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AULA 06

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HISTÓRIA DE ISRAEL 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Roberto Rohregger 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
A nação judaica estava fragmentada, e o domínio romano se impôs de 
forma dura após a revolta que levou à destruição do templo. Mas essas ações 
somente provocaram uma nova revolta, um povo que estava praticamente 
desprovido de suas raízes estava sendo destituído também de sua fé. A revolta 
de Barkocba foi a gota d’agua para que Roma destituísse totalmente a nação 
judaica, provocando uma fuga em massa dos judeus para outras regiões, onde 
as dificuldades iriam se apresentar de forma avassaladora. 
Os judeus se espalham por boa parte da região do oriente, influenciando 
e sendo influenciados pelos povos dos locais onde iriam habitar. A ascensão do 
Islamismo foi um fato marcante na história da humanidade, uma nova religião e 
um novo império estavam se constituindo. Os judeus tiveram algumas 
dificuldades nesse período, porém nenhuma grande perseguição fora realizada 
pelos muçulmanos contra os judeus, ao contrário, viriam a sofrem muito mais 
pelas mãos dos ocidentais durante as cruzadas. 
Veremos que, com o passar do tempo, os judeus espalharam-se pela 
Europa e depois para as Américas. Mantêm sua cultura e fé, mesmo em locais 
que acabam se misturando com os povos da região. Porém, o preconceito, assim 
como os falsos mitos sobre a história dos judeus, levava-os a sempre serem 
vistos como estrangeiros e prejudiciais à nação na qual se encontravam. Com 
raras exceções, sempre sofreram perseguição e tiveram que fugir de cidades ou 
até de países. 
O ápice da perseguição e do antissemitismo se deu na Alemanha durante 
a tomada do poder pelos nazistas, onde conduziram o holocausto judeu de forma 
terrível. Após a Segunda Guerra Mundial, ficou claro que os judeus precisavam 
de um território e que a região da Palestina deveria ser esse local. Porém, os 
árabes já viviam nesse local há muito tempo e a solução encontrada não satisfez 
as nações ao redor. A longa saga para a volta à terra prometida estava acabando 
e o Estado de Israel estava formado, porém a paz ainda está para ser alcançada. 
TEMA 1 – A REVOLTA DE BARKOCHBA 
Após a destruição do templo no ano 70 d. C., houve um período em que 
não houve maiores manifestações dos judeus contra Roma, pelo menos até a 
 
 
3 
época de Trajano. Porém, em 115 d. C., alguns motins tiveram início com várias 
intervenções bastante radicais pelo exército romano. 
A série de eventos que levou à revolta liderada por Bar Kochba e à 
queda de Betar começou no ano de 117 da era comum, quando o então 
governador da Síria, Adriano, tornou-se soberano do Império Romano. 
Quando assumiu o trono, prometeu aos judeus liberdade e tolerância 
religiosa. Mais do que isso, garantiu que lhes daria permissão para 
reconstruir Jerusalém e restaurar os serviços religiosos no Templo. 
Mas, em pouco tempo, Adriano provou que suas promessas haviam 
sido apenas palavras vazias, mudando de maneira dramática sua 
política em relação aos judeus. (Morashá, 2001, p. 1) 
Uma nova revolta inicia-se em 132 d. C. na Palestina, porém não existem 
muitas informações a respeito dos motivos por falta de documentação. Apesar 
de não haver evidências maiores sobre o motivo da rebelião, alguns 
pesquisadores supõem que o estopim possa ter sido a proibição da circuncisão 
estipulada por Adriano, impondo a pena de morte àqueles que não obedecessem 
a essa norma. 
Além disso, havia uma possível concepção por parte de Adriano de fundar 
uma colônia romana onde estava Jerusalém. De fato, a reconstrução de 
Jerusalém seria nos moldes de uma cidade romana, e o templo seria dedicado 
à adoração de Júpiter. Além disso, a atitude de Adriano com as medidas 
restritivas anunciadas, entre elas a proibição do estudo da torá, a prática do 
Shabat e da circuncisão devem ter sido o estopim da revolta. Porém, o fato 
histórico que se tem maior certeza é que o chefe da revolta, Simão Bar-Kosba, 
se intitulava príncipe de Israel e havia sido reconhecido como messias pelo rabi 
Akiva. 
Foi Rabi Akiva quem mudou o seu nome para Bar Kochba, que significa 
“filho de uma estrela”. O sábio acreditava que Bar Kochba tinha 
potencial para se tornar redentor do povo, se agisse corretamente e se 
rendesse aos desejos Divinos. Dizem os estudiosos, no entanto, que 
Bar Kochba não correspondeu às expectativas de Rabi Akiva. Sob o 
aspecto militar, no entanto, Bar Kochba foi um grande comandante. 
(Morashá, 2001, p. 1) 
Dessa forma, proclamou a independência do estado judeu. Moedas foram 
cunhadas com os dizeres "Primeiro ano da redenção de Israel". A Reação 
romana foi extremamente pesada, o general, Sexto Júlio Severo, comandando 
dez legiões, iniciou o enfrentamento aos rebeldes. 
Em 135, Severo finalmente encurralou bar Kokhba em Betar, seis milhas 
a sudoeste de Jerusalém. Foi o fim do "Filho da Estrela" e da terceira revolta 
judaica. 
 
