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0 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA – IEC – SÃO GABRIEL Curso de Gerenciamento de Projetos GERENCIANDO TEMPO EM PROJETOS: Metodologias e fatores impactantes no planejamento e acompanhamento dos projetos. Almir dos Santos Mota Belo Horizonte 1º Semestre de 2012 1 Almir dos Santos Mota GERENCIANDO TEMPO EM PROJETOS: Metodologias e fatores impactantes no planejamento e acompanhamento dos projetos. Belo Horizonte 1º Semestre de 2012 Projeto de Pesquisa apresentado na disciplina de Metodologia Aplicada a Gerenciamento de Projetos, da pós-graduação lato-sensu de Gerenciamento de Projetos da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais São Gabriel. Orientador: Davidson Campos Soares Barbosa 2 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Gráfico da Curva Normal ........................................................................................ 15 Figura 2 - Gráfico com segurança real ..................................................................................... 15 Figura 3 - Mecanismo de atribuição de reservas de tempo ...................................................... 16 Figura 4 - Como pensamos ao embutir a segurança ................................................................. 17 Figura 5 - O que acontece ao postergarmos o início ................................................................ 18 Figura 6 - Orçamento do projeto .............................................................................................. 21 Figura 7 - Cronograma ............................................................................................................. 22 3 LISTA DE SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas CMV – Custo das Mercadorias Vendidas IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística PMBOK – A Guide to the Project Management Body of Knowledge PMI – Project Management Institute 4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 0 1.1. Contextualização do tema ................................................................................................... 5 1.2. Problema de Pesquisa .......................................................................................................... 6 1.3. Objetivos ............................................................................................................................. 6 1.3.1. Objetivo geral .............................................................................................................. 7 1.3.2. Objetivos específicos ................................................................................................... 7 1.4. Justificativa.......................................................................................................................... 8 2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................... 8 2.1. Compreendendo o Projeto ................................................................................................... 8 2.2. A influência da estrutura organizacional nos projetos ........................................................ 9 2.3. A influência do gerenciamento de riscos, relacionados as estimativas de tempos em projetos ..................................................................................................................................... 10 2.4. As metodologias de gerenciamento do Tempo ................................................................. 11 2.4.1. Mecanismos de desperdícios ..................................................................................... 13 2.4.1.1. Lei de Parkinson ..................................................................................................... 13 2.4.1.2. Síndrome do estudante ........................................................................................... 16 2.4.1.3. Multitarefa nociva .................................................................................................. 18 3. METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................................. 19 3.1. Classificação da Pesquisa .................................................................................................. 