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SISTEMATIZAÇÃO DAS NORMAS ELEITORAIS Eixo Temático V: Contencioso Eleitorais e Temas Correlatos Brasília TSE 2019 6 2019 Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitorais e Tem as Correlatos 6 SISTEMATIZAÇÃO DAS NORMAS ELEITORAIS Eixo Temático V: Contencioso Eleitoral e Temas Correlatos Brasília TSE 2019 6 3 SISTEMATIZAÇÃO DAS NORMAS ELEITORAIS Eixo Temático V: Contencioso Eleitoral e Temas Correlatos SISTEMATIZAÇÃO DAS NORMAS ELEITORAIS Eixo Temático V: Contencioso Eleitoral e Temas Correlatos Brasília TSE 2019 6 © 2019 Tribunal Superior Eleitoral É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem a autorização expressa dos autores. Secretaria de Gestão da Informação SAFS, Quadra 7, Lotes 1/2, 1º andar Brasília/DF – 70070-600 Telefone: (61) 3030-9225 Secretário-Geral da Presidência Estêvão Waterloo Diretor-Geral da Secretaria do Tribunal Anderson Vidal Corrêa Secretária de Gestão da Informação Zélia Oliveira de Miranda Coordenadora de Editoração e Publicações Renata Motta Paes Responsáveis pelo conteúdo Grupo de Trabalho para a Sistematização das Normas Eleitorais (GT-SNE) – EIXO V: Roberta Maia Gresta (coordenadora), Ângelo Soares Castilhos e Michelle Pimentel Duarte Produção editorial e diagramação Seção de Editoração e Programação Visual (Seprov/Cedip/SGI) Capa e projeto gráfico Leandro Morais e Rauf Soares Revisão e normalização Harrison da Rocha, Patrícia Jacob e Rayane Martins Impressão e acabamento Seção de Serviços Gráficos (Segraf/Cedip/SGI) As ideias e opiniões expostas neste volume são de responsabilidade exclusiva dos autores e podem não refletir a opinião do Tribunal Superior Eleitoral. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Tribunal Superior Eleitoral – Biblioteca Professor Alysson Darowish Mitraud Brasil. Tribunal Superior Eleitoral. Sistematização das normas eleitorais [recurso eletrônico] : eixo temático V : contencioso eleitoral e temas correlatos / Tribunal Superior Eleitoral. – Brasília : Tribunal Superior Eleitoral, 2019. 215 p. – (Coleção SNE ; 6) Responsáveis pelo conteúdo: Grupo de Trabalho para a Sistematização das Normas Eleitorais (GT-SNE) – EIXO V: Roberta Maia Gresta (coordenadora), Ângelo Soares Castilhos e Michelle Pimentel Duarte. Modo de acesso: tse.jus.br/legislacao/sne/sistematizacao-das-normas-eleitorais Disponível, também, em formato impresso. ISBN 978-85-54398-13-2 (coleção). – ISBN 978-85-54398-28-6 (v. 6) 1. Legislação eleitoral – Análise – Relatório – Brasil. 2. Direito eleitoral – Legislação – Brasil. 3. Processo eleitoral – Legislação – Brasil. I. Brasil. Tribunal Superior Eleitoral. Grupo de Trabalho para a Sistematização das Normas Eleitorais. II. Título. III. Série. CDD 342.810 7 CDU 342.8(81) Bibliotecária: Sabrina Ruas Lopes – CRB-1/1865 4 SISTEMATIZAÇÃO DAS NORMAS ELEITORAIS Eixo Temático V: Contencioso Eleitoral e Temas Correlatos TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL Presidente Ministra Rosa Weber Vice-Presidente Ministro Luís Roberto Barroso Ministros Ministro Edson Fachin Ministro Jorge Mussi Ministro Og Fernandes Ministro Luis Felipe Salomão Ministro Tarcisio Vieira de Carvalho Neto Ministro Sérgio Banhos Procurador-Geral Eleitoral Augusto Aras 5 SISTEMATIZAÇÃO DAS NORMAS ELEITORAIS Eixo Temático V: Contencioso Eleitoral e Temas Correlatos Coordenador-Geral do GT-SNE Ministro Luiz Edson Fachin Conselho Consultivo do GT-SNE Ministro Og Fernandes Coordenação Executiva do GT-SNE Ministro Tarcisio Vieira de Carvalho Neto Juiz Auxiliar Nicolau Konkel Junior Polianna Pereira dos Santos Elaine Carneiro Batista Gabriel Menezes Figueiredo Eron Júnior Vieira Pessoa Diego Messina Felisbino Frederico Alvim Diogo Cruvinel Coordenadores dos Eixos Temáticos João Andrade Neto (Eixo I) Carlos Bastide Horbach (Eixo II) Alexandre Basílio Coura (Eixo III) Denise Goulart Schlickmann (Eixo IV) Roberta Maia Gresta (Eixo V) Luiz Carlos dos Santos Gonçalves (Eixo VI) Lara Marina Ferreira (Eixo VII) Jaime Barreiros Neto (Eixo VIII) Secretaria-Geral do GT-SNE Flávio Pansieri 6 SISTEMATIZAÇÃO DAS NORMAS ELEITORAIS Eixo Temático V: Contencioso Eleitoral e Temas Correlatos SUMÁRIO Prefácio ................................................................................................................................................................ 7 Apresentação....................................................................................................................................................11 Objetivos do relatório final ..........................................................................................................................11 Informações gerais ao público ....................................................................................................................12 1. Lei Complementar nº 64/1990 ................................................................................................................13 2. Lei nº 9.504/1997 .........................................................................................................................................63 3. Código Eleitoral ...........................................................................................................................................81 4. Código de Processo Civil ..........................................................................................................................98 7 SISTEMATIZAÇÃO DAS NORMAS ELEITORAIS Eixo Temático V: Contencioso Eleitoral e Temas Correlatos Prefácio 8 SISTEMATIZAÇÃO DAS NORMAS ELEITORAIS Eixo Temático V: Contencioso Eleitoral e Temas Correlatos Prefácio O sexto volume da coleção Sistematização das Normas Eleitorais apresenta altos estudos coordenados pela eminente doutora Roberta Maia Gresta em torno do contencioso eleitoral e de temas a ele correlatos. No âmbito desta investigação, as aporias e as antinomias presentes no ordenamento eletivo pátrio foram alvo de judiciosos apontamentos e de profundas reflexões críticas, sempre à luz de exigências constitucionais concernentes ao devido processo legal e à fundamentalidade própria do catálogo das prerrogativas políticas. No exame da legislação eleitoral, foram escrutinados 528 dispositivos legais (entre artigos, parágrafos, incisos e alíneas), constantes do Código Eleitoral (Lei nº 4.737/1965), da Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997), da Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar nº 64/1990) e do Código de Processo Civil (CPC) (Lei nº 13.105/2015). Paralelamente, com acentuada abrangência, o esforço analítico se estendeu ainda sobre regras adicionais, constantes de súmulas, resoluções, códigos anotados e manuais de instruções produzidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não sendo poucas as oportunidades em que os complexos desdobramentos do Direito posto foram iluminados por cirúrgicos comentários científicos e oportunas menções à jurisprudência vigente. Ao longo do processo, o Grupo de Trabalho (GT) recebeu 11 contributos provenientes da comunidade jurídica, tanto pelo canal eletrônico disponibilizado no sítio oficial da Corte Superior quanto por ocasião das audiências públicas realizadas nas cidades de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Excluídas as contribuições envolventes de propostas de alteração legislativa, estranhas ao escopo específico do GT, as sugestões externas foram, todas, cuidadosamente avaliadas e, eventualmente, incorporadas ao relatório final, com o devido registro dos créditos. No que tange à orientação metodológica, os trabalhos foram desenvolvidos a partir do preenchimento de tabela formada por quatro colunas destinadas, respectivamente, aos seguintes apontamentos: (i) dispositivo legal analisado; (ii) questão suscitada (extração de possíveis dúvidas, antinomias, inconsistências ou incompatibilidades da regra sob exame frente a outras normas da legislação eleitoral); (iii) diagnóstico preliminar(contextualização dos dilemas suscitados, a compor um “estado da arte” da temática em xeque); e (iv) sugestão de encaminhamento (oferta de subsídios para a atividade hermenêutica, incluindo intelecções para a concretização da aplicação supletiva e subsidiária do CPC/2015 no contexto das ações eleitorais). Em virtude da destacada amplitude do tema enfrentado, o GT decidiu por desenvolver recorte dedicado a questões mais urgentes e de maior relevo. Dentro desse panorama, enfrentou verticalmente os mais complexos temas afetos à processualística eleitoral, tecendo, de fato, “autópsia” completa, segmentada em três eixos principais: (i) em primeiro lugar, o quadro das inelegibilidades do art. 1º da LC nº 64/1990 e seus efeitos processuais; (ii) adiante, os dispositivos processuais da Lei das Eleições; (iii) finalmente, os institutos do CPC/2015 aptos a ensejar “procedimentalização democrática” das ações eleitorais (normas fundamentais, partes, intervenção de terceiros, tutela provisória, direito probatório, sistema de precedentes, 9 SISTEMATIZAÇÃO DAS