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Indaial – 2018 EspEciais Prof. Kleber Renan de Souza Santos Profª. Ana Clarisse Alencar Barbosa Prof. Arildo João de Souza Prof. Fábio Roberto Tavares Profª. Francieli Stano Torres Profª. Graciela Márcia Fochi Profª. Grazielle Jenske Profª. Greisse Moser Profª. Luciane da Luz Prof. Lírio Ribeiro Profª. Maquiel Duarte Vidal Profª. Meike Schubert Profª. Vânia Konell Proª. Vera Lúcia Hofmann Pieritz 1a Edição Tópicos Elaboração: Prof. Kleber Renan de Souza Santos Profª. Ana Clarisse Alencar Barbosa Prof. Arildo João de Souza Prof. Fábio Roberto Tavares Profª. Francieli Stano Torres Profª. Graciela Márcia Fochi Profª. Grazielle Jenske Profª. Greisse Moser Profª. Luciane da Luz Prof. Lírio Ribeiro Profª. Maquiel Duarte Vidal Profª. Meike Schubert Profª. Vânia Konell Proª. Vera Lúcia Hofmann Pieritz Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográca elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: 657 S237t Santos, Kleber Renan Tópicos Especiais / Kleber Renan Santos et al. Indaial: UNIASSELVI, 2018. 304 p. : il ISBN 978-85-515-0131-3 1. Tópicos Especiais. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. Olá, acadêmico! Vamos iniciar os estudos do Livro Didático de Tópicos Especiais. Este livro está dividido em três unidades e tem o intuito de apresentar e reforçar temas no componente de Formação Geral, conforme orientação da Portaria Inep nº 239, de 10 de junho de 2015, art. 3º: No componente de Formação Geral serão considerados os seguintes elementos integrantesdoperl prossional: letramento crítico; atitude ética; comprometimento e responsabilidades sociais; compreensão de temas que transcendam ao ambiente próprio de sua formação, relevantes para a realidade social; espírito cientíco, humanístico e refexivo; capacidade de análise crítica e integradora da realidade; e aptidão para socializar conhecimentos com públicos diferenciados e em vários contextos. A partir dessa orientação, queremos que você compreenda que aprender a questionar é tão importante quanto buscar o saber, e que ao nal do estudo deste livro você seja capaz de formular novas perguntas sobre a realidade humana e consiga propor soluções responsáveis para os desaos prossionais que surgirem. Assim, este livro traz conteúdos gerais para você estar bem preparado para o ENADE e também para o que a vida lhe apresentar. São temas pertinentes, atuais, abrangentes e que fazem parte da vida de todos nós. Vamos começar?! Na primeira unidade, que vai tratar sobre cidadania e sociedade, seremos conduzidos por ummundo intrínseco do comportamento humano em sociedade e suas regras de conduta e participação social, política e econômica, na qual trabalharemos a questão da ormação dos princípios morais e éticos dos homens que vivem e convivem em sociedade, além de abordarmos questões pertinentes à democracia, à ética e à cidadania. Desta orma, abordaremos a compreensão dos signicados dos princípios norteadores da democracia, ética e cidadania, além de realizar uma refexão e uma discussão sobre as questões ético-morais na relação indivíduo e sociedade. Ainda nessa unidade vamos apresentar algumas denições e conceitos a respeito dos problemas sociais ocasionados pela diversidade que gera diferenças entre coisas e seres, que por consequência geram os mais diversos preconceitos, desigualdades e confitos sociais. Vamos também identicar a necessidade e a essencialidade da inclusão como uma forma de democratização das relações sociais, principalmente na emancipação e na sutileza do trato com o outro, seja em relação aos “iguais” ou entre iguais e dierentes, que de alguma orma ainda não oram incluídos no contexto social. Relacionado à sociedade e suas relações, vamos trabalhar o conceito de multiculturalismo, enfatizando as origens do surgimento do movimento e os campos de conhecimento que acolhem os estudos multiculturais. APRESENTAÇÃO Para nalizar a Unidade 1, estudaremos a cultura e a arte como áreas que interagem entre si e com as demais áreas de conhecimento. Estudar, pesquisar e refetir sobre as dierentes culturas e suas maniestações artísticas possibilita a compreensão da vida e das relações entre os sujeitos no meio social. A cultura, assim como a arte, é dinâmica, vai mudando conforme o tempo e o espaço. A cultura e a arte devem ser estudadas a partir de três concepções: erudita, popular e de massa. Começamos a segunda unidade adentrando nos assuntos relacionados à Ciência, Tecnologia e Sociedade. Veremos como se faz necessário entendermos os fundamentos da ciência sob dierentes óticas e também analisar denições e pensamentos acerca da tecnologia e algumas formas de interpretar a sociedade. Muito próximodessa temática, avançaremos sobre as tecnologias da inormação e comunicação como fator determinante no advento da sociedade da informação, das transformações resultantes do processo da globalização demercados e dos avanços do uso dos processos tecnológicos na vida cotidiana dos indivíduos. Concluímos os estudos deste livro com a terceira unidade. Nela, vamos estudar sobre as políticas públicas, sobre a vivência nos meios urbanos e rurais e a questão ecológica, temas tão importantes para o desenvolvimento da sociedade como um todo. Queremos evidenciar a importância das políticas públicas para a concretização dos direitos e deveres do Estado em relação às pessoas que compõem a sociedade e, assim como o Estado, gozam de seus direitos civis e políticos. Veremos que estamos sujeitos ao conjunto de normas jurídicas e sociais, ormando assim ummarco regulatório previamentexadonoquediz respeitoàdistribuiçãoharmônicadoselementosqueormam os direitos, deveres e responsabilidades emprol do desenvolvimento educacional, político, econômico e social. Nesta via demão dupla vamos perceber que a vida em sociedade está ligada à política e não há ação social sem ação política, quer seja promovida pelo Estado ou pela sociedade. Vamos ainda tratar sobre a saúde e sua gestão, a habitação e moradia como direitos constitucionais e a segurança em âmbito nacional. Esperamos que este estudo possa auxiliá-lo na compreensão de tantos temas que compõem este livro de estudos, preparar-se bem para o ENADE e levar para a vida as abordagens aqui feitas. Bons estudos! Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais –muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor oque sãoessas informações adicionais epor que você poderá se beneciar ao azer a leitura dessas inormações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impactode ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Conra, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - CIDADANIAE SOCIEDADE............................................................................... 1 TÓPICO 1 - DEMOCRACIA, ÉTICAE CIDADANIA ..................................................................3 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................3 2ADEMOCRACIAEM PAUTA ................................................................................................4 3AQUESTÃO DAÉTICA.........................................................................................................8 4 O PRINCÍPIO CONSTITUCIONALDACIDADANIA............................................................14 RESUMODOTÓPICO 1 ......................................................................................................... 17 AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 19 TÓPICO 2 - SOCIEDADE EADIVERSIDADE........................................................................21 1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................21 2 CONCEITOS DE DIVERSIDADE CULTURALE DESIGUALDADE SOCIAL ........................21 3 DIVERSIDADE CULTURALE DESIGUALDADE SOCIAL.................................................. 22 4 INCLUSÃO ESCOLAR E SOCIALDADIVERSIDADE.........................................................31 5 INCLUSÃO ESCOLAR E SOCIALDADIVERSIDADE HUMANA.........................................31 6 CONSTRUÇÃO E RECONSTRUÇÃODO SABERAPRENDIDO .........................................37 RESUMODOTÓPICO 2........................................................................................................ 39 AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 40 TÓPICO 3 - MULTICULTURALISMO: VIOLÊNCIA, TOLERÂNCIA/INTOLERÂNCIAE RELAÇÕES DE GÊNERO...................................................................................................... 43 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 43 2 CONCEITUANDOMULTICULTURALISMO........................................................................ 43 3 SURGIMENTO DOMULTICULTURALISMO....................................................................... 45 4ÁREAS DE CONHECIMENTO QUEABRIGAMOMULTICULTURALISMO......................... 46 5MOVIMENTO FEMINISTA...................................................................................................47 5.1 FEMINISMO............................................................................................................................................ 47 5.2 A PRIMEIRA ONDA FEMINISTA........................................................................................................ 