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PSICOLOGIA SOCIAL APLICADA À SEGURANÇA

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ISBN 978-65-5821-077-1
9 786558 210771
Código Logístico
59763
MÁRCIO JÚLIO DA SILVA MATTOS
MÁRCIO JÚLIO DA SILVA MATTOS
PSICOLOGIA SOCIAL APLICADA À SEGURANÇA
 Psicologia social 
aplicada à segurança 
Márcio Júlio da Silva Mattos 
IESDE BRASIL
2021
© 2021 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. 
Imagem da capa: wenny chiang/ Darko-HD Photography/ BABAROGA /Shutterstock
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
M392p
Mattos, Márcio Júlio da Silva
Psicologia social aplicada à segurança / Márcio Júlio da Silva Mattos. - 
1. ed. - Curitiba [PR] : Iesde, 2021.
150 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5821-077-1
1. Psicologia social. 2. Personalidade. 3. Agressividade (Psicologia). 4. 
Conduta criminosa. 5. Prevenção de crimes. I. Título.
21-73112 CDD: 302
CDU: 159.9.019.4
Márcio Júlio da 
Silva Mattos
Doutor em Sociologia, mestre em Sociologia e 
especialista em Segurança Pública e Cidadania 
pela Universidade de Brasília (UnB). Visiting scholar 
(Fulbright Fellow) pela Universidade de Massachusetts 
Boston (UMass-Boston). Especialista em Gestão de 
Segurança Pública pelo Instituto Superior de Ciências 
Policiais (ISCP). Graduado em Relações Internacionais 
pela UnB e em Ciências Policiais pelo Instituto Superior 
de Ciências Policiais (ISCP). Professor no ensino 
superior, ministrando as disciplinas de Criminologia, 
Teoria do Crime, Sociologia da Violência, Métodos de 
Pesquisa e Polícia Comunitária. Consultor em segurança 
pública, avaliador do ensino superior pelo Instituto 
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio 
Teixeira (Inep) e conteudista da Secretaria Nacional de 
Segurança Pública (Senasp). 
SUMÁRIO
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
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em QR code!
SUMÁRIO
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1 Fundamentos de psicologia social 9
1.1 Histórico 10
1.2 Definições e conceitos 22
1.3 Métodos de pesquisa 30
2 Personalidade, agressões e violências 37
2.1 Agressões e violência: definições e conceitos 37
2.2 Teorias sobre agressões 40
2.3 Compreendendo o comportamento agressivo 49
2.4 O Modelo Geral de Agressão (MGA) 59
3 Psicologia social e justiça criminal 64
3.1 Abordagens psicossociais em justiça criminal 65
3.2 Punição, crime e recuperação: a visão da psicologia social 75
3.3 Psicologia social em depoimentos e testemunhos 77
3.4 Fatores psicológicos na atuação policial 84
3.5 Fatores psicológicos no processo de justiça e no tribunal do 
 júri 87
4 Psicologia social e crime 94
4.1 Contextualização 94
4.2 Teoria da ação racional 100
4.3 Teoria do comportamento planejado – comportamento 
 criminoso 104
4.4 Teoria das atividades rotineiras 108
4.5 Explicando o comportamento criminoso 113
5 Psicologia social e prevenção criminal 119
5.1 Prevenção criminal e comportamento humano 119
5.2 Prevenção situacional do crime 125
5.3 Teoria das janelas quebradas 128
5.4 Teoria dos espaços defensáveis 131
5.5 Prevenção criminal pelo design do ambiente (CPTED) 133
6 Resolução das atividades 141
A psicologia social é uma área de estudos fascinante, e 
os avanços realizados nos últimos anos têm aproximado a 
densidade teórica da sua aplicação no cotidianos das pessoas. 
Esta obra tem um duplo objetivo: em primeiro lugar, 
apresentar alguns dos conceitos fundamentais da produção 
científica no campo da psicologia social, utilizando uma 
linguagem clara e objetiva para facilitar a compreensão de 
conceitos, por vezes, complexos e densos; em segundo lugar, 
utilizar referências daquilo que denominamos de psicologia 
policial, uma subárea da psicologia profissional, na aplicação 
dos conceitos psicológicos à segurança. Por isso, esperamos 
que o interesse incipiente por essa área de estudos seja 
estimulado com esta obra introdutória.
O primeiro capítulo apresenta o histórico de surgimento da 
psicologia social como área do conhecimento, discutindo os 
processos de desenvolvimento e separação de outras áreas e 
analisando definições consagradas na literatura especializada 
como forma de situar os seus conceitos fundamentais e os 
métodos empregados em suas análises.
O segundo capítulo discute os comportamentos agressivos 
e suas principais motivações à luz da psicologia social. Com 
especial atenção, analisa as evidências que relacionam 
os comportamentos agressivos à exposição aos meios de 
comunicação. Além disso, apresenta os conceitos de agressão, 
agressividade e violência. Algumas teorias sobre agressões são 
investigadas, enfatizando as diferenças entre as abordagens 
biológicas e psicológicas. Assim, a relação entre frustração e 
agressões e o aprendizado social são analisados.
O terceiro capítulo analisa as principais abordagens da 
psicologia social aplicadas à justiça criminal e os processos 
psicológicos importantes, como o self, as crenças, os valores, 
as normas sociais, as atitudes e os comportamentos, além de 
discutir a relação entre esses conceitos. De maneira aplicada, 
avalia subsídios da psicologia social aplicados a depoimentos, 
APRESENTAÇÃOVídeo
8 Psicologia social aplicada à segurança
testemunhos e confissões. Por fim, discute aspectos relacionados à atuação 
policial.
O quarto capítulo traz algumas das teorias psicológicas mais relevantes 
para a análise dos comportamentos criminosos: a teoria da ação racional, a 
teoria do comportamento planejado e a teoria das atividades rotineiras. De 
modo acessível, trata dos principais conceitos dessas abordagens utilizando 
exemplos que contextualizam o seu histórico de surgimento e as suas 
principais aplicações ao longo do tempo, assim como analisa a perspectiva 
histórica da psicologia social aplicada à segurança com base em três principais 
linhas argumentativas: os estudos de psicanálise, os estudos com base em 
inteligência e os estudos de personalidade.
O quinto capítulo dedica-se à prevenção criminal. Com efeito, analisa como 
os conceitos da psicologia social informam os modos de compreensão dos 
comportamentos criminosos e apresenta algumas perspectivas importantes 
sobre a prevenção criminal. Além disso, discute a definição de prevenção e 
seus diferentes níveis. Por fim, apresenta e analisa três abordagens teóricas: a 
teoria das janelas quebradas, a teoria dos espaços defensáveis e a prevenção 
criminal pelo design do ambiente (CPTED).
Bons estudos!
Fundamentos de psicologia social 9
1
Fundamentos de 
psicologia social
A psicologia social lida com temas comuns ao nosso cotidiano. 
Agressões, preconceito, conflitos, obediência, altruísmo são exem-
plos de fenômenos abordados pelas lentes dessa área.
 Neste capítulo, analisaremos o histórico de surgimento da psi-
cologia social. Vamos discutir as imbricadas relações com as demais 
ciências sociais, particularmente a sociologia. Em seguida, o seu 
desenvolvimento será discutido por meio de quatro fases que, com 
efeitos didáticos, oferecem umacronologia a respeito dos principais 
autores e seus conceitos ao longo do tempo.
Também trataremos das principais definições e conceitos que 
marcam o conhecimento em psicologia social. A diversidade dos fe-
nômenos estudados reflete a complexidade dos conceitos elabora-
dos ao longo do tempo. Nesse sentido, destacaremos três conceitos 
distintos que reúnem as principais características desse campo de 
estudos. Vamos abordar, ainda, as relações entre o senso comum 
e conhecimento científico em psicologia social, distinguindo suas di-
mensões aplicadas.
Por fim, analisaremos os caminhos metodológicos do fazer cien-
tífico em psicologia social, destacando três perspectivas principais: 
a observacional, que privilegia o contato direto com os indivíduos e 
a observação direta dos fenômenos estudados; a correlacional, que 
possibilita o estabelecimento de relações de predição; e a experi-
mental, que simula em laboratório as condições naturais de realiza-
ção dos fenômenos estudados.
10 Psicologia social aplicada à segurança
1.1 Histórico 
Vídeo A psicologia social está presente em diferentes momentos de 
nossa vida cotidiana. Somos lembrados acerca da complexidade 
das relações sociais e do comportamento humano diante de situa-
ções traumáticas, como guerras e ataques terroristas, ou de ações 
altruísticas e heroicas, caso de pessoas que arriscam suas vidas 
para salvar outras pessoas, por exemplo.
A mobilização de esforços coletivos, as relações de atração e 
repulsa, os comportamentos criminosos e as formas de evitá-los 
também ilustram o alcance da análise sociopsicológica. O interesse 
em compreender processos como esses, distinguindo-os de outros 
fenômenos, não é novo, apesar de o status científico de seu estudo 
ser, de fato, muito recente.
De modo geral, o interesse em mensurar processos relacionados 
aos pensamentos, sentimentos e comportamentos dos indivíduos 
é fundante para a psicologia social. A diferenciação da disciplina 
tanto em relação à psicologia quanto à sociologia pode ser traçada 
desde a segunda metade do século XIX (ÁLVARO; GARRIDO, 2007). 
As relações entre os indivíduos e a sociedade foram analisadas por 
diferentes autores ao longo desse século, sendo que os limites en-
tre as diferentes áreas ainda não eram bem definidos.
Assim, muitas foram as contribuições analíticas de filósofos, 
economistas, sociólogos e antropólogos para o campo da psico-
logia social. Segundo Álvaro e Garrido (2007), é possível distin-
guir pelo menos duas subáreas na disciplina: a psicologia social 
psicológica e a psicologia social sociológica (Figura 1). A primeira 
diz respeito aos estudos que enfatizam os processos intraindivi-
duais, sendo marcante na tradição acadêmica dos Estados Unidos, 
enquanto a segunda privilegia a análise das experiências sociais e 
o papel das coletividades, sendo relacionada à tradição europeia 
(FERREIRA, 2011).
