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Livro Texto - Unidade II

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63
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
Unidade II
3 ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA E DE VALORES DE CURTO PRAZO
Neste tópico, o foco será a administração dos valores de curto prazo, registrados na contabilidade, 
tanto no ativo (quando se trata de bens e direitos) quanto no passivo (quando nos referimos a 
compromissos e obrigações) da empresa.
O estudo de uma empresa procura levar em consideração, de maneira geral, três situações macros:
•	 Capacidade de liquidez.
•	 Expectativas de rentabilidade.
•	 Riscos que oferece aos stakeholders.
 Observação
Outra forma de entender o que é liquidez é defini-la como a rapidez 
e eficiência de transformação (realização) dos recursos em dinheiro, de 
forma a atender aos compromissos operacionais ou permitir a realização 
de investimentos pela empresa.
Aqui, não nos referimos exclusivamente ao caixa (que, por si, já é dinheiro 
à disposição da empresa), mas a outros recursos com fácil conversão para 
dinheiro, como as contas a receber junto aos clientes, com vencimentos 
próximos da data atual, e os estoques de insumos e de mercadorias.
É de Megliorini e Vallim (2009, p. 175) o comentário que se refere aos custos e benefícios de manter 
as disponibilidades:
[...] ao deixar recursos monetários inativos sacrificam-se os ganhos que eles 
proporcionariam caso estivessem aplicados na melhor alternativa possível. 
Mesmo os recursos aplicados em títulos de alta liquidez configuram ganhos 
não realizados, uma vez que a remuneração dessas aplicações tende a ser 
menor do que a que seria obtida em investimentos de prazos mais longos.
Os benefícios [...] correspondem aos custos que se evitam quando esses 
recursos monetários são mantidos em estado de liquidez, como os juros 
64
Unidade II
que seriam incorridos em caso de empréstimos de curto prazo junto a 
instituições financeiras, o custo relativo ao desconto de duplicatas para 
obter disponibilidades e os custos com o resgate de títulos, também para obter 
disponibilidades, caso os recursos monetários fossem mantidos aplicados. 
É importante acrescentar, ainda, que tais recursos seriam obtidos a custos 
crescentes em situações crônicas de falta de liquidez da empresa. Desse 
modo, em algum ponto, os custos e os benefícios tendem a se igualar, o que 
determina um saldo ideal de disponibilidades.
A análise das condições de liquidez é sempre iniciada com o status e a evolução do caixa e equivalentes 
de caixa da empresa.
O DFC é o demonstrativo fundamental para a inspeção dos resultados relacionados com a liquidez 
em determinado período. Rivaliza, portanto, em importância, com o BP e o DRE.
Tendo esses três relatórios à mão, fica bem fácil a tarefa de análise da situação da empresa, ao menos 
em seus aspectos quantitativos.
O caixa é a primeira conta demonstrada no BP, ao lado do ativo (isto é, do conjunto de bens e direitos 
da empresa), e é formado por valores de pronta liquidez, expressos monetariamente, imediatamente 
disponíveis ou cuja facilidade de transformação é muito fácil, como é o caso de várias aplicações em 
bancos ou outras instituições financeiras, na forma de cadernetas de poupança e outras operações, com 
valores e limites liberados para saque ou resgate.
Já vimos que um dos pontos fundamentais da avaliação de uma empresa é saber se ela mantém 
um bom nível de liquidez, necessário para cobrir suas necessidades de curto prazo junto aos clientes, 
fornecedores, governo, funcionários etc.
Se, por um lado, a empresa precisa se precaver contra a falta de liquidez para atender às suas 
necessidades, por outro, deve ser considerado que esse nível de liquidez, se alto (isto é, se forem mantidos 
valores significativos), prejudica a rentabilidade da empresa no período, uma vez que para ele não há 
remuneração, pela sua ociosidade.
Veja que há um tradeoff entre os dois pontos de análise da empresa. Tanto a liquidez quanto a 
rentabilidade são importantes, mas o excesso em uma delas tende a prejudicar os resultados da outra.
Sinteticamente, os estudos deste tópico abrangem aspectos como:
•	 Administração do capital de giro.
•	 Administração das disponibilidades.
•	 Administração das duplicatas a receber.
65
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
•	 Administração de estoques.
•	 Financiamento do capital de giro.
Assim, de forma global, entre as possíveis estratégias de administração de caixa, podem 
ser mencionadas:
•	 Acelerar recebimentos através do controle eficiente das duplicatas a receber.
•	 Retardar pagamentos, evitando, por exemplo, liquidações antes dos respectivos vencimentos 
dos compromissos.
•	 Aplicar fundos temporariamente ociosos em títulos de alta liquidez.
3.1 O valor do dinheiro no tempo
A figura a seguir mostra a composição da linha do tempo com a variação do valor do dinheiro no período.
Hoje Futuro
Figura 3 – Variação do valor do dinheiro no tempo
Podemos dizer que um valor hoje – por exemplo, R$ 100,00 – após um ano não é o mesmo. Quando, 
daqui a um ano, recebermos de volta essa mesma quantia, ela não valerá o mesmo. Isso significa que 
R$ 100,00 valem mais do que o mesmo valor quando ele retornar às suas mãos. A variação dos preços 
em geral – devido, entre outros motivos, à inflação – provoca isso.
Assim, se, por exemplo, contarmos com uma inflação, durante todo o período, de 10% ao ano, é 
certo que os nossos R$ 100,00, agora, valerão menos 10% daqui a um ano.
Contudo, não são apenas os efeitos da perda de poder aquisitivo do dinheiro, revelada pela inflação, 
que fazem com que isso aconteça. Lembre-se de que, se você fizer um empréstimo, na atualidade, para 
ser ressarcido daqui a um ano, esperará receber juros pelo risco e pela demora da operação.
De fato, se você tivesse permanecido com os R$ 100,00 durante todo esse tempo, poderia tê-los 
aplicado em outra oportunidade, junto, por exemplo, ao mercado financeiro, que rendesse os mesmos 
66
Unidade II
10% ao ano e que mudaria o valor dos R$ 100,00 futuros, independentemente de inflação que tenha 
acontecido nesse período.
Por isso, é sempre importante analisar os números e valores da empresa, levando-se em consideração 
que todos devem ser expressos numa mesma data. Somente com essa sistemática é que podemos 
concluir se houve valorização (ou não) de um montante que tenhamos aplicado no mercado financeiro 
ou investido de qualquer outra forma.
Assim, por exemplo, o valor presente (ou present value, em inglês) reflete o valor atual de um 
pagamento ou recebimento futuro, considerando-se uma determinada taxa de desconto.
A taxa de desconto é uma das ferramentas mais utilizadas no planejamento financeiro das empresas, 
com o intuito de se proceder à avaliação da relação entre o custo e o benefício de um projeto.
O retorno previsto em determinado projeto pode ser comparado com o padrão praticado no mercado 
financeiro ou usado na correção de valores.
Comenta Hirschfeld (2015, p. 104): “A taxa de juros que o dinheiro investido irá proporcionar, 
geralmente, deverá ser superior a uma taxa prefixada com a qual, mentalmente, fazemos a comparação”.
 Observação
Há outros nomes designados para identificar a taxa de desconto, como:
•	 Taxa mínima de atratividade – é a taxa mínima de retorno que cada 
projeto deve proporcionar para remunerar o capital nele investido, 
correspondendo ao custo marginal ponderado de capital (CMgPC).
•	 Custo de capital do projeto.
•	 Taxa de expectativa.
•	 Taxa de equivalência.
•	 Taxa de interesse.
• Taxa equivalente de juros.
A pergunta que usualmente se faz é: qual seria a taxa mínima de juros que poderíamos utilizar como 
comparação para considerarmos interessante o empreendimento ou o investimento proposto?
Essa taxa é usada para que se conheça o impacto do fluxo econômico de um investimento, um projeto 
ou uma operação financeira e, aplicada sobre um valor futuro, determina sua equivalência no presente.
67
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
A expressão fundamental que propiciaa conversão dos valores futuros, partindo do que estes 
representam e utilizando o mesmo padrão da matemática financeira, é:
VF = VP(1+i)n
n
VF
VP
(1 i)
=
+
onde:
VP: valor presente;
VF: montante (valor após período n);
n: número de períodos decorridos até VF;
i: taxa de desconto, por período.
 Observação
A taxa de desconto quase sempre obedece ao regime de juros 
compostos, em que os juros acumulados são sujeitos a novos juros, até o 
encerramento do período.
No regime de juros simples, que não é muito utilizado, notadamente nas operações de maior 
prazo, no sistema financeiro, a taxa de juros é somada ao capital inicial em cada período de apuração 
dos juros, até o término da operação.
Aprendemos com a matemática financeira que:
J = PV . i . n
onde:
PV: capital inicial, principal ou valor presente de uma operação;
i: taxa de juros;
n: número de períodos que foi aplicado o capital.
Nesse caso, o do regime de juros simples, há a aplicação dos juros, em cada período, apenas sobre o 
capital investido (ou financiado), de forma diretamente proporcional ao capital e ao tempo de aplicação.
68
Unidade II
No regime de capitalização composta, utilizado amplamente pelo sistema financeiro, no dia a 
dia e em diversos cálculos financeiros, os juros que são gerados em cada período são acrescentados ao 
capital principal para o cálculo dos juros no período posterior, e assim por diante.
Exemplo de aplicação
Como exemplo, admitamos a expectativa de um recebimento de R$ 1.000,00, após o prazo de um 
ano, considerando uma taxa de desconto de 10% ao ano.
Teremos, então:
n 1
VF 1.000,00 1.000,00
909.09
1,10(1 i) (1 0,10)
= = =
+ +
O resultado, vencido esse prazo, será R$ 909,09, que é o valor presente desse recebimento.
 Lembrete
O conceito de valor do dinheiro no tempo é também usado nos casos 
de variação do valor do dinheiro, em decorrência de inflação ou deflação 
ocorrida no período da operação.
3.2 Planejamento de caixa
Morante e Jorge (2012, p. 28) esclarecem:
Planejar o caixa consiste em estabelecermos, com antecedência, as decisões 
financeiras que serão tomadas em circunstâncias e condições previamente 
estabelecidas, com a propriedade de previsão dos recursos que serão 
utilizados para que os objetivos traçados possam ser atingidos.
