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DIREITO PENAL I (PARTE GERAL) DIREITO PENAL I – PARTE GERAL (Arts. 1º ao 32 CP) Prof.: GENOVA I - Teoria Geral do Direito Penal II - Teoria Geral do Crime FATO TÍPICO X FATO ATÍPICO toda conduta (ação ou omissão) humana, produtora ou capaz de produzir um resultado que se subsume ao modelo de conduta proibida pelo Direito Penal. FATO TÍPICO CP Furto Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Conduta que não está descrita em nenhum tipo penal -> não configura infração penalFATO ATÍPICO https://clubedemulher.com.br/ele-te-trai-com- uma-colega-veja-como-descobrir/ http://kyrakally.blogspot.com/2016/05/adulterio- questao-nao-e-cometer-algo-e.html Adultério (Revogado Lei 11.106/2005) Art. 240 - Cometer adultério: Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses. § 1º - Incorre na mesma pena o co-réu. I - LEI PENAL EM BRANCO 1. Descreve a conduta criminosa (AÇÃO OU OMISSÃO) 2. Define a sanção penal LEI PENAL EM BRANCO Necessita de um complemento no preceito primário por meio uma lei ou em atos normativos do Poder executivo ou do próprio Legislativo FONTE: Masson, Cleber. Direito penal esquematizado – Parte geral – vol. 1 / Cleber Masson. – 8.ª ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL NORMAS PENAIS EM BRANCO A posição amplamente predominante - normas penais em branco não são constitucionais, DESDE que o núcleo da proibição, ou seja, o verbo e elementos essenciais a ele ligados, estejam descritos na lei NORMAS PENAIS EM BRANCO FERE O PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL? ORIGEM DO ATO COMPLEMENTAR ATO ADMINISTRATIVO Norma penal em sentido estrito ou heterogênea LEI Norma penal em sentido amplo ou homogênea LEI PENAL EM BRANCO Complemento tem natureza jurídica diversa e emana de órgão distinto daquele que elaborou a lei penal incriminadora NORMA PENAL EM BRANCO EM SENTIDO ESTRITO OU HETEROGÊNEA Lei 11.343/2006 (Lei das Drogas) FONTE PRODUTORA Poder Legislativo ATO COMPLEMENTAR Poder Executivo Lei 11.343/2006 – Lei de Drogas NÃO PREVÊ DROGAS PROIBIDAS Lei 11.343/2006 – Lei de Drogas NÃO PREVÊ QUAIS AS DROGAS PROIBIDAS Art. 1º. Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. Ato Administrativo complementando a lei penal Lei 11.434/2006 é lei penal em branco Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas) Quais são as drogas proibidas? Portaria 344/1998 – SVS/MS (Regras de prescrição e dispensação de medicamentos sujeitos a controle especial) complemento tem a mesma natureza jurídica e provém do mesmo órgão que elaborou a lei penal incriminadora. NORMA PENAL EM BRANCO EM SENTIDO AMPLO OU HOMOGÊNEO APROPRIAÇÃO DE TESOURO ACHADO FONTE PRODUTORA Poder Legislativo ATO COMPLEMENTAR Poder Legislativo TESOURO Norma penal em branco em sentido amplo CÓDIGO CIVIL CP Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza Art. 169. Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre: Apropriação de tesouro I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio; CC Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente. Complemento da lei penal em branco pode originar de atos do Poderes Executivo e Legislativo Estadual ou Municipal? NORMA PENAL EM BRANCO E AS INSTÂNCIAS FEDERATIVAS Infração de medida sanitária preventiva Art. 268. Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa: Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro. Art. 268 é norma penal em branco? Complemento da lei penal em branco pode originar de atos do Poderes Executivo e Legislativo Estadual ou Municipal? CF/88 Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; SIM, desde que o ato e a matéria regulada estão dentro da competência do órgão expedidor Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege (Ludwig FEUERBACH) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE e a CRIMINALIZAÇÃO DA HOMOFOBIA e TRANSFOBIA PELO STF Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 26 e Mandado de Injunção 4.733 O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (13), por 8 votos a 3, permitir a criminalização da homofobia e da transfobia. Os ministros consideraram que atos preconceituosos contra homossexuais e transexuais devem ser enquadrados no crime de racismo. Conforme a decisão da Corte: • "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito" em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime; • a pena será de um a três anos, além de multa; • se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa; • a aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o tema. Lei 7.716/89 -> Define os crimes resultantes de preconceito de raça e cor. Art. 1º Serão punidos, na forma desta lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (ou razão da orientação sexual - STF) Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (ou razão da orientação sexual - STF) Pena: reclusão de um a três anos e multa 3 VOTOS CONTRÁRIOS 1. TEMPO DO CRIME 2. LEI PENAL NO TEMPO II – APLICAÇÃO LEI PENAL NO TEMPO 1. TEMPO DO CRIME (TEMPUS COMISSI DELICTI) momento da ação ou omissão em que se considera praticada a infração penal (crime ou contravenção penal) TEMPO DO CRIME IMPORTANTE Identificar qual a lei penal será aplicada ao criminoso CONDUTA e RESULTADO DE UMA INFRAÇÃO PENAL QUAL O MOMENTO DO CRIME? Momento da ação: 19h, dia 02.08.2018 Momento do Resultado: 7h, dia 05.08.2018 Aquaman atirou em Trício às 19h, do dia 02.08.2018, quando tinha 17 anos. No dia 04.08.2018, Aquaman fez 18 anos. Após ficar hospitalizado, Trício faleceu no dia 05.08.2018, às 7h. QUAL A LEI APLICÁVEL A AQUAMAN (CP ou ECA)? TEORIAS 1. ATIVIDADE 2. RESULTADO 3. MISTA ou UBIQUIDADE TEORIAS DO MOMENTO DO CRIME 1. TEORIA DA ATIVIDADE considera-se praticado o crime no momento da conduta (ação ou omissão), não importando o momento do resultado. Momento da ação: 19h, dia 02.08.2018 Momento do Resultado: 7h, dia 05.08.2018 TEORIAS DO MOMENTO DO CRIME MOMENTO DO CRIME 2. TEORIA DO RESULTADO considera-se praticado o crime no momento do resultado ou da consumação, não importando o momento da conduta Momentoda ação: 19h, dia 02.08.2018 Momento do Resultado: 7h, dia 05.08.2018 TEORIAS DO MOMENTO DO CRIME MOMENTO DO CRIME 3. TEORIA MISTA OU DA UBIQUIDADE considera-se praticado o crime no momento da conduta (ação ou omissão) OU no momento do resultado ou da consumação Momento da ação: 19h, dia 02.08.2018 Momento do Resultado: 7h, dia 05.08.2018 TEORIAS DO MOMENTO DO CRIME MOMENTO DO CRIME Tempo do crime Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Qual a teoria do momento do crime adotada pelo Código penal brasileiro? TEMPO DO CRIME Tempo do crime Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. CÓDIGO PENAL MOMENTO DO CRIME TEORIA DA ATIVIDADE TEMPO DO CRIME TEORIA DA ATIVIDADE todos os elementos do crime (fato típico e antijuridicidade praticado por agente culpável) devem estar presentes no momento da conduta PRINCÍPIO DA COINCIDÊNCIA (DA CONGRUÊNCIA OU DA SIMULTANEIDADE Aquaman atirou em Trício às 19h, do dia 02.08.2018, quando tinha 17 anos. No dia 04.08.2018, Aquaman fez 18 anos. Após ficar hospitalizado, Trício faleceu no dia 05.08.2018, às 7h. 1. Considerando-se a teoria do tempo do crime adotado pelo CPB, Aquaman responderá por ato infracional (adolescente) ou por crime de homicídio (maior 18 anos)? 2. Se fosse adotada a teoria do resultado, Aquaman responderá por ato infracional (adolescente) ou por crime de homicídio (maior 18 anos)? 3. Se fosse adotada a teoria da ubiquidade, Aquaman responderá por ato infracional (adolescente) ou por crime de homicídio (maior 18 anos)? Momento da ação: 19h, dia 02.08.2018 Momento do Resultado: 7h, dia 05.08.2018 Aquaman atirou em Tício às 19h, do dia 02.08.2018, quando tinha 17 anos. No dia 04.08.2018, Aquaman fez 18 anos. Após ficar hospitalizado, Tício faleceu no dia 05.08.2018, às 7h, . 