NORMAS ELEITORAIS Eixo Temático V: Contencioso Eleitoral e Temas Correlatos recursos e cumprimento de sentença). Ao final, apura-se deste esmerado engenho intelectual a oferta de excelentes caminhos para a compreensão teórica e para o equacionamento técnico do estatuto das inelegibilidades e do sistema de análise de candidaturas, assim como das ações e das representações eleitorais. O trabalho em evidência colige, enfim, muitas das mais significativas incógnitas e vicissitudes que, por distintas razões, depreciam a legitimidade, a democraticidade, a clareza, a segurança e a própria eficácia do processo eleitoral contemporâneo. Leitura imperativa, pois, para todos os que operam, pensam e elaboram o intrincado território de regulação das competições políticas, na medida em que urge adotar, na linha da presente proposta, técnicas compatíveis com uma cultura de precedentes democrática, enfrentando tanto o desafio geral do modelo decisório brasileiro quanto o desafio específico das constantes mudanças operadas no regramento eleitoral. Com efeito, questões essenciais como a convencionalidade da Lei da Ficha Limpa, a constitucionalidade de normas supressoras da capacidade eleitoral passiva, a contagem de prazos de inelegibilidade e a superveniência de hipóteses alteradoras de status dos direitos políticos em registros de candidatura somam-se a indagações processuais da mais alta relevância, como a possível mudança de paradigma no procedimento adotado para o processamento da ação de impugnação de mandato eletivo, o cabimento da decisão de saneamento do processo em sede de ações eleitorais e a observância do dever de fundamentação qualificada (art. 489, § 1º, CPC/2015), tudo em combinação para formar, cum grano salis, um conjunto extraordinário e habilidoso de soluções prospectivas, perspicaz também quando avança sobre o CPC/2015, para discutir importações e prováveis influxos do novo diploma sobre a dinâmica do contencioso eletivo. Assim também é que alguns princípios processuais como juiz natural, inafastabilidade da jurisdição, proteção da confiança, estabilização da demanda e institutos como o litisconsórcio, a intervenção de terceiros e o amicus curiae, tal como a fase de cumprimento de sentença, passam – com certo ineditismo – a ser perspectivados diante das peculiaridades das ações eleitorais, o mesmo ocorrendo com o regime de aplicação do direito sumular e com o incidente de resolução de demandas repetitivas, apenas para citar alguns exemplos, cabendo destacar, mais, que o aproveitamento dos mecanismos compatíveis se encontra ao alcance do poder regulamentar do TSE, tendo em vista que as indagações partem da aplicação supletiva e subsidiária determinada pelo art. 15 do CPC/2015. Em definitivo, por tudo o que aqui se apresenta, é dado afirmar, sem risco de exagero, que este volume veicula relatório notável, digno do brilhantismo de seus criadores e, sobretudo, da proeminência do magno objeto que lhe é subjacente. Se a transparência do processo eleitoral tem como pressuposto a máxima clareza de suas normas e de seus procedimentos, é certo que as páginas seguintes restauram, como “lama asfáltica”, trechos acidentados do “pavimento” pelo qual conduzimos, incansavelmente, a tal democracia. Frederico Alvim Gabinete do Ministro Edson Fachin Tribunal Superior Eleitoral 10 SISTEMATIZAÇÃO DAS NORMAS ELEITORAIS Eixo Temático V: Contencioso Eleitoral e Temas Correlatos RELATÓRIO FINAL Eixo Temático V: Contencioso Eleitoral e Temas Correlatos (Grupo de Trabalho criado pela Portaria-TSE nº 115 de 13 de fevereiro de 2019) 11 SISTEMATIZAÇÃO DAS NORMAS ELEITORAIS Eixo Temático V: Contencioso Eleitoral e Temas Correlatos Apresentação A tabela a seguir sintetiza o estudo final da legislação eleitoral pertinente aos contencioso eleitoral, registro de candidatura, Drap, elegibilidade e inelegibilidade e aplicação do Código de Processo Civil (CPC/2015) no âmbito da Justiça Eleitoral. A tabela apresenta quatro colunas. A primeira foi reservada à identificação do dispositivo legal analisado. Na segunda, nomeada questão suscitada, procurou-se fomentar debates sobre o dispositivo analisado, perpassando o cotejo não só com a legislação, mas também com a jurisprudência e com as normas regulamentares do TSE. Na terceira, diagnóstico, mostra-se, tanto quanto possível, o “estado da arte” sobre a questão suscitada. Por fim, na quarta coluna, apresenta-se a sugestão de encaminhamento elaborada pelo Grupo de Trabalho (GT), como fruto das discussões internas e da análise das contribuições da comunidade jurídica. Deve-se destacar que os encaminhamentos propostos, observando os limites do projeto de Sistematização de Normas Eleitorais, não avançam para proposições de reformas legislativas. As sugestões são adstritas ao âmbito científico, no qual são cotejadas possibilidades de soluções de aporias e de antinomias em favor do devido processo legal e da fundamentalidade dos direitos políticos; e ao regulamentar, no qual, a partir de direcionamento da Comissão Executiva, oferece-se subsídios para concretização da aplicação supletiva e subsidiária do CPC/2015 às ações eleitorais. A amplitude do tema deste eixo temático exigiu a realização de recorte metodológico com ênfase para as questões de maior relevo. Esse recorte abrangeu a análise: 1) das inelegibilidades do art. 1º da Lei Complementar (LC) nº 64/1990 e seus efeitos processuais; 2) dos dispositivos processuais da LC nº 94/1990, da Lei nº 9.504/1997 e do Código Eleitoral; 3) de institutos do CPC/2015 de mais premente aproveitamento para a procedimentalização democrática das ações eleitorais. Da interseção desses temas, surge a oferta de vias de compreensão teórica e de equacionamento técnico da dinâmica das inelegibilidades, do registro de candidatura e das ações sancionatórias eleitorais. Com isso, espera-se contribuir para o objetivo geral que dá nome ao projeto: a sistematização das normas eleitorais – tarefa de adensamento científico que, sem avançar sobre a competência de órgãos legislativos e jurisdicionais, pode contribuir, pela reflexão crítica, com o aprimoramento da atuação de tais órgãos. Objetivos do relatório final O objetivo principal deste trabalho é fornecer diagnósticos e sugerir diretrizes de construção das soluções para as questões que inter-relacionem os temas do GTV, como substrato para a discussão acadêmica e jurisprudencial em matéria de inelegibilidade e de contencioso eleitoral. Em função do recorte metodológico, em especial em relação ao CPC/2015, a tabela a seguir não se pretende exaustiva. Sob esse ângulo, os objetivos específicos do estudo apresentado são: SISTEMATIZAÇÃO DAS NORMAS ELEITORAIS Eixo Temático V: Contencioso Eleitoral e Temas Correlatos 12 1) apresentar propostas de aplicação das normas eleitorais sobre inelegibilidade que solucionem aporias e antinomias a partir da premissada fundamentalidade do direito à elegibilidade; 2) apresentar propostas de aplicação das normas eleitorais procedimentais em conformidade com a premissa do devido processo legal e em atenção à determinação legal de aplicação subsidiária e supletiva do CPC/2015; 3) viabilizar o encaminhamento das discussões quanto a possível revisão da Resolução-TSE nº 23.478/2015. Informações gerais ao público Este relatório final do Grupo de Trabalho V – Eixo Temático: Contencioso Eleitoral e Temas Correlatos foi elaborado pela Coordenadora Roberta Maia Gresta, com contribuição de Michelle Pimentel Duarte (colaboração na atualização do Manual ASE, em litisconsórcio necessário e em comunicação de atos processuais) e Ângelo Soares Castilhos (colaboração em cumprimento de sentença, ação rescisória e recursos). O cunho do trabalho é estritamente científico, de modo que não pode ser tomado como posição institucional do Tribunal Superior Eleitoral. SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 13 Relatório Final GRUPO V Contencioso eleitoral; registro e Drap; elegibilidade e inelegibilidade; aplicação do Código de Processo Civil (CPC/2015) 1. Lei Complementar nº 64/1990 Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento Art. 1º São inelegíveis: Controle de constitucionalidade material das inelegibilidades previstas neste artigo. Impacto do art. 23, item 2, da Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH) como filtro de adequação e proporcionalidade das causas legais de inelegibilidade à proteção dos bens jurídicos previstos no art. 14, § 9º, da CF/1988. O STF reconhece o status supralegal dos tratados e convenções internacionais ratificados sem a observância do art. 5º, § 3º, da CF/1988 (precedentes para edição da Súmula Vinculante nº 25, segundo a qual “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito”. Julgamento da ADI nº 5.240, em 20.8.2015, a qual reafirma que “tratados e convenções internacionais com conteúdo de direitos humanos, uma vez ratificados e internalizados, ao mesmo passo em que criam diretamente direitos para os indivíduos, operam a supressão de efeitos de A LC nº 64/1990 é anterior à promulgação da CADH pelo