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Semiologia Veterinária Marcha do exame clínico Semiologia: parte da ciência que tem por fim interpretar os sintomas para ter uma base para o diagnóstico e prognóstico. Estuda os métodos de exame clínico, pesquisa os sintomas e os interpreta. A semiologia pode ser dividida em: • Semiotécnica: utilização, por parte do médico veterinário, de todas as técnicas para avaliar o paciente enfermo, desde a simples observação do animal até a realização de exames modernos e complexos; • Clínica propedêutica: reúne e interpreta o grupo de dados obtidos pelo exame do paciente. É um elemento fundamental de raciocínio e análise na clínica médica para o estabelecimento do diagnóstico; • Semiogênese: busca explicar os mecanismos pelos quais os sintomas aparecem e se desenvolvem. Conceitos gerais Sintoma: qualquer alteração no organismo que revela doença. É uma sensação subjetiva acusada pelo paciente (tosse, claudicação, dispneia); • Os sintomas podem ser locais, gerais, principais ou patognomônicos Sinal clínico: sintoma interpretado e observado pelo clínico (objetivo), raciocínio feito após observação do sintoma; Quadro clínico: é o conjunto de sintomas de uma determinada doença. A condição clínica do paciente naquele momento; Diagnóstico: é o reconhecimento da doença ou do estado do doente através de exame clínico e de outros elementos auxiliares • Nosológico ou clínico: reconhecimento da doença após o exame clínico (inclui exames complementares); • Terapêutico: quando suspeita de uma doença e realiza-se o tratamento dessa enfermidade → se houver resposta para esse tratamento, o diagnóstico é confirmado; • Etiológico: quando o clínico chega à conclusão sobre a origem da doença; • Anatômico: quando determinadas doenças produzem modificações anatômicas que podem ser encontradas no exame macroscópico. Em várias ocasiões, nem sempre é possível estabelecer, de imediato, o diagnóstico exato da enfermidade. Nesses casos, convém realizar o diagnostico provável, provisório ou presuntivo. Com a evolução do caso, deve-se tentar estabelecer o diagnostico por exclusão, eliminando- se aos poucos algumas hipóteses diagnósticas inicialmente presumidas de acordo com as características do quadro sintomático apresentado no dia-a-dia e pela realização de exames complementares. As principais causas de erro ao estabelecer um diagnóstico são: • Exame físico superficial ou feito às pressas • Anamnese incompleta ou preenchida erroneamente • Avaliação precipitada ou falsa dos achados clínicos • Conhecimento ou domínio insuficiente dos métodos dos exames físicos disponíveis • Impulso precipitado em tratar o paciente antes mesmo de estabelecer o diagnóstico Prognóstico: dedução que o clínico faz sobre a evolução e o término da doença baseando em 3 aspectos: • Quanto à vida do animal • Quando à validez do animal • Quanto à saúde do animal Quando se espera uma evolução satisfatória, diz-se que o prognóstico é favorável. Do contrário, quando se prevê o término fatal ou a possibilidade de óbito, é desfavorável. Nos casos de curso imprevisível, diz-se que o prognóstico é duvidoso, reservado ou incerto. O prognóstico pode ser favorável quanto à vida e desfavorável ou duvidoso quanto à validez e à recuperação integral do paciente (p. ex., displasia coxofemoral em cães de grande porte). MEIOS SEMIOLÓGICOS / MÉTODOS DE EXPLORAÇÃO CLÍNICA USO DE SEMIOTÉCNICAS 1) Inspeção: visão geral do animal ou rebanho Observar à distância, os comportamentos, postura. Não manusear o animal antes de uma inspeção cuidadosa. Depois, avaliar mais de perto. • Direta: sem utilizar instrumentos • Indireta: raio X, endoscopia 2) Palpação: tato O tato é responsável por informações sobre estruturas superficiais ou profundas. • Direta: quando aplica a mão sobre a área que se deseja examinar • Indireta: faz-se pressão para constatar uma dor Consistência: ➢ Pétrea/dura: a estrutura não cede independente da pressão (ossos, alguns tecidos tumorais); ➢ Firme: quando existe certa resistência à pressão (fígado, músculo); ➢ Pastosa: sinal de Godet positivo (quando aperta e fica a marca do dedo – local de edema); ➢ Flutuante: nota-se acúmulo de líquido; ➢ Crepitante: estourar de bolhas (ranger) – relacionada com bactérias anaeróbicas, que produzem gás. 3) Percussão - Emissão de sons; - A percussão acústica possibilita a avaliação de tecidos localizados aproximadamente a 7 cm de profundidade e é capaz de detectar lesões iguais ou maiores que 5 cm; - Utiliza-se dígito-digital ou plessímetro - Tipos de sons: • Timpânico: oco, encontrado em órgãos cavitários → predominantemente gases; • Maciço: pouca intensidade, próprios de órgãos compactos; • Claro: intensidade média, obtida tipicamente no pulmão; • Timbre metálico: configura área distendida com interface líquido-gás. - Evitar percussão em animais que estejam em decúbito lateral → é preferível em pé, para melhor posicionamento dos órgãos. 4) Auscultação - Uso da audição, diretamente (pouco utilizada) ou indiretamente (estetoscópio) - Ruídos: • Aéreos: movimentação de gases (inspiração e expiração); • Líquidos: movimentação de líquidos (rúmen, ceco); • Sólidos: atrito de duas superfícies sólidas (entre pericárdio e pleura – não correto); • Crepitantes: pulmão. - Obs: podemos associar a percussão e auscultação 5) Olfação - Ar exalado pela boca/narinas; - Avaliar odor das secreções, transpiração, fezes, urina, conteúdo gástrico; - Ex: vaca como acetonemia (hálito com odor parecido com acetona), uremia (hálito com odor urêmico), afecções periodontais (halitose) 6) Métodos auxiliares • Biópsias aspirativas • Punção • Laparoscopia (endoscopia) • Laparotomia • Citologia aspirativa • Ultrassonografia • Raio-X • Ecografia • ECG • Termografia • Inoculações diagnósticas • Ressonância • Tomografia Exame clínico Anamnese: A história clínica é fundamental para o diagnóstico e, para ser válida, tem de ser acurada e completa. Dados do paciente: arquivar em um sistema de registro os dados do proprietário e animal - Fatores que podem afetar a qualidade da anamnese: • Tempo • Fatos importantes podem ser ignorados pelo médico veterinário Estrutura da anamnese: - Fonte e confiabilidade – caso outra pessoa, e não o proprietário, fornecer a entrevista, é preciso confirmar as informações com o responsável pelo animal; - Queixa principal – o que levou o proprietário a procurar o atendimento; • Em poucas palavras, registra-se a queixa principal, repetindo, se possível, as expressões utilizadas pelo proprietário (ex: o animal tem coceira, e não prurido). • No momento em que o veterinário começar a conduzir as perguntas, é conveniente anotar na ficha do animal termos técnicos e, não mais, o vocabulário do proprietário, como foi feito na queixa principal. - História médica recente • Refere-se a alterações recentes na saúde do animal que levaram o proprietário a procurar auxílio médico • Caracterização de quando começou o sintoma • É recomendável determinar o sintoma-guia para usar como fio condutor da história e estabelecer relação com os outros sintomas • A relação com outros sintomas é procurada partindo-se de probabilidades mais frequentes, quase sempre considerando as relações anatômicas ou funcionais. Por exemplo, se a queixa for secreção nasal, deve-se procurar relacioná-la com tosse, taquipneia, respiração ortopneica, tipo respiratório, dentre outros fatores. Ex: Um Rottweiler com 3 meses de idade foi levado pelo proprietário (fonte e confiabilidade) por desenvolver diarreia (queixa principal: sintoma-guia; provável localização: sistema digestório). O problema teve início há 3 dias (início) e persiste até o momento (duração). A diarreia ocorre várias vezes ao dia (frequência) e apresenta sangue nas fezes em grande quantidade (gravidade).Começou a demonstrar anorexia, vômito, desidratação e febre há 1 dia (problemas associados) e o animal tem ficado cada vez mais apático desde então (evolução). • A medicação também deve ser questionada: O animal já foi medicado? Por quem? O que foi dado? Qual dosagem e intervalo? Por quanto tempo? • Muitas vezes o medicamento utilizado é adequado, mas a medicação foi dada em subdosagem, em intervalos longos, ou por um período curto de tempo. - Comportamento dos órgãos • É importante pesquisar sobre o estado funcional dos órgãos para o médico veterinário tomar conhecimento de enfermidades que não apresentam relação com o quadro sintomatológico registrado na história médica recente. Sistema digestório: o animal alimenta-se bem? Bebe água normalmente? Está defecando? Qual o tipo de fezes (duras, moles, pastosas, líquidas)? O animal apresenta vômito? Qual o aspecto do vômito? Horário em que aparece? Tem relação com a ingestão de alimentos? Tem alimentos não digeridos? Sangue? Sistema cardiorrespiratório: o animal cansa-se com facilidade? Estava acostumado a correr e já não o faz mais? O animal tosse? A tosse é seca ou com expectoração (produtiva)? Qual a frequência? Piora à noite ou após exercício (alguns animais com problema cardíaco apresentam tosse seca que piora à noite em virtude do decúbito)? Qual o aspecto da expectoração (cor, odor, volume)? Elimina sangue pelas narinas? Observou edema ou inchaço em alguma parte do corpo (época que apareceu; evolução; região que predomina)? O animal lhe parece fraco? Sistema geniturinário: o animal está urinando? Qual a frequência? Qual a coloração da urina? Qual o odor? Aparecem formigas no local em que o animal urina? Aparentemente, o animal