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Módulo Incidência e Crédito Tributário SEMINÁRIO I - ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS E REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA Aluna: Paula Vasconcellos Jabour Turma: 2023.02-ICT-BHZ Questões 1. Defina o que é isenção, considerando ao menos duas das teorias existentes sobre o tema e justificando o motivo pelo qual você adota uma delas. A partir disso, explique as diferenças e as semelhanças que existem em relação: (i) à imunidade; (ii) à não incidência; (iii) à anistia; (iv) à remissão; (v) à alíquota 0% e (vi) à redução da base de cálculo. Existem 3 teorias prevalentes sobre a isenção, são essas: (i) clássica; (ii) da não incidência; e (iii) do fato impeditivo. A teoria clássica preceitua que a isenção é um favor legal consubstanciado na dispensa de pagamento de tributo, e tem como seu principal expoente Rubens Gomes de Souza. A teoria da não-incidência foi introduzida por Becker, a partir da teoria das normas de Pontes de Miranda, e aprofundada por José Souto Maior Borges. De acordo com tal teoria, a regra de isenção incide para que a tributação não possa incidir, sendo que as isenções tratam-se de hipóteses de não incidência legalmente qualificadas. Por fim, temos a teoria do fato impeditivo, defendida por Alberto Xavier e João Augusto Filho, segundo a qual "o suposto da norma jurídica de isenção tem estrutura mais complexa que a hipótese da norma jurídica tributária, porque, além de abran- ger todos os aspectos desta, encerra um fato impeditivo que elide a eficácia da norma do tributo”. Para os propósitos deste estudo, adotaremos o conceito introduzido por Paulo de Barros Carvalho, segundo o qual as normas de isenção pertencem à classe das normas de estrutura, que determinam modificações no âmbito da regra matriz de incidência tributária, investindo contra um ou mais critérios de seu antecedente ou de seu consequente, ao subtrair parcela de seu campo de abrangência. Assim, temos como resultado a inibição da incidência da hipótese tributária sobre os eventos abstratamente qualificados pelo preceito isentivo. A partir do conceito adotado por PBC, passemos à análise dos seguintes institutos: (i) imunidade: as imunidades, assim como as isenções, são normas de estrutura, mas por sua vez atuam sobre a competência do legislador ordinário para a criação de normas que incidam sobre determinados fatos. Desta forma, ao invés de atuar sobre a própria regra matriz, esta atua em um passo anterior, agindo sobre a própria criação da norma. (ii) Não incidência: ocorre quando determinados fatos não estão compreendidos na hipótese de incidência tributária, ou seja, o antecedente da RMIT não contempla tal fato que, por conseguinte, não será fato jurídico. (iii) Anistia: com a anistia temos o perdão da penalidade aplicada por descumprimento da norma, pelo o que extrai-se que o tributo já incidiu, houve sua cobrança bem como a incidência da norma sancionatória, com a consequente penalidade, mas o contribuinte, por uma benesse do Estado, não está obrigado ao seu pagamento. Módulo Incidência e Crédito Tributário (iv) Remissão: a remissão também trata-se de um perdão de dívida porém, está atrelada ao crédito tributário e não à penalidade. (v) Alíquota 0: a alíquota 0 refere-se ao critério quantitativo do consequente da regra matriz de incidência tributária, de modo que, sendo a alíquota zero, não haverá tributo devido; (vi) Redução de base de cálculo: por fim, a redução da base de cálculo trata-se de um benefício fiscal concedido pela administração tributária que reduz a base de cálculo, parte do critério quantitativo do consequente da RMIT, tendo por objetivo a redução da base de cálculo. 2. A que se refere a expressão “crédito tributário” utilizada no art. 175 do CTN no contexto da isenção tributária (inciso I)? E no contexto da anistia (inciso II)? Como acima elaborado, a anistia refere-se à inexistência da obrigação de pagar tributo, uma vez que atua sobre a regra matriz de incidência tributária, e prevenir sua incidência. Neste sentido, a expressão utilizada no inciso I do art. 175 do CTN refere-se à própria obrigação tributária. Por outro lado, a anistia trata-se de perdão de dívida quanto às penalidades que tenham incidido pelo descumprimento da obrigação, de forma que, no inciso II do art. 175, o termo crédito tributário refere-se à sanção pecuniária. 