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DI 15 - Estados 4 - Nacionalidade e apatridia (1)

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09/10/2022
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DIREITO 
INTERNACIONAL 
PÚBLICO
AULA 15
Professor: Marcelo Uchôa
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UNIDADE V
ESTADO – Parte IV
SINOPSE
• Nacionalidade;
• Apatridia, polipatria e 
conflito de nacionalidades;
• A nacionalidade no Brasil.
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Nacionalidade
• Em princípio, o Estado possui jurisdição sobre 
todos que se encontram em seu território. Tal 
competência é exercida, em primeiro plano, 
sobre os nacionais, e, em sequência, sobre os 
estrangeiros.
• A nacionalidade é compreendida como o vínculo 
jurídico-político que une permanentemente um 
indivíduo a um dado Estado. O estudo da 
nacionalidade visa, fundamentalmente, 
determinar quais indivíduos encontram-se unidos 
ao Estado sob esta condição de perenidade e a 
que autoridade se submetem.
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Povo, população e cidadania
Povo, população e cidadania são conceitos próximos, porque dizem respeito a 
pessoas num dado território. Apesar disso, os conceito se distinguem. 
O povo tem ligação direta com o Estado via nacionalidade. Integra sua 
comunidade nacional, inclusive quando residente no exterior. 
A população não diz respeito propriamente ao vínculo jurídico-político do indivíduo 
com o Estado. Apesar disso, quando permanente, é um elemento constitutivo estatal 
e representa o conjunto de pessoas (nacionais ou estrangeiros) ali instalados, os 
quais, gozam de proteção para residir ou visitar o território. 
A cidadania está ligada à nacionalidade. Porém, um nacional só gozará de direitos 
relacionados à cidadania se preencher certos requisitos. Uma exceção à restrição aos 
não nacionais é a dos portugueses com residência permanente no Brasil, pois, por 
prescrição do paragrafo 3º do art. 12 da CF, havendo reciprocidade em favor de 
brasileiros, gozam de direitos inerentes aos brasileiros, inclusive direitos políticos.
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Povo, população e 
cidadania
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• Apenas a título de informe é 
relevante ressaltar que a PEC
25/2012 do Senado propunha a
alteração do art. 5º, 12 e 14 da CF
para estender aos estrangeiros 
direitos inerentes aos brasileiros e 
conferir aos estrangeiros com 
residência permanente no país 
capacidade eleitoral ativa e 
passiva nas eleições municipais. 
Havia Relatório Final da Comissão 
Parlamentar Mista sobre 
Migrações Internacionais e 
Refugiados do país aprovando-a, 
mas, no final, ela não vingou.
Nacionalidade
• Pois bem. Sobre o assunto 
nacionalidade, dispõe a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos de 
1948 dispõe no art. XV, 1 e 2: 
1. Toda pessoa tem direito a uma 
nacionalidade;
2. Ninguém será arbitrariamente 
privado de sua nacionalidade, nem do 
direito de mudar de nacionalidade.
• Com efeito, apesar da atribuição da 
nacionalidade corresponder a um 
Estado, o direito à nacionalidade é 
qualificado como fundamental da 
pessoa humana, a quem se 
reconhece, inclusive, a prerrogativa 
de optar por outra nacionalidade 
caso deseje.
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Nacionalidade
Tal compreensão reverbera no sistema interamericano 
de proteção aos direitos humanos. 
• Declaração Americana dos Direitos e Deveres do 
Homem de Bogotá de 1948
Art. XIX: Toda pessoa tem direito à nacionalidade que 
legalmente lhe corresponda, podendo mudá-la, se 
assim o desejar, pela de qualquer outro país que 
estiver disposto a concedê-la.
• Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 
1969 (Pacto de San José da Costa Rica):
Art. 20. Direito à nacionalidade.
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado 
em cujo território houver nascido, se não tiver direito 
a outra.
3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua 
nacionalidade nem do direito de mudá-la.