sente dor quando urina (posição à micção, gemidos, emissão lenta e vagarosa)? O animal já pariu alguma vez? O parto foi normal? Quando foi o último cio? Percebeu alguma secreção vaginal ou peniana? Qual o comportamento sexual dos reprodutores? Apresentam exposição peniana prolongada? Sistema nervoso: apresentou mudanças de comportamento (agressividade)? Apresentou convulsões? Apresenta dificuldade para andar? Tem dificuldade para subir escadas? Anda em círculos? Apresenta tropeços ou quedas quando caminha? Sistema locomotor: o animal está mancando? De que membro? Observou pancada ou coices? Pele e anexos: o animal se coça? Muito ou pouco? O prurido é intenso? Chega a se automutilar? Apresenta meneios de cabeça (otite)? Está apresentando queda de pelos? - Histórica médica pregressa • A história pregressa constitui a avaliação geral da saúde do animal, antes da ocorrência ou da manifestação da doença atual. De modo geral, inclui os seguintes aspectos: estado geral de saúde, doenças prévias, cirurgias anteriores, imunizações, vermifugações, etc. - História ambiental e de manejo • Onde o animal permanece a maior parte do tempo, como é o chão no local, se o local é úmido, se apresenta boa ventilação e proteção contra frio e calor, se o animal tem acesso a oficinas mecânicas, ruas, depósitos de lixo, se estão reformando a casa, se tem cercas, quais são as condições de higiene, quais produtos de limpeza são utilizados na limpeza das áreas; • Manejo nutricional do animal, os hábitos alimentares, quantidade e qualidade do alimento, onde o animal come, quantidade e qualidade da água. - História familiar ou do rebanho • Oferece informações sobre a saúde dos animais pertencentes àquela família ou rebanho, vivos ou mortos. Quando vivos, indagar sobre a saúde no momento atual; se houver outro animal doente, esclarecer qual a enfermidade; se algum animal morreu há pouco tempo, deve-se perguntar a causa da morte; • É importante atentar a possíveis aspectos genéticos que podem ter implicações para o animal em questão (displasia coxofemoral, por exemplo), além de verificar a ocorrência de cruzamentos entre animais da mesma família ou com antecedentes familiares próximos; • Realizar questionamentos sobre fatos recentes, como mudança de alimentação, se entrou algum animal novo no local, se houve episódios de agressividade entre os animais. PASSO A PASSO DA ANAMNESE 1. Estabelecer um elo entre o veterinário e o proprietário 2. Uso de termos lógicos 3. Testar a exatidão das informações 4. Distinguir as observações das interpretações do proprietário 5. Ter o controle da situação e fazer perguntas pertinentes em uma sequência lógica SISTEMA LÓGICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA ANAMNESE 1) Dados do paciente • Idade, peso, tipo de alimentação, tipo de exercício, número de partos, cirurgias prévias, produção nos últimos dias, CCS... 2) Anamnese patológica (queixa principal) • É a preocupação expressa pelo proprietário e deve ser estabelecida e verificada pelos questionamentos ➢ Ex: um ovino de 4 meses de idade com edema submandibular é mais provável que esteja com verminose do que sofrendo de um problema cardíaco • Cronologia das anormalidades: os detalhes das anormalidades clínicas observadas pelo proprietário devem ser determinados na sequência que ocorrem. ➢ Variações: ingestão de comida e água, produção leiteira, taxa de crescimento, na respiração, na defecação, na micção, na sudorese, na atividade, na postura, na voz e no odor devem ser notadas. • Taxas de morbidade, fatalidade do caso e mortalidade populacional; • Tratamento prévio; • Exposição prévia: coletar informações sobre a formação do grupo examinado; • Transporte dos animais – viagens e exposições • História de doenças anteriores. 3) Anamnese preventiva • Os métodos de prevenção e controle usados no individuo ou rebanho devem ser anotados ➢ Quando foi a ultima vermifugação? Qual é a periodicidade? Qual o vermífugo utilizado (base e nome comercial)? É feito rodízio do medicamento? Qual dose? Por qual via de administração? 4) Dados do manejo • Nutrição ➢ O que? Quantidade? Qualidade? Como? ➢ Sistema de criação (finalidade), alteração na deita, fornecimento de água • Manejo reprodutivo • Manejo geral ➢ Higiene, abrigos ➢ Clima e estação do ano Exame físico OBSERVAÇÃO INICIAL - Nível de consciência: alerta, diminuído, aumentado; - Postura e locomoção: normal, anormal; observar o animal em repouso e em movimento; - Condição física ou corporal: obeso, gordo, magro, caquético; - Avaliação da pele: pelos limpos, brilhantes ou eriçados, presença de ectoparasitas, estado de hidratação; - Formato abdominal: normal, anormal; - Características respiratórias: eupneia ou dispneia, tipo respiratório, secreção nasal; - Outros: apetite, sede, defecação, vômito, secreções, micção. AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL - Importância clínica – resposta do organismo - Procedimento: • Aferir a temperatura retal (ou vaginal) • Realizar no início do exame físico - Frequência - Variações fisiológicas na temperatura corporal: • Idade • Sexo • Pele/pelagem • Atividade física/estresse • Hora do dia • Estação do ano • Ambiente • Digestão/ingestão de água - Variações anormais na temperatura corporal: • Hipertermia ➢ Processo físico não inflamatório, em que há um aumento da temperatura corporal acima de um nível crítico para a espécie ➢ Ambiente, convulsão, exercício, lesões no hipotálamo, desidratação • Febre ➢ Estado hipertérmico causado por manifestações sistêmicas de toxemia ou mediadores de inflamação • Hipotermia ➢ Redução da temperatura corporal retal abaixo dos valores para a espécie ➢ Anestesia geral, anemia, desidratação, hipoproteinemia, inanição ➢ Anemia: o animal não consegue gerar calor devido à baixa produção de oxigênio nas mitocôndrias ➢ Anestesia geral: deprime o SNC ANORMALIDADES DAS MUCOSAS - Coloração: • Rosa pálida – coloração normal • Pálida – anemia • Congesta (avermelhada) – reflete inflamação local, toxemia • Amarela (icterícia)– acúmulo de bilirrubina, pode indicar hepatopatias ou jejum • Azulada (cianótica) – reflete insuficiência circulatória periférica → sangue arterial é mais avermelhado, mas quando abaixa a pressão de O2 o sangue fica azulado • Cor de tijolo – reflete insuficiência circulatória periférica - Mucosas visíveis que são examinadas: oculopalpebrais, nasal, bucal, vulvar, prepucial e, raramente, anal - Temperatura/grau de umidade/lesões - Tempo de preenchimento capilar (TPC) • 1 a 2” – normal • 2 a 4” – desidratação leve • 4 a 5” – desidratação moderada • > 5” – desidratação grave • >10” – insuficiência circulatória sistêmica AVALIAÇÃO DO SISTEMA LINFÁTICO - Importância clinica: • Avaliação dos linfonodos (sentinelas do sistema imunológico), vasos linfáticos e baço • Indicadores de doenças infecciosas intrínsecas, processos patológicos dentro da área de drenagem • Aumento patológico de um linfonodo pode afetar órgãos vizinhos - Procedimento: • Inspeção, palpação, punção e biópsias • Linfonodos submandibulares, parotídeos, retrofaríngeos, pré-escapulares, pré-crurais, mamários e linfonodos abdominais - O sistema linfático é responsável pela drenagem de algumas regiões. - Linfonodo regional capta alteração e fica reativo. Sinais de reatividade: aumento de volume, dor, rubor, calor, perda de função, aderência. • Mastite: linfonodo mamário; • Pneumonia: linfonodos mediastinais e pré-escapulares; • Sinusite, inflamação na cabeça, otite, dentição: linfonodos retrofaríngeos, submandibulares, parotídeos; Linfonodos - Avaliação dos linfonodos • Aumento de volume • Sensibilidade dolorosa • Consistência • Formação de nódulos/abscessos • Aderências Linfonodos palpáveis em equinos: 1 – mandibular; 2 – retrofaríngeo; 3 – pré-escapular; 4 – subilíaco (pré-crural) Vasos linfáticos - Os subcutâneos e intracutâneos só são palpáveis ou visíveis quando estão distendidos ou há alterações patológicas em sua parede Baço - Localização: • Equino: lado esquerdo, próximo e ao nível da ultima costela; • Bovinos: lado esquerdo, estende-se da extremidade dorsal das duas últimas costelas até a junção costocondral da 7ª e 8ª costelas - O exame do baço se limita principalmente à palpação e percussão, que podem revelar dor ou aumento considerável. Semiologia do sistema digestivo de ruminantes INTRODUÇÃO - Ruminar: mastigar mais uma vez; - Segurança: escapar dos predadores, não mastigando os alimentos para, em local seguro, voltar a deglutir; - Importante: conhecer anatomia topográfica e microscópica, a fisiologia e a alimentação adequada da espécie; - Digestão do concentrado: as bactérias irão transformar em ácidos graxos voláteis, que são absorvidos na parede ruminal. Ao oferecer concentrado em quantidade maior, acelera demais a produção dos ácidos graxos e ultrapassa sua capacidade de absorção, então os ácidos graxos acumulam no rúmen e reticulo, reduzindo o pH e causando uma acidose → um dos grandes problemas enfrentados nos ruminantes que são confinados. - É composto pelo tubo digestivo e órgãos anexos • Boca • Esôfago • Rumen • Reticulo • Omaso • Abomaso • Intestinos • Reto • Ânus • Glândulas salivares • Pâncreas • Fígado • Vesícula biliar - O ruminante primeiro realiza a digestão microbiana, no rúmen, depois no omaso há uma pré-secagem do alimento e depois ocorre a digestão química, no abomaso. - A saliva, durante o processo de ruminação, é muito importante para o tamponamento ruminal, evitando a acidez. Quanto mais o animal mastiga, mais saliva