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Unidade II Psicomotricidade Clínica Psicomotricidade Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria VIVIANA GONDIM DE CARVALHO AUTORIA Viviana Gondim de Carvalho Sou doutoranda em Humanidades, Culturas e Artes, mestre em Letras e Ciências Humanas, pós-graduada em Psicopedagogia e Docência do Ensino Superior. Sou especialista em Informática Educativa e graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Autora de artigos e livros didáticos. Atuo na área Educacional, com ênfase em Educação a Distância, Psicopedagogia, Comunicação, Recursos Humanos e Neuroeducação. Atuei em grandes empresas Nacionais e Multinacionais consolidando a educação virtual, desenvolvendo materiais didáticos e preparando ambientes multimidiáticos. Coordenei Fábricas de Conteúdos, desenvolvendo produtos para Educação a Distância, como apostilas, games, simuladores, vídeos etc. Atualmente atuo na Educação a Distância e desenvolvo pesquisas sobre a utilização de tecnologia a fim de melhorar o desempenho dos alunos por meio das ferramentas tecnológicas. ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Simbolização do corpo ..............................................................................10 Corpo ...................................................................................................................................................... 10 Esquema corporal e imagem corporal .......................................................................... 14 Contribuições da fisioterapia, medicina e psicologia para a psicomotricidade .........................................................................................19 Contribuições da fisioterapia ................................................................................................. 20 Contribuições da medicina ......................................................................................................23 Contribuições da psicologia ..................................................................................................25 O Pensamento clínico nas atividades em psicomotricidade ... 28 Introdução .............................................................................................................................................28 Intervenção clinica ....................................................................................................................... 30 A maturação e as implicações neurológicas para a motricidade humana ............................................................................................................ 36 7 UNIDADE 02 Psicomotricidade 8 INTRODUÇÃO Você já observou como seu corpo se movimenta? A ciência que estuda o ser humano por meio do seu movimento nas diversas relações chama-se Psicomotricidade. O objeto de estudo dela é o corpo e a sua expressão dinâmica e tem três princípios básicos: movimento ou motricidade, intelectivo/cognição/pensamento e o afeto/emoção/ sentimento. A Psicomotricidade é baseada na concepção unificada da pessoa, ou seja, a inclusão das áreas cognitivas, sensório-motoras e psíquicas para que seja possível compreender todos os movimentos e interações dos seres humanos. Ela é constituída por uma gama de conhecimentos antropológicos, fisiológicos, psicológicos e inter- relacionais na qual o corpo é utilizado como mediador. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Psicomotricidade 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Reconhecer a imagem do corpo, tonicidade, movimento e comunicação corporal no contexto da psicomotricidade. 2. Identificar os elementos essenciais da psicomotricidade, à luz da medicina, fisioterapia e psicologia. 3. Analisar a coordenação motora a partir dos elementos psicomotores. 4. Aplicar o instrumental básico e as técnicas no exame psicomotor. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Psicomotricidade 10 Simbolização do corpo OBJETIVO: Para que se possa compreender sobre a psicomotricidade é importante compreender sobre o corpo e todas as suas funções na mente. Deste modo, esse capítulo se dedicará ao estudo da simbolização do corpo, compreendendo o que vem a ser ele e a sua função. Prontos para iniciarmos? Vamos lá!! Para compreendermos a psicomotricidade é importante compreender o corpo, sabendo que ele constitui em mais do que um material, mas sim, em uma forma de apresentação do ser humano. Deste modo, iremos nos debruçar compreendendo os elementos os elementos do corpo e em que constitui o esquema e a imagem corporal. Corpo A palavra corpo provém, conforme Levin (2003, p. 22), por um lado, do sânscrito garbhas, que significa embrião e, por outro, do grego karpós, que quer dizer fruto, semente, envoltura e, por último, do latim corpus, que significa tecido de membros, envoltura da alma, embrião do espírito. A psicomotricidade “nasceu” a partir do momento em que o corpo deixou de ser concebido como pura carne para torna-se o corpo que “fala”. Ao longo da história da Psicomotricidade, a concepção sobre o corpo foi sendo modificada de corpo motor para um corpo em movimento até chegar à significação de um sujeito com um corpo em movimento. Desse modo, acabou-se a dualidade que separava o corpo da mente e desprezava o corpo colocando em destaque a dimensão intelectual. Por essa vertente, a concepção francesa da Psicomotricidade ganhou destaque na finalização dessa dualidade, pois, os seus fundamentos teóricos partiram da necessidade dos psicomotricistas terem iniciativa de se defenderem da pressão desta dualidade. Daí nasceu o sucesso da Psicomotricidade 11 imagem da motricidade baseada na concepção de que o corpo e a psique são inseparáveis. É com seu próprio corpo que o sujeito estabelece as relações consigo e com o mundo. Figura 1 – Simbolização do corpo Fonte: Pixabay O simbolismo trata de dar à representação do corpo uma representação indireta e figurada do ser humano. Ou seja, o corpo foi nomeado como “corpo” para que quando dito fizesse sentido ao indivíduo. O corpo, no decorrer da história, vem sido chamado de diferentes formas, pelas diferentes áreas do conhecimento. De acordo com Lopes (2010, p. 54) O corpo tal como a vida, está em constante mutação. As aparências físicas demonstram de modo exemplar esta tendência: elas nunca estão prontas, embora jamais estejam no rascunho. ... cada corpo, longe de ser apenas constituído por leis fisiológicas, supostamente imutáveis, não escapa a história. (LOPES, 2010,p. 54) Foi Freud o responsável, através da sua teoria do inconsciente, que fez com que o ser humano deixasse de estar sujeito aos ditames da vontade, pois ele dispôs que o corpo possui formações no inconsciente, isto é, ele seria a fonte biológica de toda pulsão e as suas atitudes, gestos, reações corporais e seus comportamentos que são decorrentes de motivação do inconsciente. Freud recebeu a contribuição da psicanálise no que diz respeito à importância do afeto na concepção comportamental e no Psicomotricidade 12 desenvolvimento, estabelecendo uma valorização do instrumento para que haja um maior desenvolvimento do ser humano. Assim, ele propôs que o indivíduo sentisse bem na sua pele, possibilitando que houve uma livre expressão de seu ser e se assumir como uma realidade corporal. Desta