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Unidade II
Psicomotricidade Clínica 
Psicomotricidade
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
VIVIANA GONDIM DE CARVALHO
AUTORIA
Viviana Gondim de Carvalho
Sou doutoranda em Humanidades, Culturas e Artes, mestre em 
Letras e Ciências Humanas, pós-graduada em Psicopedagogia e Docência 
do Ensino Superior. Sou especialista em Informática Educativa e graduada 
em Pedagogia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. 
Autora de artigos e livros didáticos. Atuo na área Educacional, com ênfase 
em Educação a Distância, Psicopedagogia, Comunicação, Recursos 
Humanos e Neuroeducação. Atuei em grandes empresas Nacionais e 
Multinacionais consolidando a educação virtual, desenvolvendo materiais 
didáticos e preparando ambientes multimidiáticos. Coordenei Fábricas de 
Conteúdos, desenvolvendo produtos para Educação a Distância, como 
apostilas, games, simuladores, vídeos etc. Atualmente atuo na Educação 
a Distância e desenvolvo pesquisas sobre a utilização de tecnologia a 
fim de melhorar o desempenho dos alunos por meio das ferramentas 
tecnológicas. 
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Simbolização do corpo ..............................................................................10
Corpo ...................................................................................................................................................... 10
Esquema corporal e imagem corporal .......................................................................... 14
Contribuições da fisioterapia, medicina e psicologia para a 
psicomotricidade .........................................................................................19
Contribuições da fisioterapia ................................................................................................. 20
Contribuições da medicina ......................................................................................................23
Contribuições da psicologia ..................................................................................................25
O Pensamento clínico nas atividades em psicomotricidade ... 28
Introdução .............................................................................................................................................28
Intervenção clinica ....................................................................................................................... 30
A maturação e as implicações neurológicas para a motricidade 
humana ............................................................................................................ 36
7
UNIDADE
02
Psicomotricidade
8
INTRODUÇÃO
Você já observou como seu corpo se movimenta? A ciência que 
estuda o ser humano por meio do seu movimento nas diversas relações 
chama-se Psicomotricidade. O objeto de estudo dela é o corpo e a 
sua expressão dinâmica e tem três princípios básicos: movimento ou 
motricidade, intelectivo/cognição/pensamento e o afeto/emoção/
sentimento. A Psicomotricidade é baseada na concepção unificada da 
pessoa, ou seja, a inclusão das áreas cognitivas, sensório-motoras e 
psíquicas para que seja possível compreender todos os movimentos 
e interações dos seres humanos. Ela é constituída por uma gama 
de conhecimentos antropológicos, fisiológicos, psicológicos e inter-
relacionais na qual o corpo é utilizado como mediador. Entendeu? Ao 
longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
Psicomotricidade
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no 
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término 
desta etapa de estudos:
1. Reconhecer a imagem do corpo, tonicidade, movimento e comunicação 
corporal no contexto da psicomotricidade.
2. Identificar os elementos essenciais da psicomotricidade, à luz da 
medicina, fisioterapia e psicologia.
3. Analisar a coordenação motora a partir dos elementos psicomotores.
4. Aplicar o instrumental básico e as técnicas no exame psicomotor.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho! 
Psicomotricidade
10
Simbolização do corpo
OBJETIVO:
Para que se possa compreender sobre a psicomotricidade 
é importante compreender sobre o corpo e todas as suas 
funções na mente. Deste modo, esse capítulo se dedicará 
ao estudo da simbolização do corpo, compreendendo o 
que vem a ser ele e a sua função. Prontos para iniciarmos? 
Vamos lá!!
Para compreendermos a psicomotricidade é importante compreender 
o corpo, sabendo que ele constitui em mais do que um material, mas sim, 
em uma forma de apresentação do ser humano.
Deste modo, iremos nos debruçar compreendendo os elementos os 
elementos do corpo e em que constitui o esquema e a imagem corporal.
Corpo 
A palavra corpo provém, conforme Levin (2003, p. 22), por um lado, 
do sânscrito garbhas, que significa embrião e, por outro, do grego karpós, 
que quer dizer fruto, semente, envoltura e, por último, do latim corpus, 
que significa tecido de membros, envoltura da alma, embrião do espírito. 
A psicomotricidade “nasceu” a partir do momento em que o corpo 
deixou de ser concebido como pura carne para torna-se o corpo que “fala”. 
Ao longo da história da Psicomotricidade, a concepção sobre o corpo 
foi sendo modificada de corpo motor para um corpo em movimento até 
chegar à significação de um sujeito com um corpo em movimento. 
Desse modo, acabou-se a dualidade que separava o corpo da mente 
e desprezava o corpo colocando em destaque a dimensão intelectual. 
Por essa vertente, a concepção francesa da Psicomotricidade ganhou 
destaque na finalização dessa dualidade, pois, os seus fundamentos 
teóricos partiram da necessidade dos psicomotricistas terem iniciativa 
de se defenderem da pressão desta dualidade. Daí nasceu o sucesso da 
Psicomotricidade
11
imagem da motricidade baseada na concepção de que o corpo e a psique 
são inseparáveis. É com seu próprio corpo que o sujeito estabelece as 
relações consigo e com o mundo. 
Figura 1 – Simbolização do corpo
Fonte: Pixabay
O simbolismo trata de dar à representação do corpo uma 
representação indireta e figurada do ser humano. Ou seja, o corpo foi 
nomeado como “corpo” para que quando dito fizesse sentido ao indivíduo. 
O corpo, no decorrer da história, vem sido chamado de diferentes 
formas, pelas diferentes áreas do conhecimento. De acordo com Lopes 
(2010, p. 54)
O corpo tal como a vida, está em constante mutação. 
As aparências físicas demonstram de modo exemplar 
esta tendência: elas nunca estão prontas, embora jamais 
estejam no rascunho. ... cada corpo, longe de ser apenas 
constituído por leis fisiológicas, supostamente imutáveis, 
não escapa a história. (LOPES, 2010,p. 54)
Foi Freud o responsável, através da sua teoria do inconsciente, 
que fez com que o ser humano deixasse de estar sujeito aos ditames da 
vontade, pois ele dispôs que o corpo possui formações no inconsciente, 
isto é, ele seria a fonte biológica de toda pulsão e as suas atitudes, gestos, 
reações corporais e seus comportamentos que são decorrentes de 
motivação do inconsciente.
Freud recebeu a contribuição da psicanálise no que diz 
respeito à importância do afeto na concepção comportamental e no 
Psicomotricidade
12
desenvolvimento, estabelecendo uma valorização do instrumento para 
que haja um maior desenvolvimento do ser humano. Assim, ele propôs 
que o indivíduo sentisse bem na sua pele, possibilitando que houve uma 
livre expressão de seu ser e se assumir como uma realidade corporal.
Desta maneira, é possível enxergar que o corpo vai além de ser 
algo orgânico ou biológico, ele é responsável por expressar emoções 
e possui vários significados. Os significados são obtidos através das 
relações consigo, com o meio em que vive e com o outro, sendo ele 
considerado um corpo receptor, sujeito, instrumental, erógeno, simbólico. 
No entanto, no fenômeno psicomotor estão presentes os aspectos 
instrumental-cognitivo que expõe um privilegio aos processos cognitivos 
e o funcionamento motor relativo ao próprio corpo.
O corpo é o vetor semântico pelo qual a relação do indivíduo 
com o mundo é construída: atividades perceptivas, mas 
também expressão de sentimentos, cerimoniais de ritos 
e de interação, conjunto de gestos e mímicas, produção 
da aparência, jogos sutis da sedução, técnicas do corpo, 
exercícios físicos, relação com a dor e com o sofrimento. 