48 5.3 A SEGUNDA ONDA FEMINISTA ........................................................................................................49 5.4 A TERCEIRA ONDA FEMINISTA E O SURGIMENTO DOS ESTUDOS DE GÊNERO..................50 6 CONCEITUANDOGÊNERO ............................................................................................... 50 7 ESTUDOS DE GÊNERO ..................................................................................................... 54 RESUMODOTÓPICO 3........................................................................................................ 58 AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 60 TÓPICO 4 - RESPONSABILIDADE SOCIAL: SETOR PÚBLICO, SETOR PRIVADO E TERCEIRO SETOR ............................................................................................................... 65 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 65 2 SETOR PRIVADO .............................................................................................................. 65 3 TERCEIRO SETOR ............................................................................................................ 66 3.1 HISTÓRICO ........................................................................................................................................... 67 3.2 REALIDADE DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS NO BRASIL ...........................................................68 4AS ORGANIZAÇÕES NÃOGOVERNAMENTAIS ................................................................70 RESUMODOTÓPICO 4.........................................................................................................73 AUTOATIVIDADE..................................................................................................................74 TÓPICO 5 - CULTURAEARTE.............................................................................................. 77 1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 77 2 CULTURA........................................................................................................................... 77 3ARTE ..................................................................................................................................81 RESUMODOTÓPICO 5........................................................................................................ 88 AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 89 UNIDADE 2 — POLÍTICA, TECNOLOGIA E GLOBALIZAÇÃO: OS IMPACTOS SOBREA SOCIEDADE .......................................................................................................................... 91 TÓPICO 1 — CIÊNCIA, TECNOLOGIA, SOCIEDADE EAMBIENTE....................................... 93 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 93 2 CIÊNCIA............................................................................................................................ 93 3 TECNOLOGIA.....................................................................................................................95 4 SOCIEDADE ......................................................................................................................975 SOCIEDADE ENTRE CIÊNCIA E TECNOLOGIA ............................................................... 98 6 CIÊNCIA, TECNOLOGIA, SOCIEDADE EAMBIENTE (CTSA) – INTERPRETAÇÕES SOBREANOVAFORMAÇÃO ..............................................................................................100 6.1 CTS SOB NOVAS ÓTICAS .................................................................................................................100 6.2 CTS SOB A ÓTICA DE MILTON SANTOS ......................................................................................100 6.3 CTSA SOB A ÓTICA DE WIEBE BIJKER ........................................................................................103 7 CARACTERIZANDO OMUNDOATUAL............................................................................105 RESUMODOTÓPICO 1 .......................................................................................................107 AUTOATIVIDADE................................................................................................................108 TÓPICO 2 - TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC)............................111 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................111 2 ASTECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) COMO FATOR DETERMINANTE NOADVENTO DASOCIEDADE DA INFORMAÇÃO..................................111 3 TECNOLOGIADA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO – TIC.............................................. 114 RESUMODOTÓPICO 2....................................................................................................... 118 AUTOATIVIDADE................................................................................................................ 119 TÓPICO 3 -AVANÇOSTECNOLÓGICOS ............................................................................ 121 1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 121 2 TENDÊNCIAS ORGANIZACIONAIS DO SÉCULO XXI...................................................... 121 3 COMUNIDADESVIRTUAIS..............................................................................................122 3.1 REDES SOCIAIS.................................................................................................................................. 126 RESUMODOTÓPICO 3....................................................................................................... 127 AUTOATIVIDADE................................................................................................................128 TÓPICO 4 - GLOBALIZAÇÃO E POLÍTICA INTERNACIONAL............................................ 131 1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 131 2 GLOBALIZAÇÃO: UMAPERSPECTIVAHISTÓRICA....................................................... 131 2.1 O TERCEIRO SETOR........................................................................................................................... 134 3 GLOBALIZAÇÃO: UMBALANÇO.....................................................................................134 AUTOATIVIDADE................................................................................................................135 4APOLÍTICA INTERNACIONAL ........................................................................................136 5 O ESTADOMODERNO E O LIBERALISMO.......................................................................136 6 O NEOLIBERALISMO EATERCEIRAVIA........................................................................137 7 TENDÊNCIASAOS GOVERNOS EÀPOLÍTICA INTERNACIONAL ..................................138 RESUMODOTÓPICO 4...................................................................................................... 140 AUTOATIVIDADE................................................................................................................ 141 TÓPICO 5 - RELAÇÕES DETRABALHO.............................................................................143 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................143 2 ORIGEM/SIGNIFICADO DAPALAVRATRABALHO........................................................143 3ASMULHERES NO CONTEXTO DAREVOLUÇÃO INDUSTRIAL.....................................148 4 OTRABALHONOSTEMPOS CONTEMPORÂNEOS ........................................................149 4.1 AS POSSIBILIDADES DO TRABALHO INFORMAL.......................................................................150 4.2 RELAÇÕES DE TRABALHO E OS PROCESSOS LEGAIS NO BRASIL.......................................151 LEITURACOMPLEMENTAR ...............................................................................................153 RESUMODOTÓPICO 5.......................................................................................................155 AUTOATIVIDADE................................................................................................................156 UNIDADE 3 — POLÍTICAS PÚBLICAS................................................................................159 TÓPICO 1 — POLÍTICAS PÚBLICAS: EDUCAÇÃO.............................................................. 161 1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 161 2 POLÍTICAPÚBLICAATUAL............................................................................................. 161 LEITURACOMPLEMENTAR ............................................................................................... 175 RESUMODOTÓPICO 1 .......................................................................................................178 AUTOATIVIDADE................................................................................................................ 179 TÓPICO 2 - POLÍTICAPÚBLICADE SAÚDE ...................................................................... 