maneira, é possível enxergar que o corpo vai além de ser algo orgânico ou biológico, ele é responsável por expressar emoções e possui vários significados. Os significados são obtidos através das relações consigo, com o meio em que vive e com o outro, sendo ele considerado um corpo receptor, sujeito, instrumental, erógeno, simbólico. No entanto, no fenômeno psicomotor estão presentes os aspectos instrumental-cognitivo que expõe um privilegio aos processos cognitivos e o funcionamento motor relativo ao próprio corpo. O corpo é o vetor semântico pelo qual a relação do indivíduo com o mundo é construída: atividades perceptivas, mas também expressão de sentimentos, cerimoniais de ritos e de interação, conjunto de gestos e mímicas, produção da aparência, jogos sutis da sedução, técnicas do corpo, exercícios físicos, relação com a dor e com o sofrimento. O corpo produz sentidos continuamente e, assim, insere- se ativamente no interior de dado espaço social e cultural. “Antes de qualquer coisa, a existência é corporal”. (LE BRETON, 2006, p. 7) A motricidade humana, de acordo com Sérgio (1995, p.53) corresponde à ciência do corpo: ao corpo-memória e ao corpo-profecia, ao corpo-estrutura e à conduta, ao corpo-cultura e ao corpo-emoção, ao corpo-natural e ao corpo-cultura, ao corpo lúdico e ao corpo produtivo, ao corpo normal e ao corpo com necessidades especiais. Nesse sentido, a mente e o corpo devem ser compreendidos como elementos que compõe um único organismo, sem fragmentação, no entanto, de uma estrutura dinâmica, que corresponde ao campo da corporeidade. Psicomotricidade 13 Figura 2 – Corpo e mente Fonte: Freepik Por meio da análise do corpo humano e dos seus aspectos sociais é possível compreender a estrutura de uma sociedade por meio das particularidades que ele privilegia, como por exemplo intelectuais, morais ou físicas. Com relação ao corpo, a sua simbologia e os seus aspectos é defendido por Freire (1989) que, no ato de matricula da criança na escola, o seu corpo também deveria ser matriculado em conjunto, pois ele considera todos os preconceitos sofridos pelas crianças ao ingressas no ambiente escolar. Não é justo que, em nome da educação, crianças e adolescentes sejam confinados em cubículos de meio metro quadrado (o espaço de movimentação possível de quem senta nas carteiras escolares), quatro horas por dia, cinco dias por semana, duzentos por ano, onze anos, num total de 8.800 horas de confinamento. É chocante, absurda, escandalosa essa educação sem corpo, essa deformação humana. (FREIRE, 2007, p.157) No que diz respeito a todas as experiências do corpo e a sua importância, Nasio (2009) estabelece que A experiência do corpo ajuda-nos a compreender os sentidos construídos artificialmente pelos conceitos, pela Psicomotricidade 14 linguagem, pelos afetos, pela cultura de um modo geral. Pelas diferentes possibilidades de expressão corporal podemos compreender a indeterminação da existência, possuindo vários sentidos, elaborados na relação consigo mesmo, com o outro, com o próprio mundo. A expressão “sou meu corpo” sintetiza o encontro entre o sujeito e o corpo. O ser humano define-se pelo corpo, isso significa que a subjetividade coincide com os processos corporais. Mas é preciso considerar que “ser corpo é estar atado a um certo mundo”. (NASIO, 2009, p. 54) É necessário atentar às formas de comunicação de cada pessoa, sem que haja um julgamento ou uma comparação. Ainda, deve-se enxergar a habilidade que o corpo humano possui de alteração, respeitando as características pessoais de cada indivíduo para reinventar a vida, fazendo com que seja despertado significado e sentido na sua existência. Esquema corporal e imagem corporal A Neurologia e a Psicanálise, entre outros campos do conhecimento, vêm abordando as definições de esquema corporal e imagem corporal, havendo nessa abordagem implicações psicológicas, fisiológicas e socioculturais. A psicanalista francesa Françoise Dolto apresenta a definição tanto de esquema corporal quanto de imagem corporal, onde para ela O esquema corporal especifica o indivíduo enquanto representante da espécie, seja qual for o lugar, a época ou as condições em que vive. ... A imagem do corpo, pelo contrário, é própria de cada um: está ligada ao sujeito e a sua história. (LEVIN, 2003, p. 72) Levin (2003) que em seu livro expôs os conceitos de esquema corporal e imagem corporal de Françoise Dolto, como demonstrado, considera pertinentes esses conceitos. No entanto, ele retrata que esses termos, diversas vezes, que são utilizados como sinônimos, o que torna difícil diferencia-los. Assim, é importante compreender cada um desses conceitos de forma separada. Começamos então com o esquema corporal. Psicomotricidade 15 Na concepção de Ledoux (1991, p. 85) o esquema corporal: Especifica o indivíduo como representante da espécie. Mais ou menos idêntico em todas as crianças da mesma idade, ele é uma realidade de fato, esteio e intérprete da imagem do corpo. Graças a ele, o corpo atual fica referido no espaço à experiência imediata. Ele é inconsciente, pré- consciente e consciente. (LEDOUX, 1991, p. 85) O esquema corporal pode ser compreendido como uma estrutura do cérebro, sendo ela neuro-sensorial e possui a responsabilidade de outorgar à pessoa o conhecimento de forma gradativa das funções e partes do corpo, por meio da relação da pessoa com o mundo e com outro indivíduo e de uma sucessão temporal. Em resumo, podemos ditar o que esquema corporal possui em uma ligação com as sensações. IMPORTANTE: O esquema corporal possibilita que o indivíduo compreenda totalmente si mesmo e informa a recepção das sensações. Ele faz com que o indivíduo se relacione com os objetos, espaços e pessoas que o circulam. Figura 3 – Sensações Fonte: Freepik Psicomotricidade 16 Tem-se que o esquema corporal constitui a representação criada pelo indivíduo do seu próprio corpo. Conforme a criança vai crescendo, havendo o seu desenvolvimento psicomotor, há a construção do esquema corporal. É nessa construção que a criança começa a tomar consciência do seu corpo como um todo e, em virtude disso, ela começa a nomear e indicar as partes do seu corpo. Le camus (1986) traz a explicação de Wallon sobre essa temática. O esquema corporal não é “um dado inicial, nem uma entidade biológica ou psíquica”, mas uma construção ... Estudar a gênese do esquema corporal na criança é indagar-se como a criança chega “à representação mais ou menos global, específica e diferenciada de seu corpo próprio” ... Esta aquisição é importante. “É um elemento básico indispensável à construção da personalidade da criança ... É o resultado e a condição de legítimas relações entre o indivíduo e o seu meio”. (LE CAMUS, 1986, p.37) Antes da criança construir o seu corpo, ela necessita que outra pessoa o nomeei, para que ele comece a se construir como um sujeito e o seu corpo possa assumir um símbolo. SAIBA MAIS: Assista ao vídeo Especial Psicomotricidade: Esquema Corporal. Esse vídeo aborda os conceitosdo esquema corporal e o relaciona com a idade do indivíduo. Para acessar, clique aqui. Compreendendo o esquema corporal, devemos então nos deter sobre a imagem corporal. A definição de imagem corporal é exposta por Ledoux (1991, p. 84-85) A imagem inconsciente do corpo não é o corpo fantasiado, mas