O corpo produz sentidos continuamente e, assim, insere-
se ativamente no interior de dado espaço social e cultural. 
“Antes de qualquer coisa, a existência é corporal”. (LE 
BRETON, 2006, p. 7)
A motricidade humana, de acordo com Sérgio (1995, p.53) 
corresponde à ciência do corpo: ao corpo-memória e ao corpo-profecia, 
ao corpo-estrutura e à conduta, ao corpo-cultura e ao corpo-emoção, ao 
corpo-natural e ao corpo-cultura, ao corpo lúdico e ao corpo produtivo, 
ao corpo normal e ao corpo com necessidades especiais. Nesse sentido, 
a mente e o corpo devem ser compreendidos como elementos que 
compõe um único organismo, sem fragmentação, no entanto, de uma 
estrutura dinâmica, que corresponde ao campo da corporeidade.
Psicomotricidade
13
Figura 2 – Corpo e mente
Fonte: Freepik
Por meio da análise do corpo humano e dos seus aspectos sociais 
é possível compreender a estrutura de uma sociedade por meio das 
particularidades que ele privilegia, como por exemplo intelectuais, morais 
ou físicas.
Com relação ao corpo, a sua simbologia e os seus aspectos é 
defendido por Freire (1989) que, no ato de matricula da criança na escola, 
o seu corpo também deveria ser matriculado em conjunto, pois ele 
considera todos os preconceitos sofridos pelas crianças ao ingressas no 
ambiente escolar.
Não é justo que, em nome da educação, crianças e 
adolescentes sejam confinados em cubículos de meio 
metro quadrado (o espaço de movimentação possível de 
quem senta nas carteiras escolares), quatro horas por dia, 
cinco dias por semana, duzentos por ano, onze anos, num 
total de 8.800 horas de confinamento. É chocante, absurda, 
escandalosa essa educação sem corpo, essa deformação 
humana. (FREIRE, 2007, p.157)
No que diz respeito a todas as experiências do corpo e a sua 
importância, Nasio (2009) estabelece que 
A experiência do corpo ajuda-nos a compreender os 
sentidos construídos artificialmente pelos conceitos, pela 
Psicomotricidade
14
linguagem, pelos afetos, pela cultura de um modo geral. 
Pelas diferentes possibilidades de expressão corporal 
podemos compreender a indeterminação da existência, 
possuindo vários sentidos, elaborados na relação consigo 
mesmo, com o outro, com o próprio mundo. A expressão 
“sou meu corpo” sintetiza o encontro entre o sujeito e o 
corpo. O ser humano define-se pelo corpo, isso significa 
que a subjetividade coincide com os processos corporais. 
Mas é preciso considerar que “ser corpo é estar atado a um 
certo mundo”. (NASIO, 2009, p. 54)
É necessário atentar às formas de comunicação de cada pessoa, sem 
que haja um julgamento ou uma comparação. Ainda, deve-se enxergar 
a habilidade que o corpo humano possui de alteração, respeitando as 
características pessoais de cada indivíduo para reinventar a vida, fazendo 
com que seja despertado significado e sentido na sua existência. 
Esquema corporal e imagem corporal 
A Neurologia e a Psicanálise, entre outros campos do conhecimento, 
vêm abordando as definições de esquema corporal e imagem corporal, 
havendo nessa abordagem implicações psicológicas, fisiológicas e 
socioculturais.
A psicanalista francesa Françoise Dolto apresenta a definição tanto 
de esquema corporal quanto de imagem corporal, onde para ela
O esquema corporal especifica o indivíduo enquanto 
representante da espécie, seja qual for o lugar, a época 
ou as condições em que vive. ... A imagem do corpo, pelo 
contrário, é própria de cada um: está ligada ao sujeito e a 
sua história. (LEVIN, 2003, p. 72)
Levin (2003) que em seu livro expôs os conceitos de esquema 
corporal e imagem corporal de Françoise Dolto, como demonstrado, 
considera pertinentes esses conceitos. No entanto, ele retrata que esses 
termos, diversas vezes, que são utilizados como sinônimos, o que torna 
difícil diferencia-los.
Assim, é importante compreender cada um desses conceitos de 
forma separada. Começamos então com o esquema corporal.
Psicomotricidade
15
Na concepção de Ledoux (1991, p. 85) o esquema corporal:
Especifica o indivíduo como representante da espécie. 
Mais ou menos idêntico em todas as crianças da mesma 
idade, ele é uma realidade de fato, esteio e intérprete da 
imagem do corpo. Graças a ele, o corpo atual fica referido 
no espaço à experiência imediata. Ele é inconsciente, pré-
consciente e consciente. (LEDOUX, 1991, p. 85)
O esquema corporal pode ser compreendido como uma estrutura 
do cérebro, sendo ela neuro-sensorial e possui a responsabilidade de 
outorgar à pessoa o conhecimento de forma gradativa das funções e 
partes do corpo, por meio da relação da pessoa com o mundo e com 
outro indivíduo e de uma sucessão temporal. Em resumo, podemos ditar 
o que esquema corporal possui em uma ligação com as sensações.
IMPORTANTE:
O esquema corporal possibilita que o indivíduo compreenda 
totalmente si mesmo e informa a recepção das sensações. 
Ele faz com que o indivíduo se relacione com os objetos, 
espaços e pessoas que o circulam.
Figura 3 – Sensações
Fonte: Freepik
Psicomotricidade
16
Tem-se que o esquema corporal constitui a representação criada 
pelo indivíduo do seu próprio corpo. Conforme a criança vai crescendo, 
havendo o seu desenvolvimento psicomotor, há a construção do esquema 
corporal. É nessa construção que a criança começa a tomar consciência 
do seu corpo como um todo e, em virtude disso, ela começa a nomear e 
indicar as partes do seu corpo.
Le camus (1986) traz a explicação de Wallon sobre essa temática.
O esquema corporal não é “um dado inicial, nem uma 
entidade biológica ou psíquica”, mas uma construção 
... Estudar a gênese do esquema corporal na criança é 
indagar-se como a criança chega “à representação mais 
ou menos global, específica e diferenciada de seu corpo 
próprio” ... Esta aquisição é importante. “É um elemento 
básico indispensável à construção da personalidade da 
criança ... É o resultado e a condição de legítimas relações 
entre o indivíduo e o seu meio”. (LE CAMUS, 1986, p.37)
Antes da criança construir o seu corpo, ela necessita que outra 
pessoa o nomeei, para que ele comece a se construir como um sujeito e 
o seu corpo possa assumir um símbolo. 
SAIBA MAIS:
Assista ao vídeo Especial Psicomotricidade: Esquema 
Corporal. Esse vídeo aborda os conceitosdo esquema 
corporal e o relaciona com a idade do indivíduo. Para 
acessar, clique aqui.
Compreendendo o esquema corporal, devemos então nos deter 
sobre a imagem corporal.
A definição de imagem corporal é exposta por Ledoux (1991, p. 84-85)
A imagem inconsciente do corpo não é o corpo fantasiado, 
mas um lugar inconsciente de emissão e recepção das 
emoções, inicialmente focalizado nas zonas erógenas 
de prazer. Ela se tece em torno do prazer e do desprazer 
de algumas zonas erógenas. ... trata-se de uma memória 
inconsciente da vivência relacional, de uma encarnação do 
Eu em crescimento. ... a imagem do corpo, individual, está 
Psicomotricidade
https://www.youtube.com/watch?v=QWPyjlRW4Vs
17
ligada à história pessoal, a uma relação libidinal marcada 
por sensações erógenas eletivas. Com vestígio estrutural 
da história emocional, e não como prolongamento psíquico 
do esquema corporal, ela se molda como elaboração das 
emoções precoces com os pais tutelares. (LEDOUX, 1991, 
p. 84-85)
No esquema corporal nós mentalizamos o nosso corpo, 
possibilitando uma comparação de peso, altura e idade. Na imagem 
do corpo isso não acontece, pois ela não trata de uma mentalização, 
mas sim do invisível, do inconsciente. É possível dispor que a imagem 
do corpo possui uma ligação com a história de vida do indivíduo, sendo 
estabelecida por meio das sensações de desprazer e prazer constantes 
da relação do indivíduo com outro, ocorrendo principalmente na infância 
com a relação dos pais com os filhos.