Decreto nº 678 (6.11.1992). Também anterior a esta é o julgamento do Recurso Extraordinário (RE) nº 129.392/ DF (17.6.1992). No entanto, deste julgamento se colhe a primeira leitura do art. 14, § 9º, da CF/1988 como parâmetro de controle de constitucionalidade material de causa legal de inelegibilidade e que foi exercido tomando-se outro dispositivo normativo para estabelecer a adequação e proporcionalidade à proteção dos bens jurídicos. No caso referido, o recorrente alegou que a alínea g do inciso I do art. 1º da LC nº 64/1990 (inelegibilidade por rejeição de contas públicas) era inconstitucional em face do art. 15, V, e do art. 37, § 4º da CF/1988, porque acarretaria suspensão de direitos políticos por improbidade administrativa à margem da condenação com fundamento em lei de improbidade (publicada dias antes do julgamento do Recurso Extraordinário (RE) nº 129.392/DF). Conforme tese prevalecente, “o abuso do exercício Aprofundamento dos estudos: pesquisa teórica, com ênfase no Direito Comparado, que avalie a aplicação do art. 23, item 2, da CADH como parâmetro de adequação e proporcionalidade de causas legais de inelegibilidade; pesquisa empírica voltada para avaliar o impacto da LC nº 135/2010 na preservação dos bens jurídicos cuja proteção é constitucionalmente indicada como finalidade das causas de inelegibilidade. SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 14 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento outros atos estatais infraconstitucionais que se contrapõem à sua plena efetivação” (voto do Min. Luiz Fux). A mesma CADH que, examinada, levou à fixação da tese da supralegalidade dispõe em seu art. 23, item 2, acerca dos direitos políticos, que “a lei pode regular o exercício dos direitos e oportunidades a que se refere o inciso anterior, exclusivamente por motivos de idade, nacionalidade, residência, idioma, instrução, capacidade civil ou mental, ou condenação, por juiz competente, em processo penal”. Por outro lado, a CF/1988, em seu art. 14, § 9º, autoriza a lei complementar a criar causas de inelegibilidade destinadas a “proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta”. A questão que se coloca é se a disposição da CF/1988 (norma superior) neutraliza a norma da CADH, que lhe é inferior, ou se esta, por ser superior à norma legal oriunda de lei complementar, teria por efeito apor um critério de seleção das restrições admissíveis para a tutela dos bens jurídicos cuja proteção a CF/1988 reclama. de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta que é causa de inelegibilidade é o que contém a nota de improbidade exigida pelo parágrafo 4º, do art. 37, da Constituição”. Veja-se que essa tese foi positivada pela LC nº 135/2010, com o acréscimo “que configure ato doloso de improbidade administrativa”. No entanto, não se verificou uma tendência a esse tipo de análise – nem mesmo tendência à provocação do controle de constitucionalidade material das causas legais de inelegibilidade (exceção que confirma a regra é a modificação de entendimento sobre a incidência da alínea p: de aplicação meramente matemática em 2012, pela qual qualquer excesso de doação acarretava a inelegibilidade, chegou-se, a partir de 2014, ao entendimento de que “somente doações que representam quebra da isonomia entre os candidatos, risco à normalidade e à legitimidade do pleito ou que se aproximam do abuso do poder econômico podem gerar a causa de inelegibilidade prevista nesta alínea” – RO nº 534-30, de 16.9.2014. Destaca-se que a procedência das ADCs nºs 29 e 30 redundou, conforme a ementa do acórdão, na declaração de constitucionalidade das hipóteses de inelegibilidade instituídas pelas alíneas c, d, f, g, h, j, m, n, o, p e q do art. 1º, inciso I, da LC nº 64/1990, introduzidas pela LC nº 135/2010, mas tal SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 15 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento se refere sobretudo à retrospectividade dos novos prazos e das novas causas de inelegibilidade. Ademais, as alíneas e e L foram destacadas no voto de relatoria, que propunha a interpretação conforme para possibilitar a “detração” de período de inelegibilidade cumprido entre a condenação colegiada e o trânsito em julgado. Em algumas passagens dos votos dos ministros, há exame propriamente da constitucionalidade material, variando as alíneas examinadas e a amplitude desse exame, mas não se chegou a enunciar, ao final do julgamento, consenso a respeito. Desse modo, entende-se que remanesce aberta a discussão sobre a constitucionalidade material das causas de inelegibilidade do artigo legal em análise e, particularmente, o enfrentamento do impacto da norma supralegal (art. 23, item 2, CADH) como eventual critério de adequação e proporcionalidade da imposição de inelegibilidade como meio para resguardar a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAISEixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 16 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento I - para qualquer cargo: Momento de aferição das inelegibilidades (art. 11, § 10 da Lei nº 9.504/1997) versus registro de código ASE 540 (inelegibilidade) no Cadastro Eleitoral Conforme decidido pelo STF em sede de controle concentrado de constitucionalidade (ADC nºs 29, 30 e ADI nº 4578), “a elegibilidade é a adequação do indivíduo ao regime jurídico – constitucional e legal complementar – do processo eleitoral” (ementa) e seus “requisitos devem ser aferidos em um momento único, como garantia da isonomia entre todos os postulantes à candidatura, e esse momento é e deve ser o do ato do registro da candidatura (§ 10, do art. 11, da Lei nº 9.504/1997). Esse deve ser o marco temporal único, pois somente assim se colocam em patamar de igualdade todos os postulantes” (voto condutor, Min. Luiz Fux). Todavia, o Manual ASE (Provimento-CGE nº 6/2009) conserva, de momento anterior ao julgamento referido, orientações sobre o ASE 540, para registro de ocorrência de inelegibilidade. O exame das orientações relativas ao ASE 540, extraídas do Manual ASE, da Corregedoria-Geral Eleitoral (CGE), sugere incongruências: 1. Na denominação “inelegibilidade”, a finalidade descrita é a de “identificar inscrição de pessoa inelegível”, sugerindo que a declaração da inelegibilidade se faz administrativamente, no momento do lançamento do ASE, pelo servidor do Cartório Eleitoral (ver no encaminhamento observação quanto à alteração da CGE ocorrida após a apresentação do relatório preliminar do GT). 2. A ausência de motivo/forma, para cada hipótese de inelegibilidade, diminui a efetividade do registro do ASE para a finalidade à qual se destina, ou seja, fornecer “subsídio para o exame do pedido do registro de candidatura” – PET nº 277-51, de 28.6.2016 (ver no encaminhamento observação quanto à alteração da CGE ocorrida após a apresentação do relatório preliminar do GT). 3. A data da ocorrência e o complemento fazem menção à “decisão que decretou a inelegibilidade”, o que não é aplicável às hipóteses desse inciso, mas somente à condenação em AIJE (art. 22, XIV, LC nº 64/1990). Ademais, não há orientação para registro do julgamento colegiado, que a partir da LC nº 135/2010 atrai a incidência da inelegibilidade. Adequação do ASE 540 às inovações decorrentes da LC nº 135/2010, ao art. 11, § 10 da Lei nº 9.504/1997 e ao regime de aferição de inelegibilidade: 1. Alteração da denominação para “suporte para aferição de inelegibilidade” e da finalidade para “registrar decisões políticas, judiciais e administrativas que possam constituir base de incidência de inelegibilidade descrita na LC nº 64/1990”. Obs.: após a apresentação do relatório preliminar deste GT, o TSE implementou a modificação da denominação do ASE 540, passando para “ocorrência a ser examinada em registro de candidatura”. Consideramos que essa alteração atende à proposta do grupo, no que concerne à descrição. Mantém-se a sugestão de alteração da finalidade. 2. Criação de motivo/forma, para cada alínea do art. 1º, I e para o art. 22, XIV da LC nº 64/1990, com vistas a facilitar a análise no momento do registro e a verificação do curso/transcurso do prazo de oito anos. Obs.: no final do primeiro semestre de 2019, a nova versão do Manual ASE passou a prever 9 motivos/forma para registro do ASE 540. Consideramos que essa alteração atende parcialmente à proposta do grupo, devendo ser considerada, para máximo de consistência do sistema, a previsão de um motivo/forma SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 17 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento 4. No campo efeitos, é descrito “impede a quitação eleitoral”, isso é contraditório com os termos do art. 11, 7º, da Lei nº 9.504/1997, conforme reconhecido pelo TSE ao decidir que “a inelegibilidade não deve ser considerada causa restritiva à quitação eleitoral” – PET nº 277-51, de 28.6.2016 (ver no encaminhamento observação quanto à alteração da CGE ocorrida após a apresentação do relatório preliminar do GT). 