1. Considerando-se a teoria do tempo do crime adotado pelo CPB, Aquaman responderá por ato infracional (adolescente) ou por crime de homicídio (maior 18 anos)? ATO INFRACIONAL - ECA 2. Se fosse adotada a teoria do resultado, Caio responderá por ato infracional (adolescente) ou por crime de homicídio (maior 18 anos)? HOMICÍDIO - CP 3. Se fosse adotada a teoria da ubiquidade, Caio responderá por ato infracional (adolescente) ou por crime de homicídio (maior 18 anos)? ATO INFRACIONAL – ECA – Lei mais benéfica Momento da ação: 19h, dia 02.08.2018 Momento do Resultado: 7h, dia 05.08.2018 2. LEI PENAL NO TEMPO SUCESSÃO DE LEIS NO TEMPO Entre a data do fato praticado e o término do cumprimento da pena, podem entrar em vigor uma ou mais leis penais aplicáveis CONFLITO DE LEIS PENAIS NO TEMPO Qual lei aplicável? CP Receptação Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa Receptação de animal Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa Lei 13.330/20216 (03.08.20216) Data do julgamento 2017 Lei aplicável? uma lei nova entra em vigor, revogando a anterior, gerando um embate para saber qual lei deve ser aplicada ao caso concreto DIREITO PENAL INTERTEMPORAL São as regras e princípios que buscam solucionar o conflito de leis penais no tempo Conflito surge quando fato foi praticado durante a vigência da lei anterior (revogada) CONFLITO DE LEIS PENAIS NO TEMPO AB-ROGAÇÃO DERROGAÇÃO a lei penal vigora até ser revogada por outro ato normativo de igual natureza PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DAS LEIS Art. 2°. Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. (LINDB – DL 4.657/42) LEIS AUTORREVOGÁVEIS: LEIS TEMPORÁRIAS e EXCEPCIONAIS DIREITO PENAL DIREITO PENAL INTERTEMPORAL REGRAS TEMPUS REGIT ACTUM IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS GRAVOSA RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA Lei em vigor no momento da prática da infração penal (lei anterior e prévia cominação) TEMPUS REGIT ACTUM (REGRA GERAL) Código Penal Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. CF/88 Art. 5º - XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS GRAVOSA PRINCÍPIOS PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS GRAVOSA PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA aplica-se a lei vigente no momento da prática da conduta (Princípio da Atividade) (tempus regit actum) Regra Geral EXTRA-ATIVIDADE DA LEI PENALRETROATIVIDADE ULTRATIVIDADE LEI BENÉFICA RETROATIVIDADE Lei nova BENÉFICA retroage aos fatos praticados antes de sua entrada em vigor Projeta seus efeitos para o passado – ANTES DE ENTRAR EM VIGOR RETROATIVIDADE – DATA DO FATO CRIMINOSO ULTRATIVIDADE Lei revogada mais BENÉFICA aplica-se aos fatos praticados durante a vigência Projeta seus efeitos para o futuro – APLICADA DEPOIS DE SUA REVOGAÇÃO FUTURO -> PROCESSO, SENTENÇA, EXECUÇÃO, APÓS O CUMPRIMENTO DA PENA FONTE: Masson, Cleber. Direito penal esquematizado – Parte geral – vol. 1 / Cleber Masson. – 8.ª ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. DIREITO PENAL INTERTEMPORAL Fato praticado durante a vigência da lei anterior (revogada ou modificada ) 1. Lei cria uma nova figura penal (novatio legis incriminadora) 2. Lei posterior mais rígida em comparação com a lei anterior (lex gravior) 3. Lei posterior extingue o crime (abolitio criminis) 4. Lei posterior é benigna em relação à sanção penal ou à forma de seu cumprimento (lex mitior) 5. Lei posterior contém alguns preceitos mais rígidos e outros mais brando APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO Novatio legis in pejus Lei nova agrava o regime anterior Novatio legis incriminadora Lei