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Resumo da Unidade de Estudo Educação Popular e Movimentos Sociais no Brasil: perspectivas históricas Objetivos: Compreender a relação histórica entre Educação Popular e Movimentos Sociais, com ên- fase nos acontecimentos históricos das décadas de 1950/60 no Brasil e seus possíveis desdobramentos contemporâneos. Resumo da unidade: Anteriormente foi discutido o conceito de educação popular e as várias perspectivas que envolvem os movimentos sociais, inclusive as chamadas “Teorias dos Movimentos Soci- ais”, mas como pensar historicamente a relação entre educação popular e movimentos sociais? Para responder essa pergunta é preciso situá-la em um quadro social, histórico e geográfico. Portanto, o objetivo desta unidade é fazer essa discussão a partir do contexto brasileiro, sobretudo na década de 1960. Como bem observa Streck (2010) há um certo consenso entre os historiadores da edu- cação popular: sua relação com os movimentos sociais se intensificou no Brasil a partir dos anos de 1960. Ao se pensar a constituição política da sociedade brasileira, especial- mente após a Proclamação da República em 1889, é possível identificar grandes lutas por aquilo que poderíamos chamar de democratização política e social da própria sociedade brasileira. O processo democrático brasileiro é complexo, as experiências vivenciadas no governo de Getúlio Vargas, principalmente no Estado Novo. A instauração da Ditadura do Estado Novo de 1937 a 1945 significou uma ruptura institucional na frágil democracia brasileira, simultaneamente, se instaurava padrões de desenvolvimento econômico e so- cial que marcariam as décadas posteriores do Brasil. O restabelecimento da democracia no Brasil se deu apenas em 1945, durando menos de 20 anos até o golpe militar de 1964. Este foi um curto e atribulado período da democracia no Brasil, com o surgimento de diversos movimentos de luta e reivindicações em nosso país. A título de exemplo, em meados da década de 1950, foi realizado na cidade de Recife o “Congresso de Salvação do Nordeste”, com a participação de setores políticos, movi- mentos sociais, religiosos e diversas outras representações. Nessa carta, considerada um marco progressista da época, foram expostos grandes problemas do Nordeste, propondo soluções e requerendo das autoridades respostas imediatas às demandas. No campo da educação, a Carta criticava a desconsideração das realidades locais, in- clusive na formulação dos livros e materiais didáticos da época. Requeria, portanto, uma educação que dialogasse com as realidades das pessoas, ressaltando, valorizando e re- conhecendo a diversidade e as particularidades de cada região do Brasil. Contudo, é na década de 1960 que surgiram importantes marcos na relação entre edu- cação popular e movimentos sociais no Brasil, sobretudo, a partir de 1963, com a ex- periência de alfabetização de adultos realizada por Paulo Freire e seus colaboradores na cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte, conforme relata Escosteguy (2017). Nesse período surgiram diversos movimentos sociais com reinvindicações latentes onde o direito a dignidade para a população carente era um marco reivindicatório de destaque. A educação popular dialogava como elemento que refletia essa realidade e que, da mesma forma, propunha sua transformação, através das ações mobilizadas, coletivas e organi- zadas. A instalação do regime militar no Brasil em 1964 foi uma dura ação contra a mobilização social brasileira, houve deportação de lideranças políticas, desmobilização de ações soci- ais e, principalmente; radicalização dos mecanismos de repressão a partir do Ato Institu- cional nº 5, em dezembro de 1968, diminuindo a articulação entre as ações populares no campo da educação e a luta social, apesar disso a educação ainda teve um protagonismo importante nos movimentos de redemocratização. Em suma, a educação popular dialogava como elemento que refletia essa realidade e que, da mesma forma, propunha sua transformação, através das ações mobilizadas, coletivas e organizadas. Além destes fatos já mencionados, é válido destacar que ao longo das décadas de 1970 e 1980 também emergiram movimentos sociais em outros países que tiveram repercussão no Brasil, como o Movimento Negro e os Movimentos Feministas. Entretanto, a influência desses movimentos no período pós-redemocratização será objeto de estudo das próximas unidades, onde serão exploradas também as potencialidades das novas relações contemporâneas entre educação, escola e movimentos sociais. Guia de estudo: A: Ao longo da unidade II conhecemos os principais fatos históricos que marcaram a relação entre educação e movimentos sociais no Brasil, especialmente a partir da década de 1960. Com base nos conhecimentos adquiridos nessa unidade, aponte quais os principais acon- tecimentos que marcaram a educação brasileira a partir da década de 1960. B: A partir da leitura do material indicado como referência, explique que importância tiveram os movimentos sociais no Brasil na década de 1960. C: Baseado na leitura dos textos referenciados, demonstre como a relação entre educação e movimentos sociais contribuiu para o processo de redemocratização do Brasil.
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