Conhecer o histórico de 
surgimento da psicologia 
social, destacando alguns 
dos seus principais auto-
res e suas contribuições 
para o desenvolvimento 
desse campo de estudos.
Objetivo de aprendizagem
Fundamentos de psicologia social 11
Figura 1
Psicologia social como interseção disciplinar
Psicologia 
social
PsicologiaSociologia
Psicologia 
social 
psicológica
Psicologia 
social 
sociológica
Fonte: Adaptada de Estramiana et al. 2007, p. 23.
Assim, ao falarmos em psicologia social, é necessário situar suas ori-
gens com base em perspectivas distintas que contribuíram para infor-
mar o desenvolvimento de seus principais conceitos. Em uma lógica de 
mútua interação, os estudos foram buscando se diferenciar de outras 
abordagens e foram adquirindo características e contornos próprios. 
Ao longo do tempo, é possível distinguir como a psicologia social se 
desenvolveu com base nas contribuições de autores importantes. Con-
forme Kassin, Fein e Markus (2017), vamos destacar quatro períodos:
Os anos iniciais (década de 1880 até os anos 1920).
O período de expansão e questionamentos (década de 1960 até 1975).
A influência da Segunda Guerra Mundial (décadas de 1930 a 1950).
A era dos pluralismos (de 1975 até o século XXI). 
Vejamos a caracterização de cada um desses períodos nas subse-
ções a seguir.
12 Psicologia social aplicada à segurança
1.1.1 Os anos iniciais (1880-1920)
Para muitos autores (KASSIN; FEIN; MARKUS, 2017), o primeiro ex-
perimento em psicologia social foi realizado pelo psicólogo Norman 
Triplett (1861-1934), da Universidade de Indiana, em 1898. Após ob-
servar que ciclistas apresentavam uma performance melhor quando 
disputavam contra outros ciclistas em comparação com quando treina-
vam sozinhos, Triplett desenvolveu um experimento para compreen-
der esse fenômeno. O estudo consistiu na observação de crianças 
na realização de uma tarefa simples: enrolar um anzol o mais rápido 
possível em uma espécie de molinete de pesca.
Essa atividade foi repetida por crianças sozinhas e em grupos. Ao 
final do experimento, o pesquisador argumentou que, de fato, ocorria 
uma melhoria na performance na execução da tarefa quando realizada 
na presença de outras pessoas (TRIPLETT, 1898). Entre outras implica-
ções, esse estudo motivou pesquisas sobre o fenômeno que ficou co-
nhecido como facilitação social. Ainda hoje, é um dos temas analisados 
por psicólogos sociais em diferentes contextos.
O experimento de Triplett destacou-se pela inovação em propor a 
investigação dos efeitos do contexto social sobre o comportamento 
dos indivíduos e o fez de maneira sistemática. Como veremos, os expe-
rimentos sociais são um dos recursos de pesquisas mais importantes 
na psicologia social. Outros autores também são citados em estudos 
analisando fenômenos com base em uma perspectiva psicossociológi-
ca incipiente, como é o caso do francês Max Ringelmann (1861-1931), 
em 1913 (ESTRAMIANA et al., 2007).
Entretanto, o estabelecimento da psicologia social como um cam-
po de estudo é comumente atribuído à publicação de três importantes 
obras. Duas delas foram publicadas nos Estados Unidos, em 1908, mar-
cando um período de crescimento do interesse na disciplina naquele 
país. A primeira obra foi Uma introdução à Psicologia Social, do psicólogo 
britânico William McDougall (1871-1938).
Na obra, o autor desenvolveu uma teoria do comportamento huma-
no com base na percepção de estímulos por meio de características he-
reditárias (instinto) em busca de resultados. Sob influência de Charles 
Darwin (1809-1882), McDougall argumentava que o comportamento 
molinete: peça metálica 
composta de carretel com 
manivela em que se co-
loca vara de pescar, para 
enrolar a linha de náilon e 
tirar rapidamente o anzol 
lançado à água.
Glossário
Fundamentos de psicologia social 13
instintivo era composto de três elementos: a percepção, o comporta-
mento e a emoção (ÁLVARO; GARRIDO, 2007).
Os indivíduos seriam predispostos a focar estímulos importantes 
para os seus objetivos. A busca por satisfazer a necessidades, como 
comer quando se tem fome, motiva a ação humana de maneira ins-
tintiva. Ao longo do tempo, o autor categorizou 18 tipos de instintos, 
como fome, rejeição de substâncias, curiosidade, fuga, submissão, en-
tre outros.
A segunda obra foi Psicologia Social: um esboço e um livro de refe-
rência (tradução livre do original: Social Psychology: an outline and a 
source book), do sociólogo norte-americano, Edward Alsworth Ross 
(1866-1951).
Como sua formação sugere, o autor enfatizava a dimensão social da 
existência humana, situando a psicologia social como uma especialida-
de da sociologia dedicada ao estudo do que denominou uniformidades 
motivadas pela vida em sociedade (ÁLVARO; GARRIDO, 2007). Assim, a 
análise seria dedicada às uniformidades resultantes da associação en-
tre as pessoas.
Para o autor, duas subáreas eram delineadas: a ascendência social, 
relacionada à influência da sociedade sobre os indivíduos, com temas 
como costumes e convenções e a ascendência individual, que dizia res-
peito à análise da liderança, da invençãoe do papel do ser humano. 
Assim, podemos perceber que a dimensão inata do instinto na moti-
vação social, como defendido por McDougall, fica em segundo plano, 
sendo substituída por conceitos como invenção, sugestão e imitação.
Em 1924, a publicação de Psicologia Social, de Floyd Henry Allport 
(1890-1979), é reconhecida por sua contribuição metodológica à con-
solidação da disciplina. O autor é considerado um dos fundadores da 
psicologia social experimental. Sob influência do pensamento behavio-
rista, Allport avançava na distinção entre comportamento e consciência, 
argumentando que a personalidade seria a forma como os indivíduos 
reagem aos estímulos sociais.
Para o autor, os hábitos, pensamentos e reações emocionais eram 
mecanismos psicológicos herdados e modificados ao longo do tempo 
(ÁLVARO; GARRIDO, 2007). Em conjunto, os três autores são conside-
rados expoentes do surgimento e da consolidação do campo de es-
O vídeo Use Social Facilita-
tion To Get Ahead, do canal 
CNA Insider, apresenta 
uma ilustração dos estu-
dos feitos por Norman 
Triplett que influenciaram 
o desenvolvimento da 
psicologia do esporte, 
uma área de pesquisa 
dedicada à análise de 
aspectos do comporta-
mento que influenciam 
e são influenciados pelo 
desempenho no esporte. 
Antes da realização do 
experimento com as 
crianças, Triplett analisou 
o comportamento de 
ciclistas e o efeito da pre-
sença de outras pessoas 
no rendimento.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=d1_
zr4nGzQE. Acesso em: 5 jul.. 2021.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=d1_zr4nGzQE
https://www.youtube.com/watch?v=d1_zr4nGzQE
https://www.youtube.com/watch?v=d1_zr4nGzQE
14 Psicologia social aplicada à segurança
tudos de psicologia social, sendo influentes na perspectiva conhecida 
como behaviorismo. Essa escola argumenta que a compreensão do 
comportamento humano deve enfatizar a observação de proprieda-
des de reforços do ambiente, como as recompensas (atenção, pra-
zer, satisfação etc.) ou as punições (dor e perda) (ARONSON; WILSON; 
AKERT, 2018).
1.1.2 A influência da 
Segunda Guerra Mundial (1930-1950)
A Segunda Guerra Mundial influenciou o desenvolvimento da psi-
cologia social. Com a ascensão do regime nazista liderado por Adolf 
Hitler, na Alemanha, muitas pessoas passaram a se questionar so-
bre as motivações de comportamentos violentos, preconceituosos e 
sádicos. Alguns conceitos importantes na psicologia social foram im-
pulsionados com os esforços em compreender o funcionamento da 
sociedade alemã à época da ascensão totalitarista, como conformida-
de e obediência.
Por exemplo, o sociólogo Everett Hughes (18875-1957) analisou a in-
serção social dos agentes do regime nazista que atuavam nos campos 
de concentração. Suas perguntas de pesquisa incluíam: como eles con-
seguem desempenhar tais funções? Como os demais os viam na sociedade? 
Inicialmente, o autor argumentou que essas funções eram vistas como 
desprezíveis, mas necessárias. Sua definição para esse fenômeno foi o 
conceito de trabalho sujo. Ainda assim, o trabalho era visto de modo 
diferente daqueles que o executavam. As atividades eram delegadas 
a grupos que agiam em nome da coletividade e que, por conseguinte, 
eram estigmatizados pelo aspecto degradante ou sujo de seu trabalho. 
Assim, os trabalhadores sujos eram espécies de párias sociais em virtu-
de dos ofícios que desempenham (HUGHES, 1962).
Outra consequência da Segunda Guerra Mundial foi a imigração de 
pesquisadores da Europa para os Estados Unidos. Esse movimento foi 
compartilhado por milhões de outras pessoas que buscavam escapar 
do conflito e de suas consequências. No caso dos psicólogos sociais, 
esse fluxo de profissionais contribuiu para o desenvolvimento do cam-
po de estudos (KASSIN; FEIN; MARKUS, 2017). A influência europeia 
contrastaria com a percepção dominante do período anterior sobre 
Fundamentos de psicologia social 15
a pesquisa sociopsicológica. Autores como Kurt Lewin (1890-1947) e 
Solomon Asch (1907-1996) argumentavam que o comportamento hu-
mano seria mais bem compreendido em função da interação entre os 
indivíduos e o ambiente, ou seja, na conformação de um todo com ca-
racterísticas distintas da soma das partes.