Figura 4 – Primeira infância 
Fonte: Freepik 
A imagem corporal corresponde a um elemento que é 
primordialmente dialético, tendo em vista que é formado entre o desejo 
próprio e o desejo do outro, repercutindo de forma direta nas formas de 
ser da pessoa consigo mesma, com o mundo e com o outro.
Psicomotricidade
18
IMPORTANTE:
A imagem corporal diz respeito à consciência corpórea 
que o indivíduo possui do si mesmo. A imagem corporal 
é constituída por diferentes fatores, entre eles considera-
se aquilo que o indivíduo acredita, como ele se sente em 
relação ao próprio corpo.
Ainda, é sustentado por Ledoux (1991) que existe uma relação de 
forma estreita entre a imagem corporal e o esquema corporal.
A comunicação sensorial (emocional) e a fala do outro 
aparecem como dois substratos dessa imagem do corpo. 
A simples experiência sensorial (corpo a corpo), sem um 
mediador humano, só instrui o esquema corporal e não 
estrutura a imagem do corpo [...] viver num esquema 
corporal, sem imagem do corpo, equivale ao ‘viver mudo’, 
solitário. (LEDOUX, 1991, p. 89)
É possível enxergar a imagem e o esquema corporal como uma 
relação humana, onde a linguagem e o corpo constituem elementos que 
fundam as relações e a estrutura do indivíduo.
RESUMINDO:
Estudamos nesse capítulo que o corpo constitui inúmeros 
conceitos e que a psicomotricidade teve como surgimento o 
momento em que o corpo deixou de ser concebido apenas 
como carne. Vimos que o corpo está em manutenção e que 
ele começou a ser compreendido como um inconsciente, 
sendo responsável por expressar emoções e diversos 
significados. É importante considerar que a mente e o corpo 
devem ser compreendidas de forma única, para entender 
o comportamento do ser humano. Em seguida estudamos 
o esquema corporal e a imagem corporal, assimilando que 
o esquema corporal corresponde a um elemento que tem 
ligação com as sensações, já a imagem corporal é formada 
pelo desejo próprio e o desejo do outro, repercutindo de 
forma direta nas formas de ser da pessoa consigo mesmo, 
com o mundo e com o outro.
Psicomotricidade
19
Contribuições da fisioterapia, medicina e 
psicologia para a psicomotricidade
OBJETIVO:
Vemos a psicomotricidade como uma área independente, 
possuindo os seus conceitos e os seus preceitos. Mas ela 
possui contribuições de outras áreas e muitas vezes trabalha 
em conjunto com elas. Nesses termos, é importante 
compreender essa ligação e contribuição com as demais 
áreas. Vamos juntos compreender em que consistem essas 
contribuições? Vamos lá!
O termo Psicomotricidade inicialmente surgiu ligado ao discurso 
médico, no final do séc. XIX, especificamente ao lado neurológico. 
Foram realizados estudos e a partir deste período e início do século 
XX por neuropsiquiatras e neurofisiologistas franceses, tendo como 
foco as doenças corticais. A partir daí, surgiu a necessidade da área 
médica nomear as zonas do córtex cerebrais situadas além das regiões 
propriamente motoras.
Em 1925, Henri Wallon, médico e psiquiatra francês, começou a 
trabalhar com o movimento do corpo humano com intencionalidade. 
VOCÊ SABIA?
Henri Paul Hyacinthe Wallon foi um filósofo, médico, 
psicólogo e político francês. Ele foi o primeiro a relacionar 
a afetividade com o desenvolvimento da inteligência. Henri 
Wallon inovou ao colocar a afetividade como um dos 
aspectos centrais do desenvolvimento.
A partir da década de 1930, segundo Levin (2003, p. 26), Eduard 
Guilmain, que estava influenciado por Wallon, propôs um novo método de 
trabalho utilizando várias técnicas provenientes da Neuropsiquiatria infantil 
e um conjunto de exercícios, como: exercícios para reeducar a atividade 
Psicomotricidade
20
tônica, exercícios de mímica, de atitudes e de equilíbrio, a atividade 
de relação e o controle motor (exercícios rítmicos, de coordenação e 
habilidade motora, e exercícios que tendem a diminuir sincinesias). Os 
exercícios pretendiam uma reeducação motora para ajudar crianças 
portadoras de déficit em seu funcionamento motor. 
Figura 5 – A Psicomotricidade e o corpo humano
Fonte: Freepik
Observando esse contexto teórico, podemos compreender as 
contribuições das diferentes áreas para a psicomotricidade.
Contribuições da fisioterapia
Primeiramente, cabe a indagação: o que vem a ser a fisioterapia?
De acordo com Coffito (1987) a fisioterapia é uma
Ciência aplicada, cujo objetivo de estudo é o movimento 
humano em todas as suas formas de expressão e 
Psicomotricidade
21
potencialidades, quer nas suas alterações patológicas, 
quer nas suas repercussões psíquicas e orgânicas, com 
objetivos de preservar, manter, desenvolver ou restaurar a 
integridade de um órgão ou sistema. (COFFITO, 1987)
Compreendendo o que vem a ser a fisioterapia, podemos então 
reforçar que a psicomotricidade possui relação com três fatores:
 • Motricidade.
 • Afetividade.
 • Mente.
Ela se relaciona com esses fatores devido ao fato de acreditar que 
o desenvolvimento motor das pessoas possui relação com esses fatores.
Assim, a psicomotricidade surge como uma forma de auxiliar a 
fisioterapia, tendo em vista que a sua finalidade é de aumentar a interação 
do indivíduo com o meio em que vive por meio da atividade corporal e 
sua expressão simbólica. Como a fisioterapia visa melhorar a vida das 
pessoas e tratar das dificuldades, ela possui uma ligação direta com a 
psicomotricidade que previne e trata as dificuldades visando explorar o 
potencial de cada indivíduo.
IMPORTANTE:
A psicomotricidade e a fisioterapia trabalham muitas vezes 
em conjunto, tendo em vista que ambas buscam cuidar do 
corpo e do movimento do indivíduo.
A psicomotricidade aliada à fisioterapia permite que haja 
uma manutenção das capacidades funcionais, um melhoramento e 
aprimoramento do conhecimento de si mesmo e uma eficácia das ações, 
principalmente das atividades do dia a dia.
Deste modo, a psicomotricidade em conjunto com a fisioterapia 
busca a facilitação da afetividade, da mente e da motricidade, tendo em 
vista que acredita que há a ligação direta entre o desenvolvimento motor 
normal e a afetividade, mente e motricidade. 
Psicomotricidade
22
Mas quais são as atividades de psicomotricidade que são aplicadas 
pelo fisioterapeuta?
Como exemplo de atividades de psicomotricidade que são 
aplicadas pelo fisioterapeuta podemos citar:
1. Jogo de amarelinha – por meio desse jogo é possível que seja 
desenvolvido o equilíbrioe a coordenação motora.
