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Módulo Incidência e Crédito Tributário ALUNO: LEANDRO TAKEO ALVES WATANABE TURMA: 2021.02-ICT-BSB SEMINÁRIO I – ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS E REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA Questões 1. Que é isenção (vide anexo I)? Incialmente, cabe destacar que isenção é uma das formas de exclusão do crédito tributário, assim dispondo o art. 175, I do CTN. Dentro do nosso ordenamento jurídico, seja tratando-se da lei seca ou de criação doutrinária, existem algumas teorias para explicar o fenômeno da isenção tributária, destacando-se entre elas a isenção como dispensa legal do pagamento e a isenção como mutilação de um dos critérios da regra-matriz de incidência tributária. Na isenção como dispensa legal do pagamento, também conhecida como teoria clássica, nasce a obrigação tributária, pois a norma tributante incide sobre determinado fato gerador. Entretanto, tal obrigação é extinta pela atuação secundária de uma norma isencional. Sendo assim, restaria extinto o crédito tributário, operando os mesmos efeitos das causas elencadas no art. 156, do CTN. Nesse diapasão, opera o STF com o entendimento de que a isenção é a dispensa legal e expressa do pagamento do tributo devido. Por outro lado, tem-se forte e grande entendimento doutrinário, de que a isenção é norma de estrutura, possuindo regra e estrutura própria, atuando junto a regra-matriz de incidência tributária, mutilando, diminuído um dos critérios da RMIT. Módulo Incidência e Crédito Tributário Para Paulo de Barros Carvalho, a isenção atua contra um dos critérios da estrutura da RMIT, mutilando-o de forma parcial, ou seja, isenção como norma de estrutura que subtrai de forma parcial um dos critérios da regra-matriz de incidência tributária, impedindo assim, o nascimento da própria obrigação tributária. Ressalta-se que tal entendimento, qual seja, isenção como mutilação dos critérios da RMIT, a isenção tem que diminuir um dos critérios da RMIT, pois caso a lei retire totalmente um dos critérios, estará fulminando a RMIT. Deve-se haver redução e não exclusão total de qualquer um dos critérios. Diante de tais entendimentos, ora explanados, sigo o entendimento de isenção com dispensa legal do pagamento, pois sobre todo fato gerador incide uma norma tributária, fazendo nascer a obrigação tributária. Nascendo tal obrigação, a mesma será extinta por uma norma secundária isencional, extinguindo também o crédito tributário. Para tal entendimento, reforça Rubens Gomes de Souza, que o vínculo obrigacional nasce com o fato jurídico, que em seguida, por outra norma, desonera o contribuinte por meio de dispositivo expresso em lei, de cumprir a obrigação. 2. Elaborar quadro comparativo a respeito de: (i) isenção; (ii) imunidade; (iii) não incidência; (iv) anistia; e (v) remissão. Isenção Imunidade Não- Incidência Anistia Remissão É uma forma de exclusão do crédito tributário. Dispensa legal de É uma exoneração constitucional. É a retirada da competência tributária dos Hipótese que não se enquadra no antecedente da regra- matriz de É uma forma de exclusão do crédito tributário. Perdão da infração de deveres Uma das formas extintivas do crédito tributário. Há o aperfeiçoamento da obrigação tributária, com o Módulo Incidência e Crédito Tributário tributo devido. A obrigação nasce, todavia, tal obrigação é extinta pela atuação secundária da norma isencional. entes políticos, de forma finita e determinada, por meio de normas jurídicas. incidência. Situações fáticas não abrangidas pela norma de tributação. tributários cometida pelo contribuinte, bem como da penalidade a ele imposta por ter infringido mandamento legal. consequente lançamento do crédito, porém, posteriormente há a dispensa legal ou o perdão fazendário do débito tributário. Decorre de Lei. Decorre da Constituição Federal. Independe de previsão. Decorre de Lei. Decorre de Lei. Art. 175, I, CTN. Exemplos na CF/88: Arts. 150, VI. Construção doutrinária. Art. 175, II, CTN. Art. 156, IV, CTN. 3. A expressão “crédito tributário” utilizado no art. 175 do CTN tem o mesmo conteúdo de significação para a isenção e para a anistia? Justificar. Dispõe o art. 175 do CTN: “Excluem o crédito tributário: I – a isenção; II – a anistia. Parágrafo único: A exclusão de crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente.” Tal art. deve ser analisado criteriosamente, haja vista que a expressão “exclusão do crédito tributário”, abarca não só a isenção, mas também, a anistia. Módulo Incidência e Crédito Tributário Embora ambas estejam no mesmo contexto gramatical, são fenômenos distintos. Na isenção, a obrigação tributária nasce, pois a norma tributária incide sobre o fato gerador, todavia, esta obrigação é extinta pela atuação secundária da norma isencional. Já na anistia segundo dispõe o art. 180 do CTN, há como pressuposto o cometimento de infrações, ou seja, realização de um ato ilícito, o qual será perdoado. Isenção não pode ser considerada como anistia. Isenção ocorre "antes" do fato gerador, a "anistia" depois (exclui a penalidade). 