O planejamento de caixa deve ser feito em três níveis:
•	 Estratégico: com cobertura de longo prazo, feito a partir do planejamento global da empresa, 
considerando seus pontos fortes e fracos, tanto interna quanto externamente.
•	 Tático: visa ao curto e médio prazos e é dirigido para áreas específicas da empresa.
•	 Operacional: também voltado para o atendimento a curto e médio prazos, com o objetivo de 
otimizar o uso de recursos para atender às operações regulares ou aos compromissos da empresa.
69
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
Morante e Jorge (2012, p. 29) entendem:
Todos os orçamentos são elaborados – orçamento de pessoal, orçamento de 
despesas, orçamento de investimentos, orçamento de vendas e custos – e 
culminam no orçamento do caixa, que dá o tratamento final às possibilidades 
financeiras objetivadas nestes orçamentos.
3.2.1 Política financeira
São normas e regras adotadas pela empresa para, por exemplo, enfrentamento da concorrência em 
seu mercado de atuação, refletidas nas políticas de concessão de prazos ou até preços especiais.
O objetivo é expandir as vendas da empresa, mas mantendo um necessário controle sobre seus 
saldos de caixa.
Naturalmente, as políticas da empresa necessitam guardar forte relação com os aspectos conjunturais 
do país, os quais são afetados pelas denominadas políticas macroeconômicas (fiscal, monetária, 
comercial, cambial etc.).
Resumidamente, essas políticas macroeconômicas visam atender aos interesses maiores do 
país, em termos de:
•	 Crescimento e desenvolvimento econômicos.
•	 Estabilidade do poder aquisitivo da moeda e adequado suprimento de moeda nacional para o 
atendimento às transações e outras necessidades dos agentes que atuam na economia.
•	 Estímulo a uma política de equilíbrio nas relações com o exterior.
•	 Manutenção de uma adequada flutuação do valor da moeda estrangeira, quando comparada com 
a nacional (no nosso caso, principalmente entre o dólar norte-americano e o real).
•	 Equidade na distribuição de renda entre os agentes econômicos.
 Saiba mais
Para conhecer de forma mais detalhada os significados, os objetivos 
e as relações mantidas entre as políticas macroeconômicas estabelecidas 
pelas autoridades monetárias e econômicas de um país, consulte:
ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
70
Unidade II
Naturalmente, são várias as políticas e os procedimentos adotados pela empresa, sejam no nível 
global (aspectos estratégicos), sejam nos diferentes setores que a compõem (vendas, marketing, 
operações etc.).
Assim, pode ser observada uma inter-relação entre as diferentes políticas seguidas pela empresa, 
ilustradas na figura a seguir.
Políticas 
macroeconômicas
Políticas estratégicas 
da empresa
Políticas operacionais 
da empresa
 
Figura 4 – Inter-relação das políticas adotadas pela empresa
3.2.2 Ciclos operacionais e financeiros
A administração do capital de giro disponível para a empresa considera o gerenciamento dos dois 
ciclos de atividades: o operacional e o financeiro.
Sandroni (1999, p. 79), a respeito do capital de giro, indica tratar-se de: “Parte dos bens de uma 
empresa representados pelo estoque de produtos e pelo dinheiro disponível (imediatamente e a curto 
prazo). Também chamado de capital circulante”.
O ciclo operacional abrange o período, inaugurado com a compra de matéria-prima/insumos (ou de 
mercadorias para revendas, quando se tratar de atividades mercantis) e que se estende até o recebimento 
do valor pago pelo cliente com a venda do produto ou serviço.
Salientam Megliorini e Vallim (2009, p. 171): “A liquidez de uma empresa é associada ao fato de ela 
ser capaz de honrar suas obrigações nas datas de vencimento”.
Manter um montante de recursos financeiros além dessas necessidades faz com que a empresa 
se prejudique em relação às suas expectativas de rentabilidade. É nesse ponto que a administração 
financeira exerce um papel de grande importância, procurando promover o adequado balanceamento 
entre liquidez e rentabilidade.
71
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
Liquidez
Rentabilidade
Figura 5 – Dicotomia liquidez x rentabilidade
Consideremos que a empresa compra insumos com o compromisso de pagá-los em 30 dias. Ela aplica 
de imediato tais insumos em sua produção, em um processo de duração de 15 dias. Ocorre, após isso, a 
venda aos clientes, com recebimentos previstos para 30 dias.
Esse prazo de 30 dias para o pagamento de suas compras faz parte do chamado crédito mercantil, 
sem o estabelecimento de juros. Pode ser entendido como uma modalidade de crédito e, portanto, 
de disponibilidade de recursos financeiros com que a empresa pode contar para a realização de suas 
operações ou a concretização dos investimentos.
É parte do conjunto denominado de fontes não onerosas de recursos financeiros, como:
•	 Provisionamento de salários a serem pagos aos funcionários.
•	 Impostos aguardando suas transferências para os respectivos entes governamentais.
•	 Duplicatas que precisam ser pagas aos fornecedores de insumos ou produtos em suas respectivas 
datas de vencimento etc.
A figura a seguir retrata os ciclos operacional e financeiro.
Compra de 
matéria-prima
Conclusão da fabricação e 
venda do produto
Pagamento ao fornecedor 
de matéria-prima
Recebimento do cliente
Ciclo financeiro
4530150
Figura 6 – Ciclos operacional e financeiro de uma empresa
72
Unidade II
Além do operacional, a figura anterior retrata o ciclo financeiro, expresso por entradas e saídas de 
caixa e constituído pelo período desde o pagamento da empresa ao fornecedor pelos insumos até o 
recebimento da venda feita ao cliente.
O CCL ou CGL permiteo gerenciamento dos eventuais descasamentos entre os fluxos de recebimentos 
e de pagamentos no curto prazo (durante o ciclo financeiro).
Admitamos que uma empresa tenha registrado em sua contabilidade ativos circulantes no total 
de R$ 2.000,00 e, por outro lado, tem compromissos de R$ 1.500,00 para saldar, nos determinados 
vencimentos de seus parcelamentos de compras, ou mesmo outros compromissos com diferentes 
stakeholders. Neste caso, seu CCL é positivo (R$ 2.000,00 menos R$ 1.500,00), revelando a capacidade 
da empresa em cumprir com seus compromissos assumidos anteriormente em suas operações.
A figura a seguir auxilia na visualização desse descasamento entre os circulantes (do ativo e do 
passivo) na empresa.
Exigível a 
longo prazo 
e patrimônio 
líquido
Passivo 
circulante
Ativo 
circulante
Balanço patrimonial
Ativo 
permanente
CCL
Figura 7 – CCL cobrindo o passivo circulante da empresa
Assim, podemos ver que o passivo circulante (fonte não onerosa) financia o ativo circulante da 
empresa. Se aqueles recursos não são suficientes para assegurar a liquidez dela, parte dos recursos serão 
oriundos de fontes onerosas.
 Observação
O ciclo operacional da empresa é também denominado ciclo 
completo, abrangendo tanto as atividades financeiras quanto as demais a 
cargo da empresa.
73
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
3.2.3 Orçamento de caixa
Acompanha necessariamente o planejamento de caixa idealizado pela empresa, incluindo as 
projeções das entradas e saídas de caixa em determinado período, como é o caso, entre vários outros, 
das vendas à vista de seus produtos ou dos pagamentos aos fornecedores de matéria-prima e demais 
insumos e componentes.
O orçamento permite que se tenha uma visão mais acurada dos instantes em que a empresa poderá 
contar com mais ou menos recursos de caixa, o que propicia aos administradores as tomadas de decisões 
mais adequadas, como as relacionadas com o tratamento de excedentes temporários e a preparação 
para a obtenção de financiamentos que complementam, quando necessário, os recursos financeiros à 
disposição da empresa.
A seguir, neste livro-texto, discutiremos uma ferramenta importante para tal previsão, que é o DFC.
Veja um exemplo de orçamento de caixa na tabela seguir.
Tabela 30 – Exemplo de orçamento de caixa
Orçamento de caixa (r$) Maio Junho Julho Agosto Setembro
Recebimentos
 Vendas realizadas 350.000
 Vendas projetadas 340.000 360.000 380.000 400.000
 Vendas à vista 102.000 108.000 114.000 120.000
 Duplicatas 245.000 238.000 252.000 266.000
1 Total de recebimentos 347.000 346.000 366.000 386.000
Pagamentos:
 – Fornecedores 200.000 220.000 250.000 240.000
 – Salários 50.000 50.000 50.000 50.000
 – Aluguéis 15.000 15.000 15.000 15.000
 – Impostos 40.000 60.000 50.000 70.000
 – Empréstimo bancário 100.000
2 Total de pagamentos 305.000 345.000 465.000 375.000
3 Fluxo líquido de caixa (1-2) 42.000 1.000 -99.000 11.000
4 Saldo inicial 50.000 50.000 92.000 93.000 -6.000
5 Saldo final (3 + 4) 92.000 93.000 -6.000 5.000
6 Saldo mínimo de caixa 30.000 30.000 30.000 30.000
7a Saldo excedente (5 - 6) 62.000 63.000 0 0
7b Valor a financiar (5 - 6) 0 0 36.000 25.000
Adaptada de: Megliorini e Vallim (2009, p. 174).
74
Unidade II
3.3 Controle do saldo de caixa
É feito com base no ciclo de caixa da empresa, que é entendido como o tempo a decorrer a partir do 
desembolso inicial pelo pagamento da matéria-prima e demais insumos até que se receba do cliente o 
valor decorrente da venda do produto ou serviço.
O chamado ciclo de caixa é, portanto, influenciado pelos prazos de:
•	 Pagamento (à vista ou a prazo) da matéria-prima ao respectivo fornecedor.
•	 Recebimento (à vista ou a prazo) do cliente que adquiriu o produto ou serviço.
Morante e Jorge (2012, p. 29) comentam:
São notórios a percepção e o objetivo dos empreendedores em geral em 
manter o maior volume de recursos no caixa, no saldo bancário, mas isso 
nem sempre é possível pela própria circulação e giro que a empresa tem, 
e que o gestor não consegue manipular de acordo com sua conveniência. 
Afinal, a empresa tem sua dinâmica e o caixa é, em particular, o representante 
deste dinamismo e desta circulação diária de recursos. A adoção de um 
controle mais ou menos rígido, no que tange à liquidez, seja pela própria 
empresa ou acompanhada pelos bancos que a financiam, pelos investidores 
ou demais stakeholders.