Figura 6 – Jogo de amarelinha
Fonte: Freepik
2. Pular corda – atividade que tem como finalidade trabalhar a 
orientação de espaço e tempo, como também a identidade 
corporal e o equilíbrio.
Psicomotricidade
23
Figura 7 – Pular corda
Fonte: freepik 
Contribuições da medicina
Inicialmente podemos apontar que o próprio nome psicomotricidade 
veio da medicina, de forma específica pelo neurológico, tendo em vista 
que após o século XIX foi possível realizar a nomeação das partes da zona 
do córtex que encontra-se nas regiões motoras.
Silva e Borges (2008) estabelecem que no ano de 1870, médicos 
neurologistas e em seguida psiquiatras, começaram a estudar as 
estruturas do cérebro com a finalidade de encontrar algum fenômeno 
clinico que conceituasse a palavra psicomotricidade.
Os mesmos atores afirmam que Ernest Dupré foi o introdutor 
da psicomotricidade no contexto científico, inserindo esse termo ao 
desenvolver os seus estudos sobre a debilidade motora nos débeis 
mentais, que têm como característica a presença de paratonias, sincinesias 
e inabilidades, fazendo um rompimento entre a síndrome e a perturbação 
motora. 
Assim, inicialmente a psicomotricidade ficou sendo considerado 
como uma prerrogativa da medicina neurológica, sendo considerado por 
Fonseca (2010) que
Psicomotricidade
24
A mente humana não pode ser independente do corpo e 
do cérebro, sendo impossível separar o mental do neuronal 
e o psíquico do motor. Isso nos faz compreender que o 
desenvolvimento pessoal e social em um indivíduo normal 
ou portador de disfunções psicomotoras, é o resultado 
da integração e interação entre o corpo e o cérebro e 
os diversos ecossistemas que compreendem o contexto 
sócio histórico onde ele se insere. (FONSECA, 2010, p.76)
Foi compreendendo a importância da psicomotricidade que 
ela deixou o seu caráter meramente neurológico, passando a tomar 
proporções mais relevantes, sendo um elemento de pesquisa para a 
educação, a reabilitação e a reeducação, não se limitando apenas ao fator 
anatômico, biológico e fisiológico. 
Figura 8- Psicomotricidade como reabilitação
Fonte: Freepik
Deste modo, a medicina contribuiu para a estruturação da 
psicomotricidade, do seu estudo e dela ser o que é hoje, um elemento 
que possui ligação com as funções cerebrais, motoras e servindo como 
meio de reabilitação, educação e reeducação.
Psicomotricidade
25
Contribuições da psicologia 
A Psicomotricidade recebe influência da psicologia das comunicações 
não verbais e da etnologia infantil, aonde são consideradas as mímicas, os 
gestos e as posturas, como formas de expressão humana. 
Nesta vertente, o corpo é compreendido como um corpo que fala, 
que possui significados. De acordo com Le Camus (1986) 
Foi por meio de linguagem que o corpo interessou aos 
psicomotricistas: um corpo que sabe falar utilizando 
a linguagem anterior à linguagem, uma linguagem 
constituída de significantes mudos. (LE CAMUS,1986, p. 61)
No final do século XIX, Sigmund Freud (criador da teoria psicanalítica) 
investigava os enigmas do psiquismo que brotavam na fala de seus 
pacientes, e sua teoria foi elaborada para a compreensão desses enigmas. 
Freud escutava seus pacientes e buscava, por meio da fala dos mesmos, 
analisar e tratar o corpo como o lócus da manifestação consciente 
ou inconsciente dos sentimentos, desejos e da falta de controle dos 
pensamentos humanos. 
Figura 9 – Sigmund Freud
Fonte: Wikimedia commons
Psicomotricidade
26
IMPORTANTE:
Psicanálise é o nome de um método de investigação 
dos processos psíquicos e de um método de tratamento 
dos distúrbios neuróticos que se fundamenta nessa 
investigação.
No ano de 1925, o psicólogo Henri Wallon ofereceu grandes 
contribuições para a psicomotricidade, isso aconteceu em decorrência da 
sua análise sobre os transtornos e estágios do desenvolvimento mental e 
motor da criança. Wallon elenca em seus estudos que existe uma diferença 
que permite que se faça uma relação entre o movimento e o afeto, ao meio 
ambiente, à emoção e aos hábitos do indivíduo (WALLON, 1978).
Wallon (1978) aponta que o movimento corresponde à única 
maneira de expressão e ao primeiro instrumento do psiquismo.
IMPORTANTE:
Wallon foi considerado o principal responsável por ter 
nascido o movimento de reeducação psicomotora.
Tendo em vista as perspectivas estabelecidas por Wallon, Eduard 
Guilmain, em 1935, visando estabelecer um diagnóstico, desenvolveu 
um exame psicomotor de prognóstico e de indicação da terapêutica 
psicomotora. 
Na década de 70 a psicologia trabalhou em conjunto com a 
psicomotricidade, onde foi visto que a psicomotricidade era uma maneira 
de ajudar as crianças que possuíam dificuldade de adaptação no ambiente 
escolar. Nessa perspectiva, a motricidade ficou sendo vista como uma 
relação, começando a existir uma diferenciação entre postura terapêutica 
e reeducativa, sendo concedida uma maior importância à afetividade, à 
relação e ao emocional (VALETIM, p. 29, 2004).
Deste modo, Levin (2007, p. 29) diz que 
Psicomotricidade
27
A passagem da terapia à clínica psicomotora implica 
ocupar-se do sujeito e não mais da pessoa; ocupar-
se da transferência e não mais da empatia; ocupar-se 
da vertente simbólica e não da expressiva [...] a clínica 
psicomotora é aquela no qual o eixo é a transferência e, 
nela, o corpo real, imaginário e simbólico é dado a ver o 
olhar do psicomotricista. (LEVIN, 2007, p. 29)
Deste modo, a psicologia causou fortes influências na 
psicomotricidade e na forma de compreende-la, mas, ao contrário 
do que as pessoas pensam a palavra psicomotricidade não advém da 
psicologia + motricidade. A psicomotricidade é uma disciplina única que 
teve contribuições de outras áreas em virtude dos seus estudos.
Importante ainda ser ressaltado que a psicomotricidade possui 
relação com o corpo, assim, encontra-se interligada com a fisioterapia 
que cuida do corpo, já a psicologia possui uma relação com a mente.
RESUMINDO:
Nesse capítulo nos dedicamos a estudar as contribuições da 
fisioterapia, medicina e psicologia para a psicomotricidade. 
Desse modo, vimos a importância de Henri Wallon para 
psicomotricidade e uma introdução histórica dessa área. 
Em seguida, começamos estudando as contribuições da 
fisioterapia, compreendendo primeiramente o que vem a 
ser a fisioterapia, para então, poder ver que ela possui uma 
ligação estrita com a psicomotricidade em virtude das duas 
cuidarem do corpo e do movimento do ser humano. Vimos 
então as contribuições da medicina e podemos ver que foi 
em virtude dela que surgiu a figura da psicomotricidade 
através dos estudos da zona córtex das regiões motoras e 
foi visto que ela pode ser utilizada para reabilitação. Por fim, 
nos detemos nas contribuições da psicologia, estudando 
que as pessoas mais a associam à psicomotricidade, mas 
as duas se diferenciam, pois a psicologia cuida da mente 
e a psicomotricidade se detém ao estudo do corpo e da 
reabilitação. 
Psicomotricidade
28
O Pensamento clínico nas atividades em 
psicomotricidade
OBJETIVO:
Compreendendo o que vem a ser a psicomotricidade e 
todas as influências que ela possui, é necessário voltar o 
olhar para a compreensão dos pensamentos clínicos nas 
atividades dessa área, visando entender as atividades 
ligadas a ela. Vamos lá!