nova cria novo tipo penal Novatio legis in mellius Lei nova altera o regime anterior, em benefício do infrator Abolitio criminis Lei nova deixa de considerar o fato como crime NÃO RETROAGE CF/88 Art. 5º - XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu RETROAGE É a lei que criminaliza condutas até então considerados penalmente irrelevantes (condutas atípicas) NEOCRIMINALIZAÇÃO A novatio legis incriminadora somente tem eficácia para o futuro. Nunca para fatos passados – NÃO RETROAGE CF/88 Art. 5º - XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu 16.12.2011 Início vigência da Lei 12.550/2011 FATO ATÍPICO FATO TÍPICOCONDUTA NÃO CRIMINOSA LEI PENAL CRIMINALIZADORA NÃO APLICA AOS FATOS PASSADOS CONDUTA CRIMINOSA COLA ELETRÔNICA Novatio legis in pejus 2. LEI PENAL MAIS GRAVE OU LEX GRAVIOR Lei que implica tratamento mais rigoroso às condutas já criminalizadas Novatio legis in pejus A Lex gravior tem eficácia para o futuro. Nunca para fatos passados (NÃO RETROAGE). CF/88 Art. 5º - XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu RETROATIVIDADE – DATA DO FATO CRIMINOSO supressão de atenuante genérica imposição de regime prisional mais rígido Cria nova agravante causa de aumento da pena Exemplos de tratamento mais rigoroso na Lei Penal Novatio legis in pejus 1976 Início de vigência da Lei 11.343Data do fato Início vigência da Lei 6.368 Data do julgamento 01.07.2005 2006 2008 Qual lei aplicável? Pena: Reclusão de 3 a 15 anos. Pena: Reclusão de 5 a 15 anos. Lei 6.368/76 (Não vigor) Medusa foi presa no dia 01.07.2005 pela prática do crime tráfico ilícito de entorpecentes, quandoestava em vigor a Lei nº 6.368/76. Na data de seu julgamento em 2008 já vigora a Lei nº 11.343/06, que revogou a lei anterior. Qual a lei o juiz deve aplicar? IRRETROATIVA Início de vigência da Lei 11.343Data do fato Início vigência da Lei 6.368 Data do julgamento Lei aplicável: Lei nº 6.368/76 Pena: Reclusão de 3 a 15 anos. Pena: Reclusão de 5 a 15 anos. ULTRATIVIDADE Medusa foi presa no dia 01.07.2005 pela prática do crime tráfico ilícito de entorpecentes, quando estava em vigor a Lei nº 6.368/76. Na data de seu julgamento em 2008 já vigora a Lei nº 11.343/06, que revogou a lei anterior. Qual a lei o juiz deve aplicar? 1976 01.07.2005 2006 2008 Novatio legis in pejus 2. LEI PENAL MAIS GRAVE OU LEX GRAVIOR CRIMES PERMANENTES STF Súmula 711 A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Lei 4.771/65 Art. 26. Constituem contravenções penais, puníveis com três meses a um ano de prisão simples ou multa de uma a cem vezes o salário-mínimo mensal, do lugar e da data da infração ou ambas as penas cumulativamente: g) impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação; Lei 9.605/98 Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. C O N S U M A Ç Ã O Pratica de um crime permanente na vigência de 2 leis sucessivas SUCESSÃO DE LEIS NO TEMPO Novatio legis in pejus2. LEI PENAL MAIS GRAVE OU LEX GRAVIOR CRIMES PERMANENTES 1. A conduta imputada ao paciente é a de impedir o nascimento de nova vegetação (art. 48 da Lei 9.605/1998), e não a de meramente destruir a flora em local de preservação ambiental (art. 38 da Lei Ambiental). A consumação não se dá instantaneamente, mas, ao contrário, se protrai no tempo, pois o bem jurídico tutelado é violado de forma contínua e duradoura, renovando-se, a cada momento, a consumação do delito. Trata-se, portanto, de crime permanente. 