5. Não existe, no Manual ASE, código para registro da ocorrência de suspensão da inelegibilidade, mas existe apenas para seu restabelecimento (ASE 558, que tem descrito em efeitos “inativa o registro de inelegibilidade”). Ficam, assim, impossibilitados de serem registrados os fatos supervenientes que interferem no fluxo do prazo de inelegibilidade (art. 26-C da LC nº 64/1990, previsões específicas dos incisos, concessão de tutela provisória com base no CPC/2015). 6. Para registro do ASE 558, a verificação do exaurimento do prazo de oito anos depende de controle manual feito pela zona eleitoral de inscrição do eleitor, por meio de arquivamento individual de todas as comunicações de inelegibilidade ou de relatórios extraídos do Sistema ELO em intervalos de tempo máximos de 6 meses. Para uma busca de registros nos últimos 5 anos, por exemplo, são 10 relatórios. por alínea, a fim de prevenir problemas e otimizar a análise dos registros de candidatura. 3. A data da ocorrência e o complemento devem fazer menção à “decisão por órgão colegiado”, “decisão transitada em julgado”, “decisão de extinção da punibilidade” (para o caso de condenação criminal) e “cumprimento da pena” (para caso de condenação por improbidade administrativa), devendo o ASE 558 ser comandado para o registro anterior, relativo ao mesmo processo, quando houver mudança de ocorrência. 4. No campo efeitos, deve ser previsto “conforme decisão a ser proferida no registro de candidatura, a cada eleição (art. 11, § 10, Lei nº 9.504/1997)”. Eventualmente, para maior clareza, explicitar que o registro do ASE 540 não impede a quitação eleitoral. Obs.: após a publicação do relatório preliminar do GT, a nova versão do Manual ASE, no campo “efeitos para o eleitor”, passa a conter a informação “não altera a situação da inscrição”. Consideramos que a alteração atende à proposta do grupo. 5. Criação de ASE para registro da ocorrência de suspensão da inelegibilidade, sem efeito de inativação do ASE 540. O objetivo de permitir os dois registros simultâneos é dar subsídios ao juízo eleitoral competente SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 18 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento para julgamento do registro de candidatura efetuar cálculo de desconto do tempo de suspensão da inelegibilidade se sobrevier cessação da decisão liminar que ensejou a suspensão, quando tal desconto for considerado cabível pelo magistrado (AgR-REspe nº 560-46, de 2.5.2017: na contagem do prazo da inelegibilidade “deve ser desconsiderado o período no qual ficaram suspensos os efeitos da decisão de rejeição das contas, em eventual pedido de anulação julgado improcedente”). 6. Possibilidade de gerar relatório que demonstre os eleitores com registro de ASE 540 ativo sem a limitação de tempo e estudos quanto à viabilidade de inativação automática pelo ELO após o decurso da inelegibilidade, quando esta depender de mero exaurimento de prazo. a) os inalistáveis [...]; Os inalistáveis não se encontram registrados no Cadastro Eleitoral. Eventuais questões são afetas ao GTI. Neste caso, não há necessidade de criação de motivo/forma para o lançamento da inelegibilidade. a) [...] e os analfabetos; Discrepância de requisitos para reconhecimento da condição de alfabetizado no momento do registro para exercício do sufrágio ativo (alistamento) e do sufrágio passivo (registro de candidatura) A CF/1988 e a legislação eleitoral não trazem definição legal específica do conceito de analfabetismo, o que A discrepânciade requisitos traz risco para a interpretação extensiva da causa de inelegibilidade, especialmente pela dúvida quanto ao tipo de redação que pode ser exigido do pleiteante à candidatura. Registre-se que se constata avanço no tratamento da questão de 2016 para 2018. O art. 27, § 11 da Res.-TSE nº 23.455/2015 previa que “a exigência Dar prosseguimento à diretriz de prestígio ao exercício do sufrágio passivo, tal como identificada na Res. nº 23.548/2017, por meio de: 1. Adoção de parâmetro ainda mais objetivo para a elaboração da declaração de próprio punho a ser firmada na presença do servidor. Para tanto, sugere-se incluir, em futura SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 19 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento autoriza que se aplique o conceito referendado pelo IBGE: analfabeta é a “pessoa que não sabe ler e escrever um bilhete simples no idioma que conhece” (disponível em: <https://ww2. ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/ condicaodevida/indicadoresminimos/ conceitos.shtm>). Compatível com esse conceito, para fins de alistamento, o campo do Requerimento de Alistamento Eleitoral (RAE) destinado à “instrução” contempla distinção entre o “analfabeto”, que será aquele a apor o polegar no RAE (art. 5º, § 1º, Lei nº 7.444/1985 e art. 9º, § 4º, da Res.-TSE nº 21.538), e a pessoa que “lê e escreve”, excluída, portanto, do conceito de analfabeto. Ademais, o campo é marcado com a opção de escolaridade declarada pelo eleitor. No entanto, para fins de registro de candidatura, exige-se prova de alfabetização. O documento não é previsto no art. 11, § 1º da Lei nº 9.504/1997, mas é trazido nas resoluções do TSE. de alfabetização do candidato ser comprovada por outros meios, desde que individual e reservadamente”, o que deixava margem para a criação de “testes de alfabetização” de complexidade variável. Já o art. 28, § 3º, da Res.-TSE nº 23.548/2017 estabelece que a ausência de documento que comprove a alfabetização “pode ser suprida por declaração de próprio punho preenchida pelo interessado, em ambiente individual e reservado, na presença de servidor da Justiça Eleitoral”. Surgiu em 2018, porém, outro risco de quebra de isonomia e entrave ao exercício do sufrágio passivo, decorrente da variabilidade na fixação do foro para realização da diligência perante o servidor (se na Secretaria do TRE, por se tratar de eleição geral, no domicílio eleitoral do cidadão, ou ainda onde possa comparecer no prazo de diligência). resolução de registro de candidatura, o conceito de pessoa analfabeta adotado pelo IBGE e a indicação de que o conteúdo da declaração de próprio punho a ser exigida do eleitor deve ser compatível com aquele conceito. 2. Previsão expressa de que a declaração de próprio punho poderá ser firmada em qualquer cartório eleitoral do estado (mesmo em eleições municipais), devendo o servidor proceder à digitalização e à juntada via PJe, acompanhada da certidão de que a declaração foi firmada na sua presença. Obs.: essa sugestão considera a implantação do PJe em todas as zonas eleitorais até 2020. b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infringência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de mandato das constituições estaduais e leis orgânicas dos municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual Conforme anotação no inciso I. Conforme anotação no inciso I. Criação de motivo/forma 1 para o ASE 540, com descrição “perda de mandato parlamentar por decisão de órgão legislativo conforme art. 1º, I, b da LC nº 64/1990”. Impacto diverso para senadores (em relação aos demais cargos parlamentares e também em relação aos majoritários da alínea c em decorrência da fixação do termo inicial do prazo de oito anos de inelegibilidade (término da legislatura, e não término do mandato, conforme posto na alínea c). Não houve ainda enfrentamento quanto a se tratar de terminologia intencional (a fim de que, de fato, a contagem tome por termo o final da legislatura no caso de senadores e com isso se limite a inelegibilidade a quatro anos após o término do mandato quando a perda se opera na primeira metade deste) ou problema de técnica legística. Definição da interpretação por meio de construção sistemática, o que parece ser possível diante de eventual caso concreto. SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 20 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término da legislatura; A legislatura tem duração fixada em quatro anos (art. 44, parágrafo único da CF/1988). O mandato de senador perdura por duas legislaturas. Assim, senador que perde o mandato na primeira metade deste (dentro da primeira legislatura) e fica inelegível pelo “período remanescente do mandato” tem, a partir da segunda metade simultaneamente computados quatro anos de inelegibilidade referentes ao “término da legislatura”, de modo que, ao final do mandato propriamente dito, remanesceriam quatro, e não oito, anos de inelegibilidade. c) o governador e o vice-governador de estado e do Distrito Federal e o prefeito e o vice-prefeito que perderem seus cargos eletivos por infringência a dispositivo da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término do mandato para o qual tenham sido eleitos; Conforme anotação no inciso I. Conforme anotação no inciso I. Criação de motivo/forma 2 para o ASE 540, com descrição “perda de mandato de governador, vice-governador, prefeito ou vice-prefeito por decisão conforme art. 1º, I, c da LC nº 64/1990”. d) os que tenham contra sua pessoa representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de