19 3.2. Universo e amostra ou Seleção dos sujeitos...................................................................... 19 3.3. Coleta de dados ................................................................................................................. 20 3.4. Tratamento dos resultados ................................................................................................. 20 4. RECURSOS OU ORÇAMENTO ..................................................................................... 21 5. CRONOGRAMA .............................................................................................................. 22 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 23 5 1. INTRODUÇÃO 1.1. Contextualização do tema No decorrer dos últimos vinte anos o gerenciamento de projeto ganhou grande destaque entre as empresas que trabalham com projetos, isso pelo fato da maioria dos projetos não conseguirem alcançar seus objetivos, seja de cumprimento de prazo, custo e escopo a ser entregue aos clientes. Baseadas nesta argumentação, as empresas começaram a adotar as melhores práticas do PMBOK, na qual apresenta nove disciplinas que auxiliam os profissionais a terem mais sucesso nos projetos, mas mesmo com estes recursos, os projetos continuam a sofrer atrasos e não alcançarem seus objetivos. Esta pesquisa pretende avaliar as metodologias de gerenciamento de tempo, estruturas organizacionais das empresas e também coletar informações de profissionais de gerenciamento de projetos, a fim de tentar responder as perguntas elaboradas no problema da pesquisa. A resposta a estas perguntas serão importantes para o entendimento e aplicabilidade prática no contexto profissional de gerenciamento de projeto. Abordaremos como as escolhas metodológicas de gerenciamento do tempo podem influenciar nos atrasos em projetos. Tentaremos responder a seguinte pergunta: “Se as pessoas acrescentam segurança em suas estimativas para a realização das atividades, por que as atividades continuam a serem concluídas com atraso?” Neste sentido partiremos para uma pesquisa nas empresas que utilizam as melhores práticas do PMBOK, buscando identificar qual a metodologia de gerenciamento do tempo utilizada por estas empresas e também questionar aos gerentes de projetos o que eles fazem para minimizar os atrasos em seus projetos. Consideramos o gerenciamento bastante complexo, pois a realização do que foi planejado dentro do prazo, depende de fatores externos, que vão desde a força que o gerente de projetos tem perante a equipe, até ao apoio que este recebe o patrocinador ou do gerente funcional, que tem o poder formal sobre os recursos, e responsável pela liberação e manutenção destes no foco do estava planejado pelos gerentes de projetos. Nesta linha de raciocínio, faremos uma avaliação de cenários, buscando descobrir quais os fatores que mais impactam em atrasos de projetos, o que talvez nos permita utilizar estas lições apreendidas em nossa vida profissional. 6 1.2. Problema de Pesquisa Einsten costumava dizer que a formulação de um problema é mais importante quea sua solução. Para Ackoff (1974), o sucesso estaria em encontrar a solução certa para o problema certo. Falharíamos, muitas vezes, por tentar resolver o problema errado - mais do que por obter uma solução errada para o problema certo. As questões atuais, em todo o mundo, se relacionariam muito mais com os problemas que deixamos de abordar do que com os problemas que não conseguimos resolver. Para Rudio (1978), formular o problema consiste em dizer, de maneira explícita, clara, compreensível e operacional, qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e que pretendemos resolver, limitando o seu campo e apresentando suas características. Desta forma, o objetivo da formulação do problema é torná-lo individualizado, específico e inconfundível. Na mesma linha de raciocínio de Rudio, definiremos o problema desta pesquisa: Este projeto de pesquisa tem a seguinte situação problemática: • Quais os impactos das escolhas metodológicas de gerenciamento do tempo, com o aumento da possibilidade do projeto atrasar? 