 
4 
No fim da guerra, a Judeia estava devastada. Centenas de milhares de judeus 
morreram lutando, de fome ou por doenças. Prisioneiros judeus abarrotavam os 
mercados de escravos. Jerusalém foi reconstruída de acordo com o projeto do 
imperador, recebendo o nome de Élia Capitolina. Os judeus ficaram também 
proibidos o ensinamento da Torah e a ordenação de novos Rabinos (Saulnier; 
Rolland, 2002, p. 94-95). 
TEMA 2 – NOVAS DIÁSPORAS 
Após a terceira revolta judaica, Israel já não existia mais como uma nação. 
Após a guerra, muitos judeus acabam migrando ou são levados como escravos 
e o povo acaba se espalhando pela região, primeiro uma migração pela Galileia, 
Babilônia, que já tinha algumas comunidades judaicas antigas e pela Síria. Cabe 
salientar que a saída da terra prometida foi um grande trauma para o povo judeu, 
que está vinculado com a questão religiosa, como salienta Topel: 
Ao longo da História o povo judeu criou um padrão em relação à Terra. 
Prometida ou terra-mãe, a Terra de Israel, expresso na chegada ao 
território para sacralizá-lo, seu abandono – geralmente causado por 
expulsões com o consequente exílio doloroso – e o retorno que traria 
consigo a redenção do povo judeu e da humanidade. Estas três etapas: 
o desmantelamento do centro em Jerusalém, isto é, o afastamento do 
centro religioso-político; a separação em comunidades distintas umas 
das outras no seio de sociedades alheias; e o aprendizado da 
estrangeiridade são momentos apresentados pelos profetas como um 
desígnio divino. (2015, p. 338) 
Essa migração, na verdade, já havia se iniciado depois da destruição do 
Templo no ano 70 a. C., que fez com que muitos judeus acabassem migrando 
para a Ásia Menor, para a África e uma parte para a Europa. 
O exílio foi tão marcante e longo na história de Israel que, já na 
Babilônia, os judeus se organizaram de modo tal a ter um líder político 
ao qual deram o nome de exilarca. Descendente da casa de Davi, o 
exilarca, além de organizar os assuntos internos da comunidade, como 
educação, arrecadação de impostos e nomeação de juízes, era 
reconhecido pelas autoridades persas como o representante oficial da 
comunidade judaica do lugar. (Topel, 2015, p. 340) 
 
Normalmente se compreende três diásporas judaicas; a egípcia, que é 
apresentada no livro do Antigo Testamento em Jeremias 41: 17 e 42: 18, comum 
volume que aumentou muito sob o governo de Alexandre, o Grande e seus 
sucessores. Outra grande diáspora foi a da Babilônia, onde muitos dos 
descendentes judeus permaneceram e formaram uma colônia significativamente 
 
 
5 
grande. Entretanto, a maior diáspora dos judeus ocorreu depois de 130 d. C. O 
termo diáspora é utilizado para referir-se às colônias judaicas que se 
estabeleceram em outros locais fora da região de Israel (Champlin, 2001, p. 141). 
Figura 1 – Principais rotas e locais de assentamentos judaicos das diásporas 
judaicas durante o século 1 e 2 d. C. 
 
