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“O trabalho do educador, do professor tornado educador, é esse trabalho de interpretação do mundo, para que um dia este mundo não nos trate mais como objetos e para que sejamos povoadores do mundo...” (Milton Santos) O desperdício é um dos grandes desafios pendentes para alcançar a plenitude da segurança alimentar, um desafio que a América Latina e o Caribe não estão livres: a FAO estima que 6% das perdas mundiais de alimentos se dão na América Latina e no Caribe e a cada ano a região perde e/ou desperdiça cerca de 15% dos alimentos disponíveis. Devemos lembrar que 47 milhões de pessoas ainda vivem em situação de fome na região. As perdas e desperdícios têm grande impacto na sustentabilidade dos sistemas alimentares, reduzem a disponibilidade local e mundial de 7 alimentos, geram menores recursos para os produtores e aumentam os preços para os consumidores. Além disso, tem um efeito negativo sobre o meio ambiente devido à utilização não sustentável dos recursos naturais. Por tudo isso, enfrentar essa problemática é fundamental para avançar na luta contra a fome e deve se converter em uma prioridade para os governos da América Latina e do Caribe. Com os alimentos que se perdem na região só no âmbito de venda – nos supermercados, feiras livres, armazéns e os demais pontos de venda – seria possível alimentar a mais de 30 milhões de pessoas, o que representa 64% dos que sofrem com a fome na região. No Brasil, a fome afeta 14 milhões de pessoas. Na venda, o país desperdiça 22 bilhões de calorias, o que seria suficiente para satisfazer as necessidades nutricionais de 11 milhões de pessoas e permitiria reduzir a fome em níveis inferiores a 5%. Erradicar a fome na região requer que todos os setores da sociedade façam esforços para reduzir as perdas e os desperdícios. O benefício potencial é incalculável. Não só teria um efeito direto nas vidas de milhões de pessoas, mas também implicaria uma mudança profunda de mentalidade, um passo fundamental a modelos de consumo e produção verdadeiramente sustentáveis que garantam que nenhum menino, menina, homem ou mulher sofra com a fome em um mundo onde a comida é abundante. CONSUMO SUSTENTÁVEL O aumento no consumo de energia, água, minerais e elementos da biodiversidade vem causando sérios problemas ambientais, como a poluição da água e do ar, a contaminação e o desgaste do solo, o desaparecimento de espécies animais e vegetais e as mudanças climáticas. Para tentar enfrentar estes problemas surgiram muitas propostas de política ambiental, como consumo verde, consciente, ético, responsável ou sustentável. É muito difícil estabelecer o limite entre consumo e consumismo, pois a definição de necessidades básicas e supérfluas está intimamente ligada às características culturais da sociedade e do grupo a que pertencemos. O que é básico para uns pode ser supérfluo para outros e vice-versa. A partir da percepção de que os atuais padrões de consumo estão nas raízes da crise ambiental,a crítica ao consumismo passou a ser vista como uma contribuição para a construção de uma sociedade mais sustentável. Mas como o consumo faz parte do relacionamento entre as pessoas e promove a sua integração nos grupos sociais, a mudança nos seus padrões torna-se muito difícil. Por isso, este tema vem fazendo parte de programas de educação ambiental. O consumidor deve cobrar permanentemente uma postura ética e responsável de empresas, governos e de outros consumidores. Deve, ainda, buscar informações sobre os impactos dos seus hábitos de consumo e agir como cidadão consciente de sua responsabilidade em relação às outras pessoas e aos seres do planeta. Vivemos em um país onde a eliminação da pobreza, a diminuição da desigualdade social e a preservação do nosso ambiente devem ser prioridades para consumidores, empresas e governos, pois todos são co-responsáveis pela construção de sociedades sustentáveis e mais justas. O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU número 12 diz: “Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis”. As metas incluem reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita mundial; alcançar o manejo ambientalmente saudável dos produtos químicos e todos os resíduos; e reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reuso; entre outros. Produção Sustentável é o termo utilizado para se referir ao uso de alternativas que buscam diminuir os impactos ambientais e sociais ao longo de um ciclo de produção de bens de consumo ou serviços. Podemos dizer que a produção sustentável tenta fazer mais com menos, tentando e buscando melhorar a qualidade de vida, reduzir a degradação ambiental, o desperdício e a poluição. O aumento do consumismo ao longo dos anos é um dos responsáveis pelos problemas enfrentados pelo meio ambiente, devido a produções em excesso de serviços e bens de consumo, o que gera um grande número de resíduos e emissões que prejudicam o planeta. O consumo sustentável é um conjunto de práticas relacionadas à aquisição de produtos e serviços que visam diminuir ou até mesmo eliminar os impactos ao meio ambiente. São atitudes positivas que preservam os recursos naturais, mantendo o equilíbrio ecológico em nosso planeta. O consumo sustentável, bem como a produção com este fim, são conceitos criados para determinar a preocupação com a sustentabilidade através de atitudes e estratégias de sustentabilidade relacionadas ao desenvolvimento econômico. Consumimos de maneira sustentável quando nossas escolhas de compra são conscientes, responsáveis, com a compreensão de que terão consequências ambientais e sociais positivas ou negativas. O que vemos no Brasil e no mundo hoje é uma sociedade atenta e preocupada com os rumos que tomamos e seu reflexo no planeta. Vivemos um momento histórico em que termos como "sustentabilidade" e "mudanças de padrões de consumo" não estão mais restritos aos círculos acadêmicos. É o momento certo para comunicar e informar como cada cidadão brasileiro pode fazer a diferença. Uma mudança de comportamento é algo que leva tempo e amadurecimento do ser humano, mas é acelerada quando toda a sociedade adota novos valores. O termo “sociedade de consumo” foi criado para denominar a sociedade global baseada no valor do “ter”. No entanto, o que passa a ser observado agora são os valores de sustentabilidade e justiça social fazendo parte da consciência coletiva, no mundo e também no Brasil. Este novo olhar sobre o que deve ser buscado por cada um promove a mudança de comportamento, o abandono de práticas nocivas de alto consumo e desperdício e adoção de práticas conscientes de consumo. CONCLUSÃO É praticamente um consenso que a maneira de se produzir bens, produtos e serviços e o modo de consumi-los afetam de modo impactante e crescente o padrão de sustentabilidade de uma região e, em primeira instância, o planeta. Apresentar e incentivar a aplicação de iniciativas, abordagense conceitos como Produção e Consumo Sustentáveis (PCS) e EcoInovação, que buscam endereçar as crescentes pressões que as dimensões de produção e consumo exercem sobre a sociedade, é uma responsabilidade de instituições e órgãos governamentais junto às suas esferas de atuação e de representatividade. É necessário o entendimento de que as empresas, que compõem a base da cadeia produtiva e da geração de renda, passem a utilizar esses novos conceitos e ferramentas para uma produção mais responsável. Ainda que métodos e conceitos novos geram resistência, é unânime o fato de que o conhecimento gera a mudança; quanto maior o conhecimento acumulado e aplicado, maior a mudança e a geração de valor para o indivíduo e para a empresa. Conhecer com mais amplitude e profundidade seu modelo de negócio e as relações que produção e consumo inexoravelmente exercem sobre ele é o primeiro recado. Saber que a identificação de riscos e oportunidades advindas dessa percepção podem permitir um posicionamento diferenciado de atuação sustentável, gerando, com isso, uma ampla gama de benefícios econômicos e socioambientais à empresa, à sociedade e ao planeta. Não há uma receita comum para todas as empresas e consumidores aderirem e tornarem o ambiente em que vivem e consequentemente o mundo melhor, é bom estarmos cientes disso. Mas com todos colocando a mão na massa, mesmo que para a realização de pequenos passos iniciais como os descritos neste trabalho, podemos avançar no processo de implementação de PCS no Brasil.
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