Buscar

EBOOK PSICOMOTRICIDADE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 101 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 101 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 101 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

MANTENEDORA: UNIÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA GILDASIO AMADO
Presidente: Pergen�no de Vasconcellos Junior
UNESC – CENTRO UNIVERSITÁRIO DO ESPÍRITO SANTO
Reitor: Pergen�no de Vasconcelos Junior
Vice-Reitora: Maria José Rossi de Vasconcellos
Chanceler: Ilaria Rossi de Vasconcellos
Diretor Administra�vo: Fabiano Chiepe
Diretor Acadêmico: Neacil Broseghini
Diretor-Execu�vo do Câmpus Virtual: Geraldo Magela Freitas dos Santos
 
 
Endereço dos Câmpus:
Câmpus Cola�na (ES)
Avenida Fioravante Rossi, 2930
Bairro Mar�nelli - Cola�na - ES
CEP: 29703-858 Telefax (27) 3723.3000
Câmpus Serra (ES)
Av. Talma Rodrigues Ribeiro, 41
Portal de Jacaraípe - Serra - ES
CEP: 29173-795 Telefax: (27) 3243.880
 
APRESENTAÇÃO
Prezado estudante,
Gostaria de convidar você neste momento para iniciar este processo de conhecimento e aprendizagem.
Tenho certeza de que será muito enriquecedor, repleto de questões e es�mulos para o seu o crescimento.
Você é o nosso convidado especial para iniciar essa viagem por meio do conhecimento. Durante esta trajetóri
se deparar com trilhas muito interessantes e desafiadoras em todo o percurso. Podemos começar?
 
OBJETIVOS
Unidade 1 - Fundamentos da Psicomotricidade 
1. Compreender a psicomotricidade e a sua importância na saúde e na educação.
2. Entender os aspectos históricos e as bases da psicomotricidade.
3. Discernir sobre os aspectos conceituais da psicomotricidade que caracterizam o desenvolvimento psico
4. Reconhecer a importância da psicomotricidade, entendendo suas abordagens e aplicação ao ciclo v
os hemisférios cerebrais, por exemplo.
 
Unidade 2 - Psicomotricidade Clínica 
1. Reconhecer a imagem do corpo, tonicidade, movimento e comunicação corporal no contexto da psicomo
2. Iden�ficar os elementos essenciais da psicomotricidade, à luz da medicina, fisioterapia e psicologia.
3. Analisar a coordenação motora a par�r dos elementos psicomotores.
4. Aplicar o instrumental básico e as técnicas no exame psicomotor. 
 
Unidade 3 - Psicomotricidade e a Educação
1. Diagnos�car as principais perturbações psicomotoras, aplicando esses conhecimentos à gerontomotric
psicomotricidade na educação especial.
2. Aplicar as técnicas de avaliação psicomotora.
3. Iden�ficar as influências do estado mental nas baterias psicomotoras.
4. Analisar as diferentes visões de estudiosos da psicomotricidade no que concerne ao seu relacionament
afe�vidade.
 
Unidade 4 - Terapêu�ca Psicomotora
1. Entender os fundamentos teórico-prá�cos da educação e reeducação psicomotora na relação com a fam
2. Aplicar as técnicas e prá�cas para a reabilitação psicomotora.
3. Iden�ficar o papel da intervenção psicomotora na educação e reeducação do indivíduo e do profissiona
4. Reconhecer e entender o papel do psicólogo na reabilitação psicomotora.
 
 
 
Sumário
APRESENTAÇÃO
OBJETIVOS
CONTEÚDOS DE ESTUDO
UNIDADE 1 - Fundamentos da Psicomotricidade
1. Psicomotricidade
1.1 Psicomotricidade, história e conceituação
2. Elementos base da Psicomotricidade
2.1 Esquema e imagem corporal
2.2 Coordenação Global
2.3 Equilíbrio 
2.4 Lateralidade
2.5 Orientação espacial, latero-espacial e temporal
2.6 Tônus
2.7 Ritmo
2.8 Coordenação dinâmica das mãos
3. Diferentes abordagens psicomotoras, teoria e prá�ca
3.1 Psicomotricidade relacional
3.2 Psicomotricidade instrumental
4. Hemisférios cerebrais na psicomotricidade
4.1 Sistema psicomotor humano (SPMH)
4.2 Divisão funcional do córtex cerebral
4.3 Lobo Frontal
4.4 Lobos occiptais
4.5 Lobos temporais
4.6 Lobos parientais
UNIDADE 2 - Psicomotricidade Clínica
1. Simbolização do corpo
1.1 Corpo
1.2 Esquema corporal e imagem corporal
2. Contribuições da fisioterapia, medicina e psicologia para a psicomotricidade
2.1 Contribuições da Fisioterapia
2.2 Contribuições da Medicina
2.3 Contribuições da Psicologia
3. O pensamento clínico nas a�vidades em psicomotricidade
3.1 Intervenção clínica
4. A maturação e as implicações neurológicas para a motricidade humana
4.1 Crescimento, maturação e desenvolvimento aos três anos de idade
4.2 Crescimento, maturação e desenvolvimento dos três aos cinco anos de idade
4.3 Crescimento, maturação e desenvolvimento dos cinco aos dez anos de idade
4.4 Crescimento, maturação e desenvolvimento durante a puberdade
4.4.1 Crescimento na puberdade
4.4.2 Desenvolvimento
4.4.3 Maturação
UNIDADE 3 - Psicomotricidade e a educação
1. A gerontomotricidade e a psicomotricidade na educação especial
1.1 Gerontomotricidade
1.2 A psicomotricidade na educação especial
2. Avaliação psicomotora
3. Influências na psicomotricidade
3.1 Freud
3.2 Andre Lapierre
3.3 Levin
3 4 W ll
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2135
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2136
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2141
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2142
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2142/page/1
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2144
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2144/page/1
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2144/page/2
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2144/page/3
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2144/page/4
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2144/page/5
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2144/page/6
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2144/page/7
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2144/page/8
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2153
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2153/page/1
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2153/page/2
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2156
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2156/page/1
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2156/page/2
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2156/page/3
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2156/page/4
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2156/page/5
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2156/page/6
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2164
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2165
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2165/page/1
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2165/page/2
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2168
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2168/page/1
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2168/page/2
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2168/page/3
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2172
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2172/page/1
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2174
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2174/page/1
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2174/page/2
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2174/page/3
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2174/page/4
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2177/page/4.1
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2177/page/4.2
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2177/page/4.3
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2182
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2183
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2183/page/1
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2183/page/2
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2186
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2187
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2187/page/1
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2187/page/2
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2187/page/3
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2187/page/4
3.6 Vygotsky
4. O valor da afe�vidade nas intervenções psicomotoras
UNIDADE 4 - Terapêu�ca Psicomotora
1. Vivências em psicomotricidade e o trabalho com a família
1.1 A importância da psimotricidade em crianças que se encontram no espectroau�s
2. Técnicas para reabilitação psicomotora
2.1 Técnicas de relaxamento e conscien�zação corporal
2.2 Técnicas de educação postural
2.3 Técnicas de reeducação gnósico-práxica
2.4 A�vidade lúdica
3. Educação e reeducação psicomotora
3.1 Os distúrbios psicomotores
4. O psicólogo na reabilitação psicomotora
4.1 O processo terapêu�co de reabilitação
GLOSSÁRIO
REFERÊNCIAS
 
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2187/page/6
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2194
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2196
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2197
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2197/page/1
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2199
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2199/page/1
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2199/page/2
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2199/page/3
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2199/page/4
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2200
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2200/page/1
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2206
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2206/page/1
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2139
https://unesc.br/ead/disciplina/view/id/44/content/2140
UNIDADE 1 - Fundamentos da Psicomotricidade
Você já observou como seu corpo se movimenta? A ciência que estuda o ser humano por meio do seu movime
diversas relações chama-se Psicomotricidade. O objeto de estudo dela é o corpo e a sua expressão dinâmica 
princípios básicos: movimento ou motricidade, intelec�vo/cognição/pensamento e o afeto/emoção/ sen�men
psicomotricidade é baseada na concepção unificada da pessoa, ou seja, a inclusão das áreas cogni�vas, sens
motoras e psíquicas para que seja possível compreender todos os movimentos e interações dos seres hu
Ela é cons�tuída por uma gama de conhecimentos antropológicos, fisiológicos, psicológicos e inter- relacio
quais o corpo é u�lizado como mediador. Entendeu? Ao longo desta unidade le�va você irá mergulhar neste u
 
1. Psicomotricidade
 OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona a Psicomotrici
será fundamental para o exercício de sua profissão. E então? Mo�vado para desenvolver esta competência? E
vamos lá. Avante!
1.1 Psicomotricidade, história e conceituação
Compreender a abordagem da Psicomotricidade implica buscar na Françasuasfonteshistóricas. Noiníciodoséc
XXopensamentoda Psiquiatria Infan�l estava ligado às correspondências anátomo-neurofisiológicas do psiqui
Neste quadro de predomínio do neurologismo surgiu a noção de “paralelismo psicomotor” de Dupré, desenvo
Heuyer: “Há uma estreita ligação entre o desenvolvimento da motricidade, da inteligência e da afe�vidade”.
Figura 1 – Gestos e a psicomotricidade
Fonte: Pixabay (2021)
 
 VOCÊ SABIA? Os franceses se conscien�zavam sobre a importância do gesto e pesquisavam
profundamente os temas corporais. Tanto que foram eles que cunharam as primeiras palavras- chave da
Psicomotricidade.
 
 
A Psicomotricidade surgiu, portanto, no âmbito da Neuropsiquiatria e da Educação. Suas primeiras teorizações
ocorreram no início deste século. Neste primeiro momento o conceito de Psicomotricidade privilegiou o funcio
corporal e u�lizaram-se técnicas de reeducação instrumentais que “desenvolviam” aspectos específicos
tônus a coordenação o ritmo a organização espacial e a noção de esquema corporal Criaram se instrument
corporal, a orientação espacial, a afirmação da lateralidade e ao ritmo etc. A ênfase maior era dada à perform
sobretudo escolar.
 