um lugar inconsciente de emissão e recepção das emoções, inicialmente focalizado nas zonas erógenas de prazer. Ela se tece em torno do prazer e do desprazer de algumas zonas erógenas. ... trata-se de uma memória inconsciente da vivência relacional, de uma encarnação do Eu em crescimento. ... a imagem do corpo, individual, está Psicomotricidade https://www.youtube.com/watch?v=QWPyjlRW4Vs 17 ligada à história pessoal, a uma relação libidinal marcada por sensações erógenas eletivas. Com vestígio estrutural da história emocional, e não como prolongamento psíquico do esquema corporal, ela se molda como elaboração das emoções precoces com os pais tutelares. (LEDOUX, 1991, p. 84-85) No esquema corporal nós mentalizamos o nosso corpo, possibilitando uma comparação de peso, altura e idade. Na imagem do corpo isso não acontece, pois ela não trata de uma mentalização, mas sim do invisível, do inconsciente. É possível dispor que a imagem do corpo possui uma ligação com a história de vida do indivíduo, sendo estabelecida por meio das sensações de desprazer e prazer constantes da relação do indivíduo com outro, ocorrendo principalmente na infância com a relação dos pais com os filhos. Figura 4 – Primeira infância Fonte: Freepik A imagem corporal corresponde a um elemento que é primordialmente dialético, tendo em vista que é formado entre o desejo próprio e o desejo do outro, repercutindo de forma direta nas formas de ser da pessoa consigo mesma, com o mundo e com o outro. Psicomotricidade 18 IMPORTANTE: A imagem corporal diz respeito à consciência corpórea que o indivíduo possui do si mesmo. A imagem corporal é constituída por diferentes fatores, entre eles considera- se aquilo que o indivíduo acredita, como ele se sente em relação ao próprio corpo. Ainda, é sustentado por Ledoux (1991) que existe uma relação de forma estreita entre a imagem corporal e o esquema corporal. A comunicação sensorial (emocional) e a fala do outro aparecem como dois substratos dessa imagem do corpo. A simples experiência sensorial (corpo a corpo), sem um mediador humano, só instrui o esquema corporal e não estrutura a imagem do corpo [...] viver num esquema corporal, sem imagem do corpo, equivale ao ‘viver mudo’, solitário. (LEDOUX, 1991, p. 89) É possível enxergar a imagem e o esquema corporal como uma relação humana, onde a linguagem e o corpo constituem elementos que fundam as relações e a estrutura do indivíduo. RESUMINDO: Estudamos nesse capítulo que o corpo constitui inúmeros conceitos e que a psicomotricidade teve como surgimento o momento em que o corpo deixou de ser concebido apenas como carne. Vimos que o corpo está em manutenção e que ele começou a ser compreendido como um inconsciente, sendo responsável por expressar emoções e diversos significados. É importante considerar que a mente e o corpo devem ser compreendidas de forma única, para entender o comportamento do ser humano. Em seguida estudamos o esquema corporal e a imagem corporal, assimilando que o esquema corporal corresponde a um elemento que tem ligação com as sensações, já a imagem corporal é formada pelo desejo próprio e o desejo do outro, repercutindo de forma direta nas formas de ser da pessoa consigo mesmo, com o mundo e com o outro. Psicomotricidade 19 Contribuições da fisioterapia, medicina e psicologia para a psicomotricidade OBJETIVO: Vemos a psicomotricidade como uma área independente, possuindo os seus conceitos e os seus preceitos. Mas ela possui contribuições de outras áreas e muitas vezes trabalha em conjunto com elas. Nesses termos, é importante compreender essa ligação e contribuição com as demais áreas. Vamos juntos compreender em que consistem essas contribuições? Vamos lá! O termo Psicomotricidade inicialmente surgiu ligado ao discurso médico, no final do séc. XIX, especificamente ao lado neurológico. Foram realizados estudos e a partir deste período e início do século XX por neuropsiquiatras e neurofisiologistas franceses, tendo como foco as doenças corticais. A partir daí, surgiu a necessidade da área médica nomear as zonas do córtex cerebrais situadas além das regiões propriamente motoras. Em 1925, Henri Wallon, médico e psiquiatra francês, começou a trabalhar com o movimento do corpo humano com intencionalidade. VOCÊ SABIA? Henri Paul Hyacinthe Wallon foi um filósofo, médico, psicólogo e político francês. Ele foi o primeiro a relacionar a afetividade com o desenvolvimento da inteligência. Henri Wallon inovou ao colocar a afetividade como um dos aspectos centrais do desenvolvimento. A partir da década de 1930, segundo Levin (2003, p. 26), Eduard Guilmain, que estava influenciado por Wallon, propôs um novo método de trabalho utilizando várias técnicas provenientes da Neuropsiquiatria infantil e um conjunto de exercícios, como: exercícios para reeducar a atividade Psicomotricidade 20 tônica, exercícios de mímica, de atitudes e de equilíbrio, a atividade de relação e o controle motor (exercícios rítmicos, de coordenação e habilidade motora, e exercícios que tendem a diminuir sincinesias). Os exercícios pretendiam uma reeducação motora para ajudar crianças portadoras de déficit em seu funcionamento motor. Figura 5 – A Psicomotricidade e o corpo humano Fonte: Freepik Observando esse contexto teórico, podemos compreender as contribuições das diferentes áreas para a psicomotricidade. Contribuições da fisioterapia Primeiramente, cabe a indagação: o que vem a ser a fisioterapia? De acordo com Coffito (1987) a fisioterapia é uma Ciência aplicada, cujo objetivo de estudo é o movimento humano em todas as suas formas de expressão e Psicomotricidade 21 potencialidades, quer nas suas alterações patológicas, quer nas suas repercussões psíquicas e orgânicas, com objetivos de preservar, manter, desenvolver ou restaurar a integridade de um órgão ou sistema. (COFFITO, 1987) Compreendendo o que vem a ser a fisioterapia, podemos então reforçar que a psicomotricidade possui relação com três fatores: • Motricidade. • Afetividade. • Mente. Ela se relaciona com esses fatores devido ao fato de acreditar que o desenvolvimento motor das pessoas possui relação com esses fatores. Assim, a psicomotricidade surge como uma forma de auxiliar a fisioterapia, tendo em vista que a sua finalidade é de aumentar a interação do indivíduo com o meio em que vive por meio da atividade corporal e sua expressão simbólica. Como a fisioterapia visa melhorar a vida das pessoas e tratar das dificuldades, ela possui uma ligação direta com a psicomotricidade que previne e trata as dificuldades visando explorar o potencial de cada indivíduo. IMPORTANTE: A psicomotricidade e a fisioterapia trabalham muitas vezes em conjunto, tendo em vista que ambas buscam cuidar do corpo e do movimento do indivíduo. A psicomotricidade aliada à fisioterapia permite que haja uma manutenção das capacidades funcionais, um melhoramento e aprimoramento do conhecimento de si mesmo e uma eficácia das ações, principalmente das atividades do dia a dia. Deste modo, a psicomotricidade em conjunto com a fisioterapia busca a facilitação da afetividade, da mente e da motricidade, tendo em vista que acredita que há a ligação direta entre o desenvolvimento motor normal e a afetividade, mente e motricidade. Psicomotricidade 22 Mas quais são as atividades de psicomotricidade