1.3. Objetivos O objetivo desta pesquisa é identificar, tabular e comparar os fatores que contribuem para o aumento dos riscos em projetos, dando enfoque no gerenciamento do tempo, comparando metodologia do caminho crítico e a da Corrente Critica, a fim de descobrir se a escolha de uma destas pode influenciar no risco de atraso dos projetos. O estudo propõe-se a além da avaliação de metodologias de gerenciamento do tempo, levantar junto a comunidade de profissionais da área, qual a metodologia utilizada, com o percentual de atraso dos projetos, a fim de tabular se a forma de gerenciar influencia nestes atrasos. 7 1.3.1. Objetivo geral Nos objetivos da pesquisa busca-se: [...] responder ao que é pretendido com a pesquisa, que metas almejamos alcançar ao término da investigação. É fundamental que estes objetivos sejam possíveis de serem atingidos. Geralmente se formula um objetivo geral, de dimensões mais amplas, articulando-o a outros objetivos mais específicos. (DESLANDES apud MINAYO,2004). Segundo Lakatos (2003, p. 219), o objetivo geral “está ligado a uma visão global e abrangente do tema”, enquanto os objetivos específicos “apresentam caráter mais concreto. Têm função intermediária e instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e, de outro, aplicá-lo a situações particulares”. Levantar aspectos teóricos sobre o gerenciamento do tempo, bem como descrever os impactos das escolhas metodológicas de gerenciamento do tempo. Também avaliar o impacto da estruturação organizacional, para o gerenciamento do tempo. 1.3.2. Objetivos específicos Nossos objetivos específicos abrangem os tópicos abaixo: • Fazer uma revisão da literatura acerca das metodologias utilizadas para o gerenciamento do tempo; • Comparar vantagens e desvantagens da utilização das metodologias de “Corrente Crítica” e “Caminho Crítico”; • Fazer uma pesquisa quantitativa de percentual de atraso em projetos e metodologia utilizada pela comunidade de gerenciamento de projetos; • Avaliar os impactos das estruturas organizacionais no gerenciamento do tempo. 8 1.4. Justificativa Esta pesquisa poderá contribuir com a minha atividade profissional, pois temos uma série de projetos com atrasos significativos, sem conseguirmos identificar o motivo que contribuem para estes atrasos. A pesquisa também contribuirá para uma melhor compreensão das áreas de meu interesse que são gestão de riscos e de tempo, pois considero que são áreas que geram grande impacto e contribuem para o atraso dos projetos. Com o resultado da pesquisa será possível trazer contribuições pessoais e também para a comunidade de gerenciamento de projetos, que através das lições aprendidas poderão utilizar os resultados desta pesquisa, a fim de minimizar os riscos e consequentemente a redução dos atrasos nos projetos. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. Compreendendo o Projeto Estudos sobre a organização do trabalho indicam ser fundamental à sociedade humana a produção de bens e serviços ancorada na organização de projetos com vistas à obtenção de maior eficácia. A história registra que desde os tempos antigos a humanidade, mesmo sem utilizar o conceito de projetos, organiza-se desta forma para criar produtos e obter serviços. Segundo o PMBOK® PMI (2004, p.4), projeto pode ser definido como um empreendimento temporário com o objetivo de criar um produto, serviço ou resultado único”. “Temporário” significa que o projeto terá obrigatoriamente um começo, meio e fim bem definido, caso contrário não poderá ser considerado projeto. “Produtos e serviços ou resultado único” significa que cada projeto será inédito em algum aspecto. Esta característica de ineditismo influencia diretamente sua forma de gerenciamento, pois cada projeto deverá ser conduzido de forma única, levando-se em consideração que ao fazermos algo inédito, aumentamos o risco de fracasso, uma vez que fatores não conhecidos podem vir a acontecer, diferentemente da rotina, na qual podemos ter previsibilidade do resultado. 