 
 ACESSE: Para saber mais sobre o surgimento da Psicomotricidade, clique
aqui: h�ps://psicomotricidade.com.br/a-historia-da-psicomotricidade-e-da-abp/.
 
 
Um conhecido teórico da Psicomotricidade, Ajuriaguerrac, junto com Diatkine, acabaram por romper com o
 “imperialismo neurológico” durante suas prá�cas no Hospital Henri Rousselle. Ajuriaguerrac deu ênfase à P
Gené�ca e sinte�zou as teorias de Piaget e Wallon com as da Psicanálise de Freud e seus seguidores. Teve in
uma nova classificação de distúrbio psicomotor que ia além da perturbação do paralelismo psicomotor.
Jolivet con�nuou o trabalho iniciado no Hospital Henri Rousselle e em 1970 definiu a Psicomotricidade como a
“motricidade em relação”.
A par�r desse momento, duas tendências no tratamento psicomotor passaram a coexis�r. De um lado, a reed
psicomotora, mantendo-se próxima do instrumental e do cogni�vo, visando promover o desenvolvimento tônic
e espaço-temporal com exercícios estruturados, a organização do esquema corporal e a afirmação da lateralid
outro, a terapia psicomotora, por meio de a�vidades psicomotoras livres dando-se mais ênfase à expressão c
relação afe�va, como meio de a�ngir as fantasias e conflitos da criança, e proporcionando a afirmação de seu
a busca de conhecimento e pesquisa da realidade, de um jeito mais espontâneo.
Alguns psicomotricistas começaram a difundir sua prá�ca e fizeram publicações de seus métodos e técnicas. 
Lapierre foi um deles e era considerado o psicomotricista de maior peso, sendo o criador da Psicomotricidade
Relacional.
 
 
 NOTA: André Lapierre é considerado o pai da Psicomotricidade Relacional, uma vertente da
Psicomotricidade que dá ênfase aos aspectos afe�vo-emocionais e relacionais do ser humano.
 
 
Lapierre foi professor de Educação Física, cinesioterapeuta, psicoeducador e foi presidente da Sociedade Fran
Educação e Reeducação Psicomotora. Começou a se afastar da Fisioterapia em 1977, pois entendia que essa 
junto com a Educação Física, teria herdado da medicina um modelo mecânico do corpo, sobretudo a psicoafe�
qual observa os fantasmas corporais.
Segundo Lapierre (2002, p. 39), na Psicomotricidade existe a mesma regra de associação livre psicanalí�ca:
“ b � i d di l f di l ã É h id d ”
 
 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só pa
certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos revisar o que vimos. Você de
aprendido que no início do séc. XX o pensamento da Psiquiatria Infan�l estava ligado às correspondências a
neurofisiológicas do psiquismo. A Psicomotricidade surgiu, portanto, no âmbito da Neuropsiquiatria. Criaram-s
instrumentos de avaliação e aferição das capacidades e exercícios cura�vos. Então, surgiu a reeducação psic
mantendo-se próxima do instrumental e do cogni�vo, visando promover o desenvolvimento tônico-motor e es
temporal com exercícios estruturados, a organização do esquema corporal e a afirmação da lateralidade.
 
2. Elementos base da Psicomotricidade
 OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender os elementos base da
psicomotricidade. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. E então? Mo�vado para desenvolv
competência? Então vamos lá.
 
 
A Psicomotricidade é caracterizada pelos seguintes elementos:
a. Esquema e imagem corporal.
b. Coordenação global.
c. Equilíbrio.
d. Lateralidade.
e. Orientação espacial, latero-espacial e temporal.
f. Tônus.
g. Ritmo.
h. Coordenação dinâmica das mãos.
Todos esses elementos são considerados base para o desenvolvimento do indivíduo e são pré-requisitos para
aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita, conhecimento do corpo em relação aos objetos, bem como o
e organização do espaço e do tempo.
O homem é, antes de tudo, um ser falante e, ao denominar-se, fala de seu corpo: eis o que o caracteriza. Em
contrapar�da, seu corpo fala por ele e até, por vezes, à sua revelia. O sen�r é vital, tudo que é vivido, sen�do
na vida fica marcado no corpo. É a par�r do sensório- motor é que passamos dar sen�do ao nosso viver.
A par�r das experiências Sensoriais (os cinco sen�dos) visão, audição, paladar, tato e olfato e dos es�mulos 
no dia a dia desde a vida intrauterina é que nos cons�tuímos e nossa percepção de tudo par�rá das sensaçõe
sen�remos ao sermos expostos a esses es�mulossensoriais.
Vejamos a seguir especificidades de cada um desses elementos.
2.1 Esquema e imagem corporal
A Imagem Corporal está ligada ao afeto, emoção e o Esquema Corporal é o conhecimento do corpo, o esquem
A Imagem Corporal só existe se o corpo for tocado ou falado. O que interessa para o ser humano é a diferenç
não sou o outro”.
O lactente é um corpo que sofre em sua prematuridade orgânica, e só sobrevive graças ao corpo do outro. En
em total estado de simbiose com quem cuida dela, não dis�ngue o eu do não eu. Depois, a criança entra na f
espelho e começa a perceber a diferença entre o eu e o outro, reconhecendo as partes do seu corpo e a se re
diante do espelho formando assim sua Imagem Corporal.
 
 
 NOTA: O termo imagem corporal, com base na psicomotricidade, refere-se à imagem ou represe
mental, que abrange aspectos afe�vos, sociais e fisiológicos.
 
 
Figura 2 – Esquemas corporais
Fonte: Pixabay (2021)
Schilder, em seu livro A Imagem do Corpo (1994) diz que:
A Imagem do Corpo humano é a imagem do n
próprio corpo que formamos em nosso espírito, 
palavras, o modo como nosso corpo se apresent
mesmos. (SCHILDER, 1994, p. 35)
EXEMPLO:
A es�mulação do Esquema Corporal torna o corpo da criança como um ponto de referência básico para a apre
de todos os conceitos indispensáveis à alfabe�zação (noções de em cima, embaixo, na frente, atrás, esquerd
Algumas brincadeiras são essenciais para o desenvolvimento do esquema corporal, tais como:
Estátua.
Jogos de imitação.
Cantar músicas que falassem sobre as partes do corpo.
Apontar as partes do corpo em si mesmo e no corpo do colega
Juntar as partes de um boneco desmontável (quebra-cabeça).
Desenhar uma figura humana no quadro, parte por parte.
Deitar no chão e desenhar o contorno do corpo de uma das crianças, depois completar suas partes.
Explorar o próprio corpo com as mãos, de olhos abertos e fechados, depois representá-lo u�lizando vár
materiais como: guache, espuma, gel, farinha.
Releituras de obras ar�s�cas que privilegiassem o corpo humano
Completar o desenho de uma figura humana com o que es�ver faltando etc.
2.2 Coordenação Global
A coordenação global é caracterizada por um bom domínio do corpo. Quando há algum distúrbio no desenvolv
da coordenação (tanto na global quanto na dinâmica das mãos), o indivíduo poderá apresentar dificuldades e
como disgrafia escrever ultrapassando as linhas e margens do caderno e dificuldade nos gestos
coordenação global
Fonte: Freepik
 
 
 IMPORTANTE: A coordenação global é uma condição mínima necessá- ria para uma boa aprendiza
cons�tui a estrutura da educação psicomotora. O desenvolvimento da psicomotri- cidade necessita do apoio c
através de es�mula- ção. Deste modo, não é um trabalho exclusivo de um único profissional, e sim, de todos
profissionais envolvidos no pro- cesso ensino-aprendizagem.
 
 
Por meio da coordenação motora global é possível ter controle dos movimentos amplos do corpo como andar,
rolar, saltar, rastejar, enga�nhar, entre outros.
2.3 Equilíbrio 
O equilíbrio pode ser compreendido como a capacidade que o indivíduo possui de manter a postura bípe
quando está parado quanto em movimento. Segundo Luria (1981, p. 18) o equilíbrio é o responsável pelos aju
posturais an�gravitários, estabelecendo autocontrole nas posturas está�cas e no desenvolvimento de padrõe
locomotores. O equilíbrio depende essencialmente dos sistemas labirín�co e plantar.
EXEMPLO:
O equilíbrio é dividido em dois:
Equilíbrio dinâmico – caminhar sobre uma prancha, equilibrar-se sobre um pé só, inclinar-se ver�calmente pa
e para trás.
Equilíbrio está�co – Manter-se sentado corretamente, andar na ponta dos pés, andar com um copo cheio de á
mão. Andar em cima de uma corda estendida no chão.
2.4 Lateralidade
A Lateralidade é a capacidade motora de percepção dos dois lados do corpo, ou seja, direita e esquerda. A
predominância de um dos lados do corpo nas a�vidades do indivíduo ocorre em função do hemisfério cerebra
u�lizado. Vejamos a seguir a determinação da dominância lateral.
 
 
2.4.1 Dominância Lateral 
A dominância lateral é definida a par�r da preferência neurológica que se tem por um lado do corpo, no que d
respeito à mão, pé, olho e ouvido. Tal preferência é muito importante para o desenvolvimento de diferentes a
incluindo a leitura.
Alguns indivíduos são ambidestros, ou seja, u�lizam ambas as partes do corpo com a mesma habilidade e des
Outros u�lizam a parte direita do corpo, são chamados indivíduos destros. E ainda há os que se u�lizam da pa
esquerda, que são os canhotos. O indivíduo que tem preferência pela mão de um lado do corpo e pelo olho e 
lado oposto aplica-se o termo lateralidade cruzada. Lateralidade indefinida é usada para as crianças que aind
estabeleceram sua preferência por um dos lados.
Figura 4 – Indivíduos ambidestros u�lizam ambas as partes do corpo com a mesma
habilidade e destreza
Fonte: Freepik (2021).
 
Algumas dificuldades de aprendizagem podem surgir em crianças que ainda não têm sua lateralidade definida
naquelas que são canhotas, mas foram obrigadas a escrever com a mão direita. Tais dificuldades podem ser r
ao �po de grafia que elas apresentam (disgrafia, letra ilegível), à orientação espacial na folha de papel e a po
inadequadas no ato de escrever.
 
