, p. 38). Todos esses âmbitos combinados servem para 
tecer a realidade, dentro do entendimento de complexidade que você estudou.
Ensinar a condição humana significa levar o campo da cultura para dentro 
da escola. A cultura, aliada aos conhecimentos científicos e psicológicos, 
humaniza. Deve-se assumir uma postura mais holística, uma vez que, como 
homens, segundo Morin (2000b, p. 51), 
Somos originários do cosmos, da natureza, da vida, mas, devido à própria 
humanidade, à nossa cultura, à nossa mente, à nossa consciência, tornamo-
-nos estranhos a este cosmos, que nos parece secretamente íntimo. Nos-
so pensamento e nossa consciência fazem-nos conhecer o mundo físico e 
distanciam-nos dele [...]. 
Caberia também à educação escolar considerar o homem enquanto ser 
cognitivo e cultural, composto por razão e coração.
Ensinar a identidade terrena remete a problematizar a transformação do 
mundo contemporâneo, em termos globais, por meio dos efeitos e impactos 
das ações isoladas das nações para todo o Planeta. Considere o seguinte:
O planeta exige um pensamento policêntrico capaz de apontar o univer-
salismo, não abstrato, mas consciente da unidade/diversidade da condi-
ção humana; um pensamento policêntrico nutrido das culturas do mundo. 
Educar para este pensamento é a finalidade da educação do futuro, que 
deve trabalhar na era planetária, para a identidade e a consciência terrenas 
(MORIN, 2000b, p. 64).
Paradigma da inovação e a teoria da complexidade12
Nessa linha de pensamento, são reforçadas as questões relacionadas ao 
desenvolvimento sustentável, ao decrescimento econômico necessário e aos 
aspectos de um novo capitalismo solidário/consciente. Tais pontos afetam a 
vida dos sujeitos, pois, como cidadãos do mundo, eles estão cada vez mais 
implicadose interdependentes em termos de trocas culturais e estilos de vida.
Em uma época em que se reconfigura o paradigma moderno da solidez 
e da segurança, a educação escolar precisa se debruçar também sobre seus 
processos e integrar a incerteza aos desafios e problematizações de seus alu-
nos. Veja: “[...] é preciso aprender a enfrentar a incerteza, já que vivemos em 
uma época de mudanças em que os valores são ambivalentes, em que tudo é 
ligado. É por isso que a educação do futuro deve se voltar para as incertezas 
ligadas ao conhecimento [...]” (MORIN, 2000b, p. 84).
Para aprender a lidar com incertezas, deve-se aprender a produzir cenários 
possíveis, construindo hipóteses, simulando ações estratégicas, incorporando 
a inovação. Esses aspectos podem ser postos em prática nas escolas a partir 
do uso de metodologias ativas e da busca pela aprendizagem colaborativa e 
participativa dos alunos.
Andréa, licenciada em pedagogia e especialista em psicopedagogia, é a professora 
regente de uma turma de 5º ano do ensino fundamental e procura adotar os princípios 
da teoria da complexidade em suas aulas. Para isso, ela se vale das seguintes ações: 
sempre que aborda um conteúdo novo, procura expor vários pontos de vista, incitando 
seus alunos a pesquisar nos livros e na web, a chegar a conclusões e a formular hipóteses. 
Assim, Andréa os desafia a concordar ou não com o que estudam, bem como a buscar 
os aspectos contextuais da época em que os conhecimentos foram produzidos. Ela 
incentiva seus alunos a analisarem os temas estudados em sua relação prática com 
os contextos locais e globais. Também possibilita que acionem suas sensações para 
aprenderem experienciando.
A professora entende que os alunos não são somente intelecto e que as questões 
afetivas também são importantes para a aprendizagem. Ao concluir sua abordagem 
dos conteúdos, Andréa costuma discutir as questões éticas implicadas na vida em 
sociedade, sua importância e seus efeitos para cada um da turma. Essas aulas costumam 