De maneira geral, os recursos financeiros precisam se manter relativamente imobilizados (isto é, sem 
propiciar rendimentos) no menor volume e pelo menor prazo possível, como veremos adiante, quando 
analisarmos os níveis de estoques de insumos e de produtos ou semiacabados.
Entre os motivos para a manutenção de caixa, mencionamos, por exemplo, a possibilidade de 
aproveitamento de uma oportunidade de especulação de preços junto a fornecedores ou uma 
possibilidade de aquisição de item imobilizado que esteja em promoção por tempo limitado.
Os recursos que não necessitem compor a liquidez da empresa podem ser aplicados nos mercados 
financeiros, trazendo receitas que contribuem para uma maior rentabilidade da empresa no respectivo 
período de análise.
Assim, quando falamos de caixa, estamos tratando de aspectos relacionados à liquidez, como 
dinheiro, contas a receber, investimentos financeiros etc. Uma maior liberalidade na cobrança de valores 
devidos pelos clientes propicia uma menor liquidez à empresa.
3.4 Manutenção de um saldo mínimo de caixa
Esta política garante à empresa a possibilidade de cumprir com suas obrigações e manter, também, 
uma reserva de segurança para eventos imprevisíveis no dia a dia de suas operações.
75
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
A fixação desse montante é diretamente relacionada com as características da empresa e dos 
respectivos produtos e serviços, podendo variar se se tratar de empresa de um ou outro ramo de atividades.
O saldo mínimo de caixa é definido pela fórmula:
DTC
SMC
GC
=
onde:
SMC: saldo mínimo de caixa;
DTC: desembolso de caixa no período;
GC: giro de caixa.
Se num determinado período os desembolsos forem, por exemplo, de R$ 500.000,00 e seu giro de 
caixa for 5, o saldo mínimo de caixa a ser praticado pela empresa deverá ser:
500.000
SMC
5
=
SMC = 100.000,00
Como indicado por Tiago Reis, no site da Suno Research:
Giro de Caixa é o indicador financeiro que mostra quantos ciclos financeiros 
o caixa de uma empresa tem por ano. Ele informa o número absoluto de 
vezes que o capital circula – ou seja, entra e sai do caixa da empresa, em um 
período de 12 meses. Esse indicador é muito útil para a análise de empresas 
que dependem de fluxo de vendas e estoques – como comerciantes, varejistas, 
distribuidoras e indústrias. Por informar tanto a eficiência operacional como 
financeira da empresa, o Giro de Caixa também é bastante utilizado para 
comparar a situação entre concorrentes no mesmo setor. Quanto mais alto 
é o Giro de Caixa, maiores as chances de a empresa apresentar um resultado 
sólido e ter uma boa gestão comercial, operacional e financeira. Portando, o 
Giro de Caixa também é mais uma ferramenta para ajudar na avaliação de 
potenciais investimentos (REIS, 2018).
Lembra Assaf Neto (2012b, p. 615): “É interessante notar [...] que a sazonalidade típica de produção e 
vendas [...] [no período analisado] poderá levar a que este limite esteja superestimado em determinados 
momentos e insuficiente em outros”.
76
Unidade II
Aspectos como o comportamento da inflação e outras incertezas devem ser considerados/estimados 
quando se define esse saldo mínimo de caixa.
O gráfico da figura a seguir mostra o custo de oportunidade – crescente, com o aumento de saldos 
mantidos em caixa e em conta corrente em banco – e o custo de conversão – decrescente, a partir da 
elevação desses mesmos saldos. Verifique o ponto em que o custo total para a manutenção desse saldo 
é mínimo e o seu atingimento denota uma administração eficientedas disponibilidades.
Ponto de custo 
total mínimo
Custo total
Custo de 
oportunidade
Custo de 
conversão
 Nível de disponibilidades
Cu
st
o 
de
 m
an
ut
en
çã
o 
de
 d
isp
on
ib
ili
da
de
s
Figura 8 – Alternativas de manutenção de disponibilidades para a empresa
Assaf Neto (2012b) e Megliorini e Vallim (2009) apresentam modelos alternativos com conceitos 
e procedimentos voltados à administração de caixa, como:
•	 Modelo de Baumol.
•	 Modelo de Miller-Orr.
•	 Modelo do caixa mínimo operacional.
•	 Outras técnicas.
3.5 Elaboração do DFC
Como abordamos anteriormente, o DFC é um dos mais importantes instrumentos de informação na 
empresa. O fluxo de caixa constitui um dos conceitos mais necessários para todo empreendimento ou 
projeto, agilizando o planejamento dos passos futuros.
77
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
Exemplo de aplicação
Vamos apresentar o DFC com um exemplo de movimentações de caixa (de pagamentos e de 
recebimentos) esperadas em determinado período para a empresa ABC.
Admitamos, então, que essa empresa contou com as seguintes movimentações e eventos 
administrativos e financeiros no início de certo mês (ignoremos, como simplificação, as ocorrências de 
fins de semana e feriados):
Tabela 31 – Movimentações e eventos administrativos e financeiros da empresa ABC
Dia do evento Descrição do evento R$
1 Saldo de caixa do mês anterior 2.000,00
2 Pagamentos de despesas diversas 500,00
3 Recebimento por serviço prestado a cliente 700,00
4 Estimativa da depreciação sobre máquinas e equipamentos 150,00
5 Venda de produtos 1.000,00
6 Pagamentos a fornecedores, por compras anteriores, a prazo 4.000,00
7 Recebimento de receitas financeiras por aplicações anteriores no banco em que mantém sua conta corrente 1.000,00
Para que possa elaborar o seu DFC, a empresa precisa considerar exclusivamente as transações e os 
eventos que se relacionam com entradas ou saídas de caixa.
No exemplo anterior, o evento que não se enquadra nessas possibilidades é o cálculo da depreciação 
sobre máquinas e equipamentos, que irá afetar os resultados da empresa no período, embora não 
acarrete alterações em seu caixa (diminuindo-o, por exemplo).
Admitamos, por hipótese, que, com o objetivo de manter um equilíbrio de caixa, a empresa contratou 
com o banco a cobertura automática de saldos negativos, pagando-lhe a taxa de juros diária de 2% 
sobre o valor utilizado, com ressarcimento no dia imediatamente posterior.
Esse contrato também prevê que a empresa seja remunerada a uma taxa de 1% ao dia, por 
aplicar valores positivos diários, os quais são automaticamente resgatados junto ao banco no dia 
imediatamente posterior.
Com isso, os saldos diários de caixa no período analisado serão os apresentados na tabela a seguir.
78
Unidade II
Tabela 32 – Demonstração dos saldos de caixa da empresa ABC
Controles dos saldos diários de caixa da empresa ABC
Movimentações de caixa (R$) Contrato banco/empresa
Dia Itens Entradas Saídas Saldos Crédito da empresa
Débito da 
empresa
Saldo final 
do dia
Caixa do mês anterior 2000,00
1 20,00 2020,00
2 Despesas diversas 500 -500 20,20 1540,20
3 Recebimento de serviços 700 700 15,40 2255,60
4 Estimativa de depreciação 22,56 2278,16
5 Venda de produtos 1.000 1.000 22,78 3300,94
6 Pagamentos a fornecedores 4.000 -4.000 34,00 -665,06
7 Receitas financeiras 700 700 13,30 21,64
3.6 Construção do diagrama do fluxo de caixa
As movimentações de caixa também podem ser demonstradas como na figura do gráfico adiante, 
representado por uma linha do tempo (em dias, semanas, meses etc.) e setas que indicam as entradas 
(para cima) e saídas (para baixo) no fluxo, tanto de recebimentos quanto de pagamentos.
Consideramos, junto com o caixa líquido, representado por dinheiro em poder da empresa, também o 
que mantém como saldo em suas contas correntes e aplicações de resgate imediato (isto é, de realização 
em dinheiro) nos bancos com os quais opera (em poupança, fundos etc.).
Um exemplo genérico simplificado desse tipo de diagrama é mostrado na figura a seguir.
0 1 32 4 5
Fluxo de caixa residual
Entradas 
de caixa
Investimento inicial
Ano
Figura 9 – Modelo genérico de um fluxo com entradas e saídas de caixa
Esses valores, distribuídos ao longo do tempo, podem ser nominais ou reais, desde que neste último 
caso tenham sido descontados para uma época fixa (normalmente no início da linha do tempo), com 
base em uma determinada taxa de desconto, obedecendo ao critério que contempla a mudança do 
valor do dinheiro no tempo. O desconto desses valores e sua equivalência a um momento determinado 
permitem a comparação dos valores.
79
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
Esse diagrama pode ser utilizado tanto em operações ou projetos de investimentos quanto 
de financiamentos.
Um exemplo simples de empréstimo de R$ 1.000,00, feito no momento inicial (0), com remunerações 
iguais (R$ 400,00) em cada um dos três anos de sua duração e reembolso do principal no final da 
operação, visto sob a ótica do emprestador/financiador, apresentaria o diagrama da figura a seguir.
0
1
400,00 400,00 400,00
1.000,00
32
1.000,00
Tempo (meses)
Figura 10 – Modelo genérico de um fluxo de caixa, com empréstimo inicial (saída), juros (entradas) 
e amortização final (entrada) – ótica do emprestador
A figura anterior pode ser representada, também, pela ótica do tomador do empréstimo, invertendo-se 
todas as movimentações (a entrada transforma-se em saída, e vice-versa).
Os valores futuros (isto é, ao final dos anos 1, 2 e 3) das parcelas podem ser descontados (a valor 
presente, isto é, no momento inicial, zero) a uma taxa de 5% ao ano. O valor nominal do investimento 
(R$ 1.000,00) é resgatado no final do período (mês 3). Neste caso, o valor presente de cada uma das 
parcelas (meses 1, 2 e 3) seria:
parcela1 1
parcela2 2
parcela3 3
400,00
VP 380.95
(1 0,05)
400,00
VP 362.81
(1 0,05)
400,00
VP 345.54
(1 0,05)
= =
+
= =
+
= =
+
Entre a grande variedade de opções, podemos ter o caso de fluxos de caixa de investimentos que 
também contemplem a possibilidade de valores debitados ou creditados em épocas futuras serem ainda 
descontados, trazidos para o valor presente – por exemplo, ao período 0 (zero).