 
2.4.2 Desvio de lateralidade
Alateralidade só se estabelece porvolta dos 5/6 anos. Quando ocorre algum fato que comprometa a compree
lateralidade dizemos que há um desvio da lateralidade. Tal desvio pode ocorrer por alguns mo�vos, por exem
acidente que provoque uma amputação ou uma paralisia no lado dominante faz com que a pessoa passe a us
lado. Além disso, podem ocorrer, casos em que esta mudança de prevalência manual mude por mo�vo de ide
com alguém ou por imposição dos pais ou professores ou por mo�vo afe�vo ou por qualquer outro. Vejamos o
exemplo de desvio de lateralidade:
Quando o indivíduo nasce canhoto, porém, é obrigado a escrever com a mão direita, pode haver desvio de lat
A criança destra, mesmo tendo sua mão direita ocupada, é capaz de abrir uma porta com a mão esquerda. Est
diferente da dominância lateral que é a maior habilidade desenvolvida num dos lados do corpo devido à domi
cerebral, ou seja, pessoas com dominância cerebral esquerda têm maior probabilidade de desenvolverem ma
habilidades do lado direito do corpo e, por isso, são destros.
A lateralidade é importante na evolução da criança porque influência a ideia que a criança tem de si mesma, 
percepção da simetria de seu corpo, a formação de seu esquema corporal, além de contribuir para determina
estruturação espacial, porque percebendo o eixo de seu corpo, a criança percebe também seu meio ambiente
relação a esse eixo.
2.5 Orientação espacial, latero-espacial e temporal
A estruturação espacial é parte integrante da nossa vida. Ela não nasce com o indivíduo e é, na verdade, uma
construção mental, uma elaboração que se inicia desde pequeno. A orientação latero-espacial ocorre naturalm
indivíduo e desenvolve-se da seguinte maneira: por volta dos seis anos, quando a criança já tem conheciment
direito e esquerdo do seu corpo, aos sete anos já é capaz de perceber a posição rela�va entre dois objetos, a
anos já reconhece o lado direito e esquerdo em outras pessoas e aos nove anos consegue realizar movimento
realizados por outras pessoas com o mesmo lado do corpo no qual a pessoa que está realizando o movimento
orientação espacial é a que permite que o indivíduo se localizar em acontecimentos do passado e projetar-se 
É por meio da orientação espacial que termos domínio das noções sociais do tempo (hora, mês, estações etc.
Para Fonseca (1995, apud CEZAR; PEREIRA; ESTEVES, 2008, p. 2), um objeto situado à determinada distância e
é percebido porque as experiências anteriores da criança levam-na a analisar as percepções visuais que lhe p
tocar o objeto. É dessas percepções que resultam as noções de distância e orientação de um objeto com relaç
outro, a par�r das quais as crianças começam a transpor as noções geraisa um plano mais reduzido, que será
extrema importância quando na fase do grafismo.
A reversibilidade é a possibilidade de reconhecer a mão direita ou a mão esquerda de uma pessoa à sua frent
disso, é a noção de reversibilidade que possibilita, pouco a pouco, às crianças a compreensão de igualdades 
EXEMPLO: 8 + 5 = 3 + 10 7 X 3 = 3 X 7 10 – 3 = 7
2.6 Tônus
O tônus é o primeiro sistema funcional complexo que compreende a psicomotricidade e é considerado o estad
tensão a�va dos músculos. Se não há a organização tônica como suporte, não é possível desenvolver a a�vida
motora e a estrutura psicomotora. É possível determinar o �po de tônus muscular observando a amplitude do
movimentos, a resistência ao movimento passivo e a palpação da a�vidade flexora e extensora dos diferentes
músculos.
Figura 5 – A tonicidade se desenvolve desde o nascimento até os 1
de vida
Fonte: Freepik
 
2.6.1 Tônus muscular e tônus motor 
O tônus muscular refere-se à pessoa em estado passivo, sem movimento, em repouso, o músculo não possui 
contrá�l interna. Quando palpado, o músculo pode parecer retesado ou macio, e nesse estado passivo diz-se 
músculo tem tônus muscular.
No tônus motor, o estado a�vo ocorre quando um músculo está se contraindo em resposta a um comando 
 sistema motor. Quando palpado, ele mostrará vários graus de retesamento, dependendo da força de contraç
estado do músculo é denominado tônus motor.
As diferenças criadas pelo tônus muscular e motor podem ser prontamente palpadas no músculo normal. O
desenvolvimento psicomotor normal precisa do equilíbrio dos tônus muscular e motor.
Tônus Motor e Muscular Anormais: em circunstâncias normais, o músculo tem flexibilidade funcional de passa
estado para outro sem qualquer dificuldade ou problema residuais. Todavia essa flexibilidade pode falhar, por
em consequência de a�vidade excessiva ou lesão do sistema motor. Haverá alterações tanto no tônus muscu
no tônus motor que se denominará “tônus anormal”, que pode ser definido como tônus que não mantém o mo
funcional e que pode durar mais do que a a�vidade que o desencadeou.
O Tônus Motor e Muscular Anormal pode ser causado por:
1. Lesão no sistema motor – observado em quadros neurológicos diversos como AVC, paralisia cerebral, d
Parkinson etc.
2. Tensão psicológica, tensão emocional, ansiedade e excitação cons�tuem alguns dos estados psicológic
vão influenciar no tônus motor geral. Essa alteração no tônus não está associada com patologia do sist
motor.
3. A�vidade muscular protetora após lesão – é comum constatar a existência de tônus motor sustentado
lesão musculoesquelé�ca. Trata-se de um mecanismo protetor usado para imobilizar a lesão ou evitar o
área afetada.
4. Perda de tônus motor – existem várias condições graves em que o tônus motor para o músculo é reduzi
quase totalmente abolido. Em caso de lesões do sistema nervoso central e do nervo periférico, o tônus 
pode ser reduzido, resultando num músculo flácido.
 
 
 SAIBA MAIS: Para saber mais sobre tonicidade e outros elementos da psicomotricidade leia o
livro Psicomotricidade - Filogênese, Ontogênese e Retrogênese, do autor Vitor da Fonseca, Editora Wak.
 
2.7 Ritmo
RITMO, s. m (poes.) Sucessão regular de sílabas acentuadas, de que resulta impressão agradável ao ouvido; (
combinação simétrica de sons, sob o ponto de vista da intensidade e do tempo; cadência; movimento regular 
(med.) proporção de intensidade entre as pulsações arteriais; correlação harmoniosa entre as partes de uma
composição literária ou ar�s�ca. (Do gr. rhythmos). Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa O GLOBO p. 61
Figura 6 – O exercício ritmo é importante para trabalhar a concent
Fonte: Freepik (2021)
 
O ritmo é marcado no ser humano desde a vida intrauterina, no contato direto do feto com o ritmo cardíaco da
Conhecido como a primeira forma de comunicação humana. O bebê quando nasce já tem memória musical. E 
estrutura do sistema nervoso a ser a�ngido no Mal de Alzheimer é o arquecerebelo, local onde se processam 
e a musicalidade, por isso, é de suma importância o trabalho na psicomotricidade com os recursos musicais c
ritmo.
PASSO A PASSO:
Nunca comece um trabalho com músicas sem conhecer a música nem os componentes do grupo.
Sempre que começar uma música, vá com essa até o final para que a música não fique ecoando nos ouv
Não conhecendo o grupo, comece por meio de ritmos e sons de preferência produzidos pelas próprias p
grupo.
Busque conhecer o ritmo da pessoa com quem irá trabalhar, para que caminharem no mesmo ritmo.
Trabalhe com música para a reeducação da lateralidade.
 
 
2.7.1 Movimento e gesto
O gesto diz algo e o motor é uma ação. Cada gesto é feito de um conjunto de ações que se complementam pa
um obje�vo final. Todos os nossos gestos são globais. Para Fonseca (1985 p. 151, 161), “o movimento human
uma interligação dos processos emo�vos, voli�vos e intelectuais, dado que cons�tui em si uma conquista bio
espécie humana. Conclusão, o movimento é fundamentalmente um meio de interação humana entre o mundo
da pessoa e o mundo externo dos objetos e dos outros”.
 
 
 IMPORTANTE: As a�vidades rítmicas devem ser trabalhadas de forma a causar – descontração,
calma e confiança.
 
O Gesto pode ser a postura, a mímica, o sorriso etc. Todas essas são reações corporais que traduzem mais ou
conscientemente nossos estados psicoafe�vos. Segundo Lapierre (1984, p. 58), essas mensagens são decodifi
pelo outro com referência às suas próprias reações psicotônicas.
2.8 Coordenação dinâmica das mãos
A coordenação dinâmica das mãos é o domínio harmonioso e delicado dos gestos. O desenvolvimento da hab
manual incluindo o movimento de pinça, facilita a escrita (grafismo). Algumas a�vidades podem desenvolver 
habilidade da coordenaçãodinâmica das mãos, como por exemplo, recorte, escrita e desenho. Tais exercícios 
como óculo-manuais tem como obje�vo o domínio do campo visual, associado a motricidade fina.
Figura 7 – A coordenação envolve concentração, organização dos movimentos e
coordenação visuo-motora
Fonte: Freepik (2021).
 
A coordenação motora fina é a capacidade de controlar pequenos músculos para a realização de habilidades fi
exercícios de coordenação dinâmica das mãos podem ser realizados com a�vidades, como modelagem de ma
e a�vidades de pesquisa e recorte de letras, visando es�mular a destreza, a velocidade e a precisão dos
movimentos.
 
 
 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para
certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos revisar o que vimos. Você de
aprendido que a psicomotricidade é caracterizada pelo esquema e imagem corporal, a Coordenação global, o 
a lateralidade, a orientação espacial, latero-espacial e temporal, o tônus, o ritmo e a coordenação dinâmica d
Todos esses elementos são considerados base para o desenvolvimento do indivíduo e são pré-requisitos para
aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita, conhecimento do corpo em relação aos objetos, bem como o
e organização do espaço e do tempo.
 