3. É possível afirmar que uma isenção por prazo certo sempre será uma isenção condicionada e que uma isenção por prazo indeterminado sempre será uma isenção incondicionada? Quais critérios são utilizados nessas classificações? A revogação de uma isenção incondicionada reinstitui a norma jurídica de incidência tributária no sistema ou é necessária a publicação de nova norma de incidência no ordenamento jurídico? E no caso da revogação de uma isenção condicionada? Há que se falar em direito adquirido? É necessário que se observe o princípio da anterioridade de exercício e da anterioridade nonagesimal? (vide anexos I, II, III e IV)? A concessão de isenção por prazo certo ou por prazo indeterminado em nada se relaciona comer tal isenção condicionada ou incondicionada. Isenção condicionada será aquela concedida quando o contribuinte deve preencher determinados requisitos para sua obtenção, já a isenção incondicionada será aquela concedida em caráter amplo, sem condições para seu usufruto. Isenção por prazo determinado será aquela em que há um prazo certo para seu usufruto, podendo esta ser condicionada ou incondicionada, da mesma forma que a isenção por prazo indeterminado, aquela em que não há a fixação de um termo final para o benefício, poderá ser condicionada ou incondicionada. Neste sentido, temos que a isenção condicionada/incondicionada está atrelada ao critérios para seu usufruto, enquanto a isenção por prazo certo/indeterminado está atrelado ao marco temporal para seu usufruto. A revogação de uma isenção incondicionada não implica na necessidade de edição de norma norma jurídica de incidência, dado que já sobreveio a publicação da norma que retirou a norma isencional do ordenamento, sendo que a norma de incidência nunca foi retirada, retornando à sua plena eficácia. Módulo Incidência e Crédito Tributário O mesmo pode ser dito para a isenção condicionada por prazo indeterminado. Todavia, em relação à isenção condicionada por prazo determinado, conforme o entendimento do STF e a redação do art. 178 do CTN, há direito adquirido, de forma que a benesse não poderia ser revogada ou modificada por lei a qualquer tempo, devendo ser cumprido o prazo anteriormente estabelecido para sua fruição. Em todo caso, havendo majoração indireta de tributo, deverão ser respeitados os princípios da anterioridade de exercício e nonagésima. 4. A aquisição de insumos isentos a serem utilizados no processo de industrialização confere direito a crédito tributário de IPI? Por que? Em caso afirmativo, qual critério deve ser utilizado para determinar o valor desse crédito presumido de IPI? Suas respostas seriam as mesmas se o insumo adquirido estivesse previsto como “não tributado” (NT) na TIPI? E se estivesse previsto com alíquota 0%? E se for um insumo adquirido na Zona Franca de Manaus? (Vide anexos V, VI, VII, VIII e IX) No entendimento de André Mendes, diferentemente das hipóteses de não incidência e alíquota zero, a aquisição de insumos isentos deve ensejar a manutenção de créditos tributários de IPI. Isso porque, diferentemente da imunidade, em que temos efetivamente a exclusão da própria incidência, e da alíquota zero, em que o aspecto quantitativo da regra matriz foi modificado, na isenção o fato está sob o âmbito de incidência do tributo, estando o contribuinte dispensado do seu pagamento em função da benesse concedida pelo legislador. Entretanto, uma vez que adotamos o conceito de PBC, a isenção, tal como a imunidade, será norma que atua sobre a RMIT, alterando o âmbito de sua incidência, ao subtrair determinados fatos de seu antecedenteou consequente. Desta forma, aplicando-se este conceito, não haverá a manutenção dos créditos. Por fim, no caso da ZFM, haverá crédito do IPI no caso de isenção, alíquota zero e não incirdência. Isso porque se trata de uma exceção: a Zona Franca de Manaus foi criada justamente para ser uma região socioeconômica com políticas extrafiscais diversas, que excepciona a técnica da não- cumulatividade (RE n. 596.614/SP). 