que são aplicadas pelo fisioterapeuta? Como exemplo de atividades de psicomotricidade que são aplicadas pelo fisioterapeuta podemos citar: 1. Jogo de amarelinha – por meio desse jogo é possível que seja desenvolvido o equilíbrioe a coordenação motora. Figura 6 – Jogo de amarelinha Fonte: Freepik 2. Pular corda – atividade que tem como finalidade trabalhar a orientação de espaço e tempo, como também a identidade corporal e o equilíbrio. Psicomotricidade 23 Figura 7 – Pular corda Fonte: freepik Contribuições da medicina Inicialmente podemos apontar que o próprio nome psicomotricidade veio da medicina, de forma específica pelo neurológico, tendo em vista que após o século XIX foi possível realizar a nomeação das partes da zona do córtex que encontra-se nas regiões motoras. Silva e Borges (2008) estabelecem que no ano de 1870, médicos neurologistas e em seguida psiquiatras, começaram a estudar as estruturas do cérebro com a finalidade de encontrar algum fenômeno clinico que conceituasse a palavra psicomotricidade. Os mesmos atores afirmam que Ernest Dupré foi o introdutor da psicomotricidade no contexto científico, inserindo esse termo ao desenvolver os seus estudos sobre a debilidade motora nos débeis mentais, que têm como característica a presença de paratonias, sincinesias e inabilidades, fazendo um rompimento entre a síndrome e a perturbação motora. Assim, inicialmente a psicomotricidade ficou sendo considerado como uma prerrogativa da medicina neurológica, sendo considerado por Fonseca (2010) que Psicomotricidade 24 A mente humana não pode ser independente do corpo e do cérebro, sendo impossível separar o mental do neuronal e o psíquico do motor. Isso nos faz compreender que o desenvolvimento pessoal e social em um indivíduo normal ou portador de disfunções psicomotoras, é o resultado da integração e interação entre o corpo e o cérebro e os diversos ecossistemas que compreendem o contexto sócio histórico onde ele se insere. (FONSECA, 2010, p.76) Foi compreendendo a importância da psicomotricidade que ela deixou o seu caráter meramente neurológico, passando a tomar proporções mais relevantes, sendo um elemento de pesquisa para a educação, a reabilitação e a reeducação, não se limitando apenas ao fator anatômico, biológico e fisiológico. Figura 8- Psicomotricidade como reabilitação Fonte: Freepik Deste modo, a medicina contribuiu para a estruturação da psicomotricidade, do seu estudo e dela ser o que é hoje, um elemento que possui ligação com as funções cerebrais, motoras e servindo como meio de reabilitação, educação e reeducação. Psicomotricidade 25 Contribuições da psicologia A Psicomotricidade recebe influência da psicologia das comunicações não verbais e da etnologia infantil, aonde são consideradas as mímicas, os gestos e as posturas, como formas de expressão humana. Nesta vertente, o corpo é compreendido como um corpo que fala, que possui significados. De acordo com Le Camus (1986) Foi por meio de linguagem que o corpo interessou aos psicomotricistas: um corpo que sabe falar utilizando a linguagem anterior à linguagem, uma linguagem constituída de significantes mudos. (LE CAMUS,1986, p. 61) No final do século XIX, Sigmund Freud (criador da teoria psicanalítica) investigava os enigmas do psiquismo que brotavam na fala de seus pacientes, e sua teoria foi elaborada para a compreensão desses enigmas. Freud escutava seus pacientes e buscava, por meio da fala dos mesmos, analisar e tratar o corpo como o lócus da manifestação consciente ou inconsciente dos sentimentos, desejos e da falta de controle dos pensamentos humanos. Figura 9 – Sigmund Freud Fonte: Wikimedia commons Psicomotricidade 26 IMPORTANTE: Psicanálise é o nome de um método de investigação dos processos psíquicos e de um método de tratamento dos distúrbios neuróticos que se fundamenta nessa investigação. No ano de 1925, o psicólogo Henri Wallon ofereceu grandes contribuições para a psicomotricidade, isso aconteceu em decorrência da sua análise sobre os transtornos e estágios do desenvolvimento mental e motor da criança. Wallon elenca em seus estudos que existe uma diferença que permite que se faça uma relação entre o movimento e o afeto, ao meio ambiente, à emoção e aos hábitos do indivíduo (WALLON, 1978). Wallon (1978) aponta que o movimento corresponde à única maneira de expressão e ao primeiro instrumento do psiquismo. IMPORTANTE: Wallon foi considerado o principal responsável por ter nascido o movimento de reeducação psicomotora. Tendo em vista as perspectivas estabelecidas por Wallon, Eduard Guilmain, em 1935, visando estabelecer um diagnóstico, desenvolveu um exame psicomotor de prognóstico e de indicação da terapêutica psicomotora. Na década de 70 a psicologia trabalhou em conjunto com a psicomotricidade, onde foi visto que a psicomotricidade era uma maneira de ajudar as crianças que possuíam dificuldade de adaptação no ambiente escolar. Nessa perspectiva, a motricidade ficou sendo vista como uma relação, começando a existir uma diferenciação entre postura terapêutica e reeducativa, sendo concedida uma maior importância à afetividade, à relação e ao emocional (VALETIM, p. 29, 2004). Deste modo, Levin (2007, p. 29) diz que Psicomotricidade 27 A passagem da terapia à clínica psicomotora implica ocupar-se do sujeito e não mais da pessoa; ocupar- se da transferência e não mais da empatia; ocupar-se da vertente simbólica e não da expressiva [...] a clínica psicomotora é aquela no qual o eixo é a transferência e, nela, o corpo real, imaginário e simbólico é dado a ver o olhar do psicomotricista. (LEVIN, 2007, p. 29) Deste modo, a psicologia causou fortes influências na psicomotricidade e na forma de compreende-la, mas, ao contrário do que as pessoas pensam a palavra psicomotricidade não advém da psicologia + motricidade. A psicomotricidade é uma disciplina única que teve contribuições de outras áreas em virtude dos seus estudos. Importante ainda ser ressaltado que a psicomotricidade possui relação com o corpo, assim, encontra-se interligada com a fisioterapia que cuida do corpo, já a psicologia possui uma relação com a mente. RESUMINDO: Nesse capítulo nos dedicamos a estudar as contribuições da fisioterapia, medicina e psicologia para a psicomotricidade. Desse modo, vimos a importância de Henri Wallon para psicomotricidade e uma introdução histórica dessa área. Em seguida, começamos estudando as contribuições da fisioterapia, compreendendo primeiramente o que vem a ser a fisioterapia, para então, poder ver que ela possui uma ligação estrita com a psicomotricidade em virtude das duas cuidarem do corpo e do movimento do ser humano. Vimos então as contribuições da medicina e podemos ver que foi em virtude dela que surgiu a figura da psicomotricidade através dos estudos da zona córtex das regiões motoras e foi visto que ela pode ser utilizada para reabilitação. Por fim, nos detemos nas contribuições da psicologia, estudando que as pessoas mais a associam à psicomotricidade, mas as duas se diferenciam, pois a psicologia cuida da mente e a psicomotricidade se detém ao estudo do corpo e da reabilitação. Psicomotricidade 28 O Pensamento clínico nas atividades em psicomotricidade OBJETIVO: Compreendendo o que vem a ser a psicomotricidade e todas as influências que ela possui, é necessário voltar