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AULA 03

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HISTÓRIA DE ISRAEL 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Roberto Rohregger 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Israel havia conquistado a terra prometida. Não apenas conquistado, mas 
também havia conseguido estabelecer-se, e após Davi ter ampliado e 
consolidado o reinado, ela deixará de ser um ajuntamento de tribos, constituindo-
se como uma grande nação. Com Salomão, Israel conheceu seu ápice, com a 
ampliação de seu comércio exterior e a realização de alianças com várias nações 
ao seu redor. Porém, a situação interna não era das melhores, pois havia uma 
grande diferença econômica entre as grandes cidades, principalmente com 
relação a Jerusalém e as cidades menores, com economia agrícola. Além disso, 
a manutenção de Jerusalém, do Templo e do palácio real era extremamente 
dispendiosa. Agrega-se a isso o descontentamento religioso com algumas ações 
de Salomão, que não observava as instruções das Escrituras. Suas alianças e 
acordos comerciais geralmente eram firmados por meio de casamentos, 
formando uma grande influência religiosa em razão de suas esposas, que 
traziam seus costumes e deuses de outros locais. 
O já desgastado império de Salomão somente piorou com a sua morte e 
a disputa pelo trono. As consequências para o reino foram terríveis, em pouco 
tempo todo o trabalho de consolidação das tribos voltou a apresentar suas 
brechas e, consequentemente, a divisão do país, levando a uma crise interna, 
com disputas e guerras entre um povo agora dividido. Aliado a isso, o cenário 
mundial também vinha sofrendo modificações e grandes impérios com sede de 
poder estavam se fortalecendo. Aproveitando que o próprio Egito não tinha mais 
fôlego para sua expansão, lançaram os olhos para o território judeu, que dividido 
e fragilizado procurou alianças que não se mostraram tão amigas, ao contrário, 
aproveitam-se dessas dificuldades para dominar a região. A nação judaica agora 
fragmentada experimentou a destruição, o exílio e levou séculos para se 
reerguer, e nunca, considerando o período histórico da Antiguidade, voltou a ser 
uma nação independente e com a grandiosidade da época de Davi e Salomão. 
TEMA 1 – DIVISÃO DO REINO 
Com a morte de Salomão, a crise em Israel acabou se aprofundando. De 
certa forma, já há algum tempo ela estava dividida entre Israel e Judá. A 
dificuldade de união estava arraigada em problemas muito antigos e também 
relacionada à estrutura de poder com o advento da monarquia. 
 
 
3 
Assim que Salomão morreu, a estrutura por Davi levantada desabou 
principalmente, sendo substituída por dois Estados rivais de 
importância secundário. Estes Estados viveram lado a lado, às vezes 
em guerra entre si, outras vezes em amigável aliança até que o Estado 
do norte foi destruído pelos assírios, precisamente duzentos anos mais 
tarde. (Bright, 1978, p. 302) 
• Reino de Israel, ao norte: o reino do norte era o mais densamente 
habitado, com cerca de 800 mil habitantes. Sua capital foi Siquém e, 
depois, Samaria. 
• Reino de Judá, ao sul: o reino do sul era significativamente menor, com 
cerca de 200 mil habitantes, mas a sua capital era a cidade mais 
importante, Jerusalém. 
Figura 1 – Reinos de Israel e Judá 
 
Crédito: João Miguel. 
 