5. Um Estado federado é obrigado a conceder isenção de IPVA para proprietários de veículos automotores que tenham alguma deficiência física e precisem de veículos adaptados? Há uma garantia constitucional a esse “benefício” ou a sua concessão depende da liberalidade de cada Estado? Considerando que o IPVA é um tributo que, em regra, incide anualmente, se determinado Estado editou lei concedendo isenção condicionada desse imposto a esse tipo de contribuinte, esse mesmo Estado pode alterar essas condições para evitar fraudes? Em caso positivo, a partir de quando essas novas condições podem ser aplicadas? O contribuinte que era isento até então e não conseguir cumprir as novas condições poderá sofrer a cobrança do IPVA ou terá direito adquirido a essa isenção? (Vide anexo X) Em se tratando de uma isenção, a qual não possui alicerce constitucional tal como ocorre com as imunidade, inexiste garantia constitucional à sua concessão, sendo esta mero ato de liberalidade do Estado, o qual não estará constrangido à sua instituição. Módulo Incidência e Crédito Tributário 6. Há relação entre isenção tributária e o princípio da legalidade estrita tributária? O contribuinte pode optar por pagar um tributo que é isento? Esse valor pago por quem renuncia à isenção é tributo? Considere o exemplo de determinado Estado que institui isenção de ICMS, com fundamento em convênio CONFAZ, exclusivamente para operações realizadas pelo contribuinte atacadista de determinado produto. A legislação (i) expressamente veda que essa isenção seja utilizada por estabelecimentos industriais e varejistas e (ii) nada fala sobre a possibilidade de manutenção de crédito pelo atacadista. Qual o efeito prático desta isenção para a cadeia do ICMS? Essa isenção é constitucional? Poderia o estabelecimento atacadista renunciar à isenção tributária e decidir tributar regularmente sua operação? Sim, a isenção se rege pelo principio da legalidade estrita, conforme os demais institutos de direito tributário, e de acordo com a disciplina do art. 176 do CTN. Há isenções automáticas e há outras que devem ser pleiteadas junto ao ente concedente. No caso das isenções automáticas, em que pese inexistir norma que vede ao contribuinte o pagamento, este simplesmente não é possível do ponto de vista prático, uma vez que não será possível a emissão das guias necessárias ao recolhimento. Lado outo, as isenções solicitadas, será possível seu pagamento mas, ocorrendo, não constitui tributo e sim indébito tributário, sendo passível de restituição. A isenção descrita é constitucional, ao passo que a constituição expressamente concede aos estados a competência legislativa sobre as matérias concernentes ao ICMS. Sendo uma benesse, inexiste qualquer violação à igualdade ou isonomia, sendo certo que sua concessão antenderá aos interesses do Estado e da sociedade. Nos termos do art. 155, §2, II da CF/88, a concessão de isenção implicará na anulação dos créditos de ICMS, de forma que não será possível sua manutenção, sendo esse o principal efeito para a cadeia do ICMS. A possibilidade de renuncia, ou não, à isenção dependerá, como acima exposto, de se a benesse é automática ou não. Sendo automática, sua renúncia não será factível do ponto de vista prático. Anexo I ARE 1.322.395 AgR DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ICMS. REVOGAÇÃO DE BENEFÍCIO FISCAL. MAJORAÇÃO INDIRETA DE TRIBUTO. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE. 1. Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo interposto em face de decisão que, monocraticamente, conheceu do recurso e deu-lhe provimento. O acórdão do TJSP, reformado pelo relator, havia determinado que decreto estadual que revoga benefício fiscal de ICMS produza efeitos apenas a partir do ano seguinte a sua edição, respeitando a anterioridade anual e a noventena, por configurar aumento de carga tributária, nos termos da jurisprudência desta Corte. 2. O ato normativo questionado pelo contribuinte extinguiu benefício fiscal que possibilitava a geração de créditos de Módulo Incidência e Crédito Tributário ICMS ainda que a circulação de mercadorias fosse isenta. No entanto, seus efeitos começaram a ser produzidos quando da publicação. A anterioridade tributária visa a assegurar a previsibilidade da carga tributária, protegendo a segurança jurídica, a não surpresa e a confiança legítima. Por isso, também deve ser aplicada à revogação ou alteração de benefício fiscal, conforme já reconhecido por esta Corte. 