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SUS E ESPECÍFICA

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Sistema Único de Saúde - SUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SISTEMA ÚNICO 
DE SAÚDE 
(SUS) 
SUMÁRIO: 
1. Evolução histórica da organização do sistema de saúde no Brasil e a construção do 
Sistema Único de Saúde (SUS) princípios, diretrizes e arcabouço legal........................3 
2. Controle Social no SUS........................................................................................ ..........8 
3. Resolução no 453/ 2012, do Conselho Nacional de Saúde.............................................8 
4. Política Nacional de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde.........11 
5. Constituição Federal, artigos de 194 a 200...................................................................20 
6. Lei Orgânica da Saúde - Lei no 8.080/1990.................................................................22 
7. Lei no 8.142/1990 e.......................................................................................... ............31 
8. Decreto Presidencial no 7.508/2011.............................................................................32 
9. Determinantes Sociais da Saúde...................................................................................36 
10. Sistemas de Informação em Saúde...............................................................................41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sistema Único de Saúde - SUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sistema Único de Saúde - SUS 
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ORGANIZA-
ÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO BRA-
SIL E A CONSTRUÇAO DO SISTEMA ÚNICO DE 
SAÚDE 
1.1. Período Anterior à Constituição de 1981 
Até a criação do Sistema Único de Saúde - SUS, o 
Ministério da Saúde, apoiado por Estados e Municípios, 
desenvolveu basicamente ações de promoção da saúde e 
de prevenção de doenças, merecendo destaque as cam-
panhas de vacinação e controle de endemias. A atuação 
na área de assistência à saúde ocorreu por meio de al-
guns poucos hospitais especializados, além da ação da 
Fundação de Serviços Especiais de Saúde Pública – 
FSESP em regiões específicas do país. 
À época, tal ação era prestada à parcela da popula-
ção definida como “indigente” por alguns Municípios e 
Estados e, principalmente, por instituições de caráter fi-
lantrópico. 
A população não tinha direito e a assistência que re-
cebia era prestada na condição de caridade. 
Nesse período, a assistência à saúde mantinha es-
treita vinculação com as atividades previdenciárias e o 
caráter contributivo do sistema existente gerava uma di-
visão da população brasileira em dois grandes grupos 
(além da pequena parcela da população que podia pagar 
os serviços de saúde por sua própria conta): previdenciá-
rios e não previdenciários. 
Essa divisão separava a população brasileira. Al-
guns, representados por contribuintes da previdência, ti-
nham um acesso mais amplo à assistência à saúde dis-
pondo de uma rede de serviços e de prestadores de servi-
ços ambulatoriais e hospitalares providos pela previdên-
cia social por meio do INAMPS; outros, restante da po-
pulação brasileira, com acesso bastante limitado à assis-
tência à saúde. 
Com a crise de financiamento da Previdência a par-
tir de meados da década de 70, o INAMPS adota várias 
providências para racionalizar suas despesas e começa, 
na década de 80, a “comprar” serviços do setor público 
(redes de unidades das Secretarias Estaduais e Munici-
pais de Saúde), inicialmente através de convênios. A as-
sistência à saúde prestada pela rede pública, mesmo com 
o financiamento do INAMPS apenas para os seus bene-
ficiários, preservava o seu caráter de universalidade da 
clientela. 
Porém, conforme discorrem Falleiros e Lima, tal 
período é marcado pela rearticulação das forças políticas 
nacionais e de discussão e mobilização popular pela de-
mocratização da saúde e do próprio regime político do 
país. 
De fato, a criação do Centro Brasileiro de Estudos 
em Saúde e da Associação Brasileira de Pós-Graduação 
em Saúde Coletiva, em 1979, foram de grande importân-
cia na luta pela democratização da saúde e da sociedade 
brasileira. 