Créditos: João Moreira. 
Com relação à comunidade judaicada Babilônia, esta começou a declinar 
no século 9 d. C, contribuindo para a migração dos judeus para outras partes do 
mundo. Uma parte ruma para o Norte da África, na região da atual Argélia, para 
o Marrocos, até para o Saara ocidental e para a Mauritânia. Formaram 
assentamentos nos locais dominados por tribos dos berberes, que eram 
guerreiros exímios; também se juntaram aos mouros que se dedicavam ao 
comércio, ao artesanato e à ciência. Em decorrência dos mouros estarem em 
franca expansão pela Espanha, muitos judeus acabaram acompanhando-os, 
estes ficam conhecidos como sefaradins, nome que tem origem de Sefarad, 
“Espanha” em hebraico. Acabam gerando uma língua própria, o ladino, que 
emprega vocábulos hebraicos e o espanhol medieval. (Szklar, 2017, p. 1). 
 
 
6 
TEMA 3 – ERA ISLÂMICA 
Um novo desafio se estabelece para a comunidade judaica, agora 
espalhada ao redor do mundo conhecido, a ascensão do Islamismo. 
Inicialmente, os conflitos entre os judeus e islâmicos não ocorrem e estes 
acabam convivendo de forma respeitosa por um grande período. 
O Islamismo tem seu surgimento com o profeta Maomé. Nascido em 
Meca, antiga cidade do santuário conhecido como Ka’ba, uma cidade importante 
e politeísta. A família de Maomé fazia parte de um poderoso clã local, os Hashim, 
associados à federação Kuraish. Seus pais vieram a falecer pouco tempo após 
seu nascimento e Maomé foi criado por seu tio. Casa-se com uma viúva de 
posses aos 24 anos, desenvolve-se como um próspero mercador. 
Segundo a tradição, ao completar 40 anos, Maomé sente-se impelido por 
uma poderosa força por meio de uma série de experiências místicas que o levam 
a crer que está sendo chamado para proclamar a verdade do Deus único e 
supremo, Alá, palavra árabe que significa “O Deus”. (Toropov; Buckles, 2006, p. 
161-162). Após 12 anos de pregação sobre a revelação que havia recebido, a 
quantidade de seguidores restringe-se a alguns familiares e outros poucos da 
localidade, sendo que Maomé acaba enfrentando uma forte e violenta resistência 
do povo local, colocando a vida de Maomé em perigo. Em decorrência desses 
fatos, Maomé, junto com os seus seguidores em 622, foge da cidade, indo se 
estabelecer em Yathrib, hoje conhecida como Medina. Esse movimento ficou 
denominado como a Hegira (êxodo) do profeta. Em pouco tempo, a mensagem 
de Maomé foi acolhida em Yatrib, cujo líderes tribais estavam em guerra, e 
acabam acolhendo Maomé como seu líder. 
Após alguns anos, Maomé havia atraído muitos seguidores. Nesse 
período, ocorre uma série de conflitos entre Meca e Medina. Em 630 d. C., após 
a acusação de rompimento de acordo, Maomé reuniu um exército e ataca Meca, 
capturando-a em pouco tempo. Durante esse ataque, Maomé decretou o fim da 
idolatria em Meca e destrói o todos os ídolos que estavam alojados na Ka’ba. A 
captura de Meca por Maomé permite o início do Estado Islâmico, sendo que logo 
após a consolidação dessa vertente religiosa, em 632 d. C., Maomé morre. 
O Islamismo, mesmo depois da morte de Maomé, se consolida e mesmo 
após algumas divisões e correntes de pensamento que divergiam uma das 
outras em alguns pontos da doutrina implantada por Maomé, a religião se 
 