 
4 
A divisão representou um duro golpe na nação de Israel. Todo o trabalho 
na conquista da terra, na fixação do povo e no estabelecimento de uma 
monarquia que poderia unir as tribos teve um resultado decepcionante; agora 
havia duas nações, o Reino de Israel e o Reino de Judá. Esse reino dividido não 
viveu em paz; eles entraram em guerra entre si, e o pior, reinos ao redor que 
haviam se fortalecido entenderam a divisão de Israel como uma oportunidade de 
ampliação de seus territórios. Não demorou muito para que esses reinos 
entrassem em ação. 
TEMA 2 – RAÍZES DA DIVISÃO 
Salomão foi um rei de obras grandiosas, gerando também grandes 
despesas, cujo pagamento exigiu do povo arcar com mais impostos. 
A morte de Salomão abriu caminho para um dos mais traumáticos e 
decisivos acontecimento da longa história de Israel – a formal e 
permanente divisão do reino entre as dez tribos do norte, que 
doravante passariam a se chamar Israel ou Efraim, e a tribo de Judá, 
ao sul. Embora tenha abalado a nação psicologicamente, a divisão não 
deve ter causado surpresa ao povo esclarecido, porque as raízes 
políticas e teológicas do cisma eram profundas no passado de Israel. 
(Merrill, 2001, p. 336) 
Apesar do desejo da grande maioria, a monarquia nunca foi totalmente 
aceita, pois havia os que a entendiam como uma rebelião contra o governo divino 
(cf. Bíblia. 1 Salomão, 1982, 8: 12), e também há a questão política, pois 
principalmente o norte tinha profundas dificuldades em aceitar uma sucessão 
dinástica e se opunham às aspirações da Casa de Davi de reinar perpetuamente. 
(Bright, 1978, p. 300). 
Após oitenta anos de construção e estabelecimento do reino, sob Davi 
e Salomão, ele foi dividido definitivamente em dois reinos logo depois 
da morte deste último. Dez tribos reuniram-se sob Jeroboão e as duas 
restante sob Roboão, com o nome de Israel e Judá. (Na realidade 
grande parte das tribos de Simeão e Levi também uniram-se a Judá). 
(Ellisen, 1991, p. 108) 
São os três principais motivos da divisão de Israel: 
• espiritual – a idolatria de Salomão desestabilizou o sistema religioso que 
unia as tribos; 
• econômico – a carga dos altos impostos não estava mais sendo suportada 
pelo povo; 
• política – havia uma antiga rivalidade entre Judá e Efraim. 
 
 
5 
O povo se dirigiu ao sucessor Roboão pedindo a redução dos pesados 
encargos. Este, ao contrário, os ameaçou com encargos mais altos. 
QUANDO O FILHO DE SALOMÃO, ROBOÃO, AMEAÇOU 
COLOCAR FARDOS MAIS PESADOS SOBRE O POVO, SUA 
IMPRUDENTE TEIMOSIA SÓ FEZ ACRESCENTAR COMBUSTÍVEL 
À FOGUEIRA, QUE SE VINHA FORMANDO E ARDENDO POR 
QUASE TREZENTOS ANOS, DEDE O TEMPO DOS JUÍZES. VEIO 
LOGO A REVOLTA DAS DEZ TRIBOS (1 REIS, 12: 17). ESSA CRISE 
LEVOU à INDICAÇÃO DE JEROBOÃO COMO REI DA PARTE 
NORTE (VERSÍCULO 20) […] Um novo nome de grande importância 
surge nas páginas desta história: Jeroboão. Era um jovem de origem 
humilde, mas tinha conquistado notoriedade por causa dos seus fiéis 
serviços e realizações. Aías, o profeta fez a Jeroboão uma 
surpreendente revelação. Usando uma fantasia oriental, tirou a capa 
nova que vestia e, rasgando-a em doze pedaços, disse a Jeroboão: 
Toma dez pedaços, porque assim diz o senhor Deus de Israel: Eis que 
rasgarei o reino da mão de Salomão e a ti darei dez tribos. (1 Reis 
11:31) (Mears, 1982, p. 127) 
Jeroboão era um homem proeminente da tribo de Efraim que chegou a 
ser supervisor de todo o trabalho forçado, indicado pelo próprio Salomão. Após 
a morte de Salomão, ele foi indicado pelas lideranças de Israel como porta-voz 
das negociações para que Roboão tivesse o apoio do norte. 
Depois da morte de Salomão, Jeroboão se uniu a outros 
representantes das tribos do Norte, que pediram a Roboão a severa 
política dos trabalhos forçados de seu pai (1 Reis, 12: 1-24). Depois de 
três dias de discussão, Roboão recusou o pedido e insensatamente 
ameaçou seus trabalhadores com condições ainda piores. Como 
Resultado, Jeroboão liderou uma rebelião contar a casa de Davi e 
tornou-se rei sobre as dez tribos do Norte. (Gardener, 1999, p. 323) 
As dez tribos do Norte se levantaram com o rei de Israel, Jeroboão, 
ficando sob as ordens de Roboão apenas a tribo de Judá e Benjamim (Bíblia. 1 
Reis, 1982, 12). 
TEMA 3 – CONQUISTADORES 
A divisão de Israel enfraqueceu a nação: além de disputas internas, agora 
havia dois reinos que tinham inimigos externos. Essa foi uma grande 
oportunidade para as nações ao redor ampliarem suas fronteiras e avançarem 
sobre um reino dividido. As guerras entre Israel e Judá acabaram envolvendo 
outras nações, possibilitando a conquista de Israel e posteriormente de Judá. 
Vejamos como se desenrolou a história da fragmentaçãode Israel pela divisão 
do reino. 
 