9 O PMBOK® separa as disciplinas de gerenciamento de projetos em nove áreas de conhecimento integrados: integração, escopo, tempo, custos, qualidade, recursos humanos, comunicação, riscos e aquisições e em cinco grupos de processos: Iniciação, Planejamento, Execução, Monitoramento e Controle e Encerramento. Na mesma linha de raciocínio observa-se que há um tratamento diferenciado entre gerenciamento de projetos e gerenciamento de processos O gerenciamento de um processo, diferentemente do gerenciamento de um projeto, trata de atividades que se repetem ao longo do tempo, de modo que pode ser estudado baseando-se em históricos. Entretanto, em projetos, a base de estudos possui uma quantidade bem menor de fatos e dados, se comparado aos processos, estando, desta maneira, exposto a vários riscos desconhecidos (ALENCAR; SCHMITZ, 2006). Notadamente verifica-se que o gerenciamento de projetos vem ganhando espaço nas empresas, pois há um grande número de projetos que fracassam, por não utilizarem nenhuma metodologia de gerenciamento, isso se reflete na maior aceitação do gerenciamento de projetos nas área de produção: Nas mais diversas áreas de aplicação, bens e serviços novos são produzidos por projetos, o que pode ser demonstrado pelo aumento do número de empresas que estão adotando a metodologia de gerenciamento de projetos (PATH e CARVALHO, 2009, apud KERZNER, 2001). 2.2. A influência da estrutura organizacional nos projetos O gerenciamento de projetos também é fortemente influenciado pela estrutura organizacional da empresa, uma vez que existem estruturas que fortalecem a atuação do gerente de projetos e outras que dificultam sua atuação, dentre as quais podemos citar: “A estrutura matricial, uma combinação das estruturas funcional e projetizada, ainda pode ser dividida em matricial fraca, equilibrada e forte (PATAH; CARVALHO, 2002).” Para cada tipo de estrutura organizacional, temos uma forma de organização dos projetos, que podem facilitar a condução destes ou aumentar os conflitos pelos recursos necessários para a condução de projetos nas empresas. A influência da estrutura organizacional é relevante para a forma de gerenciamento dos projetos, segundo (PATAH, 2002) “A estrutura funcional é aquela na qual o projeto será executado dentro de um dos 10 departamentos técnicos da empresa. Com isso o responsável pelo projeto passa a ser o gerente funcional deste departamento.”. Neste mesmo sentido, destaca Kerzner (2001) que “A maior vantagem da estrutura projetizada é que um único indivíduo, o gerente de projetos, mantém autoridade completa sobre o projeto como um todo. No entanto, este tipo de estrutura cria divisões dentro da empresa.” Namesma linha de raciocínio, observa-se que a estrutura projetizada vem crescendo bastante nos últimos anos, pois os projetos modernos apresentam maior nível de complexidade e requerem a utilização de equipes multidisciplinares, e até mesmo a utilização de muitas empresas na execução do projeto, a fim de buscar resultados mais ágeis e eficazes, conforme destacado abaixo: Segundo Meredith e Mantel (2000), A estrutura projetizada, mais nova que a estrutura funcional, vem apresentando um rápido crescimento nas últimas décadas. Os autores argumentam que muitas são as razões para a popularização deste tipo de estrutura organizacional, agrupando-as em quatro tópicos principais. Primeiramente, a velocidade de resposta e a orientação ao mercado tornaram-se uma exigência para a obtenção de sucesso nos dias de hoje. Em segundo lugar, o desenvolvimento de novos bens: produtos, processos ou serviços regularmente requerem informações das mais diferentes áreas de conhecimento. Em terceiro lugar, a rápida expansão de novidades tecnológicas em praticamente todas as áreas das empresas tende a desestabilizar-lhes a estrutura. Por fim, uma grande parte da alta administração das organizações não se sente muito confiante no entendimento e na coordenação de todas as atividades que ocorrem dentro de suas organizações. (PATH e CARVALHO, 2009, p.304, apud Meredith e Mantel (2000), 2.3. A influência do gerenciamento de riscos, relacionados às estimativas de tempos em projetos Baseado nesta abordagem, o gerenciamento de projetos utiliza a probabilidade e estatística com o objetivo de gerar informações para o gerente de projeto, que possibilitem que este quantifique a probabilidade de um risco acontecer, conforme: ‘Risco’ é o efeito acumulativo da probabilidade de incerteza que pode afetar positivamente (oportunidade) ou negativamente (ameaça) o projeto, enfatiza Schuyler (2001). Notadamente verifica-se que o gerenciamento do riscos em projetos ainda é uma área de conhecimento em consolidação, haja vista que os gerentes de projetos, mesmo adquirindo o conhecimento formal através do PMBOK® ainda apresentam muita dificuldade de