 
7 
expande, muito em decorrência da expansão militar dos seguidores do Islã 
(Toropov; Buckles, 2006, p. 163). Porém, apesar da ação militar, é importante 
salientar que não havia restrições contra os povos de outras religiões, tanto com 
os judeus quanto aos cristãos, ao contrário, visto que a base comum entre as 
três religiões era fundamental para uma convivência harmônica. 
O fundamental é salientar que desde o início da pregação de Maomé, 
houve em suas revelações conteúdos favoráveis a judeus e cristãos, 
ou seja, uma preocupação em se justificar que o Islã era a confirmação 
da tradição monoteísta de Abraão, e de assegurar que a nova 
revelação não veio para anular as anteriores, mas sim para confirmá-
las. Na prática este caráter favorável deu origem ao princípio de 
coexistência confessional, quando se estabeleceu o pacto referido 
acima, numa convenção entre os diferentes grupos de Medina. 
(Oliveira, 2016, p. 22) 
Os judeus acabam sendo mais bem aceitos que os próprios cristãos nesse 
momento, inclusive os judeus acabavam sofrendo maiores dificuldades com os 
cristãos do que com o Islã. Havia alguma restrição como, por exemplo, os 
impostos, que eram maiores para os não muçulmanos de forma geral, mas nada 
especificamente contra os judeus. Em determinado momento, servem de ponte 
entre os muçulmanos e a Europa cristã. 
TEMA 4 – OS JUDEUS NA EUROPA E A AURORA DA EMANCIPAÇÃO 
De forma geral, os judeus acabaram se espalhando por praticamente toda 
a Europa, encontrando dificuldades de instalar-se em vários locais. O 
preconceito contra um povo que não tinha mais uma terra representava um peso 
grande. Apesar dos judeus em vários locais acabarem mesclando-se bem com 
a cultura e o povo local, sempre eram vistos como estrangeiros, e não 
pertencentes a terra onde estavam habitando. 
Na Europa medieval, ocuparam principalmente a região da Península 
Ibérica (Portugal e Espanha). Antes do ano 1000, tinham liberdade 
religiosa e influenciaram o desenvolvimento cultural e científico. No ano 
de 1095, começaram a ser perseguidos pelos cristãos, porque a Igreja 
Católica julgou os judeus como responsáveis pela morte de Jesus 
Cristo. A partir desse fato, a civilização judaica sofreu constantes 
ataques nas cidades europeias; enclausurando-se nos guetos, 
milhares de judeus foram vítimas da Santa Inquisição (Tribunal da 
Igreja Católica que julgava os hereges). (Carvalho, [S.d.], p. 1) 
Durante o século XV, com o enfrentamento da expansão do Islamismo na 
Europa, os judeus acabaram também sofrendo por estarem entre a Europa cristã 
e o Oriente Islâmico. O Rei Fernando de Aragão e Isabel de Castela, de 
 
 
8 
formação católica, se uniram para acabar com o domínio mulçumano no Sul da 
Espanha, agindo de forma indiscriminada também contra judeus. No Sul da 
Espanha, a Santa Inquisição atuava perseguindo judeus, inclusive levando-os à 
fogueira e tomando seus bens, acusando-os de hereges. Em 1492, a ação militar 
dos espanhóis toma Granada, o último bastião mouro na região da Península 
Ibérica, expulsando os judeus que se recusassem a aceitar a conversão imediata 
ao cristianismo. Aqueles que não aceitaram a conversão e pretendiam praticar o 
judaísmo tiveram que se emigrar para o Império Otomano, que se expandia da 
Turquia ao norte da África e Oriente Médio. Porém, a grande maioria dos judeus 
optou por migrar para Portugal pela proximidade. Mas essa não foi a melhor 
decisão, visto que cinco anos depois, o Rei Dom Manuel batizou os judeus à 
força (Szklar, 2017, p. 1). 
A situação não era melhor no Leste da Europa, visto que, em 1389, 
ocorreu uma das primeiras grandes perseguições de judeus na cidade de Praga. 
Uma multidão da população local invadiu o bairro judeu, roubou suas casas e 
assassinou mais de 400 judeus. Em 1542, os judeus foram expulsos da mesma 
cidade, Praga, demonstrando que a perseguição era persistente, ocorrendo o 
mesmo em várias cidades da França, Inglaterra, Boemia, Morávia e Holanda. O 
mais inacreditável é que, tempos depois da expulsão, foram chamados de volta 
para reerguer o comércio local, que desde a expulsão destes se encontrava 
paralisado. A discriminação aos judeus se dava em várias esferas, por exemplo, 
os impostos pagos pelos judeus eram sempre mais altos. Em 1200, a população 
judia, na Inglaterra, representava 0,1 %, porém a arrecadação com impostos dos 
judeus representava cerca de 15 % do total da receita. Por serem um povo sem 
uma terra, a perseguição e o preconceito estavam constantemente na vida dos 
judeus, com raros momentos de normalidade. Mesmo quando convertidos à 
força, continuavam sendo vítimas de preconceito. 
Os convertidos, os "cristãos-novos", continuaram sendo alvo de 
suspeita dosinquisidores. Tanto que ficaram conhecidos como 
marranos ("porcos", em espanhol) ou anussim ("forçados", em 
hebraico). "para muitos, a saída foi praticar o judaísmo secretamente, 
correndo risco de vida", diz o escritor americano-português Richard 
Zimler, autor de vários livros sobre o tema. outros botaram o pé no 
mundo e se fixaram em todo o arco mediterrâneo, sul da França, 
Holanda, Inglaterra e norte da Alemanha. (Szklar, 2017, p. 1) 
A Polônia e Ucrânia, em 1648, começaram grandes massacres de judeus, 
pelo exército dos Cossacos ucranianos comandados por Bohdan Chmielnicki 
que invadiram a Polônia. O resultado dessa ação foi de dezenas de milhares de 
 