ser muito dialogadas, oportunizando a todos que se expressem e que interajam de 
forma colaborativa em busca de um saber coletivo e compartilhado.
13Paradigma da inovação e a teoria da complexidade
Ensinar a compreensão é fundamental nas escolas contemporâneas, uma vez 
que “[...] o problema da compreensão tornou-se crucial para os humanos [...]” 
(MORIN, 2000b, p. 93). Essa compreensão deve remeter tanto aos aspectos da 
comunicação planetária, entre os humanos, quanto aos aspectos comunicativos 
cotidianos. Veja o que Morin (2000b, p. 94) afirma:
Há duas formas de compreensão: a compreensão intelectual ou objetiva e a 
compreensão humana intersubjetiva. Compreender significa intelectualmente 
apreender em conjunto, comprehendere, abraçar junto (o texto e seu contexto, 
as partes e o todo, o múltiplo e o uno). A compreensão intelectual passa pela 
inteligibilidade e pela explicação.
Para alguém compreender algo de fato, deve utilizar o intelecto e a emoção. 
Ou seja, o ser humano compreende a partir de sua habilidade de produzir 
significados sobre as coisas, unindo capacidades cognitivas e emocionais.
A escola também precisa ensinar sobre a ética do gênero humano, fazendo 
com que os estudantes aprendam que as relações entre a sociedade e os 
indivíduos são importantes, interdependentes e complementares. Para isso, 
deve focar o ensino da dialogicidade da democracia e seus termos antagô-
nicos, que são: “[...] consenso/conflito, liberdade/igualdade/fraternidade, 
comunidade nacional/antagonismos sociais e ideológicos [...]” (MORIN, 
2000b, p. 109). Assim, em tempos de crise democrática, com desigualdades 
sociais e demais mazelas mundiais que surgiram com o desenvolvimento 
capitalista desenfreado, cabe também à educação promover a problemati-
zação e a regeneração dos princípios democráticos em busca de um mundo 
mais justo e igualitário.
Como você pode perceber, a teoria da complexidade requer uma mudança 
paradigmática na escola contemporânea. Ela exige uma educação escolar 
mais conectada às questões contemporâneas, ao mundo global, às múltiplas 
culturas e suas diferenças, bem como ao caráter decolonial tão necessário em 
alguns contextos. A escola deve entender o aluno de forma plena (somatório 
de mente, corpo e emoção), como um sujeito que tanto afeta e produz o mundo 
quanto é afetado por ele. Os estudantes necessitam produzir sua subjetividade 
de forma ética e multidimensional, responsabilizando-se por si próprios, pelo 
outro e pelo Planeta.
Paradigma da inovação e a teoria da complexidade14
CAPRA, F. O ponto de mutação: a ciência, a sociedade e a cultura emergente. 24. ed. 
São Paulo: Cultrix, 2003.
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 4. ed. São Paulo: Makron 
Books, 1993.
DELORS, J. et al. Educação um tesouro a descobrir: relatório para a UNESCO da Comissão 
Internacional para a educação para o século XXI. São Paulo: Cortez, 1998. Disponível 
em: http://dhnet.org.br/dados/relatorios/a_pdf/r_unesco_educ_tesouro_descobrir.
pdf. Acesso em: 06 jun. 2020.
ESTRADA, A. A. Os fundamentos da teoria da complexidade em Edgar Morin. Akrópolis, 
Umuarama, v. 17, n. 2, p. 85–90, 2009. Disponível em: https://www.revistas.unipar.br/
index.php/akropolis/article/viewFile/2812/2092. Acesso em: 06 jun. 2020.
FIEDLER-FERRARA, N.; PRADO, C. P. C. Caos: uma introdução. São Paulo: Blucher, 1994.
GRAMIGNA, M. R. Jogos de empresa e técnicas vivenciais. 2. ed. São Paulo: Pearson 
Prentice Hall, 2007.
KIMURA, H.; PERERA, L. C. J.; LIMA, F. G. Teoria da complexidade e paisagens de adap-
tação: aplicações em estratégia. Revista de Administração, São Paulo, v. 45, n. 3, p. 
238–254, 2010. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/
S0080210716304782. Acesso em: 06 jun. 2020.