Introdução
Após as contribuições da Psicanálise passarem a integrar os 
interesses teóricos e metodológicos da psicomotricidade, em 1977, Samí 
Ali lançou uma proposta para articulações entre as teorias psicanalíticas 
e a psicomotricidade. Deste modo, a Psicomotricidade incorporou em 
suas construções teóricas vários conceitos psicanalíticos, tais como 
inconsciente, transferência, imagem corporal, sublimação e outros, 
formando um esboço de uma teoria psicanalítica de Psicomotricidade.
Nesta época a Psicomotricidade ganhou uma nova definição e 
passou a ser: “uma motricidade em relação”, que é, no pensamentode 
Levin (1995, p.27), onde se opera uma passagem no enfoque do olhar do 
psicomotricista, não mais voltado ao plano motor, mas direcionado a um 
corpo em movimento. Sendo assim, não se trata mais de uma reeducação, 
mas de uma terapia psicomotora, que se ocupa, observa e opera num 
corpo em movimento que se desloca e que constrói a realidade, à medida 
que se emociona e cuja emoção manifesta-se tonicamente. Sendo essa 
uma atividade de terapia passou-se a tratar também como clínica a 
atividade de Psicomotricidade.
Naquele momento, o novo enfoque dado à relação, à afetividade 
e ao momento possibilita uma reformulação na prática psicomotora: 
abandonam-se as técnicas reeducativas, abrindo-se espaço para a 
terapia psicomotora.
Psicomotricidade
29
Figura 10 – Terapia psicomotora
Fonte: Freepik
Deste modo, Fonseca (2004) elenca que a psicomotricidade tem 
por objetivo:
 • Fazer uma mobilização e reorganização das funções psíquicas 
relacionais e emocionais do ser humano em todo o seu processo 
de vida, desde o nascimento até a velhice.
 • Realizar um aperfeiçoamento do ato mental e da conduta 
consciente onde acontece a elaboração e a execução do ato 
motor.
 • Fazer com que as sensações e as percepções sejam elevadas a 
níveis de conscientização, conceitualização e simbolização.
 • Fazer com que haja uma harmonização e maximização do potencial 
motor, cognitivo e afetivo-relacional, isto é, o desenvolvimento 
global da personalidade, a modificação da estrutura do 
processamento de informação do ser humano e a capacidade de 
adaptação social.
 • Fazer com que o corpo seja um resumo da personalidade do 
indivíduo, havendo uma reformulação da harmonia e do equilíbrio 
das relações entre a esfera da harmonia e do psíquico e o 
equilíbrio do motor, através da qual a consciência, se manifesta e 
se altera com o objetivo de realização a promoção da adaptação 
a situações novas.
Psicomotricidade
30
Intervenção clinica 
A clínica psicomotora tem seu olhar voltado para o sujeito, o que 
ocasiona a diferenciação do corpo real, do simbólico e do imaginário. A 
clínica psicomotora inclui no campo psicomotor o inconsciente, sendo 
elencado por Levin (2003) que a ocupação da clínica psicomotora é com o 
Sujeito e não mais da pessoa, da transferência e não da 
empatia, do vínculo ou da comunicação corporal; ocupar-
nos da vertente simbólica e não da expressiva, ou seja, 
implica que nos detenhamos na estrutura dos transtornos 
psicomotores e não apenas em seus signos. (LEVIN, 
2003, p.42)
A psicomotricidade encara as funções motoras e psíquicas de 
maneira independente, na proporção em que a motricidade e o psiquismo 
se inter-relacionam de forma reciproca.
Considerando pelo viés terapêutico é recorrido pela psicomotricidade 
a mediação corporal, tentando intervir em situações que possuem 
ligação com os problemas do desenvolvimento, do comportamento, da 
maturação, do âmbito sócio afetivo e de aprendizagem. 
Então, como saber se é necessária a intervenção clínica da 
Psicomotricidade?
A operação clínica no campo psicomotor (refere-nos 
especificamente à leitura, ao olhar, à intervenção, à 
‘corporificação’, à interpretação e à observação). É efeito 
dessa rede transferencial, que se transforma em um dos 
eixos centrais do tratamento, já que o corpo adquire sua 
consistência em relação ao simbólico, à lei (à proibição), 
que introduz a castração no corpo e com ela a ânsia por 
onde emerge o desejo. (LEVIN, 2003, p. 16)
As principais indicações para o atendimento psicomotor são: 
 • Desatenção/pouca concentração em atividades (escolares)/
hiperatividade.
 • Atraso no desenvolvimento psicomotor.
 • Postura inadequada.
Psicomotricidade
31
 • Controle inadequado da força (inclusive do lápis sobre o papel, 
ocasionando fadiga durante as atividades escolares).
 • Dominância lateral indefinida (destro ou canhoto).
 • Perturbação de hiperatividade e déficit de atenção.
 • Problemas na regulação do tónus muscular.
 • Dificuldades intelectuais e desenvolvimentais.
 • Noção inadequada de direção, de distância e de tempo (na 
sucessão dos acontecimentos e na duração dos intervalos, 
inclusive da escrita).
 • Posicionamento inadequado do lápis para a escrita.
 • Dificuldade de realizar letra cursiva. 
 • Perturbação do espetro do autismo.
 • Dificuldade para realizar a comunicação não verbal.
 • Alteração na imagem e no esquema corporal.
 • Problemas na grafomotricidade.
Para saber se o indivíduo possui problemas psicomotores, é 
necessário realizar testes e avaliações que verifiquem aspectos, como:
Qualidade tônica (rigidez ou relaxamento muscular).
Qualidade gestual (dissociação manual e dos membros superiores 
e inferiores.
 • Agilidade.
 • Equilíbrio.
 • Coordenação.
 • Lateralidade.
 • Organização têmporo-espacial.
 • Grafomotricidade.
Psicomotricidade
32
Essas avaliações irão demonstrar se o indivíduo, guardadas as 
devidas características do desenvolvimento individual, possui atrasos 
no desenvolvimento motor, perturbações de equilíbrio, coordenação, 
lateralidade, sensibilidade, esquema corporal, estrutura e orientação 
espacial, grafismo, afetividade etc.
Esses problemas podem ser identificados em menor ou maior grau 
e são decorrentes de causas variadas como, por exemplo:
 • Debilidade intelectual.
 • Problemática emocional.
 • Retardos de maturação.
 • Desarmonias tônico-motoras.
Os distúrbios motores e psicoafetivos estão interligados e 
influenciam uns aos outros podendo manifestar-se em conjunto. 
Deste modo, a Psicomotricidade deve levar em conta o ser humano 
como um todo observando se o problema diagnosticado provém da 
parte física ou psíquica. Justamente por isso, um dos fatores advindos 
do pensamento clínico na Psicomotricidade é a necessidade de 
diagnosticar antes de tratar. 
Desse modo, o processo terapêutico psicomotor é composto 
de anamnese (entrevista), avaliação do paciente (com testes e 
instrumentos específicos) e período de tratamento (terapia). Durante 
o tratamento são utilizados materiais específicos para desenvolver 
habilidades e superar dificuldades de atenção, concentração, escrita, 
coordenação motora e outras.
IMPORTANTE:
Traçar um diagnóstico não é tarefa fácil, devido à 
complexidade do ser humano. Com relação ao tratamento, 
ele varia de criança para criança, dependendo da patologia 
que elas apresentam.