o olhar para a compreensão dos pensamentos clínicos nas atividades dessa área, visando entender as atividades ligadas a ela. Vamos lá! Introdução Após as contribuições da Psicanálise passarem a integrar os interesses teóricos e metodológicos da psicomotricidade, em 1977, Samí Ali lançou uma proposta para articulações entre as teorias psicanalíticas e a psicomotricidade. Deste modo, a Psicomotricidade incorporou em suas construções teóricas vários conceitos psicanalíticos, tais como inconsciente, transferência, imagem corporal, sublimação e outros, formando um esboço de uma teoria psicanalítica de Psicomotricidade. Nesta época a Psicomotricidade ganhou uma nova definição e passou a ser: “uma motricidade em relação”, que é, no pensamentode Levin (1995, p.27), onde se opera uma passagem no enfoque do olhar do psicomotricista, não mais voltado ao plano motor, mas direcionado a um corpo em movimento. Sendo assim, não se trata mais de uma reeducação, mas de uma terapia psicomotora, que se ocupa, observa e opera num corpo em movimento que se desloca e que constrói a realidade, à medida que se emociona e cuja emoção manifesta-se tonicamente. Sendo essa uma atividade de terapia passou-se a tratar também como clínica a atividade de Psicomotricidade. Naquele momento, o novo enfoque dado à relação, à afetividade e ao momento possibilita uma reformulação na prática psicomotora: abandonam-se as técnicas reeducativas, abrindo-se espaço para a terapia psicomotora. Psicomotricidade 29 Figura 10 – Terapia psicomotora Fonte: Freepik Deste modo, Fonseca (2004) elenca que a psicomotricidade tem por objetivo: • Fazer uma mobilização e reorganização das funções psíquicas relacionais e emocionais do ser humano em todo o seu processo de vida, desde o nascimento até a velhice. • Realizar um aperfeiçoamento do ato mental e da conduta consciente onde acontece a elaboração e a execução do ato motor. • Fazer com que as sensações e as percepções sejam elevadas a níveis de conscientização, conceitualização e simbolização. • Fazer com que haja uma harmonização e maximização do potencial motor, cognitivo e afetivo-relacional, isto é, o desenvolvimento global da personalidade, a modificação da estrutura do processamento de informação do ser humano e a capacidade de adaptação social. • Fazer com que o corpo seja um resumo da personalidade do indivíduo, havendo uma reformulação da harmonia e do equilíbrio das relações entre a esfera da harmonia e do psíquico e o equilíbrio do motor, através da qual a consciência, se manifesta e se altera com o objetivo de realização a promoção da adaptação a situações novas. Psicomotricidade 30 Intervenção clinica A clínica psicomotora tem seu olhar voltado para o sujeito, o que ocasiona a diferenciação do corpo real, do simbólico e do imaginário. A clínica psicomotora inclui no campo psicomotor o inconsciente, sendo elencado por Levin (2003) que a ocupação da clínica psicomotora é com o Sujeito e não mais da pessoa, da transferência e não da empatia, do vínculo ou da comunicação corporal; ocupar- nos da vertente simbólica e não da expressiva, ou seja, implica que nos detenhamos na estrutura dos transtornos psicomotores e não apenas em seus signos. (LEVIN, 2003, p.42) A psicomotricidade encara as funções motoras e psíquicas de maneira independente, na proporção em que a motricidade e o psiquismo se inter-relacionam de forma reciproca. Considerando pelo viés terapêutico é recorrido pela psicomotricidade a mediação corporal, tentando intervir em situações que possuem ligação com os problemas do desenvolvimento, do comportamento, da maturação, do âmbito sócio afetivo e de aprendizagem. Então, como saber se é necessária a intervenção clínica da Psicomotricidade? A operação clínica no campo psicomotor (refere-nos especificamente à leitura, ao olhar, à intervenção, à ‘corporificação’, à interpretação e à observação). É efeito dessa rede transferencial, que se transforma em um dos eixos centrais do tratamento, já que o corpo adquire sua consistência em relação ao simbólico, à lei (à proibição), que introduz a castração no corpo e com ela a ânsia por onde emerge o desejo. (LEVIN, 2003, p. 16) As principais indicações para o atendimento psicomotor são: • Desatenção/pouca concentração em atividades (escolares)/ hiperatividade. • Atraso no desenvolvimento psicomotor. • Postura inadequada. Psicomotricidade 31 • Controle inadequado da força (inclusive do lápis sobre o papel, ocasionando fadiga durante as atividades escolares). • Dominância lateral indefinida (destro ou canhoto). • Perturbação de hiperatividade e déficit de atenção. • Problemas na regulação do tónus muscular. • Dificuldades intelectuais e desenvolvimentais. • Noção inadequada de direção, de distância e de tempo (na sucessão dos acontecimentos e na duração dos intervalos, inclusive da escrita). • Posicionamento inadequado do lápis para a escrita. • Dificuldade de realizar letra cursiva. • Perturbação do espetro do autismo. • Dificuldade para realizar a comunicação não verbal. • Alteração na imagem e no esquema corporal. • Problemas na grafomotricidade. Para saber se o indivíduo possui problemas psicomotores, é necessário realizar testes e avaliações que verifiquem aspectos, como: Qualidade tônica (rigidez ou relaxamento muscular). Qualidade gestual (dissociação manual e dos membros superiores e inferiores. • Agilidade. • Equilíbrio. • Coordenação. • Lateralidade. • Organização têmporo-espacial. • Grafomotricidade. Psicomotricidade 32 Essas avaliações irão demonstrar se o indivíduo, guardadas as devidas características do desenvolvimento individual, possui atrasos no desenvolvimento motor, perturbações de equilíbrio, coordenação, lateralidade, sensibilidade, esquema corporal, estrutura e orientação espacial, grafismo, afetividade etc. Esses problemas podem ser identificados em menor ou maior grau e são decorrentes de causas variadas como, por exemplo: • Debilidade intelectual. • Problemática emocional. • Retardos de maturação. • Desarmonias tônico-motoras. Os distúrbios motores e psicoafetivos estão interligados e influenciam uns aos outros podendo manifestar-se em conjunto. Deste modo, a Psicomotricidade deve levar em conta o ser humano como um todo observando se o problema diagnosticado provém da parte física ou psíquica. Justamente por isso, um dos fatores advindos do pensamento clínico na Psicomotricidade é a necessidade de diagnosticar antes de tratar. Desse modo, o processo terapêutico psicomotor é composto de anamnese (entrevista), avaliação do paciente (com testes e instrumentos específicos) e período de tratamento (terapia). Durante o tratamento são utilizados materiais específicos para desenvolver habilidades e superar dificuldades de atenção, concentração, escrita, coordenação motora e outras. IMPORTANTE: Traçar um diagnóstico não é tarefa fácil, devido à complexidade do ser humano. Com relação ao tratamento, ele varia de criança para criança, dependendo da patologia que elas apresentam. Psicomotricidade 33 O psicomotricista deve ter um bom nível de conhecimento teórico para trabalhar com seus pacientes. Uma compreensão que lhe permita diagnosticar e acompanhar o sujeito e seus sintomas, mas deve, sobretudo, vivenciar as técnicas que vai praticar e formar-se do ponto de vista pessoal para