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Nacionalidade
• A obtenção da nacionalidade pode ser de duas 
formas:
1. Originária  Contraída no nascimento, 
resultado do lugar de nascimento (jus soli) ou da 
nacionalidade dos pais (jus sanguinis). 
Obs. Na Líbia, Síria, etc., o jus sanguinis é patrilinear, 
ou seja, vinculada à nacionalidade paterna.
2. Adquirida Contraída por naturalização. 
Obs. Apesar de existir aquisição de nacionalidade 
“involuntária” (p. Ex., a italiana, por casamento), a 
obtenção da nacionalidade por naturalização decorre 
de ato de vontade. Inexiste naturalização imposta 
como, p. Ex., a grande naturalização da CF/1824, 
relacionada aos portugueses que optaram por manter 
residência no Brasil. 
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Nacionalidade
OBSERVAÇÃO 1: 
Pelo ordenamento da Itália, até 1983, o 
casamento com o Italiano (com a Italiana, não) 
gerava para a esposa o reconhecimento da 
nacionalidade originária italiana. De 1983 para 
cá, o casamento com o italiano apenas facilita o 
reconhecimento por naturalização, e, ainda 
assim, desde que após uma união de, no 
mínimo, 3 anos.
OBSERVAÇÃO 2:
Por força do art.1 da Convenção sobre a 
nacionalidade da mulher casada, Dec. 
64.216/69 (no Brasil, aplicada ao homem devido 
à igualdade entre sexos prevista pela CF/88), o 
reconhecimento da nacionalidade estrangeira 
obtida por casamento com consorte de outro 
país, não implica na perda da nacionalidade 
originária.
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Nacionalidade
• Em princípio, a naturalização por 
vontade do indivíduo implica na 
perda da nacionalidade anterior. 
Esta prescrição normalmente é 
prevista nos ordenamentos 
domésticos, apesar de cada Estado 
ser soberano para silenciar sobre o 
assunto ou, até mesmo, dispor no 
sentido contrário. 
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Apatridia
• A existência de desigualdades sociais, políticas e econômicas 
entre povos e nações favorece ao desenvolvimento do 
fenômeno da apatridia (ou apatria). Segundo especulado por 
agências de direitos humanos da ONU, há cerca de 10 milhões 
de apátridas (ou heimatlos) no mundo, decorrendo de variados 
motivos:
a) nascimento, em Estado adotante do critério de obtenção de 
nacionalidade jus sanguinis, de filhos de pais nacionais de 
Estados adotantes do critério jus soli; 
b) devido à perda da nacionalidade anterior, até eventual aquisição 
de nova nacionalidade; 
c) por punição;
d) por negação de cidadania com base em motivos de 
discriminação por etnia (palestinos; até 2008, quem falava 
urdu em Bangladesh), religião (mulçumanos na Birmânia), 
gênero (mulheres no Irã ou no Catar, impedidas de passar a 
nacionalidade aos filhos); quando um Estado se desfaz, etc. 
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Apatridia
OBSERVAÇÃO: 
• Visando reduzir apatridia no continente 
americano, a Convenção Americana 
sobre Direitos Humanos de 1969 (Pacto 
de San José da Costa Rica), segundo já 
visto, estabeleceu:
Art. 20. Toda pessoa tem direito à 
nacionalidade do Estado em cujo 
território houver nascido, se não tiver 
direito a outra.
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Apatridia
• Prescrição semelhante à do Pacto de San José já 
havia sido antes estipulada pelo art.1, da 
Convenção para a Redução dos Casos de 
Apatridia, de Nova York, de 1961 que, no 
entanto, só passou a viger no Brasil, após 
25/10/07, com a ratificação do Decreto 
Legislativo 274/2007, ensejador do Decreto 
8.501, de 18/08/2015. Verbis: 
1. Todo Estado Contratante concederá sua 
nacionalidade a uma pessoa nascida em seu 
território e que de outro modo seria apátrida. A 
nacionalidade será concedida: 
(a) de pleno direito, no momento do 
nascimento (...).