 
6 
3.1 Reino do norte (Israel): capital Samaria, 10 tribos, conquistada pelos 
assírios (740 a.C.) 
O reino do norte lutou em várias ocasiões contra o domínio assírio, 
fazendo alianças com outros reinos, por exemplo, o Egito, e formando uma liga 
de cidades que enfrentavam essa potência. 
Em 723 a.C., os líderes do norte tentaram de algum modo forçar o reino 
de Judá a participar de acordos e alianças contra a Assíria. Acaz (732-716), 
governante de Judá naquela ocasião, pediu auxílio à Assíria contra essa 
intervenção vinda do reino do norte, a qual partiu para a dominação da região, 
aproveitando-se da fragilidade de Israel 
Ascenção de Damasco cessou abruptamente quando Adad-Nitari III 
(811-784) assumiu o poder da Assíria. Retomando a política agressiva 
de Salmanasar III, ele fez várias campanhas contra os estados 
arameus, durante os quais (aproximadamente 802) a cidade de 
Damasco foi esmagada, seu poder aniquilado e seu rei Denadad II […] 
ficou sujeito a onerosos tributos. E Israel também não escapou, pois 
Adad-Nirati nos diz que ele também recebeu tributos de Israel, 
juntamente com tributos de Tiro, Sidon, Edom e outras regiões. Mas 
isto representava apenas um símbolo nominal de submissão em vez 
de uma conquista permanente; o golpe que feriu Damasco não atingiu 
Israel com tanta violência. (Bright, 1978, p. 341) 
Em 732, a cidade de Damasco e a Galileia foram sitiadas, restando ao 
reino de Israel submeter-se ao controle estrangeiro. A perda, nessa ocasião, de 
cerca de dois terços de seu território fez com que restasse apenas ao povo do 
reino do norte aproximadamente as montanhas de Efraim, com a capital 
Samaria. Israel estava nas mãos da Assíria, não haveria mais o que fazer. 
Após 256 anos, o povo foi levado cativo pelo rei da Assíria (2 Reis, 17). 
Muitos dos profetas de Israel tinham advertido o povo quanto ao 
cativeiro, mas eles não quiseram voltar-se da idolatria para Jeová. Os 
assírios eram guerreiros fortes e cruéis. Construíram seu reino com a 
pilhagem de outras nações. Esfolavam pessoas vivas, cortavam-lhes a 
língua, arrancavam-lhes os olhos, desmembravam os corpos e depois 
para infundir terror, levantavam montes de crânios humanos. Por 300 
anos a Assíria foi um império mundial. (Mears, 1982, p. 129) 
Em 722, o Reino do Norte foi definitivamente conquistado por Salmanaser 
V (726-722 a.C.), ocorrendo a consolidação assíria com Sargão II (722-705 a.C.). 
Samaria foi repovoada por colonos estrangeiros e a população deportada por 
todo o império assírio. 
 