apuração de abuso do poder econômico ou político, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; Conforme anotação no inciso I. Conforme anotação no inciso I. Criação de motivo/forma 3 para o ASE 540, com descrição “condenação por abuso do poder econômico ou político nos termos do art. 1º, I, d da LC nº 64/1990”. Orientação para registro da ocorrência “decisão proferida por órgão colegiado” e “decisão transitada em julgado”. Aparente sobreposição com a alínea h Ambas as alíneas falam em condenação por “abuso do poder econômico ou A distinção remanescente parece cingir-se a que, na alínea d, a condenação se dá em ação eleitoral (Ação de Investigação Aprofundamento de estudos e esclarecimento oportuno, por ocasião do exame de casos concretos, em favor SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 21 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento político”. Até o RO nº 907-18 (16.12.2014), o TSE entendia que a alínea d somente se aplicava aos condenados por abuso que tivessem concorrido ao pleito. Contudo, a partir REspe nº 283-41 (19.12.2016), passou a considerar que ambas as causas de inelegibilidade “não se aplicam somente a quem praticou o abuso de poder na eleição à qual concorreu, mas também a quem cometeu o ilícito na eleição na qual não se lançou candidato, no afã de favorecer a candidatura de terceiro”. A incidência da alínea d a qualquer condenado em AIJE por abuso de poder econômicoou político foi fixada pelo STF no RE 929.670, em 1º.3.2018, com repercussão geral e aplicação imediata aos processos ainda em trâmite, relativos às eleições 2016 (Tema 860). Judicial Eleitoral – AIJE ou Ação de Impugnação de Mandato Eletivo – AIME, conforme entendimento fixado no AgR-REspe nº 2361, de 20.11.2012, e aplicado a partir das eleições de 2014) enquanto a alínea h alcança condenações proferidas por outros órgãos judiciários, de cuja fundamentação se extraia o “benefício para si ou terceiros pelo abuso de poder econômico e político”. Disso decorre que a alínea h trataria de exame em tese de abuso de poder econômico ou político (a exemplo do que ocorre na rejeição de contas públicas por ato doloso de improbidade), enquanto a alínea d atenta ao dispositivo da decisão condenatória, de competência absoluta da Justiça Eleitoral. diretriz de manutenção da jurisprudência estável, íntegra e coerente (art. 926, CPC/2015). Cessação da inelegibilidade: fixação do entendimento quanto ao sentido da expressão “8 anos seguintes”. A Súm.-TSE nº 69 consolidou o entendimento de que “os prazos de inelegibilidade previstos nas alíneas j e h do inciso I do art. 1º da LC nº 64/1990 têm termo inicial no dia do primeiro turno da eleição e termo final no dia de igual número no oitavo ano seguinte.” A alínea d não foi mencionada. No entanto, a lógica dos dispositivos é a mesma. Inclusão expressa da alínea d na redação da Súm.-TSE nº 69. Cotejo entre a cessação da inelegibilidade e o art. 11, § 10, segunda parte, Lei nº 9.504/1997 O dispositivo citado determina que sejam consideradas, para deferimento do registro de candidatura, as “alterações, fáticas ou jurídicas, Deve-se primeiramente registrar que a Súm.-TSE nº 69 e a Súm.-TSE nº 70 não dão resposta direta à questão. A Súm.-TSE nº 69 fixa a data da cessação da inelegibilidade. Mas exatamente porque se trata de termo (evento futuro e certo), a cessação Levantamento de julgados sobre o tema. Discussão e eventual revisão da Súm.-TSE nº 70, a fim de fornecer indicativo mais preciso, observadas as circunstâncias fáticas dos julgados, quanto à possibilidade ou não de que fatos supervenientes à eleição possam SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 22 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade.” Contudo, não há indicação do termo final da incidência dessa ressalva. Ou seja: até que momento pode ocorrer a alteração fática ou jurídica que será considerada para o deferimento do registro? é conhecida desde o momento do registro. Segue, portanto, a indagação quanto a estar tal alteração superveniente abrangida ou não pelo art. 11, § 10, Lei nº 9.504/1997. Por sua vez, a Súm.-TSE nº 70, ao estabelecer que “o encerramento do prazo de inelegibilidade antes do dia da eleição constitui fato superveniente que afasta a inelegibilidade, nos termos do art. 11, § 10, da Lei nº 9.504/1997”, não exclui a possibilidade de que o encerramento do prazo de inelegibilidade após essa data também possa constituir fato superveniente para os fins citados. A jurisprudência do TSE caminhava, até 2016, no sentido de admitir como fato superveniente a cessação da inelegibilidade até a véspera da data da diplomação (ED-RO nº 194-62, 11.12.2014; AgRg-RO nº 2223-98, 11.12.2014 (no qual inclusive destacada a necessidade de “balizar sua própria divergência interna, quer por meio da aplicação da Súm.-TSE nº 70, quer por meio das recentes decisões proferidas”); REspe nº 20-26, 21.6.2016). A mudança de direcionamento ocorre com o REspe nº 283-41, em 19.12.2016, quando a maioria do TSE passou a entender que “o art. 11, § 10, da Lei das Eleições, em sua exegese mais adequada, não alberga a hipótese de decurso do prazo de inelegibilidade ocorrido após a eleição e antes da diplomação como alteração fático-jurídica estar abrangidos pelo art. 11, § 10, segunda parte, Lei nº 9.504/1997 e, em caso positivo, quais fatos. SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 23 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento que afaste a inelegibilidade”, pois se trata de “mero exaurimento” que “não desconstitui e nem suspende o obstáculo ao ius honorum que aquele substrato atraía no dia da eleição”. Esse entendimento foi aplicado à situação comum a alguns candidatos a prefeito em 2016 cuja inelegibilidade, nos termos da Súm.-TSE nº 69, cessava em 5 de outubro, três dias, portanto, após a eleição. Os registros foram indeferidos (ex.: RE nº 82-08, de 6.4.2017). e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes: Conforme anotação no inciso I. Conforme anotação no inciso I. Criação de motivo/forma 4 para o ASE 540, com descrição “condenação criminal nos termos do art. 1º, I, e da LC nº 64/1990”. Orientação para registro da ocorrência “decisão proferida por órgão colegiado” e “decisão de extinção de punibilidade”. Obs.: não há anotação para “decisão transitada em julgado” porque no interregno entre o trânsito em julgado e a extinção de punibilidade incide a suspensão de direitos políticos (ASE 337, motivo/forma 7 ou 8). 1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público; Súmulas relacionadas Súm.-TSE nº 9: a suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de reparação dos danos. Súm.-TSE nº 58: não compete à Justiça Eleitoral, em processo de registro de candidatura, verificar a prescrição da As súmulas do TSE relacionadas à alínea e indicam tratamento coerente da matéria. Sem sugestão de encaminhamento no momento. 2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência; 3. contra o meio ambiente e a saúde pública; 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade; SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 24 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função pública; pretensão punitiva ou executória do candidato e declarar a extinção da pena imposta pela Justiça Comum. Súm.-TSE nº 59: o reconhecimento da prescrição da pretensão executória pela Justiça Comum não afasta a inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº 64/1990, porquanto não extingue os efeitos secundários da condenação. Súm.-TSE nº 60: o prazo da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº 64/1990 deve ser contado a partir da data em que ocorrida a prescrição da pretensão executória e não do momento da sua declaração judicial. Súm.-TSE nº 61: o prazo concernente à hipótese de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº 64/1990 projeta-se por oito anos após o cumprimento da pena, seja ela privativa de liberdade, restritiva de direito ou multa. 