ele produz e mais bicarbonato chega ao rúmen. Alimentos muito triturados ou rações muito processadas estimulam pouco a ruminação e, consequentemente, o animal mastiga pouco e produz menos saliva → favorece acidose • Obs: azia pode ser causada por acidose. Quanto mais volumoso o animal comer, menos salivação haverá e maior a intensificação da acidez. Ao fornecer fibra para o animal, aumentará a mastigação junto com a salivação e ocorrerá tamponamento. - Anatomia topográfica • Lado direito: fígado, omaso, abomaso, intestinos • Lado esquerdo: baço, retículo, esôfago, rúmen, • Tudo que é pesado cai direto para o retículo • Na gestação, o abomaso é deslocado para frente - Anatomia macroscópica • Rúmen: papilas ➢ Animal filhote tem as papilas mais róseas e finas, pois não precisam absorver ácidos graxos voláteis, já que o leite vai direto para o abomaso. Se o leite vai para o rúmen, haverá fermentação e produção de gás.. ➢ No adulto, as papilas crescem de tamanho para aumentar a superfície de absorção. • Retículo: ➢ “favo de mel” • Omaso: ➢ Formato de folhas, que fazem a pré-secagem das fibras Mecanismos de proteção em bezerros lactentes - Goteira esofágica • Canal anatômico que atravessa o rúmen, reticulo e omaso, indo diretamente para o abomaso. Assim, momento da lactação, o leite vai direto para o abomaso, onde entra em contato com o ambiente ácido e forma um coágulo, que será digerido. • Fechamento da goteira esofágica: temperatura do leite, sucção, altura da mamadeira. Temperatura é fundamental, já que leite/sucedâneo frio não fecha a goteira esofágica. - Acidez do conteúdo do abomaso - Fatores de proteção da mucosa do abomaso contra a autodigestão e infecção • Bicarbonato • Impede lesão da mucosa - Permeabilidade da mucosa intestinal • Quando o bezerro passa de 24h, a permeabilidade reduz → consegue absorver imunoglobulinas do colostro. - Equilíbrio entre a Flora Sacarolítica e Proteolítica do IG - Motilidade intestinal • A motilidade aumenta e diminui de acordo com a alimentação - Colostragem • Fonte de imunidade → 15% do peso vivo e deve ser fornecido o quanto antes ou manter o animal com a mãe nas 12 primeiras horas para ingestão de colostro Mecanismos de proteção nos ruminantes adultos - Barreira mucosa nos proventrículos • Previne que as bactérias do trato digestório caiam na circulação - Sistema de regulação do pH no conteúdo retículo-ruminal • Tamponamento da saliva • Alimento muito triturado → não necessita tanta saliva → não há tamponamento pela saliva → acidose • Quanto maior o alimento, mais produção de saliva. Por isso as fibras grandes são mais recomendadas. - Decomposição de substâncias tóxicas pela microbiota ruminal - Eructação • Elimina o excesso dos gases produzidos durante a fermentação - Função de filtragem do orifício reticulo-omasal • Só passam partículas fragmentadas de tamanho pequeno Anamnese - Perguntas: • Tipo de alimento, qual quantidade, como é fornecido (misturado? Separado?), qual a composição da ração; • Se o cocho é compartilhado, se há dominação de cocho; • Quantidade de leite ingerida (refeição/dia), substituto do leite (tipo e quantidade), mudança recente na alimentação; • Mudanças de comportamento Exame clinico geral - Apetite - Sede - Ingestão de alimento - Ingestão de líquidos - Ruminação - Eructação - Timpanismo - Regurgitação ou vômito - Defecação Exame físico específico - De acordo com a passagem do alimento pelo tubo digestivo: • Boca, faringe esôfago, rúmen, retículo, omaso, abomaso, intestinos - Fígado, cavidade abdominal, parede abdominal - Amostras do alimento - Líquido ruminal - Sangue - Fezes Obs: auscultação de rúmen → percussão de acordo com a estratificação ruminal. Som timpânico na porção superior (camada de gás) que vai ficando maciço à medida que ausculta as camadas de partículas maiores de sobrenadante e a camada mais sólida de partículas trituradas. Em casos de acidose, há perda dessa estratificação e o som fica homogêneo. - Avaliação da alimentação: • Tipo de alimentação • Quantidade • Consistência • Composição percentual da ração • Teor necessário de nutrientes:➢ Matéria seca, proteína, carboidratos, lipídios; ➢ Macronutrientes: Ca, Mg, Na, K, P, Cl, S; ➢ Micronutrientes: Fe, Cu, Co, Se, Mn, Mo, Zn. • Quantidade mínima de partículas fibrosas volumosas • Teor de fibra bruta ➢ Gado de engorda: 12% ➢ Gado de leite: 18% - Bezerros • Qualidade • Forma de aleitamento • Preparo - Ingestão de alimento e água - Ruminação - Eructação - Defecação Fome x apetite - Apetite: desejo de ingerir o alimento - Fome: necessidade do alimento Avaliação do apetite - Anamnese e inspeção: • Tipo do alimento, forma de preparo, forma de administração, frequência - Oferecer diversos alimentos - Normorexia, hiporexia, anorexia - Polifagia • Fisiológica: reparação de perdas • Patológica: parasitismo - Inapetência – anorexia • Aparente: animal tem fome, mas não consegue se alimentar • Real: animal não tem fome - Observar se o animal apresenta apetite depravado, parorexia, alotriofagia ou pica – perversão do apetite, em que o animal ingere coisas inapropriadas: • Osteofagia – ingestão de ossos para suprir falta de fósforo • Infantofagia – canibalismo de filhotes • Fitofagia – ingestão de vegetais • Pilofagia/tricofagia – ingestão de pelos • Pterofagia – ingestão de penas • Xilofagia,lignofagia – ingestão de madeira • Geofagia – ingestão de terra • Aerofagia – ingestão de ar • Coprofagia – ingestão de fezes Ingestão de alimentos - Observação em local habitual - Comparar com os demais animais - Apreensão - Mastigação • Fragmentação • Superficial • Mastigação lenta • Mastigação vazia e persistente – bruxismo Deglutição - Observar do lado esquerdo do pescoço - Salivação - Ânsia de vômito - Gemidos - Tosse - Acúmulo de alimentos nas bochechas e faringe (marcas) - Queda de alimento da boca ou das narinas Sede - Varia de acordo com o clima; - Climas temperados: 50 a 80 litros/dia; - Aumento no consumo: alta produção, diarreia, febre, insuficiência renal; - Comparar com os outros animais do rebanho; - Avaliar consumo (fechar o bebedouro) e oferecer água em um balde; Ingestão de água - Varia de acordo com: temperatura ambiente, espécie animal, tipo de trabalho, idade, quantidade de água nos alimentos. - Oferecer água de boa qualidade no balde - Touros com argola→ adaptação - Distúrbios de deglutição - Doenças dolorosas da cavidade oral (muito volume de uma só vez) - Água de má qualidade (água salobra, contaminada por esterco, etc) - Hidrofobia - Normodipsia (ingestão normal de água), polidipsia (desidratação), oligodipsia (baixa ingestão de água), adipsia (ausência de sede) Preensão dos alimentos - Varia de acordo com a espécie: • Equinos, ovinos e caprinos: mais seletivos, preensão com lábios e dentes • Bovinos: principalmente com a língua Mastigação - Importância: trituração dos alimentos - Herbívoros x carnívoros • Herbívoros: trituração, movimento de lateralização da mandíbula • Carnívoros: dentes mais pontiagudos, rasgam alimento e comem a carne que é digerida pelo estômago químico - Idade - Movimento temporomandibular - Desgaste dos dentes molares (principalmente em solos arenosos e de capim baixo) Deglutição - Divisão: • Tempo bucal, • Tempo de mastigação • Tempo de processamento • Tempo de ensalivação • Tempo faríngeo • Tempo esofágico - Disfagia – dificuldade de deglutição, com dor ou sem dor - Anorexia – animal para de comer - Odinofagia – dor durante a deglutição Trajeto dos alimentos e líquidos deglutidos – bezerros A alimentação líquida ultrapassa o compartimento ruminal, uma vez que, através da goteira esofágica, o leite atravessa rapidamente o omaso e chega ao abomaso. O fechamento do sulco reticular (goteira esofágica) é um ato reflexo com impulsos eferentes advindos do tronco cerebral e estímulos aferentes que nascem na faringe, pela inervação vagal. O estímulo central é desencadeado pela percepção do ato de mamar e o faríngeo ocorre quando a dieta líquida entra em contato com os receptores existentes na faringe. Quando os requisitos para o fechamento da goteira esofágica não são obedecidos, seu fechamento é inadequado e o leite será desviado para a cavidade rumino-reticular → putrefação do conteúdo. Por volta de 12 semanas de idade, observa-se menor estímulo para o fechamento do sulco reticular em animais alimentados na mamadeira ou no balde. Do mesmo modo, a administração de leite e de outros fluidos via sonda esofágica faz com que não haja fechamento adequado do sulco reticular, visto que aqueles não entram em contato com os receptores da faringe. Ruminação - Início nas 2-3 semanas de idade - Indispensável para: • Processo digestivo nos pró-ventrículos; • Redução do pH do rúmen; • Indicativo do grau de bem estar do animal; • Valor prognóstico. - Deve ser avaliada em ambiente tranquilo e com paciência - Avaliação: • Inicio de 30 a 60 minutos após a alimentação • Varia de acordo com a dieta • 4-24 ciclos de 10-60 minutos (até 7 horas/dia) • Número de bolos: 360-790/dia • Tamanho: 80-120 gramas • Movimentos mastigatórios: 40-70/min - Padrão de movimentação ruminal: Fonte: edisciplinas.usp.br – semiologia do aparelho digestório de bovinos - Avaliar: • Regularidade; • Inicio tardio; • Número ou duração reduzidos; • Tempo de mastigação (reduzido/aumentado); • Mastigação superficial/interrompida/ausente; • Perda do bolo; • Ruminação vazia (mastigar a língua). Eructação - Descarga audível de gases, com cheiro característico; - Vital para os ruminantes - Pode chegar a quase 