aplicar os conceitos na prática do gerenciamento do projeto, conforme enfatizado a seguir: 11 O gerenciamento de riscos ainda não pode ser considerado uma área de conhecimento consolidado, apesar de haver inúmeros livros, artigos e guias práticos que abordam o tema. O autor afirma que a importância do gerenciamento de riscos tem ganhado reconhecimento e vem sendo discutido cada vez mais entre os estudiosos. Contudo, ainda há um grande número de gerentes de projetos que não abordam o tema com a seriedade requerida, enfatiza Albeny (2007, p27). Baseado nesta perspectiva apontada pela disciplina de gerenciamento de riscos em projetos é possível perceber que um mau gerenciamento do tempo leva a um aumento do risco em projetos, haja vista que para criarmos estimativas de esforço para a realização de quaisquer atividades, utilizamos como fonte, lições apreendidas e também a experiência de cada pessoa que tenha alguma experiência na atividade em questão, contudo como esta é uma atividade subjetiva, com frequência está contaminada com defesas que aumentam os prazos. Tentando evitar isso, existem metodologias de gerenciamento do tempo, que buscam eliminar esta subjetividade, as quais descreveremos a seguir: 2.4. As metodologias de gerenciamento do Tempo Conforme o PMBOK® PMI (2004, p.112), para o gerenciamento do tempo é necessário que sejam aplicadas ferramentas e técnicas capazes de definir atividades, seqüenciar as atividades, estimar os recursos para as atividades, estimar a duração das atividades e aplicar técnicas de construção do cronograma do projeto. Neste sentido começam a aparecer alguns aspectos de subjetividade que influenciam diretamente a qualidade do gerenciamento do tempo. Existem algumas metodologias que são aplicados para a elaboração de cronograma e seqüenciamento das atividades, dentre os quais podemos citar o Caminho Crítico e a Corrente Crítica. No Caminho Crítico as atividades são seqüenciadas de acordo com o grau de dependência entre elas e a data final do projeto e dada através do caminho de início ao fim das atividades, cujo recurso alocado não possua nenhum folga de tempo, ou seja, é aquele chamado de Caminho Crítico, pois se houver algum tipo de atraso em alguma das atividades, este afetará o prazo final do projeto. Segundo Prado (2004), em 1957 surgiu o CPM – Crtical Path Method -, criado e adaptado para computador na empresa norte-americana Du Pont de Nemours, com assistência da empresa Remingto Rand. O objetivo era desenvolver uma técnica para planejamento e controle dos projetos de engenharia da empresa. 12 Em 1958, segundo o mesmo autor, surgiu o PERT – Program Evaluation and Review Technique – quando o governo norte-americano estava construindo a série de submarinos atômicos Polaris. O objetivo era desenvolver uma técnica para planejar e controlar a execução do projeto de modo que o prazo e custos estimados fossem obedecidos. As empresas Lockheed e Booz, Allen & Hamilton juntamente com a Marinha participaram do desenvolvimento do PERT. Outra metodologia aplicada é a da Corrente Crítica ou CCPM, na qual o seqüenciamento das atividades é feito do final para o início, ou seja, com base em uma data alvo, o gerente de projetos planeja qual a data de início do projeto, porém as atividades são planejadas para acontecer o mais tarde possível, permitindo ao executor da atividade saber que após aquela data o projeto irá atrasar. CCPM, segundo Taylor (2009), se diferencia dos outros métodos de gerência de projeto, devido ao fato de apresentar a gestão de pulmões, o que reduz de forma significativa o número de pontos que requer uma maior atenção. Esta gestão é aplicada a partir de níveis de controle do buffer, demonstrando assim, o consumo dos pulmões alocados ao longo do projeto. As metodologias tem certa similaridade em relação à montagem de cronograma, porém se diferenciam no conceito de obtenção das estimativas de tempo e gerenciamento das atividades. Ambas utilizam opiniões especializadas e dados históricos para estimar o esforço de realização de cada atividade, contudo sempre existe subjetividade nas estimativas de tempo, pois as pessoas tendem a criar uma proteção para possíveis problemas que venham a acontecer. Para a metodologia do Caminho Crítico após a obtenção do esforço para a realização