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; 7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; 8. de redução à condição análoga à de escravo; 9. contra a vida e a dignidade sexual; e 10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando; f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; Conforme anotação no inciso I. Conforme anotação no inciso I.Criação de motivo/forma 5 para o ASE 540, com descrição “declaração de indignidade/incompatibilidade para o oficialato, nos termos do art. 1º, I, f da LC nº 64/1990”. Cotejo com art. 142, § 3º, V e VI, CF/1988 e arts. 100, 101 e 106 do CPM A declaração de indignidade ou incompatibilidade para o oficialato incumbe ao STM e exige “decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra” (art. 142, V, CF/1988). Aparente sobreposição com o art. 15, III, CF/1988, que trata da suspensão de direitos políticos como efeito (e não pena acessória) de todos os crimes, sem exclusão dos militares, desde o trânsito em julgado (durante os efeitos da condenação, e sem limitação a determinado tipo de pena). Pode assim haver concomitância do fluxo de prazo Aprofundamento de estudos sobre aspectos da elegibilidade do militar. SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 25 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento O CPM trata tais declarações como penas acessórias de alguns crimes militares (arts. 100 e 101), o que faz também com a suspensão de direitos políticos (art. 106: “durante a execução da pena privativa de liberdade ou da medida de segurança imposta em substituição, ou enquanto perdura a inabilitação para função pública, o condenado não pode votar, nem ser votado”). da suspensão de direitos políticos e da inelegibilidade da alínea f. g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição; Conforme anotação no inciso I. Conforme anotação no inciso I. Criação de motivo/forma 6 para o ASE 540, com descrição “rejeição de contas públicas por decisão irrecorrível, nos termos do art. 1º, I, g da LC nº 64/1990”. Deve-se destacar que o requisito “configuração em tese de ato doloso de improbidade administrativa” exige juízo de mérito a ser efetuado pela Justiça Eleitoral no momento do registro de candidatura, pela análise dos fundamentos do ato de rejeição de contas, de modo que não parece recomendável que o ASE faça menção a esse requisito, que não pode ser aferido administrativamente. Súmula relacionada Súm.-TSE nº 41: não cabe à Justiça Eleitoral decidir sobre o acerto ou desacerto das decisões proferidas por outros órgãos do Judiciário ou dos Tribunais de Contas que configurem causa de inelegibilidade. Súmula demarca os limites da atuação da Justiça Eleitoral de modo compatível com o objeto próprio ao registro de candidatura. Sem sugestão de encaminhamento no momento. Admissibilidade de recurso de revisão com efeito suspensivo como ressalva à incidência da inelegibilidade O entendimento fixado no REspe nº 50-81 se ampara em decisão anterior ao advento da LC nº 135/2010 e ao cancelamento da Súm.-TSE nº 1. Aprofundamento de estudos sobre o contorno dado à ressalva à incidência da inelegibilidade. SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 26 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento A jurisprudência do TSE caminhara para equiparar o recurso de revisão à “ação rescisória”, no sentido de que não descarta a definitividade da decisão (REspe nº 204-17, 6.2.2014). Contudo, posteriormente, admitiu que a concessão de efeito suspensivo administrativo no recurso de revisão perfaz a ressalva quanto à incidência da inelegibilidade (REspe nº 50-81, 16.11.2016). Posteriormente (21.7.2017), no mesmo feito, entendeu que a revogação daquele efeito somente impactaria nas eleições subsequentes. Possível conflito com a ratio da alínea L A partir da criação da alínea L, a condenação por improbidade, com requisitos específicos, passou a ser causa de inelegibilidade. A alínea g seguiu, porém, para aferição de improbidade “em tese” (podendo mesmo ser o caso de nem haver sido proposta a ação de improbidade ou esta estar em curso), sem exigência de demonstração da lesão ao erário e do enriquecimento ilícito. Em uma compreensão sistemática, não parece adequado supor que a mesma LC nº 135/2010 que inseriu a alínea L na LC nº 64/1990 (cuidando de restringir a incidência da inelegibilidade nas ações de improbidade a casos em que houver suspensão de direitos políticos e em que haja cumulativamente lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito) deixasse a alínea g com espectro amplo para alcançar atos de improbidade “em tese” verificados nas decisões de rejeição de contas públicas. A jurisprudência vem calibrando a aplicação da alínea g ao considerar que o prejuízo ao erário e a intenção de provocá-lo são ínsitas ao requisito do “ato doloso de improbidade administrativa” (Ac.-TSE, de 3.12.2013, no REspe nº 2546; de 30.8.2012, no REspe nº 23383 e, de 8.2.2011, no AgR-RO nº 99574; Ac.-TSE, de 20.5.2014, nos Aprofundamento de estudos e esclarecimento oportuno, por ocasião do exame de casos concretos, em favor da diretriz de manutenção da jurisprudência estável, íntegra e coerente (art. 926, CPC/2015). A esse respeito, destaca-se que tem prevalecido, no TSE, interpretação restritiva da própria alínea L, para considerar que: a) a condenação por ato doloso de improbidade administrativa fundada apenas no art. 11 da Lei nº 8.429/1992 não atrai a inelegibilidade (AgR-REspe nº 111-66, 30.3.2017); b) a condenação por ato doloso de improbidade administrativa deve implicar, concomitantemente, lesão ao erário e enriquecimento ilícito (REspe nº 49-32, de 18.10.2016). SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 27 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento ED-AgR-REspe nº 27272 e, de 5.12.2013, no AgR-REspe nº 52980). h) os detentores de cargo na administração pública direta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a terceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem condenados em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; Conforme anotação no inciso I. Conforme anotação no inciso I. Criação de motivo/forma 7 para o ASE 540, com descrição “condenação judicial de detentor da administração pública nos termos do art. 1º, I, d, da LC nº 64/1990”. Deve-se destacar que o requisito “benefício a si ou a terceiro por abuso de poder econômico ou político”, no caso da alínea h (diferentemente da alínea d), exige juízo de mérito a ser efetuado pela Justiça Eleitoral no momento do registro de candidatura, pela análise da fundamentação da decisão, de modo que não parece recomendável que o ASE faça menção a esse requisito, que não pode ser aferido administrativamente. Orientação para registro da ocorrência “decisão proferida por órgão colegiado” e “decisão transitada em julgado”. Aparente sobreposição com a alínea d Ambas as alíneas falam em condenação por “abuso do poder econômico ou político”. Até o RO nº 907-18 (16.12.2014), o TSE entendia que a alínea d somente se aplicava aos condenados por abuso que tivessem concorrido ao pleito. No entanto, a partir do Ac.-TSE, de 19.12.2016, no REspe nº 283-41, a Corte passou a considerar que ambas as causas de inelegibilidade “não seaplicam somente a quem praticou o abuso de poder na eleição à qual concorreu, mas também a quem A distinção remanescente parece cingir-se a que, na alínea d, a condenação se dá em ação eleitoral (AIJE ou AIME, conforme entendimento fixado no AgR-REspe nº 2361, de 20.11.2012, e aplicado a partir das eleições de 2014), enquanto a alínea h alcança condenações proferidas por outros órgãos judiciários, de cuja fundamentação se extraia o “benefício para si ou terceiros pelo abuso de poder econômico e político”. Disso decorre que a alínea h trataria de exame em tese de abuso do poder econômico ou político (a exemplo do que ocorre na rejeição de contas públicas por ato Aprofundamento de estudos e esclarecimento oportuno, por ocasião do exame de casos concretos, em favor de diretriz de manutenção da jurisprudência estável, íntegra e coerente (art. 926, CPC/2015). SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 28 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento cometeu o ilícito na eleição na qual não se lançou candidato, no afã de favorecer a candidatura de terceiro”. doloso de improbidade), enquanto a alínea d atenta ao dispositivo da decisão condenatória, de competência absoluta da Justiça Eleitoral. Risco de que se torne sucedâneo da alínea L para alcançar mais amplamente condenações por improbidade A partir da distinção indicada no diagnóstico preliminar do comentário anterior, surge a indagação a ação em que seriam proferidas as decisões condenatórias da alínea h. A possibilidade maior é que se trate de ações de improbidade na qual reconhecida a prática de ato que se amolde em tese à noção de abuso de poder econômico ou político e que acarrete “benefício” ao agente público condenado ou a terceiro. Em uma compreensão sistemática, não parece adequado supor que a LC nº 135/2010, que inseriu a alínea L na LC nº 64/1990 (cuidando de restringir a incidência da inelegibilidade nas ações de improbidade a casos em que houver suspensão de direitos políticos e em que haja cumulativamente lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito) deixasse a alínea h como norma subsidiária que apanhasse todos os demais casos de condenação por improbidade, no qual se identifique “benefício”, genérico, decorrente de ato assimilado ao abuso do poder econômico ou político. Fosse o caso de se pretender a inelegibilidade mais ampla, bastaria prever a condenação em ação de improbidade como hipótese de incidência. Aprofundamento de estudos e esclarecimento oportuno, por ocasião do exame de casos concretos, em favor de diretriz de manutenção da jurisprudência estável, íntegra e coerente (art. 926, CPC/2015). A esse respeito, destaca-se que tem prevalecido, no TSE, interpretação restritiva da própria alínea L, para considerar que: a) a condenação por ato doloso de improbidade administrativa fundada apenas no art. 