2. Não houve violação ao princípio da legalidade ou tipicidade, pois a conduta do paciente já era prevista como crime pelo Código Florestal, anterior à Lei 9.605/1998. Houve, apenas, uma sucessão de leis no tempo, perfeitamente legítima, nos termos da Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal. [RHC 83.437, rel. min. Joaquim Barbosa, 1ª T, j. 10-2-2004, DJE 70 de 18-4-2008.] Lei posterior extingue o crime ABOLITIO CRIMINIS Nova lei exclui do âmbito do Direito Penal um fato até então considerado criminoso CONDUTA CRIMINOSA → CONDUTA ATÍPICA Causa de extinção da punibilidade (art. 107, III CP) NATUREZA JURÍDICA Lei posterior extingue o crime (abolitio criminis) Efeitos da abolitio criminis CP Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória Abolitio criminis tem eficácia para o passado e para o futuro CF/88 Art. 5º - XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu RETROATIVIDADE – DATA DO FATO CRIMINOSO Lei posterior extingue o crime (abolitio criminis) EFEITOS DA CONDENAÇÃO PENAL SECUNDÁRIOS PENAIS EXTRAPENAIS PRINCIPAL SANÇÃO PENAL GENÉRICOS (Arts. 91 E 91-A CP) ESPECÍFICOS (Arts. 92 CP) PENAS MEDIDAS DE SEGURANÇA Gerar reincidência, revogar sursis ou livramento condicional, aumenta prazo prescrição APAGADOS PELA ABOLITIO CRIMINIS EFEITOS PENAIS: imposição e cumprimento da sanção penal, reincidência, fixação de regime inicial, maus antecedentes, nome inscrito no rol dos culpados, etc. EFEITOS EXTRAPENAIS: obrigação de reparar o dano, confisco, confisco alongado, perda do cargo, função pública ou mandato eletivo, etc. Não são atingidos pela abolitio criminis abolitio criminis CP Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória Adultério (Revogado pela Lei nº 11.106/2005 – DOU 29.03.2005) Art. 240 - Cometer adultério: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses. § 1º - Incorre na mesma pena o co-réu. Lei posterior extingue o crime (abolitio criminis) Zeus traiu Medusa com Afrodite no dia 10.09.2003. Zeus foi condenado, no dia 15.04.2004, a 3 meses de detenção e a pagar R$ 10.000,00 para Medusa a título de reparação de dano. Com fundamento na abolitio criminis, o advogado de Zeus, no dia 30.03.2005, entrou na Justiça solicitando a revisão da condenação e, consequentemente, a devolução do dinheiro pago a Medusa. Você foi contratado por Medusa a fazer a defesa dela. Qual a tese jurídica que adotaria? Zeus traiu Medusa com Afrodite no dia 10.09.2003. Zeus foi condenado, no dia 15.04.2004, a 3 meses de detenção e a pagar R$ 10.000,00 para Medusa a título de reparação de dano. No dia 30.03.2005, o advogado de Zeus entrou na Justiça solicitando a revisão da condenação e, consequentemente, a devolução do dinheiro pago a Medusa. Você foi contratado por Medusa a fazer a defesa dela. Qual a tese jurídica que adotaria? CP Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória EFEITOS EXTRAPENAIS: obrigação de reparar o dano, confisco, perda do cargo, função pública ou mandato eletivo, etc. Crime de Adultério – Abolitio criminis Lei nº 11.106/2005 – 29.03.2005 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVA TÍPICA É revogação de uma conduta criminosa, porém a mesma continua prevista como crime em outro dispositivo legal, ou seja, não ocorreu a abolitio criminis Lei posterior extingue o crime (abolitio criminis) PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVA TÍPICA Estupro Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos Estupro Art. 213 - Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça: Pena - reclusão, de três a oito anos. Atentado violento ao pudor Art. 214 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal: Pena - reclusão de dois a sete anos. Lei nº 12.015, de 2009 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVA TÍPICA STJ De início, cabe registrar que, diante do princípio da continuidade normativa, não há falar em abolitio criminis quanto ao crime de atentado violento ao pudor cometido antes da alteração legislativa conferida pela Lei 12.015/2009. A referida norma não descriminalizou a conduta prevista na antiga redação do art. 214 do CP (que tipificava a conduta de atentado violento ao pudor), mas apenas a deslocou para o art. 213 do CP, formando um tipo penal