600L de gás por dia - Composição variável - Pré-requisitos para que a eructação ocorra: 1. Presença de gás livre; 2. Estimulação de receptores na proximidade do cárdia; 3. Cárdia livre (conteúdo alimentar líquido/sólido); 4. Contração do saco ruminal dorsal; 5. Relaxamento do cárdia; 6. Esôfago apto a funcionar, permitindo a passagem do gás; 7. Eructação - Frequência depende da alimentação • Em alimentação com concentrado essa frequência é menor, pois como é uma alimentação mais triturada, ela estimula menos a motilidade, a ruminação e a eructação. O volume de gás eliminado a cada eructação é maior, mas a frequência é menor, cerca de 15-20 litros/hora • Em alimentação verde há maior frequência de eructação, porque a fibra estimula mais a motilidade do rúmen e a contração do saco dorsal. Cerca de 60-90 litros/hora. - Causas de deficiência na eructação: • Estenose, obstrução de esôfago; • Falha no fechamento da goteira esofágica → o leite vai para o rúmen e fermenta, atrapalhando o processo eructativo; • Timpanismo espumoso → pode ser causado por excesso de carboidratos e de leguminasas. Há acúmulo de alimento e o gás é incorporado ao alimento, formando espuma e dificultando a eliminação desse gás; • Retículo-peritonite / peritonite → o nervo vago é responsável por irrigar a parede do rúmen e retículo e uma das consequências da reticulite é a indigestão vagal, levando ao timpanismo gasoso; • Distúrbios de inervação → sobretudo nervo vago. Regurgitação e vômito - Raro - Regurgitação: • Espontâneo • Conteúdo do esôfago • Misturados com saliva • Bolos de ração mal mastigados – frescos • Misturados com sangue, pus ou fragmentos de tecido (quando há lesões) - Vômito: • Há mímica de vômito • Conteúdo proveniente dos proventrículos • Consistência líquida/pastosa • Componentes reduzidos • Cor e odor característicos do líquido ruminal - Sinais: • Inquietude, animal recua e geme com a cabeça estendida, muitas vezes com a língua projetada para fora; • Líquido jorra pela boca e narina (5-20 L) • Avaliação do conteúdo Defecação - 10 a 20 vezes/dia - Adultos defecam cerca de 30 a 50kg/dia - Deve ter consistência pastosa (barulho de palma) - Ao defecar,o animal arqueia levemente o dorso e a cauda fica um pouco levantada - Fezes mais firmes indicam desidratação, enquanto diarreia pode indicar uma acidose - Alterações: • Tenesmo – contração para defecação sem produção de fezes; • Sintomas de cólica – arquear, escoicear, olhar para o flanco; • Acúmulo de fezes no reto – pode ocorrer por lesão e edema no reto em partos distócicos; • Cauda constantemente levantada – inflamação no reto, processo doloroso na cavidade pélvica (pode ser por causa de parto, fratura, etc); • Cauda flácida – paralisia de ânus, lesão nervosa, trauma. - Ausência completa de defecação → pode indicar paresia grave do omaso, cólica biliar, obstrução gastrointestinal (íleo mecânico), paralisia intestinal (íleo paralítico) - Defecação frequente na forma de fezes liquida (jato curvado) em todo o rebanho → pode indicar inflamação de abomaso e intestino, presença de parasitas, presença de infecção em bezerros - Após a defecação ocorre sucção de ar para dentro do reto. O fisiológico é que o animal faça pressão para expelir o ar Cavidade oral e faringe - Evitar animais com suspeita de raiva - Avaliar: • Inspeção: úlceras, inflamação, alterações nos dentes (fraturas de dentes são muito dolorosas) • Palpação externa • Palpação interna (sedação) • Avaliação do odor • Utilização de abre boca - Inspeção e palpação externa • Observar salivação; ➢ Volume ➢ Viscosidade ➢ Cor ➢ Presença de alimentos, sangue, pus, tecido ➢ A saliva deve ter pH: 7,9 - 8,6 (esponja na lateral da boca, 5min + centralizar + avaliação) • Aumento de volume; • Lesões em bochecha, mandíbula e espaço mandibular; • Edema, flegmão, gangrena gasosa, abscesso, tumefação óssea; • Ferida com comunicação com a parte interna da boca. - Inspeção e palpação interna • Afastamento da língua; • Uso dos instrumentos corretos; • Presença de alimentos/ ferida/ alimentação; • Odor; • Avaliação das mucosas, dentes e língua. Esôfago - 110-125 cm de comprimento - Dorsal-lateral-dorsal a traqueia → ao lado esquerdo do animal - Musculatura estriada e mucosa sensível - Curvaturas • Cabeça - pescoço - tórax (influenciável) • Dorsal à raiz do pulmão (não influenciável) → não consegue apalpar - Palpação e inspeção externa → esôfago cervical - Sondagem → toda extensão do esôfago • Importante utilizar instrumentos para evitar que o animal mastigue a sonda - Inspeção do lado esquerdo (sulco da jugular) - Avaliação do trajeto do bolo alimentar • Ânsia de vômito/ aumento de volume/ leões - Palpação bilateral, dorsal a traqueia • Aumento de volume/ corpo estranho/ sensibilidade dolorosa Proventrículos - Pré-estômagos - Capacidade máxima de 150 litros - Mucosas especializadas • Rúmen: vilosidades • Retículo: dobras em forma de rede • Omaso: folhas - Contração regular e periódica: movimento da massa alimentar Rúmen - Maior compartimento do sistema digestório - Investigação interna e externa - Localiza-se no lado esquerdo (entre o 7º a 8º espaço intercostal até a cavidade pélvica) - Estado de enchimento (total = plenitude) • Tenso, moderado, normal; • Côncavo (perda de apetite); • Protuberante/ convecção (distensão). - Consistência e estratificação (gasoso (timpânico) - macio/pastoso - flutuante/ maciço) • Dorsal → gasoso, auscultação timpânica • Meio → macio/pastoso, auscultação submaciça • Ventral → flutuante (líquido), auscultação maciça - Alterações • Dorsal tenso, elástico = timpanismo • Ventral duro = sobrecarga de alimento sólido/areia • Dilatação = conteúdo líquido Retículo - É o mais cranial - Bovinos: menor dos compartimentos - Ovinos e caprinos: maior que omaso e menor que abomaso - Localização: 5º e 7º espaço intercostal, apoiado na cartilagem xifóide • Face côncava - diafragma e fígado • Face visceral - saco cranial do rúmen • Lado esquerdo mais proeminente - Sinais clínicos: • Animal não sobe morro • Animal fica mais lento • Posição ortopédica: membros torácicos mais elevados para reduzir a pressão ➢ Subir em cochos ➢ Ficar em plano inclinado - Testes: • Aumento de sensibilidade • Palpação dolorosa – verifica aumento da sensibilidade na região ao observar qual a resposta do animal ao estimulo • Percussão dolorosa – pode ser realizada com mão fechada ou martelo de borracha, aumentando gradualmente as pancadas sobre a região do retículo e coração • Prova da cernelha – dorso arqueado ao beliscamento • Prova do Bastão – utiliza o bastão para levantar o tórax, na região xifoide, testando se o animal sente dor • Prova da rampa – colocar o animal em um plano inclinado. Animais com reticulite traumática terão dificuldade na descida (compressão do corpo estranho) e alívio na subida. A maioria desses testes avalia a resposta dolorosa do animal. É positivo caso o animal apresente gemido, inquietação e contração muscular. Omaso - Claramente separado dos demais compartimentos - Importante avaliar orifício retículo-omasal (avaliar contratilidade e tônus através da ruminotomia) - Sulco ruminorreticular – avaliar motilidade - Localizado entre 7º e 9º espaços intercostais, no lado direito, acima do abomaso - Inacessível aos exames usuais. Utiliza a laparotomia exploratória e ruminotomia exploratória (avalia a válvula retículo-omasal e é possível sentir o omaso pela parede do rúmen) Abomaso - Palpação indireta - Punção do órgão para avaliar pH • Deve estar entre 2 e 4 - Localiza-se no 7º espaço intercostal até 1ª-2ª vértebra lombar • Entre a cartilagem xifóide e o umbigo • ½ dentro do gradil costal ½ fora • Difícil de observar em palpação, é observado pela ultrassonografia - Coloração (avaliar se não há áreas de isquemia - torção) - Presença de areia - muito irritante → pode levar à formação de úlceras - Avaliar alterações de posicionamento - É possível realizar a palpação externa no órgão repleto -- pequenos ruminantes e bezerro - Em adultos, através da percussão nota-se sons de líquido (sucussão ou balotamento) - Percussão difícil, som submaciço • Não detecta o abomaso normal, mas quando deslocado há a ausculta de pings metálicos; • Quando há deslocamento à esquerda é possível tentar reposicionar pelo rolamento à esquerda. Intestinos - Terço posterior, principalmente do lado direito - Inspeção: • Aumento de volume flanco direito • Timpanismo - Torção de ceco, timpanismo, intussuscepção, sensibilidade dolorosa (enterites) - Palpação retal - US é um exame mais específico, recomendado - Outros dados: • Presença de fezes, consistência, umidade • Dilatações • Torção • Sensibilidade aumentada Abdome e cavidade abdominal - Avaliação bilateral - Inspeção da parede e contorno abdominal - Tensão da parede abdominal - Palpação profunda dos órgãos → bezerros - Auscultação - Percussão - Balotamento - Exame do peritônio →coleta de líquido peritoneal Semiologia do sistema Cardiovascular de ruminantes Algumas considerações sobre o exame clínico de ruminantes - Exame clínico consiste em realizar investigações e levantar hipóteses - A interpretação e formação da principal suspeita requerem prática e experiência • Conhecer epidemiologia, condições em que as doenças são mais frequentes, etc - Em geral, o exame clínico tem 3 partes: • História → anamnese • Exame físico → exame geral e prático • Exames complementares → em geral são necessários para transformar suspeita em diagnóstico final Importância das afecções cardíacas em ruminantes No contexto