80
Unidade II
Se em determinado fluxo de caixa, correspondente a um investimento, houver, por exemplo, um 
valor negativo ao final do terceiro mês, ele deve ser descontado, de forma a ser somado ao inicial, 
expresso em valor válido na data 0 (zero).
Os valores dos investimentos, dos financiamentos e suas parcelas de recebimentos poderão ocorrer 
não necessariamente em períodos regulares (de mesma duração), como demonstrado nos exemplos 
anteriores. Isso ocorre, por exemplo, sempre que há uma carência (intervalo maior) entre o valor investido 
(ou financiado) e o início de seus recebimentos (ou pagamentos).
Suponhamos que é feita uma aplicação financeira com as características apresentadas na 
tabela a seguir.
Tabela 33 – Demonstração dos saldos de caixa da empresa ABC
Início do período/ano Evento R$
0 Aplicação realizada 10.000,00
2 Recebimento de rendimentos 3.000,00
4 Aplicação complementar 1.000,00
6 Recebimento de rendimentos 8.000,00
7 Recebimento de rendimentos 5.000,00
8 Resgate do valor aplicado originalmente 10.500,00
Neste caso, vê-se que não há regularidade no recebimento de rendimentos, dado que o primeiro ocorre 
dois anos após o início da operação. Em sequência, temos outros dois rendimentos, respectivamente, no 
final dos anos 6 e 7. O resgate da aplicação original e da complementar ocorre também no final do 
ano 7. Há, ainda, um desembolso complementar, no final do ano 8, de R$ 11.000,00.
O diagrama do respectivo fluxo de caixa seria representado pela figura a seguir.
1.000,00
3.000,00 8.000,00 5.000,00 500,00
1.000,00
00 11 22 33 44 55 66 77 88
11.000,00
Tempo (meses)
Figura 11 – DFC de aplicações financeiras (inicial e complementar) e rendimentos posteriores(não regulares)
81
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
Se admitirmos o desconto de cada um dos recebimentos futuros e dos pagamentos no início do 
ano 0 (zero) e do ano 2, a uma taxa anual de 5%, para que possamos comparar com o investimento 
inicialmente realizado (ano zero), teremos:
8
81 7
1 7 8
i 1
VFVF VF
VP ...
(1 i) (1 i) (1 i)=
= + + +
+ + +∑
Mais adiante, estudaremos como são realizados os cálculos com o uso do método do valor presente 
líquido (VPL), para que possamos efetuar a comparação da soma dos valores futuros, trazidos ao presente, 
com o investimento inicial (momento 0).
3.7 Análises de outros valores de curto prazo
Ainda visando à análise de curto prazo de uma empresa, é preciso considerar os reflexos no seu 
status e as expectativas de desempenho analisando outros valores do ativo e do passivo, notadamente 
do circulante, como:
•	 Contas a receber de clientes.
•	 Estoques.
•	 Valores a receber de empresas coligadas.
•	 Contas a pagar aos fornecedores.
Os recursos classificados como disponibilidades são os que a empresa precisa manter de forma a 
pagar suas obrigações imediatas. Tais recursos estão alocados no saldo do caixa (tesouraria e contas 
correntes bancárias) e nas aplicações financeiras em títulos de alta liquidez. As empresas mantêm 
disponibilidades pelos seguintes motivos:
•	 Possibilidade de realizar transações com outros agentes, nos diferentes mercados.
•	 Reserva para a cobertura de situações eventuais durante o ciclo de operações da empresa.
•	 Especulação voltada para o aproveitamento de oportunidades de ganhos extraordinários.
•	 Cumprimento de exigências de manutenção de reciprocidade com os bancos, onde tomam 
empréstimos financeiros e/ou mantêm suas contas de livre movimentação.
3.7.1 Contas a receber de clientes
Nelas, estão registrados os valores de vendas feitas aos clientes, mas ainda não recebidas. Esses totais 
dependem do volume de vendas a prazo e do tempo concedido ao cliente para o pagamento de sua 
compra, cujo objetivo é aumentar (ou mesmo manter) seu volume de vendas.
82
Unidade II
Todavia, vender a crédito sujeita a empresa a riscos que não existem nas transações à vista, à medida 
que, além do aumento ou até da manutenção das vendas, podem prejudicar a:
•	 Otimização do uso dos recursos produtivos.
•	 Elevação dos lucros.
Nada obstante, vender a crédito também gera custos adicionais, devido ao incremento da estrutura 
de crédito e cobrança e ao custo de oportunidade do investimento marginal em duplicatas a receber e 
a perdas com inadimplência de clientes.
Na geração e administração das suas contas a receber, a empresa deve-se atentar para os chamados 
cinco Cs do crédito:
•	 Caráter: desejo e compromisso de efetuar o pagamento da dívida.
•	 Condições especiais: de atuação da empresa e seus administradores e proprietários/acionistas.
•	 Capacidade: possibilidade concreta de realizar os pagamentos da dívida.
•	 Capital: recursos aplicados na empresa devedora, seja pelos sócios/acionistas, seja por terceiros.
•	 Colateral: oferecimento de garantias para o cumprimento dos compromissos pela empresa devedora.
A análise do crédito que se pretende oferecer costuma ser feita através de um sistema de classificação 
que consiste em atribuir pontos a determinadas características dos clientes, a saber:
•	 Tempo de vida da empresa devedora.
•	 Nível de faturamento.
•	 Índice de liquidez em suas operações.
•	 Propriedade de imóveis e outros bens reais.
É necessária a obtenção de informações sobre os clientes (pessoas físicas ou jurídicas) da empresa, o 
que qualifica a análise de suas condições de liquidez, em termos de:
•	 Principais clientes.
•	 Dependência da empresa no tocante a poucos clientes.
•	 Situação financeira dos clientes.
83
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
•	 Clientes que pagam com pontualidade.
•	 Inadimplência da carteira de recebíveis.
Outra importante observação consiste na prática de lançamentos periódicos de valores em provisão 
para devedores duvidosos, que não deve ser confundida com a inadimplência, dado que as empresas 
cobram juros sobre os atrasos verificados nos pagamentos.
Assim, o estabelecimento de uma adequada política de crédito é um modelo que leva em conta:
•	 Se classificada como política liberal:
— Atrair um maior número de clientes.
— Gerar mais risco (maus pagadores).
— Aumentar o investimento em duplicatas a receber.
•	 Se for tida como uma política rígida:
— Reduzir o número de clientes.
— Reduzir as perdas com maus pagadores.
— Reduzir o investimento em duplicatas a receber.
O gráfico da figura a seguir faz referência aos custos associados a políticas de crédito 
concedido a clientes.
Custos totaisNível ideal 
de crédito
Custos decorrentes da 
concessão de crédito
Política de crédito
LiberalRigorosa
Custos de oportunidade 
(margem de contribuição 
das vendas não realizadas)
Custos
Figura 12 – Custos associados às políticas de crédito para os clientes da empresa
84
Unidade II
3.7.2 Manutenção e controle de estoques
Nas indústrias, esses estoques podem ser constituídos por:
•	 Matéria-prima, produtos de limpeza, manutenção etc., que serão utilizados na produção/
fabricação dos bens.
•	 Produtos em elaboração, que agrupam matérias-primas e demais componentes, já utilizados na 
linha de produção, e produtos em determinado estágio do processo.
•	 Produtos acabados, compreendendo o que já foi produzido, e que aguardam a venda/comercialização.
Quando se trata de empresas comerciais, os estoques são compostos das mercadorias previamente 
adquiridas para vendas aos clientes.
A determinação do custo dessas mercadorias estocadas e das que foram vendidas deve respeitar 
algum critério de mensuração.
Compõem os custos de manutenção de estoques, os de reposição, verificados nas atividades de:
•	 Preparação e emissão dos pedidos.
•	 Acompanhamento dos pedidos junto aos fornecedores.
•	 Recebimento e inspeção dos pedidos.
•	 Processamento das contas a pagar.
A esses custos, devem ser acrescidos também os custos de:
•	 Armazenagem.
•	 Movimentação do estoque.
•	 Seguros do estoque.
•	 Perdas por obsolescência, deterioração, furtos, quebras, validade limitada etc.
Existem diferentes métodos de controle e avaliação de estoques, que visam à apuração do custo da 
mercadoria vendida (CMV), representada pela fórmula:
CMV = EI + C - EF
85
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
onde:
EI: valor dos estoques no início do período;
C: compras de mercadorias (ou insumos) durante o período;
EF: valor dos estoques no final do período.
Entre os variados métodos de valoração dos estoques, podemos destacar:
•	 Preço específico: sempre que se consegue especificar o quanto foi pago para cada unidade em 
estoque. Isso pode ocorrer no caso de automóveis, imóveis etc. Normalmente, porém, dada a 
grande movimentação no estoque, é demorada a pesquisa para a identificação do custo específico 
de cada unidade.
•	 PEPS (primeiro a entrar, primeiro a sair): trabalha-se com o custo do lote mais antigo quando 
da venda da mercadoria, até que as mercadorias sejam esgotadas. Parte-se para o segundo lote 
mais antigo, e assim sucessivamente.
•	 UEPS (último a entrar, primeiro a sair): trabalha-se com os custos das unidades mais recentes adicionadas 
ao estoque. O custo dos itens vendidos tende a refletir o custo dos mais recentemente comprados.
•	 Média móvel ponderada: média dos custos dos itens componentes do estoque. Trabalha-se com os 
custos médios, renovados nas movimentações (entradas) do estoque, em substituição aos efetivos.
Os métodos apresentam resultados diferentes em períodos inflacionários (aumento de preços) ou 
deflacionários (redução de preços), pois a base de cálculo é o preço de compra do produto.
Silva (2012, p. 101) argumenta:
Também em se tratando de estoques, prevalece o conceito da propriedade e não 
o de posse. Desse modo, produtos ou mercadorias da empresaque se encontram 
em poder de terceiros, em consignação, em demonstração, para reparo ou para 
processamento, por exemplo, integram seu estoque. Por outro lado, mercadorias 
de terceiros que estejam em poder da empresa para demonstração, para reparo 
ou processamento, não integram seu estoque.
 Observação
A legislação do imposto de renda no Brasil permite apenas o uso, 
para fins de obrigações junto ao Fisco/Governo, do PEPS e da média 
ponderada móvel.