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Apatridia
• O fenômeno da apatridia não passa ao largo da apreciação 
normativa nacional. Pelo menos dois diplomas 
internacionais de referência sobre o tema foram 
internalizadasno país: a Convenção sobre o Estatuto dos 
Apátridas de 1954 (Decreto n. 4.246, de 22/05/02) e a já 
citada Convenção para a Redução dos Casos de Apatridia 
de 1961 (Decreto n. 8.501, de 18/08/15). 
• Por sua vez, mais recentemente, a Lei de Migração (Lei n. 
13.445, de 24/05/17), em seu art. 1º, § 1º, assim definiu o 
apátrida: 
VI - apátrida: pessoa que não seja considerada como nacional 
por nenhum Estado, segundo a sua legislação, nos termos da 
Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954, 
promulgada pelo Decreto nº 4.246, de 22 de maio de 2002, ou 
assim reconhecida pelo Estado brasileiro.
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Apatridia
• Para diminuir os casos de apatridia no país a 
Lei de Migração prevê processo simplificado 
de naturalização específico para o apátrida 
(Art. 26, caput), caso lhe seja de interesse, 
estendendo-lhe, durante o curso do 
processo de reconhecimento da situação de 
apatridia, todas as garantias e mecanismos 
protetivos de inclusão social previstas nos 
Decretos n. 4.246/02 e 50.215/61, 
respectivamente, Convenção sobre o 
Estatuto dos Apátridas de 1961 e Convenção 
relativa ao Estatuto de Refugiados de 
Genebra de 1951, bem como na Lei n. 
9.474/97 (Estatuto dos Refugiados). 
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Apatridia
• Uma vez reconhecida a situação formal 
de apatridia são estendidos ao apátrida 
todos os direitos previstos na Convenção 
sobre o Estatuto dos Apátridas de 1961 
(Decreto n. 4.246/02), dentre outros 
direitos e garantias endossados pelo 
Brasil (aplicação do § 4º, do art. 26, da Lei 
de Migração). 
• Ao apátrida residente, o § 3º, do art. 26, 
da Lei de Migração reserva a extensão de 
todos os direitos atribuídos ao migrante 
no art. 4º da referida lei, verbis:
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Apatridia
• LEI 13.445/17
Art. 4º Ao migrante é garantida no território nacional, em 
condição de igualdade com os nacionais, a inviolabilidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, bem como são assegurados:
I - direitos e liberdades civis, sociais, culturais e econômicos;
II - direito à liberdade de circulação em território nacional;
III - direito à reunião familiar do migrante com seu cônjuge 
ou companheiro e seus filhos, familiares e dependentes;
IV - medidas de proteção a vítimas e testemunhas de crimes 
e de violações de direitos;
V - direito de transferir recursos decorrentes de sua renda e 
economias pessoais a outro país, observada a legislação 
aplicável;
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Apatridia
VI - direito de reunião para fins pacíficos;
VII - direito de associação, inclusive sindical, para fins 
lícitos;
VIII - acesso a serviços públicos de saúde e de assistência 
social e à previdência social, nos termos da lei, sem 
discriminação em razão da nacionalidade e da condição 
migratória;
IX - amplo acesso à justiça e à assistência jurídica integral 
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
X - direito à educação pública, vedada a discriminação em 
razão da nacionalidade e da condição migratória;
XI - garantia de cumprimento de obrigações legais e 
contratuais trabalhistas e de aplicação das normas de 
proteção ao trabalhador, sem discriminação em razão da 
nacionalidade e da condição migratória;
XII - isenção das taxas de que trata esta Lei, mediante 
declaração de hipossuficiência econômica, na forma de 
regulamento;
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Apatridia
XIII - direito de acesso à informação e garantia de 
confidencialidade quanto aos dados pessoais do migrante, 
nos termos da Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011;
XIV - direito a abertura de conta bancária;
XV - direito de sair, de permanecer e de reingressar em 
território nacional, mesmo enquanto pendente pedido de 
autorização de residência, de prorrogação de estada ou de 
transformação de visto em autorização de residência; e
XVI - direito do imigrante de ser informado sobre as garantias 
que lhe são asseguradas para fins de regularização migratória.