 
7 
3.2 Reino do sul (Judá): capital Jerusalém, 2 tribos, conquistado pela 
Babilônia (607 a.C.) 
Apesar das várias tentativas por parte de Judá de conquistar Israel, 
aqueles apenas obtiveram um grande fracasso, abrindo espaço para que nações 
estrangeiras, como a Assíria, consolidassem seu poder. 
O Reino do Sul tentou conquistar o do Norte. Durante oitenta anos 
houve guerra contínua entre eles. Mas fracassaram no seu propósito. 
Veio então um período de oitenta anos de paz entre os dois reinos, 
depois do casamento do filho de Josafá (Reino do Sul) com a filha de 
Acabe (Reino do Norte). Finalmente houve um período de cinquenta 
anos durante o qual se guerrearam, de tempos em tempos, até o 
cativeiro. (Mears, 1982, p. 129-130) 
O reino do sul persistiu por mais de um século e meio depois da destruição 
de Israel. Porém, depois de algumas incursões, em 586 a.C. a Babilônia, com 
Nabucodonosor, dominou a região e levou cativos boa parte da população e os 
principais do povo. 
Cerca de 136 anos depois de a Assíria ter levado cativo o Reino do 
Norte, o Reino do Sul foi levado em cativeiro por Nabucodonosor, rei 
da Babilônia. Jerusalém foi destruída, o templo queimado e os 
príncipes levados presos. O povo esquecera-se de Deus e se recusara 
a ouvir as advertências dos profetas. (Mears, 1982, p. 130) 
O exílio marcou profundamente o povo de Israel, embora sua duração 
tenha sido relativamente curta, de 587 a 538 a.C. 
Os escritos que surgiram em Judá no período do exílio – os livros de 
Lamentações, Jeremias e Abdias – revelam a intensidade do sofrimento e da 
desolação que o povo viveu. 
TEMA 4 – PERÍODO DO CATIVEIRO 
Com o domínio babilônico, o rei foi levado à prisão (Bíblia. 2 Reis, 
1982, 25: 27ss) e uma parcela significativa do povo foi assentada em Quebar e 
Tel Abib junto dos rios da Babilônia. O regime em que viviam era de 
semiescravidão. A realidade desse povo que estava na Babilônia estava 
completamente transformada, sua nação já não existia mais, o templo estava 
destruído, não era mais possível realizar os sacrifícios. 
Estando longe do templo de Jerusalém, não podiam fazer sacrifícios. A fé 
em Javé se tornou a força aglutinadora. A deportação, as fugas e as mortes 
 