Psicomotricidade
33
O psicomotricista deve ter um bom nível de conhecimento 
teórico para trabalhar com seus pacientes. Uma 
compreensão que lhe permita diagnosticar e acompanhar 
o sujeito e seus sintomas, mas deve, sobretudo, vivenciar 
as técnicas que vai praticar e formar-se do ponto de 
vista pessoal para poder lidar com o sofrimento do 
outro. O psicomotricista em formação deverá passar pela 
experiência de jogar seu próprio jogo psicomotor para, 
então, poder aprender a decodificar as suas estratégias 
relacionais e, a partir daí, compreender as da criança que 
vai atender em sua prática clínica. (CABRAL, 2008, p.77)
 Assim, o terapeuta pode auxiliar as pessoas que dele necessitarem 
na procura por seu potencial evolutivo, por meio de um desenvolvimento 
no decorrer das sessões. 
O ato de brincar é muito importante para a constituição 
subjetiva do sujeito graças ao seu caráter simbólico 
que o impulsiona rumo à subjetividade. O brincar na 
Psicomotricidade Relacional remete o sujeito numa 
determinada direção da cura, pois possibilita que a criança 
e o adolescente alcancem o saber sobre o seu corpo e sua 
representação simbólica. O corpo é um mistério. Ele não é 
só fisiologia, ele é desejo. (GUERRA, 2008, p. 127)
É essencial que o terapeuta disponha de uma disponibilidade 
corporal, para que haja uma construção de vínculo entre ele e o paciente, 
tendo em vista que na transferência entre o terapeuta e o paciente há uma 
carga afetiva, que, no decorrer das sessões, deve ser direcionada para os 
objetivos e,em seguida, para o mundo exterior.
Mas o que vem a ser essa carga afetiva?
Essa carga afetiva possui ligação direta com o prazer corporal e 
constitui em um princípio fundamental na intervenção, possibilitando que 
hajam diferentes expressões do indivíduo, entre eles, a linguagem.
Na clínica psicomotora, o olhar não pode ser reduzido a 
uma simples visão-percepção ou à exploração visual talvez 
analisada como um conjunto de processos cognitivos, 
mas antes como o meio fundamental e necessário ao 
estabelecimento de uma ligação corporal, premissa das 
primeiras relações sociais. (BOSCAINI, 2012, p. 142)
Psicomotricidade
34
Outro fator importante na clínica psicomotricial é o ato de escutar 
que vai além de simplesmente ouvir. Essa escuta engloba todos os 
sentidos, necessitando que seja sentido, visto e percebido o que se 
fala. Assim, nas sessões, são disponibilizados materiais visando aguçar a 
criatividade do paciente.
Figura 11 – Materiais que aguçam a criatividade do paciente em terapia psicomotricial 
Fonte: Freepik
Esses materiais são disponibilizados para que o terapeuta possa 
identificar mais facilmente os sentimentos do paciente.
[...] encontrar um equilíbrio entre o corpo e a simbologia 
do material, porque apesar do material, a criança tem 
que chegar ao corpo do adulto. Nesse encontro é muito 
importante a modulação tônica: brincar com o tônus, com 
a agressividade, com a afetividade e com os contrastes. O 
outro pode ser alcançado com a mesma forma tônica, mas 
consciente de que o tônus ajudará a encontrar o equilíbrio. 
Portanto, o corpo do psicomotricista desempenha um 
papel essencial na interação com a criança, pois as 
diferentes partes, bem como as posições que adota, 
representam uma ferramenta que é objeto de análise 
para facilitar uma intervenção mais ajustada. (LLINARES, 
RODRÍGUEZ E LESME, 2019, p. 78)
Psicomotricidade
35
Assim, o terapeuta busca, de todas as formas possíveis decodificar 
os movimentos e as palavras do paciente. É por meio do corpo que 
é possível identificar os reais problemas do paciente na sessão de 
psicomotricidade. 
RESUMINDO:
Vimos nesse capítulo que a psicomotricidade engloba 
em sua área diferentes conceitos psicanalíticos, e em 
seguida, podemos compreender as principais indicações 
do atendimento psicomotor. Ainda, podemos estudar como 
se identifica que o indivíduo possui problema psicomotores 
e as suas causas. Podendo então observar que traçar um 
diagnóstico não é fácil, devendo ser levado em consideração 
diferentes fatores e, para que se possa compreender 
melhor como o paciente está, na sessão, são utilizados 
brinquedos que estimule que ele fale e demonstre a partir 
dos seus movimentos os seus problemas. Deste modo, o 
foco do terapeuta deve ser no ouvir, mas não só no ouvir as 
palavras, mas ouvir o corpo, ouvir os movimentos.
Psicomotricidade
36
A maturação e as implicações neurológicas 
para a motricidade humana
OBJETIVO:
Trabalharemos nesse capítulo a maturação da motricidade 
humana a suas implicações neurológicas. É de suma 
importância compreender esse assunto, pois é devido 
a fatores neurológicos que há a necessidade de terapia 
psicomotricista. Vamos lá?
Segundo Fonseca (1988), a Psicomotricidade é apresentada como 
uma ciência que pretende transformar o corpo em um instrumento de 
relação e expressão com o outro, por meio do movimento dirigido ao 
ser em sua totalidade, em seus aspectos motores, emocionais, afetivos, 
intelectuais e sociais. Além disso, a Psicomotricidade considera o ser 
humano como único que vive em evolução e é especialmente um ser 
que interage com movimentos corporais.
O processo de crescimento, maturação e desenvolvimento humano 
interfere diretamente nas relações afetivas, sociais e motoras dos jovens. 
Desse modo, é necessário adequar os estímulos ambientais em função 
desses fatores. Primeiro, é necessário esclarecer que o crescimento inclui 
aspectos biológicos, relacionados com a hipertrofia e a hiperplasia celular, 
enquanto a maturação pode ser definida como um fenômeno biológico, 
relacionando-se com o amadurecimento das funções de diferentes 
órgãos e sistemas.
Quando a maturação não ocorre de forma correta, o indivíduo pode 
apresentar dificuldade de aprendizado. Tais atrasos devem ser objeto de 
atenção dos psicomotricistas e profissionais que trabalham com avaliação 
e terapias psicopedagógicas. A interação entre as crianças principalmente 
com a família e na escola influi na importância, duração e, mesmo, no 
próprio surgimento da dificuldade de aprendizagem.
Psicomotricidade
37
EXEMPLO: 
O fato da criança dominar o gesto gráfico, do qual depende a escrita, 
tem total relação com o desenvolvimento psicomotor. 
Com os tratamentos psicomotores e psicopedagógicos adequados, é 
possível reverter um quadro de grau inicial de dificuldade de aprendizagem. 
É importante que os profissionais que trabalham com a avaliação, 
diagnóstico e tratamento desses aspectos cognitivos tenham total atenção 
ao estágio evolutivo no qual o processo de aprendizagem da criança está 
situado. 
ACESSE:
Para saber mais sobre as implicações da motricidade no 
aspecto da aprendizagem, acesse o artigo Motricidade 
e aprendizagem: algumas implicações para a educação 
escolar disponível clicando aqui. 
Figura 12 – Crescimento humano
Fonte: Freepik 
Psicomotricidade
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542010000200005
38
Já o crescimento pode ser definido como a relação entre 
essas características biológicas do indivíduo, como o crescimento 
e a maturação, e o meio ambiente no qual o indivíduo vive. Tanto o 
crescimento, a maturação e o desenvolvimento dos seres humanos são 
processos que ocorrem durante toda a vida e são inter-relacionados. 
Assim, o desenvolvimento motor não pode ser classificado como somente 
biológico ou ambiental. Faz-se necessário que haja uma relação dessas 
abordagens como os fatores socioculturais. 