A luta pelo fim da ditadura militar levou a área da 
saúde a organizar os simpósios de Política Nacional de 
Saúde da Câmara dos Deputados. Nesse período de reor-
ganização da sociedade civil, forças políticas ligadas à 
saúde pública passaram a discutir questões ligadas à re-
democratização do país e ao acesso aos serviços de saúde 
junto ao Legislativo. Tal período foi de crise ideológica 
acerca do modelo de saúde a ser adotado, que colocou 
em confronto privatistas e publicistas. 
Na década de 80, o INAMPS adota uma série de 
medidas que o aproximam ainda mais de uma cobertura 
universal de clientela, dentre as quais se destaca o fim da 
exigência da Carteira de Segurado do INAMPS para o 
atendimento nos hospitais próprios e conveniados da re-
de pública. Esse processo culminou com a instituição do 
Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde – SUDS, 
implementado por meio da celebração de convênios en-
tre o INAMPS e os Governos Estaduais. 
Em meados da década de 80, começam a ser im-
plementadas as Ações Integradas de Saúde (AIS), cujas 
principais diretrizes eram a universalização, a acessibili-
dade, a descentralização, a integralidade e a participação 
comunitária. 
Ainda segundo Falleiros e Lima, a VIII Conferência 
Nacional de Saúde (1986) foi um marco do processo de 
formulação de um novo modelo de saúde pública univer-
sal, visando romper com a cisão estrutural entre saúde 
pública e medicina curativa individual, e com a intensa 
privatização que então caracterizava o sistema de saúde 
brasileiro. 
Reunindo um amplo espectro de alianças, a VIII 
CNS contou com a participação de milhares de represen-
tantes de diversas entidades da sociedade civil, profissi-
onais de saúde, usuários do sistema e prestadores de ser-
viços de saúde públicos. Os prestadores de serviços pri-
vados foram os grandes ausentes nos debates travados 
nessa Conferência, considerada como o maior evento de 
discussão dos problemas enfrentados pela saúde pública 
brasileira. Apesar dos interesses e preocupações muitas 
vezes conflitantes, as forças progressistas aprovaram o 
princípio de que a saúde é um direito de todos e um de-
ver do Estado, a ser implementado com a unificação, a 
democratização e a descentralização do sistema de saú-
de, depois inscrita na Constituição Federal de 1988; am-
pliaram e politizaram o conceito de saúde, compreendido 
como resultante das condições de alimentação, habita-
ção, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transpor-
te, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra, e 
acesso aos serviços de saúde; e aprovaram propostas re-
lativas às bases financeiras do sistema, incorporadas pos-
teriormente ao texto constitucional e um dos principais 
problemas que o Sistema Único de Saúde (SUS) enfren-
taria nas décadas de 1990 e 2000. A partir da VIII CNS, 
a saúde passou a ser considerada antes de tudo como re-
sultado das formas de organização social da produção, as 
quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de 
vida, devendo ser entendida no contexto histórico de ca-
da sociedade no seu estágio de desenvolvimento. 
1.2. Período Posterior à Constituição Federal de 
1988 
A Constituição de 1988 incorporou mudanças no 
papel do Estado e alterou profundamente o arcabouço ju-
rídico-institucional do sistema público de saúde, criando 
novas relações entre as diferentesesferas de governo, 
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Sistema Único de Saúde - SUS 
novos papéis entre os atores do setor, dando origem, en-
fim, ao Sistema Único de Saúde. 
De fato, pela primeira vez, a Constituição estabele-
ceu de forma relevante uma seção sobre a saúde que trata 
de três aspectos principais. Em primeiro lugar, incorpora 
o conceito mais abrangente de que a saúde tem como fa-
tores determinantes e condicionantes o meio físico (con-
dições geográficas, água, alimentação, habitação, idade, 
sexo, herança genética, etc.); e a oportunidade de acesso 
aos serviços que visem à promoção, proteção e recupera-
ção da saúde. Isso implica que, para se ter saúde são ne-
cessárias ações em vários setores, além do Ministério da 
Saúde e das secretarias de saúde. Isto só uma política 
governamental integrada pode assegurar. 