Em outras palavras, se alguns autores, como Ross, Allport e McDou-
gall, analisavam o comportamento com base em recompensas ou 
punições e viam o grupo e o contexto social como mais uma variável in-
fluenciando os comportamentos, a nova perspectiva enfatizava a dinâ-
mica entre elementos internos e externos ao indivíduo, entendendo o 
grupo social como um agente dotado de dinâmicas próprias. Em outras 
palavras, o funcionamento do grupo social não poderia ser reduzido ao 
somatório das partes, devendo ser compreendido com base em suas 
especificidades e características próprias.
Essa perspectiva ficou conhecida como gestaltismo, uma escola 
do pensamento que argumentava em favor da importância de com-
preender a maneira subjetiva como as pessoas percebem o mundo ao 
seu redor, em detrimento dos atributos físicos e tangíveis dos objetos 
(ARONSON; WILSON; AKERT, 2018).
O psicólogo alemão Kurt Lewin imigrou para os Estados Unidos em 
1933 e ficou conhecido, entre outras contribuições, pela ênfase na in-
terdependência entre o indivíduo e o grupo em que está inserido, uma 
das bases da denominada teoria do campo.
Para o autor, o campo seria o conjunto de fatos coexistentes e inter-
dependentes que se sobrepunha aos indivíduos, influenciando-os. O 
campo permite compreender a conduta humana, enfatizando aspectos 
psicológicos e não físicos; o todo e não as partes; e a dimensão his-
tórica e não pontual do comportamento humano (ÁLVARO; GARRIDO, 
2007). Lewin argumentava que a psicologia deveria seguir o caminho 
das ciências naturais, como a física e a biologia, buscando formular leis 
gerais fundamentadas na frequência dos fenômenos.
Entre seus objetos de pesquisa, Lewin se notabilizou em temas 
como clima de grupo, estilos de liderança, influência social e produtivi-
dade de grupo. Por exemplo, o autor argumentava que o líder desem-
penhava função decisiva no funcionamento do grupo, impactando a 
produtividade e a agressividade. Assim, três tipos de lideranças foram 
caracterizados e estudados pelo autor e seus colaboradores:
16 Psicologia social aplicada à segurança
Liderança autoritária: o foco está na realização das tarefas, e não nas relações 
humanas, sendo que o chefe determina as diretrizes sem participação do grupo.
Liderança delegativa: a execução das tarefas não depende de orientação, sendo 
que o grupo se organiza de modo natural. 
Liderança democrática: foca as relações interpessoais e seu papel está fundado na 
credibilidade que o grupo lhe atribui, sendo que a participação 
do grupo contribui para a tomada de decisão.
Como conclusão, o autor acreditava que o estilo democrático de li-
derança estava associado a processos e resultados melhores.
Já o psicólogo social polonês Solomon Asch publicou trabalhos se-
minais sobre a percepção social e a formação de impressões. Em um 
de seus experimentos sociais, Asch analisou o efeito primazia com a 
apresentação de duas frases para grupos distintos de estudantes uni-
versitários. A primeira dizia que um indivíduo era inteligente, traba-
lhador, impulsivo, crítico, teimoso e invejoso. A segunda apresentava 
essas características, mas na ordem inversa: iniciando por invejoso e 
terminando com inteligente.
Como resultado, os alunos que leram a primeira frase classificaram 
o indivíduo descrito de modo mais positivo do que aqueles que leram 
a segunda frase. A explicação de Asch e seus colaboradores foi que 
informações apresentadas no início são mais persuasivas, ou seja, 
as primeiras impressões são importantes na percepção das pessoas 
(ASCH, 1961).
Em outro experimento, Asch analisou a percepção de traços de 
personalidade. Foram novamente apresentadas descrições de um 
indivíduo a dois grupos de pessoas. O primeiro grupo recebeu uma 
descrição com característicascomo inteligente, habilidoso, trabalha-
dor, caloroso, determinado, prático e cauteloso. O segundo recebeu 
a mesma descrição, mas com uma diferença: em vez de caloroso, o 
indivíduo foi descrito como frio. Mesmo com apenas essa diferença, 
os dois grupos descreveram impressões bastante distintas sobre o 
mesmo indivíduo.
Fundamentos de psicologia social 17
Os participantes inferiram que, além de mais caloroso, o indivíduo 
também era mais feliz, mais generoso e mais bem-humorado do que a 
pessoa fria. Ou seja, com apenas uma característica diferente, outros 
traços de personalidade foram associados de modo diferente. Quan-
do os pesquisadores modificaram outros pares de elementos dessas 
descrições, as alterações não foram tão pronunciadas. Para Asch e 
seus colaboradores, os traços caloroso e frio são considerados traços 
centrais de personalidade, o que significa que eles sugerem a presen-
ça de outros traços de personalidade, exercendo influência sobre as 
impressões que formamos sobre outras pessoas (ASCH, 1961).
Em conjunto, esses dois experimentos ilustram a perspectiva analí-
tica de Asch. Para ele, as impressões são formadas mesmo quando as 
informações são escassas e a fazemos de maneira inter-relacionada. 
O indivíduo é percebido em uma tentativa de fazer sentido e, comu-
mente, essa operação cognitiva é realizada para tornar o mundo mais 
previsível. Novamente, é enfatizado o grupo social como um elemento 
central na psicologia social, em que as impressões são formadas com 
base em características que constituem um todo organizado, e não 
apenas um somatório de partes. O autor também se notabilizou por 
meio de estudos de conformidade social.
1.1.3 Expansão e questionamentos (1960-1975)
A importância da psicologia social consolidou-se ao longo da década 
de 1960. Se as fases anteriores foram marcadas respectivamente pela 
diferenciação da disciplina em relação às demais e por definições con-
ceituais e metodológicas básicas, a partir dos anos 1960, a psicologia 
social vivenciou um período de expansão e questionamentos (KASSIN; 
FEIN; MARKUS, 2017). Com relação à expansão, os estudos passaram a 
ser utilizados em diferentes áreas e a se associarem a dimensões apli-
cadas da vida cotidiana, como em comunicação e marketing, consumo, 
administração, entre outros.
Uma das pesquisas mais influentes em psicologia social foi condu-
zida por Stanley Milgram (1933-1984), entre 1963 e 1974. O objetivo 
geral era compreender os mecanismos de comportamentos relaciona-
dos à obediência. O experimento foi pensado como uma tentativa de 
compreender a ascensão da liderança nazista na Alemanha. Apesar de 
complexo e com nuances metodológicas, o experimento consistia em 
18 Psicologia social aplicada à segurança
simular a administração de choques elétricos a outra pessoa caso ela 
errasse respostas a perguntas simples relacionadas à memorização. Os 
participantes do experimento chegavam ao laboratório da Universida-
de de Yale e conheciam duas pessoas: um cientista e outro homem.
O participante seria designado como professor em um estudo que 
seria sobre aprendizado por meio de punições. Colocado em uma sala 
reservada, o participante era informado que seriam aplicados choques 
elétricos em casos de erros e lhe era apresentada a máquina com 30 
níveis que variavam de 15 volts até 450 volts por choque. O participante 
deveria ler questões e as opções de resposta. Em caso de erros, opções 
de choque deveriam ser aplicadas.
Na verdade, os choques não eram aplicados de fato e o objetivo do 
estudo era compreender os limites e as condicionantes da obediência, 
mesmo quando implicasse dor. Após cada resposta errada e o choque, 
o participante ouvia áudios com reações do outro participante: na me-
dida em que a descarga elétrica aumentava, ouviam-se gritos de dor, 
reclamações, pedidos para interromper o experimento, e assim por 
diante.
No limite, acima de 330 volts, não havia mais gritos, como se o ou-
tro participante não conseguisse mais responder. Muitos participantes 
consultavam o cientista sobre a necessidade de continuar ou se de-
veriam checar se o outro participante estava bem. As respostas eram 
gravadas e sempre indicavam para a continuidade do estudo.
Ao longo das diferentes fases do estudo, Milgram e seus colabora-
dores obtiveram o resultado de que, em média, 65% dos participantes 
aplicaram a punição máxima de 450 volts. As interpretações a respeito 
do experimento são diversas e ainda ensejam discussões na literatura 
especializada. De modo geral, as condições desses experimentos são 
reveladoras sobre a obediência à autoridade. Muitos participantes se 
sentiram mal com a experiência, mas ainda assim continuaram cum-
prindo o que era solicitado. Existem condicionantes que favorecem a 
obediência, como características de personalidade.
Contudo, as circunstâncias contextuais, ou seja, as situações em 
que as pessoas se encontram desempenham um papel importante. 
Por exemplo, quando o experimento foi realizado fora da universidade, 
em um bairro comercial de Connecticut, o nível de obediência reduziu. 
Além disso, quando a autoridade (no caso o cientista) estava presente, 
A pesquisa do professor 
de Yale inspirou o filme O 
Experimento de Milgram, 
em que, são retratadas 
as diferentes fases da 
pesquisa, assim como as-
pectos da vida do próprio 
Stanley Milgram.
ALMEREYDA, M. EUA: Universal 
Studios, 2015.
Filme
Fundamentos de psicologia social 19
a obediência tendia a aumentar, assim como a distância em relação à 
vítima também afetava positivamente a obediência (MILGRAM, 1974). 
Uma das conclusões dos autores diz respeito à obediência diante de 
líderes com capacidade de persuasão, sugerindo os impactos do con-
texto no comportamento das pessoas.
Outro estudo bastante conhecido foi liderado em 1971 por Philip 
Zimbardo (1933-). Chamado de experimento da prisão de Stanford, o es-
tudo reuniu 24 alunos universitários que foram voluntários a atuarem 
como guardas ou prisioneiros de uma prisão simulada em um labora-
tório do Departamento de Psicologia da Universidade de Stanford. O 
objetivo do experimento era investigar as implicações de papéis sociais 
no comportamento humano.
Er
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Placa fixada no local onde foi 
realizado o famoso experimento 
de Stanford, no qual alguns 
estudantes foram designados para 
interpretar o papel de guardas e 
outros ficaram com o papel de 
prisioneiros. Após algum tempo, 
eles acabaram estabelecendo 
rotinas cruéis e degradantes, 
gerando rebeliões e apatia.