3. Diferentes abordagens psicomotoras, teoria e prá�ca
 OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender as diferentes abordagens da
psicomotricidade. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. E então? Mo�vado para desenvolv
competência? Então vamos lá. Avante!
 
 
De acordo com Mar�ns (2001, p. 18), os psicomotricistas consideram que as potencialidades mentais, emocio
motoras de um paciente estão em frequente interação com o corpo, considerando-o o local de manifestação d
ser. Desse modo, a manifestação do ser humano está nas posturas, nas a�tudes, nos gestos e mímicas transf
a consciência corporal condição e instrumento da consciência de si. A psicomotricidade está dividida em duas
vertentes: a psicomotricidade relacional e a psicomotricidade instrumental. A seguir veremos cada uma delas
3.1 Psicomotricidade relacional
A Psicomotricidade relacional é uma prá�ca que permite à criança,ao jovem e ao adulto a expressão e supera
conflitos relacionais, interferindo de forma clara, preven�va e terapêu�ca sobre o processo de desenvolvimen
cogni�vo, psicomotor e socioemocional, na medida em que estão diretamente vinculados a fatores psicoafe�
relacionais, de acordo com Lapierre (2002, p. 24).
A Psicomotricidade relacional surgiu na década de 1970 a par�r de congressos da área da Psicanálise que co
com uma nova visão do corpo como um meio de vivência e espaço de prazer e desejo. As sessões de psicomo
relacional u�lizam em especial de jogos espontâneos fundamentados na afe�vidade e no conteúdo emociona
vivências e no desenvolvimento socioemocional. Na Psicomotricidade relacional, o psicomotricista trabalha d
mais permissiva e menos dire�va e atua criando uma segurança emocional permi�ndo uma evolução do sujei
A intervenção relacional não leva em consideração uma avaliação compara�va a uma norma estabelecida. Em
disso, observa o comportamento e parâmetros psicomotores em relação ao próprio corpo, espaço, o outro, o t
objetos e a linguagem e realiza uma avaliação individualizada.
Quadro 1 – Obje�vos da Psicomotricidade Relacional adaptados de Àrag
Fonte: Elaborado pela autora (2021).
3.2 Psicomotricidade instrumental
A corrente mais tradicional da psicomotricidade enquanto reeducação é a Psicomotricidade instrumental. Ess
aponta que o processo de desenvolvimento humano é decorrente dos processos de maturação, baseando-se e
princípios biomédicos, cogni�vistas e neuropsicológicos. Esta vertente da psicomotricidade, também conhecid
funcional ou norma�va, baseia-se em aspectos motores e cogni�vos, tendo com fundamentação uma concepç
norma�va do desenvolvimento humano, tendo como referência os comportamentos e competências esperado
cada etapa do desenvolvimento. A Psicomotricidade centrada na intervenção com componente instrumental c
uma base mais cogni�va e neuropsicológica iniciada privilegiando o uso de situações-problema, fazendo com
reflexão, invenção, expressão e transposição, promovendo a possibilidade das a�vidades propostas funcionar
um escape cria�vo, libertador do imaginário do indivíduo.
 
 
Thiers, tem como base a Psicomotricidade, a Psicanálise e a Filosofia. A visão total do ser integral, por meio d
corpo, afetos e ação, propicia o fazer, gerando uma sensação produ�va de inserção social e grupal.
 
 
Figura 8 – Psicomotricidade Relacional
Fonte: Freepik (2021). 
 
Figura 9 – Psicomotricidade instrumental
Fonte: Freepik (2021).
 
 
SAIBA MAIS P l d l t d i t i id d l i l i t fil
convencionais que causam inicialmente espanto, mas que, aos poucos, vai conquistando todos, com exceção 
que quer arrumar um mo�vo para expulsá-lo, apesar dele ser o primeiro da turma.
 
 
Em um contexto mais genérico, Arágon (2006, p. 52) expõe os obje�vos em que a Psicomotricidade instrumen
ser u�lizada, sendo organizados em três esquemas psicomotores que servem para orientar a intervenção:
Esquema corporal, abrangendo obje�vos específicos ao nível da percepção global do corpo, tónus e 
equilíbrio, lateralidade e coordenação global e segmentária.
Esquema espacial, em específico a orientação espacial e as noções espaciais sobre o outro.
Esquema temporal, englobando a aquisição de noções básicas de (velocidade, duração, con�nuidade,
irreversibilidade e intervalo), bem como a tomada de consciência de relações de simultaneidade, suces
diferentes momentos do tempo, consciência da sucessão e a coordenação de diversos elementos.
 
 
 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só par
certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos revisar o que vimos. Você de
aprendido que os psicomotricistas consideram que as potencialidades mentais, emocionais e motoras de um 
estão em frequente interação com o corpo, considerando-o o local de manifestação de todo o ser. Estudamos 
psicomotricidade relacional e a psicomotricidade instrumental. A corrente mais tradicional da psicomotricidad
enquanto reeducação é a psicomotricidade instrumental.
 
4. Hemisférios cerebrais na psicomotricidade
 
 OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funcionam os hemisfério
cerebrais e sua relação com a psicomotricidade. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. E en
Mo�vado para desenvolver esta competência? Então vamos lá.
 
 
Os hemisférios cerebrais têm funções dis�ntas e bem definidas no gerenciamento do corpo humano, capacida
que, de certa forma pré-definida por alicerces gené�cos, que, além disso, os permitem funcionar parcialmente
independentes mesmo quando isolados um do outro. O cérebro é formado por aproximadamente 100 bilhõe
células nervosas chamadas neurônios. Eles se comunicam por meio de transmissões de sinais eletroquímicos
O cérebro realiza várias tarefas, por exemplo, ele controla os nossos movimentos �sicos ao andarmos, falarm
sentarmos ou ficarmos de pé. Além disso, controlar a temperatura corpórea, a pressão arterial, a frequência c
respiração nos deixa pensar, sonhar, raciocinar, sen�r emoções, recebe milhares de informações vindas dos n
sen�dos (audição, visão, olfato, tato, paladar). O cérebro é dividido em dois hemisférios: o direito e o esquerd
apesar de parecerem espelhadas, possuem funções e competências diferentes.
Por exemplo, o mecanismo de processamento do hemisfério direito tem superioridade sobre o esquerdo nas t
espaciais e as não verbais. Além disso, esse mesmo hemisfério processa também um importante sistema de 
dos movimentos rítmicos, processando ritmo interno com o ritmo externo, possibilitando a harmonia da dança
caminhar, do falar; de perceber automa�camente a diminuição ou o aumento de velocidade enquanto dirige e
reajuste automá�co na velocidade desejada (possibilitada pela perfeita harmonia da intercomunicação hemis
onde a temporalidade e ri�micidade têm competência no hemisfério esquerdo.
Já o hemisfério esquerdo tem superioridade ao direito nos processamentos temporais, verbais e outros tais, c
harmonia da motricidade processando o tempo da ação do movimento desejado, assim como organizando o p
sequencial do movimento e fazendo a transição de um movimento para outro, dando melhor performance com
contribuição da informação declara�va no processo que es�ver desempenhando.
Figura 10 – OS hemisférios cerebrais
Fonte: Freepik (2021)
Vejamos no quadro a seguir as competências de cada hemisfério cerebral:
Quadro 2 – Competências dos hemisférios cerebrais
Fonte: Elaborado pela autora (2021)
 
4.1 Sistema psicomotor humano (SPMH)
De acordo com Vayer & Toulouse (1982, p. 35), o SPMH baseia- se em estruturas simétricas do sistema ne
 compreendendo o tronco cerebral, o cerebelo, o mesencéfalo e o diencéfalo, que cons�tuí a integração e a
organização psicomotora da tonicidade, da equilibração e parte da lateralização e também de estruturas assi
compreendendo os dois hemisférios cerebrais, que asseguram a organização psicomotora da noção do corpo,
A dinâmica sistemá�ca do SPMH prevê a par�cipação conectada e dinâmica das três unidades funcionais do 
que são: integração (Unidade I), elaboração (Unidade II) e expressão do movimento voluntário (Unidade III).
A primeira unidade abrange as funções psicológicas vitais da integração e da atenção e que é responsável pe
fatores psicomotores da tonicidade e do equilíbrio. A segunda unidade abrange as funções psicológicas de an
síntese e armazenamento, que são responsáveis pela noção do corpo e da estruturação espaço-temporal. E a 
unidade abrange a planificação, programação e regulação responsáveis pela praxia global e da praxia fina.
As três unidades em permanente integração formam uma constelação de trabalho que processa a motricidade
organizando-a antecipadamente antes que se cons�tua em produto final. Tal constelação de trabalho, verdad
sistema harmonioso e autogeneralizado, composto de subsistemas espalhados pelo todo cerebral, preside a
organização psicomotora humana, comoconjunto de componentes ordenados e integrados.
4.2 Divisão funcional do córtex cerebral
O córtex cerebral é a fina camada de substância cinzenta que recobre o cérebro. Ele é uma das regiões mais
importantes do Sistema Nervoso Central (SNC). Ele recebe impulsos de todas as vias da sensibilidade, sendo 
responsável pela interpretação e resposta de todas essas informações. O córtex cerebral é responsável por m
funções mentais mais complexas e desenvolvidas, como a linguagem e o processamento de informações.
O córtex cerebral é dividido em áreas denominadas lobos cerebrais, cada uma com funções diferenciadas e
especializadas. São os lobos: frontal, parietal, temporal e occipital.
Figura 11 – Cérebro
Fonte: Freepik (2021).
4.3 Lobo Frontal
No lobo frontal, localizado na parte da frente do cérebro (testa), ocorre o planejamento de ações e movimento
como o pensamento abstrato. Nele estão incluídos o córtex motor e o córtex pré-frontal.
O córtex motor controla e coordena a motricidade voluntária, sendo que o córtex motor do hemisfério direito c
lado esquerdo do corpo do indivíduo, enquanto que o do hemisfério esquerdo controla o lado direito. Um trau
área pode causar fraqueza muscular ou paralisia.
São executados pelo córtex pré-motor a aprendizagem motora e os movimentos de precisão. Essa área fica m
do que o restante do cérebro quando pensamos em um movimento sem executá-lo. Lesões nesta área não ch
comprometer a ponto de o indivíduo sofrer uma paralisia ou problemas para planejar ou agir, porém, a velocid
movimentos automá�cos, como a fala e os gestos, é comprome�da.
4 4 L b i t i
Os lobos occipitais ficam localizados na parte inferior do cérebro e são cobertos pelo córtex cerebral. Eles pro
os es�mulos visuais e, por isso, também são conhecidos por córtex visual. Possuem várias subáreas que proc
dados visuais recebidos do exterior depois deles terem passado pelo tálamo, uma vez que há zonas especializ
visão da cor, do movimento, da profundidade, da distância, e assim por diante. Após passarem por esta área, 
área visual primária, as informações são direcionadas para a área de visão secundária, onde são comparadas
dados anteriores, e permitem que o sujeito iden�fique, por exemplo, um gato, uma moto ou uma maçã.
O significado do que vemos, porém, é dado por outras áreas do cérebro, que se comunicam com a área vis
considerando as experiências passadas e nossas expecta�vas. Isso faz com que o mesmo objeto não seja
percepcionado da mesma forma por diferentes indivíduos. Quando esta área sofre uma lesão provoca a
impossibilidade de reconhecer objetos, palavras e até mesmo rostos de pessoas conhecidas ou de familiares
deficiência é conhecida como agnosia.
4.5 Lobos temporais
Os lobos temporais ficam localizados acima das orelhas e apresentam como função principal o processament
es�mulos. Como acontece nos lobos occipitais, as informações são processadas por associação. Ao es�mula
audi�va primária, os sons são produzidos e enviados à área audi�va secundária, que interage com outras zon
cérebro, atribuindo um significado e assim permi�ndo ao indivíduo reconhecer ao que está ouvindo.
4.6 Lobos parientais
Os lobos parietais estão localizados na região superior do cérebro e são cons�tuídos por duas subdivisões
 anterior e a posterior. A subdivisão anterior também é conhecida como córtex somatossensorial e tem a fu
possibilitar a percepção de sensações, como o tato, a dor e o calor. Por ser a área responsável em receber os 
ob�dos com o ambiente exterior, representa todas as áreas do corpo humano. Essa é a zona mais sensível, de
que ocupa mais espaço do que a zona posterior, uma vez que tem mais dados a serem interpretados, captado
lábios, língua e garganta.
Na zona posterior, que é uma área secundária, ocorre a análise, a interpretação e a integração das informaçõ
recebidas pela anterior, que é a zona primária, permi�ndo ao indivíduo se localizar no espaço, reconhecer obj
através do tato etc.
 