KINGDON, M. Os verdadeiros heróis da inovação: como desbloquear a inovação em 
grandes organizações aproveitando-se da serendipidade. São Paulo: DVS, 2014.
MORIN, E. O enigma do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
MORIN, E. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand, 2000a.
MORIN, E. O método 1: a natureza da natureza. Porto Alegre: Sulina, 2002.
MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2. ed. São Paulo: Cortez, 
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e1211faee999/setesaberesmorin.pdf.pdf. Acesso em: 06 jun. 2020.
PERLS, F.; HEFFERLINE, R.; GOODMAN, P. Gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 1997.
SMUTS, J. C. Holism and evolution. 2nd ed. New York: Macmillan, 1927.
15Paradigma da inovação e a teoria da complexidade
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sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Paradigma da inovação e a teoria da complexidade16
Dica do professor
A teoria da complexidade enfatiza o rompimento necessário com o paradigma cartesiano que ainda 
predomina na educação escolar e que tem na fragmentação dos saberes científicos uma de suas 
principais marcas. Entre as transformações sugeridas para a escola, propõe-se a busca pela 
interdisciplinaridade como forma de ampliar a capacidade de pensamento dos estudantes, 
abrangendo aspectos contextuais e subjetivos e preparando-os para construir um mundo melhor a 
todos.
Nesta Dica do Professor, será abordado o tema que se origina da teoria da complexidade, que é a 
interdisciplinaridade na educação escolar.
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Exercícios
1) Houve eventos históricos ao longo do século XX que contribuíram para que a teoria da 
complexidade fosse elaborada.Analise as alternativas a seguir e marque aquela que 
apresenta uma correta descrição de um desses elementos:
A) O holismo contribui para reforçar o entendimento do ser humano enquanto puro intelecto.
B) A teoria geral dos sistemas propôs que as relações contextuais e ambientais interferem no 
objeto.
C) A teoria da contingência admite que tudo pode ocorrer de forma previsível e predeterminada.
D) A cibernética nega a relação entre as ciências, propondo que a complexidade deve ser 
considerada.
E) A psicologia da Gestalt contribui para a complexidade reforçando o paradigma cartesiano 
predominante.
2) “Complexus significa o que foi tecido junto; de fato, há complexidade quando elementos 
diferentes são inseparáveis constitutivos do todo (como o econômico, o político, o 
sociológico, o psicológico, o afetivo, o mitológico), e há um tecido interdependente, 
interativo e retroativo entre o objeto de conhecimento e seu contexto, as partes e o todo, o 
todo e as partes, as partes entre si. Por isso a complexidade é a união entre a unidade e a 
multiplicidade [...]” (MORIN, 2000, p. 38).
A partir da citação de Morin, marque a alternativa que se alia com o conceito de 
complexidade:
A) A complexidade remete ao estudo do todo em vez de suas partes, conforme fazia o 
paradigma cartesiano.
B) O complexo considera tanto as partes quanto o todo em suas múltiplas relações e contextos 
em que se inserem.
C) Para a ideia de complexidade, o foco maior está nas questões contextuais, e não no todo ou 
em suas partes.
D) Pensar em complexidade remete à necessidade de separar os objetos e seus contextos, 
fragmentando sua análise.
E) Existe complexidade justamente pelos pontos de interação e relação entre as variáveis, 
isoladas em seus contextos.
3) A teoria da complexidade apresenta alguns conceitos estruturantes que compõem sua 
proposta paradigmática. Sobre esses conceitos básicos, relacione a primeira e a segunda 
coluna, estabelecendo a correta ligação entre elas:
 