 
9 
judeus assassinados. Durante a invasão, os comandos de Chmielnicki cercaram 
a cidade de Tulczyn, e após dois meses de resistência, mas sem condições de 
continuar a manter o enfrentamento, os moradores da cidade receberam um 
ultimato dos invasores: entregar os judeus para que a vida dos demais fosse 
polpada, condição aceita pelos cidadãos locais sem demora. Os 1500, judeus 
sobreviventes da batalha foram entregues e receberam a sentença: ou se 
convertiam ou morreriam. Nenhum dos judeus se converteu e então foram 
degolados na frente de toda a cidade (Abrahan, 1987, p. 13). 
Figura 2 – Principais rotas e estabelecimentos dos judeus na Europa e migração 
para as Américas 
 
Créditos: João Moreira. 
O início do século XIX acabou sendo mais propício para os judeus de 
forma geral. Inicia-se na Europa um movimento de emancipação judaica, que 
indicava uma possibilidade de melhores tempos. Porém, a prerrogativa de 
alguns países de concederem direitos antes negados ao povo judeu teve no 
fundo motivações financeiras. 
As leis e éditos, que outorgavam aos judeus o direito à emancipação, 
seguiam na Europa, lenta e hesitantemente, a lei francesa de 1791. 
Estes decretos foram precedidos e acompanhados pela atitude 
ambígua do estado-nação em relação aos seus habitantes judeus. do 
colapso da ordem feudal surgiu o conceito revolucionário de igualdade, 
segundo o qual não se podia mais tolerar uma “nação dentro de outra 
nação”. (Arendt, 1979, p. 31) 
 
 
10 
Mesmo com as diversas perseguições, e por causa delas, os judeus 
acabam se espalhando cada vez mais pela Europa, e as perseguições 
continuam ocorrendo em alguns locais, como a Rússia, onde há uma 
perseguição instaurada pelos Czares por motivação política. Os judeus 
efetivamente não encontrariam paz em praticamente quase nenhum país em que 
imigraram. Tornaram-se um povo nômade, não por desejo, mas obrigados a 
migrar várias vezes para fugir da perseguição e preconceito. Porém, 
infelizmente, o pior ainda estaria por vir. 
TEMA 5 – ANTISSEMITISMO E ISRAEL COMO NAÇÃO MODERNA 
A grande dificuldade do povo judeu foi a de que eles se constituíam em 
um povo com uma cultura e religião própria há milênios. O fato de não possuírem 
um território próprio desde o século I d. C., em decorrência da revolta judaica 
contra o Império Romano, tornou-se um grave problema no decorrer dos séculos. 
Aliada a essa fragilidade, havia o preconceito com relação à própria 
religião e cultura judaicas, muito difundidas por mentiras e mitos sobre as suas 
ações. Essas mentiras foram se aprofundando cada vez mais e a perseguição 
aos judeus gerou um termo específico, o antissemitismo. 
O termo antissemitismo é composto por duas raízes, anti, “contra”, e 
semita, denominação dos descendentes de Sem, filho mais velho de Noé – que 
compõe as famílias que povoavam o Oriente Médio durante o período bíblico, 
incluindo os fenícios, assírios, arameus e hebreus. Porém, o termo antissemita 
está vinculado diretamente àqueles que se opõem ao povo judeu, isto é, são 
contra os judeus. Dessa forma, o antissemitismo estrutura-se como um 
movimento organizado, antijudaico, que pode manifestar-se tanto na 
perseguição religiosa, racial, econômica ou política. 
Para enfrentar esse preconceito, os judeus entenderam que precisariam 
de um movimento que trabalhasse em prol da defesa dos direitos dos judeus. 
Dessa forma, no final do século XIX, foi criado um movimento/doutrina intitulada 
de Sionismo que tinha como principal proposta a criação de um Estado para os 
judeus na Palestina, local originário dos judeus. 
Apesar de vários esforços, o movimento não conseguiu progredir muito, e 
antes que tomasse maior vulto, uma reviravolta na política na Alemanha na 
década de 1930 causou a maior perseguição contra o povo judeu da história. 
 