das atividades, o gerente de projetos sequencia as atividades com base no esforço recebido, apesar de saber que a estimativa recebida tem “gordura” ou “proteção” dos membros da equipe. Segundo Goldratt (1998) o método acima existe o Caminho Crítico que utiliza o conceito do de “Tempo seco” e “Tempo seguro”. “Tempo seco” é o tempo mais agressivo que o gerente de projetos deve considerar para a elaboração do cronograma, este tempo é conseguido através de uma redução tempo inicial recebido da pessoa que realizará a atividade (“Tempo seguro”), por considerar que em toda a estimativa, já está embutida a segurança destacada acima. Com base nesta estratégia o gerente de projetos retira a segurança embutida em cada atividade, que somadas geram um grande impacto ao prazo final do projeto e retorna 13 parte deste tempo retirado em forma de “Buffers” de grupos de atividades e “Buffer” do projeto. Segundo Campanini (2009), a metodologia do Caminho Crítica gera atraso aos projetos, pois as pessoas ao projetarem um prazo para a realização das atividades pensam no pior caso, embutindo tempo de segurança, conforme destaca abaixo: O gerenciamento tradicional de projetos tem sido feito com o uso das ferramentas PERT e CPM. Estas ferramentas permitem embutir excesso de tempo nas estimativas das durações das atividades. Como o PERT trabalha com probabilidades,as pessoas envolvidas no dimensionamento da duração das atividades acabam usando o tempo pessimista ao invés do otimista. (CAMPANINI, 2009. p.47) Goldratt (1998) propõe, por meio de sua teoria, eliminar estes desperdícios de tempo e destaca que com as proteções incluídas nos prazos, há desperdícios que farão com que a atividade atrase. Goldratt (1998) apresenta como suporte teórico a exposição de teorias que apresentam mecanismos de desperdícios como a Lei de Parkinson, a Síndrome do Estudante e a Multitarefa Nociva. Goldratt (1998) explica que todo ser humano ao prever um esforço para a execução de alguma atividade, cria defesas, aumentando o prazo com reservas de tempo, que podem ser utilizadas em quaisquer situações, haja vista que a pessoa sempre pensa no pior caso, ou seja, utiliza como parâmetro a sua pior experiência, fazendo com que todos os prazos apresentados sejam superestimados, influenciando diretamente no prazo final dos projetos. 2.4.1. Mecanismos de desperdícios Goldratt (1998) apresenta três mecanismos de desperdício que contribuirão para o atraso da atividade: 2.4.1.1. Lei de Parkinson O primeiro mecanismo citado por Goldratt (1998) é o que consiste na falta de estímulo que as pessoas envolvidas na realização das atividades têm em comunicar seus superiores 14 sobre o término antecipado de atividades. As pessoas consideram que se informar que a atividade foi finalizada em um prazo menor que o estimado, será pressionado no futuro a se comprometerem com aquele novo prazo realizado, somando-se a isso, ainda tem o impacto em outros departamentos, pois estes poderão não gostar da antecipação, uma vez que para o projeto ser antecipado estes também deverão rever o seu planejamento. Este mecanismo pode ser explicado pela Lei de Parkinson, que consiste em que a realização de uma atividade tende a preencher todo o tempo estimado disponível. Umble e Umble (2000) também reforçam a teoria defendida por Goldratt (1998), conforme destacado abaixo: Umble e Umble (2000) complementam descrevendo que a dependência entre as atividades provocam acúmulo de atrasos, pois quando uma atividade termina antes da data planejada, dificilmente, a atividade seguinte iniciará mais cedo que a data programada. E quando uma atividade termina atrasada, esse tempo é repassado para a atividade seguinte e assim as disponibilidades de recursos deverão ser reprogramadas. (CAMPANINI, 2009, p.49 apud UMBLE e UMBLE (2000)). Numa distribuição normal, 50% do tempo estão de um lado da média e 50% do tempo está do outro lado da média. Assim, avançar de 50% de probabilidade para 80% não parece ser significativo (veja a Figura 1). Porém, tempos de tarefas não são “normais”. De fato, não existe tal coisa como “normal”. A distribuição normal ocorre apenas na matemática, não na vida real. Devido ao Teorema do Limite Central, se incluirmos amostras suficientes, eventualmente teremos a distribuição “normal”. Um exemplo bobo é se eu colocar um pé num balde de água fervente e outro pé num balde de água gelada, na média, eu devo me sentir confortável. 