A metade dos alunos foi sorteada para serem os guardas, tendo 
recebido equipamentos como apitos e cassetetes. A outra metade dos 
alunos foi colocada em celas e receberam trajes semelhantes a roupas 
de hospitais. Os guardas receberam orientações para manter a ordem 
e as regras, enquanto os prisioneiros foram colocados em situações 
de submissão. Com o passar do tempo, os guardas passaram a sub-
meter os prisioneiros a rotinas degradantes, inclusive com traços de 
crueldade.
Por sua vez, os prisioneiros apresentaram reações diversas, 
sendo alguns apáticos, outros rebeldes e a maioria submissa. 
Percebia-se uma crescente confusão entre o papel desempenhado e a 
própria identidade, chegando a limites que fizeram com que o estudo 
fosse interrompido após duas semanas de duração.
Nas décadas de 1960 e 1970, houve questionamentos quanto aos 
métodos utilizados na psicologia social. O crescente emprego de expe-
rimentos simulados em laboratórios passou a ser criticado por alguns 
pesquisadores. As críticas diziam respeito às limitações de reprodução 
Na obra O efeito Lúcifer: 
como pessoas boas 
se tornam más, Philip 
Zimbardo detalha o 
famoso experimento de 
Stanford. No livro, o autor 
apresenta a preparação, 
o desenvolvimento e as 
análises conduzidas após 
o estudo. Além do livro, o 
experimento foi adaptado 
para o cinema pelo dire-
tor Kyle Patrick Alvarez, 
em 2015.
ZIMBARDO, P. 4 ed. Rio de Janeiro: 
Record, 2012.
Livro20 Psicologia social aplicada à segurança
das condições sociais em ambientes controlados, como os laborató-
rios. Em última medida, argumentava-se que as conclusões poderiam 
ser comprometidas pelo design do estudo e não revelar aspectos dos 
fenômenos estudados.
Além disso, os limites éticos dos estudos foram problematizados. 
Por exemplo, o experimento de Milgram suscitou discussões sobre a 
potencial exposição dos participantes a danos psicológicos. Em geral, 
os questionamentos revelavam o próprio desenvolvimento do campo 
de estudo, em que a diversidade de fenômenos estudados, as aborda-
gens analíticas e o aumento do interesse favoreciam posicionamentos 
mais críticos. Entretanto, os questionamentos foram superados por 
meio de um direcionamento crescente da atenção dos pesquisadores 
a problemas concretos da sociedade.
Por exemplo, como destacam Hewstone, Stroebe e Jonas (2016), a 
psicologia da saúde é um desdobramento da psicologia social. Entre as 
suas contribuições, como ilustração, está a busca em compreender as 
motivações de comportamentos relacionados à saúde (fumar, comer 
ou beber em demasia etc.) e no desenvolvimento de intervenções para 
modificá-los.
1.1.4 Era de pluralismos (1975-anos 2000)
O período seguinte está relacionado a avanços metodológicos e 
éticos e à inclusão de novos objetos e perspectivas. Inicialmente, os 
avanços metodológicos e éticos dizem respeito a modificações nas es-
tratégias de pesquisa. Como veremos nas seções seguintes, os méto-
dos de pesquisa em psicologia social envolvem riscos aos envolvidos.
O aperfeiçoamento dos limites de procedimentos busca garantir 
a segurança física e psicológica, sem comprometer o rigor científico. 
Como argumentam Hewstone, Stroebe e Jonas (2016), os laboratórios 
continuaram a ser utilizados, mas outras técnicas foram incorporadas, 
em especial aquelas que se beneficiam de recursos tecnológicos e in-
formacionais na condução de experimentos sociais.
Com relação aos novos objetos e perspectivas analíticas, dois aspec-
tos são importantes. Primeiro, a psicologia social passou a ser compar-
tilhada por pesquisadores de diferentes partes do mundo. A influência 
de aspectos culturais na produção científica sociopsicológica pode ser 
Fundamentos de psicologia social 21
percebida pela diversidade de fenômenos estudados em contextos di-
ferentes. Na América Latina, por exemplo, a psicologia social foi forte-
mente influenciada pela escola estadunidense até a década de 1970 
(FERREIRA, 2011).
No período seguinte, a produção local passou a ser orientada para 
as questões políticas e sociais do continente, que passava pelos pe-
ríodos dos regimes militares. Essa contextualização da produção aca-
dêmica repercutiu, no caso latino-americano, em uma escola própria, 
denominada psicologia social crítica (ÁLVARO; GARRIDO, 2007), que pri-
vilegiava técnicas como a análise do discurso.
Em segundo lugar, as diferentes tendências na psicologia social con-
vivem em um campo também cada vez mais diverso. Nesse sentido, o 
surgimento de novos objetos e abordagens acompanha o desenvolvi-
mento social de uma maneira mais geral. Por exemplo, os avanços em 
pesquisas biológicas têm revelado o potencial do campo de estudos 
que investiga os impactos dos genes nos comportamentos (KASSIN; 
FEIN; MARKUS, 2017).
Diferentes abordagens analisam, de maneira multidisciplinar, possí-
veis efeitos de características biológicas sobre identidades, por exem-
plo. Por outro lado, os avanços nas tecnologias de comunicação têm 
possibilitado a análise de fenômenos sob uma perspectiva cultural. 
Grosso modo, quando nos referimos à cultura, estamos falando de sig-
nificados, valores, práticas, tradições e hábitos que são compartilhados 
por determinado grupo de pessoas e transmitidos ao longo do tem-
po. Os fenômenos sociais são influenciados por elementos culturais, 
ou seja, as maneiras como nos portamos, reagimos e pensamos indivi-
dualmente estão relacionadas aos grupos em que nos inserimos.
Muitos psicólogos sociais têm se dedicado a entender as diferenças 
nos comportamentos com base na perspectiva cultural, privilegiando 
aspectos do contexto social e histórico. Assim, as teorias podem ser 
testadas em contextos sociais diferentes daqueles em que foram de-
senvolvidas. A possibilidade de generalização dessas teorias é colocada 
à prova, possibilitando o seu aperfeiçoamento e sua modificação.
Além disso, não são apenas as fronteiras de países que estão sendo 
transpostas. As fronteiras de disciplinas também estão sendo testadas 
por meio de abordagens multidisciplinares, que envolvem elementos 
22 Psicologia social aplicada à segurança
de diferentes perspectivas científicas. Por exemplo, os estudos sobre 
comportamentos econômicos ou políticos incorporam pressupostos 
de áreas distintas (como a psicologia social, a economia e a política) 
para compreender fenômenos estudados de modo isolado anterior-
mente. Existem estudos que analisam a tomada de decisão em ques-
tões econômicas com base em conceitos da psicologia social, chegando 
a resultados que questionam os estudos anteriores (KASSIN; FEIN; 
MARKUS, 2017).
Outro exemplo é a neurociência social, ou seja, o estudo dos 
aspectos neurológicos de fenômenos sociopsicológicos. Utilizando 
técnicas que permitem o estudo do funcionamento do cérebro por 
meio de imagens, essa área de estudo analisa o comportamento 
neurológico enquanto os indivíduos processam informações sociais 
(RAINE, 2015).
1.2 Definições e conceitos 
Vídeo A psicologia social é uma fascinante área de estudos. Os seus princi-
pais conceitos e definições estão relacionados à diversidade dos fenô-
menos estudados. As possibilidades de análises sobre como os nossos 
comportamentos são influenciados por outras pessoas ou pelo con-
texto em que nos inserimos são inúmeras. As aplicações desse conhe-
cimento à área de segurança são igualmente profícuas e extensas. Em 
um esforço de situarmos as bases para as discussões futuras, imagine 
algumas situações, que para muitos são corriqueiras:
1
Logo cedo, José e Capitu acordam e vão 
juntos comprar o café da manhã. Chegando 
à padaria, o casal reconhece o seu vizinho 
Antônio e se aproxima para cumprimentá-lo. 
Enquanto conversavam, uma mulher jovem 
se aproximou de Antônio e disse estar pronta 
para irem embora. Ao se despedirem, Capitu 
e José comentaram que o vizinho não estava 
usando a aliança de seu casamento com Ísis, 
colega de infância de Capitu. No caminho 
para casa, o assunto no carro foi a possível 
separação de Antônio e Ísis.
Ge
or
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y/
Sh
ut
te
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ck
Conhecer as principais 
definições sobre psico-
logia social, destacando 
aspectos centrais em sua 
diferenciação com outras 
áreas de estudo.
Objetivo de aprendizagem
Fundamentos de psicologia social 23
2
Carlos tinha 15 anos quando se matriculou na 
academia de musculação próxima à sua casa 
com um grupo de colegas da escola. Apesar 
de não gostar de se exercitar, ele dizia que 
ganhar massa muscular facilitaria sua vida na 
escola. Sua mãe insistia para que ele se dedi-
casse aos estudos e para a prova do vestibu-
lar que se aproximava. Contudo, ele parecia 
ter outros interesses que incluíam assistir a 
vídeos e ler fanfics na internet. 
Le
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ut
te
rs
to
ck
Essas situações não são reais. Mesmo assim, elas retratam intera-
ções comuns no cotidiano de algumas pessoas e ilustram, entre tantos 
outros, fenômenos estudados pela psicologia social. Uma das defini-
ções mais conhecidas argumenta que a psicologia social compreende o 
“estudo científico de como as pessoas pensam, influenciam e se relacio-
nam umas com as outras” (MYERS, 2014, p. 28). Diferentes aspectos das 
situações citadas ilustram os interesses analíticos da psicologia social. 
Por exemplo, José e Capitu pensaram que Antônio estava em outro 
relacionamento ao vê-lo sem aliança e com outra mulher. É possível 
que essa situação os tenha levado a pensar sobre o seu próprio rela-
cionamento. Talvez tenham sesentido mal pelo término da relação do 
casal de amigos. 