NOTA:
O crescimento tem relação com fatores biológicos, mas, 
de acordo com o Ministério da Saúde, em crianças de até 
cinco anos, a influência também de fatores ambientais é 
muito mais importante do que fatores genéticos.
Crescimento, maturação e desenvolvimento do nascimento aos 
três anos de idade
Observamos que, desde que o indivíduo nasce, ocorre uma 
complexa relação entre ele e o ambiente que o cerca. As funções, tais 
como visão, paladar, audição e tato, já estarão bem formadas, assim como 
as estruturas neurológicas, o que irá permitir a interação do indivíduo com 
o meio no qual ele vive. Desde o nascimento, os bebês já começam a 
formar as primeiras impressões e afetividades com o ambiente no qual 
vive, as quais serão de suma importância em seu desenvolvimento futuro.
A atividade motora do recém-nascido é bem ativa, mas desordenada 
e sem finalidade objetiva, movimentando de modo assimétrico tanto os 
membros superiores como os inferiores (pedalagem). Alguns reflexos 
são próprios desta idade e ocorrem em praticamente todos os bebês, 
sendo inibidos nos meses subsequentes devido principalmente ao 
amadurecimento do cerebelo e do córtex frontal, iniciando-se assim o 
surgimento de movimentos voluntários e melhor organizados, como 
a locomoção, manipulação de objetos e controle postural. Por isso, é 
fundamental que o bebê seja exposto a estímulos motores adequados ao 
seu nível de desenvolvimento.
Psicomotricidade
39
Por outro lado, a falta de estímulos adequados nesta fase da 
vida pode acarretar no comprometimento deste indivíduo futuramente. 
Algumas anormalidades podem ser detectadas logo cedo e, muitas 
vezes, são a causa de dificuldades no desenvolvimento psicomotor.
EXEMPLO: 
O nanismo, por exemplo, é um termo usado para situações de baixa 
estatura grave. Manifesta-se principalmente a partir dos dois anos 
de idade, impedindo o crescimento e desenvolvimento durante 
a infância e adolescência. Pode ser causado pordeficiência de 
hormônio de crescimento (chamado de nanismo hipofisário) ou por 
doenças ósseas congênitas.
Crescimento, maturação e desenvolvimento dos três aos cinco 
anos de idade
Entre os três e os cinco anos de idade, os sistemas sensoriais devem 
continuar a ser estimulados por meio de experiências que proporcionem à 
criança diferentes modos de integração sensório-motora. As habilidades 
motoras indispensáveis obtidas na etapa anterior são cada vez mais 
refinadas, possibilitando a execução de movimentos de complexidade 
crescente.
A coordenação motora deve ser desenvolvida de modo integrado 
com o processamento cognitivo, em situações que exijam certo grau de 
percepção e decisão referente à solução motora adequada, obviamente, 
condizente com a capacidade individual da criança. Durante esta fase o 
ganho de peso e o crescimento mantêm-se estáveis. 
Nesta fase as atividades psicomotoras devem estar focadas em 
proporcionar maior ênfase em aspectos coordenativos e cognitivos 
(tomada de decisão), ao invés da preocupação com o treinamento de 
capacidades como força e resistência. 
Psicomotricidade
40
VOCÊ SABIA?
Você já ouviu falar na “dor do crescimento”? É uma 
sensação dolorosa recorrente, sem causa específica, 
que recebeu esse nome  por se manifestar em uma fase 
crucial do desenvolvimento físico – especialmente  entre 
três e oito anos. Os médicos acreditam que de 5% a 15% da 
população infantil enfrentem o problema pelo menos uma 
vez na vida. 
Crescimento, maturação e desenvolvimento dos cinco aos dez 
anos de idade
Dando continuidade aos nossos estudos, a fase em que ocorre 
uma enorme evolução na coordenação e controle motor, facilitando 
a aprendizagem de habilidades motoras cada vez mais complexas, é 
entre os cinco e dez anos de idade. Durante esse período, a criança tem 
condições de entender as regras do esporte e participar em programas 
estruturados de treinamento, sendo ainda aconselhável uma grande 
diversificação dos movimentos. A adoção de jogos reduzidos, com regras 
simples e voltadas para a realização de diversas habilidades, é bastante 
válida.
Nesta fase é visível o aumento relativamente constante da força, 
velocidade e resistência, especialmente quando ocorrem estímulos 
ambientais adequados. As habilidades motoras adquiridas na fase 
anterior possuem fundamental importância nas próximas fases de 
desenvolvimento do indivíduo. 
Psicomotricidade
41
Figura 13 – Crescimento dos 5 aos 10 anos
Fonte: Pixabay
Durante o crescimento e o desenvolvimento, as crianças adquirem 
muito rapidamente os comportamentos do ambiente ao qual estão 
expostas, ou seja, as crianças responderão aos estímulos motores se 
forem feitos de forma correta. Deste modo, desde que adequado às 
possibilidades da criança, é importante que sejam oferecidos estímulos 
para a evolução dessas capacidades, preferencialmente em situações 
que privilegiem o desenvolvimento da coordenação e a integração 
cognição-ação, como jogos de habilidades físicas e manuais nos quais a 
criança precise pensar e utilizar o corpo para completar as atividades. De 
acordo com Golomazov, 
Para aprender um movimento, é necessário que os sistemas 
sensoriais e o aparelho motor estejam bem desenvolvidos. 
Enquanto não ‘amadurecem’ é inútil e por vezes até nocivo, 
obrigar as crianças a aprender determinados movimentos. 
(GOLOMAZOV, 1996, p. 27) 
Assim, durante a avaliação e o atendimento psicomotor é importante 
respeitar a fase de formação na qual a criança está inserida, dando desafios 
e atividades relacionadas à capacidade de cada indivíduo. 
Psicomotricidade
42
Crescimento, maturação e desenvolvimento durante a puberdade
Durante a pré-adolescência (aproximadamente dos 11 aos 16 
anos de idade), ocorrem diversas alterações morfológicas e funcionais 
que interferem diretamente no envolvimento e na capacidade de 
desempenho esportivo psicomotor. A puberdade é um período dinâmico 
do desenvolvimento marcado por rápidas alterações no tamanho e na 
composição corporal. Um dos principais fenômenos da puberdade é o 
pico de crescimento em estatura, acompanhado da maturação biológica 
(amadurecimento) dos órgãos sexuais e das funções musculares 
(metabólicas), além de importantes alterações na composição corporal, 
as quais apresentam importantes diferenças entre os gêneros.
Figura 14 – A puberdade é o período de transição entre a infância e a vida adulta 
Fonte: Freepik 
Em termos de exercícios físicos não se deve aplicar carga máxima 
nos indivíduos na puberdade antes dos 17 anos, pois poderá ocasionar 
na sobrecarga de sua estrutura óssea. Com o avanço da puberdade e 
o aumento do hormônio testosterona a carga física suportada aumenta. 
Outro ponto importante para o desenvolvimento durante a puberdade é a 
adaptação que ocorre no Sistema Nervoso Central.
De acordo com Weineck (1991), “o desenvolvimento oportuno e 
específico da capacidade física da força nas diferentes faixas etárias, é 
decisivo, para a evolução posterior do desempenho, tomar cuidado com 
Psicomotricidade
43
as particularidades do organismo em crescimento. Isso se deve ao fato de 
que o sistema ósseo da criança e do adolescente é mais elástico devido 
a menores inclusões calcárias, mas, em compensação, resiste muito 
menos à pressão e à flexão, demonstrando, portanto, até a faixa de 17 a 
20 anos, quando a ossificação do sistema esquelético é concluída, uma 
capacidade de carga inferior à do adulto.”