§ 1o Os direitos e as garantias previstos nesta Lei serão 
exercidos em observância ao disposto na Constituição 
Federal, independentemente da situação migratória, 
observado o disposto no § 4o deste artigo, e não excluem 
outros decorrentes de tratado de que o Brasil seja parte.
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Apatridia
• Em todo caso, não interessando ao apátrida a 
naturalização brasileira, ainda assim lhe será 
facilitado o domicílio permanente, por aplicação 
do §8º, do Art. 26, da Lei de Migração.
• Já no caso da situação de apatridia não ser 
reconhecida, a Lei de Migração faculta recurso ao 
pretende (§ 9º, do Art. 26). Subsistindo o não 
reconhecimento, de todo modo “é vedada a 
devolução do indivíduo para o país onde sua vida, 
integridade pessoal ou liberdade estejam em 
risco.” (§ 10, Art. 26). 
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Polipatria/polipatridia
• Assim como não é rara a ocorrência de 
indivíduos sem nacionalidade, não é incomum 
existirem polipátridas. Por exemplo:
a) alguém que nasça em um Estado que adote o 
critério de obtenção de nacionalidade jus soli, mas 
que seja filho de pais nacionais de Estados que 
preservam o jus sanguinis. (Franco-brasileiros, ítalo-
brasileiros, etc.) 
b) por casamento;
c) por imposição de lei estrangeira a brasileiros para 
permanência em seu território ou exercício de 
direitos civis. (CF/88, Art. 12, 2b, § 4º).
• Filhos de diplomatas são imunes à aplicação do 
critério jus soli. 
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Conflito de nacionalidades
• Para fins de solução de conflitos de nacionalidade, a 
Convenção de Haia sobre Conflitos de Leis sobre 
Nacionalidade de 1930 (Dec. 21.798/32) estipula que:
“Art. 4. Um Estado não pode exercer proteção diplomática em 
benefício de um de seus nacionais contra um Estado de onde ele 
também seja nacional.” (Tradução livre)
• Já frente a terceiro Estado, o art. 5º da mesma Convenção 
estipula, com base no princípio da nacionalidade efetiva, 
que a pessoa deve ser protegida pela nação em que 
mantenha residência habitual ou principal, isto é, sendo-lhe 
reconhecida a nacionalidade que, de acordo com as 
circunstâncias, pareça-lhe mais estreitamente vinculada.
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A nacionalidade no Brasil
• Cada Estado é soberano para 
dispor sobre regras da 
nacionalidade.
• No Brasil, tais regras estão 
dispostas no Capítulo III, da 
CF/88, art. 12, o qual 
estabelece duas categorias de 
nacionais, os natos e os 
naturalizados, verbis:
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A nacionalidade 
no Brasil
Art.12 - São brasileiros:
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, 
ainda que de pais estrangeiros, desde que 
estes não estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro 
ou mãe brasileira, desde que qualquer deles 
esteja a serviço da República Federativa do 
Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou 
de mãe brasileira, desde que sejam 
registrados em repartição brasileira 
competente ou venham a residir na 
República Federativa do Brasil e optem, em 
qualquer tempo, depois de atingida a 
maioridade, pela nacionalidade 
brasileira; (Redação da EC 54/07).
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A 
nacionalidade 
no Brasil
Observação 1: 
• Segundo estabelece a Lei de 
Migração (Lei n. 14.445, de 24 de 
maio de 2017), em seu art. 63: 
Art. 63. O filho de pai ou de mãe 
brasileiro nascido no exterior e que 
não tenha sido registrado em 
repartição consular poderá, a 
qualquer tempo, promover ação de 
opção de nacionalidade.
• Parágrafo único. O órgão de 
registro deve informar 
periodicamente à autoridade 
competente os dadosrelativos à 
opção de nacionalidade, conforme 
regulamento.