 
 RESUMINDO: Vejamos agora o resumo dos papéis dos dois hemisférios cerebrais:
O HEMISFÉRIO ESQUERDO É RESPONSÁVEL POR:
Linguagem / matemá�ca (lógica, sequência).
Análise / palavra (praxias).
A�vidades simbólicas e acadêmicas.
O HEMISFÉRIO DIREITO É RESPONSÁVEL POR:
Rima / música (ritmo).
Simultaneidade (pintura, síntese).
Imagem (postura).
A�vidades cria�vas, não simbólicas.
 
UNIDADE 2 - Psicomotricidade Clínica
Você já observou como seu corpo se movimenta? A ciência que estuda o ser humano por meio do seu movime
diversas relações chama-se Psicomotricidade. O objeto de estudo dela é o corpo e a sua expressão dinâmica 
princípios básicos: movimento ou motricidade, intelec�vo/cognição/pensamento e o afeto/emoção/ sen�men
Psicomotricidade é baseada na concepção unificada da pessoa, ou seja, a inclusão das áreas cogni�vas, sens
motoras e psíquicas para que seja possível compreender todos os movimentos e interações dos seres hu
Ela é cons�tuída por uma gama de conhecimentos antropológicos, fisiológicos, psicológicos e inter- relacio
 qual o corpo é u�lizado como mediador. Entendeu? Ao longo desta unidade le�va você vai mergulhar nest
universo!
 
1. Simbolização do corpo
 OBJETIVO: Para que se possa compreender sobre a psicomotricidade é importante compreende
corpo e todas as suas funções na mente. Deste modo, esse capítulo se dedicará ao estudo da simbolização do
compreendendo o que vem a ser ele e a sua função. Prontos para iniciarmos? Vamos lá!!
 
 
Para compreendermos a psicomotricidade é importante compreender o corpo, sabendo que ele cons�tui em m
que um material, mas sim, em uma forma de apresentação do ser humano.
Deste modo, iremos nos debruçar compreendendo os elementos os elementos do corpo e em que cons�tui o e
e a imagem corporal.
1.1 Corpo
A palavra corpo provém, conforme Levin (2003, p. 22), por um lado, do sânscrito garbhas, que significa embriã
outro, do grego karpós, que quer dizer fruto, semente, envoltura e, por úl�mo, do la�m corpus, que significa te
membros, envoltura da alma, embrião do espírito.
A psicomotricidade “nasceu” a par�r do momento em que o corpo deixou de ser concebido como pura carne p
se o corpo que “fala”. Ao longo da história da Psicomotricidade, a concepção sobre o corpo foi sendo modifica
corpo motor para um corpo em movimento até chegar à significação de um sujeito com um corpo em movimen
Desse modo, acabou-se a dualidade que separava o corpo da mente e desprezava o corpo colocando em dest
dimensão intelectual. Por essa vertente, a concepção francesa da Psicomotricidade ganhou destaque na final
dessa dualidade, pois, os seus fundamentos teóricos par�ram da necessidade dos psicomotricistas terem inic
se defenderem da pressão desta dualidade. Daí nasceu o sucesso da imagem da motricidade baseada na con
que o corpo e a psique são inseparáveis. É com seu próprio corpo que o sujeito estabelece as relações consig
mundo.
Figura 1 – Simbolização do corpo
Fonte: Pixabay
 
O simbolismo trata de dar à representação do corpo uma representação indireta e figurada do ser humano. O
O corpo, no decorrer da história, vem sido chamado de diferentes formas, pelas diferentes áreas do conhecim
acordo com Lopes (2010, p. 54)
O corpo tal como a vida, está em constante m
As aparências �sicas demonstram de modo ex
esta tendência: elas nunca estão prontas, embo
estejam no rascunho. cada corpo, longe de ser a
cons�tuído por leis fisiológicas, supostamente i
não escapa a história. (LOPES, 2010, p. 54)
Foi Freud o responsável, através da sua teoria do inconsciente, que fez com que o ser humano deixasse de es
aos ditames da vontade, pois ele dispôs que o corpo possui formações no inconsciente, isto é, ele seria a fon
biológica de toda pulsão e as suas a�tudes, gestos, reações corporais e seus comportamentos que são decor
mo�vação do inconsciente.
Freud recebeu a contribuição da psicanálise no que diz respeito à importância do afeto na concepção
comportamental e no desenvolvimento, estabelecendo uma valorizaçãodo instrumento para que haja um mai
desenvolvimento do ser humano. Assim, ele propôs que o indivíduo sen�sse bem na sua pele, possibilitando q
uma livre expressão de seu ser e se assumir como uma realidade corporal.
Desta maneira, é possível enxergar que o corpo vai além de ser algo orgânico ou biológico, ele é responsável 
expressar emoções e possui vários significados. Os significados são ob�dos através das relações consigo, co
em que vive e com o outro, sendo ele considerado um corpo receptor, sujeito, instrumental, erógeno, simbólic
entanto, no fenômeno psicomotor estão presentes os aspectos instrumental-cogni�vo que expõe um privilegi
processos cogni�vos e o funcionamento motor rela�vo ao próprio corpo.
O corpo é o vetor semân�co pelo qual a relação
indivíduo com o mundo é construída: a�vidades
percep�vas, mas também expressão de sen�me
cerimoniais de ritos e de interação, conjunto de 
mímicas, produção da aparência, jogos su�s da 
técnicas do corpo, exercícios �sicos, relação com
com o sofrimento. O corpo produz sen�dos
con�nuamente e, assim, insere- se a�vamente 
de dado espaço social e cultural. “Antes de qua
 coisa, a existência é corporal”. (LE BRETON, 
7)
A motricidade humana, de acordo com Sérgio (1995, p.53) corresponde à ciência do corpo: ao corpo-memória 
corpo-profecia, ao corpo-estrutura e à conduta, ao corpo-cultura e ao corpo-emoção, ao corpo-natural e ao co
cultura, ao corpo lúdico e ao corpo produ�vo, ao corpo normal e ao corpo com necessidades especiais. Nesse
a mente e o corpo devem ser compreendidos como elementos que compõe um único organismo, sem fragmen
entanto, de uma estrutura dinâmica, que corresponde ao campo da corporeidade.
Figura 2 – Corpo e mente
Fonte: Freepik
 