181 1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 181 2 CONCEITO DE SAÚDE .....................................................................................................183 3 SAÚDE: DIREITO DETODOS E DEVER DO ESTADO.......................................................186 4AS REDES DEATENÇÃO EM SAÚDE...............................................................................187 5 DIVERSOSATENDIMENTOS EM SAÚDE ........................................................................190 5.1 POLÍTICAS DE SAÚDE E PROGRAMAS ESPECÍFICOS ..............................................................191 RESUMODOTÓPICO 2.......................................................................................................195 AUTOATIVIDADE................................................................................................................196 TÓPICO 3 - HABITAÇÃO E SANEAMENTO ........................................................................199 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................199 2 DIREITOÀMORADIA.......................................................................................................199 3 SANEAMENTO................................................................................................................ 207 4 SANEAMENTO BÁSICO.................................................................................................. 207 5 PRECARIZAÇÃO DO SANEAMENTO BÁSICO.................................................................212 6AVANÇOS NO SANEAMENTO..........................................................................................214 RESUMODOTÓPICO 3.......................................................................................................216 AUTOATIVIDADE................................................................................................................217TÓPICO 4 - TRANSPORTES E SEGURANÇA .....................................................................221 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................221 2 CLASSIFICAÇÃO DOSTRANSPORTES ......................................................................... 223 2.1 TERRESTRES ..................................................................................................................................... 223 2.2 AQUAVIÁRIOS ................................................................................................................................... 225 2.3 AÉREO .................................................................................................................................................227 3 INFRAESTRUTURA ........................................................................................................ 228 RESUMODOTÓPICO 4...................................................................................................... 230 AUTOATIVIDADE................................................................................................................231 TÓPICO 5 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇAEMÂMBITO NACIONAL ............... 233 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 233 2ASEGURANÇAPÚBLICAEAS CONTRIBUIÇÕES COMUNITÁRIAS .............................234 3 SEGURANÇAPÚBLICAE JUSTIÇACRIMINAL............................................................. 235 4 SEGURANÇAPÚBLICAE O PAPELDO ESTADO ...........................................................240 RESUMODOTÓPICO 5...................................................................................................... 243 AUTOATIVIDADE...............................................................................................................244 TÓPICO 6 -VIDARURAL, URBANAE ECOLOGIA............................................................. 247 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 247 2VIDAURBANA ................................................................................................................ 247 3VIDARURAL ................................................................................................................... 249 4 SEMELHANÇAS OUDIFERENÇAS................................................................................. 252 5 ECOLOGIA....................................................................................................................... 255 6 ECOSSISTEMA ............................................................................................................... 256 6.1 ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS ...............................................................................................257 6.2 EXEMPLOS DE ECOSSISTEMAS................................................................................................... 260 6.3 DIVERSIDADE DO ECOSSISTEMA................................................................................................. 261 7 OS GRANDES BIOMAS ....................................................................................................261 7.1 FATORES QUE DETERMINAM OS BIOMAS.................................................................................... 261 RESUMODOTÓPICO 6...................................................................................................... 264 AUTOATIVIDADE............................................................................................................... 265 TÓPICO 7 - MEIOAMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ............................ 269 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 269 2 QUESTÕESAMBIENTAIS – UMAREFLEXÃO SOCIOAMBIENTAL ................................ 269 3 SUSTENTABILIDADE: SURGIMENTO ............................................................................271 3.1 RELATÓRIO BRUNDTLAND OU “NOSSO FUTURO COMUM”....................................................273 3.2 AGENDA 21 .........................................................................................................................................273 3.3 CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – RIO+20 .................................................................................................................................................274 4 SUSTENTABILIDADE: CONCEITUAÇÃO ....................................................................... 274 4.1 OS PILARES DA SUSTENTABILIDADE...........................................................................................275 5AS FERRAMENTAS PARAAGESTÃO SUSTENTÁVEL....................................................277 5.1 PACTO GLOBAL .................................................................................................................................278 5.2 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO - ODM ......................................................279 5.3 PROTOCOLO DE KYOTO..................................................................................................................280 5.4 ABNT NBR 14064 – INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA.............281 LEITURACOMPLEMENTAR .............................................................................................. 282 RESUMODOTÓPICO 7 ...................................................................................................... 286 AUTOATIVIDADE............................................................................................................... 287 REFERÊNCIAS................................................................................................................... 290 1 UNIDADE 1 - CIDADANIA E SOCIEDADE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Apartir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender dierentes conceitos de democracia, ética, cidadania e sociodiversidade; • vericar os padrões de conduta moral ao longo do tempo e em diversas culturas; • identicar a importância da responsabilidade social e os três setores: público, privado e terceiro setor para uma sociedade equânime; • entender a importância da cultura e da arte no desenvolvimento da sociedade. Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoa- tividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA TÓPICO 2 – SOCIODIVERSIDADE E INCLUSÃO TÓPICO 3 – MULTICULTURALISMO: VIOLÊNCIA, TOLERÂNCIA/INTOLERÂNCIA E RELAÇÕES DE GÊNERO TÓPICO 4 – RESPONSABILIDADE SOCIAL: SETOR PÚBLICO, SETOR PRIVADO E TERCEIRO SETOR TÓPICO 5 – CULTURA E ARTE Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QRCode abaixo: 3 DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA 1 INTRODUÇÃO Entraremos no mundo do comportamento humano em sociedade e suas regras de conduta e participação social, política e econômica, no qual trabalharemos a questão da ormação dos princípios morais e éticos dos homens que vivem e convivem em sociedade, além de abordarmos questões pertinentes à democracia e à cidadania. Esses conceitos estão previstos na Portaria INEP nº 493 de 6 de junho de 2017, em seu Art. 1º, que destaca: O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), parte integrante do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), tem como objetivo geral avaliar o desempenho dos estudantes em relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares, às habilidades e competências para atuação profssional e aos conhecimentos sobre a realidade brasileiraemundial, bemcomosobreoutrasáreasdoconhecimento (BRASIL, 2017, grios nossos).Amesma portaria, em seu Art. 5º, indica como reerência do perl do concluinte, no âmbito da Formação Geral, as seguintes características: I. ético e comprometido com as questões sociais, culturais e ambientais; II. humanista e crítico, apoiado em conhecimentos cientíco, social e cultural, historicamente construídos, que transcendam o