poder lidar com o sofrimento do outro. O psicomotricista em formação deverá passar pela experiência de jogar seu próprio jogo psicomotor para, então, poder aprender a decodificar as suas estratégias relacionais e, a partir daí, compreender as da criança que vai atender em sua prática clínica. (CABRAL, 2008, p.77) Assim, o terapeuta pode auxiliar as pessoas que dele necessitarem na procura por seu potencial evolutivo, por meio de um desenvolvimento no decorrer das sessões. O ato de brincar é muito importante para a constituição subjetiva do sujeito graças ao seu caráter simbólico que o impulsiona rumo à subjetividade. O brincar na Psicomotricidade Relacional remete o sujeito numa determinada direção da cura, pois possibilita que a criança e o adolescente alcancem o saber sobre o seu corpo e sua representação simbólica. O corpo é um mistério. Ele não é só fisiologia, ele é desejo. (GUERRA, 2008, p. 127) É essencial que o terapeuta disponha de uma disponibilidade corporal, para que haja uma construção de vínculo entre ele e o paciente, tendo em vista que na transferência entre o terapeuta e o paciente há uma carga afetiva, que, no decorrer das sessões, deve ser direcionada para os objetivos e,em seguida, para o mundo exterior. Mas o que vem a ser essa carga afetiva? Essa carga afetiva possui ligação direta com o prazer corporal e constitui em um princípio fundamental na intervenção, possibilitando que hajam diferentes expressões do indivíduo, entre eles, a linguagem. Na clínica psicomotora, o olhar não pode ser reduzido a uma simples visão-percepção ou à exploração visual talvez analisada como um conjunto de processos cognitivos, mas antes como o meio fundamental e necessário ao estabelecimento de uma ligação corporal, premissa das primeiras relações sociais. (BOSCAINI, 2012, p. 142) Psicomotricidade 34 Outro fator importante na clínica psicomotricial é o ato de escutar que vai além de simplesmente ouvir. Essa escuta engloba todos os sentidos, necessitando que seja sentido, visto e percebido o que se fala. Assim, nas sessões, são disponibilizados materiais visando aguçar a criatividade do paciente. Figura 11 – Materiais que aguçam a criatividade do paciente em terapia psicomotricial Fonte: Freepik Esses materiais são disponibilizados para que o terapeuta possa identificar mais facilmente os sentimentos do paciente. [...] encontrar um equilíbrio entre o corpo e a simbologia do material, porque apesar do material, a criança tem que chegar ao corpo do adulto. Nesse encontro é muito importante a modulação tônica: brincar com o tônus, com a agressividade, com a afetividade e com os contrastes. O outro pode ser alcançado com a mesma forma tônica, mas consciente de que o tônus ajudará a encontrar o equilíbrio. Portanto, o corpo do psicomotricista desempenha um papel essencial na interação com a criança, pois as diferentes partes, bem como as posições que adota, representam uma ferramenta que é objeto de análise para facilitar uma intervenção mais ajustada. (LLINARES, RODRÍGUEZ E LESME, 2019, p. 78) Psicomotricidade 35 Assim, o terapeuta busca, de todas as formas possíveis decodificar os movimentos e as palavras do paciente. É por meio do corpo que é possível identificar os reais problemas do paciente na sessão de psicomotricidade. RESUMINDO: Vimos nesse capítulo que a psicomotricidade engloba em sua área diferentes conceitos psicanalíticos, e em seguida, podemos compreender as principais indicações do atendimento psicomotor. Ainda, podemos estudar como se identifica que o indivíduo possui problema psicomotores e as suas causas. Podendo então observar que traçar um diagnóstico não é fácil, devendo ser levado em consideração diferentes fatores e, para que se possa compreender melhor como o paciente está, na sessão, são utilizados brinquedos que estimule que ele fale e demonstre a partir dos seus movimentos os seus problemas. Deste modo, o foco do terapeuta deve ser no ouvir, mas não só no ouvir as palavras, mas ouvir o corpo, ouvir os movimentos. Psicomotricidade 36 A maturação e as implicações neurológicas para a motricidade humana OBJETIVO: Trabalharemos nesse capítulo a maturação da motricidade humana a suas implicações neurológicas. É de suma importância compreender esse assunto, pois é devido a fatores neurológicos que há a necessidade de terapia psicomotricista. Vamos lá? Segundo Fonseca (1988), a Psicomotricidade é apresentada como uma ciência que pretende transformar o corpo em um instrumento de relação e expressão com o outro, por meio do movimento dirigido ao ser em sua totalidade, em seus aspectos motores, emocionais, afetivos, intelectuais e sociais. Além disso, a Psicomotricidade considera o ser humano como único que vive em evolução e é especialmente um ser que interage com movimentos corporais. O processo de crescimento, maturação e desenvolvimento humano interfere diretamente nas relações afetivas, sociais e motoras dos jovens. Desse modo, é necessário adequar os estímulos ambientais em função desses fatores. Primeiro, é necessário esclarecer que o crescimento inclui aspectos biológicos, relacionados com a hipertrofia e a hiperplasia celular, enquanto a maturação pode ser definida como um fenômeno biológico, relacionando-se com o amadurecimento das funções de diferentes órgãos e sistemas. Quando a maturação não ocorre de forma correta, o indivíduo pode apresentar dificuldade de aprendizado. Tais atrasos devem ser objeto de atenção dos psicomotricistas e profissionais que trabalham com avaliação e terapias psicopedagógicas. A interação entre as crianças principalmente com a família e na escola influi na importância, duração e, mesmo, no próprio surgimento da dificuldade de aprendizagem. Psicomotricidade 37 EXEMPLO: O fato da criança dominar o gesto gráfico, do qual depende a escrita, tem total relação com o desenvolvimento psicomotor. Com os tratamentos psicomotores e psicopedagógicos adequados, é possível reverter um quadro de grau inicial de dificuldade de aprendizagem. É importante que os profissionais que trabalham com a avaliação, diagnóstico e tratamento desses aspectos cognitivos tenham total atenção ao estágio evolutivo no qual o processo de aprendizagem da criança está situado. ACESSE: Para saber mais sobre as implicações da motricidade no aspecto da aprendizagem, acesse o artigo Motricidade e aprendizagem: algumas implicações para a educação escolar disponível clicando aqui. Figura 12 – Crescimento humano Fonte: Freepik Psicomotricidade http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542010000200005 38 Já o crescimento pode ser definido como a relação entre essas características biológicas do indivíduo, como o crescimento e a maturação, e o meio ambiente no qual o indivíduo vive. Tanto o crescimento, a maturação e o desenvolvimento dos seres humanos são processos que ocorrem durante toda a vida e são inter-relacionados. Assim, o desenvolvimento motor não pode ser classificado como somente biológico ou ambiental. Faz-se necessário que haja uma relação dessas abordagens como os fatores socioculturais. NOTA: O crescimento tem relação com fatores biológicos, mas, de acordo com o Ministério da Saúde, em crianças de até cinco anos, a influência também de fatores ambientais é muito mais importante do que fatores genéticos. Crescimento, maturação