 
8 
reduziram Judá pela metade. Sobrou uma população estimada de 100.000 
habitantes. 
O exílio foi um período de trevas. O capítulo 25 de Jeremias retrata o 
cenário desse tempo e descreve o que Deus faria com Judá: ele usaria 
Nabucodonosor, rei da Babilônia, a quem chama de “meu servo” 
(Jr 25.9), para disciplinar seu povo. Na descrição dos versículos 9-14, 
o profeta anuncia o julgamento de Deus e o modo como Deus 
procederia: 1. Destruição total – “[…] os destruirei totalmente… e de 
ruínas perpétuas”. 2. Vergonha pública – “[…] os porei por objeto de 
espanto e de assobio”. 3. Depressão espiritual – “Farei cessar entre 
eles a voz de folguedo e a de alegria, a voz do noivo e a da noiva, e o 
som das mós, e a luz do candeeiro”. 4. Perda da terra e destruição das 
propriedades – “Toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto 
[…]”. 5. Escravização do povo – “[…] estas nações servirão ao rei da 
Babilônia setenta anos”. O contexto na Babilônia foi de pressão cultural 
e religiosa, houve grande tristeza e depressão. (Ultimato, 2012) 
Aos poucos, a Babilônia os abandonou à sua própria sorte. O povo viveu 
sem governo, de forma tribal, sem capital, sem templo. Com o passar do tempo, 
aqueles que foram deportados para a Babilônia começaram a refazer a sua vida, 
e de modo geral a vida em comunidade. Aos poucos, foram reestabelecendo a 
vida de acordo com a lembrança da que tinham de Israel, revivendo as tradições 
culturais e religiosas. Boa parte dessa população dedicou-se à agricultura e ao 
comércio, integrando-se à sociedade local. 
Os judeus na Babilônia não tinham todos os privilégios dos cidadãos 
livres, mas podiam exercer suas profissões e adquirir bens. No início 
se dedicaram à agricultura e ao pastoreio. Mas, aos poucos, eles foram 
chegando às cidades e praticando o comércio ou fazendo carreira de 
administração até que alguns se tornaram ricos (Ed, 2: 65). Os exilados 
permaneceram agrupados em famílias (Ed, 2; Ne, 7) nas colônias sob 
a autoridade espiritual dos anciãos de Israel (Jr, 29,1; Ez, 8,1; 14,1; 
20,1). Estes anciãos, juntamente com os sacerdotes eram os 
responsáveis, na comunidade judaica exilada, por atualizar as listas de 
legítimos pertencentes a esta comunidade (Ed ,1: 6; 2: 6ss)”. (Santos, 
2011, p. 9) 
De forma geral, a vida na Babilônia não era de todo desagradável, e o 
povo acabou ajustando-se a essa nova realidade. As evidências históricas não 
apontam para alguma evidência de antissemitismo entre os babilônicos e estes 
desfrutavam do bem-estar econômico, inclusive muitos assumiram cargos 
políticos (Merrill, 2001, p. 498). Apesar de essa integração possibilitar uma vida 
melhor para os judeus, também representava a convivência e a adaptação a uma 
cultura muito diferente da sua e a possibilidade de, aos poucos, perderem a 
essência da cultura judaica, sendo absorvidos pela sociedade babilônica. Isso 
se refletiu quando da volta do cativeiro, quando muitos optaram por permanecer 
 
 
9 
na Babilônia, onde já tinham uma vida estabelecida, a arriscar um 
empreendimento na reconstrução de Jerusalém. 
4.1 Surgimento da sinagoga 
Nesse ponto, é importante compreendermoso surgimento de uma 
instituição que se tornou fundamental para a manutenção da cultura judaica no 
exílio, a qual séculos mais tarde possibilitou que os judeus da diáspora 
conseguissem manter a religião judaica. É depois do regresso do exílio na 
Babilônia que o judaísmo começou a se desenvolver, com o culto centrando-se 
na sinagoga, um hábito adquirido na Babilônia em razão da inexistência de um 
templo. 
[...] Enfim, o período do cativeiro na Babilônia foi um episódio na 
trajetória histórica da civilização judaica que marcou profundamente a 
estrutura de sua religião. A destruição do Templo inaugurado pelo rei 
Salomão e a transferência forçada do rei Joaquim para a corte de 
Nabucodonosor II, aliadas à profunda crença monoteísta estabelecida 
no povo hebreu desde a doutrina do Patriarca Moisés após o Êxodo do 
Egito, proporcionou à classe sacerdotal judaica cativa no império 
babilônico fundamentar as bases do culto a Iahweh po meio do 
sacerdócio nos templos locais conhecidos hoje como Sinagogas. 
(Cavadas; Neto, 2020, p. 2) 
O conceito de sinagoga nasce desse contexto em que Israel não tem mais 
um templo para adoração. A comunidade judaica, agora no exílio, começa a 
reunir-se em pequenos grupos, em casas, para estudar os escritos sagrados. A 
sinagoga passou a funcionar como um ponto de encontro dos judeus para as 
orações e a leitura das escrituras. 
O culto sacrifical não era possível de ser realizado na Babilônia (Cf: Ez, 
4: 13). Sendo assim, duas as atitudes religiosas mantiveram vivos os 
sinais da aliança entre YHWH e o povo judeu: o descanso sabático (Ez, 
20: 12ss; 22: 8-26; 23: 28) e a circuncisão (Gn, 2: 1-4 a P e c. 17P). Já 
ao que diz respeito ao culto da palavra, que acabará por resultar no 
posterior surgimento das sinagogas, existem duas posições sobre o 
assunto: a de Gunneweg, que, baseado nas camadas mais antigas das 
obras de Dêutero-Isaías e de Ezequiel, acredita que, tanto na Babilônia 
quanto na Palestina, tenham se desenvolvido no período certas formas 
novas de celebração da Palavra; e a de Liverani e Donner que afirmam 
no período babilônico não houve formação, sequer germinal, de 
sinagogas devido ao peso simbólico do templo de Jerusalém e porque 
os exilados esperavam um retorno breve para a pátria. (Santos, 2011, 
p. 10) 
Sinagoga é um termo transladado do grego que tem como significado 
“trazer”; com isso, é relacionada com a definição mais clara de assembleia, lugar 
em que se fazem reuniões ou em que se congrega. Pode-se então definir a 
 