ambiente próprio de sua ormação; III. protagonista do saber, com visão do mundo em sua diversidade para práticas de letramento, voltadas para o exercício pleno de cidadania; IV. proativo, solidário, autônomo e consciente na tomada de decisões pautadas pela análise contextualizada das evidências disponíveis; V. colaborativo e propositivo no trabalho em equipes, grupos e redes, atuando com respeito, cooperação, iniciativa e responsabilidade social. E no Art. 6º é indicado que a prova ENADE avaliará se o concluinte desenvolveu, no processo de formação, competências para: I. azerescolhaséticas, responsabilizando-seporsuasconsequências; II. ler, interpretar e produzir textos com clareza e coerência; III. compreender as linguagens como veículos de comunicação e expressão, respeitando as dierentes maniestações étnico-culturais e a variação linguística; TÓPICO 1 -UNIDADE 1 4 IV. interpretar dierentes representações simbólicas, grácas e numéricas de um mesmo conceito; V. formular e articular argumentos consistentes em situações sociocomunicativas, expressando-se com clareza, coerência e precisão; VI. organizar, interpretar e sintetizar informações para tomada de decisões; VII. planejar e elaborar projetos de ação e intervenção a partir da análise de necessidades, de ormacoerente, emdierentes contextos; VIII. buscar soluções viáveis e inovadoras na resolução de situações- problema; IX. trabalhar em equipe, promovendo a troca de informações e a participação coletiva, com autocontrole e fexibilidade; X. promover, em situações de confito, diálogo e regras coletivas de convivência, integrando saberes e conhecimentos, compartilhando metas e objetivos coletivos. Para tanto, abordaremos a compreensão dos signicados dos princípios norteadores da democracia, ética e cidadania, além de realizar uma refexão e uma discussão sobre as questões ético-morais, na relação indivíduo e sociedade. 2 A DEMOCRACIA EM PAUTA Estamos vivendo em um país apresentado como democrático! Será que todos nós compreendemos o sentido real da democracia e seus refexos na sociedade brasileira? Em outros termos, o que realmente é este Estado Democrático de Direito em que vivemos? Neste sentido, Moisés (2010, p. 277) expõe que “o signicado mais usual da democracia se refere aos procedimentos e aos mecanismos competitivos de escolha de governos através de eleições”, ou seja, a democracia é compreendida habitualmente somente como um processo de escolha dos nossos representantes legais em todas as esferas, tanto local, municipal, estadual quanto federal, no qual a população dessas esferas, por meio de seu voto, seleciona e elege o seu representante para legislar em nome dessa mesma população. Assim, “podemos considerar que a democracia nada mais é do que um sistema de governo, no qual o povo governa para sua própria sociedade” (PIERITZ, 2013, p. 133, grios do original). Deste modo, pode-se observar que a democracia pode ser exercida de duas ormas distintas, pois ela pode ser direta ou indireta (Quadro 1). O conceito de democracia é notoriamente o entendimento de toda massa populacional brasileira nos dias de hoje, pois quando se indaga às pessoas com relação ao conceito de democracia, é este conceito de escolha de nossos representantes legais, por intermédio do voto popular, que aparece nos discursos da população de nosso país. 5 QUADRO 1 – FORMAS DE DEMOCRACIA FONTE: Adaptado de Pieritz (2013, p. 133) FORMAS DE DEMOCRACIA Democracia direta Na qual o povo decide diretamente, por meio de referendo/plebiscito, se aceita ou não determinadas questões políticas e administrativas de sua localidade, Estado ou país. Democracia indireta Nesta, o povo participa democraticamente, pormeio do voto, elegendo seu representante político, ou seja, uma pessoa que o represente nas diversas eseras governamentais, para tomar decisões cabíveis em nome do povo que o elegeu. Cunha (2011, p. 105) expõe que a democracia pode ser compreendida como “método de organização social e política tendente à maior realização da liberdade e da igualdade. [é um] Sistema político em que o povo constitui e controla o governo, no interesse de todos”. Outro fator que não podemos esquecer é que, quando falamos em democracia, também falamos de Estado Democrático de Direito. Segundo Cunha (2011, p. 138), o “Estado de direito [é aquele] que se organiza e opera democraticamente”. Nossa Carta Magna de 1988, já em seu preâmbulo, instituiu um Estado Democrático de Direito, ou seja, a Constituição da República Federativa do Brasil se organizou e deniu suas normativas em prol de um Estado Democrático, no qual a democracia deverá ser a base undamental da República Federativa do Brasil. Assim, segundo Pieritz (2013, p. 133), “este sistema de governo democrático possui ormatos dierentes nas diversas sociedades, pois em cada uma existem regras e normas dierentes, e isto acontece por causa da constituição dos princípios ético-morais de cada localidade”. Vale salientar que a democracia vai muito além desse discurso sintético de representação e de voto, pois Moisés (2010, p. 277, grios nossos) coloca-nos que: existemoutrasperspectivasqueampliamacompreensãodoconceito, incluindo tanto as dimensões que se referem aos conteúdos da democracia, como também os seus resultados práticos esperados no terreno da economia e da sociedade. Por uma parte, acompanhando a abordagem minimalista de Schumpeter (1950) e a procedimentalista de Dahl (1971), vários autores deniram a democracia em termos de competição, participação e contestação pacífca do poder. Neste sentido, no que tange à conotação que a democracia tem de competição, participação e contestação pacíca do poder, pode-se expor que alar de democracia também está atrelado ao conceito do “jogo de poderes”, principalmente a disputa e concorrência decargos emtodas as esferas governamentais ounão, alémdacompetição entre partidos políticos e outros grupos econômicos, políticos, culturais e sociais. 6 Além disso, não podemos esquecer um elemento fundamental da democracia, que é a questão da “participação do povo”, em que cada cidadão brasileiro é elemento fundamental no processo democrático do Brasil, pois direta ou indiretamente é parte do processo democrático instaurado neste país. Ao proerir sua escolha, independentemente do que for ou de que escolha fora feita, torna-se automaticamente parte do Estado Democrático de Direito e integra-se ao sistema vigente de democracia daquele determinado Estado. Resumidamente, a Figura 1 apresenta o primeiro entendimento da denição e o signicado da democracia e o Estado Democrático de Direito. FIGURA 1 – DEMOCRACIA E O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO FONTE: Os autores Maciel (2012, p. 73, grios do original) complementa expondo que a democracia “tornou-se uma aspiração universal, por ser o regime de governo mais propenso a garantir os direitos individuais, porém não se resume simplesmente ao ato de votar, sendo que o direito à participação tornou-se uma atividade importante diante da constituição da cidadania”. Por conseguinte, pode-se expor que democracia denota participação direta ou indireta da população em todos os espaços que necessitem do veredito do povo em prol de objetivos comuns a ele mesmo. Assim, Beethan (2003, p. 110 apud MACIEL, 2012, p. 73, grios nossos) complementa expondo que: 7 O direito à participação pode ser tanto reativo quanto proativo. Em sua forma reativa, a participação consiste na articulação coletiva de respostas a políticas de desenvolvimento. Na orma proativa, ela invoca a responsabilidade popular no desencadeamento da articulação de políticas de desenvolvimento. No primeiro caso, os governos propõem e oscidadãos reagem; no segundo, os cidadãos propõem e os governos reagem. Em ambas as formas, o direito de participação assume a lógica de colaborar com o desenvolvimento. “No coração da democracia repousa, assim, o direito do cidadão de opinar nos assuntos públicos e de exercer controle sobre o governo, empé de igualdade com os demais”. Deste modo, pode-se expor que um dos elementos da democracia é a articulação coletiva do povo em prol de uma determinada demanda social, política, cultural ou econômica. Para que se possa debater coletivamente os prós e contras, no que tange aos assuntos pertinentes ao interesse coletivo, dando assim respostas a esta mesma demanda. Vale salientar que a não participação e a omissão também são formas de participação, pois retratam a sua alienação, indiferença, contestação ou o seu descontentamento em relação ao sistema vigente. Então, isto não quer dizer que aquele cidadão que se omitiu ou apenas não quis participar não fez parte do processo democrático de um país, pelo contrário, todo cidadão tem o direito de participar ou não, mesmo que o voto no Brasil seja obrigatório, pois ao votar ele exprime a sua vontade, ou o seu desejo. Aqui ca claro que a população, ao exercer seu direito de participação de orma proativa, demonstra seus direitos e responsabilidades perante os efeitos da decisão coletiva. Entretanto, também existem quatro condições necessárias para que se possa instaurar um regime governamental pautado na democracia. QUADRO 2 – CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O REGIME DEMOCRÁTICO FONTE: Adaptado de Moisés (2010, p. 277) Disponível em: <http:// rafaelsilva.over-blog.es/ article-objetivo-demo- cracia-iv-124370354. html>. Direito dos cidadãos de ESCOLHEREMGOVERNOS pormeio de eleições com a participação de todos os membros adultos da comunidade política. A isso se dá o nome de sufrágio universal (direito ao voto). ELEIÇÕES regulares, livres, competitivas, abertas e signicativas. GARANTIADEDIREITOS de expressão, reunião e organização, em especial, de partidos políticos para competir pelo poder. Acesso a fontes alternativas de INFORMAÇÃO sobre a ação de governos e a política em geral. Essas quatro condições mínimas para implantar um regime democrático são de fundamental importância para que haja a participação democrática de um povo em prol dos objetivos comuns do próprio povo, uma vez que a democracia vai muito além da simples representação e de voto, ela se efetiva e concretiza-se com a participação, com a competição e a contestação dos processos pacícos da busca do poder no Estado Democrático de Direito. 