e desenvolvimento do nascimento aos três anos de idade Observamos que, desde que o indivíduo nasce, ocorre uma complexa relação entre ele e o ambiente que o cerca. As funções, tais como visão, paladar, audição e tato, já estarão bem formadas, assim como as estruturas neurológicas, o que irá permitir a interação do indivíduo com o meio no qual ele vive. Desde o nascimento, os bebês já começam a formar as primeiras impressões e afetividades com o ambiente no qual vive, as quais serão de suma importância em seu desenvolvimento futuro. A atividade motora do recém-nascido é bem ativa, mas desordenada e sem finalidade objetiva, movimentando de modo assimétrico tanto os membros superiores como os inferiores (pedalagem). Alguns reflexos são próprios desta idade e ocorrem em praticamente todos os bebês, sendo inibidos nos meses subsequentes devido principalmente ao amadurecimento do cerebelo e do córtex frontal, iniciando-se assim o surgimento de movimentos voluntários e melhor organizados, como a locomoção, manipulação de objetos e controle postural. Por isso, é fundamental que o bebê seja exposto a estímulos motores adequados ao seu nível de desenvolvimento. Psicomotricidade 39 Por outro lado, a falta de estímulos adequados nesta fase da vida pode acarretar no comprometimento deste indivíduo futuramente. Algumas anormalidades podem ser detectadas logo cedo e, muitas vezes, são a causa de dificuldades no desenvolvimento psicomotor. EXEMPLO: O nanismo, por exemplo, é um termo usado para situações de baixa estatura grave. Manifesta-se principalmente a partir dos dois anos de idade, impedindo o crescimento e desenvolvimento durante a infância e adolescência. Pode ser causado pordeficiência de hormônio de crescimento (chamado de nanismo hipofisário) ou por doenças ósseas congênitas. Crescimento, maturação e desenvolvimento dos três aos cinco anos de idade Entre os três e os cinco anos de idade, os sistemas sensoriais devem continuar a ser estimulados por meio de experiências que proporcionem à criança diferentes modos de integração sensório-motora. As habilidades motoras indispensáveis obtidas na etapa anterior são cada vez mais refinadas, possibilitando a execução de movimentos de complexidade crescente. A coordenação motora deve ser desenvolvida de modo integrado com o processamento cognitivo, em situações que exijam certo grau de percepção e decisão referente à solução motora adequada, obviamente, condizente com a capacidade individual da criança. Durante esta fase o ganho de peso e o crescimento mantêm-se estáveis. Nesta fase as atividades psicomotoras devem estar focadas em proporcionar maior ênfase em aspectos coordenativos e cognitivos (tomada de decisão), ao invés da preocupação com o treinamento de capacidades como força e resistência. Psicomotricidade 40 VOCÊ SABIA? Você já ouviu falar na “dor do crescimento”? É uma sensação dolorosa recorrente, sem causa específica, que recebeu esse nome por se manifestar em uma fase crucial do desenvolvimento físico – especialmente entre três e oito anos. Os médicos acreditam que de 5% a 15% da população infantil enfrentem o problema pelo menos uma vez na vida. Crescimento, maturação e desenvolvimento dos cinco aos dez anos de idade Dando continuidade aos nossos estudos, a fase em que ocorre uma enorme evolução na coordenação e controle motor, facilitando a aprendizagem de habilidades motoras cada vez mais complexas, é entre os cinco e dez anos de idade. Durante esse período, a criança tem condições de entender as regras do esporte e participar em programas estruturados de treinamento, sendo ainda aconselhável uma grande diversificação dos movimentos. A adoção de jogos reduzidos, com regras simples e voltadas para a realização de diversas habilidades, é bastante válida. Nesta fase é visível o aumento relativamente constante da força, velocidade e resistência, especialmente quando ocorrem estímulos ambientais adequados. As habilidades motoras adquiridas na fase anterior possuem fundamental importância nas próximas fases de desenvolvimento do indivíduo. Psicomotricidade 41 Figura 13 – Crescimento dos 5 aos 10 anos Fonte: Pixabay Durante o crescimento e o desenvolvimento, as crianças adquirem muito rapidamente os comportamentos do ambiente ao qual estão expostas, ou seja, as crianças responderão aos estímulos motores se forem feitos de forma correta. Deste modo, desde que adequado às possibilidades da criança, é importante que sejam oferecidos estímulos para a evolução dessas capacidades, preferencialmente em situações que privilegiem o desenvolvimento da coordenação e a integração cognição-ação, como jogos de habilidades físicas e manuais nos quais a criança precise pensar e utilizar o corpo para completar as atividades. De acordo com Golomazov, Para aprender um movimento, é necessário que os sistemas sensoriais e o aparelho motor estejam bem desenvolvidos. Enquanto não ‘amadurecem’ é inútil e por vezes até nocivo, obrigar as crianças a aprender determinados movimentos. (GOLOMAZOV, 1996, p. 27) Assim, durante a avaliação e o atendimento psicomotor é importante respeitar a fase de formação na qual a criança está inserida, dando desafios e atividades relacionadas à capacidade de cada indivíduo. Psicomotricidade 42 Crescimento, maturação e desenvolvimento durante a puberdade Durante a pré-adolescência (aproximadamente dos 11 aos 16 anos de idade), ocorrem diversas alterações morfológicas e funcionais que interferem diretamente no envolvimento e na capacidade de desempenho esportivo psicomotor. A puberdade é um período dinâmico do desenvolvimento marcado por rápidas alterações no tamanho e na composição corporal. Um dos principais fenômenos da puberdade é o pico de crescimento em estatura, acompanhado da maturação biológica (amadurecimento) dos órgãos sexuais e das funções musculares (metabólicas), além de importantes alterações na composição corporal, as quais apresentam importantes diferenças entre os gêneros. Figura 14 – A puberdade é o período de transição entre a infância e a vida adulta Fonte: Freepik Em termos de exercícios físicos não se deve aplicar carga máxima nos indivíduos na puberdade antes dos 17 anos, pois poderá ocasionar na sobrecarga de sua estrutura óssea. Com o avanço da puberdade e o aumento do hormônio testosterona a carga física suportada aumenta. Outro ponto importante para o desenvolvimento durante a puberdade é a adaptação que ocorre no Sistema Nervoso Central. De acordo com Weineck (1991), “o desenvolvimento oportuno e específico da capacidade física da força nas diferentes faixas etárias, é decisivo, para a evolução posterior do desempenho, tomar cuidado com Psicomotricidade 43 as particularidades do organismo em crescimento. Isso se deve ao fato de que o sistema ósseo da criança e do adolescente é mais elástico devido a menores inclusões calcárias, mas, em compensação, resiste muito menos à pressão e à flexão, demonstrando, portanto, até a faixa de 17 a 20 anos, quando a ossificação do sistema esquelético é concluída, uma capacidade de carga inferior à do adulto.” I. Crescimento na puberdade Podemos observar que nesta fase, a puberdade está relacionada ao aumento do tamanho do corpo, ocasionado pela multiplicação de células e pode ser mensurado pela medição de estatura, massa corporal, diâmetros