misto, com condutas alternativas (estupro e atentado violento ao pudor). (HC 212.305-DF, Rel. Min. Marilza Maynard (Desembargadora Convocada do TJ/SE, julgado em 24/4/2014.) LEI POSTERIOR BENIGNA (Lex mitior) Novatio legis in mellius LEI POSTERIOR BENIGNA (Lex mitior) Novatio legis in mellius CP Art. 2º Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado Lei posterior mais benigna em relação à sanção penal ou à forma de seu cumprimento CF/88 Art. 5º - XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu Lex mitior ou novatio legis in mellius tem eficácia para o passado e para o futuro Como saber qual a lei mais favorável ao réu? LEI POSTERIOR BENIGNA OU NOVATIO LEGIS IN MELLIUS Lex mitior CF/88 Art. 5º - XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu LEI POSTERIOR BENIGNA OU NOVATIO LEGIS IN MELLIUS Lex mitior Aplicar as leis nocaso concreto e verificar quais as consequências ao condenado, prevalecendo a mais benéfica ao réu Como saber qual a lei mais favorável ao réu? aplica-se a lei vigente no momento da prática da conduta (Princípio da Atividade) (tempus regit actum) Regra Geral EXTRA- ATIVIDADE DA LEI PENAL RETROATIVIDADE ULTRATIVIDADE Lei nova BENÉFICA retroage aos fatos praticados antes de sua entrada em vigor Lei revogada BENÉFICA aplica- se aos fatos praticados durante a vigência Projeta seus efeitos para o passado – ANTES DE ENTRAR EM VIGOR Projeta seus efeitos para o futuro – APLICADA DEPOIS DE SUA REVOGAÇÃO Retroatividade da lei mais benéfica Início de vigência da Lei B e revogação da Lei A Lei “A” (Lex gravior) Lei “B” (Lex mellius) Data do julgamento Início vigência da Lei A Data do fato Qual se aplica no julgamento? 01.07.2015 30.07. 2016 03.08.2018 03.08.2019 Lei “A” (Lex gravior) VIGÊNCIA LEI “A” VIGÊNCIA LEI “B” Início de vigência da Lei B e revogação da Lei A Lei “A” (Lex gravior) Lei “B” (Lex mellius) Data do julgamento Início vigência da Lei A Data do fato 01.07.2015 30.07. 2016 03.08.2018 03.08.2019 RETROATIVA A Lei “B” mais favorável aplica-se aos fatos praticados antes da sua entrada em vigor - RETROAGE para alcançar fatos cometidos durante o período de vigência da Lei “A” (mais gravosa) VIGÊNCIA LEI “A” VIGÊNCIA LEI “B” Lei “B” (Lex gravior) Lei “A” (mais favorável) Início de vigência da Lei B e revogação da Lei A Data do fato Início vigência da Lei A Qual se aplica no julgamento? Data do julgamento 01.07.2015 30.07. 2016 03.08.2018 03.08.2019 Lei “A” (mais favorável) Ultratividade da lei mais benéfica VIGÊNCIA LEI “B”VIGÊNCIA LEI “A” Lei “B” (Lex gravior) Lei “A” (mais favorável Início de vigência da Lei B e revogação da Lei A Data do fato Início vigência da Lei A Data do julgamento 01.07.2015 30.07. 2016 03.08.2018 03.08.2019 ULTRATIVA A Lei “A” mais favorável aplica-se aos fatos praticados durante a sua vigência, mesmo após ser revogada (ULTRATIVA), a Lei “B” (mais gravosa) aplica-se ao fatos praticados somente após sua entrada em vigor (IRRETROATIVA) VIGÊNCIA LEI “B”VIGÊNCIA LEI “A” APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO Novatio legis in pejus Lei nova agrava o regime anterior Novatio legis incriminadora Lei nova cria novo tipo penal Novatio legis in mellius Lei nova altera o regime anterior, em benefício do infrator Abolitio criminis Lei nova deixa de considerar o fato como crime RETROAGE NÃO RETROAGE COMBINAÇÃO DE LEIS PENAIS ei posterior contém alguns preceitos mais rígidos e outros mais brandos ei posterior contém alguns preceitos mais rígidos e outros mais brandos conflito entre duas leis penais sucessivas no tempo, cada qual com partes favoráveis e desfavoráveis ao réu aplicando os dispositivos mais favoráveis de duas ou mais leis? Combinação de leis (Lex tertia) DIVISÃO DOUTRINÁRIA SIM. Integração normativa. Basileu Garcia, José Frederico Marques, Magalhães Noronha, Rogério Greco, Luiz Regis