Também legitima o direito de todos (art. 196) sem 
qualquer discriminação às ações de saúde em todos os 
níveis, assim como, explicita que o dever de prover o 
pleno gozo desse direito é responsabilidade do Governo, 
isto é, do poder público. Ou seja, a partir da nova consti-
tuição, a condição para se ter direito de acesso aos servi-
ços e ações de saúde é precisar deles. 
Finalmente, estabelece o Sistema Único de Saúde - 
SUS (art. 198), de caráter público, constituído por rede 
de serviços regionalizada, hierarquizada e descentraliza-
da, com direção única em cada esfera de governo. 
Compete ao SUS prestar assistência às pessoas por 
intermédio de ações de promoção, proteção e recupera-
ção da saúde, com a realização integrada das ações assis-
tenciais e das atividades preventivas, aí incluídas as 
ações de vigilância sanitária, vigilância epidemiológica, 
saúde do trabalhador e assistência terapêutica integral, 
inclusive farmacêutica, sendo tais competências fixadas 
também em norma constitucional (art. 200). 
1.3. A Saúde e o Federalismo no Brasil 
O federalismo, como forma de organização política 
do estado moderno, é reconhecido na formação do estado 
norte-americano. A partir da Constituição Norte-
Americana de 1787, ficou instituída a conformação de 
um estado soberano, mas não unitário, onde a União pas-
sou a concentrar a capacidade de decisão soberana sobre 
as competências essenciais à existência de um estado 
moderno: a política externa, o comércio exterior, a arre-
cadação de impostos e a administração da justiça em as-
suntos de interesse nacional; e os estados-membros man-
tiveram uma esfera de atuação autônoma sobre as com-
petências residuais. 
O mínimo necessário para a caracterização da orga-
nização constitucional federalista exige, inicialmente, a 
decisão do legislador constituinte - por meio da edição 
de uma constituição – de criar o Estado Federal e suas 
partes indissociáveis, a Federação ou União, e os Esta-
dos-membros. Afinal, a criação de um governo geral su-
põe a renúncia e o abandono de certas porções de com-
petências administrativas, legislativas e tributárias por 
parte dos governos locais. 
De fato, afirma o Prof. Raul Machado Horta que "o 
Estado Federal criou o Estado não soberano". Ao se 
analisar o Estado Federal, deve-se destacar, assim, as 
ideias de soberania e autonomia. De fato, o núcleo do fe-
deralismo está na existência de um Estado total, repre-
sentado pela União, detentor de soberania, com poderes 
de ação sobre toda a população e sobre todo o território, 
com competências e recursos financeiros próprios, e de 
Estados-membros, autônomos, dotados de recursos fi-
nanceiros independentes. Tanto a União quanto os Esta-
dos-membros dependem da Constituição, responsável 
por organizar a primeira e dar as linhas mestras do se-
gundo, assim como repartir competências e atribuir re-
cursos financeiros. 
Portanto, não há federação sem que se assegure a 
participação dos Estados federados na formação da von-
tade nacional, ocorrendo uma descentralização do poder 
político. 
Toda a estrutura federal baseia-se, assim, na reparti-
ção de competências considerada como a grande questão 
do federalismo, o elemento essencial da construção fede-
ral, o tema representativo de medida dos poderes políti-
cos do Estado. Competências, segundo José Afonso da 
Silva, "são as diversas modalidades de poder de que 
servem os órgãos ou entidades estatais para realizar su-
as funções". 
Em regra, o sistema federativo mostra-se adequado 
em países marcados pela diversidade e heterogeneidade, 
por respeitar valores democráticos em situações de acen-
tuada diferenciação política, econômica ou social. Toda-
via, esse tipo de sistema torna mais complexa a imple-
mentação de políticas sociais de abrangência nacional, 
particularmente nos casos em que a diversidade se refere 
à existência de desigualdades e de exclusão social. 