I. Razão aberta
II. Razão evolutiva
III. Razão complexa
IV. Dialógica
V. Serendipidade
 
( ) O acaso deve ser considerado na análise dos fenômenos e da própria vida.
( ) O pensamento racional deve ser aberto à análise do contexto e suas variáveis.
( ) Admite a importância da aleatoriedade e a anomia no estudo dos fenômenos.
( ) Envolve pensar o todo, as partes, o contexto e as relações contingenciais.
( ) O ser humano adapta-se, interage com o meio e melhora suas capacidades.
 
Assinale a alternativa que contém a ordem correta: 
A) V, IV, III, II, I.
B) I, II, III, IV, V.
C) V, I, III, IV, II.
D) II, III, IV, V, I.
E) III, V, II, I, IV.
O paradigma da complexidade trouxe uma nova abordagem para a forma como se analisam a 
vida e seus fenômenos, bem como se entende o conhecimento ao longo do tempo, 
propondo novos e importantes elementos que devem ser considerados no contexto 
contemporâneo. Sobre a teoria da complexidade e sua relação com a educação escolar, 
analise as asserções abaixo e marque a alternativa que melhor representa sua relação:
 
I. O paradigma da complexidade envolve o entendimento de que tanto a epistemologia do 
conhecimento quanto a trajetória do homem devem ser revistos, envolvendo questões como 
as múltiplas relações entre o todo e suas partes, a interação de elementos contextuais e 
fatores aleatórios, o que implica a mudança necessária da educação escolar.
 
4) 
PORQUE
 
II. A escola é a instituição que pode preparar as crianças e os jovens para viver em sociedade, 
adquirindo as capacidades intelectuais e psicológicas necessárias para agir de forma 
complexa em um mundo global e em constante transformação, resgatando e reafirmando a 
humanidade e contribuindo para um planeta melhor.
A) As asserções I e II são proposições falsas e não estabelecem uma relação de complementação.
B) A asserção I é uma proposição falsa e a asserção II é uma proposição verdadeira.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira e a asserção II é uma proposição falsa.
D) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a asserção II não justifica a asserção I.
E) As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II é uma justificativa correta da asserção I.
5) A teoria da complexidade foi apresentada, para ser aplicada à educação escolar global, no 
Relatório da Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI, da Unesco, organizado 
por Delors (1998). Nesse documento, foram formulados quatro pilares da educação para o 
século XXI. Sobre esses pilares, analise as asserções a seguir e classifique-as em verdadeiras 
(V) ou falsas (F):
( ) O pilar “aprender a conhecer” diz respeito diretamente às competências exigidas pelo 
mercado de trabalho. 
( ) O pilar “aprender a fazer” envolve as formas de buscar conhecimento, do denominado 
"aprender a aprender". 
( ) No pilar “aprender a viver juntos”, envolvem-se os aspectos necessários ao convívio 
cotidiano da humanidade. 
( ) “Aprender a ser” remete ao ser humano em sua concepção holística, envolvendo 
espírito/corpo, cognição e subjetividade.
Assinale a alternativa que contém a sequência correta: 
A) F, F, V, V.
B) V, V, F, F.
C) F, V, F, V.
D) V, F, V, F.
E) V, V, V, F.
Na prática
Alguns dos princípios da teoria da complexidade costumam ser aplicados nas práticas escolares, 
procurando desenvolver com os estudantes uma formação mais holística, voltada para a sua 
formação humana e para a construção de um planeta mais harmônico e sustentável.
Neste Na Prática, você vai conhecer como a escola dirigida pelo pedagogo Pedro aplica os 
princípios da teoria da complexidade em seu dia a dia.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Das inovações no ensino ao ensino inovador: a percepção dos 
estudantes na complexidade do sistema didático
Este artigo investiga, a partir dos pressupostos da teoria da complexidade, como os estudantes do 
Ensino Superior percebem os aspectos envolvidos em uma proposta de educação inovadora.
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Teoria da complexidade: impactos na formação docente
Neste artigo, as autoras apontam a necessidade uma formação de professores voltada para os 
aspectos que vão além das questões materiais, de consumo, valendo-se da teoria da complexidade 
para a sobrevivência do homem e do planeta.
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Pensadores na Educação: Morin, pensamento complexo e 
transdisciplinaridade
Assista ao vídeo e perceba mais detalhes da aplicação da teoria da complexidade em relação ao 
paradigma educacional emergente.
https://www.revistas.udesc.br/index.php/linhas/article/view/1984723819392018167/pdf
http://www.anpedsul2016.ufpr.br/portal/wp-content/uploads/2015/11/EIXO6_MARY-NATSUE-OGAWA-MARILDA-APARECIDA-BEHRENS-PATRICIA-LUPION-TORRES.pdf
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https://www.youtube.com/embed/WXm029AiSqU

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