geral, sua importância em animais de produção é menor devido a: - Diagnóstico tardio, na maioria das vezes já em fase descompensada • Principalmente em ruminantes, que são pouco exigidos fisicamente, mais letárgicos. - Prognóstico reservado ou desfavorável; - Recursos terapêuticosgeralmente são poucos, paliativos e/ou onerosos - Individualidade das afecções • Casos esporádicos • Exceto retículo-pericardite-traumática e causas tóxicas (planta, monensina) - Frequentemente levam à morte ou ao descarte Importância do exame clínico do sistema cardiovascular - Relacionar com a causa e prevenir novos casos; • Pericardite traumática – uso de magneto/ímã no rúmen • Plantas tóxicas • Substâncias tóxicas no alimento - Evitar gastos com tratamentos – medicamentos, cirurgias; - Salvar o valor de abate; - Diferenciar de outras doenças que podem ser tratadas (ICCE x broncopneumonia); - Identificar o que pode ou não ser tratado; - Casos raros de animais de alto valor zootécnico ou afetivo podem ter sua vida prolongada Principais doenças: - Endocárdio: Endocardite valvular - Miocárdio: miocardite (aftosa, carbúnculo) - Pericárdio: pericardite traumática - Vasos: flebites, hemorragias - Sistema linfático: leucose - Outras: tromboembolismos, TVCC, etc Principais sinais clínicos: - Aumento da frequência cardíaca (taquicardia); - Letargia, mucosas anêmicas, flebites, hemorragia, aumento dos linfonodos; - Sons anormais à ausculta (sopro, disritmia); - Sinais de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) • Distensão de jugular • Edema – peito, pescoço, barbela Conhecimentos básicos ANATÔMICOS - Veias e artérias, átrios, ventrículos e válvulas; - Endocárdio, miocárdio, epicárdio e pericárdio; - Pequena e grande circulação. Situação anatômica do coração: - Área central do tórax, projetando para o lado esquerdo e recoberto parcialmente pelo pulmão; - Do 2º ao 6º espaço intercostal no lado esquerdo e 4ª costela no lado direito; - Linha horizontal à articulação escápulo-umeral; - Aproxima-se a 2 cm do diafragma. FUNÇÃO - Manter circulação, O2, fluidos e eletrólitos; - Não regenera. SISTEMA DE CONDUÇÃO PRÓPRIO - Nodo Sinoatrial - Nodo atrioventricular - Feixe de His - Fibras de Purkinje História/anamnese História: relato do proprietário Entrevista: interação com o proprietário - Motivo da consulta? • Debilidade geral ➢ Emagrecimento e baixa produção; ➢ Prefere sombra e baixadas; ➢ Apatia, ataxia, canseira, fadiga, dispneia; ➢ Permanece deitado por tempo prolongado • Aparecimento de inchaço no peito/pescoço/barbelas - Duração? • Crônico • Agudo • Morte aguda - Mais de um animal? Casos isolados? Idade? • Recém-nascidos ou animais muito jovens → taquicardia persistente, doenças cardíacas, BLAD - Alimentação no cocho ou pastagem? • Possibilidade de ter ingerido corpo estranho metálico no alimento? ➢ Reformas, descuido ➢ Bovinos possuem baixa seletividade • Possibilidade de ter pastejado plantas tóxicas? ➢ Falta alimento? Tem acesso a matas? - Teve ou tem infecções purulentas crônicas? (infecções purulentas produzem êmbolos que podem cair na corrente sanguínea). - Vacinas estão atualizadas? - Há monensina na ração? - Valor do animal OBS 1: aumento de exercício, final de gestação, parto e lactação desencadeiam a descompensação (incapacidade de o organismo restabelecer o equilíbrio cardíaco devido a um problema estrutural ou funcional); OBS 2: a anamnese deve abranger também: - O rebanho: outros animais doentes, programas de saúde existentes, sistema de exploração; - O ambiente: instalações, pastagens, camas. Exame geral Parte do exame físico em que inspeciona o animal à distância, sem tocá-lo. 1. Observar o animal sem contenção e em seu grupo para verificar interação social; ➢ O animal isolado já é uma anormalidade, principalmente os pequenos ruminantes. É importante atentar a isso porque as ovelhas, por exemplo, apresentam poucos sinais até estarem muito doentes; bovinos doentes geralmente não interagem com o observador. 2. Observar o animal em repouso, parado e em movimento: atitude, postura, condição corporal, conformação, temperamento, movimentação, etc; 3. Inspeção frontal, lateral, oblíqua e posterior; 4. Observar sinais de dor; ➢ Bovinos e ovelhas não apresentam sinais muito evidentes de dor, mas caprinos vocalizam. ➢ Sinais: postura arqueada, andar cuidadoso ou claudicação, abdução de membros, relutância, bruxismo e grunhido. 5. Observar resposta à presença do homem e alterações ambientais; 6. Observar as funções dos diversos sistemas. Está comendo? Dormindo? Ruminando? Defecou? Interagiu? Observações importantes para o sistema cardiovascular: - Apatia, indisposição para movimentar; - Fraqueza, debilidade, letargia, intolerância ao exercício, dispneia; - Edemas: peito, pescoço e barbela; - Jugular: ingurgitamento e pulso venoso, flebites (aplicação IV, colheitas); - Mucosas (pálidas, anêmicas, injetadas ou cianóticas); - Processos purulentos crônicos (mastite, pododermatite, abcessos etc.); - Dor esternal (Posição de conforto) - Hemorragias; - Linfonodos aumentados (leucose). ➔ Em bezerros com lesões cardíacas congênitas geralmente há outros sinais como microftalmia, cauda torta, etc.. Exame físico - É o exame específico dos componentes do sistema cardiovascular: • Coração, vasos, linfonodos; - Deve-se aplicar todos os métodos (semiotécnica) a todas as regiões relacionadas ao sistema cardiovascular – confirmar tudo que viu na inspeção à distância/exame geral ROTINA DE ABORDAGEM PARA VACAS LEITEIRAS 1) Abordagem posterior - Temperatura retal, pulso (na cauda); - Vulva (anemia, icterícia, hiperemia), períneo, úbere posterior • Aumento de linfonodo, mastite, leucose (tetos anêmicos) - Contorno Abdominal, condição corporal, parasitas - Movimento Torácico e abdominal 2) Lado esquerdo - Coração, pulmão e tórax – linfonodos; - Cavidade abdominal: Retículo e rúmen – linfonodos; - Fossa paralombar e movimentação ruminal. 3) Lado direito - Coração, pulmão e tórax – linfonodos; - Cavidade abdominal: Abomaso e ceco 4) Cabeça e Pescoço - Mucosas, jugular, TPC, pulso venoso, linfonodos 5) Glândula Mamária (“Veia” mamaria), úbere e tetos – linfonodos 6) Palpação transretal 7) Exames adicionais (claudicação, etc) 8) Colheita de materiais para exames EXAME DO CORAÇÃO Inspeção e palpação da área cardíaca: - Pouco interesse (maior valor em pequenos ruminantes e equinos); - Técnica: animal em estação, apoiado nos 4 membros. Palma da mão sobre a área cardíaca, principalmente esquerda (equinos: 5 EI, bovinos: 4 EI). Observar força, intensidade e frêmito: choque pré-cordial. Sensibilidade dolorosa em RPT (pode confundir com dor nas costelas). - Deslocamentos: • Caudal: dilatação; • Cranial: ascite, distensão gástrica ou intestinal por alimento ou gás, hepatomegalia, gestação avançada; • Lateralmente: aumento de linfonodos mediastínicos, tumores e líquidos torácicos (boi rochedo); - A palpação profunda, com a ponta dos dedos, nas regiões intercostais sobre o coração pode originar uma reação dolorosa em situações de endocardite, pleurite, reticulopericardite traumática ou fratura de costelas (Peek & McGuirk, 2008). Percussão: - Pouco valor; - Usar martelo e plessímetro; - Fazer em conjunto com a área pulmonar; - Partir do “cotovelo” em forma radial; - Lesões traumáticas e inflamatórias provocam evasivas do animal; - Som Normal: maciço em equinos e relativo em ruminantes. • Aumentado nas pericardites, hipertrofia e dilatação e tumores; • Diminuído em enfisemas. Ausculta cardíaca: - Mais difícil em touros, vacas grandes, animais gordos e com parede torácica espessa, visto que esses fatores abafam os sons; - Finalidade: medir a frequência, identificar as bulhas e notar anormalidades; - Alterações: taquicardia, sopros, disritmia e abafamentos – principalmente em repouso; - Instrumento: estetoscópio (qualidade, manuseio, posição no ouvido - Posição do animal: em estação,membro torácico ligeiramente adiantado, apoiado nos 4 membros; - Ambiente: silencioso; - Tempo: Sem pressa! Lado esquerdo, lado direito; - Local de ausculta: 2º ao 6º espaço intercostal, esquerdo e direito; - Delimitação dos focos: • Lado esquerdo: 3 EI = Pulmonar 4 EI = Aórtico 5 EI = Mitral • Lado direito: 4 EI = Tricúspide - Avaliar em repouso e após exercício; - Frequência: • Bovinos: 60 a 84 (neonatos 100 a 120, bezerros até 30 dias 72 a 100) ➢ Muito baixa pode ser acidose e hiperpotassemia em diarreias ou até miodistrofias por carência de Se e/ou vitamina E). 