Em tais casos, acentua-se a importância do papel 
das políticas sociais de redistribuição, redução das desi-
gualdades no território nacional e de inclusão social. 
Além disso, a implementação de políticas sociais em um 
sistema federativo requer, por um lado, a explicitação 
das funções das diferentes esferas de governo para cada 
área da política e, por outro, a adoção de instrumentos de 
articulação entre as esferas de forma a induzir a coopera-
ção e a complementariedade de atuação. 
Conforme prevê o art. 18 da Constituição, o sistema 
político federativo adotado pelo Brasil compreende a 
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. 
Todos com autonomia administrativa e sem vinculação 
hierárquica. 
Especificamente quanto ao tema saúde, a Carta Po-
lítica atribuiu competência material comum aos entes fe-
derados, como se dispõe o art. 23, inciso II, da CF. Dessa 
forma, quer parecer que a competência comum pressu-
põe uma atuação cooperada dos três entes federativos, 
baseado num modelo de redução de desigualdades regio-
nais em favor de uma progressiva igualação das condi-
ções sociais de vida em todo território nacional. 
Nesse sentido, a Constituição previu ainda a compe-
tência concorrente dos entes federados para legislar so-
bre a “defesa da saúde” (inciso XII, do art. 24 da CF) e 
atribuiu à União competência legislativa concorrente pa-
ra editar normas gerais sobre o assunto (§1º do art. 24 da 
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Sistema Único de Saúde - SUS 
CF). Portanto, à legislação infraconstitucional coube 
descrever diretrizes gerais e específicas de cada ente fe-
derativo. 
Deve-se ressaltar que, justamente em função de to-
da essa complexidade, muitos compreendem a saúde 
como exceção ao próprio princípio federativo de separa-
ção das atribuições entre as esferas governamentais. En-
tendem que a saúde comporia um subsistema da seguri-
dade social fundado no princípio da solidariedade. 
Independentemente da corrente que se adote, o fato 
é que ao tratar da saúde a Constituição Federal não re-
produziu com exatidão as áreas de atuação dos serviços 
prestados pelo Poder Público de cada esfera política, es-
tabelecendo atuação comum e integrada. E, a essa atua-
ção comum e integrada, deve ainda agregar toda a com-
plexidade inerente da área, com inúmeras carências e di-
ferentes ações e serviços por parte do Estado, além de in-
teresses e pressões do mercado inerentes à área da saúde. 
Do conjunto de determinações constitucionais sobre 
a saúde aos entes federados, vem se conformando o en-
tendimento de que a União está encarregada das funções 
de financiamento e de formulação da política nacional de 
saúde, assim como da coordenação das ações intergover-
namentais; aos Estados, por sua vez, cabe se adaptarem 
essa política às suas peculiaridades regionais, coorde-
nando as açõesentre os respectivos municípios; e, aos 
municípios, efetuar a prestação dos serviços de saúde 
com o auxílio técnico e financeiro estadual e federal. 
 
1.4. Mecanismos de Articulação Federativa 
Para que a gestão do SUS se tornasse realidade, fo-
ram postos em funcionamento diversos mecanismos de 
articulação federativa. Um desses instrumentos foi a 
Comissão Tripartite, que atua junto ao Ministério da Sa-
úde e é formada por gestores do SUS das três esferas do 
governo. A comissão representa a principal instância de 
negociação e pactuação de critérios de distribuição de 
recursos, de planos e de avaliação do desenvolvimento 
das pactuações realizadas em cada esfera de governo. 
No âmbito estadual, uma Comissão Bipartite de-
sempenha papel semelhante, reunindo gestores munici-
pais e estaduais e se encarregando dos planos estaduais, 
regionais e de regionalização das ações e serviços pro-
postos pelos Colegiados de Gestão Regional. 