 
11 
A perseguição judaica na Alemanha não era uma novidade, uma vez que 
desde a Idade Média, no período mais intenso das Cruzadas, boa parte das 
comunidades judaicas haviam sido destruídas, sendo que no decorrer da história 
o antissemitismo sempre se sustentou em várias regiões que posteriormente 
viriam a compor a Alemanha moderna (Abrahan, 1987, p. 12). 
Os cerca de 600 mil judeus praticantes que viviam no império alemão 
eram uma minoria minúscula em uma sociedade esmagadoramente 
cristã, constituindo em torno de 1% da população total. Excluídos por 
séculos das fontes tradicionais de riqueza, como propriedade de terras, 
permaneceram fora das altas posição do Reich, pois a discriminação 
social informal continuou a negar-lhes um lugar em instituições-chave 
como o Exército, universidades e postos mais elevados do serviço 
público. [...] Judeus convertidos sofriam tanto com o antissemitismo no 
cotidiano que muitos mudavam os nomes para algo que soasse mais 
cristão. (Evans, 2016, p. 61) 
Com a derrota da Alemanha na 1ª Guerra Mundial, a situação política e 
econômica no país ficou desastrosa. Os altos encargos que o país teria que 
pagar a título de indenização para os países vencedores produziu, além de duros 
percalços nas finanças, um sentimento de haverem sido traídos. O 
enfrentamento da extrema direita e do partido comunista da Alemanha 
produziram uma sensação de insegurança. Nesse cenário, um líder político 
populista assume o poder, Adolf Hitler. Hitler ganha o poder por meio do Partido 
Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP), conhecido 
popularmente como partido nazista. Um dos pilares do discurso nazista era 
baseado na supremacia da raça ariana, em detrimento das demais, e um dos 
principais objetivos era a perseguição aos judeus, que eram descritos como uma 
raça inferior, de aproveitadores e um dos grandes responsáveis pela Alemanha 
ter perdido a 1ª Guerra Mundial. Uma política sistemática de retirada de direitos 
foi sendo impostas, com leis de segregação racial. Em pouco tempo os judeus 
não poderiam frequentar vários estabelecimentos comerciais e locais públicos. 
Além disso, tinham que se identificar com uma estrela de Davi amarela costurada 
na roupa e não poderiam ter cargos públicos. Todos os judeus que tinham 
empregos em repartições públicas foram demitidos. 
Em pouco tempo, depois lhes era negado o direito à propriedade, foram 
desalojados de suas casas, perderam seus negócios e empresas e foram 
enviados para guetos, onde as condições de alimentação e saúde eram 
extremamente precárias. Porém, o objetivo dos nazistas era dar uma solução 
final para o “problema judeu”. Os judeus foram então vistos como inimigos da 
 
 
12 
Alemanha, que já em guerra estava expandindo suas fronteiras invadindo países 
vizinhos. Uma das ações coordenadas era a eliminação de todos os judeus que 
eram encontrados nas cidades dos países dominados. Estes eram fuzilados 
imediatamente e enterrados em valas comuns. Mais tarde, essa ação foi 
“industrializada”, uma parte significativa dos judeus passou a ser enviada para 
campos de concentração para trabalhos forçados em empresas alemãs visando 
ao aumento de produção para o esforço de guerra. 
Os judeus chegavam nos campos de concentração em trens de carga em 
condições sub-humanas. No pátio, se fazia a separação de mulheres com filhos, 
crianças, idosos e todos os que se entendiam não aptos para otrabalho. Estes 
eram enviados para câmeras de gás para serem mortos. Os demais trabalhavam 
em terríveis condições até a exaustão. Com o final da Segunda Guerra Mundial, 
o levantamento que foi realizado identificou que cerca de seis milhões de judeus 
haviam sido assassinados das mais diversas e bárbaras formas pelos nazistas, 
no período entre 1933 e 1945 (Abrahan, 1987, p. 75-81). 
Após a constatação dessa terrível perseguição, compreendeu-se que não 
seria possível que os judeus não tivessem um Estado próprio. Em 1947, a 
Organização das Nações Unidas (ONU) cria um plano de partilha do território 
palestino entre árabes e judeus. Nesse plano, estava prevista a criação de dois 
Estados independentes e um regime independente para administração de 
Jerusalém. Em 14 de maio de 1948, efetivamente é criado o Estado de Israel. 
Porém as lideranças árabes e palestinas que já habitavam a região por 
longa data não aceitaram essa proposta. Dessa forma, os países vizinhos 
invadem a região gerando uma guerra. 
 