3. Desse modo, divirjo do relator e dou provimento ao agravo interno para negar provimento ao recurso do Estado de São Paulo, a fim de manter o acórdão recorrido. (ARE 1322395 AgR, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Relator(a) p/ Acórdão: ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 21/02/2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-055 DIVULG 22-03-2022 PUBLIC 23-03-2022) Anexo II REsp 1.725.452 RS TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. APLICABILIDADE. DISCIPLINA DO ART. 178 DO CTN À HIPÓTESE DE ALÍQUOTA ZERO. POSSIBILIDADE. NÃO SUJEIÇÃO DOS VAREJISTAS AOS EFEITOS DO ART. 9º DA MP N. 690/2015 (CONVERTIDA NA LEI N. 13.241/2015). PRESENÇA DE ONEROSIDADE (CONTRAPARTIDA) NO CONTEXTO DO INCENTIVO FISCAL DA LEI N. 11.196/2005 ("LEI DO BEM"). PREMATURA CESSAÇÃO DA INCIDÊNCIA DE ALÍQUOTA ZERO. VULNERAÇÃO DA NORMA QUE DÁ CONCRETUDE AO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA (PROTEÇÃO DA CONFIANÇA) NO ÂMBITO DAS ISENÇÕES CONDICIONADAS E POR PRAZO CERTO. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA N. 544/STF. I - Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o regime recursal será determinado pela data da publicação do provimento jurisdicional impugnado. Aplica-se, in casu, o Código de Processo Civil de 2015. II - Adequada a aplicação do art. 178 do Código Tributário Nacional à hipótese de fixação, por prazo certo e em função de determinadas condições, de alíquota zero da Contribuição ao PIS e da Cofins, porquanto os contribuintes, tanto no caso de isenção, quanto no de alíquota zero, encontram-se em posição equivalente no que tange ao resultado prático do alívio fiscal. III - À luz de tal norma, não alcança o varejista a revogação prevista no art. 9º da MP n. 690/2015 (convertida na Lei n. 13.241/2015), dispositivo que antecipa, em três exercícios, o derradeiro dia da redução a zero, por prazo certo, das alíquotas da Contribuição ao PIS e da Cofins incidentes sobre a receita bruta das alienações dos produtos especificados na Lei n. 11.196/2005 ("Lei do Bem"). IV - A fruição da apontada desoneração sujeitava o varejista: (i) à limitação do preço de venda; e (ii) à restrição de fornecedores, traduzindo inegável restrição à liberdade empresarial, especialmente, no ambiente da economia de livre mercado. Esse cenário, revela a contrapartida da Recorrente diante da ação governamental voltada à democratização do acesso aos meios digitais, pois esteve a contribuinte submetida ao desdobramento próprio daquele ônus - a diminuição do lucro -, impondo-se a imediata readequação da estrutura do negócio, além da manutenção dessa conformação empresarial durante o longo período de vigência do incentivo. V - A proteção da confiança no âmbito tributário, uma das faces do princípio da segurança jurídica, prestigiado pelo CTN, deve ser homenageada, sob pena de olvidar-se a boa-fé do contribuinte, que aderiu à política fiscal de inclusão social, concebida mediante condições onerosas para o gozo da alíquota zero de tributos. Módulo Incidência e Crédito TributárioConsistindo a previsibilidade das consequências decorrentes das condutas adotadas pela Administração outro desdobramento da segurança jurídica, configura ato censurável a prematura extinção do regime de alíquota zero, após sua prorrogação para novos exercícios, os quais, somados aos períodos anteriormente concedidos, ultrapassam uma década de ação indutora do comportamento dos agentes econômicos do setor, inclusive dos varejistas, com vista a beneficiar os consumidores de baixa renda. VI - A açodada cessação da incidência da alíquota zero da Contribuição ao PIS e da Cofins, vulnera o art. 178 do CTN, o qual dá concretude ao princípio da segurança jurídica no âmbito das isenções condicionadas e por prazo certo (Súmula n. 544/STF). VII - Recurso Especial provido, nos termos expostos. (REsp n. 1.725.452/RS, relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, relatora para acórdão Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, julgado em 8/6/2021, DJe de 15/6/2021.) Anexo III RE 1.214.919 Agr DIREITO TRIBUTÁRIO. SEGUNDO AGRAVO INTERNO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REINTEGRA. MAJORAÇÃO INDIRETA DO TRIBUTO. OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE GERAL E NONAGESIMAL. PRECEDENTES. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONFORMIDADE COM A JURISPRUDÊNCIA DO STF. 1. Conforme consignado na decisão agravada, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no sentido de que não só a majoração direta de tributos atrai a aplicação do princípio da anterioridade, mas também a majoração indireta decorrente de revogação de benefícios fiscais. Precedentes. 2. Inaplicável o art. 85, § 11, do CPC/2015, uma vez que não é cabível, na hipótese, condenação em honorários advocatícios (art. 25 da Lei nº 12.016/2009 e Súmula 512/STF). 3. Agravo interno a que se nega provimento, com aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015. (RE 1214919 AgR-segundo, Relator: Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 27/09/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-221 DIVULG 10-10-2019 PUBLIC 11-10-2019) Anexo IV TJSP – Apelação Cível 0018109-40.2012.8.26.0132 Embargos à execução fiscal. IPTU de 2011. Controvérsia relacionada à possibilidade de revogação de isenção concedida em caráter individual. Arts. 178 e 179 do CTN. O executado preencheu os requisitos legais ao reconhecimento do benefício, que, no caso dos autos, possui prazo de 20 anos. Posterior lei revocatória do anterior dispositivo que instituiu o benefício não pode atingir aqueles que estavam em gozo da benesse e que continuem a preencher as condicionantes exigidas para seu implemento. Sentença reformada, neste ponto. Danos morais. Pedido que não pode ser formulado em sede de embargos à execução fiscal, cujas alegações devem ser restritas à desconstituição do título executivo. Dá-se parcial provimento ao recurso, nos termos do acórdão. (TJSP; Apelação Cível 0018109-40.2012.8.26.0132; Relator (a): Beatriz Braga; Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Público; Foro de Catanduva - SAF - Serviço de Anexo Fiscal; Data do Julgamento: 25/05/2017; Data de Registro: 08/06/2017) Módulo Incidência e Crédito Tributário Anexo V CARF – Acórdão 3301-012.013 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2015 a 31/07/2015 BENS ISENTOS E TRIBUTADOS À ALÍQUOTA ZERO. AQUISIÇÕES. CRÉDITOS. DESCONTOS. IMPOSSIBILIDADE. Os custos com aquisições de bens isentos e/ ou tributados à alíquota zero não dão direito ao desconto de créditos da contribuição por expressa previsão legal; FRETES VINCULADOS À OPERAÇÃO DE COMPRA. BENS. REVENDA. INSUMOS. DESONERAÇÃO. CRÉDITOS. DESCONTOS. POSSIBILIDADE. Os custos/despesas com fretes tributados pelo PIS e Cofins, vinculados à operação de compra de bens para revenda e para a utilização como insumos na produção dos bens destinados à venda, ainda que desonerados da contribuição, dão direito ao desconto de créditos. FERRAMENTAS. PROCESSO PRODUTIVO. AQUISIÇÕES. CRÉDITOS. DESCONTO. POSSIBILIDADE. Os custos/despesas com aquisições de chaves Allen, jogos de chaves, chave de fenda, chave canhão, chave combinada, chave inglesa, porta ferramentas, martelo e tesoura para cortar vergalhão são essenciais ao desenvolvimento da atividade econômica do contribuinte e, portanto, se enquadram no conceito de insumos dado pelo STJ no REsp nº 1.221.170/PR; assim, dão direito ao desconto de créditos. EMBALAGENS. ATIVIDADE ECONÔMICA. CRÉDITOS. DESCONTO. POSSIBILIDADE. De acordo com a atividade econômica, a embalagem é fundamental para proteção e estabilidade do produto, tornando-se essencial para obtenção da receita da atividade, gerando crédito no sistema da não cumulatividade. (CARF, Processo n.º 15586.720098/2017-13, Acórdão n.º 3301-012.013, 3ª Seção de Julgamento / 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, 26/10/2022) Anexo VI CARF – Acórdão 3301-010.772 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI) Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 IPI. CRÉDITOS BÁSICOS. RESSARCIMENTO. FABRICAÇÃO DE PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS (N/T). IMPOSSIBILIDADE. O direito ao aproveitamento, nas condições estabelecidas no art. 11 da Lei n° 9.779, de 1999, do saldo credor de IPI decorrente da aquisição de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem aplicados na industrialização de produtos, isentos ou tributados à alíquota zero, não alcança os insumos empregados em mercadorias não tributadas pelo imposto. Aplica-se ao caso a Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Módulo Incidência e Crédito Tributário CONSTITUCIONALIDADE DE LEI Aplica-se a Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (CARF, Processo n.