8 Sucintamente, a Figura 2 apresenta a ampliação da compreensão do entendimento do signicado da democracia, ou seja, o seu conceito ampliado: FIGURA 2 – CONCEITO AMPLIADO DE DEMOCRACIA FONTE: Os autores Caro acadêmico, para colaborar com seus estudos, veja que a junção das Figuras 1 e 2 proporciona o entendimento global do que é democracia. ATENÇÃO 3 A QUESTÃO DA ÉTICA O tema que abordaremos neste momento é relativo à questão da ética, a qual permeia constantemente nosso dia a dia, seja no âmbito amiliar, social ou prossional. Aparentemente, compreendemos o seu signicado e seus eeitos, mas será que realmente compreendemos o seu sentido real? Será que sabemos o que é certo ou errado para nós na sociedade em que vivemos? Neste sentido, Tomelin e Tomelin (2002, p. 89) expõem que “a ética é uma das áreas da losoa que investiga sobre o agir humano na convivência com os outros [...]”. Em outros termos, as nossas ações perante a sociedade em que vivemos são orientadas 9 por princípios éticos e morais, e esses princípios são norteadores de consciência moral do certo e do errado, do bem e do mal. Demodomais abrangente, a ética pode ser conceituada como a área da losoa que investiga o agir humano, tanto aqueles com repercussão social, quanto aqueles sem maiores impactos na sociedade, ou seja, não somente os atos relativos à convivência com os outros, mas também consigo mesmo. Assim, no que tange a esta problemática relativa à ética, Pieritz (2013, p. 3) expõe que “a ética não é acilmente explicável, mas todos nós sabemos o que é, pois está diretamente relacionada aos nossos costumes e às ações em sociedade, ou seja, ao nosso comportamento, ao nosso modo de vida e de convivência com os outros integrantes da sociedade”. E que esses valores éticos são construídos historicamente pelos povos, de geração em geração. O que são valores? Pedro (2014, p. 490) az um resgate etimológico da palavra Axiologia, de origem grega, que signica estudo dos valores ou ciência do valor, e aponta para um signicado, o da vivência do valor, independentemente do valor que or, pois este é experienciado como um enômeno que se apresenta à consciência como tal e como um acontecimento que nos é imediatamente dado. Para a lósoa húngara Agnes Heller (1972, p. 4), “valor é tudo aquilo que az parte do ser genérico do homem e contribui, direta ou mediatamente para a explicação desse ser genérico”. Vejamos no Quadro 3 quais são os atributos dos valores humanos na perspectiva de Heller: OBJETIVAÇÃO - que se expressa prioritariamente por intermédio do trabalho; - que proporciona sair do subjetivo e passar para o real e concreto. SOCIALIDADE - que se expressa com a convivência com o outro, em grupo; - aprendizagem com o outro; - assimilação de normas sociais. CONSCIÊNCIA - tomar ciência dos atos ou de alguma coisa; - reconhecimento da realidade; - descoberta de algo; - capacidade de perceber as coisas. UNIVERSALIDADE - universal; - o todo; - fazer parte de um determinado grupo. LIBERDADE - livre-arbítrio. QUADRO 3 – ATRIBUTOS DOS VALORES HUMANOS FONTE: Adaptado de Bonetti et al. (2010, p. 23) 10 FONTE: Os autores QUADRO 4 – EXEMPLOS DOS VALORES E VIRTUDES HUMANOS Portanto, os atributos dos valores humanos apresentados no Quadro 3 são os elementos constitutivos do ser humano, do ser social, que formam os nossos valores morais. Complementando, no Quadro 4 apresentamos mais exemplos dos valores e virtudes do ser humano, que vive e convive em sociedade. Amizade Justiça Obediência Respeito Simplicidade Lealdade Compreensão Sinceridade Pudor Generosidade Paciência Ordem Humildade Autoestima Liberdade Deste modo, podemos expor que “todos nós possuímos princípios e valores que oram e são constituídos por nossa sociedade. E, com relação a esses valores, cada um de nós possui uma visão do que é certo e errado, do que é o bem e o mal” (PIERITZ, 2012, p. 57). Não podemos nos esquecer de que “esta consciência moral é determinada por um consenso coletivo e social, ou seja, o conjunto da sociedade é que formula e compõe as normas de conduta que o regem. Como exemplo, temos a nossa Constituição Federal e outras regras e normas de nossa sociedade” (PIERITZ, 2013, p. 4). São estas regras e normativas jurídicas e sociais que determinam o nosso agir em sociedade, e cada grupo social possui suas características, ou seja, não se pode dizer que todos nós somos iguais, que todas as nações e Estados são iguais, porque não somos, pois, independentemente do Estado, do país ou grupo social, omos moldando nossos valores e princípios de orma dierente ao longo de nossa existência. Agora, acadêmico, raciocine o seguinte: se é um fato que nossa consciência moral é construída no seio de uma sociedade e com a infuência do meio e das pessoas com as quais convivemos, há ainda outros fatores que concorrem para a constituição da consciência moral, e esse elemento é chamado de Lei natural – pelos jusnaturalistas – e tem caráter universal, pois perpassa as sociedades políticas, é algo mais proundo que elas, constitui-se na própria natureza humana em sua universalidade (ROHLING, 2012). Segundo Valls (2003, p. 8): costuma-se separar os problemas teóricos da ética em dois campos: num, os problemas gerais e undamentais (como liberdade, consciência, bem, valor, lei e outros); e no segundo, os problemas especícos, de aplicação concreta, como os problemas da ética prossional, de éticapolítica, de ética sexual, de ética matrimonial, de bioética etc. 11 Em outros termos, os problemas éticos permeiam todas as nossas ações em sociedade. Neste sentido, vale salientar que “cada sociedade possui suas normas de conduta comportamental e seus princípios morais, ou seja, cada grupo social constitui o que é certo e errado, o que é o bem e omal para o seu povo, portanto, nem sempre o que é certo para nós pode ser certo para um outro grupo social e vice-versa” (PIERITZ, 2013, p. 4). Então, como desvelar esta situação? Como saber se estamos no caminho certo? Se estamos fazendo certo ou errado? Ou se realmente estamos fazendo o bem ou o mal a alguém? São muitas indagações! Para auxiliar a refexão sobre essas questões, Finnis (lósoo e jurista australiano) identica sete valores básicos, os quais são os seguintes: I) vida; II) o conhecimento; III) o jogo; IV) a experiência estética; V) a sociabilidade; VI) a razoabilidade prática; e, VII) a religião. Esses valores, contudo, não são os únicos, pois existem, evidentemente, muitos outros, os quais, segundo propõe o autor, são modos ou combinações de modos de buscar – embora nem sempre com sensatez – e de realizar – nem sempre exitosamente – uma das sete ormas básicas de bem, ou alguma combinação delas (ROHLING, 2012, p. 163). Neste sentido, podemos observar ainda que: os problemas éticos se distinguem da moral pela sua característica genérica, enquanto que a moral se caracteriza pelos problemas da vida cotidiana. O que há de comum entre elas é fazer o homem pensar sobre a responsabilidade das consequências de suas ações. A ética faz pensar sobre as consequências universais, sempre priorizando a vida presente e futura, local e global. Amoral faz pensar as consequências grupais, adverte para normas culturalmente ormuladas ou pode estar undamentada num princípio ético. A ética pode, desta orma, pautar o comportamento moral (TOMELIN; TOMELIN, 2002, p. 90). Podemos expor que deste ponto de vista existem dierenças nítidas entre ética e moral, sendo que a ética é generalista e a moral refete o comportamento socialmente construído e legitimado pelo seu povo. Enm, Tomelin e Tomelin (2002, p. 89, grios do original) complementam expondo que “a palavra ética provém do grego ethos e signica hábitos, costumes, e se reere à morada de um povo ou sociedade. A palavra moral provém do latim moralis e signica costume, conduta”. Logo, conorme Pieritz (2012, p. 58, grios nosso): A principal função da ética é sugerir qual o melhor comportamento que cada pessoa ou grupo social tem ou venha a ter. Indicando o que é certo ou errado, o que é bom ou mal. Porém, este comportamento sempre partirá do ponto de vista dos princípios morais de cada sociedade, ou seja, seu grupo social. A ética auxilia no esclarecimento e na explicação da realidade cotidiana de cada povo, procurando sempre elaborar seus conceitos conforme o comportamento correspondente de cada grupo social. 