Por meio da análise do corpo humano e dos seus aspectos sociais é possível compreender a estrutura de uma
sociedade por meio das par�cularidades que ele privilegia, como por exemplo intelectuais, morais ou �sicas.
Com relação ao corpo, a sua simbologia e os seus aspectos é defendido por Freire (1989) que, no ato de matr
criança na escola, o seu corpo também deveria ser matriculado em conjunto, pois ele considera todos os prec
sofridos pelas crianças ao ingressas no ambiente escolar.
Não é justo que, em nome da educação, criança
adolescentes sejam confinados em cubículos de
metro quadrado (o espaço de movimentação po
quem senta nas carteiras escolares), quatro hor
dia, cinco dias por semana, duzentos por ano, o
num total de 8.800 horas de confinamento. É ch
absurda, escandalosa essa educação sem corpo
deformação humana. (FREIRE, 2007, p.157)
No que diz respeito a todas as experiências do corpo e a sua importância, Nasio (2009) estabelece que
A experiência do corpo ajuda-nos a compreende
sen�dos construídos ar�ficialmente pelos conce
linguagem, pelos afetos, pela cultura de um mo
Pelas diferentes possibilidades de expressão co
podemos compreender a indeterminação da exis
possuindo vários sen�dos, elaborados na relaçã
mesmo, com o outro, com o próprio mundo. A ex
“sou meu corpo” sinte�za o encontro entre o su
corpo. O ser humano define-se pelo corpo, isso 
que a subje�vidade coincide com os processos c
Mas é preciso considerar que “ser corpo é estar
um certo mundo”. (NASIO, 2009, p. 54)
É necessário atentar às formas de comunicação de cada pessoa, sem que haja um julgamento ou uma compa
Ainda, deve-se enxergar a habilidade que o corpo humano possui de alteração, respeitando as caracterís�cas
de cada indivíduo para reinventar a vida, fazendo com que seja despertado significado e sen�do na sua existê
1.2 Esquema corporal e imagem corporal
A psicanalista francesa Françoise Dolto apresenta a definição tanto de esquema corporal quanto de imagem c
onde para ela:
O esquema corporal especifica o indivíduo enqu
representante da espécie, seja qual for o lugar, 
ou as condições em que vive. A imagem do corp
contrário, é própria de cada um: está ligada ao s
sua história. (LEVIN, 2003, p. 72)
Levin (2003) que em seu livro expôs os conceitos de esquema corporal e imagem corporal de Françoise Dolto,
demonstrado, considera per�nentes esses conceitos. No entanto, ele retrata que esses termos, diversas veze
u�lizados como sinônimos, o que torna di�cil diferencia-los.
Assim, é importante compreender cada um desses conceitos de forma separada. Começamos então com o es
corporal.
Na concepção de Ledoux (1991, p. 85) o esquema corporal:
Especifica o indivíduo como representante da es
Mais ou menos idên�co em todas as crianças da
idade, ele é uma realidade de fato, esteio e inté
imagem do corpo. Graças a ele, o corpo atual fic
no espaço à experiência imediata. Ele é inconsc
pré- consciente e consciente. (LEDOUX, 1991, p
O esquema corporal pode ser compreendido como uma estrutura do cérebro, sendo ela neuro-sensorial e pos
responsabilidade de outorgar à pessoa o conhecimento de forma grada�va das funções e partes do corpo, po
relação da pessoa com o mundo e com outro indivíduo e de uma sucessão temporal. Em resumo, podemos dit
esquema corporal possui em uma ligação com as sensações.
 
 
 IMPORTANTE: O esquema corporal possibilita que o indivíduo compreenda totalmente si mes
informa a recepção das sensações. Ele faz com que o indivíduo se relacione com os objetos, espaços e pesso
circulam.
 
 
Figura 3 – Sensações
Fonte: Freepik
 
Tem-se que o esquema corporal cons�tui a representação criada pelo indivíduo do seu próprio corpo. Conform
criança vai crescendo, havendo o seu desenvolvimento psicomotor, há a construção do esquema corporal. É n
construção que a criança começa a tomar consciência do seu corpo como um todo e, em virtude disso, ela com
nomear e indicar as partes do seu corpo.
Le camus (1986) traz a explicação de Wallon sobre essa temá�ca.
O esquema corporal não é “um dado inicial, nem
en�dade biológica ou psíquica”, mas uma co
... Estudar a gênese do esquema corporal na cria
indagar-se como a criança chega “à representaç
ou menos global, específica e diferenciada de se
próprio” ... Esta aquisição é importante. “É um e
básico indispensável à construção da personalid
criança ... É o resultado e a condição de legí�ma
relações entre o indivíduo e o seu meio”. (LE CA
1986, p.37)
Antes da criança construir o seu corpo, ela necessita que outra pessoa o nomeei, para que ele comece a se co
como um sujeito e o seu corpo possa assumir um símbolo.
 
 
 SAIBA MAIS: Assista ao vídeo Especial Psicomotricidade: Esquema Corporal. Esse vídeo aborda o
conceitos do esquema corporal e o relaciona com a idade do indivíduo. Para acessar, clique
aqui: h�ps://www.youtube.com/watch?v=QWPyjlRW4Vs. 
 
 
A definição de imagem corporal é exposta por Ledoux (1991, p. 84-85)
A imagem inconsciente do corpo não é o corpo
fantasiado, mas um lugar inconsciente de emiss
recepção das emoções, inicialmente focalizado
zonas erógenas de prazer. Ela se tece em torno 
e do desprazer de algumas zonas erógenas. Trat
uma memória inconsciente da vivência relaciona
encarnação do Eu em crescimento. A imagem do
individual, está ligada à história pessoal, a uma
libidinal marcada por sensações erógenas ele�v
ves�gio estrutural da história emocional, e não 
prolongamento psíquico do esquema corporal, e
molda como elaboração das emoções precoces 
pais tutelares. (LEDOUX, 1991, p. 84-85)
No esquema corporal nós mentalizamos o nosso corpo, possibilitando uma comparação de peso, altura e idad
imagem do corpo isso não acontece, pois ela não trata de uma mentalização, mas sim do invisível, do inconsc
possível dispor que a imagem do corpo possui uma ligação com a história de vida do indivíduo, sendo estabel
meio das sensações de desprazer e prazer constantes da relação do indivíduo com outro, ocorrendo principalm
infância com a relação dos pais com os filhos.
Figura 4 – Primeira infância
Fonte: Freepik
 
A imagem corporal corresponde a um elemento que é primordialmente dialé�co, tendo em vista que é formad
desejo próprio e o desejo do outro, repercu�ndo de forma direta nas formas de ser da pessoa consigo mesma
mundoe com o outro.
 
 
 IMPORTANTE: A imagem corporal diz respeito à consciência corpórea que o indivíduo possui do s
A imagem corporal é cons�tuída por diferentes fatores, entre eles considera- se aquilo que o indivíduo acredi
ele se sente em relação ao próprio corpo.
 
Ainda, é sustentado por Ledoux (1991) que existe uma relação de forma estreita entre a imagem corporal e o 
corporal.
A comunicação sensorial (emocional) e a fala do
aparecem como dois substratos dessa imagem d
A simples experiência sensorial (corpo a corpo),
mediador humano, só instrui o esquema corpora
estrutura a imagem do corpo [...] viver num esqu
corporal, sem imagem do corpo, equivale ao ‘viv
solitário. (LEDOUX, 1991, p. 89)
É possível enxergar a imagem e o esquema corporal como uma relação humana, onde a linguagem e o corpo
cons�tuem elementos que fundam as relações e a estrutura do indivíduo.
 
 
 RESUMINDO: Estudamos nesse capítulo que o corpo cons�tui inúmeros conceitos e que a psicomo
teve como surgimento o momento em que o corpo deixou de ser concebido apenas como carne. Vimos que o c
em manutenção e que ele começou a ser compreendido como um inconsciente, sendo responsável por expres
emoções e diversos significados. É importante considerar que a mente e o corpo devem ser compreendidas de
única, para entender o comportamento do ser humano. Em seguida estudamos o esquema corporal e a image
corporal, assimilando que o esquema corporal corresponde a um elemento que tem ligação com as sensações
imagem corporal é formada pelo desejo próprio e o desejo do outro, repercu�ndo de forma direta nas formas 
pessoa consigo mesmo, com o mundo e com o outro.
 
2. Contribuições da fisioterapia, medicina e psicologia para a psicomotricidade
 OBJETIVO: Vemos a psicomotricidade como uma área independente, possuindo os seus conceitos 
preceitos. Mas ela possui contribuições de outras áreas e muitas vezes trabalha em conjunto com elas. Nesse
é importante compreender essa ligação e contribuição com as demais áreas. Vamos juntos compreender em q
consistem essas contribuições? Vamos lá!
 
 
O termo Psicomotricidade inicialmente surgiu ligado ao discurso médico, no final do séc. XIX, especificamente
neurológico. Foram realizados estudos e a par�r deste período e início do século XX por neuropsiquiatras e
neurofisiologistas franceses, tendo como foco as doenças cor�cais. A par�r daí, surgiu a necessidade da área
nomear as zonas do córtex cerebrais situadas além das regiões propriamente motoras.
Em 1925, Henri Wallon, médico e psiquiatra francês, começou a trabalhar com o movimento do corpo humano
intencionalidade. 
 
 
 VOCÊ SABIA? Henri Paul Hyacinthe Wallon foi um filósofo, médico, psicólogo e polí�co francês. E
primeiro a relacionar a afe�vidade com o desenvolvimento da inteligência. Henri Wallon inovou ao colocar a
afe�vidade como um dos aspectos centrais do desenvolvimento.
 
 
A par�r da década de 1930, segundo Levin (2003, p. 26), Eduard Guilmain, que estava influenciado por Wallon
um novo método de trabalho u�lizando várias técnicas provenientes da Neuropsiquiatria infan�l e um conjunt
exercícios, como: exercícios para reeducar a a�vidade tônica, exercícios de mímica, de a�tudes e de equilíbri
a�vidade de relação e o controle motor (exercícios rítmicos, de coordenação e habilidade motora, e exercícios
tendem a diminuir sincinesias). Os exercícios pretendiam uma reeducação motora para ajudar crianças portad
déficit em seu funcionamento motor.
Figura 5 – A Psicomotricidade e o corpo humano
Fonte: Freepik
 
Observando esse contexto teórico, podemos compreender as contribuições das diferentes áreas para a
psicomotricidade.
2.1 Contribuições da Fisioterapia
Primeiramente, cabe a indagação: o que vem a ser a fisioterapia?
De acordo com Coffito (1987) a fisioterapia é uma:
Ciência aplicada, cujo obje�vo de estudo é o mo
humano em todas as suas formas de expres
potencialidades, quer nas suas alterações patol
quer nas suas repercussões psíquicas e orgânic
obje�vos de preservar, manter, desenvolver ou r
integridade de um órgão ou sistema. (COFFITO, 
Compreendendo o que vem a ser a fisioterapia, podemos então reforçar que a psicomotricidade possui relaçã
três fatores:
Motricidade.
Afe�vidade.
Mente.
Ela se relaciona com esses fatores devido ao fato de acreditar que o desenvolvimento motor das pessoas pos
relação com esses fatores.
Assim, a psicomotricidade surge como uma forma de auxiliar a fisioterapia, tendo em vista que a sua finalidad
aumentar a interação do indivíduo com o meio em que vive por meio da a�vidade corporal e sua expressão si
Como a fisioterapia visa melhorar a vida das pessoas e tratar das dificuldades, ela possui uma ligação direta 
psicomotricidade que previne e trata as dificuldades visando explorar o potencial de cada indivíduo.
 IMPORTANTE: A psicomotricidade e a fisioterapia trabalham muitas vezes em conjunto, tendo em v
ambas buscam cuidar do corpo e do movimento do indivíduo.
 