 
 
13 
Figura 3 – Plano de partilha da ONU e ocupação israelense 
 
Créditos: João Moreira. 
Durante a invasão, a Faixa de Gaza ficou sob o domínio egípcio, ficando 
a Cisjordânia e o Leste de Jerusalém dominadas pela Jordânia. Porém, Israel 
acaba ocupando um território maior que o esperando, invadindo e expulsando 
os árabes dessas regiões. 
Em 1967, ocorreu a “Guerra dos Seis Dias” entre Israel, Jordânia, Egito e 
Síria. Israel vence a guerra de forma espetacular dominando a Faixa de Gaza, 
as colinas de Golã (importante ponto estratégico da região), a Península do Sinai 
e o Leste da Cisjordânia. Em 1973, novamente ocorre conflito entre Israel, Egito 
e Síria (Guerra do Yom Kippur), novamente com Israel vencendo (Ferraz, 2018, 
p. 1). 
Desde então, Israel vem se estabelecendo com uma das maiores 
potências econômicas e militares, não somente da região, como do mundo. 
Porém, até hoje a região ainda enfrenta graves problemas em decorrência da 
implantação do Estado Judaico. A faixa de Gaza, região onde vivem os 
palestinos, continua sem um reconhecimento por parte do Estado Judaico de se 
constituir como um Estado Autônomo. Grande parte das nações do mundo 
 
 
14 
continuam envolvidas na tentativa de resolver a questão palestina e da 
pacificação da região. 
Porém, entende-se como lícita a constituição do Estado Judaico, 
extremamente necessário, primeiro pela tradição histórica, em que pudemos ver 
que os Judeus habitaram e mantiveram uma nação por milênios, apesar das 
grandes dificuldades e percalços. Em segundo e não menos importante, pela 
história desse povo, que durante sua história de peregrinação por outras terras 
não encontrou acolhida, sendo de várias formas perseguidos e mortos sem o 
reconhecimento da sua dignidade humana. Pudemos ver nestas aulas a história 
da constituição de um povo, de uma nação da conquista e reconquista de seu 
território, mas principalmente pudemos compreender que a união do povo judeu 
se deu mais em decorrência da sua fidelidade à sua religião e cultura, que 
mesmo sem uma pátria, mantiveram-se fiéis à sua origem como povo, como 
nação. 
NA PRÁTICA 
Percebemos que os Judeus foram duramente castigados pela sua luta 
pela independência. Acabarem tendo de migrar para a Europa e continuaram a 
sofrer perseguições e preconceitos de várias formas. Durante a Segunda Guerra 
Mundial, quase foram aniquilados, porém, mesmo sem um território durante 
séculos, se mantiveram como um povo que tinha orgulho de sua origem e que 
nunca esquecera sua religião e cultura. Podemos dizer que foi esse fator que 
possibilitou a perseverança durante tantas perseguições? É possível, visto que, 
ao persistirem como o povo escolhido, conseguiram manter a unidade durante 
séculos mesmo espalhados pelo mundo. 
FINALIZANDO 
No século XIX, o antissemitismo assumiu uma nova forma. Apoiava-
se em teorias racistas e foi usado como um instrumento de poder pelos partidos 
políticos. A desconfiança religiosa em relação aos judeus não era, sem dúvida, 
um fenômeno novo. Os judeus haviam sido perseguidos por meio dos tempos. 
As superstições religiosas floresceram na Idade Média, tempo em que não 
estavam em desacordo com o espírito da época, mas que persistiram no século 
XIX numa era de ideias modernas, progressos científicos, industrialização, 
 
 
15 
movimentos de libertação nacional – isso não era, diante das circunstâncias, de 
se esperar. O Holocausto na Segunda Guerra Mundial foi o maior ato para 
destruir o povo judeu, mas como fênix, os judeus ressurgem e agora retornam 
novamente para a terra onde haviam sido expulsos. No entanto, é preciso refletir 
até onde o preconceito e ação política pode levar à destruição de povos inteiros. 
Por fim, sem dúvidas a história de Israel é um exemplo de perseverança e fé 
diante das circunstâncias tenebrosas. 
 
 
 
 
16 
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