 
10 
sinagoga como o local de congregação, no qual normalmente se estudava ou 
realizava-se a leitura e a interpretação de textos das escrituras. 
A recitação da Shema e as bênçãos que eram proferidas em seguida 
formavam a porção central do culto mais simples da sinagoga, do qual 
poderiam fazer parte um mínimo de dez homens judeus, devidamente 
inscritos. Fazia parte das tradições orais a ideia de que esse culto de 
oração, que frisava o monoteísmo de Yaweh, foi instituído pelo próprio 
Moisés. (Champlin, 1991, p. 220) 
O archisynagogo era o líder espiritual e o mestre principal (Bíblia. Atos, 
1982, 13: 15; 18: 17). Um representante executivo cuidava dos negócios 
seculares da comunidade; seus membros eram chamados de anciões ou como 
os magistrados principais de uma cidade grega de arcontes. Havia também um 
secretário que cuidava dos arquivos e entregava a correspondência. Um 
assistente cuidava do edifício, mantinha a ordem durante o serviço religioso, 
fazia comunicados e conduzia as preces quando necessário, bem como 
ministrava punição corporal de acordo com a lei. 
 
 
11 
Figura 2 – Modelo de uma sinagoga do século I 
 
Crédito: Elias Aleixo. 
Em cidades maiores, havia várias sinagogas (Roma, por exemplo, tinha 
pelo menos onze). A sinagoga era o local de oração, em que a congregação se 
reunia no Sabbath e em dias santos. Era também escola, na qual se estudava a 
Torah, e era um centro da comunidade, em que membros podiam se reunir por 
razões específicas como assar pão sem fermento ou para fins gerais de 
sociabilidade. Portanto, a sinagoga fortalecia de várias formas o sentimento que 
tinham os judeus de serem especiais e separados (Champlin, 1991, p. 219-220). 
A sinagoga tornou-se um referencial da religião judaica. Ela foi um dos 
pilares para a manutenção da cultura e religião judaica durante o exílio babilônico 
e o elo de agregação dos judeus após a diáspora no governo romano; depois do 
século I, o templo, e tampouco a nação judaica, existiam mais. 
 