º 10880.928984/2009-27, Acórdão n.º 3301-010.772, 3ª Seção de Julgamento / 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, 23/08/2021) Anexo VII EREsp 1.213.143 - RS PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. APLICABILIDADE. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI. OUTORGA DE CRÉDITO POR MEIO DO ART. 11 DA LEI N. 9.779/1999. CREDITAMENTO AUTÔNOMO. DESVINCULAÇÃO DA REGRA DA NÃO CUMULATIVIDADE - DISTINGUISHING. UTILIZAÇÃO DO SALDO CREDOR DE IPI NA INVIABILIDADE DA COMPENSAÇÃO COM O MENCIONADO TRIBUTO INCIDENTE NA SAÍDA. HIPÓTESE DE PRODUTO NÃO TRIBUTADO. POSSIBILIDADE. I - Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte, na sessão realizada em 09.03.2016, o regime recursal será determinado pela data da publicação do provimento jurisdicional impugnado. Aplica-se, in casu, o Código de Processo Civil de 2015. II - A Constituição da República contempla o creditamento de Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI em três hipóteses distintas: (i) em decorrência da regra da não cumulatividade (art. 153, § 3º, II); (ii) como exceção constitucionalmente justificável à não cumulatividade, alcançada por meio de interpretação sistemática (arts. 43, § 1º, II, e § 2º, III; 153, § 3º, II; e 40 do ADCT); e (iii) mediante outorga diretamente concedida por lei específica (art. 150, § 6º). III - A Lei n. 9.779/1999 instituiu o aproveitamento de créditos de IPI como benefício fiscal autônomo, uma vez que não traduz mera explicitação da regra da não cumulatividade. IV - Por tratar-se do aproveitamento de créditos de IPI como benefício autônomo, diretamente outorgado por lei para a saída desonerada, a discussão devolvida pelos Embargos de Divergência distancia-se do núcleo da polêmica envolvendo a não cumulatividade desse tributo - necessidade de distinguishing -, cuidando-se, inclusive, de matéria eminentemente infraconstitucional. V - O art. 11 da Lei n. 9.779/1999 confere o crédito de IPI quando se revelar inviável ao contribuinte a compensação desse montante com o mencionado tributo incidente na saída de outros produtos. Na impossibilidade da utilização da soma decorrente da entrada onerada, o apontado artigo oportunizaa consolidada via dos arts. 73 e 74 da Lei n. 9.430/1996. Autorizado, portanto, o emprego do valor lançado na escrita fiscal, justamente com a saída "de outros produtos". Reitere-se que os produtos outros, nesse contexto, podem ser isentos, sujeitos à alíquota zero ou não tributados. VI - Inaceitável restringir, por ato infralegal, o benefício fiscal conferido ao setor produtivo, mormente quando as três situações - isento, sujeito à alíquota zero e não tributado -, são equivalentes quanto ao resultado prático delineado pela Lei do benefício. VII - Encontra, portanto, abrigo legal o aproveitamento do saldo de IPI decorrente das aquisições de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem Módulo Incidência e Crédito Tributário tributados, nas saídas de produtos não tributados no período posterior à vigência do art. 11 da Lei n. 9.779/1999. VIII - A manutenção do acórdão embargado representa: (i) a observância da disciplina legal específica; (ii) a escorreita interpretação sistemática do aproveitamento de saldo de IPI à luz dos múltiplos níveis normativos do creditamento admitidos pela Constituição da República; e (iii) uma prestação jurisdicional alinhada com os recentes pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal quanto à temática (e.g. PLENO, RE n. 596.614/SP, Rel. p/ o acórdão Ministro EDSON FACHIN, julgado em 25.04.2019; PLENO, Projeto de Súmula Vinculante n. 26/DF, Rel. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, DJe 07.05.2020 - Ata n. 340/2020; e 2ª TURMA, AgR no AgR no RE n. 379.843/PR, Rel. Ministro EDSON FACHIN, julgado em 07.03.2017). IX - Embargos de Divergência improvidos. (EREsp n. 1.213.143/RS, relatora Ministra Assusete Magalhães, relatora para acórdão Ministra Regina Helena Costa, Primeira Seção, julgado em 2/12/2021, DJe de 1/2/2022.) Anexo VIII RE n. 550.218 ED/SP Julgamento: 19/08/2014 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ERRO DE FATO QUANTO À IDENTIFICAÇÃO DA QUESTÃO DISCUTIDA NOS AUTOS. NECESSIDADE DE SE CONCEDER EFEITOS INFRIGENTES. EMBARGOS ACOLHIDOS PARA ANALISAR O RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IPI. CRÉDITO. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS ISENTA DO IMPOSTO. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO PARA A OPERAÇÃO SEGUINTE. RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I – Erro de fato quanto à identificação da questão discutida nos autos enseja a adoção dos efeitos infringentes para possibilitar o julgamento imediato do recurso extraordinário, ante a existência de jurisprudência sobre o tema. II – O atual entendimento desta Corte é no sentido de que, na sistemática que rege o princípio constitucional da não cumulatividade, se não é devido tributo em determinada operação, não há com o que se compensar o montante exigido na anterior. Além disso, se não foi cobrado tributo em uma dada operação, não há o que se abater na seguinte. III – Assim, com base exclusivamente nesse princípio, só haverá direito a crédito para a operação posterior se for cobrado tributo na operação anterior. Ademais, só se compensa o que foi exigido na operação precedente, se for devido tributo na operação seguinte. IV – A partir dessa lógica, a operação desonerada do tributo não faculta o desconto do que foi exigido na operação anterior e não gera crédito para a seguinte, raciocínio que deve ser aplicado de forma indistinta aos diversos casos de desoneração, tais como alíquota zero, isenção, não incidência e imunidade. V – Embargos de declaração acolhidos, com efeitos infringentes, para negar provimento ao recurso extraordinário. Anexo IX RE n. 596.614/SP DJe 20/09/2019 Módulo Incidência e Crédito Tributário IPI. DIREITO DE CRÉDITO. INSUMOS PROVENIENTES DA ZONA FRANCA DE MANAUS ADQUIRIDOS SOB O REGIME DE ISENÇÃO. PRINCÍPIO DA NÃO- CUMULATIVIDADE. CF/88, ART.43, 1º, II, E 2º, III;153, 3º, II. A partir de hermenêutica constitucional sistemática de múltiplos níveis normativos depreende-se que a Zona Franca de Manaus constitui importante região socioeconômica que, por motivos extrafiscais, excepciona a técnica da não-cumulatividade. É devido o aproveitamento de créditos de IPI na entrada de insumos isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero provenientes da Zona Franca de Manaus, por força de exceção constitucionalmente justificável à técnica da não-cumulatividade. Anexo X TJSP – Apelação / Remessa Necessária 1008989-81-2021.8.26.0053 REMESSA NECESSÁRIA E APELAÇÃO - MANDADO DE SEGURANÇA - IPVA - ISENÇÃO - PCD - Insurgência contra os efeitos concretos das mudanças relacionadas à isenção de IPVA promovidas pela Lei Estadual nº 17.293/20 – Segurança parcialmente concedida em primeira instância - Lei Estadual nº 17.293/20, Decreto Estadual nº 65.337/20 e Portaria CAT nº 95/20 reduziram o âmbito dos beneficiários da isenção de IPVA, bem como estabeleceram novos requisitos para a sua concessão - Isenções que podem ser modificadas, por lei, a qualquer tempo - Juízo de conveniência e oportunidade do administrador público - Inteligência dos arts. 178 e 111, inc. II, do CTN – Necessidade de observância da anterioridade anual e nonagesimal - Perda superveniente do interesse processual no que tange aos exercícios de 2022 e seguintes em vista da promulgação da LE nº 17.473/21 e edição do Decreto nº 66.470/22 e da Resolução SFP nº 05/22 - Precedentes deste E. TJSP e desta C. Câmara de Direito Público - Sentença parcialmente reformada – REMESSA NECESSÁRIA PARCIALMENTE ACOLHIDA E RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO. (TJSP; Apelação / Remessa Necessária 1008989-81.2021.8.26.0053; Relator (a): Rubens Rihl; Órgão Julgador: 1ª Câmara de Direito Público; Foro Central - Fazenda Pública/Acidentes - 2ª Vara de Fazenda Pública; Data do Julgamento: 10/03/2023; Data de Registro: 10/03/2023) SEMINÁRIO I - ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS E REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA Anexo VIII RE n. 550.218 ED/SP Anexo IX RE n. 596.614/SP
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