Podem ser agregadas a tais instâncias de caráter 
permanente eventuais negociações dos gestores com o 
Ministério da Saúde e autoridades da área federal e reu-
niões para formulação e aprovação de pactos de gestão e 
de pactos pela saúde. 
1.5. Princípios Doutrinários e Organizativos do 
SUS 
O Sistema Único de Saúde faz parte das ações defi-
nidas na Constituição como de “relevância pública”. As 
competências decorrentes dessa relevância pública en-
volvem o exercício de um poder regulador, de arbitra-
gem e de intervenção executiva por parte das esferas do 
Poder Público e, por consequência, de suas agências de 
prestação de serviços. Por isso, é atribuído ao Estado a 
regulamentação, a fiscalização e o controle das ações e 
dos serviços de saúde, independente da execução direta 
do mesmo. 
Tal Sistema faz parte de um sistema mais amplo, o 
Sistema da Seguridade Social. Conforme prevê o art. 194 
da Constituição, a Seguridade Social “compreende um 
conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes 
públicos e da sociedade destinada a assegurar os direi-
tos relativos à saúde, à previdência e à assistência soci-
al”. 
Cabe destacar que, conforme exposto anteriormen-
te, a noção de sistema deve ser compreendida não como 
um novo serviço, mas sim como um conjunto de unida-
des, de serviços e ações das três esferas que interagem 
para um fim comum. Tal sistema deve ainda ser único, 
no sentido de ter a mesma doutrina e a mesma forma de 
organização em todo o país. 
1.6. Princípios e Diretrizes do Sistema Único de 
Saúde - SUS 
Desde a VIII Conferência Nacional de Saúde (1986) 
e a Constituinte (1987 a 1988), um alto grau de consenso 
político veio a constituir o fator decisivo para a confor-
mação federativa do SUS. Tal consenso defendeu três te-
ses convergentes: 
1) gestão compartilhada nos âmbitos federal, esta-
dual e municipal, com direção única em cada esfera de 
governo; 
2) descentralização que concede papel destacado à 
gestão municipal; 
3) funcionamento obrigatório do controle social, por 
meio dos conselhos de saúde. 
Tais vetores ensejaram o estabelecimento de princí-
pios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), que 
constituem as bases para o funcionamento e organização 
do sistema no país. 
Universalização 
Saúde é direito de cidadania e dever do Governo: 
municipal, estadual e federal. Com a universalidade, o 
indivíduo passa a ter direito de acesso a todos os serviços 
públicos de saúde, assim como àqueles contratados pelo 
poder público, independentemente de sexo, raça, renda, 
ocupação, ou outras características sociais ou pessoais. É 
a garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo 
e qualquer cidadão. 
Equidade 
É um princípio de justiça social porque busca dimi-
nuir desigualdades. Isto significa tratar desigualmente os 
desiguais, investindo mais onde a carência é maior. Ape-
sar de todos terem direito aos serviços, as pessoas não 
são iguais e, por isso, têm necessidades diferentes. 
Portanto, pela equidade investe-se mais onde a ca-
rência é maior. Para isso, a rede de serviços deve estar 
atenta às necessidades reais da população a ser atendida. 
 
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Sistema Único de Saúde - SUS 
Integralidade 
É a garantia do fornecimento de um conjunto articu-
lado e contínuo de ações e serviços preventivos, curati-
vos e coletivos, exigidos em cada caso para todos os ní-
veis de complexidade de assistência. Portanto, significa 
considerar a pessoa como um todo, atendendo a todas as 
suas necessidades. Para isso, é importante a integração 
de ações, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de 
doenças, o tratamento e a reabilitação. Ao mesmo tempo, 
o princípio da integralidade pressupõe a articulação da 
saúde com outras políticas públicas, como forma de as-
segurar uma atuação intersetorial entre as diferentes 
áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de 
vida dos indivíduos. 