86
Unidade II
 Saiba mais
Para obter informações mais detalhadas sobre os processos de controle 
e valoração de estoques nas empresas, leia:
MARTINS, E. Contabilidade de custos. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
A seguir, veja um exemplo que auxilia no entendimento dos critérios de mensuração de estoques.
Exemplo de aplicação
A empresa Controlada apresentou as seguintes movimentações na conta estoque de mercadoria em 
determinado mês:
Tabela 34 – Movimentações no estoque da empresa Controlada, em determinado mês
Dias Transações Unidades
5 Compra 10
10 Venda 4
15 Venda 5
20 Compra 5
25 Compra 10
Sabe-se, também, que o total das vendas líquidas de produtos do período foi de R$ 740,00.
As fichas de movimentação de estoques, relativas à adoção dos diferentes métodos, elaboradas com 
o apoio do software Excel, são demonstradas a seguir.
Tabela 35 – Ficha de movimentação de estoque da empresa Controlada (método PEPS)
Controle de avaliação de estoques
PEPS (primeiro a entrar, primeiro a sair)
Entradas Saídas Estoque final
Data Evento Quant. R$ (unitário) Total Quant.
R$ 
(unitário) Total Quant.
R$ 
(unitário) Total
Saldo anterior 10 20 200
5 Compra 10 25 250 10 25 250
10 20 200
10 Venda 4 20 80 6 20 120
10 25 250
15 Venda 5 20 100 1 20 20
10 25 250
87
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
Controle de avaliação de estoques
PEPS (primeiro a entrar, primeiro a sair)
Entradas Saídas Estoque final
Data Evento Quant. R$ (unitário) Total Quant.
R$ 
(unitário) Total Quant.
R$ 
(unitário) Total
5 30 150
20 Compra 5 30 150 1 20 20
25 Venda 1 20 20 6 24,8 149,5
9 25 225 5 30 150
Totais 15 400 19 405 1 25 25
5 30 150
CMV = EI + CO - EF = 200 + 400 - 175 425
Tabela 36 – Ficha de movimentação de estoque 
da empresa Controlada (método média móvel)
Controle de avaliação de estoques
CMP (média móvel)
Entradas Saídas Estoque final
Data Evento Quant. R$ (unitário) Total Quant.
R$ 
(unitário) Total Quant.
R$ 
(unitário) Total
Saldo anterior 10 20 200
5 Compra 10 25 250 20 22,5 450
10 Venda 4 22,5 50 16 22,5 360
15 Venda 5 22,5 112,5 11 22,5 247,5
20 Compra 5 30 150 16 24,8 397,5
25 Venda 10 24,8 248 6 24,8 149,5
Totais 15 400 19 420,5 6 149,5
CMV = EI + CO - EF = 200 + 400 - 149,5 450,5
Os resultados com mercadorias (RCM), comparando-se os dois métodos (PEPS e média móvel), são 
mostrados na tabela a seguir.
Tabela 37 – Resultado com mercadorias (RCM), comparando-se 
os métodos PEPS e média móvel da empresa Controlada
Cálculo do resultado com mercadorias (RCM)
Método EI EF CMV RCM
PEPS 200 175 425 315
CMP/média móvel 200 149.5 450.5 286.5
Vendas líquidas, no período: R$ 740,00
RCM = vendas líquidas - CMV
88
Unidade II
Uma importante definição, associada ao controle de estoques, reside no lote econômico de compra, 
ou seja, na quantidade ótima que minimiza os custos relacionados com compra e estocagem.
Podemos calcular o lote econômico de compra adotando a formulação a seguir:
2xCxP
LEC
M
=
onde:
LEC: lote econômico de compra;
C: consumo de unidades do item em estoque, no período;
P: custo do pedido;
M: custo – manutenção, por unidade do estoque, no perído.
O gráfico da figura a seguir mostra o lote econômico de compra obtido na intersecção das curvas de 
custos, de manutenção e de reposição de estoques.
Lote 
econômico 
de compra
Custos Custo total
Custo de 
manutenção
Custo de 
reposição
Quantidade
Figura 13 – Custos relacionados ao lote econômico de compra de um item de estoque
3.7.3 Contas a pagar
É importante que se conheça o máximo possível os compromissos da empresa para com terceiros 
(fornecedores, empregados, governo etc.), tanto no curto quanto no longo prazo, os quais estão 
registrados nos diferentes subgrupos do passivo, em seu BP.
89
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
Na conta de fornecedores, são registradas as compras a prazo de mercadorias, matérias-primas etc. 
junto a outras empresas ou prestadores de serviços, nacionais ou estrangeiros.
Também a não contabilização da folha de pagamento e dos correspondentes encargos sociais pode 
alterar de forma significativa os níveis de resultado, endividamento e a liquidez da empresa.
Acrescentam-se, também, as responsabilidades com o governo, como os não pagamentos de tributos 
(impostos, taxas e contribuições).
4 CUSTOS E ESTRUTURAS OPERACIONAIS
Neste tópico, vamos tratar dos custos suportados pela empresa para a geração de suas operações e 
seus investimentos.
Abordaremos, também, a diferença em termos de lucros em função da existência de custos fixos ao 
longo de determinado intervalo/período.
Os fenômenos de alavancagem (operacional e financeira) também serão vistos, bem como as 
importantes informações trazidas pelo conhecimento da margem de contribuição e do ponto de 
equilíbrio dos produtos.
4.1 Custos suportados pela empresa
Os custos dentro de uma empresa podem ser classificados em variáveis, semifixos e fixos. As decisões 
sobre os preços do produto devem guardar relação direta com os seus custos.
Evidentemente, a empresa deve considerar, além dos custos, aspectos importantes, relacionados com:
•	 Poder de compra e momento que o cliente deseja ou pode efetuar o pagamento.
•	 Características do mercado (em termos de concorrência) em que a empresa atua.
•	 Planejamento das vendas futuras do produto ou serviço.
•	 Capacidade de produção e de vendas.
•	 Criação de valor para o cliente.
90
Unidade II
 Saiba mais
Para ter informações mais completas a respeito dos elementos qualitativos 
e dos processos de definição e gestão de preços na empresa, consulte:
BRUNI, A. L.; FAMA, R. Gestão de custos e formação de preços. São 
Paulo: Atlas, 2019.
O preço estará limitado entre o custo e o valor atribuído ao produto ou serviço, mas, certamente, 
nenhuma empresa oferecerá produtos por preços inferiores ao custo por tempo indeterminado.
4.2 Custos fixos
Custos fixos são os incorridos pela empresa, independentemente de seu nível de produção. No 
entanto, eles são fixos dentro de determinadas faixas de produção, isto é, de um intervalo de significância.
A área ocupada pela empresa exemplifica essa questão, na medida em que seu aluguel é fixo até um 
determinado volume de produção. Se houver, por exemplo, um crescimento da demanda do produto ou 
serviço, é possível que a empresa precise ampliar suas instalações, o que demandará um acréscimo no 
valor do aluguel. Esse novo valor irá perdurar por algum tempo (em novo intervalo de significância) e 
pode ser aumentado em ocasiões posteriores, e assim por diante.
Naturalmente, dependendo de cada caso, também poderá ser possível reduzir os custos fixos, em 
função de diminuição do volume de produção, o que irá depender, por exemplo, das vendas ou do 
aluguel de instalações, máquinas etc.
O gráfico da figura a seguir revela os intervalos em que os custos fixos se mantêm constantes e seus 
crescimentos, em função de novas necessidades de produção.
Custo
Custo fixo
Volume
Figura 14 – Custos fixos dentro dos intervalos de variação relevante (IVRs)
91
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
Há uma série de métodos de custeio que permite distribuir/ratear os custos fixos a produtos ou 
departamentos, objetivando uma melhor formação do preço de venda do produto ou o conhecimento 
de oportunidades de otimização da estrutura da empresa.
4.3 Custos variáveis
Situação diferente ocorre com os custos variáveis, cujo montante depende do nível de produção da 
empresa. Se nada for produzido,esses custos serão nulos. Portanto, tais custos variam proporcionalmente 
ao volume produzido pela empresa.
O gráfico da figura a seguir apresenta a evolução dos custos variáveis, ao longo do tempo, à medida 
que crescem a produção e as vendas da empresa.
Custo
Custo variável
Volume
Figura 15 – Custos variáveis diretamente proporcionais ao aumento da produção da empresa
Os custos totais são formados pela soma dos fixos com os variáveis, como é mostrado no gráfico 
da figura seguir.
.
Custo
Custo total
Volume
Figura 16 – Custos totais (fixos e variáveis) da empresa
92
Unidade II
Assim, no intervalo de variação relevante (IVR), temos a composição de custos a seguir:
Custos 
totais
Custos 
variáveis
Custos 
fixos
X1 X2 Volume
Custo
Figura 17 – Composição dos custos fixos e variáveis no respectivo IVR da empresa
4.4 Custos semifixos
Enquadram-se neste conjunto aqueles custos que contemplam uma parte fixa e outra que pode 
sofrer mudanças, em cada ocorrência.
É um exemplo clássico da despesa com água, que costuma trazer uma parcela fixa, relacionada com 
a taxa de esgoto, e outra variável, em função do volume de água consumido no período.
Também podemos chamar esses custos de semivariáveis.
Como indica Silva (2012, p. 547):
Se os custos semifixos forem de valores pequenos, sua classificação como 
fixos não traz grandes distorções. Por outro lado, se os valores forem 
expressivos, é melhor separar os elementos fixos das variáveis para fazer as 
apropriações adequadas.
4.5 Custos diretos e indiretos
Um adequado procedimento consiste em agrupar os custos com naturezas e objetivos semelhantes, 
facilitando a administração, as apurações e os modelos de tomada de decisões que se pretende 
adotar na empresa.
93
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
Além da classificação em custos fixos, variáveis e semifixos (quanto ao volume de produção e vendas), 
podemos considerá-los como diretos e indiretos, sob a ótica dos produtos fabricados e negociados pela 
empresa. Os principais são os materiais diretos e a mão de obra direta.
Os custos diretos permitem uma clara e objetiva ligação direta com o produto.
Os custos indiretos, por outro lado, são os que não podem ser alocados de forma direta ou objetiva 
aos produtos ou a algum segmento ou atividade operacional. Se forem atribuídos aos produtos, serviços 
ou departamentos, serão por critérios de distribuição (rateio, alocação, apropriação etc.). É o caso dos 
materiais consumidos para conservação e manutenção dos equipamentos.