A decisão de Carlos em se matricular na academia foi influenciada 
pelo convívio na escola. Sabemos como a vida no ensino médio pode 
ser difícil e as relações entre adolescentes são vivenciadas e sentidas 
de maneira muito intensa. O argumento de facilitar a sua vida na escola 
pode estar associado à intenção de se encaixar em um padrão estético, 
ou seja, uma pressão para se conformar àquela realidade mediante a 
influência dos demais.
Muitas outras interpretações poderiam ser feitas com base nessas 
situações. Pode ser que a jovem que se aproximou de Antônio seja uma 
sobrinha e que sua aliança tenha sido levada para polir, assim como o 
comportamento de Carlos pode ter sido motivado pelo interesse em 
melhorar suas notas de Educação Física ou mesmo sua disposição para 
estudar. Enfim, existem diversas abordagens para interpretar as situa-
ções que vivenciamos cotidianamente. Esse tipo de análise pode ser 
conduzido em quase todas essas situações.
24 Psicologia social aplicada à segurança
Os processos associados a como pensamos (percepções, atitudes, 
julgamentos, crenças), a como nos relacionamos (preconceito, agres-
são, atração, ajuda) e a como influenciamos uns aos outros (cultura, 
persuasão, conformidade) são objetos comuns da análise científica 
conduzida sob as lentes da psicologia social (MYERS, 2014), conforme 
mostra a figura a seguir.
Figura 2
Áreas de estudo da psicologia social
Fonte: Adaptada de Heinzen; Goodfriend, 2018.
Pensamento 
social
Comportamento 
social
Influência 
social
Dimensões 
aplicadas 
de estudo
Outro conceito notabilizado sobre a psicologia social foi apresen-
tado por Gordon Allport (1897-1967), em 1954. Para o autor estadu-
nidense, a psicologia social é “o estudo científico da forma como os 
pensamentos, sentimentos e comportamentos das pessoas são in-
fluenciados pela presença real, imaginada ou assumida de outras pes-
soas” (ALLPORT, 1985 apud ARONSON; WILSON; AKERT, 2018, p. 23). 
Em outras palavras, o autor destaca como o interesse analítico sobre 
como o comportamento individual é influenciado pelo ambiente social 
em que se insere.
A utilização dos termos pensamentos, sentimentos e comportamentos 
não é casual, diz respeito à aplicação do método científico na análise de 
características observáveis empiricamente. Não apenas a observação 
sistemática, mas a descrição e a mensuração das formas como pensa-
mos, sentimos e agimos em diferentes contextos sociais caracterizam 
a abordagem científica da psicologia social.
Em um breve exercício, imagine como você agiria em uma situação 
qualquer se estivesse sozinho, se houvesse outras pessoas no mesmo 
ambiente ou, ainda, se essas pessoas fossem seus amigos. Suas rea-
ções seriam diferentes? Comparando os três cenários, você deve ter 
Na obra O que é psicologia 
social, a professora da 
PUC-SP, Silvia Lane, apre-
senta de maneira didática 
e objetiva os conceitos 
mais importantes da 
psicologia social. A obra 
introdutória articula 
noções caras a esse 
campo do conhecimento, 
como identidade social, 
consciência, grupo social 
e linguagem, por meio de 
exemplos que ilustram 
sua extensão analítica. A 
autora é uma referência 
obrigatória nas disciplinas 
que tratam de psicologia 
social, sendo conhecida 
por sua contribuição para 
a dimensão aplicada da 
disciplina.
LANE, S. T. M. 22. ed. São Paulo: 
Brasiliense, 2017.
Livro
Fundamentos de psicologia social 25
percebido como as pessoas exercem influência sobre como pensamos, 
sentimos e nos comportamos. Além disso, a definição de Allport salien-
ta que a influência social ocorre mesmo quando outras pessoas não 
estão fisicamente presentes, ou seja, mesmo sozinhos os indivíduos 
são influenciados, por exemplo, por normas culturais internalizadas.
Já para Lane, no clássico livro de 1981 (O que é psicologia social), a 
psicologia social “estuda a relação essencial entre o indivíduo e a so-
ciedade, esta entendida historicamente, desde como seus membros se 
organizam para garantir sua sobrevivência até seus costumes, valores 
e instituições” (2017, p. 10). A definição da autora enfatiza a dimensão 
sócio-histórica da relação entre o indivíduo e a sociedade, com profun-
das implicações sobre os mecanismos de influência social. Para Lane, 
a dimensão aplicada da produção científica possibilita relações mútuas 
entre os indivíduos e o contexto como agentes de transformação social 
ou, em suas palavras, como “agentes da história” (LANE, 2017, p. 10).
Em conjunto, essas definições enfatizam características como:
utilização do 
método científico 
para o estudo de 
processos cognitivos 
relacionados ao 
pensamento social, à 
influência social e às 
relações sociais;
relevância do papel 
das normas culturais 
na influência social;
ênfase nas 
formas como o 
comportamento 
individual é 
influenciado pelo 
ambiente social em 
que se insere;
dimensão aplicada da 
produção científica 
na compreensão 
do indivíduo como 
agente da história.
Assim, as áreas de estudo da psicologia social podem ser reunidas 
em três principais grupos: pensamento social, influência social e relações 
sociais. Em seguida, veremos como a psicologia social se relaciona com 
o senso comum e outras disciplinas.
1.2.1 Psicologia social e senso comum
O senso comum é uma espécie de conhecimento que se fundamen-
ta na experiência prática transmitida em diferentes formas de socia-
lização. São conhecimentos orientados para atividades práticas, logo, 
dirigidos a ações. O senso comum é tipicamente um raciocínio popular, 
dirigido a fazer sentido no cotidiano das pessoas. Por vezes, é associa-
do à intuição das pessoas, por exemplo, quando falamos que comer 
manga com leite faz mal ou que deixar um sapato com a sola virada 
para cima traz azar ou, ainda, que andar descalço durante o frio faz mal 
à saúde. São expressões típicas do senso comum e que, caso sejam 
submetidas à análise científica, podem inclusive estar corretas. Não pa-
rece ser o caso de nenhum desses exemplos.
No caso da psicologia social, não é diferente. Os fenômenos estu-
dados estão à nossa volta e compõem a rotina das pessoas. Por vezes, 
os resultados de pesquisas complexas serão coincidentes com os co-
nhecimentos populares. Em muitos outros casos, os resultados serão 
distintos. Nem toda descoberta científica será revolucionária, muitas 
de fato não são. O que de modo algum implica menor validade do co-
nhecimento científico. De antemão, não são os resultados em si que 
distinguem o senso comum e o pensamento científico, mas o caminho 
percorrido para alcançá-los e as formas de interpretá-los.
A respeito dos caminhos, a utilização do método sistemático, com 
controle de variáveis, replicável e falseável é um ponto importante 
de distinção.
Já as formas de interpretar os fenômenos mobilizam outros as-
pectos, cujos mecanismos são estudados, inclusive, pela própria psi-
cologia social.
A noção de viés de retrospectiva diz respeito aos erros ao julgar a 
previsibilidade do futuro com base nos conhecimentos prévios (MYERS, 
2014). Assim, por exemplo, é comum que quando ocorre um evento 
inesperado busquemos explicações com base em nossas próprias ex-
 Kumpanat Phewphong/Shutterstock
2626 Psicologia social aplicada à segurança Psicologia social aplicada à segurança
INTUIÇÃOLÓGICA
Fundamentos de psicologia social 27
periências. São mecanismos para tornar organizado o mundo ao nosso 
redor, facilitando a sua compreensão.
Normalmente, o viés de retrospectiva é generalizado, ou seja, ocorre 
com todas as pessoas em diferentes momentos. Myers (2014, p. 36) 
propõe o seguinte exercício para demonstrar esse conceito: componha 
dois grupos de pessoas, podem ser amigos, colegas, parentes. Depois, 
informe dois resultados contraditórios de pesquisas psicológicas para 
cada grupo. Ao primeiro, diga que:
Psicólogos sociais descobriram que somos atraídos por pessoas cujas 
características sejam diferentes das nossas. Isso vale quando escolhemosamigos ou nos apaixonamos.
Para o segundo grupo, diga que:
Psicólogos sociais descobriram que somos atraídos por pessoas cujas ca-
racterísticas sejam semelhantes às nossas. Isso vale quando escolhemos 
amigos ou nos apaixonamos.
Em seguida, pergunte o que as pessoas acharam desses resultados. 
Questione, ainda, se acharam o resultado surpreendente ou não. Mui-
to provavelmente, as pessoas encontrarão boas razões, alguns até com 
exemplos pessoais ou que ouviram falar, para justificar as máximas: os 
opostos se atraem, do primeiro caso, ou diga-me com quem andas e direi 
quem tu és, do segundo caso.
Esse é um exercício simples, porém revelador de como buscamos 
fazer sentido o mundo ao nosso redor. O conhecimento popular está 
pronto ao nosso alcance e é comumente utilizado. No entanto, ele 
ocorre após o fato, ou seja, não oferece condições de predição do que 
ocorrerá no futuro e isso a pesquisa científica busca oferecer. Não há 
nada de errado com a utilização do senso comum, muito pelo contrá-
rio, fazemos isso o tempo todo.
Contudo, a pesquisa científica é um poderoso recurso para nos auxi-
liar cotidianamente, inclusive avaliando se a sabedoria popular é válida 
ou não. De outra forma, o senso comum é uma espécie de engenheiro 
de obra pronta ou apenas o “eu já sabia” do nosso exemplo anterior, 
com limitadas possibilidades de predição dos fenômenos futuros e de 
suas circunstâncias.
para cima traz azar ou, ainda, que andar descalço durante o frio faz mal 
à saúde. São expressões típicas do senso comum e que, caso sejam 
submetidas à análise científica, podem inclusive estar corretas. Não pa-
rece ser o caso de nenhum desses exemplos.