15 Figura 1 - Gráfico da Curva Normal Fonte: http://www.heptagon.com.br/5dgp-2 / As Cinco Doenças do Gerenciamento de Projetos Em vez disso, eles começam em algum lugar além do zero (toda tarefa deve tomar alguma quantidade de tempo) e então a probabilidade de completá-la como prometido aumenta rapidamente, e logo começa a diminuir numa longa cauda (veja a Figura 2). Quando comparar os dois gráficos verá que a “pequena” segurança embutida é, na realidade, bastante grande. Quando maior a incerteza da tarefa, mais a cauda cresce. O resultado é uma tarefa com aproximadamente metade de sua duração estimada sendo segurança. Figura 2 - Gráfico com segurança real Fonte: http://www.heptagon.com.br/5dgp-2 / As Cinco Doenças do Gerenciamento de Projetos 16 O gráfico abaixo representa como cada membro da equipe adiciona uma reserva de segurança ao projeto, além disso, o gerente do projeto tende a acrescentar mais segurança, por considerar que há riscos que devam ser resguardados com tempos adicionais, porém o que todos se perguntam é se há tanto tempo de segurança embutido, por que as atividades não são terminadas dentro do prazo? Isso pode ser explicado por outro fator de desperdício explicado a seguir que é a Síndrome do Estudante. Figura 3 - Mecanismo de atribuição de reservas de tempo Fonte: http://www.heptagon.com.br/5dgp-2 / As Cinco Doenças do Gerenciamento de Projetos 2.4.1.2. Síndrome do estudante O segundo mecanismo apresentado por Goldratt (1998), é a “síndrome do estudante”, que também tem como resultado o desperdício do tempo embutido como segurança nas estimativas de tempo das atividades. Um estudante, ao receber uma tarefa, tentará ganhar mais tempo para a realização da mesma. Após o prazo garantido deixará para realizar a atividade no último momento. Com esta atitude será quase garantido que a atividade atrasará, pois a maioria dos problemas só aparecerá quando a atividade for efetivamente iniciada. Umble e Umble (2000) também com Goldratt (1998), reforçando que o nome da síndrome está diretamente ligado ao comportamento dos estudantes: 17 Para Umble e Umble (2000), A tendência que os estudantes têm de deixarem para iniciar os estudos de uma prova ou a realização de um trabalho no último minuto, dá origem ao termo “síndrome do estudante”. Quando um estudante briga por tempo extra e consegue, o estudo que era urgente deixa de ser, e só irá iniciar no momento que boa parte do tempo conseguido já tiver passado. (CAMPANINI, 2009, p.49 apud Umble e Umble (2000)). Quando os gerentes de projetos sobrecarregam as pessoas com tarefas e permitem que elas inflacionem os prazos para acomodar outras tarefas, estão perpetuando a síndrome do estudante. Esse problema é ampliado pela multitarefa nociva, pois se a equipe trabalha em múltiplas tarefas com durações inflacionadas esperando que eles priorizem tais tarefas. Tarefas urgentes terão precedência sobre as tarefas importantes. Isto encoraja que a segurança seja embutida nas tarefas, fornecendo mais tempo do que o realmente é necessário, propiciando o atraso do início das tarefas até que seja imprescindível começar, devido às demandas concorrentes. Podemos observar na (Figura 4 e 5), que quando a segurança é embutida, mentalmente a proteção é colocada no final da tarefa. Porém, devido à síndrome do estudante, a tarefa não é começada imediatamente, somente sendo feito com não há possibilidade de postergar o início da atividade, neste momento a segurança com a qual contávamos na estimativa inicial já não está mais disponível. Figura 4 - Como pensamos ao embutir a segurança Fonte: http://www.heptagon.com.br/5dgp-3 / As Cinco Doenças do Gerenciamento de Projetos 18 Figura 5 - O que acontece ao postergarmos o início Fonte: http://www.heptagon.com.br/5dgp-3 / As Cinco Doenças do Gerenciamento de Projetos 2.4.1.3. Multitarefa nociva O terceiro mecanismo é caracterizado por Goldratt (1998), como o fenômeno da multitarefa, que também desperdiça tais proteções de tempo. O fenômeno da multitarefa ocorre quando há necessidade de compartilhamento de recursos para atender vários projetos, ou seja, a área ou departamento terá que atender a vários clientes