Naturalmente, a correta apuração dos custos irá permitir que se estime (ou obtenha) um resultado 
(lucro ou, eventualmente, prejuízo) num momento de funcionamento da empresa.
Tanto os custos diretos quanto os indiretos podem ser fixos ou variáveis.
 Saiba mais
Há uma literatura bem extensa sobre os conceitos e as apropriações de 
custos na empresa, como você pode verificar na leitura do livro a seguir:
MARTINS, E. Contabilidade de custos. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
4.6 Margem de contribuição (MC)
É representada pela diferença entre as receitas operacionais obtidas pela empresa e seus custos e 
despesas variáveis.
No exemplo a seguir, veremos que, a partir do DRE de uma empresa hipotética, podemos obter a 
margem de contribuição (MC).
Tabela 38 – Exemplo de cálculo da MC a partir do DRE
DRE de uma empresa hipotética R$ (totais)
Receitas brutas 200.000,00
(-) Impostos sobre as vendas (20%) 40.000,00
(=) Lucro bruto 160.000,00
(-) Custos e despesas variáveis 80.000,00
(=) Margem de contribuição 80.000,00
A MC representa o montante à disposição da empresa que deverá propiciar a absorção de seus 
custos fixos e a geração de lucro operacional.
94
Unidade II
 Lembrete
O lucro assume valores diferentes quando o volume de produção se 
altera, em decorrência da manutenção dos custos fixos no intervalo 
de significância.
Dito de outra forma, a MC de um produto representa o restante de seu preço de venda, depois de 
deduzidos seus custos e suas despesas variáveis.
E o lucro operacional surge quando a MC dos produtos vendidos supera os custos e as despesas 
operacionais fixas do respectivo exercício.
Entende-se, pois, como MC o valor resultante do faturamento líquido de impostos, deduzido dos 
custos e das despesas variáveis da empresa, na produção e comercialização de seus produtos e serviços.
No exemplo anterior, a MC unitária será obtida a partir de:
•	 preço unitário de venda do produto;
•	 custo e despesa variável para a produção de uma unidade do produto ou serviço.
A MC é entendida por muitos autores como um dos indicadores vitais para a apuração da situação 
financeira de uma empresa. O cálculo da MC fornece informações valiosas para a tomada de decisões 
dos gestores, revelando se as vendas são (ou serão) capazes de cobrir as despesas e os custos e, ainda, 
gerar o excedente (lucro) almejado.
Entre as justificativas para uma queda da margem bruta, podem ser consideradas:
•	 Redução no volume da produção e consequente impacto dos custos fixos.
•	 Maior crescimento dos custos em comparação com o preço de venda, em situações, por exemplo, 
de escassez de matéria-prima.
•	 Controle de preços por entidades governamentais, para combate à inflação ou outros motivos de 
política macroeconômica.
•	 Pressão exercida pela concorrência que oferece produtos mais baratos.
•	 Aumentos extraordinários de componentes de custos, como salários ou preços de matérias-primas.
•	 Perda de eficiência na produção.
•	 Alterações dos critérios contábeis adotados pela empresa.
95
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
A tabela a seguir ilustra a composição da MC de determinado produto comercializado pela 
empresa Vitoriosa.
Tabela 39 – Cálculo da MC para a venda de produto da empresa Vitoriosa
DRE da empresa R$ (totais)
Receitas brutas 300.000,00
(-) Impostos sobre as vendas 50.000,00
(=) Lucro bruto 250.000,00
(-) Custos e despesas variáveis 90.000,00
(=) Margem de contribuição 160.000,00
Para o cálculo da MC unitária do produto X da empresa Vitoriosa, admitamos:
Preço de venda unitário (líquido) R$ 6,00
(-) Custos e despesas variáveis unitários R$ 3,00
(=) Margem de contribuição unitária R$ 3,00
 Observação
As políticas para a formação dos preços dos produtos fabricados 
e vendidos pela empresa preocupam-se com o estudo da MC unitária 
de cada um deles.
4.7 Ponto de equilíbrio (PE)
Outra medida de grande importância para a análise financeira de uma empresa consiste na obtenção 
do ponto de equilíbrio (PE).
O breakeven point ou PE é aquele em que o lucro é zero, isto é, quando a receita total iguala a soma 
dos custos fixos e variáveis.
Assim:
P . Q = CF + (CVu . Q)
onde:
P: preço de venda do produto;
Q: quantidade vendida do produto;
96
Unidade II
CF: custo fixo;
CVu: custo variável unitário.
Ou seja, obteremos lucro igual a zero quando as receitas totais forem iguais aos custos totais 
(fixos e variáveis).
Para compreender melhor esse conceito, admitamos que a empresa Vitoriosa obtém, ao longo 
de um período, uma receita total líquida de R$ 40.000,00, pela venda de seu produto X, a um preço 
unitário de R$ 8,00.
Porém, os custos e as despesas fixas dessa empresa foram de R$ 20.000,00, e os custos unitários para 
a fabricação de uma unidade do produto atingiram R$ 4,00.
Nesse caso, o PE (medido em quantidades vendidas) será:
q
q unidades
Custos despesas fixas Custos despesas fixas
PE
PV unitário ( ) despesas variáveis unitárias Margem de contribuição, unitária
20.000,00
PE 5.000
8,00( )4,00
+ += =
−
= =
−
Essa empresa precisará vender mais que 5.000 unidades para conseguir chegar a um lucro operacional.
O PE pode ser determinado:
•	 em quantidade;
•	 em valor monetário.
A apuração do PE, expresso em valores de receita, será obtida pela multiplicação desse PE (medido 
em quantidades vendidas) pelo preço unitário do produto, isto é:
PERV = 5.000(8,00) = 40.000,00
Essa empresa precisará auferir umareceita total de vendas do produto X de mais que R$ 40.000,00 
para conseguir chegar a um lucro operacional. Como vendeu R$ 40.000,00, atingiu exatamente o seu 
PE e, portanto, para o produto X, não obteve lucros nem prejuízos.
De forma geral, o gráfico da figura a seguir ilustra o PE e as situações de prejuízos e de lucros na 
operação da empresa. No caso de nosso exemplo, o gráfico revela, para a empresa Vitoriosa, o equilíbrio 
(5.000 unidades e R$ 40.000,00, como receitas totais) para que seja iniciado o período em que ocorre o 
lucro operacional da empresa.
97
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
70.000
60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
Custos e 
despesas
Receita
Quant. (u)
Valor (R$)
Figura 18 – Ponto de equilíbrio (PE) para a venda do produto X da empresa Vitoriosa
Quando se analisa uma carteira de produtos, e não um único, deve-se considerar que eles podem 
apresentar diferentes MC. Fica, então, difícil estabelecer a quantidade de equilíbrio para cada um deles.
Pode-se tentar combinar quantidades de produtos que resultem em MC total igual aos custos e 
às despesas fixas. Se aumentar a quantidade de um deles, deve-se reduzir o equivalente em MC de 
outros produtos.
Quando se trabalha com mais de um produto, é mais viável conhecer o PE em valor monetário de 
receitas totais da empresa. Uma determinada empresa pode fabricar vários produtos, com diferentes MC.
Admitindo que a empresa Vitoriosa apresentou, em um determinado período, R$ 75.000,00 de 
lucro operacional, partindo de um total de receitas líquidas de R$ 700.000,00, no período em análise; e 
considerando que os custos mais as despesas variáveis correspondem a 65% do total da receita líquida 
de vendas, o DRE da empresa, nesse período, corresponderá ao representado pela tabela a seguir.
Tabela 40 – DRE da empresa Vitoriosa, com os percentuais de 
cada grupo de valores, valor da MC e do lucro operacional
Itens da DRE R$ AV (%)
Receita líquida de vendas 700.000,00 100
(-) Custos variáveis dos produtos comercializados 350.000,00 50
(-) Despesas variáveis das vendas 105.000,00 15
(=) Margem de contribuição (MC) 245.000,00 35
(-) Custos fixos 100.000,00
(-) Despesas fixas 70.000,00
(=) LAJIR (lucro operacional) 75.000,00
98
Unidade II
O PE se dá na igualdade entre os totais de receitas e custos mais despesas (fixas e variáveis) e é 
calculado da seguinte forma:
RLV = CDV (custos mais despesas variáveis) + CDF (custos mais despesas fixas)
RLV = 65% RLV + (100.000,00 + 70.000,00)
RLV - 0, 65 (RLV) = 170,000,00
0,35 R = 170.000,00
O cálculo do PE, em valor, será:
170,000,00
R R$.405.714,29
0,35
= =
4.8 Alavancagens
Outro indicador de grande importância para a análise financeira da empresa reside no conhecimento 
dos graus de alavancagem de seus valores, a qual se subdivide em:
•	 Operacional.
•	 Financeira.
•	 Combinada ou total.
 Observação
A maior utilização de alavancagem, seja financeira, seja operacional, 
é a possibilidade de ganhos de escala e aumento dos lucros da empresa. 
Em contrapartida, grandes níveis de alavancagem podem levar a maiores 
riscos, que poderão ser concretizados em perdas e, portanto, aumento mais 
que proporcional dos prejuízos.
Sandroni (1999, p. 525) define rendimentos de escala como:
Relação entre a produção de mercadorias e a utilização de fatores de 
produção, como mão de obra, capital, matéria-prima etc. O rendimento 
de escala é utilizado para estudos a longo prazo e em função da 
alteração de todos os fatores de produção, que se mantêm 
proporcionalmente iguais entre si. É medido pela quantidade de produto 
99
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
obtido por unidade de fator de produção empregado. Em produções 
de pequena escala, pode-se aumentar o rendimento até com o simples 
aumento da produção.
No entanto, esse aumento de produção só pode ir até certo nível, pois pode diminuir o rendimento, 
decrescendo a eficiência produtiva. De maneira geral, os aumentos de rendimento de escala são 
conseguidos pela especialização da mão de obra e do trabalho realizado. Trabalhadores concentram-se 
em menor número de processos e tarefas, criando-se equipes especializadas. É o que acontece em 
produções de grande escala, como nas fábricas de automóveis, onde há equipes especializadas de 
funcionários para cada fase de produção.