5 • Equinos: 28 a 40 (potros 70 a 80) • Caprinos e ovinos: 70 a 90 - Avaliar se há taquicardia ou bradicardia: • Taquicardia em repouso, frequência maior que 120 em bovino adulto, é indício de cardiopatia. • Taquicardia sinusal – cardiopatias, dor, anemia, febre, inflamação, septicemia, hipocalcemia. ➢ Coração bate muito rápido → força de contração prejudicada → musculatura enfraquece, choque, ansiedade. • Bradicardia sinusal (<48 bpm) – vagotonia, hérnia diafragmática, jejum, bezerros em hipoglicemia e hipercalemia. - Sons normais: Normalmente ouvimos apenas dois sons cardíacos: primeiro e segundo som (bulhas) • Primeiro som (sístole): acredita-se que seja devido ao fechamento das atrioventriculares (som mais forte) – mitral e tricúspide; ➢ Principalmente no 4º espaço intercostal; ➢ Pequeno silêncio; • Segundo som (diástole): acredita-se que seja devido ao fechamento das semilunares pulmonar e aórtica e relaxamento atrial; ➢ Principalmente no 3º espaço intercostal; ➢ Grande silêncio; Hiperfonese: Hipertrofia ventricular, animais atléticos, deslocamento lateral, animais anêmicos, etc. Hipofonese: Hipocalcemia, pericardite, aumento do líquido pericárdico, obesidade, outras doenças torácicas. Outras bulhas (não são normais, embora possam ser fisiológicas): • Terceira bulha → pode ocorrer em animais atléticos e acredita-se ser devido a vibrações nas paredes ventriculares e ao enchimento rápido dos ventrículos no início da diástole. Em cavalos, mulas e alguns bovinos, pode-se ouvir algo semelhante a uma terceira bulha, de curta duração, baixa e fraca, mais audível no foco mitral (5º EI), e durante taquicardias fisiológicas. Em bovinos também pode indicar anemias e regurgitação atrioventricular (IC Direita); • Quarta bulha →mais complexa, relacionada à contração atrial. Pode ser detectada em mais de 60% dos cavalos em repouso, mas em bovinos só é detectada por ecocardiografia. É ouvida como um som suave na base do coração, antes da 1ª bulha e tem que haver um intervalo suficiente entre a 2ª e a 1ª bulha para ser ouvida. Só é ouvida em baixa frequência (repouso), pois no exercício ela se une à 1ª bulha. - Sons anormais (ruídos) → Sopros, disritmia, abafamento. ❖ Para confirmação de sopro é ideal o uso de um ultrassom para realizar exame de ecocardiograma. • Sopros orgânicos → doenças que afetam o fluxo normal do sangue – turbulência ➢ Endocárdicos ❖ Geralmente sistólicos. Podem indicar insuficiência nas atrioventriculares ou estenose nas semilunares; ❖ Indica endocardite valvular; ❖ Turbulência na válvula doente; ❖ Em bovinos a válvula tricúspide (direita) é a mais afetada; ❖ Em equinos percebe-se principalmente mitral (esquerda). ➢ Pericárdicos (Exocárdicos) ❖ Geralmente contínuo, na sístole e na diástole; ❖ Indica doenças do pericárdio; ❖ Ocorre durante todo o ciclo; ❖ Sons tilintantes e/ou borbulhantes (conteúdo ar) Sons gotejantes e/ou roda dágua (líquido) Sons de fricção e/ou roce (fibrina) • Sopros não orgânicos ou funcionais ➢ Sopro anêmico: alta velocidade e baixa viscosidade, que causa vibração nas estruturas; ➢ Sopro sistólico fisiológico em equinos após exercício: início da sístole vigorosa, após exercício (bovinos não têm); ➢ Sopro inocente: sopro de recém-nascidos até 80 horas (persistência do ducto arterioso), é sistólico. - Disritmias e arritmias O termo mais correto seria disritmia, mas o mais usado é arritmia. Equipamento ideal: eletrocardiograma Anormalidades na frequência, ritmo e padrão de condução. • Fibrilação atrial: é a mais comum em bovinos leiteiros. A frequência pode ser normal ou aumentada. Se o pulso for rápido e errático (88-140 bpm), pode haver déficit de pulso, verificado pela auscultação simultânea do coração e palpação da artéria facial ou artéria mediana. ➢ Primária: patológica ❖ Indicam doenças do miocárdio ❖ Miocardites: aftosa, carbúnculo, etc; ❖ Miocardoses: plantas tóxicas, monensina, gossipol, deficiência de vitamina E. ➢ Secundária: ❖ Pode ocorrer em animais sem doenças cardíacas, mas com patologia gastrointestinal (ex.DA), em situações que causam dor abdominal ou em certas alterações eletrolíticas e/ou metabólicas como alcalose metabólica hipocloremia e hipocalemia. Hipocalcemia também pode contribuir. Também em alguns bovinos com endotoxemia secundária a mastite gram- negativa. • Cálcio IV é a droga mais relacionada como causa de arritmias em vacas de leite Atb e K IV podem causar arritmia transitória. • Demais arritmias são mais raras em bovinos. • Em bovinos não há disritmias fisiológicas: O jejum pode causar bradicardia e arritmia por influência do tono vagal, devido à baixa ingestão de alimentos, é abolida pela atropina. • Em caprinos é descrito arritmia sinusal respiratória, ocorrendo aceleração dos batimentos no final da inspiração. • Em equinos: disritmia benigna ou funcional, desaparece após exercício. - Abafamento dos sons cardíacos • Abafamento fisiológico ➢ Camada muscular ou de gordura ➢ Camada de gordura (vaca de leite x vaca de corte) ➢ Espessura da parede torácica (jovens x adultos) ➢ Interferência do pulmão em bovinos • Abafamento patológico: ➢ Pericardites, abscessos, tumores, ar (pneumonias etc) ➢ Aumento do líquido pericárdico ➢ Hipocalcemia puerperal: por que ela pode causar um abafamento do som cardíaco? - Exame dos vasos • Inclui também jugular e mamária (flebites, ingurgitamento, etc) • Pulso arterial: avalia empiricamente a quantidade e velocidade do sangue que sai ou volta • Local: maxilar externa (submandibular) e coccígea (bovinos) • Método: ligeira pressão com a extremidade dos dedos (polpa); • Finalidades: frequência, anormalidades da onda; • Tempo de preenchimento capilar TPC: máximo 2 segundos; • Temperatura das extremidades (termografia?) • Ingurgitamento da jugular • Pulso venoso positivo! Artéria uterina: presente durante a gestação; Artéria digital: presente durante a laminite em equinos; - Exame dos linfonodos • Aumentados: pode ser tuberculose, leucose; • Linfadenite caseosa em caprinos (Corynebacterium pseudotuberculosis) TESTE DE INTOLERÂNCIA AO EXERCÍCIO - Finalidade: verificar debilidade do SCV - Manifestação: • Tremores • Fasciculação (contração de grupos de músculos) • Relutância • Parada súbita • Tosse • Dispneia • Suor (equinos) • Síncope: colapso, redução ou perda da consciência EXAMES COMPLEMENTARES - EcoDopplercardiograma - Eletrocardiograma - Ultrassom da cavidade torácica - Raio-X - Cateterização - Pericardiocentese - Etc. EXAMES PÓS-MORTEM - Muito importante, principalmente para: • Confirmação • Prevenção (tomada de decisão em casos surtos) • Colheita de material - Edemas - Vegetações nas válvulas - Tumores (linfossarcoma etc) - Pericardite - Aumento de líquidos (pericárdico, cavitários, subcutâneo etc) Semiologia do sistema respiratório de ruminantes É um sistema que ainda apresenta muitos desafios para o veterinário, pois as doenças do trato respiratório normalmente exigem conhecimentos sobre nutrição, manejo, instalações,imunologia, métodos de criação. - Importância: • “Uma das principais causas de morte de fêmeas leiteiras lactentes (25%)” ➢ Só perde para as diarreias, mas em ovinos e gado de corte confinado é a principal. • Pode ser individual, surtos ou enzoótica. • O dano pode ser temporal ou permanente, principalmente em bezerros (pode não desenvolver). - Situações de maior risco: • Animais jovens: aproximadamente 15% das bezerras recebem tratamento até o desmame; • Adultos estabulados (vacas confinadas) • Confinamentos para corte → local onde doenças respiratórias ocorrem com frequência; ➢ Metafilaxia: administrar medicamentos para o animal para evitar doenças como broncopneumonia, sobretudo quando os animais chegam de viagem, pois há estresse no transporte e aumenta a chance de haver doenças. • Sistemas intensivos em geral → grande número de animais em áreas pequenas; - Broncopneumonias são as doenças mais importantes: • Efeito severo • Alto custo com medicamentos e veterinário, além de forte relação com bezerras subdesenvolvidas (descarte); • Alto descarte de bezerras e novilhas (lesões crônicas) - Exame Clínico: • História, inspeção à distância, exame físico; • Vias aéreas inferiores (VAI): ➢ Brônquios, bronquíolos, alvéolos (pulmões pp), pleura, parede torácica e linfonodos; • Vias aéreas superiores (VAS): ➢ Focinho, cavidade nasal, seios nasais, orofaringe, laringe e traqueia. - Importância para os animais jovens: • Animais jovens são mais susceptíveis! ➢ Sistema imune X Colostro O Sistema imune está diretamente relacionado com a ingestão de colostro. Quando o bezerro nasce, ele possui uma porta aberta para doenças do sistema digestivo e respiratório, tudo que entra pela boca ou que ele respira. Essa “porta” é fechada pela ingestão do colostro, que deve ser ingerido entre 6h e 12h de vida, no máximo. • Bezerros sofrem maior desafio, principalmente as bezerras leiteiras; • Já nascem em locais com baixa higiene e alto desafio! • Proximidade dos adultos, mistura de diferentes idades, superpopulação; • Muito estresse (marcação, mochação descorna, desmame, realocações); • É importante que o bezerreiro seja mais afastado e que os funcionários sejam exclusivamente do local, evitando contaminações. Além disso, é imprescindível realizar revezamento dos bezerreiros – vazio sanitário. - Mecanismos de defesa do sistema respiratório: • Filtração aerodinâmica (100% > 10um, 80% > 5um); • Reflexo de fechamento da laringe e tosse reflexa; • Transporte mucociliar; • Anticorpos nasais e alveolares; • Macrófagos alveolares. - Fatores predisponentes às doenças respiratórias (ambientais, sociais e de manejo): • Ventos (locais altos), temperaturas extremas, UR alta; • Locais quentes e abafados (falta ventilação); • Bezerreiros convencionais, antigos; • Proximidade de currais; • Locais muito contaminados de forma crônica; • Variações bruscas de temperatura (acima de 4 Cº); • Desmame, desnutrição, competição; • Superpopulação, realocações, reagrupamentos; • Doenças concomitantes; • Feiras e exposições. - História e anamnese • Não quer mamar, fica mais tempo deitado, cansado (batedeira), nariz escorrendo, às vezes tosse. - Informações sobre a doença: • Surto ou individual, esporádico ou enzoótico (afeta todos os animais que estão nesse sistema de criação) • Evolução (aguda – Mannheimia – ou crônica?) • Já tratou com o que? • Associado a diarreias (pneumoenterite) ou otites (mycoplasma)? • Mortes? - Informações pregressas: • Mamou colostro QQT (quantidade suficiente/qualidade/tempo correto)? • Alterações recentes no manejo? • Mudança do bezerreiro para