I. Crescimento na puberdade
Podemos observar que nesta fase, a puberdade está relacionada 
ao aumento do tamanho do corpo, ocasionado pela multiplicação de 
células e pode ser mensurado pela medição de estatura, massa corporal, 
diâmetros e circunferências.
De acordo com Malina e Bouchard (2002), o crescimento é resultado 
de um complexo mecanismo celular que envolve basicamente três 
fenômenos diferentes: 
a. Hiperplasia – aumento do número de células a partir da divisão 
celular.
b. Hipertrofia – aumento do tamanho das células a partir de suas 
elevações funcionais, particularmente com relação às proteínas e 
seus substratos.
c. Agregação – aumento da capacidade das substâncias intercelulares 
de agrupar as células.
VOCÊ SABIA?
Durante a puberdade existem fases em que o crescimento 
se torna mais rápido, chamada de “salto de crescimento” 
que se refere ao aumento acelerado de peso e altura. 
Esse salto de crescimento ocorre geralmente aos 12 anos 
nas meninas e aos 14 anos nos meninos, podendo haver 
variações. Antes desse período, meninos e meninas não 
apresentam grandes variações de peso e altura entre eles. 
Psicomotricidade
44
A imagem a seguir apresenta um conjunto de fatores que podem 
influenciar o crescimento: fatores internos como a carga genética herdada 
dos pais, a raça e o sexo; e fatores externos, como o aporte nutricional e 
questões ambientais, como posição geográfica, clima etc.
Figura 15 – Fatores que podem influenciar o crescimento
Fonte: Elaborado pela autora com base em UNESP (2009).
IMPORTANTE:
A diferença de crescimento entre meninos e meninas acentua-
se durante a puberdade e é decorrente das mudanças 
hormonais, estando relacionados à estatura e peso. 
As mudanças do crescimento acarretam o alargamento dos 
quadris e dos ombros, tanto nas meninas como nos meninos, porém, em 
quantidade diferenciada. Essas alterações modificam a forma como os 
adolescentes se movimentam e como respondem aos estímulos motores 
a que são submetidos.
II. Desenvolvimento
O desenvolvimento na puberdade acarreta, além do crescimento, 
mudanças nos campos emocional, cognitivo, físico e comportamental. 
A ilustração a seguir apresenta a relação de interdependência do nível 
de desenvolvimento do indivíduo com os processos de crescimento, 
maturação e adaptação.
Psicomotricidade
45
Figura 16 – Componentes inter-relacionados do desenvolvimento humano
Fonte: Elaborado pela autora com base em UNESP (2009).
Apesar deo crescimento e o desenvolvimento do indivíduo 
seguirem padrões e taxas pré-determinadas, esses processos ocorrem 
de forma individualizados, ou seja, cada um terá crescimento e aumento 
de peso individualizados. 
Desse modo, o profissional que trabalha com psicomotricidade, deve 
dedicar um tempo para compreender o desenvolvimento individualizado 
de quem está sendo atendido bem, como focar primeiramente nas 
habilidades básicas como saltar, correr, pular, movimentos de braços e 
condições psicológicas do indivíduo.
SAIBA MAIS:
A Sociedade Brasileira de Pediatria em Parceria com o 
Departamento Científico de Endocrinologia disponibiliza um 
documento no qual é possível verificar se o crescimento da 
criança/adolescente está ocorrendo de forma correta. No 
documento são apresentadas fórmulas para cálculos de 
acordo com dados dos pais com parâmetros diferenciados 
para meninos e meninas. Para ler o documento, acesse 
clicando aqui.
Psicomotricidade
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2016/09/CrescimentoVe8.pdf
46
III. Maturação
De acordo com Malina (2002), a maturação “refere-se ao tempo e 
controle temporal do progresso pelo estado biológico maduro”, ou seja, 
a maturação diz respeito às mudanças qualitativas pelas quais o corpo 
do indivíduo passa para poder progredir para os mais altos níveis de 
funcionamento. Deste modo, Arruda diz que: 
Nesse sentido é revelada a existência de uma interação 
entre maturação, neste instante considerada o desabrochar 
das aptidões potencialmente presentes no indivíduo, 
e a aprendizagem, considerada como um processo 
proveniente da prática e do esforço do mesmo indivíduo. 
(ARRUDA, 2008)
ACESSE:
Você sabia que a atividade física e o desempenho obtido 
possui relação direta com a maturação do indivíduo? Para 
saber mais acesse o artigo aqui. 
As principais características da maturação durante a puberdade 
ocorrem por meio das modificações nos órgãos sexuais. No sexo feminino, 
dizem respeito ao desenvolvimento dos ovários, do útero e da vagina; no 
sexo masculino, refere-se ao desenvolvimento dos testículos, da próstata 
e da produção de esperma. Estudos apontam que os indivíduos nos quais 
a maturação ocorre mais precocemente provavelmente serão mais altos, 
mais pesados e terão maiores níveis de força e maior resistência muscular, 
se comparados com aqueles de maturação tardia.
Figura 17 – Durante a puberdade ocorre um rápido crescimento e maturação
Fonte: Pixabay
Psicomotricidade
http://www.scielo.br/pdf/rpp/v33n1/pt_0103-0582-rpp-33-01-00114.pdf
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Na ilustração a seguir podemos ver as etapas da maturação feminina 
e masculina durante a puberdade. 
RESUMINDO:
Agora você consegue definir o que é o desenvolvimento 
humano?
Para que seja possível compreender o que é o 
desenvolvimento humano, é necessário diferenciar as 
noções referentes ao crescimento e desenvolvimento:
O crescimento é o aumento do corpo, de ponto de vista 
físico. Ele pode ser aumento de estatura ou de peso. A 
unidade de medida dele vai ser o cm ou a grama. Os 
processos básicos dele – aumento de tamanho celular 
(chamado de hipertrofia) ou aumento do número das 
células (hiperplasia). 
A maturação é uma noção bem diferente sobre o 
crescimento. Nesse caso, trata-se de organização 
progressiva das estruturas morfológicas. Aqui entra – 
crescimento e diferenciação celular, especialização dos 
aparelhos e sistemas.
O desenvolvimento é um ponto de visto holístico, integrante 
dos processos do crescimento e maturação, mas que junta 
a isso o impacto e a aprendizagem sobre cada evento e, 
também, a integração psíquicos e sociais. 
O desenvolvimento psicossocial é de fato a integração 
do aspecto humano – o ser aprende a interagir e mover, 
respeitar as regras da sociedade, a rotina diária. Praticamente 
a criança vai seguir os passos que vão ter como finalidade a 
convivência com a sociedade cuja pertence.
Psicomotricidade
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REFERÊNCIAS
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Encontro Interdisciplinar: Dependência Química, Saúde e Responsabilidade 
Social. Educando e transformando através da educação física. Campinas, 
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COFFITO. Resolução nº80 de 9 de maio de 1987. Baixa Atos 
Complementares à Resolução COFFITO-8, relativa ao exercício profissional 
do FISIOTERAPEUTA e à Resolução COFFITO-37, relativa ao registro de 
empresas nos Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, 
e dá outras providências. D.O.U nº. 093 – de 21/05/87, Seção I, Págs. 7609 
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WEINECK, J. Biologia do esporte. Barueri: Manole, 1991.
Psicomotricidade
	Simbolização do corpo
	Corpo 
	Esquema corporal e imagem corporal 
	Contribuições da fisioterapia, medicina e psicologia para a psicomotricidade
	Contribuições da fisioterapia
	Contribuições da medicina
	Contribuições da psicologia 
	O Pensamento clínico nas atividades em psicomotricidade
	Introdução
	Intervenção clinica 
	A maturação e as implicações neurológicas para a motricidade humana

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