No caso da psicologia social, não é diferente. Os fenômenos estu-
dados estão à nossa volta e compõem a rotina das pessoas. Por vezes, 
os resultados de pesquisas complexas serão coincidentes com os co-
nhecimentos populares. Em muitos outros casos, os resultados serão 
distintos. Nem toda descoberta científica será revolucionária, muitas 
de fato não são. O que de modo algum implica menor validade do co-
nhecimento científico. De antemão, não são os resultados em si que 
distinguem o senso comum e o pensamento científico, mas o caminho 
percorrido para alcançá-los e as formas de interpretá-los.
A respeito dos caminhos, a utilização do método sistemático, com 
controle de variáveis, replicável e falseável é um ponto importante 
de distinção.
Já as formas de interpretar os fenômenos mobilizam outros as-
pectos, cujos mecanismos são estudados, inclusive, pela própria psi-
cologia social.
A noção de viés de retrospectiva diz respeito aos erros ao julgar a 
previsibilidade do futuro com base nos conhecimentos prévios (MYERS, 
2014). Assim, por exemplo, é comum que quando ocorre um evento 
inesperado busquemos explicações com base em nossas próprias ex-
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2626 Psicologia social aplicada à segurança Psicologia social aplicada à segurança
INTUIÇÃOLÓGICA
28 Psicologia social aplicada à segurança
1.2.2 Interseções analíticas
A psicologia social é uma área ainda pouco conhecida da psicologia 
pela maioria das pessoas. Não raro, os psicólogos sociais são associa-
dos às atividades típicas dos psicólogos clínicos, por exemplo. Antes 
de iniciar a leitura deste capítulo, qual foi a sua primeira impressão 
sobre o que iria encontrar? Ao comentar com colegas ou familiares que 
está estudando sobre psicologia social, quais foram as reações deles? 
Não seria surpreendente se alguém lhe pedisse ajuda para analisar 
alguém ou alguma situação. Talvez você também esperasse encontrar 
elementos típicos da psicologia clínica. Em comum, essas impressões 
estão relacionadas à forma como o senso comum associa a psicologia 
ao tratamento de desordens ou transtornos sob o ponto de vista clí-
nico. Entretanto, a psicologia é muito ampla e diversa, com interesses 
e metodologias distintas entre suas áreas de especialização, como a 
psicologia social.
Por exemplo, enquanto a psicologia clínica enfatiza a compreensão 
e o tratamento de condições comportamentais, como os transtornos, 
a psicologia social analisa as formas mais comuns que as pessoas uti-
lizam para pensar, sentir, relacionar-se e influenciar-se mutuamente 
(ARONSON; WILSON; AKERT, 2018). Na análise da personalidade, os psi-
cólogos clínicos enfatizam as diferenças entre os indivíduos, enquanto 
os psicólogos sociais se dedicam a compreender como fatores e ele-
mentos sociais impactam os indivíduos apesar de seus traços de per-
sonalidade. De toda forma, é comum que as explicações entre as áreas 
da psicologia colaborem entre si.
A psicologia social está inserida no contexto da psicologia. Como 
tal, compartilha conceitos, objetos, preocupações e perspectivas com 
outras áreas da psicologia. A psicologia clínica dedica-se, por exemplo, 
ao cuidado e ao tratamento de pessoas com pensamentos ou compor-
tamentos que possam comprometer a sua saúde. O psicólogo social, 
por sua vez, ocupa-se com a dimensão relacional e típica de comporta-
mentos, pensamentos e sentimentos.
De modo geral, a psicologia social aproxima os interesses da psi-
cologia, com foco no comportamento individual e seus processos, 
àqueles da sociologia, com foco nas estruturas sociais e nos processos 
coletivos. A psicologia social enfatiza a natureza social dos indivíduos. 
Fundamentos de psicologia social 29
Esse enfoque propicia intersecções com outras áreas de estudo, como 
a sociologia. São muitos os interesses comuns entre a sociologia e a 
psicologia social, não sendo raras trajetórias de pesquisadores com in-
fluências de ambas as áreas. Contudo, são abordagens distintas, com 
características e interesses próprios.
De maneira geral, a sociologia tende a privilegiar a análise de cate-
gorias como classe, instituições e estrutura sobre fenômenos sociais. 
Naturalmente, o indivíduo faz parte do conjunto analítico mobilizado 
por sociólogos, mas, diferentemente da psicologia social, as explica-
ções consideram aspectos relacionados à estrutura social, ao grupo, às 
instituições ou até mesmo à sociedade de modo geral.
Com isso, as unidades de análise da explicação sociológica tendem 
a incluir grupos, bairros, vizinhanças, cidades etc., enfatizando carac-
terísticas sociais e demográficas, como gênero, classe social, faixa etá-
ria, raça, entre outras. Já a psicologia social analisa características dos 
indivíduos, utilizando categorias como atitudes, percepções, valores e 
motivação. Nesse caso, a unidade de análise é o indivíduo em um dado 
contexto social, tendo como objetivo identificar características indivi-
duais que estejam relacionadas com a influência social.
Essa distinção pode ser mais bem explorada por meio da análise 
da violência. Na qualidade de fenômeno, a violência pode ser descri-
ta por diferentes variáveis, por exemplo, a incidência de homicídios. 
Sociólogos e psicólogos sociais, ao analisarem aspectos relacionados 
à violência, enfatizam aspectos distintos do mesmo fenômeno e, por 
vezes, oferecem explicações complementares. Assim, é comum que 
psicólogos sociais busquem compreender as causas de comportamen-
tos agressivos ou preconceituosos que podem resultar em homicídios, 
por exemplo.
Para tanto, são mobilizados conceitos como aprendizado, reforço, 
frustração, autocontrole, entre outros. Já os sociólogos tendem a ana-
lisar características sociais que possam influenciar a incidência criminal, 
como condições de renda, faixa etária, raça, até infraestrutura urbana e 
tendências demográficas. Com isso, até mesmo as perguntas de pesqui-
sa comumente são diferentes nesses casos: enquanto o sociólogo ques-
tionaria “como as características das vizinhanças impactam a incidência 
criminal?”, o psicólogo social estaria interessado em questionar: “como 
processos de aprendizagem influenciam comportamentos agressivos?”.
1.3 Métodos de pesquisa 
Vídeo As relações entre o indivíduo e a sociedade são complexas. Por um 
lado, os indivíduos exercem influência entre si, impactandopessoas 
próximas, como amigos e familiares, e até desconhecidos. As dinâmicas 
de comunicação no meio digital têm agregado novas condicionantes e 
modificado o alcance dessas influências. Por outro lado, os indivíduos 
são influenciados pelos demais, refletindo nos comportamentos, sen-
timentos e atitudes. Em ambos os sentidos, a psicologia social busca 
analisar diferentes objetos com base em diversos métodos e técnicas 
de pesquisa.
Os métodos de pesquisa em psicologia social são variados e, comu-
mente, são utilizados de modo complementar em uma mesma pes-
quisa. Essa é a noção de abordagem multimétodos, segundo a qual 
são reconhecidas as vantagens e as desvantagens de abordagens iso-
ladamente, o que é mitigado com a utilização de mais de um método 
para estudar o mesmo fenômeno (GÜNTHER, 2011). Em última medi-
da, particularmente nas ciências sociais, as incertezas são muitas e a 
abordagem multimétodos melhora a qualidade dos resultados. A esse 
respeito, Sommer e Sommer (2002) sugerem a seguinte distinção entre 
os métodos de pesquisa em ciências sociais:
Apresentar os principais 
métodos utilizados em 
pesquisas no campo de 
psicologia social.
Objetivo de aprendizagem
PESQ
UISA
Base d
e dado
s
Anális
e
teste
Ra
wp
ix
el
.c
om
/S
hu
tte
rs
to
ck
3030 Psicologia social aplicada à segurança Psicologia social aplicada à segurança
Fundamentos de psicologia social 31
1.3 Métodos de pesquisa 
Vídeo As relações entre o indivíduo e a sociedade são complexas. Por um 
lado, os indivíduos exercem influência entre si, impactando pessoas 
próximas, como amigos e familiares, e até desconhecidos. As dinâmicas 
de comunicação no meio digital têm agregado novas condicionantes e 
modificado o alcance dessas influências. Por outro lado, os indivíduos 
são influenciados pelos demais, refletindo nos comportamentos, sen-
timentos e atitudes. Em ambos os sentidos, a psicologia social busca 
analisar diferentes objetos com base em diversos métodos e técnicas 
de pesquisa.
Os métodos de pesquisa em psicologia social são variados e, comu-
mente, são utilizados de modo complementar em uma mesma pes-
quisa. Essa é a noção de abordagem multimétodos, segundo a qual 
são reconhecidas as vantagens e as desvantagens de abordagens iso-
ladamente, o que é mitigado com a utilização de mais de um método 
para estudar o mesmo fenômeno (GÜNTHER, 2011). Em última medi-
da, particularmente nas ciências sociais, as incertezas são muitas e a 
abordagem multimétodos melhora a qualidade dos resultados. A esse 
respeito, Sommer e Sommer (2002) sugerem a seguinte distinção entre 
os métodos de pesquisa em ciências sociais:
Apresentar os principais 
métodos utilizados em 
pesquisas no campo de 
psicologia social.
Objetivo de aprendizagem
PESQ
UISA
Base d
e dado
s
Anális
e
teste
Ra
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ix
el
.c
om
/S
hu
tte
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to
ck
3030 Psicologia social aplicada à segurança Psicologia social aplicada à segurança
Quadro 1
Exemplos de pesquisa social
Tema Abordagem Técnicas de pesquisa
Comportamento em ambiente público Observar os indivíduos Observação direta
Comportamento em ambiente privado Registrar eventos em um diário Documentos
Pensamentos, ideias, convicções Perguntar aos indivíduos Entrevistas, questionários
Traços de personalidade ou habilidades mentais Utilizar testes padronizados Testes psicológicos
Padrões (materiais escritos ou visuais) Tabular as respostas a testes Análise de conteúdo
Experiências anteriores Avaliar documentos Pesquisa documental
Fonte: Sommer; Sommer, 2002, p. 6 apud Gunther, 2011, p. 57.