 
A psicomotricidade aliada à fisioterapia permite que haja uma manutenção das capacidades funcionais
melhoramento e aprimoramento do conhecimento de si mesmo e uma eficácia das ações, principalmente das
a�vidades do dia a dia.
Deste modo, a psicomotricidade em conjunto com a fisioterapia busca a facilitação da afe�vidade, da mente 
motricidade, tendo em vista que acredita que há a ligação direta entre o desenvolvimento motor normal e a
afe�vidade, mente e motricidade.
Mas quais são as a�vidades de psicomotricidade que são aplicadas pelo fisioterapeuta?
Como exemplo de a�vidades de psicomotricidade que são aplicadas pelo fisioterapeuta podemos citar:
1. Jogo de amarelinha – por meio desse jogo é possível que seja desenvolvido o equilíbrio e a coordenação m
Figura 6 – Jogo de amarelinha
Fonte: Freepik
 
2. Pular corda – a�vidade que tem como finalidade trabalhar a orientação de espaço e tempo, como também 
iden�dade corporal e o equilíbrio.
Figura 7 – Pular corda
Fonte: freepik
 
 
 
2.2 Contribuições da Medicina
Inicialmente podemos apontar que o próprio nome psicomotricidade veio da medicina, de forma específica pe
neurológico, tendo em vista que após o século XIX foi possível realizar a nomeação das partes da zona do córt
encontra-se nas regiões motoras.
Silva e Borges (2008) estabelecem que no ano de 1870, médicos neurologistas e em seguida psiquiatras, com
estudar as estruturas do cérebro com a finalidade de encontrar algum fenômeno clinico que conceituasse a pa
psicomotricidade.
Os mesmos atores afirmam que Ernest Dupré foi o introdutor da psicomotricidade no contexto cien�fico, inse
termo ao desenvolver os seus estudos sobre a debilidade motora nos débeis mentais, que têm como caracter
presença de paratonias, sincinesias e inabilidades, fazendo um rompimento entre a síndrome e a perturbação
Assim, inicialmente a psicomotricidade ficou sendo considerado como uma prerroga�va da medicina neurológ
sendo considerado por Fonseca (2010) que:
A mente humana não pode ser independente do
do cérebro, sendo impossível separar o mental d
neuronal e o psíquico do motor. Isso nos faz com
que o desenvolvimento pessoal e social em um 
normal ou portador de disfunções psicomotoras
resultado da integração e interação entre o corp
cérebro e os diversos ecossistemas que compre
contexto sócio histórico onde ele se insere. (FO
2010, p.76)
Foi compreendendo a importância da psicomotricidade que ela deixou o seu caráter meramente neuroló
passando a tomar proporções mais relevantes, sendo um elemento de pesquisa para a educação, a reabilitaç
reeducação, não se limitando apenas ao fator anatômico, biológico e fisiológico.
Figura 8- Psicomotricidade como reabilitação
Fonte: Freepik
 
Deste modo, a medicina contribuiu para a estruturação da psicomotricidade, do seu estudo e dela ser o que é
elemento que possui ligação com as funções cerebrais, motoras e servindo como meio de reabilitação, educa
reeducação.
2.3 Contribuições da Psicologia
A Psicomotricidade recebe influênciada psicologia das comunicações não verbais e da etnologia infan�l, aon
consideradas as mímicas, os gestos e as posturas, como formas de expressão humana.
Nesta vertente, o corpo é compreendido como um corpo que fala, que possui significados. De acordo com Le C
(1986):
Foi por meio de linguagem que o corpo interesso
psicomotricistas: um corpo que sabe falar u�
linguagem anterior à linguagem, uma linguagem
cons�tuída de significantes mudos. (LE CAMUS,
61)
No final do século XIX, Sigmund Freud (criador da teoria psicanalí�ca) inves�gava os enigmas do psiquismo q
brotavam na fala de seus pacientes, e sua teoria foi elaborada para a compreensão desses enigmas. Freud es
seus pacientes e buscava, por meio da fala dos mesmos, analisar e tratar o corpo como o lócus da manifes
consciente ou inconsciente dos sen�mentos, desejos e da falta de controle dos pensamentos humanos.
Figura 9 – Sigmund Freud
Fonte: Wikimedia commons
 
 
 IMPORTANTE: Psicanálise é o nome de um método de inves�gação dos processos psíquicos e de 
método de tratamento dos distúrbios neuró�cos que se fundamenta nessa inves�gação.
 
 
No ano de 1925, o psicólogo Henri Wallon ofereceu grandes contribuições para a psicomotricidade, isso acon
decorrência da sua análise sobre os transtornos e estágios do desenvolvimento mental e motor da criança. W
elenca em seus estudos que existe uma diferença que permite que se faça uma relação entre o movimento e 
ao meio ambiente, à emoção e aos hábitos do indivíduo (WALLON, 1978).
Wallon (1978) aponta que o movimento corresponde à única maneira de expressão e ao primeiro instrumento
psiquismo.
 
 
 IMPORTANTE: Wallon foi considerado o principal responsável por ter nascido o movimento de reed
psicomotora.
 
 
Tendo em vista as perspec�vas estabelecidas por Wallon, Eduard Guilmain, em 1935, visando estabelecer um
diagnós�co, desenvolveu um exame psicomotor de prognós�co e de indicação da terapêu�ca psicomotora.
Na década de 70 a psicologia trabalhou em conjunto com a psicomotricidade, onde foi visto que a psicomotric
uma maneira de ajudar as crianças que possuíam dificuldade de adaptação no ambiente escolar. Nessa persp
motricidade ficou sendo vista como uma relação, começando a exis�r uma diferenciação entre postura terapê
reeduca�va, sendo concedida uma maior importância à afe�vidade, à relação e ao emocional (VALETIM, p. 29
Deste modo, Levin (2007, p. 29) diz que:
A passagem da terapia à clínica psicomotora im
ocupar-se do sujeito e não mais da pessoa; ocu
transferência e não mais da empa�a; ocupar-se
vertente simbólica e não da expressiva [...] a clí
psicomotora é aquela no qual o eixo é a transfe
nela, o corpo real, imaginário e simbólico é dado
olhar do psicomotricista. (LEVIN, 2007, p. 29)
Deste modo, a psicologia causou fortes influências na psicomotricidade e na forma de compreende-la, mas
contrário do que as pessoas pensam a palavra psicomotricidade não advém da psicologia + motricidade. A
psicomotricidade é uma disciplina única que teve contribuições de outras áreas em virtude dos seus estudos.
Importante ainda ser ressaltado que a psicomotricidade possui relação com o corpo, assim, encontra-se inter
com a fisioterapia que cuida do corpo, já a psicologia possui uma relação com a mente.
 
 
 RESUMINDO: Nesse capítulo nos dedicamos a estudar as contribuições da fisioterapia, medicina
psicologia para a psicomotricidade. Desse modo, vimos a importância de Henri Wallon para psicomotricidade 
introdução histórica dessa área. Em seguida, começamos estudando as contribuições da fisioterapia, compree
primeiramente o que vem a ser a fisioterapia, para então, poder ver que ela possui uma ligação estrita com a
psicomotricidade em virtude das duas cuidarem do corpo e do movimento do ser humano. Vimos então as con
da medicina e podemos ver que foi em virtude dela que surgiu a figura da psicomotricidade através dos estud
zona córtex das regiões motoras e foi visto que ela pode ser u�lizada para reabilitação. Por fim, nos detemos 
contribuições da psicologia, estudando que as pessoas mais a associam à psicomotricidade, mas as duas se
diferenciam, pois a psicologia cuida da mente e a psicomotricidade se detém ao estudo do corpo e da reabilit
 
 
3. O pensamento clínico nas a�vidades em psicomotricidade
 OBJETIVO: Compreendendo o que vem a ser a psicomotricidade e todas as influências que ela poss
necessário voltar o olhar para a compreensão dos pensamentos clínicos nas a�vidades dessa área, visando e
as a�vidades ligadas a ela. Vamos lá!
 
 
Introdução
Após as contribuições da Psicanálise passarem a integrar os interesses teóricos e metodológicos da psicomot
em 1977, Samí Ali lançou uma proposta para ar�culações entre as teorias psicanalí�cas e a psicomotricidade
modo, a Psicomotricidade incorporou em suas construções teóricas vários conceitos psicanalí�cos, tais como
inconsciente, transferência, imagem corporal, sublimação e outros, formando um esboço de uma teoria psica
Psicomotricidade.
Nesta época a Psicomotricidade ganhou uma nova definição e passou a ser: “uma motricidade em relação”, q
pensamento de Levin (1995, p.27), onde se opera uma passagem no enfoque do olhar do psicomotricista, não
voltado ao plano motor, mas direcionado a um corpo em movimento. Sendo assim, não se trata mais de uma
reeducação, mas de uma terapia psicomotora, que se ocupa, observa e opera num corpo em movimento que s
e que constrói a realidade, à medida que se emociona e cuja emoção manifesta-se tonicamente. Sendo essa 
a�vidade de terapia passou-se a tratar também como clínica a a�vidade de Psicomotricidade.
Naquele momento, o novo enfoque dado à relação, à afe�vidade e ao momento possibilita uma reformulação
prá�ca psicomotora: abandonam-se as técnicas reeduca�vas, abrindo-se espaço para a terapia psicomotora.
Figura 10 – Terapia psicomotora
Fonte: Freepik
 