Hierarquização e Regionalização 
A hierarquização deve, além de proceder à divisão 
de níveis de atenção, garantir formas de acesso a servi-
ços que componham toda a complexidade requerida para 
o caso, no limite dos recursos disponíveis numa dada re-
gião. Deve ainda incorporar-se à rotina do acompanha-
mento dos serviços, com fluxos de encaminhamento (re-
ferência) e de retorno de informações do nível básico do 
serviço (contra-referência). 
Por isso, os serviços devem ser organizados em ní-
veis de complexidade tecnológica crescente, circunscri-
tos a uma área geográfica delimitada, planejados a partir 
de critérios epidemiológicos e com a definição e o co-
nhecimento da clientela a ser atendida. 
O acesso da população à rede deve se dar através 
dos serviços de nível primário de atenção que devem es-
tar qualificados para atender e resolver os principais pro-
blemas que demandam os serviços de saúde; devendo, os 
demais, serem referenciados para os serviços de maior 
complexidade tecnológica. 
Descentralização e Comando Único 
Descentralizar é redistribuir poder e responsabilida-
des entre os três níveis de governo. Na saúde, a descen-
tralização tem como objetivo prestar serviços com maior 
qualidade e garantir o controle e a fiscalização pelos ci-
dadãos. Quanto mais perto estiver a decisão, maior a 
chance de acerto. No SUS a responsabilidade pela saúde 
deve ser descentralizada até o município. Isto significa 
dotar o município de condições gerenciais, técnicas, ad-
ministrativas e financeiras para exercer esta função. 
A decisão deve ser de quem executa, que deve ser o 
que está mais perto do problema. A descentralização, ou 
municipalização, é uma forma de aproximar o cidadão 
das decisões do setor e significa a responsabilização do 
município pela saúde de seus cidadãos. É também uma 
forma de intervir na qualidade dos serviços prestados. 
Para fazer valer o princípio da descentralização, 
existe a concepção constitucional do mando único. 
Cada esfera de governo é autônoma e soberana nas 
suas decisões e atividades, respeitando os princípios ge-
rais e a participação da sociedade. Assim, a autoridade 
sanitária do SUS é exercida na União pelo ministro da 
saúde, nos estados pelos secretários estaduais de saúde e 
nos municípios pelos secretários ou chefes de departa-
mentos de saúde. Eles são também conhecidos como 
“gestores” do sistema de saúde. 
Participação Popular 
Parte do pressuposto de que a participação da soci-
edade não deve se esgotar nas discussões que deram ori-
gem ao SUS. Como forma de garantir a efetividade das 
políticas públicas de saúde, bem como forma de exercí-
cio do controle social, devem ser criados canais de parti-
cipação popular na gestão do SUS em todas as esferas. 
São iniciativas voltadas à promoção dessa partici-
pação a criação dos Conselhos e das Conferências de Sa-
úde, que têm como função formular estratégias, controlar 
e avaliar aexecução da política de saúde. 
Resolubilidade (Solução de Problemas) 
É a exigência de que, quando um indivíduo busca o 
atendimento ou quando surge um problema de impacto 
coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja 
capacitado para enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível da 
sua competência. 
 
1.7. ARCABOUÇO LEGAL DO SUS 
A criação do SUS, feita pela Constituição Federal, 
foi posteriormente implementada por meio da Lei nº 
8.080, de 1990 (Lei Orgânica da Saúde) e da Lei nº 
8.142, de 1990 (Regula as transferências intergoverna-
mentais de recursos financeiros na área da saúde). Estas 
leis definem as atribuições dos diferentes níveis de go-
verno com a saúde; estabelecem responsabilidades nas 
áreas de vigilância sanitária, epidemiológica e saúde do 
trabalhador; regulamentam o financiamento e os espaços 
de participação popular; formalizam o entendimento da 
saúde como área de “relevância pública” e a relação do 
poder público com as entidades privadas com base nas 
normas do direito público; dentre outros vários princí-
pios fundamentais do SUS. 