12 Por conseguinte, “o ético transforma-se assim numa espécie de legislador do comportamento moral dos indivíduos ou da comunidade” (VÁZQUEZ, 2005, p. 20), ou seja, a ética está para regular o nosso comportamento em sociedade. Complementando, Vázquez (2005, p. 21) coloca-nos que “a ética é teoria, investigação ou explicação de um tipo de experiência humana ou orma de comportamento dos homens [...]”, ou seja, “o valor de ética está naquilo que ela explica – o fato real daquilo que foi ou é –, e não no fato de recomendar uma ação ou uma atitude moral” (PIERITZ, 2013, p. 7, grio nosso). Devemos compreender as diferenças conceituais de ética e moral, pois “podemos armar que a ética estuda e investiga o comportamento moral dos seres humanos. E esta moral é constituída pelos dierentes modos de viver e agir dos homens em sociedade, que é formada por suas diretrizes morais da vida cotidiana, transormando-se no decorrer dos tempos” (PIERITZ, 2013, p. 19). Todavia, o que é amoral? Segundo Aranha e Martins (2003, p. 301, grios do original), “a MORAL vem do latimmos, moris, que signica ‘costume’, ‘maneira de se comportar regulada pelo uso’, e de moralis, morale, adjetivo reerente ao que é ‘relativo aos costumes’”. Assim, a moral é compreendida como um conjunto de regras de condutas socialmente admitidas em determinadas épocas ou por um grupo de pessoas, ou seja, “a moralidade dos homens é um refexo direto do modo de ser e conviver em sociedade, no qual o caráter, os sentimentos e os costumes determinam o seu comportamento individual e social, que oi ou está sendo perpetuado num espaço de tempo” (PIERITZ, 2013, p. 35). Ainda de acordo com Pieritz (2013, p. 38): A moral sugere, constantemente, a valorização de nossas ações e de nossos comportamentos em sociedade, mas é a moral que determina quais são os nossos direitos e deveres perante a sociedade em que vivemos. Estes deveres são conectados ao nosso modo de ser e conviver em sociedade, gerando certas responsabilidades com relação a si próprio e aos outros, tais como: • sentimentos; • escolhas; • desejos; • atitudes; • posicionamentos diante da realidade; • juízo de valor; • senso moral; • consciência moral. Sob estas concepções de ética e moral, apresentamos as suas principais diferenças na Figura 3: 13 FIGURA 3 – DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL FIGURA 4 – DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL FONTE: Adaptado de Tomelin e Tomelin (2002, p. 89-90) FONTE: Adaptado de Paulo Netto (apud BONETTI et al., 2010, p. 23) Assim, podemos observar que existem dierenças concretas entre estes dois conceitos, no entanto, ainda devemos compreender que: 14 Assim, concluímos que a moral: Vem se constituindo historicamente, mudando no decorrer da própria evolução do homem em sociedade. Em que seus hábitos e costumes são constituídos por esta relação social, em que a essência humana é pautada por estes princípios morais. E estes, por sua vez, constituem o ser social que somos. E a ética nesta questão chega para simplesmente regular e analisar estes preceitos morais (PIERITZ, 2013, p. 21). Por conseguinte, segundo Pieritz (2013, p. 21, grio nosso), “a ética é precursora da TRANSFORMAÇÃO SOCIAL dos diversos sistemas ou estruturas sociais. Sistemas estes que imprimiam suas mudanças sociais, tais como: Capitalismo e Socialismo”. Por m, Pieritz (2013, p. 21) expõe que “quando é constituída uma nova estrutura social, a ética, os valores e princípios morais são modicados para constituir assim esta nova concepção de sociedade”. Ou seja, historicamente, com as transformações sociais, políticas e econômicas de um povo, automaticamente o sistema de valores morais e éticos se transorma, para que assim seja possível constituir um novo padrão sócio- histórico daquele determinado grupo. Salientando ainda que nesse processo de transformação social devemos respeitar a permanência de alguns valores socialmente construídos, como a solidariedade, a igualdade e a fraternidade, para que todos possamos construir uma sociedade mais justa, ética, democrática e cidadã. 4 O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA CIDADANIA Noque tange às questões pertinentes à cidadania, partiremos de sua concepção advinda do Título I – “Dos Princípios Fundamentais” da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a qual assim expressa: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui- se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrao único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Neste sentido, podemos observar que um dos princípios undamentais da Carta Magna brasileira é a cidadania, mas você sabe o seu signicado? 15 Vejamos: cidadania “é um conjunto de direitos e deveres que denotam e undamentam as condições do comportamento de cadaindivíduo em relação à sociedade, ou seja, a cidadania designa normas de conduta para o convívio social, determinando nossas obrigações e direitos perante os outros integrantes da nossa sociedade” (PIERITZ, 2013, p. 132). Neste sentido: Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade, para melhorar suas vidas e a de outras pessoas. Ser cidadão é nunca esquecer das pessoas que mais necessitam. A cidadania deve ser divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação, para o bem-estar e desenvolvimento da nação. A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua, não pichar os muros, respeitar os sinais e placas, respeitar os mais velhos (assim como todas as outras pessoas), não destruir teleones públicos, saber dizer obrigado, desculpe, por favor e bom dia quando necessário [...], até saber lidar com o abandono e a exclusão das pessoas necessitadas, o direito das crianças carentes e outros grandes problemas que enrentamos em nosso país. ‘A revolta é o último dos direitos a que deve um povo livre para garantir os interesses coletivos: mas é também o mais imperioso dos deveres impostos aos cidadãos’. Juarez Távora - Militar e político brasileiro (WEB CIÊNCIA, 2009 apud PIERITZ, 2013, p. 132). Portanto, podemos observar que a cidadania possui três dimensões. QUADRO 5 – DIMENSÕES DA CIDADANIA FONTE: Adaptado de Pieritz (2013, p. 132-133) DIMENSÕES DACIDADANIA Cidadania civil São aqueles direitos advindos da LIBERDADE de cada indivíduo, por exemplo: • o livre-arbítrio para expressar nossos pensamentos; • o direito de propriedade (venda e compra de um imóvel, um bem ou serviço); • entre outros. Cidadania política Podemos considerar que a cidadania política se legitima quando os homens exercem seu poder político de ELEGER e SER ELEITOS para o exercício do poder político, independentemente da instituição pública ou privada na qual venham exercer suas atribuições. Cidadania social Compreendida como o conjunto de direitos concernentes ao CONFORTO de cada cidadão, no que tange à sua vida econômica e social, ou seja, do seu bem-estar social. A cidadania expressa os direitos e deveres de todas as pessoas que vivem e convivem em sociedade, seja na esera social, política ou civil, no que tange ao respeito a si, ao próximo e ao patrimônio público e privado. Além de que a cidadania é participação nos espaços públicos de discussão, a qual permeia as questões de democracia e ética de toda a população daquele determinado grupo social, político ou econômico. 16 Deste modo, Maciel (2012, p. 29) expõe que hoje em dia a cidadania é “sinônimo de participação que remete ao exercício da democracia para além das eleições. Somos ‘controladores’ da política, do orçamento, ou seja, das ações do Estado como um todo”. Cada cidadão tem o dever e o direito de participar de todos os espaços democráticos do seu município, Estado ou Federação. Nesse sentido, tem-se a participação como um mecanismo do exercício da cidadania, ou seja, “O conceito contemporâneo de cidadania transcende a simples lógica da garantia de direitos legais. Segundo a concepção de Dallari (2004), a cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar da vida e do governo de seu povo” (MACIEL, 2012, p. 31). Portanto, a palavra de ordem é “participar”, azer parte do processo democrático, pois, de acordo com Maciel (2012, p. 32), quem não exerce sua cidadania “está excluído da vida social e da tomada de decisões. A cidadania não signica apenas uma conquista legal de alguns direitos, mas sim a realização destes direitos. Ela é construída e conquistada a partir da nossa capacidade de organização, participação e intervenção social”. Vale salientar que a cidadania é conquistada pela nossa participação nos momentos das discussões e decisões coletivas, portanto a cidadania se dá pela participação ativa de nossa vida em sociedade e na vida pública. 