Deste modo, Fonseca (2004) elenca que a psicomotricidade tem por obje�vo:
Fazer uma mobilização e reorganização das funções psíquicas relacionais e emocionais do ser humano 
seu processo de vida, desde o nascimento até a velhice.
Realizar um aperfeiçoamento do ato mental e da conduta consciente onde acontece a elaboração e a e
do ato motor.
Fazer com que as sensações e as percepções sejam elevadas a níveis de conscien�zação conceitualiza
Fazer com que haja uma harmonização e maximização do potencial motor, cogni�vo e afe�vo-relaciona
desenvolvimento global da personalidade, a modificação da estrutura do processamento de informação
humano e a capacidade de adaptação social.
Fazer com que o corpo seja um resumo da personalidade do indivíduo, havendo uma reformulação da ha
do equilíbrio das relações entre a esfera da harmonia e do psíquico e o equilíbrio do motor, através da q
consciência, se manifesta e se altera com o obje�vo de realização a promoção da adaptação a situaçõe
3.1 Intervenção clínica
A clínica psicomotora tem seu olhar voltado para o sujeito, o que ocasiona a diferenciação do corpo real, do s
e do imaginário. A clínica psicomotora inclui no campo psicomotor o inconsciente, sendo elencado por Levin (
a ocupação da clínica psicomotora é com o
Sujeito e não mais da pessoa, da transferência e
empa�a, do vínculo ou da comunicação corpora
nos da vertente simbólica e não da expressiva, o
implica que nos detenhamos na estrutura dos tr
psicomotores e não apenas em seus signos. (
2003, p.42)
A psicomotricidade encara as funções motoras e psíquicas de maneira independente, na proporção em que a
motricidade e o psiquismo se inter-relacionam de forma reciproca.
Considerandopeloviésterapêu�coérecorridopelapsicomotricidade a mediação corporal, tentando intervir em
que possuem ligação com os problemas do desenvolvimento, do comportamento, da maturação, do âmbito só
afe�vo e de aprendizagem.
Então, como saber se é necessária a intervenção clínica da Psicomotricidade?
A operação clínica no campo psicomotor (refere
especificamente à leitura, ao olhar, à intervençã
‘corporificação’, à interpretaçãoe à observação)
dessa rede transferencial, que se transforma em
eixos centrais do tratamento, já que o corpo adq
consistência em relação ao simbólico, à lei (à p
que introduz a castração no corpo e com ela a â
onde emerge o desejo. (LEVIN, 2003, p. 16)
As principais indicações para o atendimento psicomotor são:
Desatenção/pouca concentração em a�vidades (escolares)/ hipera�vidade.
Atraso no desenvolvimento psicomotor.
Postura inadequada.
Controle inadequado da força (inclusive do lápis sobre o papel, ocasionando fadiga durante as a�vidad
escolares).
Dominância lateral indefinida (destro ou canhoto).
Perturbação de hipera�vidade e déficit de atenção.
Problemas na regulação do tónus muscular.
Dificuldades intelectuais e desenvolvimentais.
Noção inadequada de direção, de distância e de tempo (na sucessão dos acontecimentos e na duração 
intervalos, inclusive da escrita).
Posicionamento inadequado do lápis para a escrita.
Dificuldade de realizar letra cursiva.
Perturbação do espetro do au�smo.
Dificuldade para realizar a comunicação não verbal.
Alteração na imagem e no esquema corporal.
P bl f t i id d
Para saber se o indivíduo possui problemas psicomotores, é necessário realizar testes e avaliações que verifiq
aspectos, como:
Qualidade tônica (rigidez ou relaxamento muscular).
Qualidade gestual (dissociação manual e dos membros superiores e inferiores.
Agilidade.
Equilíbrio.
Coordenação.
Lateralidade.
Organização têmporo-espacial.
Grafomotricidade.
Essas avaliações irão demonstrar se o indivíduo, guardadas as devidas caracterís�cas do desenvolvimento in
possui atrasos no desenvolvimento motor, perturbações de equilíbrio, coordenação, lateralidade, sensibilidad
esquema corporal, estrutura e orientação espacial, grafismo, afe�vidade etc.
Esses problemas podem ser iden�ficados em menor ou maior grau e são decorrentes de causas variadas com
exemplo:
Debilidade intelectual.
Problemá�ca emocional.
Retardos de maturação.
Desarmonias tônico-motoras.
Os distúrbios motores e psicoafe�vos estão interligados e influenciam uns aos outros podendo manifestar-s
conjunto. Deste modo, a Psicomotricidade deve levar em conta o ser humano como um todo observando se o 
diagnos�cado provém da parte �sica ou psíquica. Justamente por isso, um dos fatores advindos do pensamen
na Psicomotricidade é a necessidade de diagnos�car antes de tratar.
Desse modo, o processo terapêu�co psicomotor é composto de anamnese (entrevista), avaliação do pac
(com testes e instrumentos específicos) e período de tratamento (terapia). Durante o tratamento são u�lizado
materiais específicos para desenvolver habilidades e superar dificuldades de atenção, concentração, escrita,
coordenação motora e outras.
 
 
 IMPORTANTE: Traçar um diagnós�co não é tarefa fácil, devido à complexidade do ser humano. Co
relação ao tratamento, ele varia de criança para criança, dependendo da patologia que elas apresentam.
 
 
O psicomotricista deve ter um bom nível de con
teórico para trabalhar com seus pacientes. Uma
compreensão que lhe permita diagnos�car e aco
o sujeito e seus sintomas, mas deve, sobretudo,
as técnicas que vai pra�car e formar-se do pont
pessoal para poder lidar com o sofrimento do ou
psicomotricista em formação deverá passar pela
relacionais e, a par�r daí, compreender as da cr
vai atender em sua prá�ca clínica. (CABRAL, 200
Assim, o terapeuta pode auxiliar as pessoas que dele necessitarem na procura por seu potencial evolu�vo, po
um desenvolvimento no decorrer das sessões.
O ato de brincar é muito importante para a cons
subje�va do sujeito graças ao seu caráter sim
que o impulsiona rumo à subje�vidade. O brinca
Psicomotricidade Relacional remete o sujeito nu
determinada direção da cura, pois possibilita qu
criança e o adolescente alcancem o saber sobre
corpo e sua representação simbólica. O corpo é 
mistério. Ele não é só fisiologia, ele é desejo. (G
2008, p. 127)
É essencial que o terapeuta disponha de uma disponibilidade corporal, para que haja uma construção de vínc
ele e o paciente, tendo em vista que na transferência entre o terapeuta e o paciente há uma carga afe�va, qu
decorrer das sessões, deve ser direcionada para os obje�vos e, em seguida, para o mundo exterior.
Mas o que vem a ser essa carga afe�va?
Essa carga afe�va possui ligação direta com o prazer corporal e cons�tui em um princípio fundamental na int
possibilitando que hajam diferentes expressões do indivíduo, entre eles, a linguagem.
Na clínica psicomotora, o olhar não pode ser red
uma simples visão-percepção ou à exploração v
talvez analisada como um conjunto de process
cogni�vos, mas antes como o meio fundamenta
necessário ao estabelecimento de uma ligação 
premissa das primeiras relações sociais. (BOSCA
2012, p. 142)
Outro fator importante na clínica psicomotricial é o ato de escutar que vai além de simplesmente ouvir. Es
 escuta engloba todos os sen�dos, necessitando que seja sen�do, visto e percebido o que se fala. Assim, na
sessões, são disponibilizados materiais visando aguçar a cria�vidade do paciente.
Figura 11 – Materiais que aguçam a cria�vidade do paciente em te
psicomotricial
F t F ik
Esses materiais são disponibilizados para que o terapeuta possa iden�ficar mais facilmente os sen�mentos d
paciente.
[...] encontrar um equilíbrio entre o corpo e a sim
do material, porque apesar do material, a crianç
chegar ao corpo do adulto. Nesse encontro é mu
importante a modulação tônica: brincar com o tô
a agressividade, com a afe�vidade e com os con
O outro pode ser alcançado com a mesma forma
mas consciente de que o tônus ajudará a encon
equilíbrio. Portanto, o corpo do psicomotricista
desempenha um papel essencial na interação co
criança, pois as diferentes partes, bem como as
que adota, representam uma ferramenta que é o
análise para facilitar uma intervenção mais ajus
(LLINARES, RODRÍGUEZ E LESME, 2019, p. 78)
Assim, o terapeuta busca, de todas as formas possíveis decodificar os movimentos e as palavras do paciente.
meio do corpo que é possível iden�ficar os reais problemas do paciente na sessão de psicomotricidade.
 
 
 RESUMINDO: Vimos nesse capítulo que a psicomotricidade engloba em sua área diferentes conc
psicanalí�cos, e em seguida, podemos compreender as principais indicações do atendimento psicomotor. Aind
podemos estudar como se iden�fica que o indivíduo possui problema psicomotores e as suas causas. Podend
observar que traçar um diagnós�co não é fácil, devendo ser levado em consideração diferentes fatores e, par
possa compreender melhor como o paciente está, na sessão, são u�lizados brinquedos que es�mule que ele 
demonstre a par�r dos seus movimentos os seus problemas. Deste modo, o foco do terapeuta deve ser no ou
não só no ouvir as palavras, mas ouvir o corpo, ouvir os movimentos.
 
 
4. A maturação e as implicações neurológicas para a motricidade humana
 OBJETIVO: Trabalharemos nesse capítulo a maturação da motricidade humana a suas implicaçõe
neurológicas. É de suma importância compreender esse assunto, pois é devido a fatores neurológicos que 
necessidade de terapia psicomotricista. Vamos lá?
 
 
Segundo Fonseca (1988), a Psicomotricidade é apresentada como uma ciência que pretende transformar o co
instrumento de relação e expressão com o outro, por meio do movimento dirigido ao ser em sua totalidade, e
aspectos motores, emocionais, afe�vos, intelectuais e sociais. Além disso, a Psicomotricidade considera o se
como único que vive em evolução e é especialmente um ser que interage com movimentos corporais.
O processo de crescimento, maturação e desenvolvimento humano interfere diretamente nas relações afe�va
e motoras dos jovens. Desse modo, é necessário adequar os es�mulos ambientais em função desses fatores.
é necessário esclarecer que o crescimento inclui aspectos biológicos, relacionados com a hipertrofia e a hipe
celular, enquanto a maturação pode ser definida como um fenômeno biológico, relacionando-se com o amadu
das funções de diferentes órgãos e sistemas.
Quando a maturação

Continue navegando