 
12 
TEMA 5 – EXÍLIO E RETORNO 
Em 562, com a morte do rei Nabucodonosor, o império babilônico 
começou a enfraquecer e abriu a possibilidade do avanço dos persas sob o 
comando de Ciro. Como grande estrategista, Ciro, aproveitando a ausência do 
rei Nabonido na cidade, cercou a Babilônia e a tomou praticamente sem grande 
resistência em 539. Após dominá-la, ele iniciou uma política beneficente, 
acenando com a permissão a todos os exilados o retorno para suas terras. Os 
judeus viram nessa ação o comprimento da palavra de Deus, visto que para eles 
esse ato tinha o mesmo sentido da libertação do Egito, sob a liderança de 
Moises. Apesar de continuarem sob o domínio de um governo estrangeiro, agora 
os persas, poderiam voltar para reconstruir Jerusalém e restabelecer sua nação 
(Merrill, 2001, p. 502). 
Após um decreto do rei Ciro, cerca de cinquenta mil judeus partiram pela 
primeira vez em direção à terra de Israel, liderados por Zorobabel. 
Os judeus foram levados cativos, primeiro pela Assíria (2 Reis, 17) e 
depois pela Babilônia (2 Reis, 25). Foram restaurados à sua terra sob 
o império persa. Os Babilônios tinham sido conquistados pelos medos 
e persas. As dez tribos do norte, levadas para a Assíria nunca 
regressaram. Em 537 a.C. os primeiros judeus regressaram da 
Babilônia para Jerusalém. Em 516 a. C o templo foi restaurado. Em 
479 a. C. Ester tornou-se rainha da Pérsia. Ela foi esposa de Xerxes. 
Em 458 a. C Esdras conduziu a segunda expedição da Babilônia. Em 
445 a. C Neemias construí os muros de Jerusalém. (Mears, 1982, p. 
134) 
Menos de um século depois, o segundo retorno foi liderado por Esdras, o 
Escriba, cuja repatriação dos judeus foi inspirada por sua liderança. A construção 
do Segundo Templo no local do Primeiro Templo e a fortificação das muralhas 
de Jerusalém, marcaram o retorno. 
De acordo com Esdras, Ciro não apenas deu permissão para os judeus 
retornarem para sua terra, como também estipulou que fossem 
assistidos em tudo pelos povos que os cercavam (1: 3,4). Além disso, 
os tesouros roubados por Nabucodonosor do templo de Jerusalém e 
postos nos santuários pagãos tiveram de ser devolvidos a Sesbassar, 
o príncipe de Judá. (Merrill, 2001, p. 523) 
É provável que se tenha passado muito tempo até o retorno ser 
organizado e toda a jornada ser completa, isso em torno de 537, perto de um 
ano após o decreto de Ciro. Quando o povo judeu (israelitas) regressou à terra 
de Judá, encontrou uma mescla de povos, os samaritanos – que praticavam uma 
religião com alguns pontos comuns com a religião do antigo Israel. De imediato, 
 