Também foram editadas diversas normas e portarias 
pelo Ministério da Saúde – as Normas Operacionais Bá-
sicas (NOBs) - como instrumentos de regulamentação do 
sistema. Tais normas definem a forma de transferência 
de recursos entre governos e as modalidades de paga-
mento dos serviços de saúde, além de instruírem o pro-
cesso de descentralização e de construção de uma rede 
de serviços capaz de operar com racionalidade sistêmica. 
Portanto, o SUS conforma modelo público de pres-
tação de serviços e ações de saúde em âmbito nacional, 
incorporando novos instrumentos gerenciais, técnicos e 
de democratização da gestão. Em sua concepção origi-
nal, visa integrar os subsistemas de saúde pública e de 
assistência previdenciária - os ramos da medicina pre-
ventiva e curativa -, bem como os serviços públicos e 
privados, em regime de contrato ou convênio, num sis-
tema único e nacional, de acesso universal e igualitário, 
organizado de forma regionalizada e hierarquizada, sob 
comando único em cada nível de governo, segundo as di-
retrizes da descentralização administrativa e operacional, 
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Sistema Único de Saúde - SUS 
do atendimento integral à saúde e da participação da co-
munidade visando ao controle social. 
Este modelo envolve inúmeras variáveis e só se 
concretiza por meio do estabelecimento de relações inte-
rinstitucionais de governo. A descentralização, associada 
à diretriz da gestão única, resulta em três arranjos for-
mais para o sistema de saúde: municipais, estaduais e o 
nacional. No entanto, a integralidade e a hierarquização 
induzem à formação de outros subsistemas, como conse-
quência da negociação intergestores. Como se percebe, o 
SUS é fruto de acordos políticos e do desenvolvimento 
de instrumentos técnico-operacionais necessários à inte-
gração do Sistema. 
Em linhas gerais, essa distribuição intergoverna-
mental de funções delegou à União o financiamento e a 
formulação da política nacional de saúde, além da coor-
denação das ações intergovernamentais. Tal situação é 
evidenciada no art. 16 da Lei nº 8.080 de 1990. 
Assim, coube à União a normatização, coordenação 
e avaliação do sistema em caráter nacional, como tam-
bém a cooperação técnica e financeira aos Estados, Mu-
nicípios e ao Distrito Federal. À União compete, ainda, 
normatizar as relações existentes no SUS e estabelecer o 
Sistema Nacional de Auditoria - SNA, regulamentado 
pelo Decreto n° 1.651/1995. A União também participa, 
em conjunto com Estados, Distrito Federal e Municípios, 
de uma série de outras atividades relacionadas à norma-
tização, controle e execução das ações e serviços de saú-
de (Lei n° 8.080/1990, art. 16). 
Cabe aos Estados e ao Distrito Federal a coordena-
ção, o acompanhamento e a avaliação do sistema em seu 
território, o apoio técnico e financeiro aos Municípios e a 
execução de ações de saúde em caráter supletivo àqueles. 
Além disso, os Estados participam da execução, em cará-
ter suplementar, de uma série de atividades precípuas da 
União e dos Municípios (Lei n° 8.080/1990, art. 17). 
Compete aos Municípios suplementar a legislação 
federal e a estadual no que couber e prestar, com a coo-
peração técnica e financeira da União e dos Estados, ser-
viços de atendimento à saúde da população. Além de 
prestar os serviços e executar as políticas de saúde, os 
Municípios devem planejar, organizar, controlar e avali-
ar o sistema de saúde em seu território e participar do 
planejamento regional, em articulação com a direção es-
tadual do SUS (Constituição Federal - CF, art. 30, inci-
sos II e VII e Lei nº 8.080/1990, art. 18). 