4. Tratando-se de isenção com prazo certo, ou de isenção por prazo indeterminado, responda: (i) equivalem, necessariamente, à isenção condicionada e à isenção incondicionada, respectivamente? Quais critérios são utilizados nessas classificações? (ii) a revogação da isenção, que reinstitui a norma tributária no sistema, apenas restabelece sua eficácia ou requer a publicação de nova regra tributária no ordenamento? Neste último caso, deverá ser respeitado o princípio da anterioridade (nonagesimal / exercício)? Há direito adquirido (vide anexo II e III)? A isenção com prazo certo, não é necessariamente equivalente à isenção condicionada, bem como a por prazo indeterminado não equivale necessariamente a isenção incondicionada. Tanto na isenção por prazo certo, como na isenção por prazo indeterminado, vai depender que do lapso temporal estabelecido na norma. Quanto a isenção condicionada, esta não alcança todos os contribuintes sujeitos a determinada obrigação tributária, mas sim, aqueles cujos preenchem requisitos estabelecidos na norma isentiva. Já na isenção incondicionada, tem-se aquela concedida de forma geral, não estabelecendo nenhum requisito a ser cumprido para que o contribuinte goze das vantagens desse instituto. Módulo Incidência e Crédito Tributário Reza o CTN, em seu art. 178, que a isenção poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, salvo se concedida em função de determinadas condições e por prazo certo, porém, observando o disposto no art. 104, III, do CTN, estabelecendo que esta entrará em vigor no primeiro dia do exercício seguinte da publicação, respeitando assim, o princípio da anterioridade. Todavia, de acordo com entendimento do STF, apenas as isenções condicionadas e por prazo determinado, sob condição onerosa, não podem ser livremente extintas (Súmula 544/STF). De certo, a revogação de isenção que reinstitui a norma tributária no sistema requer a publicação de nova regra no ordenamento, devendo respeitar o princípio da anterioridade, seja nonagesimal ou de exercício. Não há direito adquirido, tendo em vista que poderá ser alterado todas as vezes que descumpridas as condições estabelecidas por lei. 5. Há distinção entre alíquota 0% e isenção? Os insumos isentos, não tributados e tributados à alíquota 0%, adquiridos no processo de industrialização, conferem direito ao crédito tributário? Por quê? Em caso afirmativo, qual critério deveria ser utilizado para determinar o crédito presumido de IPI?Se o produto for adquirido da ZFM, isso alteraria a resposta? Se sim, por quê? (Vide anexos IV, V, VI, VII, VIII e IX) Para Paulo de Barros Carvalho não há distinção entre os dois institutos, entende que a alíquota 0% mutila os efeitos do critério quantitativo da regra- matriz de incidência tributária, tornando-se um caso típico de isenção. Nesse sentido, seria uma das formas de que o legislador utiliza para mutilar a RMIT, impedindo sua funcionalidade. Dessa forma, seria irrelevante a nomenclatura, pois o fenómeno seria o mesmo. Por outro lado, entendo que a isenção e a alíquota 0% não se confundem, de modo em que a isenção se trata de hipótese de exclusão de crédito tributário, ao passo que a alíquota 0% não se presta a excluir o crédito tributário, mas sim Módulo Incidência e Crédito Tributário para estabelecer que o fato quantitativo de determinada obrigação tributária terá valor econômico nulo (0%). No que tange a manutenção dos créditos sobre insumos tributados para as saídas sujeitas a alíquota 0% ou isentas, tal manutenção foi assegurada pela Lei 9.779/99, porém, esta Lei não trouxe a questão em relação as saídas não tributadas. Embora parte doutrina entenda que seja possível o creditamento de tais insumos, não foi assim o entendimento do STF, quando do julgamento do tema na Suprema Corte. O