4.8.1 Alavancagem operacional
Como indicam Megliorini e Vallim (2009, p. 150):
O termo alavancagem (leverage) é empregado em finanças como analogia 
às propriedades de uma alavanca na física, em que o emprego de uma 
alavanca apoiada em um ponto fixo permite mover ou levantar determinada 
massa com menos esforço que se essa massa fosse movida ou levantada 
diretamente. [As] decisões de expansão do nível de atividades da empresa, 
com base em determinada estrutura de custos e despesas operacionais fixos, 
visam ao aumento do lucro operacional.
A alavancagem operacional é proporcionada pelos custos e pelas despesas operacionais 
fixas, que tendem a permanecer constantes mesmo com a oscilação da produção e das vendas, 
dentro do chamado IVR.
Vamos analisar o comportamento desse indicador com um exemplo simples adaptado de Megliorini 
e Vallim (2009).
A empresa Vitoriosa conta, atualmente, com uma capacidade instalada (que representa os seus 
custos fixos) que permite o processamento de até 10.000 quilos de seu produto por ano. Tem sido 
observado que, em função das variações da demanda dos clientes, a produção e a venda têm oscilado 
entre 10.000 e 11.000 quilos ao ano.
A composição dos custos e das despesas fixas é tida como ideal dentro desse intervalo. Essa composição 
somente será alterada se a demanda for inferior a 10.000 ou superior a 11.000 toneladas por ano.
Nesse momento, o preço de venda do seu produto é, em média, R$ 30,00 por tonelada. Sabe-se, por 
outro lado, que os custos e as despesas variáveis somam, em média, R$ 12,00 por quilo do produto. São 
de R$ 120.000,00 anuais, para o atendimento a esse intervalo, os custos e as despesas fixas da Vitoriosa.
100
Unidade II
Para simplificar os cálculos, vamos admitir que os impostos sobre as vendas são inexistentes, partindo, 
assim, da receita líquida. A tabela a seguir apresenta os resultados do lucro operacional (LAJIR) em dois 
patamares de produção e de vendas (de 10.000 e de 11.000 quilos do produto).
Tabela 41 – DRE simplificado da empresa Vitoriosa, 
admitindo dois patamares de venda e produção no período
Itens da DRE Produção e vendas (em quilos)
10.000 11.000
Receitas líquidas (em R$) 300.000 330.000
Custos mais despesas variáveis (em R$) 120.000 132.000
Margem de contribuição (R$) 180.000 198.000
Custos e despesas fixos (R$) 120.000 120.000
LAJIR (em R$) 60.000 78.000
Fonte: Megliorini e Vallim (2009, p. 151).
Percebe-se que a MC cresce 10% quando o volume de produção/vendas sobe de 10.000 para 
11.000 quilos, e o lucro operacional cresce 30% nessa mudança de volume de produção. Portanto, o 
lucro operacional apresenta um crescimento mais que proporcional ao da MC.
Resumidamente, assim é o efeito da alavancagem operacional, decorrente da manutenção dos 
custos e das despesas fixas no período em análise, para a empresa Vitoriosa.
A partir dessa constatação, podemos medir o grau de alavancagem operacional (GAO) dessa 
empresa particular.
Antes de mais nada, é preciso sempre levar em conta que uma maior alavancagem operacional traz 
mais risco às operações da empresa, por exemplo, em função de perdas diretas ou indiretas, ocorridas 
por falhas de processos internos, fraudes cometidas por pessoas e devido às ocorrências nos sistemas 
internos ou eventos externos à empresa.
A formulação para a obtenção do GAO é:
nivel Q
Q(p v) MC
GAO
Q(p v) F Lajir
−= =
− −
onde:
Q: quantidade de produção/vendas;
p: preço de venda unitário;
v: custos + despesas variáveis, unitários;
101
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
F: custos_despesas_fixos;MC: margem_contribuição;
Lajir: lucro dos juros e do imposto de renda.
No nosso exemplo, o GAO para um nível de produção e vendas de 10.000 quilos é calculado assim:
10.000 quilos
10.000 quilos
10.000(30,00 12,00)
GAO
10.000(30,00 12,00) 120.000
180.000
GAO 3
60.000
−=
− −
= =
Reutilizando a fórmula para o cálculo relativo a um nível de produção e vendas de 11.000, teremos:
11.000 quilos
11.000 quilos
11.000(30,00 12,00)
GAO
11.000(30,00 12,00) 120.000
78.000
GAO 3
60.000
−=
− −
= =
Uma formulação alternativa para o cálculo do GAO considera:
variação percentual lucro operacional
GAO
variação percentual da margem de contribuição
=
Assim, na variação de vendas e de produção de 10.000 para 12.000 quilos:
GAO = 30% / 10% = 3,0
À medida que a produção e as vendas tendem a ir para o limite superior do IVR, o total da MC tende 
a aumentar, dado que suportará igual volume de custos e despesas fixas.
Admitamos, agora, novas hipóteses:
•	 O preço de venda unitário do produto é, a partir de agora, fixado em R$ 29,00 por quilo.
•	 Os custos e as despesas variáveis unitárias (por tonelada) passam a ser de R$ 13,00.
•	 Os custos e as despesas fixas passam a ter um incremento total de R$ 10.000,00.
102
Unidade II
Podemos, então, estudar a influência do aumento da capacidade de produção e vendas em 1.000 quilos.
A tabela a seguir mostra o impacto na MC e no lucro operacional, em função desse incremento 
de 1.000 quilos na produção e nas vendas da empresa Vitoriosa. É estabelecido um novo patamar de 
produção e de vendas (salto de 11.000 para 12.000 quilos).
Tabela 42 – Impacto do aumento de 1.000 quilos na 
produção e nas vendas da empresa Vitoriosa
Itens do DRE (R$) Produção e vendas (em quilos)
Incremento da produção 1.000
Receitas líquidas 29.000
Custos e despesas variáveis 13.000
Margem de contribuição 16.000
Custos e despesas fixos 10.000
Lucro operacional (LAJIR) 6.000
Adaptada de: Megliorini e Vallim (2009, p. 157).
O cálculo do GAO para essa expansão do limite superior de produção e de vendas passa a ser:
1.000quilos
1.000,00(R$29,00 R$13,00) R$16.000
GAO 2.6667
1.000,00(R$29,00 R$13,00) R$10.000 R$6.000,00
−= = =
− −
Esse GAO de 2,667 indica que, a cada ponto percentual de aumento na MC, ocorrerá um 
crescimento de 2,667 vezes no lucro operacional. Assim, o crescimento da margem operacional em 
100% conduzirá a um aumento do lucro operacional de 266,70%.
266,70%
GAO 2,667
100,00%
= =
Pelo que vimos, fica claro o impacto da alavancagem em termos de medição da sensibilidade da 
MC e, por consequência, do lucro operacional, dentro de um IVR, isto é, quando são mantidos os totais 
dos custos fixos.
4.8.2 Alavancagem financeira
A alavancagem financeira (financial leverage) é proporcionada pelo impacto das despesas financeiras 
relativas aos juros incidentes sobre o capital de terceiros, integrante da estrutura de capital da empresa. 
Portanto, depende da tomada de decisões para a expansão do nível de atividades da empresa, com base 
em determinada estrutura de capital, que eleva o montante do de terceiros em relação ao próprio. 
É diferente, assim, do efeito que gera a alavancagem operacional, baseada nos custos fixos da empresa, 
dentro de certo IVR.
103
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
A alavancagem financeira é propiciada pelas despesas financeiras relativas aos juros incidentes sobre 
o capital de terceiros integrantes da estrutura do capital da empresa. Por isso, somente é constatada 
se a empresa utilizar capital de terceiros para o financiamento de suas atividades. As despesas de 
juros, permanecendo constantes, combinadas com o aumento (ou diminuição) das vendas dentro 
do respectivo IVR, tornam maior o lucro operacional para um mesmo montante de despesas financeiras, de 
modo que o lucro líquido final aumentará mais que proporcionalmente.
Estudaremos mais adiante as alternativas de estruturação de capital para a realização de investimentos 
(aquisição de ativos) pela empresa.
Para entender os efeitos dessa alavancagem, vamos analisar o caso da empresa Vitoriosa, 
considerando que para ela foi definida a estrutura de capitais da tabela a seguir, indicada no exercício 
proposto pelos autores.
Tabela 43 – Estrutura de capital definida pela empresa Vitoriosa
Estrutura de capital Valor contábil (R$)
Exigível a longo prazo 75.000,00
Empréstimos obtidos
Patrimônio líquido 120.000,00
Capital social (dos sócios)
Total de capital 195.000,00
Adaptada de: Megliorini e Vallim (2009, p. 157).
Novamente, iremos analisar os efeitos das variações de valores ocorridas no intervalo de produção e 
de vendas entre 10.000 e 11.000 quilos, partindo do lucro operacional (LAJIR) do exemplo imediatamente 
anterior e admitindo um montante fixo de juros sobre despesas financeiras de R$ 15.000,00.
Tabela 44 – Impacto no lucro da empresa Vitoriosa 
em função da alavancagem financeira
Itens do DRE Produção e vendas (em quilos)
Intervalo de variação relevante (IVR) 10.000 11.000
Lucro operacional (LAJIR) (R$) 60.000 78.000
Despesas financeiras (juros sobre capital de terceiros) 15.000 15.000
Lucro antes do imposto de renda (LAIR) (R$) 45.000 63.000
Imposto de renda (alíquota de 35%) (R$) 15.750 22.050
Lucro líquido 29.250 40.950
Adaptada de: Megliorini e Vallim (2009, p. 162).
104
Unidade II
Quando a produção e as vendas aumentam de 10.000 para 11.000 quilos:
•	 o lucro operacional cresce 30%;
•	 o lucro líquido cresce 40%.
A formulação para o cálculo do grau de alavancagem financeira (GAF) é dada por:
Lucro operacional (LAJIR)
GAF
Lucro antes do imposto (LAIR)
=
Aumentando a produção de 10.000 para 11.000 quilos, chega-se a:
10.000 ton
60.000
GAF 1,333
45.000
= =
Um GAF de 1,333 significa que, para cada ponto percentual de aumento no lucro operacional, o 
lucro antes do imposto de renda (LAIR) aumenta 1,333 vezes. O efeito também é sentido no lucro 
líquido, calculado contra o operacional, admitindo-se:
variação percentual do lucro líquido
GAF
variação percentual do lucro operacional
=
11.000 ton
R$.78.000,00
GAF 1,239
R$.63.000,00
= =
Com o aumento do nível de produção e de vendas, até o atingimento do intervalo de variação 
relevante, há uma redução do GAF, indicando menor risco financeiro.