 
13 
começou-se a reconstrução do templo que estava totalmente em ruínas, com 
materiais vindos de Tiro e Sido, sendo os alicerces levantados, em 536, com 
todo o trabalho supervisionado pelos sacerdotes. O templo foi concluído em 515, 
vinte anos após os fundamentos serem lançados (Merrill, 2001, p. 521,525). 
Ainda nesse período, as muralhas de Jerusalém foram restabelecidas. Nesse 
tempo, hostilidades cresceram entre os judeus que regressavam e os 
samaritanos, uma divisão religiosa que permanece. 
[...] Seus vizinhos, especialmente a aristocracia de Samaria que 
considerava Judá como parte de seu território e ressentia-se com 
qualquer limitação de suas prerrogativas lá, lhes eram abertamente 
hostis. Não se pode dizer como nem quando essa hostilidade se 
expressou pela primeira vez, mas certamenteela existiu desde o 
começo. Tampouco era provável que os judeus residentes na terra 
sempre receberam bem e com entusiasmo o fluxo de imigrantes. Eles 
tinham considerado a terra como sua propriedade (Ez, 33: 24) e ainda 
a consideravam. Com certeza teriam dificuldade em dar lugar aos 
recém-vindos e em concordar com suas pretensões às propriedades 
ancestrais. (Bright, 1978, p. 495) 
Havia muitos outros opositores, além dos samaritanos, que se opunham 
à construção das muralhas. Neemias é obrigado a dividir os homens em dois 
grupos, um responsável pela construção dos muros e outro para vigiar quanto a 
possíveis ataques. Porém, após muitos esforços, o muro é levantado 
possibilitando maior segurança para Jerusalém. 
NA PRÁTICA 
A história de Israel mostrou como uma nação forte e poderosa pode 
conhecer a sua ruína quando não consegue equacionar suas dificuldades 
internas. Não podemos esquecer que, apesar de Israel ter optado pelo governo 
monárquico, o conceito de aliança com Deus era essencial para o bom 
funcionamento do reino. Quando essa aliança era quebrada, o monarca era visto 
como alguém que não estava obedecendo aos preceitos divinos e isso 
acarretava sérios problemas para o rei. Teologicamente, a divisão de Israel, bem 
como o cativeiro são entendidas como consequência da desobediência, do povo 
e do monarca. 
FINALIZANDO 
Israel passou de um reino poderoso para uma nação frágil e dividida, em 
decorrência de desmandos do rei Salomão e, em consequência, das disputas 
 
 
14 
pelo trono, somados à falta de habilidade em conduzir os problemas do reino. A 
nação constituída em um longo período é dividida em dois reinos, Israel e Judá, 
antes um povo, agora dois reinos inimigos. A tentativa de um reino de dominar o 
outro acarretou um longo período de guerras e alianças equivocadas, que os 
enfraqueceu ainda mais. 
O exílio foi uma experiência marcante para o povo judeu, inclusive 
teologicamente, em que, afastados da sinagoga, tiveram que adaptar uma nova 
estrutura para manter viva a fé em Deus, e compreender o que os levou a esse 
possível castigo. Porém, nesse período, o povo acabou adaptando-se, e 
convivendo com a cultura babilônica. Além disso, vários profetas se levantam, 
tanto para apontar os erros do povo quanto para dar esperança ao retorno à terra 
prometida. Isso acontece com a queda do império babilônico e a conquista de 
Ciro, que possibilita esse retorno, feito de forma lenta, em algumas levas. A 
situação que Jerusalém se encontra é muito desalentadora, é precioso 
reconstruir tanto o templo quanto as estruturas básicas da cidade para manter a 
segurança da cidade, e isso começa a ser realizado quando os primeiros 
exilados retornam. As dificuldades persistem, muitos são os desafios para 
reconstruir a nação, porém, a esperança se restabelece. Apesar de ainda 
estarem sob o domínio de um governo estrangeiro, eles podem voltar a habitar 
na terra que Deus lhes havia prometido. 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Tradução de Centro Bíblico Católico. 34. ed. 
rev. São Paulo: Ave Maria, 1982. 
BRIGHT, J. História de Israel. 6. ed. São Paulo: Paulus, 1978. 
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Jus.com.br, jan. 2020. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/79130/marcas-
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CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de bíblia, teologia e filosofia. São Paulo: 
Hgnos, 1991. 
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Disponível em: <https://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/igreja/con 
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GARDENER, P. Quem é quem na Bíblia Sagrada. São Paulo: Vida, 1999. 
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MERRILL, E. H. História de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: CPAD, 
2001. 
SANTOS, M. A. dos. Junto aos rios da Babilônia: um estudo acerca da história 
de Israel. Relatório de Pesquisa de Iniciação Científica (Graduação em Teologia) 
– Departamento de Teologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 
Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <www.puc-rio.br/pibic/relatorio_resumo 
2011/Resumos/CTCH/TEO/TEO-MichelAlvesdosSantos.pdf>. Acesso em: 18 jul. 
2021.

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