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A nacionalidade 
no Brasil
Observação 2:
• Por força do que dispõe a CF/88, 
prepondera, no Brasil, o critério “jus 
soli” para definição da 
nacionalidade. Porém, como visto 
acima, o Estado brasileiro também 
aceita, excepcionalmente, o critério 
“jus sanguinis” para sua definição. 
• Por isso, apesar de opiniões 
contrárias, o falecido jurista Celso 
Albuquerque Mello (V. 2, p.995) já 
afirmava que com “tantas exceções 
a favor do jus sanguinis adotamos 
um sistema misto”.
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A nacionalidade 
no Brasil
Observação 3:
• Segundo o STF, a opção de que trata a 
alínea c, do inciso I, do art. 12 da CF/88
pode ser efetuada a qualquer tempo, 
desde que o filho de pais brasileiros 
nascido no exterior venha a residir no 
Brasil e tenha alcançado a maioridade. 
Vindo aquele a residir no Brasil antes da 
maioridade, será tomado como brasileiro 
nato, mas sua nacionalidade sujeitar-se-á 
a confirmação tão logo alcance a 
maioridade, pois, a partir desta data, a 
opção passa a constituir-se como 
condição suspensiva da nacionalidade 
brasileira. Essa opção, apesar de 
potestativa (depender apenas da vontade 
do interessado) deve fazer-se em juízo, 
em jurisdição voluntária.
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A nacionalidade 
no Brasil
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a 
nacionalidade brasileira, exigidas 
aos originários de países de língua 
portuguesa apenas residência por 
um ano ininterrupto e idoneidade 
moral;
b) os estrangeiros de qualquer 
nacionalidade, residentes na 
República Federativa do Brasil há 
mais de quinze anos ininterruptos 
e sem condenação penal, desde 
que requeiram a nacionalidade 
brasileira. * (Redação EC/Revisão, 
3/94).
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A nacionalidade no 
Brasil
Observação: 
• A naturalização do estrangeiro 
não implica em aquisição da 
nacionalidade brasileira a 
outros membros da família 
(cônjuges e filhos), nem lhes 
autoriza ou obriga a entrar ou 
radicar-se no Brasil. 
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A nacionalidade 
no Brasil
II - naturalizados: (...)
§ 1º - Aos portugueses com residência 
permanente no País, se houver 
reciprocidade em favor de 
brasileiros, serão atribuídos os 
direitos inerentes ao brasileiro, 
salvo os casos previstos nesta 
Constituição. * (Redação 
EC/Revisão, 3/94).
§ 2º - A lei não poderá estabelecer 
distinção entre brasileiros natos e 
naturalizados, salvo nos casos 
previstos nesta Constituição.
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A nacionalidade no Brasil
• A Lei de Migração (Lei 13.445/17) 
destina o Capítulo VI para tratar da 
opção de nacionalidade e da 
naturalização. Prescrevendo sobre 
as formas de naturalização, o art. 64 
normaliza:
Art. 64. A naturalização pode ser:
a) ordinária;
b) extraordinária, 
c) especial; ou 
d) provisória.
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A nacionalidade no Brasil
• A naturalização ordinária (Art. 65 da Lei de Migração) será 
concedida ao estrangeiro que possua capacidade civil de 
acordo com a lei brasileira, tenha residência no país no prazo 
mínimo de 4 anos, possua domínio da comunicação em 
português, e não tenha condenação penal ou já esteja 
reabilitado. 
• O prazo de 4 anos será reduzido para 1 ano, se o estrangeiro 
preencher uma das condições: tiver filho brasileiro; possuir 
cônjuge ou companheiro brasileiro, não estando separado 
deste, legalmente ou de fato, na ocasião da naturalização; 
houver prestado ou poder prestar serviço relevante ao país; 
tiver naturalização recomendada em razão de sua capacidade 
profissional, científica ou artística. (Art. 66 da Lei de Migração)
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A 
nacionalidade 
no Brasil
• A naturalização extraordinária (Art.67 
da Lei de Migração) será concedida a 
pessoa de qualquer nacionalidade 
fixada no país há mais de 15 anos 
ininterruptos, sem condenação penal, 
desde que a requeira.