17 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A compreensão do signicado mais usual da democracia denota que a democracia é compreendida como um sistema de governo, no qual o povo governa para sua própria sociedade. • A democracia pode ser exercida de duas ormas distintas, pois ela pode ser direta ou indireta. • A democracia é compreendida popularmente como a escolha de nossos representantes legais, por intermédio do voto popular. • O Estado Democrático de direito, que é aquele Estado que se organiza e opera democraticamente. • A Constituição da República Federativa do Brasil se organizou e deniu suas normativas em prol de um Estado Democrático, no qual a democracia deverá ser a base fundamental da República Federativa do Brasil. • A democracia também está atrelada ao conceito do “jogo de poderes”, principalmente a disputa e concorrência de cargos em todas as esferas governamentais ou não. • É importante relembrar que o elemento fundamental da democracia é a “participação do povo”. • A ética é uma das áreas da losoa que investiga o agir humano na convivência com os outros. • A ética está diretamente relacionada aos nossos costumes e às ações em sociedade, ou seja, ao nosso comportamento, ao nosso modo de vida e de convivência com os outros integrantes da sociedade. • Todos nós possuímos princípios e valores que oram e são constituídos por nossa sociedade. E, com relação a estes valores, cada um de nós possui uma visão do que é certo e errado, do que é o bem e o mal. • A consciência moral é determinada por um consenso coletivo e social, ou seja, o conjunto da sociedade é que formula e compõe as normas de conduta que o regem. • Os problemas éticos permeiam todas as nossas ações em sociedade. RESUMO DO TÓPICO 1 18 • Existem dierenças nítidas entre ética e moral, sendo que a ética regula a moral, a ética é generalista e a moral refete o comportamento socialmente construído e legitimado pelo seu povo. • A principal função da ética é sugerir qual o melhor comportamento que cada pessoa ou grupo social tem ou venha a ter. Indicando o que é certo ou errado, o que é bom ou mal. • O valor da ética está naquilo que ela explica, o ato real daquilo que oi ou é, e não no fato de recomendar uma ação ou uma atitude moral. • Um dos princípios undamentais da Carta Magna brasileira é a cidadania. • A cidadania designa normas de conduta para o convívio social, determinando nossas obrigações e direitos perante os outros integrantes da nossa sociedade. • A cidadania expressa os direitos e deveres de todas as pessoas que vivem e convivem em sociedade, seja na esera social, política ou civil, no que tange ao respeito a si, ao próximo e ao patrimônio público e privado. • Cada cidadão tem o dever e o direito de participar de todos os espaços democráticos do seu município, Estado ou Federação. A participação é compreendida como um mecanismo do exercício da cidadania. 19 1 (ENADE-2010, Formação Geral, Questão 9) As seguintes acepções dos termos democracia e ética oram extraídas do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 2 (ENADE-2010, Formação Geral, Questão 2) AUTOATIVIDADE democracia.POL. 1governo do povo; governo em que o povo exerce a soberania 2 sistema político cujas ações atendem aos interesses populares 3 governo no qual o povo toma as decisões importantes a respeito das políticas públicas, não de orma ocasional ou circunstancial, mas segundo princípios permanentes de legalidade 4 sistema político comprometido coma igualdade ou coma distribuição equitativa de poder entre todos os cidadãos 5 governo que acata a vontade da maioria da população, embora respeitando os direitos e a livre expressão das minorias. ética. 1parte da losoa responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refetindo especialmente a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social. 2 p.ext. conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de umasociedade. DicionárioHouaiss daLínguaPortuguesa. Rio deJaneiro: Objetiva, 2001. Considerando as acepções acima, elabore um texto dissertativo, com até 15 linhas, acerca do seguinte tema:Comportamentoéticonas sociedadesdemocráticas. Em seu texto, aborde os seguintes aspectos: a) conceito de sociedade democrática; b) evidências de um comportamento não ético de um indivíduo; c) exemplo de um comportamento ético de um uturo prossional comprometido com a cidadania. 20 A charge acima representa um grupo de cidadãos pensando e agindo de modo dierenciado, rente a uma decisão cujo caminho exige um percurso ético. Considerando a imagem e as ideias que ela transmite, avalie as alternativas que seguem. I- A ética não se impõe imperativamente nem universalmente a cada cidadão; cada um terá que escolher por si mesmo os seus valores e ideias, isto é, praticar a autoética. II- A ética política supõe sujeito responsável por suas ações e pelo seu modo de agir na sociedade. III- A ética pode se reduzir ao político, do mesmo modo que o político pode se reduzir à ética, em um processo a serviço do sujeito responsável. IV- A ética prescinde de condições históricas e sociais, pois é no homem que se situa a decisão ética, quando ele escolhe os seus valores e as suas anidades. V- A ética se dá de fora para dentro, como compreensão do mundo, na perspectiva do fortalecimento dos valores pessoais. Estão corretas: a) ( ) I e II. b) ( ) I e V. c) ( ) II e IV. d) ( ) III e IV. e) ( ) III e V. 21 SOCIEDADE E A DIVERSIDADE 1 INTRODUÇÃO Vamos iniciar o nosso tópico apresentando algumas denições e conceitos a respeito dos problemas sociais ocasionados pela diversidade que gera diferenças entre coisas e seres, que por consequência geram os mais diversos preconceitos, desigualdades e confitos sociais. Vamos reconhecer a necessidade e a essencialidade da inclusão como uma forma de democratização das relações sociais, principalmente na emancipação e na sutileza do trato com o outro, seja em relação aos “iguais” ou entre iguais e diferentes, o que signica apenas uma concepção criada para dierenciar pessoas ou grupos sociais que, de alguma orma, ainda não oram incluídos no contexto social. 2 CONCEITOS DE DIVERSIDADE CULTURAL E DESIGUALDADE SOCIAL A diversidade cultural e a desigualdade social, apesar de terem conceitos distintos, desempenham uma ampla relação entre seus termos, isto é, quanto maior for a diversidade cultural, maior será a desigualdade social. Neste sentido, Gomes (2012, p. 678) arma que “a diversidade, entendida como construção histórica, social, cultural e política das dierenças, realiza-se em meio às relações de poder e ao crescimento das desigualdades e da crise econômica que se acentuam no contexto nacional e internacional”. A diversidade cultural brasileira se deu pelo processo de miscigenação entre brancos, índios e negros e oi marcada por uma série de crenças, hábitos, costumes e conceitos contraditórios, alimentando assim uma discussão permanente a respeito dos direitos e deveres dos seres humanos. Principalmente no combate aos preconceitos remanescentes e oriundos dessa relação, que perdurou por séculos, trazendo sérias consequências a uma imensa população de oprimidos, incluindo-se aí os negros, os índios, os pobres, os portadores de algum tipo de deciência, tipos de preerências, relações e dierenças sexuais, doenças crônicas, dentre outras ormas de relações consideradas por uma boa parte da sociedade como algo fora da normalidade e, por esse motivo, não aceitável. UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 22 3 DIVERSIDADE CULTURAL E DESIGUALDADE SOCIAL A diversidade no contexto cultural signica uma grande quantidade de coisas, ações, pensamentos, ideias e pessoas que se diferenciam entre si dentro de grupos sociais ou dentro de uma mesma sociedade, e os mesmos são passíveis de discussão, apelos, protestos, discórdia e geralmente acabam em confitos, chegando até às desigualdades sociais. Por isso, a presença da diversidade no acontecer humano nem sempre garante um trato positivo dessa diversidade. Os dierentes contextos históricos, sociais e culturais, permeados por relações de poder e dominação, são acompanhados de uma maneira tensa e, por vezes, ambígua de lidar com o diverso. Nessa tensão, a diversidade pode ser tratada de maneira desigual e naturalizada (GOMES, 2007, p. 19). No entanto, existempontos devista convergentes e pontos devista divergentes, ambos discriminatórios, um no sentido positivo e outro no sentido negativo, isto é, no primeiro caso, trata-se daquilo que já foi estipulado pela sociedade como regras relacionadas com bom senso; já no segundo caso, são ações que não condizem com a ordem preestabelecida através das leis, normas e regras que regulam e inibem o que podemos denir como procedimentos absurdos. Portanto, a desigualdade social tem os seus princípios pautados nas tendências e nas dierenças de cada indivíduo. Vejamos: A pobreza: é uma condição que faz parte de um determinado grupo de pessoas que vivem à margem da sociedade, que são carentes dos recursos existentes, como moradia, alimentação, situação nanceira etc. O que, na visão de alguns autores, é a condição que mais degrada o ser humano e a que mais se aproxima e se identica como um ator ou um elemento causal do desequilíbrio econômico e da desigualdade social. Raça: trata-se da discriminação social, o que é muito presente nos dias de hoje por alguns grupos inescrupulosos que agridem com palavras ou pela violência ísica pessoas que não são da mesma etnia, não têm a mesma cor da pele, ou são de dierentes religiões ou, até mesmo, por causa de seu comportamento sexual. A discriminação racial diz respeito à raça/cor/fenótipo, que é um fator inerente à pessoa. Tal discriminação é abominável, assim como a discriminação a decientes ísicos ou idosos, pois tratam-se de aspectos involuntários e que, ademais, revelam a riqueza multifacetada da ordem criada, da diversidade natural. Outro tipo de discriminação é a avaliação dos atos e comportamentos, seja na escolha de uma religião e suas práticas ou nas ações que envolvem a sexualidade, entre outros aspectos do comportamento humano, pois nesses casos não se trata de aspectos inerentes ou involuntários, mas de opções sobre as quais podemos [e devemos] fazer juízos morais. Do contrário, por que estaríamos discutindo isso? Será que o ser humano, com toda capacidade de raciocínio e refexão sobre si mesmo, reconhece a riqueza da pessoa? Haveria alguma etnia “melhor” que outra? 