piquete (tristeza e pneumonia parasitária)? • Desmama recente? Há consumo adequado de concentrados? • Houve aumento recente no número de partos (superpopulação)? • Outros: pastagens em floração (pólen), pó em ração ou cama… - Informações sobre o sistema de criação: • Colostragem; • Alimentação geral e desmama; • Abrigo individual (casinhas, argentino, tela) ou coletivo (bezerreiro); • Tipos de casinha, local e manejo delas; • Vazio sanitário das casinhas, bezerreiros ou baias; • Ambiente de repouso do animal: limpeza, insolação, ventilação, amônia, cama (mofo?). Ver como o animal está vivendo! - Exame geral ou inspeção à distância • Observar o animal em seu ambiente: (Reação, atitude/postura, ECC, conformação, temperamento etc); • Observar os sinais clínicos específicos de doenças no sistema respiratório; • Observar o movimento tóraco-abdominal (costoabdominal) → Posicionar-se posteriormente/oblíquo, sem tocar ou exercitar o animal (em repouso); • Verifica-se: tipo da respiração (abdominal, costal ou normal costoabdominal), frequência e profundidade respiratória; ➔ Ex: lesões nas vias aéreas superiores (cavidade nasal, seios nasais, laringe e traqueia) geralmente causam dispneia inspiratória (estenose, estreitamento, sons audíveis sem estetoscópio, inspiração prolongada e com estertor); ➔ Ex: Bezerro normal: interage imediatamente, reage à aproximação. Bezerro doente: cabeça baixa, deprimido, orelhas para trás, pescoço esticado e há pouca ou nenhuma reação à aproximação; ➔ Ex: vaca com sinusite. Em pé, cabeça estendida, olhos semicerrados. (Em grandes fazendas pode-se fazer o Teste de aproximação (ou cone?) como triagem em bezerreiros). - Sinais clínicos específicos de doenças no Sistema Respiratório: • Taquipneia: aumento da taxa respiratória – mas pode não ser de origem respiratória; • Dispneia: respiração difícil, dolorosa (dor torácica, pleurisia, ICC); • Descarga nasal: material não gasoso que flui pelas narinas; • Epistaxe: corrimento nasal sanguinolento – sangramento nasal ou pulmonar; • Tosse: expulsão súbita do ar, muco e outros materiais. Observar principalmente depois de se levantar (BPNM); • Hemoptise: tosse com expulsão de sangue vindo do pulmão – hemorragia das VAI. - Sons anormais à respiração: roncos, crepitações (estertores), sibilos e roce; - Sinais gerais considerados cardeais para a broncopneumonia: • Febre • Dispneia • Sons pulmonares anormais • Corrimento nasal • Tosse Exame físico - É o exame dos componentes do sistema respiratório → vias aéreas superiores e inferiores. - Cuidado! Pode ocorrer morte por hipóxia/anóxia devido ao estresse do exame clínico, por esse motivo, tentar fazer menos contenção quando for possível. - LEMBRETE: O melhor livro de semiologia são os outros animais, colegas de rebanho do animal doente. ROTINA DE ABORDAGEM: 1) Abordagem posterior: • Temperatura retal, movimento torácico e abdominal; • Pulso na região posterior, vulva, períneo, úbere posterior (linfonodo); • Contorno abdominal, condição corporal, parasitas. 2) Lado esquerdo: • Ausculta do pulmão; • Examinar tórax, pleura e parede torácica – linfonodos; • Coração, cavidade abdominal; • Retículo e rúmen – linfonodos; • Fossa paralombar e movimentação ruminal. 3) Lado direito: • Ausculta do pulmão, examinar tórax, pleura e parede torácica – linfonodos; • Coração, cavidade abdominal (abomaso e ceco); • G. Mamária, úbere e tetos. 4) Cabeça e pescoço • Focinho, cavidade nasal, seios nasais, orofaringe, laringe e traqueia, brônquios; • Olhos, ouvidos; • Linfonodos cervicais: pré-escapulares, retrofaringeanos, submandibulares e parotídeos; • Mucosas, jugular, TPC, pulso venoso, linfonodos. 5) Palpação transretal 6) Exames adicionais (claudicação, etc) 7) Colheita de maerial. para exames ABORDAGEM POSTERIOR - Movimento torácico e abdominal - Técnica: posicionar-se posteriormente/oblíquo e verificar as características do movimento tóraco abdominal (tipo, frequência, profundidade e características respiratória); - Tipos: • Costoabdominal→ normal • Costal → doenças no abdômen – peritonite e timpanismo, RPT • Abdominal → doenças torácicas – broncopneumonias, pleurites - Frequência: normal, taquipneia e bradipneia • Pode ser feita durante ausculta!!! • Bezerros até 30 dias (24 a 36) e acima de 30 dias (15 a 30) ou 20 a 40 (Rebhun) • Bovino adulto (10 a 30) (cow at rest 18 a 28 por Gibons; 15 a 35 por Rosenberger..etc) • Ovino e caprino jovem (36 a 48) e adulto (20 a 30) • Equino jovem (10 a 25) e adulto ( 8 a 16) Obs: aumento da frequência nem sempre é pulmonar (Ex. Excitação, febre, calor ambiente,anemia, cardiopatia, dor.) Em bezerros com pnm e FR normal, a frequência aumenta quando ficam deitados. Acidose em diarreias também aumenta a FR e a profundidade. E alcalose reduz (para preservar o CO2). - Profundidade: • ↑ em excitação, exercício, dispneia e anóxia) • Hiperpneia → inspiração profunda. Presente na dispneia obstrutiva (inspiratória) ou em alta temperatura e umidade • Hipopneia → inspiração superficial. Ocorre quando há dor torácica (pleurisia) • Polipnéia → respiração rápida e superficial. Ocorre em estresse térmico - Dispneia – respiração difícil. Qualquer modificação na frequência, tipo e profundidade • Eupneia → normal • Ortopneica → posição de conforto em caso de doença (abdução do membro anterior, estica o pescoço) • Dispneia → abdução de membros, boca aberta, cabeça e pescoço estendido, orelhas para trás ➢ Dispneia inspiratória: inspiração prolongada e com sibilos ou ronco. Pode ser obstrução nas VAS - vias aéreas superiores; ➢ Dispneia expiratória: Esforço exagerado para expiração. Pode ser broncopneumonia VAI - vias aéreas inferiores; - Ritmos respiratórios: • Mais para pequenos animais; LADO ESQUERDO E DIREITO - Auscultação • É feita a ausculta, palpação e percussão do tórax, campo pulmonar, laringe e traqueia do lado esquerdo e, posteriormente, do lado direito; • Auscultação: sons produzidos pela movimentação do ar na árvore traqueobrônquica; • Técnica: estação, repouso, silêncio. Auscultar nos espaços intercostais, em linhas horizontais e verticais; • Pode-se obstruir a respiração com as mãos ou com uma sacola (30 a 40 segundos) para maior intensidade do som. • Observar: ➢ Força: normais, fracos, inaudíveis ou anormalmente fortes; ➢ Momento: relação com respiração, inspiração e expiração; ➢ Atenção para ruídos acessórios: pelos, músculos, rúmen, coração, partes do estetoscópio, dedos, referente à contenção etc. Pode-se molhar ou abaixar o pelo. - Campo pulmonar: • Bovinos: 11ei – 9ªc – 6ªc (2 dedos acima do cotovelo) • Equinos: 16 – 11 – 6 • Caudal: Décimo primeiro espaço intercostal (120 do lado direito) • Intermediário: Metade da nona costela • Limite cranial: 2 a 3 dedos acima do olécrano (cotovelo do membro anterior) - Sons normais e focos de ausculta • Laringo-Traqueal: som forte e áspero (abertura e passagem do ar pela laringe). Está aumentado quando há estenose ou ↑ secreção. • Tráqueo-Brônquico: porção anterior do tórax (antigo sopro tubário) • Brônquio-Bronquiolar: som suave, terços finais do tórax (antigo murmúrio vesicular) - Sons Patológicos • Qualquer som anormal à auscultação – ronco, estertores (crepitações), sibilos, roce • Observar sempre sua força e seu momento • Principais sons anormais: Ronco: sons grosseiros e ásperos, geralmente por causas obstrutivas, na inspiração ou expiração; ❖ Audível sem estetoscópio - ver ponto máximo de ausculta. ❖ Indica: - Corpo estranho ou lesões na laringe, orofaringe, etc. - Cistos, pólipos ou granulomas nasais - Secreções viscosas nos brônquios (broncopneumonia), traqueíte. - Vibração na região faringeana (actino, abscesso) - Outros, sem estetoscópio: Espirro, “Ronqueira nasal” (movimentação de massa catarral nas VAS) e “sibilo nasal” (massa catarral com dificuldade de movimentação, aderida aos tecidos). Estertores ou crepitações: são estalidos devido à presença de secreção (exsudato), que forma bolhas. ❖ Crepitação grossa: sons fortes, semelhante a velcro, quando há muito exudato, principalmente nas vias mais calibrosas. É menor com a tosse produtiva ❖ Crepitação fina: sons mais curtos e descontínuos (bronquíolos) – pode ser edema pulmonar Sibilos: som agudo, tipo assobio, extenso e contínuo, indica broncoconstrição, principalmente na expiração; ❖ Ex. pneumonia e desidratação. Às vezes podem ser ouvidos mesmo sem um estetoscópio. Roce pleural: ocorre quando há fibrina entre as pleuras, pelo atrito; Tosse: pode ser úmida (produtiva), seca (desidratado), ou paroxística (acesso de tosse). ❖ Durante a alimentação? (irritação na orofaringe, muito fina, concorrência) ❖ No bezerreiro? (gases, amônia) ❖ Na pastagem? Parasitária (paroxística) ❖ Vários animais? Surto, pólen, irritação, enzoótica Expectoração: produto da tosse; Não esquecer da hemoptise, o sangue que pode vir junto com a tosse. Outros: ❖ Inspiração interrompida (soluço?) ocorre quando há dor – ex: pleuresia. ❖ Sons inaudíveis ou “áreas surdas” (se há áreas surdas, é esperado sons fortes nas outras áreas). Ex: Hepatizadas, abscesso, muito exsudato. Obs: Pode ser útil que o proprietário segure a boca e nariz da vaca fechados por 15 a 45 segundos para forçar a vaca para respirar fundo (ou usar saco plástico). Em bezerros é possível o próprio clínico fazer isso. CABEÇA E PESCOÇO - Inspeção, palpação, olfação, tato, percussão (ausculta das VAS) - Cabeça: • Observar simetria, contorno, forma e aumento de volume; - Focinho: • Normal (úmido, brilhante, íntegro) • Lábio leporino (consanguinidade) • Quente