• A naturalização especial (Art. 68 da 
Lei de Migração) poderá ser
concedida ao estrangeiro nas 
seguintes condições: se ele for 
cônjuge ou companheiro, há mais de 
5 anos, de integrante do Serviço 
Exterior Brasileiro em atividade ou de 
pessoa a serviço do país no exterior; 
ou se tiver sido empregado em missão 
diplomática ou repartição consular do 
Brasil por mais de 10 anos 
ininterruptos.
• Para a concessão da naturalização 
especial o estrangeiro deve possuir 
capacidade civil segundo a lei 
nacional, comunicar-se em português, 
além de não ter condenação penal ou 
já estar reabilitado, nos termos da lei. 
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A nacionalidade 
no Brasil
• Por fim, a naturalização provisória 
(Art. 69 da Lei da Migração) será 
concedida ao migrante criança ou 
adolescente que tenha fixado 
residência no país antes de 
completar 10 anos de idade, 
devendo ser requerida pelo 
representante legal. 
• A naturalização será convertida em 
definitiva se, dentro do prazo de dois 
anos após atingida a maioridade, o 
naturalizando assim o requerer 
expressamente (Art.70, parágrafo 
único, da Lei de Migração). 
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A nacionalidade no Brasil
• Segundo o art. 75 da Lei de Migração:
"Art. 75. O naturalizado perderá a nacionalidade em 
razão de condenação transitada em julgado por 
atividade nociva ao interesse nacional, nos termos do 
inciso I do § 4º do Art. 12 da Constituição Federal". 
• Porém, dispõe o parágrafo único do Art. 75:
“Parágrafo único. O risco de geração de situação de 
apatridia será levado em consideração antes da 
efetivação da perda da nacionalidade”.
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A nacionalidade no 
Brasil
• A Constituição estabelece no § 2º do Art. 12 que: 
“§ 2º. A lei não poderá estabelecer distinção entre 
brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos 
previstos nesta Constituição”. 
• Com efeito, prevê no parágrafo seguinte: 
“§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; 
V - da carreira diplomática; 
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa”. * (Redação da EC. 
23/99)
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A nacionalidade no 
Brasil
Observação 1: 
• Importante ressaltar que, apesar de ser 
cobrada nacionalidade brasileira para os 
membros da carreira diplomática e para 
diversas outras pessoas eventualmente 
aptas a representar a política exterior 
brasileira, a CF/88 não exige 
nacionalidade de brasileiro nato, sequer 
de brasileiro naturalizado, para Ministro 
das Relações Exteriores. Curioso já que o 
cargo de embaixador (mesmo por 
comissão) é privativo de brasileiro nato 
devido compor o quadro diplomático do 
país (Ministro de 1ª Classe).
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A nacionalidade no 
Brasil
Observação 2: 
• No Brasil, os direitos políticos são vedados 
aos estrangeiros, salvo se houver regras de 
reciprocidade (p. Ex., o mencionado 
Tratado da Amizade entre Brasil e 
Portugal). 
• Estes, contudo, uma vez naturalizados, 
passam a gozar de tais direitos, mas não 
em relação aos cargos privativos a 
brasileiros natos.
• Poderão, outrossim, votar para todos os 
cargos, ser votados para cargos não 
privativos de brasileiros natos, pertencer a 
partidos políticos (§§ 2º e 3º do Art. 14 da 
CF), ser servidor público, alistar-se nas 
forças armadas sem assumir condição de 
oficial, etc.