Entre as diferentes abordagens, destacaremos as perspectivas ob-
servacional, correlacional e experimental (ARONSON; WILSON; AKERT, 
2018). Vejamos mais sobre cada uma delas.
1.3.1 Perspectiva observacional
A perspectiva observacional privilegia a descrição do comportamen-
to humano por meio da observação dos indivíduos e do registro de 
características que permitam distinguir padrões e diferenças. Essa es-
tratégia pode assumir diferentes formas e ser realizada por meio de 
técnicas que dependem das circunstâncias e das características da pes-
quisa e de seus objetivos, bem como dos fenômenos observados.
Um exemplo é quando um pesquisador acompanha a rotina de alu-
nos em uma sala de aula para compreender comportamentos altruís-
tas entre eles. Essa é uma situação em que a observação dos diferentes 
aspectos dos alunos, naquele contexto, permite compreender elemen-
tos que dificilmente seriam perceptíveis por meio de questionários.
A observação comumente não requer equipamentos tecnológicos, 
mas demanda tempo para sua realização. Por vezes, os pesquisadores 
permanecem dias, semanas e até meses observando seus sujeitos de 
pesquisa. Entre os procedimentos adotados pelos pesquisadores, es-
tão o registro em cadernos de campo ou em gravações de áudio dos 
aspectos observados, além da categorização em termos de frequência, 
intensidade, características e outros elementos importantes do contex-
to observado (LAVILLE; DIONNE, 1999).
Outra técnica de pesquisa observacional são as entrevistas quali-
tativas. De modo semelhante a outras áreas do conhecimento, as en-
Victor FlowerFly/Shutterstock
3232 Psicologia social aplicada à segurança Psicologia social aplicada à segurança
trevistas são técnicas de pesquisa que permitem o contato direto do 
pesquisador com os seus interlocutores. Normalmente, os pesquisa-
dores apresentam os objetivos das entrevistas, informam sobre as con-
dições de confidencialidade e, caso desejem gravar a conversa, pedem 
o consentimento do entrevistado. As entrevistas geralmente são orga-
nizadas por meio de roteiros semiestruturados ou estruturados que 
contemplam os principais aspectos da interação. Espera-se que nas en-
trevistas o indivíduo tenha oportunidade de apresentar o seu ponto de 
vista a respeito dos temas, cabendo ao pesquisador explorar aspectos 
que lhe sejam interessantes.
Por fim, destacamos a análise de conteúdo. Nesse caso, o pesqui-
sador busca descrever e sistematizar o conteúdo da comunicação, seja 
ela por escrita, verbal ou por imagens (GÜNTHER, 2011). Os procedi-
mentos da análise de conteúdo envolvem a análise de textos, trans-
crições de entrevistas ou imagens a respeito do fenômeno estudado. 
Por exemplo, a análise de posts em redes sociais pode revelar aspectos 
sobre comportamentos antissociais. Nesse caso, os objetos analisados 
seriam tanto os textos quanto os vídeos e as fotos postadas. Entre os 
diferentes procedimentos analíticos, existem softwares que auxiliam 
os pesquisadores na análise de conteúdo e nas entrevistas, como o 
NVivo, o AtlasTI e o MAXqda.
1.3.2 Perspectiva correlacional
A perspectiva correlacional busca predizer o comportamento so-
cial por meio da análise das relações entre variáveis. Para tanto, essas 
Fundamentos de psicologia social 33
variáveis são exaustivamente observadas, medidas e analisadas. Com 
isso, passa a ser possível predizer uma variável com base em outra. 
Por exemplo: qual é a relação entre o acesso a filmes violentos com a 
agressividade? Existe uma relação entre ser vítima de violências sexuais 
quando criança e cometer essas violências quando adulto? Para res-
ponder a essas questões, a perspectiva correlacional pode ser utilizada.
As pesquisas correlacionais não oferecem conclusões sobre causa 
e efeito, ou seja, não permitem afirmar que a variável A é a causa da 
variável B. De outra forma, esse tipo de pesquisa não permite concluir 
que a mudança em uma variável altere outra variável (MYERS, 2014).
Com relação ao exemplo anterior, esse tipo de pesquisa permite 
prever a probabilidade de que o acesso a filmes com conteúdo violen-
to influencie comportamentos agressivos. Por outro lado, não permite 
dizer se a mudança de uma variável (assistir a filmes violentos) causará 
alterações em outras (comportamentos agressivos). Essa probabilida-
de é expressa por meio de um coeficiente de correlação (conhecido 
como r), que quantifica o grau de relacionamento entre dois fatores.
Essecoeficiente varia entre -1 e +1, assim como afirmamos que dois 
fatores têm coeficiente de correlação de -0.5, isso quer dizer que a rela-
ção é negativa entre eles. Isso significa que o aumento do valor de uma 
variável está associado à redução do valor de outra.
As pesquisas correlacionais normalmente utilizam os dados coleta-
dos em surveys ou questionários. Esses instrumentos são aplicados em 
amostras representativas e aleatórias 1 da população, consistindo em 
perguntas sobre atitudes ou comportamentos (ARONSON; WILSON; 
AKERT, 2018). Uma das vantagens dos surveys é a possibilidade de ana-
lisar variáveis que dificilmente seriam observadas em outros contextos, 
por exemplo, sexo, etnia e status social.
1.3.3 Perspectiva experimental
A perspectiva experimental reúne estratégias de pesquisa que per-
mitem estabelecer relações de causa e efeito. A observação dos fe-
nômenos e a constatação de correlações não permitem discernir os 
mecanismos de causa e efeito entre as diferentes variáveis. Para tanto, 
os psicólogos sociais simulam em laboratório situações que permitem 
observar aspectos dos fenômenos estudados. A simulação de situa-
ções sociais consiste na reprodução de condicionantes importantes de 
nossas vidas.
Amostras aleatórias são 
amostras em que todos 
aqueles que integram a 
população estudada pos-
suem as mesmas chances 
de serem selecionados.
1
34 Psicologia social aplicada à segurança
Grosso modo, são importantes os seguintes conceitos: variáveis in-
dependentes, variáveis dependentes e designação aleatória. As variá-
veis sobre as quais o pesquisador tem controle no experimento são 
denominadas independentes. A variável que expressa o fenômeno es-
tudado é a variável dependente. Já a designação aleatória é a condi-
ção segundo a qual os sujeitos de pesquisa apresentam as mesmas 
condições de serem selecionados para integrarem os grupos de con-
trole (aquele que não sofrerá efeitos de alteração das variáveis) e ex-
perimental (aquele que será submetido a variações). Vamos utilizar um 
exemplo para ilustrar a perspectiva experimental e seus conceitos.
Imaginemos que estamos estudando os efeitos de assistir a progra-
mas violentos com comportamentos agressivos. Será que as crianças 
aprendem e repetem os comportamentos a que assistem na televisão? 
Para tanto, pesquisadores conduziram um experimento em que crian-
ças do ensino fundamental eram aleatoriamente divididas em dois 
grupos: controle e tratamento. Para o primeiro grupo, foram exibidos 
episódios sem violência e para o segundo, episódios com violência.
Logo após o episódio, as crianças foram observadas e aquelas que 
viram o episódio violento cometeram sete vezes mais atos agressivos 
por intervalos de dois minutos do que aquelas que não viram o mes-
mo conteúdo. Em conjunto, esses experimentos indicam que assistir a 
programas violentos pode ser uma causa do comportamento agressivo 
observado naquelas crianças (BOYATZIS et al., 1995 apud MYERS, 2014).
Com base nesse exemplo, identificamos que a variável dependente 
é o comportamento agressivo das crianças. A variável independente é 
a exposição ou não a episódios violentos. O grupo de controle assistiu 
aos episódios sem violência e o grupo experimental, com violência. É 
importante destacar que os alunos foram designados de maneira alea-
tória para cada um dos grupos.
Alguns aspectos são importantes na perspectiva experimental. Primei-
ro, o design de pesquisa parece ser relativamente simples, mas na prática 
não é. As medidas que o pesquisador deve adotar para garantir as condi-
ções do experimento são, por vezes, difíceis de serem alcançadas, exigin-
do a repetição de várias etapas do experimento. Segundo, a designação 
aleatória ou randomizada é central para a perspectiva experimental.
Ao garantir que os participantes apresentam as mesmas chances de 
serem designados para qualquer grupo do experimento, o pesquisador 
Fundamentos de psicologia social 35
pode assumir com alguma certeza que as diferenças nas características 
dos participantes (condições socioeconômicas, atitudes, personalida-
de) são distribuídas igualmente entre os grupos analisados. Com isso, 
as diferenças nas variáveis de interesse podem ser atribuídas às modi-
ficações promovidas pelo próprio pesquisador.
Por fim, as condições éticas de realização de experimentos nem 
sempre são inofensivas para os participantes. Os cuidados na realiza-
ção de pesquisas com seres humanos exigem medidas, como a sub-
missão dos projetos de pesquisa aos comitês de ética em pesquisa, 
órgãos com responsabilidade sobre a avaliação e a autorização de pes-
quisas em alguns contextos.
Em suma, não existe uma estratégia essencialmente melhor do que 
a outra. Todas apresentam pontos positivos e negativos. A adequação 
de cada estratégia está relacionada aos objetivos de pesquisa e às con-
dicionantes para sua realização. Assim, a escolha do pesquisador de-
pende do caso concreto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A psicologia social oferece abordagens muito particulares sobre a vida 
em sociedade. São lentes que permitem compreender as relações sociais 
de maneiras diferentes. Os conceitos e as definições propostas por psicó-
logos sociais são instrumentos para lidar com a complexidade da vida em 
sociedade. Desde comportamentos agressivos até relações de afeto, os 
objetos de estudo da psicologia social são diversos.
As conclusões de estudos nessa área têm sido utilizadas como subsí-
dios para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Essa é uma das 
características do desenvolvimento dessa área de estudos: sua dimensão 
aplicada. Suas implicações em áreas como a segurança vão desde a com-
preensão de comportamentos agressivos e criminosos até estratégias de 
prevenção criminal.