Admitamos que a estrutura de capital da empresa somente será modificada quando ocorrer a 
aquisição de novas máquinas para suportar a ampliação de sua capacidade de produção em 1.000 
quilos por ano. Consideremos, também, que a aquisição de novas máquinas foi financiada com mais um 
empréstimo – junto a terceiros, com alíquota, neste caso, de 25% –, representando um custo fixo total 
adicional de R$ 3.000,00, sendo alterado o GAF da empresa.
A tabela a seguir revela a atuação do GAF com essa expansão na quantidade de produção e de 
vendas da empresa Vitoriosa.
105
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
Tabela 45 – Impacto da alavancagem financeira pelo incremento 
de 1.000 quilos na produção e nas vendas da empresa Vitoriosa
Itens do DRE (R$) Produção e vendas (em quilos)
Lucro operacional (LAJIR) 6.000
Despesas financeiras – juros 3.000
Imposto de renda (alíquota de 35%) 1.050
Lucro líquido 1.950
Adaptada de: Megliorini e Vallim (2009, p. 159).
 Lembrete
Um indicador de grande importância para a análise financeira da 
empresa reside no conhecimento dos graus de alavancagem de seus valores, 
que se subdivide em:
•	 operacional;
•	 financeira;
• combinada ou total.
4.8.3 Alavancagem total ou combinada
A alavancagem combinada ou total reflete o impacto conjunto das alavancagens operacional e 
financeira, medindo os efeitos tanto dos custos e das despesas fixas quanto das despesas financeiras 
com juros sobre o lucro líquido, em relação às alterações no volume de produção e vendas.
Utilizando o caso da empresa Vitoriosa, teremos:
nível Q
Margem de contribuição
GAT
Lair
=
ou
nível Q nível Q nível QGAT GAO (GAF )=
10.000 ton
180.000
GAT 4,0
45.000
= =
ou
10.000 tonGAT3,0(1,333) 4,0= =
106
Unidade II
 Saiba mais
Para obter mais detalhamento do exercício que mostra os três tipos de 
alavancagens (operacional, financeira e combinada/total), consulte:
MEGLIORINI, E.; VALLIM, M. A. Administração financeira: uma abordagem 
brasileira. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
Novamente, frisamos que o grau de alavancagem é diretamente proporcional aos riscos de 
operações e investimentos realizados pela empresa. A ocorrência verificada em 2008 e 2009 com 
grandes empresas e bancos e instituições financeiras, notadamente dos Estados Unidos da América, 
mas também de vários outros países, como o Brasil, mostra as dificuldades acarretadas por situações 
de excesso de alavancagem nas operações das empresas.
 Saiba mais
Sugerimos a leitura da reportagem a seguir, que trata dos aspectos da 
alavancagem no status e nas perspectivas de bancos e empresas:
HÁ 10 ANOS, crise financeira de 2008 arrasava a economia mundial. 
Exame, 14 set. 2018. Disponível em: https://exame.abril.com.br/economia/
ha-10-anos-crise-financeira-de-2008-arrasava-a-economia-mundial/. 
Acesso em: 8 dez. 2019.
 Resumo
Nesta segunda unidade, destacamos, inicialmente, as questões 
fundamentais relacionadas com a importância de compreender o valor do 
dinheiro no tempo. Um determinado valor hoje é, certamente, maior do que 
outro igual a ser recebido daqui a um ano.
Além da mudança do poder aquisitivo do dinheiro pelo transcorrer do 
período, em função de fenômenos como a inflação ou a deflação, devemos 
levar em consideração o custo da oportunidade de aguardar o recebimento 
para, então, poder efetuar o consumo (ou investimento) em bens.
107
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
Para que possamos analisar de forma adequada o comportamento dos 
valores ativos e passivos da empresa, é necessário expressá-los todos numa 
mesma base de tempo, fazendo os descontos de seus valores nominais 
futuros para o presente, o que nos permitirá saber se, por exemplo, nosso 
investimento apresentou (se já ocorreu) ou tem expectativas de apresentar 
resultado positivo. Afinal, precisamos saber se cobrimos o custo de 
oportunidade de utilização dos recursos financeiros que captamos junto 
aos sócios/acionistas ou com bancos e outros agentes que atuam nos 
diferentes mercados financeiros.
Conhecemos o estudo do status e das variações de caixa e de outros 
ativos de curto prazo registrados contabilmente em ativos e passivos 
circulantes, cuja conversão (realização em dinheiro) é rápida. É o caso, por 
exemplo, das contas a receber (ativo) e das contas a pagar (passivo).
Encontramos essas possibilidades também nas aplicações que a 
empresa realiza junto a bancos e instituições financeiras, de forma a não 
manter ocioso o valor que pode requerer, em situações eventuais, para 
cobrir seus compromissos ou mesmo para fins especulativos – aproveitar 
oportunidades oferecidas pelo mercado que possam, por exemplo, contribuir 
para a aquisição de insumos a preços vantajosos, reduzindo, assim, seus 
custos de operação.
Evidentemente, tal especulação pode ser vantajosa quando se oferecem 
projetos de investimentos capazes de alavancar os resultados operacionais 
ou financeiros da empresa.
Abordamos os variados tipos de custos arcados pela empresa, 
distinguíveis em fixos e variáveis. No primeiro grupo, localizamos os custos, 
que, dentro do que denominamos intervalo de variação relevante (IVR), 
permanecem inalterados. Uma vez superado o período do IVR, devemos 
contar com a possibilidade de incrementar esses custos, que passarão a ser 
fixos novamente, mas obedecendo a um novo patamar (o do novo IVR).
Os custos variáveis, naturalmente, serão maiores ou menores, 
respectivamente, quanto mais se expande ou se contrai a produção e 
geração de bens e serviços pela empresa.
É essencial considerar um fator muito importante que caracteriza o 
montante de custos na empresa, que é a manutenção de estoques, seja 
de matérias-primas, seja de insumos, seja de produtos semielaborados ou 
prontos para comercialização. Além da questão oficial, determinação do 
governo, é fundamental mostrar tais custos com o uso de ferramentas 
108
Unidade II
alternativas, que nos permitam conhecer, para fins gerenciais, o seu porte. 
É daí que advém a adoção de alternativas de registros e de controle de 
estoques, baseadas em métodos como o PEPS, o UEPS e a média móvel.
Comentamos a respeito de políticas de crédito para vendas a prazo 
aos clientes, de forma, inclusive, a enfrentar comportamentos das 
empresas concorrentes.
Oferecemos, por fim, exemplos dos efeitos ocasionados por alavancagens 
de resultados, que podem ser positivas, se forem lucros, ou negativas, se 
estiverem vinculadas a prejuízos:
•	 Operacional: efeitos causados pela manutenção de custos 
fixos dentro do IVR.
•	 Financeira: proporcionada pelos custos fixos dos empréstimos e 
financiamentos com terceiros que a empresa consegue para realizar 
os seus investimentos (isto é, adquirir os bens e conseguir os direitos, 
expressos no ativo de sua contabilidade).
• Combinada (ou total): mescla os dois tipos de alavancagens e seus 
efeitos nos lucros do período (LAJIR e lucro líquido).
 Exercícios
Questão 1. A tabela a seguir mostra a variação mensal do nível de preços no Brasil em 2018.
Tabela 46
Mês IPCA (%)
Janeiro 0,29%
Fevereiro 0,32%
Março 0,09%
Abril 0,22%
Maio 0,40%
Junho 1,26%
Julho 0,33%
Agosto -0,09%
Setembro 0,48%
Outubro 0,45%
Novembro -0,21%
Dezembro 0,15%
109
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS
Com base na tabela anterior, avalie as afirmativas a seguir:
I – Em agosto foi registrado uma deflação mensal.
II – A variação anual da inflação em 2018 foi de 3,75%.
III – A variação da inflação no primeiro semestre foi igual a 2,58%.
IV – Considerando a inflação do ano em dezembro de 2018, uma nota de R$ 10,00 tinha o valor 
equivalente a R$ 9,64.
Com base na tabela e nas afirmativas, está(ão) correta(s):
A) Apenas a afirmativa I.
B) Apenas as afirmativas I e II.
C) Apenas as afirmativas II, III e IV.
D) Apenas as afirmativas I, II e IV.
E) Apenas as afirmativas I e IV.
Resposta correta: alternativa D.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa correta.
Justificativa: variações negativas do índice de preços indicam deflação. Como o mês de agosto 
apontou recuo de 0,09% no nível de preços, é correto dizer que houve deflação.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: usando o número índice, é possível chegar à variação mensal de 3,75%. Lembrando que 
o simples somatório das variações anuais produzirá uma variação anual (equivocada) de 3,69%.
III – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a variação de 2,58% é obtida pelo somatório simples das variações mensais até o mês 
de junho. Fazendo a conta de forma correta, o número índice nos levaria a variação semestral de 2,60%.
110
Unidade II
IV – Afirmativa correta.
Justificativa: tomando por base 100, o número índice de dezembro de 2018 é de 103,7455, calculando 
o valor do dinheiro pelo fator 0,963897 chegamos à quantia de R$ 9,638974, arredondando R$ 9,64.
Questão 2. “O rateio dos custos [...] tendo como base o critério do custo histórico sugere algum grau 
de arbitrariedade, representando uma avaliação final do produto, de certa forma enganosa. Portanto, 
o que se propõe é utilizar como parâmetro de rateio do custo histórico, a Unidade Animal (U.A.), por 
permitir classificar o gado bovino de diversas idades e sexo em um mesmo padrão de referência.”
Disponível em: https://bit.ly/2PRgD1w. Acesso em: 5 mar. 2020.
Com base no texto, responda, o uso do rateio é indispensável em decorrência da existência de:
A) Custos diretos.
B) Custos variáveis.
C) Custos indiretos.
D) Custos com juros.
E) Custos médios.
Resposta correta: alternativa C.
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: os custos diretos não precisam de rateio, uma vez que são obtidos através do próprio 
processo produtivo.
B) Alternativa incorreta.

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