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A nacionalidadeno 
Brasil
Observação 3: 
• A Constituição prevê outras distinções entre 
natos e naturalizados: só os natos maiores 
de 35 anos podem participar do Conselho da 
República (art. 89, VI); por outro lado, os 
naturalizados só podem ser proprietários de 
empresas jornalísticas e de radiodifusão 
sonora e de sons e imagens após 10 anos de 
naturalização (art.222); os naturalizados 
podem ser extraditados se o fato motivador 
da extradição ocorreu antes da naturalização 
ou se comprovado envolvimento em tráfico 
de entorpecentes e drogas afim (ar. 5º, LI), 
situação impossível, em qualquer 
circunstância, ao brasileiro nato. Também é 
impossível ao nato a perda da nacionalidade 
por sentença judicial, situação possível ao 
naturalizado (art. 12, § 4º).
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A nacionalidade 
no Brasil
§ 4º - Será declarada a perda da 
nacionalidade do brasileiro que: 
I - tiver cancelada sua naturalização por 
sentença judicial, em virtude de 
atividade nociva ao interesse 
nacional; 
II - adquirir outra nacionalidade, salvo 
nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade 
originária pela lei estrangeira; 
b) de imposição de naturalização pela 
norma estrangeira, ao brasileiro 
residente em Estado estrangeiro, 
como condição para permanência 
em seu território ou para exercício de 
direitos civis. * (Redação da 
EC/Revisão, 3/94).
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A nacionalidade no Brasil
Observação:
• O direito à renúncia da nacionalidade 
brasileira não é acolhido por se tratar de 
hipótese não consagrada na CF/88 (assim 
como as situações de perda da 
nacionalidade). 
• Para a literatura, quando quis falar sobre 
perda de nacionalidade, a CF/88 expressou 
todas hipóteses possíveis. Se silenciou, é 
porque não quis admitir outras hipóteses. 
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A nacionalidade no Brasil
• A perda da nacionalidade é individual e não se 
transfere a conjugues, filhos, etc.
 Quanto à perda de nacionalidade por aquisição 
voluntária de outra nacionalidade, a reaquisição 
dependerá de decreto do presidente da 
República e o solicitante deverá residir no país.
 No caso de perda de naturalização em virtude de 
prática de ato nocivo, a nacionalidade somente 
poderá ser readquirida por decisão transitada em 
julgada de ação rescisória. 
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A nacionalidade no Brasil
• A Lei de Migração (Lei 13.445/17), na Seção V do capítulo 
reportado à opção de nacionalidade e à naturalização, ao 
dispor sobre a reaquisição da nacionalidade brasileira, 
prescreveu:
“Art. 76. O brasileiro que, em razão do previsto no inciso II do §
4º do art. 12 da Constituição Federal, houver perdido a 
nacionalidade, uma vez cessada a causa, poderá readquiri-la ou 
ter o ato que declarou a perda revogado, na forma definida pelo 
órgão competente do Poder Executivo”.
• Portanto, a reaquisição da nacionalidade gerará efeitos ex 
nunc e o status da nacionalidade readquirida conservará a 
natureza da nacionalidade inicialmente existente, nata ou 
naturalizada. 
• Obs. O STF já indeferiu extradição de requerente que havia 
perdido a nacionalidade brasileira nata por opção, mas que 
veio a readquiri-la, considerando o efeito nato da 
reaquisição. (Extradição nº 441-7, DJU 10.06.88)
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Internacional Público. Ed. Saraiva.
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decret
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sobre Nacionalidade de 1930 (Dec. 
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Casos de Apatridia, de Nova Iorque, 
de 1961 (Decreto 8.501/15). In: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03
/_ato2015-
2018/2015/decreto/d8501.htm
• Convenção relativa ao Estatuto dos 
Refugiados de 1961 (Decreto 
99.757/90, que Retifica o Decreto n°
98.602/89, que deu nova redação ao 
Decreto 50.215/61). In: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03
/decreto/1990-1994/D99757.htm
• Convenção sobre a Nacionalidade da 
Mulher Casada (Dec. 64.216/69). In: 
http://www2.camara.leg.br/legin/fe
d/decret/1960-1969/decreto-64216-
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Até a próxima aula...
FIM!!
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