internos ao mesmo tempo. Desse modo, as pessoas iniciam todas as atividades e não concluem nenhuma, pois darão maior importância para aquele cliente que estiver pressionando mais para ser atendido. Umble e Umble (2000) também ratificam o que defende Goldratt (1998), ao dizerem que: Confirmam que atrasos e perda de foco são causados pela multitarefa ocasionada por múltiplos projetos e recursos limitados. O tempo de segurança é consumido quando múltiplastarefas são programadas para serem executadas em um mesmo período. (CAMPANINI, 2009, p.49 apud Umble e Umble (2000)). Sendo assim, observa-se que o gerenciamento de projetos não possui uma receita com a qual o gerente de projetos possa utilizá-la em todos os projetos, percebe-se a existência de muitos fatores internos e externos a organização e até mesmo de características pessoas que influenciam no comportamento das pessoas, ou seja, o conceito de projeto traduz bem o nível de incerteza que um projeto pode ter. É importante destacar que os diversos autores apontados nesta revisão bibliográfica concordam em vários aspectos e sugerem alternativas para que o gerente de projetos possa minimizar os atrasos em projetos, cabendo ao gerente de projetos escolherem a melhor metodologia aplicável a sua organização. 19 3. METODOLOGIA DA PESQUISA 3.1. Classificação da Pesquisa Quanto a sua finalidade trata-se de uma pesquisa descritiva, desenvolvida através de raciocínio dedutivo, onde são analisadas e compreendidas as metodologias, estruturas organizacionais de trabalho e a relação destes fatores com o aumento dos atrasos dos projetos. Possui uma abordagem caráter investigativo do contexto das instituições que utilizam o gerenciamento de projetos, baseados no PMBOOK, para aumento do percentual de sucesso dos projetos, e apresenta as seguintes fases: A fase inicial do trabalho, centrada na pesquisa bibliográfica, para se tenha um maior embasamento teórico a respeito das metodologias de gerenciamento de tempo, estruturas organizacionais. Elaboração de questionário de avaliação das metodologias utilizadas na comunidade de gerenciamento de projetos, a ser aplicado através de formulário pela Internet em profissionais com experiência na área de estudo. Tabulação das informações e geração de gráficos com os resultados obtidos nas entrevistas. 3.2. Universo e amostra ou Seleção dos sujeitos A pesquisa de campo será realizada com os profissionais do gerenciamento de projetos de Belo Horizonte, Minas Gerais, através do grupo http://br.groups.yahoo.com/group/PMI- MG/ e também do grupo de alunos do curso de pós-graduação em gerenciamento de projetos da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais através do grupo http://br.groups.yahoo.com/group/PUC_Gerenciamento_de_Projetos_2011/ 20 3.3. Coleta de dados A coleta de dados será feita através de envio de formulário com a ferramenta https://docs.google.com, com a qual enviaremos questões de múltipla escolha, possibilitando a participação de uma quantidade de profissionais na pesquisa. Também serão aplicados questionários impressos, de múltipla escolha, para pessoas que trabalham na Empresa1, pois é a empresa que trabalho e tenho mais acesso as informações de projetos. 3.4. Tratamento dos resultados Os questionários recebidos em meio eletrônico serão impostados em uma base de dados e os impressos serão digitados na mesma base, sobre os quais serão aplicadas técnicas de estatísticas, a fim de obtermos o cruzamento das informações para subsidiar as avaliações quantitativas acerca do objeto de estudo. 21 4. RECURSOS OU ORÇAMENTO Figura 6 - Orçamento do projeto 22 5. CRONOGRAMA Figura 7 - Cronograma 23 REFERÊNCIAS ALENCAR, A. J.; SCHMITZ, E. A. Análise de risco em gerência de projetos. 1 ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2006. ALBENY, R. M. Análise da importância da mensuração e controle do valor da exposição a riscos em projetos de desenvolvimento de produtos complexos. 2007. Dissertação (Mestrado) - Universidade de São Paulo, São Paulo. CAMPANINI, Luciano. Gerenciamento de projetos em uma empresa de bens de capital: uma comparação entre os procedimentos utilizados e o método da corrente crítica. Prod. [online]. 2008, vol.16, n.2, pp. 301-312. ISSN 0104-530X. 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