e circunferências. De acordo com Malina e Bouchard (2002), o crescimento é resultado de um complexo mecanismo celular que envolve basicamente três fenômenos diferentes: a. Hiperplasia – aumento do número de células a partir da divisão celular. b. Hipertrofia – aumento do tamanho das células a partir de suas elevações funcionais, particularmente com relação às proteínas e seus substratos. c. Agregação – aumento da capacidade das substâncias intercelulares de agrupar as células. VOCÊ SABIA? Durante a puberdade existem fases em que o crescimento se torna mais rápido, chamada de “salto de crescimento” que se refere ao aumento acelerado de peso e altura. Esse salto de crescimento ocorre geralmente aos 12 anos nas meninas e aos 14 anos nos meninos, podendo haver variações. Antes desse período, meninos e meninas não apresentam grandes variações de peso e altura entre eles. Psicomotricidade 44 A imagem a seguir apresenta um conjunto de fatores que podem influenciar o crescimento: fatores internos como a carga genética herdada dos pais, a raça e o sexo; e fatores externos, como o aporte nutricional e questões ambientais, como posição geográfica, clima etc. Figura 15 – Fatores que podem influenciar o crescimento Fonte: Elaborado pela autora com base em UNESP (2009). IMPORTANTE: A diferença de crescimento entre meninos e meninas acentua- se durante a puberdade e é decorrente das mudanças hormonais, estando relacionados à estatura e peso. As mudanças do crescimento acarretam o alargamento dos quadris e dos ombros, tanto nas meninas como nos meninos, porém, em quantidade diferenciada. Essas alterações modificam a forma como os adolescentes se movimentam e como respondem aos estímulos motores a que são submetidos. II. Desenvolvimento O desenvolvimento na puberdade acarreta, além do crescimento, mudanças nos campos emocional, cognitivo, físico e comportamental. A ilustração a seguir apresenta a relação de interdependência do nível de desenvolvimento do indivíduo com os processos de crescimento, maturação e adaptação. Psicomotricidade 45 Figura 16 – Componentes inter-relacionados do desenvolvimento humano Fonte: Elaborado pela autora com base em UNESP (2009). Apesar deo crescimento e o desenvolvimento do indivíduo seguirem padrões e taxas pré-determinadas, esses processos ocorrem de forma individualizados, ou seja, cada um terá crescimento e aumento de peso individualizados. Desse modo, o profissional que trabalha com psicomotricidade, deve dedicar um tempo para compreender o desenvolvimento individualizado de quem está sendo atendido bem, como focar primeiramente nas habilidades básicas como saltar, correr, pular, movimentos de braços e condições psicológicas do indivíduo. SAIBA MAIS: A Sociedade Brasileira de Pediatria em Parceria com o Departamento Científico de Endocrinologia disponibiliza um documento no qual é possível verificar se o crescimento da criança/adolescente está ocorrendo de forma correta. No documento são apresentadas fórmulas para cálculos de acordo com dados dos pais com parâmetros diferenciados para meninos e meninas. Para ler o documento, acesse clicando aqui. Psicomotricidade https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2016/09/CrescimentoVe8.pdf 46 III. Maturação De acordo com Malina (2002), a maturação “refere-se ao tempo e controle temporal do progresso pelo estado biológico maduro”, ou seja, a maturação diz respeito às mudanças qualitativas pelas quais o corpo do indivíduo passa para poder progredir para os mais altos níveis de funcionamento. Deste modo, Arruda diz que: Nesse sentido é revelada a existência de uma interação entre maturação, neste instante considerada o desabrochar das aptidões potencialmente presentes no indivíduo, e a aprendizagem, considerada como um processo proveniente da prática e do esforço do mesmo indivíduo. (ARRUDA, 2008) ACESSE: Você sabia que a atividade física e o desempenho obtido possui relação direta com a maturação do indivíduo? Para saber mais acesse o artigo aqui. As principais características da maturação durante a puberdade ocorrem por meio das modificações nos órgãos sexuais. No sexo feminino, dizem respeito ao desenvolvimento dos ovários, do útero e da vagina; no sexo masculino, refere-se ao desenvolvimento dos testículos, da próstata e da produção de esperma. Estudos apontam que os indivíduos nos quais a maturação ocorre mais precocemente provavelmente serão mais altos, mais pesados e terão maiores níveis de força e maior resistência muscular, se comparados com aqueles de maturação tardia. Figura 17 – Durante a puberdade ocorre um rápido crescimento e maturação Fonte: Pixabay Psicomotricidade http://www.scielo.br/pdf/rpp/v33n1/pt_0103-0582-rpp-33-01-00114.pdf 47 Na ilustração a seguir podemos ver as etapas da maturação feminina e masculina durante a puberdade. RESUMINDO: Agora você consegue definir o que é o desenvolvimento humano? Para que seja possível compreender o que é o desenvolvimento humano, é necessário diferenciar as noções referentes ao crescimento e desenvolvimento: O crescimento é o aumento do corpo, de ponto de vista físico. Ele pode ser aumento de estatura ou de peso. A unidade de medida dele vai ser o cm ou a grama. Os processos básicos dele – aumento de tamanho celular (chamado de hipertrofia) ou aumento do número das células (hiperplasia). A maturação é uma noção bem diferente sobre o crescimento. Nesse caso, trata-se de organização progressiva das estruturas morfológicas. Aqui entra – crescimento e diferenciação celular, especialização dos aparelhos e sistemas. O desenvolvimento é um ponto de visto holístico, integrante dos processos do crescimento e maturação, mas que junta a isso o impacto e a aprendizagem sobre cada evento e, também, a integração psíquicos e sociais. O desenvolvimento psicossocial é de fato a integração do aspecto humano – o ser aprende a interagir e mover, respeitar as regras da sociedade, a rotina diária. Praticamente a criança vai seguir os passos que vão ter como finalidade a convivência com a sociedade cuja pertence. Psicomotricidade 48 REFERÊNCIAS ARRUDA, M. 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D.O.U nº. 093 – de 21/05/87, Seção I, Págs. 7609 Disponível em: https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=2838 Acesso: 27 set. 2021 FONSECA, V. da. Manual de observação psicomotora: significação psiconeurológica dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Arte Médica, 2010. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2007. GOLOMAZOV, S.; SHIRVA, B. Futebol: treino de qualidade do movimento para atletas jovens. In: GOMES, A.C.; MANTOVANI, M. Adaptação técnica e científica. São Paulo: FMU, 1996. LE CAMUS, J. O corpo em discussão: da reeducação psicomotora às terapias de mediação corporal. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986. LE BRETON, D. A Sociologia do Corpo. Rio de Janeiro: Vozes, 2007 LEDOUX, M. Introdução à obra de Françoise Dolto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1991. Psicomotricidade https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=2838 49 LEVIN, E. A clínica psicomotora. Petrópolis-RJ: Vozes, 2003. LEVIN, E. A clínica psicomotora: o corpo na linguagem. 7ª edição, Petrópolis: Vozes, 2007. 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