ATIVIDADES
Atividade 1
Explique a influência da Segunda Guerra Mundial no desenvolvimen-
to dos estudos em psicologia social.
36 Psicologia social aplicada à segurança
Atividade 2
Defina a psicologia social (segundo David Myers) e apresente as princi-
pais características do campo de estudos.
Atividade 3
Enumere e caracterize as três perspectivas analíticas da psicologia 
social.
REFERÊNCIAS
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ARONSON, E. (org). Handbook of social psychology. 3. ed. Nova York: Addison-Wesley, 1985.
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Paulo: McGraw-Hill, 2007.
ARONSON, E.; WILSON, T. D.; AKERT, R. M. Social psychology. 9. ed. Londres: Pearson 
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1961.
ESTRAMIANA, J. L. Á. et al. Introducción a la psicología social sociológica. Barcelona: Editorial 
UOC, 2007.
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KASSIN, P.; FEIN, S.; MARKUS, H. R. Social Psychology. 10. ed. Boston: Cengage Learning, 
2017.
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LAVILLE, C.; DIONNE, J. A construção do saber. Belo Horizonte: Editora UFMG/Artmed, 1999.
MILGRAM, S. Obedience to authority: an experimental view. Nova York: Harper & Row, 1974.
MYERS, D. G. Psicologia social. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
RAINE, A. A anatomia da violência: as raízes biológicas da criminalidade. São Paulo: Artmed, 
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SOMMER, B. B.; SOMMER, R. A practical guide to behavioral research: tools and techniques.5. ed. Nova York: Oxford University Press, 2002.
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Journal of Psychology, v. 9, n. 4, p. 507–533, 1898.
Personalidade, agressões e violências 37
2
Personalidade, 
agressões e violências
Os fenômenos relacionados à agressividade são estudados por pes-
quisadores em diferentes áreas do conhecimento, como a psicologia, a 
sociologia, a ciência política, a filosofia, entre outras. Na psicologia social, o 
conhecimento acumulado ao longo do tempo permite compreender me-
lhor a agressividade e suas motivações. 
Neste capítulo, analisaremos os diferentes tipos de comportamentos 
agressivos e discutiremos, à luz da psicologia social, as motivações mais 
frequentes para agressões e violências. Além disso, apresentaremos as re-
lações entre a violência e a mídia, salientando suas principais implicações.
2.1 Agressões e violência: definições e conceitos 
Vídeo Para iniciarmos nossos estudos sobre agressões e violência, leia a 
seguinte notícia:
Apresentar as definições e 
os conceitos relacionados 
a agressões e a violências, 
diferenciando as suas 
principais características.
Objetivos de aprendizagem No dia 9 de junho de 2021, Lázaro Sousa tornou-se conheci-
do em todo o país. O homem de 32 anos invadiu uma chácara 
na zona rural de Ceilândia, no Distrito Federal (DF), e matou 
três pessoas de uma mesma família, sendo o pai, Cláudio Vidal 
(48 anos), e dois filhos, Carlos Vidal (15 anos) e Gustavo Vidal 
(21 anos). O corpo da mãe, Cleonice Marques (43 anos), foi en-
contrado três dias depois em um córrego próximo à fazenda. 
Lázaro já era foragido da justiça por crimes cometidos em 2011, 
2018 e 2020, entre eles um homicídio em Barra do Mendes, 
Bahia, sua cidade natal. Após os homicídios no DF, uma grande 
operação policial foi montada para perseguir o criminoso. Mais 
Estudo de caso
(Continua)
38 Psicologia social aplicada à segurança
de 200 policiais de diferentes órgãos estaduais, distritais e fede-
rais foram mobilizados na busca de Lázaro no entorno do DF. A 
notícia foi acompanhada em todo o país pela televisão, geran-
do apreensão até mesmo em quem estava longe. Escondido na 
área rural, o criminoso deixou um rastro de crimes e destruição 
por onde passou ao longo dos 20 dias. Foram carros roubados, 
trocas de tiro, reféns, carros e casas queimadas. 
Fonte: Adaptado de Galvão e Puljiz, 2021. 
Ao longo desses 20 dias, muitas pessoas se fizeram perguntas sobre 
as motivações de Lázaro para crimes tão bárbaros. As respostas mais 
comuns nas redes sociais atribuíam esses comportamentos a proble-
mas de criação, leniência da justiça e até causas sobrenaturais. Na ver-
dade, os comportamentos agressivos mobilizam a atenção das pessoas 
há bastante tempo.
As agressões são fenômenos diversos e que assumem muitas for-
mas. Não é simples estabelecer uma definição única que reúna toda 
essa diversidade. O que existe de comum entre o comportamento de 
uma criança que intencionalmente puxa o cabelo de outra para ficar 
com um brinquedo e o comportamento de um criminoso que, com um 
golpe de faca, atinge uma pessoa para roubá-la? São situações que se 
colocam em extremos opostos quanto à intensidade e às suas conse-
quências. Ainda assim, ambas podem ser definidas como agressões. A 
literatura psicológica apresenta relativo consenso sobre a definição de 
agressão como sendo “aqueles comportamentos físicos ou verbais diri-
gidos a causar danos em outras pessoas” (MYERS, 2014). Essa definição 
apresenta dois pontos principais:
É enfatizada a intenção de causar danos. Logo, 
eventuais danos involuntários ou colaterais são 
excluídos. Por exemplo, imagine que uma pessoa 
se distraia no trânsito e cause um acidente. 
Por não existir a intenção de provocar o dano, 
a literatura psicológica não interpreta essa 
situação como sendo uma agressão. Os danos 
à propriedade e à imagem tanto de pessoas 
quanto de empresas podem ser considerados 
comportamentos agressivos quando existir o 
objetivo de causar prejuízo. 
Os comportamentos 
agressivos podem ser 
tanto físicos, como 
socos e chutes, quanto 
verbais, como ameaças e 
insultos. 
Personalidade, agressões e violências 39
Outros pesquisadores destacam aspectos adicionais na definição 
de agressões. Para Allen e Anderson (2017), as agressões são dirigidas 
a pessoas motivadas a evitar esses danos. Segundo essa definição, 
descartam-se fenômenos como o masoquismo, em que as pessoas 
sentem prazer pela dor, e o suicídio. Além disso, esses autores sa-
lientam que as agressões são comportamentos observáveis (não po-
dendo ser pensamentos ou sentimentos), intencionais e dirigidos a 
pessoas (não podendo ser contra objetos).
Existe, ainda, uma subdivisão no conceito: a agressividade hostil 
e a agressividade instrumental (MYERS, 2014). No primeiro caso, a 
motivação é um sentimento intenso, como a raiva, e seu objetivo é 
causar dano, machucar ou ferir. Por exemplo, algumas das violên-
cias comuns nos noticiários, como brigas, discussões e homicídios, 
são comumente agressividades hostis por terem no dano causado 
o seu objetivo. Contudo, existem casos em que as agressões são 
meios para alcançarem outros fins, ou seja, por meio dos danos ou-
tros objetivos são alcançados. 
Nesses casos, a agressividade é do tipo instrumental. Por exem-
plo, as guerras e os ataques terroristas normalmente se valem de 
ações violentas para alcançarem outros objetivos, como a sujeição 
dos demais a seus propósitos políticos ou a demonstração de su-
perioridade étnico-religiosa (MYERS, 2014). No campo de estudos 
sobre agressões, existem outras subdivisões conhecidas, conforme 
descrito no quadro a seguir:
Quadro 1
Tipologia de comportamentos agressivos
Modalidade de resposta
Verbal – por exemplo: xingamentos.
Física – por exemplo: socos e chutes.
Postura – por exemplo: gestos ameaçadores.
Relacional – por exemplo: deixar de falar com alguém.
Proximidade
Direta – por exemplo: um murro no rosto de outra pessoa.
Indireta – por exemplo: espalhar rumores de outras pessoas sem que elas saibam.
Qualidade da resposta
Agir – por exemplo: obrigar alguém a ter relações sexuais.
Deixar de agir – por exemplo: deixar de prestar informações importantes para um 
colega no trabalho.
(Continua)
40 Psicologia social aplicada à segurança
Visibilidade
Aberto – por exemplo: humilhar alguém na frente de outras pessoas.
Disfarçado – por exemplo: enviar mensagens de texto ameaçadoras para um co-
lega de sala.
Instigação
Proativo (não provocado) – por exemplo: pegar um brinquedo de outra criança.
Reativo (provocado) – por exemplo: gritar com alguém após ser atacado fisicamente.
Direcionamento
Hostil – por exemplo: bater em alguém por raiva ou frustração.
Instrumental – por exemplo: fazer um refém e exigir o resgate.
Tipo de dano
Físico – por exemplo: ossos quebrados.
Psicológico – por exemplo: pesadelos
Duração dos efeitos
Passageiro – por exemplo: pequenos arranhões.
Duradouro – por exemplo: inabilidade permanente para estabelecer relações.
Unidades sociais 
envolvidas
Indivíduos – por exemplo: violências conjugais.
Grupos – por exemplo: guerras e protestos.
Fonte: Adaptado de Krahé, 2013.
É comum que as pessoas confundam agressões com violências. 
Tecnicamente, contudo, há diferenças. Em termos conceituais, a psi-
cologia social interpreta a violência como sendo um subconjunto de 
agressões (ALLEN; ANDERSON, 2017). Assim, a violência é uma forma 
grave de agressão que tem como objetivo agressões físicas severas. 
De maneira semelhante à agressão, o resultado de uma violência pode 
não existir e ainda assim ser considerado um comportamento violento. 
Quando, por exemplo, uma pessoa atira com uma arma de fogo contra 
outra e erra o disparo, mesmo tendo errado, o comportamento é consi-
derado violento. Portanto, a violência está em um extremo oposto a um 
puxão de cabelo (utilizando o nosso exemplo anterior) em uma escala de 
severidade de agressões. Todos os atos violentos são considerados

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