23 Podemos citar como exemplo o que aconteceu com os judeus, conhecido como o holocausto, ou o caso da África do Sul, que teve repercussão mundial, também conhecido como segregação racial (Apartheid), que signica separação entre negros e os brancos das classes dominantes. Sugerimos que você assista ao lmeMandela, que ala sobre a vida do ex- presidente da Árica do Sul e líder da luta contra o Apartheid. O lme tem como diretor Justin Chadwick. DICAS Como podemos perceber, o preconceito, a discriminação e o descaso com algumas pessoas têm ocasionado uma série de sofrimento e dor, principalmente para aquelas que são rejeitadas por uma grande parte da sociedade, em que as mesmas são julgadas e condenadas ao mesmo tempo, após serem classicadas como dierentes, porém, diferentes no sentido tendencioso e pejorativo, e muitas vezes essas pessoas são taxadas e rotuladas como pervertidas, no caso dos homossexuais, e rágeis, no caso das mulheres. Vejamos: Mulher: inelizmente, as estatísticas comprovam que apesar das várias leis existentes, no caso especíco da Lei Maria da Penha, instituída para a proteção da integridade da mulher brasileira contra casos de violência doméstica, ainda existem casos absurdos de desrespeito à dignidade humana, não discriminando raça, religião ou posição social. Homossexualidade: é o comportamento sexual entre pessoas do mesmo sexo, e para alguns indivíduos esse tipo de comportamento ere as normas de conduta universal. No entanto, já existem projetosno Congresso Nacional que criminalizam certas atitudes discriminatórias contra essa parcela da sociedade, o que signica um avanço na busca de um espaço alternativo, o que é perfeitamente compreensivo em uma sociedade cultural democrática. De acordo comSilva (2007, p. 133), “[...] os dierentes grupos sociais, situados em posições dierenciadas de poder, lutam pela imposição de seus signicados à sociedade mais ampla”. Assim, é fundamental que percebamos as diferenças e desigualdades não de orma natural, mas como uma construção histórica possível de ser desestabilizada em sua orma rígida, para ser transormada em algo que possa ser identicado e 24 reconhecido como base para a construção de relações interpessoais mais democráticas dentro da sociedade, isto é, devemos pensar e repensar o seu conceito histórico e a sua trajetória utura, pois, de acordo com Gomes (2007, p. 22): Adiversidadeculturalvariadecontextoparacontexto.Nemsempreaquilo que julgamos como dierença social, histórica e culturalmente construída recebe a mesma interpretação nas diferentes sociedades. Além disso, o modo de ser e de interpretar omundo também évariado e diverso. Por isso, a diversidade precisa ser entendida em uma perspectiva relacional. Ou seja, as características, os atributos ou as ormas ‘inventadas’ pela cultura para distinguir tanto o sujeito quanto o grupo a que ele pertence dependem do lugar por eles ocupado na sociedade e da relação que mantêm entre si e com os outros. Portanto, o caráter multicultural de nossas sociedades revela-se hoje temática quase obrigatória nas discussões sobre sociedade e sobre educação. Porém, refetir sobre a diversidade exige um posicionamento crítico diante de uma realidade cultural e racialmente miscigenada, assunto que, apesar de já ter sido discutido anteriormente, achamos prudente e viável inserir neste parágrao outra opinião, que conrma as anteriores a respeito do processo de miscigenação. “Não podemos esquecer que a sociedade é construída em contextos históricos, socioeconômicos e políticos tensos, marcados por processos de colonização e dominação. Estamos,portanto,noterrenodasdesigualdades,das identidadesedasdierenças” (GOMES, 2007, p. 22). E ainda segundo Gomes (2003, p. 73): O reconhecimento dos diversos recortes dentro da ampla temática da diversidade cultural (negros, índios, mulheres, portadores de necessidades especiais, homossexuais, entre outros) coloca-nos frente a frente com a luta desses e outros grupos em prol do respeito à dierença. Coloca-nos também diante do desao de implementar políticas públicas em que a história e a dierença de cada grupo social e cultural sejam respeitadas dentro das suas especicidades, sem perder o rumo do diálogo, da troca de experiências e da garantia dos direitos sociais. A luta pelo direito e pelo reconhecimento das diferenças não pode se dar de forma separada e isolada e nem resultar em práticas culturais, políticas e pedagógicas solidárias e excludentes. No entanto, a diversidade e a diferença dizem respeito não somente aos sinais que podem ser vistos a olho nu, mas também àqueles que são construídos socialmente ao longo de um processo histórico, tendo os seus pontos divergentes e convergentes, que são construídos através das relações sociais e, principalmente, nas relações de poder e de submissão, e para algumas pessoas, nem sempre esse posicionamento é entendido dessa forma. Como nos diz Carlos Rodrigues Brandão (1986 apud GOMES, 2007, p. 25), “por diversas vezes, os grupos humanos tornam o outro diferente para fazê-lo inimigo”. Aproundando essa refexão, tomamos como exemplo a Constituição Federal de 1988, que trata no Artigo 5º dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos: 25 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; II - ninguém será obrigado a azer ou deixar de azer alguma coisa senão em virtude de lei; III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; [...] (BRASIL, 1988, s.p.). Neste sentido, surgem algumas perguntas relacionadas à diversidade humana e seus direitos: se “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, tendo reconhecidas suas individualidades de homem e mulher como cidadãos, por que tanto se discute sobre as “questões de gênero”? Será que essa ideologia propõe a valorização da pessoa humana? Ou está disposta a trazer divisão, confusão de ideias ou até mesmo a negação da ordem natural? Ao privilegiar determinados grupos em detrimento de outros, não estaria contrariando a própria Constituição? Acadêmico, são muitos os questionamentos, e conforme destacado na apresentação deste livro, “aprender a questionar é tão importante quanto buscar o saber”. Por isso, nosso propósito é estimular o seu raciocínio crítico sobre a realidade em que vivemos, em um tempo de profundas e rápidas mudanças culturais, um tempo de aumento do individualismo, da comunicação quase que exclusivamente on-line, em que pouco se ouve, vê, toca ou sente. O diálogo é o caminho que nos une, revela nossa capacidade de aprender com o próximo e permite que as dierenças avoreçam a complementariedade promotora da paz. Pensarna diversidade cultural é pensar emsociedade, que envolve pensamento, ideia, ação emudanças, isto é, signica pensar não apenas no reconhecimento do outro, mas pensar na relação entre o eu e o outro, pois, quando consideramos o outro estamos também considerando a nossa história, o nosso grupo e o nosso povo, mas não apenas como um simples padrão de comparação, e sim em sua totalidade. FIGURA 5 – DIVERSIDADE CULTURAL FONTE: Disponível em: <http://educacaobilingue.com/2010/01/17/indigena/>. Acesso em: 12 fev. 2014. 26 Nessa perspectiva, percebemos que “somos todos iguais como seres humanos. Por isso devemos combater qualquer forma de discriminação e de arrogância, agindo solidariamente uns com os outros” (AQUINO et al., 2002, p. 16). O ser humano veio ao mundo não somente para compor ou contribuir para o povoamento da Terra, mas para serútil, participativo, democrático, ético,moral e solidário para comos seus semelhantes. Essas são as diversas opções existentes, que além de motivadoras, também servem como estímulo na adaptação do ser humano, bem como no seu processo de desenvolvimento pessoal rente às diversidades existentes no universo, que poderíamos denominá-las como um conjunto de atos e fatos diferentes entre si que formam a sociedade como um todo. Para Saji (2005, p. 13), “o tema diversidade é bastante amplo. Sua abordagem vai desde denições restritas às questões de raça, etnia e gênero, até as mais abrangentes, que consideram como diversidade qualquer diferença individual entre as pessoas”. AUTOATIVIDADE Chegou a sua vez! Escreva o seu conceito para Diversidade. Assim, a diversidade az parte da natureza das coisas existenciais, sendo elas a diversidade relacionada à situação socioeconômica, ou à diversidade cultural, em que as mesmas foram se transformando em essência no decorrer dos tempos, principalmente em se tratando das diferenças relacionadas às diferentes raças e suas manifestações culturais, incluindo-se aí a sua descendência, que, por consequência, deixam de azer parte da cultura original e passam a fazer parte de outra cultura produzida para atender a uma demanda econômica. Como oi o caso da cultura da cana-de-açúcar, explorada pelos grandes latiundiários, gerando um longo período de uma relação confitante e tumultuada entre o poder daqueles grupos de exploradores e a submissão dos negros, dos índios, das mulheres, das crianças e adolescentes. 27 Nenhum povo que passasse por isso como sua rotina de vida, através de séculos, sairia dela sem car marcado indelevelmente. Todos nós, brasileiros, somos carne da carne