11 da Lei nº 8.429/1992 não atrai a inelegibilidade (AgR-REspe nº 111-66, 30.3.2017); b) a condenação por ato doloso de improbidade administrativa deve implicar, concomitantemente, lesão ao erário e enriquecimento ilícito (REspe nº 49-32, de 18.10.2016). Cotejo entre a cessação da inelegibilidade e o art. 11, § 10, segunda parte, Lei nº 9.504/1997. Conforme anotação na alínea d. Conforme anotação na alínea d. i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de processo de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, cargo ou função de direção, administração ou representação, enquanto não forem exonerados de qualquer responsabilidade; Conforme anotação no inciso I. Conforme anotação no inciso I. Criação de motivo/forma 8 para o ASE 540, com descrição “exercício de cargo/ função de direção, administração ou representação em estabelecimento de crédito, financiamento ou seguro, nos 12 meses anteriores a sua liquidação judicial ou extrajudicial, até a exoneração da responsabilidade, nos termos do art. 1º, I, d, da LC nº 64/1990”. SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 29 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento Ratio distinta das demais hipóteses de inelegibilidade A alínea i estipula inelegibilidade por tempo indeterminado, sujeita a condição (evento futuro e incerto) que faz pesar sobre o cidadão eventual morosidade da decisão de exoneração da responsabilidade. Embora seja alínea rara na casuística dos Tribunais, deve-se apontar para a construção de inelegibilidade por presunção de responsabilidade, cuja refutação não depende apenas de ato do cidadão que suporta a restrição à elegibilidade. O problema se agrava porque sequer há previsão de suspensão da inelegibilidade com base na redação do dispositivo, ou na do art. 26-C da LC nº 64/1990. Levantamento da incidência da alínea i para dimensionamento do problema; estudos posteriores. j) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; Conforme anotação no inciso I. Conforme anotação no inciso I. Criação de motivo/forma 9 para o ASE 540, com a descrição “cassação de registro ou diploma em decorrência de condenação por corrupção eleitoral, captação ilícita de sufrágio, doação, captação ou gasto ilícito de recursos ou conduta vedada a agente público em campanha eleitoral, nos termos do art. 1º, I, j, da LC nº 64/1990”. Orientação para registro da ocorrência “decisão proferida por órgão colegiado” e “decisão transitada em julgado”. Cotejo entre a cessação da inelegibilidade e o art. 11, § 10, segunda parte, Lei nº 9.504/1997. Conforme anotação na alínea d. Conforme anotação na alínea d. Referência à “doação [ilícita] [...] de recursos de campanha” Aparente sobreposição à alínea p. A “doação ilícita de recursos de campanha” somente confere substrato autônomo ao manejo de representação no caso de violação ao art. 23 e ao (revogado) art. 81 da Lei nº 9.504/1997, caracterizando-se como doação acima do limite legal. Mas essa representação específica não enseja cassação de registro ou diploma, tal como exigido pela alínea j. Outras formas de “doações ilícitas”, como a fonte vedada ou No âmbito do projeto, não há encaminhamento de sugestão. SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 30 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento o caixa dois, somente ensejam a punição do doador sob a forma de abuso de poder econômico, causa de pedir da AIJE, referida na alínea. Há aparente problema de técnica legística. k) o presidente da República, o governador de estado e do Distrito Federal, o prefeito, os membros do Congresso Nacional, das assembleias legislativas, da Câmara Legislativa, das câmaras municipais, que renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da Constituição estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da lei orgânica do município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término da legislatura; Conforme anotação no inciso I. Conforme anotação no inciso I. Criação de motivo/forma 10 para o ASE 540, com descrição “renúncia a mandato eletivoapós o oferecimento de representação ou petição que requeira a abertura de processo de perda de mandato, nos termos do art. 1º, I, k, da LC nº 64/1990”. Deve-se destacar que o requisito “capaz de autorizar a abertura de processo [...]” exige juízo de mérito a ser efetuado pela Justiça Eleitoral no momento do registro de candidatura, pela análise do conteúdo da representação ou petição (RO nº 1616-60, 31.8.2010, de modo que não parece recomendável que o ASE faça menção a esse requisito, que não pode ser aferido administrativamente. Impacto diverso para senadores (em relação aos demais cargos) em decorrência da fixação do termo inicial do prazo de oito anos de inelegibilidade (término da legislatura, e não término do mandato, conforme posto na alínea c) A legislatura tem duração fixada em quatro anos (art. 44, parágrafo único da CF/1988). O mandato de senador perdura por duas legislaturas. Assim, Não houve ainda enfrentamento quanto a se tratar de terminologia intencional (a fim de que, de fato, a contagem tome por termo o final da legislatura no caso de senadores e com isso se limite a inelegibilidade a quatro anos após o término do mandato quando a renúncia se opera na primeira metade deste) ou problema de técnica legística. Definição da interpretação por meio de construção sistemática, o que parece ser possível diante de eventual caso concreto. SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 31 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento senador que renuncia ao mandato na primeira metade deste (dentro da primeira legislatura) e fica inelegível pelo “período remanescente do mandato” tem, a partir da segunda metade simultaneamente computados quatro anos de inelegibilidade referentes ao “término da legislatura”, de modo que, ao final do mandato propriamente dito, remanesceriam quatro anos de inelegibilidade, e não oito. Imprecisão da anotação no Código Eleitoral Anotado do TSE, que sugeriria possibilidade de a Justiça Eleitoral “interferir” na decisão do Senado Federal A anotação está com a seguinte redação: “Ac.-TSE, de 31.8.2010, no RO nº 161660: possibilidade de a Justiça Eleitoral examinar se candidato que renuncia ao Senado Federal está sujeito aos efeitos da inelegibilidade prevista nesta alínea, ainda que interfira em decisão daquele órgão determinando o arquivamento da representação”. Aparente equívoco no momento de transposição do julgado para a anotação, eis que do acórdão citado consta: “Não me parece, por conseguinte, ser vedado à Justiça Eleitoral examinar se a renúncia do candidato, no caso concreto, está sujeita aos efeitos da inelegibilidade da alínea k, nem que se esteja interferindo na decisão do Senado Federal, que determinou o arquivamento da representação, em face da renúncia” (voto de relatoria do Min. Arnaldo Versiani). Desse modo, o que o precedente registra é que, quando a Justiça Eleitoral analisa se havia “representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo [...]” cujo arquivamento se deu pelo Senado em função da própria renúncia, não há interferência na decisão do Senado, mas sim aferição da incidência da inelegibilidade. Retificar a redação da anotação no Código Eleitoral Anotado, substituindo-se a expressão “ainda que interfira [...]” por “o que não caracteriza interferência [...]”. l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, Conforme anotação no inciso I. Conforme anotação no inciso I. Criação de motivo/forma 11 para o ASE 540, com descrição “condenação por improbidade administrativa, com imposição de suspensão de direitos SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 32 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena; políticos, nos termos do art. 1º, I, L, da LC nº 64/1990”. Orientação para registro da ocorrência “decisão proferida por órgão colegiado” e “cumprimento da pena”. Obs.: não há anotação para “decisão transitada em julgado” porque, no interregno entre o trânsito em julgado e o cumprimento da pena, incide a suspensão de direitos políticos (ASE 337, motivo/ forma 3). Ver observação seguinte. Deve-se destacar que os requisitos “ato doloso de improbidade administrativa” e “que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito” exigem juízo de mérito, a ser efetuado pela Justiça Eleitoral no momento do registro de candidatura, pela análise do conteúdo da decisão condenatória, de modo que não parece recomendável que o ASE faça menção a esse requisito, que não pode ser aferido administrativamente. Risco de extensão do período de restrição à capacidade eleitoral passiva em decorrência da dissociação entre o término do período de suspensão dos direitos políticos e o “cumprimento da pena” A jurisprudência do TSE deixou de considerar a fluência automática dos oito anos de inelegibilidade após o período de suspensão de direitos políticos, ao estabelecer que “para aferição do término da inelegibilidade, o cumprimento da pena é contado do O entendimento acarreta o surgimento de novo