Prado, Cezar Roberto Bitencourt e Luiz Flávio Gomes NÃO. Os princípios da ultratividade e da retroatividade da Lex mitior não autorizam a combinação de duas normas, ainda benefício do réu. Juiz estaria legislando ao criar uma nova lei. Nesse sentido: Costa e Silva, Nélson Hungria, Aníbal Bruno e Fragoso. POSIÇÃO MAJORITÁRIA NO STF E STJ Lex tertia ou lei híbrida Súmula 501 do STJ: "É cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368, sendo vedada a combinação de leis". Lex tertia ou lei híbrida Vedada combinação de leis Concorda com a combinação de leis Lex tertia ou lei híbrida Vedada a Lex tertia ou lei híbrida (combinação de leis), qual a solução no caso concreto? O juiz, no caso concreto, deve fazer a dosimetria da pena separada para cada umas das leis e escolher aquela que resulta numa sanção penal mais favorável Aplicar as leis no caso concreto e verificar quais as consequências: prevalece a lei na sua integralidade mais benéfica ao réu Combinação de leis – lei híbrida ou Lex tertia A Lei “X” comina ao crime de zapear as penas de reclusão, de um a quatro anos, e multa. Posteriormente, é revogada pela Lei “Y”, que prevê ao mesmo delito a pena de reclusão de dois a quatro anos, sem multa. 1) Qual lei aplica-se ao fato praticado na vigência da Lei “x” e julgada na vigência da Lei “Y”? 2) É possível combinar a Lei X com a Lei Y para aplicar a pena de reclusão de 1 a 4 anos sem multa, formando uma lei híbrida ou Lex Tertia? Combinação de leis – lei híbrida ou Lex tertia A Lei “X” comina ao crime de zapear as penas de reclusão, de um a quatro anos, e multa. Posteriormente, é revogada pela Lei “Y”, que prevê ao mesmo delito a pena de reclusão de dois a quatro anos, sem multa. 1) Qual lei aplica-se ao fato praticado na vigência da Lei “x” e julgada na vigência da Lei “Y”? Calcular as penas separadas, com fundamento na Lei X e na Lei Y, aplicar a lei que na sua integralidade é mais benéfica ao réu É possível combinar a Lei X com a Lei Y para aplicar a pena de reclusão de 1 a 4 anos sem multa, formando uma lei híbrida ou Lex Tertia? Não. Ofensa ao princípio da reserva legal e da separação dos poderes, pois é vedada ao Poder Judiciário a criação de uma terceira pena, a partir da combinação das duas (Súmula 501 STJ) leis. LEI PENAL INTERMEDIÁRIA Ocorre quando há sucessão de leis penais, com a aplicação de uma lei intermediária mais favorável ao réu, ainda que não seja a lei em vigor quando da prática da infração penal ou a lei vigente à época do julgamento. LEI PENAL INTERMEDIÁRIA LEI REVOGADA (lex gravior) LEI INTERMEDIÁRIA REVOGADA (Lex mitior) LEI VIGENTE (lex gravior) Vigente na data do crime Vigente na data do julgamento Lei “A” (Lex gravior) NÃO ULTRATIVA Lei “B (Lex mellius) Lei intermediária Início de vigência da Lei B e revogação da Lei A Data do julgamento Data do fato Lei “C” (Lex gravior) NÃO RETROATIVA Início de vigência da Lei A Início de vigência da Lei C revogação da Lei B 01.07.2015 30.07. 2016 30.09.2016 30.07.2017 30.07.2019 Qual se aplica no julgamento? Lei “A” (Lex gravior) NÃO ULTRATIVA Lei “B (Lex mellius) Lei intermediária Início de vigência da Lei B e revogação da Lei A Data do julgamento Data do fato Lei “C” (Lex gravior) NÃO RETROATIVA Início de vigência da Lei A Início de vigência da Lei C revogação da Lei B 01.07.2015 30.07. 2016 30.09.2016 30.07.2017 30.07.2019 A Lei “B” (mais favorável) aplica-se aos fatos praticados antes de entrar em vigor (RETROATIVIDADE) e aos fatos praticados durante a sua vigência, mas que julgados depois sua revogação (ULTRATIVIDADE) ULTRATIVA LEI REVOGADA (lex gravior) LEI INTERMEDIÁRIA REVOGADA (Lex mitior) LEI VIGENTE (lex gravior) Vigente na data do crime Vigente na data do julgamento ULTRATIVA RETROATIVA LEI PENAL INTERMEDIÁRIA Muito obrigado
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