e ressecado (febre, desidratação.) • Mucosa normal ou com ferimentos e erosões • Odor do ar expirado (olfação: odor pútrido?) • Força e simetria do ar expirado (tato?) - Cavidade nasal: • Mucosas íntegras (cor rósea, sem lesões). • Ver obstruções, pólipos, explorar com o dedo; • Corrimento nasal: normal é seroso, transparente, brilhante; • Descarga nasal: Uni (VAS) ou bilateral (VAI), mas isso não é uma regra! ➢ Tipo: mucoso, purulento, hemorrágico, partículas alimentares ➢ Odor normal ou pútrido (tecidos necrosados na cavidade oral, PNM gangrenosa etc.) ➢ Obs. Bezerros lambem! ➢ Epistaxe: corrimento nasal sanguinolento – sangramento nasal ou pulmonar - Seios nasais: • Simetria, palpação, percussão • Percussão: dígito-digital ou martelo ou martelo-plessímetro, local silencioso • Seios Frontal e Maxilar: ➢ Claro (som normal) ➢ Maciço (secreção) - Sinusite - Olhos: • Corrimento, ptose (Síndrome de Horner) - Ouvidos: • Otite por mycoplasma associada à pneumonia; - Orofaringe: • Espéculo • Aumento de volume? Dor à palpação? • É necessário ter um abre boca • Casos de raiva - Laringe e Traqueia: • Inspeção e palpação externa, ausculta • Verificar: dor, sensibilidade, consistência, aumento de volume, mobilidade, som laringotraqueal - Linfonodos: • Linfonodos retro faringeanos, submandibulares e parotídeos • Linfonodos cervicais (pré escapulares) REGIÃO TORÁCICA - Costelas, espaços intercostais, limites e junções - Inspeção e palpação: Procurar aumento de volume (abcessos) ou depressões (fraturas na costela) - Dor (pleurites, fratura), enfisema, temperatura - Percussão torácica: deve ser realizada quando há sons anormais à resp. • Técnica – direção e intensidade da percussão ➢ Percussão horizontal (1 a 6) ➢ Percussão vertical (7 a 12) • Sons: ➢ Claro (central) a submaciço nos limites ➢ Timpânico (enfisema) ➢ Maciço (edemas, hepatização etc) ➢ Dor (pleuresia) EXAMES AUXILIARES - Endoscopia (inspeção e coleta de amostra, inclusive lavado) - Ultrassom, raio X , biopsia, etc. - Baerman - Aspiração transtraqueal (Lavado traqueal)- Toracocentese OBS: após a rotina geral do exame clínico podemos retornar aos locais com alteração! Semiologia do sistema urinário de ruminantes Introdução - Doenças do sistema urinário são menos comuns do que em outros sistemas. - Sinais clínicos pouco evidentes. • Algumas doenças específicas: obstrução de uretra, cistites, hematúria enzoótica. - Muitas vezes as doenças não são identificadas. Ex: como o rim é um órgão par, ele consegue manter sua função mesmo com ¾ do órgão afetado. - O exame da urina geralmente revela sinais de alterações em outros sistemas. - Avalia rins, ureteres, bexiga e uretra Funções: - Produção de urina e fluxo urinário; - Depuração (excretar produtos, exceto co2); - Equilíbrio hídrico/eletrolítico: homeostase; - Endócrina: peptídeos Natriuréticos (possuem a capacidade de aumentar a frequência cardíaca quando o débito está reduzido) e Vitamina D ativada (homeostase Ca e P); Identificação - Espécie: • Ruminantes machos tem o S peniano (flexura sigmóide) • Pequenos ruminantes têm o processo uretral - Sexo: • Ruminantes machos (urolitíase) • Vacas: manipulação p/ reprodução (urovagina, pielonefrite, cistite...); - Idade: • Ex. bezerros: persistência de úraco, onfalites, tristeza parasitária etc; • Touros zebuínos: acrobistite Exame clínico - História/ Anamnese - Exame Físico • Exame geral / inspeção à distância: micção e volume urinário, postura, aumento de volume, flegmão • Exame físico propriamente dito - Colheita de urina e urinálise; - Exames complementares (raio x, endoscopia, ultrassom, etc) Histórico/ Anamnese - Específica da doença: • Alterações na micção, frequência e volume urinário → esforça para urinar, dor (berra, gemidos..) pouca urina, com sangue • Cor da urina: vermelha ou escura (sangue ou hemoglobina?) • Agudo ou crônico (urolitíase x hematúria) • Alimentação: dietas com muito concentrado) - Pastagens com samambaia, tanner grass; - Confinamentos: • Corte: castrados?, uso anabolizantes, dieta alto grão • Leite: vacas em Free-stall – babesia, leptospira - Doenças pregressas • Samambaia – diátese, carcinomas, Hematúria Enzoótica); - Vacas: • Exames ginecológicos frequentes (cistites, urovagina) • Logo após o parto (distocias → iscúria; Cistite, pielonefrite → coágulos) - Vacina contra raiva?? (Lembrar de tenesmo, tétano,) Exame Geral e inspeção à distância - Estado de hidratação - Pele, pelo, mucosas - Micção: postura, dor, frequência… • Dorso arqueado p/cima (cifose), ou pra baixo (lordose) • Tenesmo (lembrar de raiva, tétano) • Observar a postura normal ➢ Machos: flexão ventral ou nada ➢ Fêmeas: ergue a cauda, abre as pernas e arqueia o dorso - Urina: cor, coágulos (sangue, hemoglobina); • Cálculos nos pelos do prepúcio ou apêndice uretral; - Contorno abdominal; • Aumentos de volume ventral (dentro ou fora da cavidade abdominal) • Flegmão na região do prepúcio etc - Micção e volume urinário • Bovinos →6-12L, 5-7 vezes/dia • Equinos → 3-6L • Ovinos e caprinos: 1-4 vezes/dia, 0,5 a 2L - Polaciúria, disúria, poliúria, oligúria, anúria, iIscúria, enurese • Polaciúria ➢ Micção frequente, em pequenas quantidades. ➢ Indica processos inflamatórios (cistites, pielonefrites) obstrutivos parcialmente (cálculos, coágulos). ➢ Adicionais: cólica, lordose, dermatite local; • Disúria/ estrangúria ➢ Difícil e dolorosa ➢ Processos inflamatórios e obstrutivos na bexiga e uretra. ➢ Em machos indica urolitíase ainda sem ruptura da uretra: posição de cavalete, gemido, protrusão anal, pulsação da uretra, troca o apoio nas pernas com frequência, ligeira lordose (curva para baixo), permanece mais tempo em posição de micção, vocalização em cabritinhos; ➢ Em fêmeas indica pielonefrites e cistites, hematúria enzoótica: arqueamento do dorso (cifose), micção prolongada, sangue ou coágulos; ➢ Embora com pouca frequência, também pode ocorrer nas lesões prepuciais (prolapso, abscesso, inflamação (postite), acrobistite) e penianas (parafimose, desvios, fraturas, hematomas e fibropapilomatose). • Poliúria e polidipsia ➢ Aumento de volume associado à maior ingestão de água ➢ Baixa capacidade de concentração (indica Insuficiência renal). ➢ Observa-se densidade baixa. ➢ Teste de concentração (se estiver desidratado não precisa e nem deve) • Oligúria e anúria ➢ É a produção/micção de pouca ou nenhuma urina. ➢ Indica doença renal, desidratação grave (ou obstrução de uretra em machos) ➢ Pode levar à uremia. • Iscúria ➢ Retenção de urina (ex. distocia) • Enurese ➢ Incontinência urinária (Ex: trauma de seg. sacrais medula) Exame Físico - Rins: nefrites, pielonefrite, isquemia e nefrose, glomerulonefrite, hemorragia, infarto; • Bovino: 18 – 24 cm, lobulado, 13ª costela • Pequenos ruminantes: 5 a 7 cm, feijão • Equinos: 13 – 15 cm, bordas lisas, grão de feijão, 15ª costela - Palpação transretal: • Polo caudal do rim esquerdo, certa mobilidade • Bovino: 13ª costela, posição pode variar com o rúmen • Equino: 15ª costela, mais caudal que o direito • Verificar: Consistência e dor (nefrites, pielonefrites) - Ultrassom transretal - Ureteres • Acesso restrito: Ultrassom transretal • Tamanho e forma não palpáveis - Bexiga: ruptura, cistite, carcinoma (efeito da samambaia que gera hematúria enzoótica) • Palpação abdominal: possível em pequenos ruminantes quando cheia • Palpação transretal: localização, volume variável, melhor quando cheia. • Distendida na urolitíase sem ruptura • Cateterismo/sondagem • Endoscopia/Ultrassom - Uretra: obstrução, ruptura • Palpação externa (uretra pélvica e perineal quando aumentada) • Sondagem • Uretra de Ruminantes machos (S peniano) • Processo uretral em caprinos e ovinos • Divertículo sub-uretral em vacas • Pequenos cálculos no prepúcio • Uretroscopia - Urina • Coleta: Geralmente urinam ao se levantar (frasco no bolso) • Vaca ou bezerra: massagem na vulva • Cateter/sonda em vaca (divertículo) • Bezerro: massagem prepúcio • Touro: massagem transretal na bexiga, água morna no prepúcio • Carneiro: sufocamento – 40 segundos e ele vai urinar; • Cavalo/égua: sonda ou cateter após sedação com Acepran. • Diuréticos em ruminantes - Tira reagente • Proteinúria, Glicosúria, Cetonúria, Densidade, Bilirrubina, Cilindros, etc [ - Palpação externa • Flegmão • Pênis/Prepúcio: Integridade, divertículo em caprinos, cálculos nos pelos. - Exames Complementares • Endoscopia (Pp uretra, bexiga) • Ultrassonografia • Raio X • Exame de urina - Exemplos de afecções em bovinos • Urolítíase em ruminantes • Hematúria enzoótica • Leptospirose • Persistência do úraco e onfalites em bezerros • Acrobistite Semiologia dos sistemas respiratório e cardiovascular de cães e gatos Considerações gerais - Para compreender os achados clínicos é fundamental conhecer as funções básicas dos sistemas; - A apresentação clínica das doenças respiratórias e cardíacas é muito parecida; • Tosse em casos que o coração sofre de uma hipertrofia e comprime os brônquios principais, levando a um reflexo de tosse; • Dispneia e taquipneia que podem estar relacionados a um edema pulmonar consequente de uma insuficiência cardíaca congestiva esquerda, devido a uma endocardite de valva mitral. - Doenças em outros sistemas podem levar o animal a apresentar sinais clínicos semelhantes a patologias no sistema respiratório e no sistema cardiovascular; • Como, por exemplo, uma anemia devido a uma hemorragia, que irá cursar com dispneia, taquipneia e intolerância ao exercício.
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