lapso de inelegibilidade, de duração indefinida, entre o exaurimento do prazo de suspensão de direitos políticos e o adimplemento das demais cominações, quando terá início efetivamente a contagem dos oito anos de inelegibilidade. Na prática, pode ensejar uma restrição de caráter similar ao perpétuo. Avaliar o entendimento jurisprudencial pela dissociação entre o término do período de suspensão dos direitos políticos e o cumprimento da pena. Caso mantido, deve ser considerada a criação de mais uma anotação de ocorrência “cessação da suspensão de direitos políticos sem adimplemento de todas as cominações impostas no título condenatório”, a partir da qual incidirá a inelegibilidade, por prazo indefinido, até o lançamento do “cumprimento da pena”. SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 33 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento momento em que todas as cominações impostas no título condenatório tenham sido completamente adimplidas.” (REspe nº 231-84, de 1º.2.2018; CTA nº 336-73, de 3.11.2015). m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão sancionatória do órgão profissional competente, em decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso pelo Poder Judiciário; Conforme anotação no inciso I. Conforme anotação no inciso I. Criação de motivo/forma 12 para o ASE 540, com descrição “exclusão do exercício da profissão por decisão sancionatória de órgão profissional, em decorrência de infração ético-disciplinar, nos termos do art. 1º, I, m, da LC nº 64/1990”. Criação de causa de inelegibilidade amparada em ato oriundo de órgão profissional. Perpassa a discussão da natureza jurídica dos conselhos profissionais, questionada em função do regime jurídico (ver ADC nº 36, ADI nº 5367, ADPF nº 367). Investigação dos impactos da definição de natureza jurídica na alínea m. n) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de união estável para evitar caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer a fraude; Conforme anotação no inciso I. Conforme anotação no inciso I. Criaçãode motivo/forma 13 para o ASE 540, com descrição “condenação por desfazimento ou simulação de vínculo conjugal ou união estável, nos termos do art. 1º, I, n, da LC nº 64/1990”. Orientação para registro da ocorrência “decisão proferida por órgão colegiado” e “cumprimento da pena”. Competência e procedimento para a prolação da decisão condenatória Havendo o TSE esclarecido que “a incidência deste dispositivo pressupõe ação judicial que condene a parte por fraude” (REspe nº 397-23, 21.8.2014), segue em aberto a definição do procedimento e de sua competência. A indefinição não tem impacto prático significativo porque a aplicação da Súmula Vinculante nº 18 (“a dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal”) torna ineficaz a ruptura do vínculo para fins de elegibilidade para o pleito subsequente, sem que se tenha sequer que discutir o intuito fraudulento. Todavia, deve-se Preservação da diretriz de distinção da alínea n e da Súmula Vinculante nº 18. Aprofundamento de estudos sobre a possibilidade de ser a AIME via adequada para a condenação referida na alínea n. SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 34 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento registrar que a ineficácia se limita ao processo eleitoral subsequente à dissolução do vínculo, não havendo prostração de inelegibilidade por oito anos, o que por vezes é pleiteado em AIRC. o) os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; Conforme anotação no inciso I. Conforme anotação no inciso I. Criação de motivo/forma 14 para o ASE 540, com descrição “demissão do serviço público, nos termos do art. 1º, I, o, da LC nº 64/1990”. p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão, observando-se o procedimento previsto no art. 22; Conforme anotação no inciso I. Conforme anotação no inciso I. Criação de motivo/forma 15, para o ASE 540, com descrição “condenação de pessoa física ou dirigente de pessoa jurídica responsável por doação acima do limite legal, nos termos do art. 1º, I, p, da LC nº 64/1990”. Orientação para registro da ocorrência “decisão proferida por órgão colegiado” e “cumprimento da pena”. Obs.: sobre o termo “responsável”, ver anotação seguinte. Identificação dos dirigentes das pessoas jurídicas “responsáveis pela doação” A “responsabilidade pela doação” é indicada na alínea como requisito para incidência da inelegibilidade. Como e em qual procedimento identificar essas pessoas? Obs.: embora o art. 81 da Lei nº 9.504/1997 tenha sido revogado em 2015, a questão segue relevante, tendo em vista subsistirem anotações A discussão da responsabilidade pessoal dos dirigentes pela doação foi descartada como objeto da representação por doação acima do limite legal ajuizada contra pessoa jurídica (“a inelegibilidade de que trata esta alínea não é sanção imposta na decisão judicial que condena o doador a pagar multa por doação acima do limite legal, mas efeito secundário da condenação, verificável em eventual pedido de registro de candidatura” – AgR-REspe nº 1717-35, 18.4.2017). Estudo quanto à pertinência de adoção de medidas para incrementar a higidez do Cadastro Eleitoral, tais como: 1. Realização de levantamento sobre as anotações de inelegibilidade com base na alínea p; 2. Instrução aos órgãos da Justiça Eleitoral para que a decisão condenatória nas representações fundadas no art. 81 da Lei nº 9.504/1997, ainda em curso, seja comunicada aos dirigentes identificados SISTEM ATIZAÇ ÃO D AS N O RM AS ELEITO RAIS Eixo Tem ático V: Contencioso Eleitoral e Tem as Correlatos 35 (Continuação) Dispositivo legal Questão suscitada Diagnóstico Sugestão de encaminhamento registrar que a ineficácia se limita ao processo eleitoral subsequente à dissolução do vínculo, não havendo prostração de inelegibilidade por oito anos, o que por vezes é pleiteado em AIRC. o) os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; Conforme anotação no inciso I. Conforme anotação no inciso I. Criação de motivo/forma 14 para o ASE 540, com descrição “demissão do serviço público, nos termos do art. 1º, I, o, da LC nº 64/1990”. p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão, observando-se o procedimento previsto no art. 22; Conforme anotação no inciso I. Conforme anotação no inciso I. Criação de motivo/forma 15, para o ASE 540, com descrição “condenação de pessoa física ou dirigente de pessoa jurídica responsável por doação acima do limite legal, nos termos do art. 1º, I, p, da LC nº 64/1990”. Orientação para registro da ocorrência “decisão proferida por órgão colegiado” e “cumprimento da pena”. Obs.: sobre o termo “responsável”, ver anotação seguinte. Identificação dos dirigentes das pessoas jurídicas “responsáveis pela doação” A “responsabilidade pela doação” é indicada na alínea como requisito para incidência da inelegibilidade. Como e em qual procedimento identificar essas pessoas? Obs.: embora o art. 81 da Lei nº 9.504/1997 tenha sido revogado em 2015, a questão segue relevante, tendo em vista subsistirem anotações A discussão da responsabilidade pessoal dos dirigentes pela doação foi descartada como objeto da representação por doação acima do limite legal ajuizada contra pessoa jurídica (“a inelegibilidade de que trata esta alínea não é sanção imposta na decisão judicial que condena o doador a pagar multa por doação acima do limite legal, mas efeito secundário da condenação, verificável em eventual pedido de registro de candidatura” – AgR-REspe nº 1717-35, 18.4.2017). Estudo quanto à pertinência de adoção de medidas para incrementar a higidez do Cadastro Eleitoral, tais como: 1. Realização de levantamento sobre as anotações de inelegibilidade com base na alínea p; 2. Instrução aos órgãos da Justiça Eleitoral para que a decisão condenatória nas representações fundadas no art. 81 da Lei nº 9.504/1997, ainda em curso, seja comunicada aos dirigentes identificados não expiradas e também ações ainda em curso. Disso redundou o entendimento de que os dirigentes não são parte na representação. Ocorre que, ainda que de modo “secundário”, a decisão produz efeitos sobre eles, com anotação da inelegibilidade, muitas vezes sem que sejam pessoalmente notificados a respeito. O problema se agrava porque a anotação do ASE 540 tem tido por base o registro civil da pessoa jurídica, frequentemente desatualizado, podendo gerar inconsistência significativa nessas anotações. Ainda que não se trate de “punição ou reconhecimento de óbice à capacidade eleitoral passiva do responsável pela doação eleitoral tida por ilegal” (AgR-AgR-AI nº 36-63, 1º.6.2017), a inconsistência compromete a confiabilidade das informações do cadastro e, eventualmente, a celeridade do registro de candidatura. como supostos responsáveis, ainda antes da anotação do ASE 540; 3. Regulamentação de procedimento administrativo para notificação dos cidadãos que tenham o ASE 540 anotado na condição de pessoa jurídica, para que possam prestar esclarecimentos que entendam
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