entendimento da Corte pela negativa sobre o creditamento destes insumos é de que não haveria direito ao crédito em razão da ausência de incidência de tributo na etapa antecedente. Com esse entendimento da Suprema Corte, restou o enunciado da súmula vinculante 58: “Inexiste direito a crédito presumido de IPI relativamente à entrada de insumos isentos, sujeitos à alíquota zero ou não tributáveis, o que não contraria o princípio da não-cumulatividade.” Todavia, caso o produto seja adquirido na ZFM, prevalece no STF o entendimento quanto à constitucionalidade do creditamento do IPI por se tratar a Zona Franca de Manaus, de área de incentivo e protegida pela Constituição Federal. Assim ficou a tese firmada: “há direito ao creditamento de IPI na entrada de insumos, matéria-prima e material de embalagem adquiridos junto à Zona Franca de Manaus sob o regime de isenção, considerada a previsão de incentivos regionais constantes do artigo 43, §2º da Constituição Federal, combinado com o artigo 40 do ADCT.” 6. Considerando o art. 155, §2º, II, alíneas “a” e “b” da CF, pergunta-se: a) Existe isenção parcial? Redução de base de cálculo pode ser considerada hipótese de isenção parcial? Módulo Incidência e Crédito Tributário Incialmente, cabe destacar que o instituto da isenção parcial é uma ficção jurídica validada pelo STF para embasar suas decisões a respeito do tema. Tal ficção está apoiada no mesmo entendimento de alguns doutrinadores, como Pontes de Miranda. Para ele, existem isenções totais e isenções parciais. Enquanto a isenção total é pré-excludente da imposição, nas isenções parciais existe a redução do valor quantitativo do tributo devido. Paulo de Barros Carvalho, em seus ensinamentos, também admite existir isenção parcial, todavia, importante destacar que no entendimento do doutrinador, o fenômeno da isenção parcial não se confunde com a isenção tributária. Explica inda, que a diminuição que se tem no critério quantitativo não implica a exclusão do objeto, não sendo isenção tributária, mas apenas modificação do valor do tributo que deve ser pago, afirmando que o nome dado pela doutrina a esse evento chama-se isenção parcial. Noutro lado, há quem não admita a existência de isenção parcial, como no caso de Luciano Amaro, por entender que como o fato é gerador, a situação não deve ser considerada como isenta. De toda forma, o STF entende e valida a existência da isenção parcial, considerando, a redução de base de cálculo, uma hipótese de isenção parcial. Sendo assim, aquela corrente jurídica que acredita na existência do instituto da existência parcial, em sentido amplo, pode-se considerar a redução da base de cálculo como hipótese de tal instituto. Em caso contrário, aqueles que não coadunam com a existência da isenção parcial, não consideram o fenômeno da redução de base de cálculo como hipótese de isenção parcial. Destaco aqui, em que pese, inicialmente seguir a corrente de isenção como dispensa legal do pagamento, neste ponto sobre o fenômeno da isenção parcial, Paulo de Barros Carvalho traz excelente ensinamento, qual seja, que apesar de acreditar na isenção parcial, esta não se confunde com isenção tributária. Módulo Incidência e Crédito Tributário b) É possível lei estadual que determine a exigência do estorno do crédito do ICMS, relativo à entrada de insumos, proporcional à parcela correspondente à redução da base de cálculo do imposto incidente na operação de saída da mercadoria, com fundamento no art. 155, § 2º, II, da CF/88? (Vide anexos X, XI e Parecer da Procuradoria-Geral da República no RE n. 635.688/RS RG, de 09/12/11). Cabe destacar nessa questão o princípio da não-cumulatividade. Trata-se de princípio constitucional e fator utilizado para mensurar o valor do tributo devido. Vale dizer, que seria um benefício dado ao contribuinte em compensar o montante devido em suas operações com os tributos devidos nas etapas anteriores. Na questão em tela, como vimos em discussão anterior, para diversos doutrinadores, a redução de base de cálculo não é isenção parcial, tampouco isenção total, sendo apenas fator que reduz o valor quantitativo do tributo. Dessa forma, não estaria enquadrada no art. 155, § 2º, II, da CF/88 e, nesse sentido, não podendo ser o sujeito passivo, compelido a exigência do estorno do crédito do ICMS, relativo à entrada de insumos, proporcional à parcela correspondente à redução da base de cálculo do imposto incidente na operação de saída da mercadoria. Entretanto, esse não é o entendimento do STF, o qual possui entendimento de que lei estadual que determine a exigência do estorno do crédito do ICMS, não fere o princípio da não-cumulatividade e, portanto, afirmando ser constitucional lei estadual supracitada. 7. A concessão de benefício fiscal relativo à isenção do ICMS incidente sobre a aquisição de veículo automotor por deficiente físico, demanda a aprovação por convênio, nos termos do art. 155, §2º, XII, g, da CF, regulamentado pela Lei Complementar 24/75? Caso considere a dispensa de convênio nesse caso, ela poderá ser justificada pela garantia fundamental, cuja concessão do benefício visa a assegurar? (Vide anexo XII e XIII). Módulo Incidência e Crédito Tributário Reza o art. 155, §2º, XII, g, da CF, que cabe a lei completar g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados, ou seja, cabe lei federal regular sobre o tema. Todavia, acrescenta o art. 1° da Complementar 24/75 que “As isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias serão concedidas ou revogadas nos termos de convênios celebrados e ratificados pelos Estados e pelo Distrito Federal.” Nesse sentido, a concessão de benefício fiscal relativo à isenção do ICMS incidente sobre a aquisição de veículo automotor por deficiente físico exige aprovação por convênio. A CF protege o direito às garantias fundamentais, por outro lado, a Carta Magna também deixa claro que cabe a lei complementar, mesmo que mediante deliberação dos Estados, regular sobre isenções e incentivos fiscais. Sendo assim, é constitucional a exigência de aprovação por convênio para a concessão de benefício fiscal relativo à isenção de ICMS no caso em tela. Nesse sentido, dispensando a aprovação de convênio, entendo que não seria justificável pela garantia fundamental, pois estaria ferindo o princípio da legalidade, estando estepróprio princípio, inserido dentro das garantias fundamentais. 8. Determinado Estado institui isenção de ICMS, com fundamento em convênio CONFAZ, exclusivamente para operações realizadas pelo contribuinte atacadista de determinado produto. A legislação (i) expressamente veda que essa isenção seja utilizada por estabelecimentos industriais e varejistas e (ii) nada fala sobre a possibilidade de manutenção de crédito pelo atacadista. Qual o efeito prático desta isenção para a cadeia do ICMS? Essa isenção é constitucional? Poderia o estabelecimento atacadista renunciar à isenção tributária e decidir tributar regularmente sua operação? Esse valor pago, em renúncia à isenção, seria tributo? Há relação entre essa isenção tributária e o princípio da legalidade estrita tributária? Módulo Incidência e Crédito Tributário O ICMS, conforme estabelecido na CF/88 em seu art. 155, § 2º, I, é um imposto não-cumulativo. Sendo um imposto não-cumulativo, para efeito prático, acredito que só teria benefício se concedida a isenção ao contribuinte do início ou final na cadeia de circulação. Sendo assim, o contribuinte da etapa subsequente não fará jus ao crédito ICMS que foi isento na etapa anterior, inclusive podendo ser compelido ao estorno do crédito das etapas antecedentes à isenção. No que tange a constitucionalidade dessa isenção, tem-se duas direções: a que dá entendimento de ser constitucional tendo em vista a isenção ter sido instituída mediante convênio, com base em lei complementar assegurar pela CF/88; a outra seria pelo entendimento de que no caso em tela, estaria ferindo o princípio da não-cumulatividade, sendo, portanto, inconstitucional essa isenção. O estabelecimento não poderia renunciar a tal isenção, já que houve a dispensa legal do pagamento, ou, pelo entendimento da RMIT a obrigação tributária nem chegou a nascer, não havendo a possibilidade de pagar o tributo. E mesmo que houvesse o pagamento, não poderia ser considerado tributo, já que não houve a obrigação tributária. O princípio da legalidade é uma das garantias fundamentais assegurada pela CF/88. Contudo, no que se refere ao sistema tributário, a CF é clara em seu art. 150, I, vedando a União e os entes Federados de exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça, fazendo jus ao princípio da legalidade tributária Dessa forma, embasando o Estado em previsão legal para isenção de determinado tributo, nesse sentido considera-se que há relação na referida isenção tributária e o princípio da legalidade estrita tributária.
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