Também foi viabilizada a participação de Estados e 
Municípios no processo de formulação da política de sa-
úde por meio de conselhos com representação (art. 1º da 
Lei nº 8.142, de 1990). Com tais espaços de negociação 
foi reduzida a possibilidade de o Ministério da Saúde es-
tabelecer unilateralmente as regras de funcionamento do 
SUS. 
Tais conselhos funcionam como um mecanismo de 
contrapeso à concentração de autoridade conferida ao 
Executivo federal. 
Deve-se ainda mencionar que o Conselho Nacional 
de Saúde participa da fixação de critérios e valores para 
a remuneração de serviços e os parâmetros de cobertura 
assistencial serão estabelecidos pela direção nacional do 
Sistema Único de Saúde (SUS), como dispõe o art. 26 da 
Lei nº 8.080 de 1990: 
Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração 
de serviços e os parâmetros de cobertura assisten-
cial serão estabelecidos pela direção nacional do 
Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no Con-
selho Nacional de Saúde. 
O art. 4º da Lei nº 8.080, de 1990, esclarece que o 
conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por ór-
gãos e instituições públicas federais, estaduais e munici-
pais, da Administração direta e indireta e das fundações 
mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema Único 
de Saúde (SUS). 
A citada norma esclarece ainda a atuação comple-
mentar do setor privado na saúde. 
De fato, em seu art. 24, estabelece que, “quando as 
suas disponibilidades forem insuficientes para garantir a 
cobertura assistencial à população de uma determinada 
área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer 
aos serviços ofertados pela iniciativa privada”. Sendo os 
critérios e valores para a remuneração de serviços e pa-
râmetros de cobertura assistencial estabelecidos pela di-
reção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), apro-
vados no Conselho Nacional de Saúde (cf. art. 26). 
Em seu art. 31, a Lei nº 8.080, de 1990, estabelece 
que o orçamento da seguridade social destinará ao Sis-
tema Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita es-
timada, os recursos necessários à realização de suas fina-
lidades, previstos em proposta elaborada pela sua direção 
nacional, com a participação dos órgãos da Previdência 
Social e da Assistência Social, tendo em vista as metas e 
prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamen-
tárias. 
A Norma estabelece também critérios para distri-
buição regional dos recursos. O art. 35 da Lei nº 8.080, 
de 1990, determina que, para apuração dos valores a se-
rem transferidos a Estados, Distrito Federal e Municí-
pios, seja utilizada a combinação dos seguintes critérios, 
segundo análise técnica de programas e projetos: 
I- perfil demográfico da região; 
II- perfil epidemiológico da população a ser 
coberta; 
III- características quantitativas e qualitativas 
da rede de saúde na área; 
IV- desempenho técnico, econômico e financei-
ro no período anterior; 
V- níveis de participação do setor saúde nos 
orçamentos estaduais e municipais; 
VI- previsão do plano quinquenal de investi-
mentos da rede; 
VII- ressarcimento do atendimento a serviços 
prestados paraoutras esferas de governo. 
Deve-se ressaltar, contudo, que a tais critérios sujei-
tam-se 50% dos recursos, pois os 50% restantes atendem 
ao critério demográfico. O §1º do artigo determina que 
metade dos recursos destinados a Estados e Municípios 
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Sistema Único de Saúde - SUS 
seja distribuída segundo o quociente de sua divisão pelo 
número de habitantes, independentemente de qualquer 
procedimento prévio. 
A Lei nº 8.142, de 1990, normatiza a participação 
da comunidade na gestão do SUS e as transferências de 
recursos do Ministério da Saúde para as outras esferas de 
governo. Nos artigos 2º e 3º, a Norma trata do “Fundo 
Nacional de Saúde” (FNS), e informa como e onde os 
recursos desse fundo serão aplicados. O artigo 2º estabe-
lece que só podem ser utilizados para financiar: despesas 
de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus ór-
gãos e entidades, da administração direta e indireta; in-
vestimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa 
do Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Naci-
onal; investimentos previstos no Plano Quinquenal do 
Ministério da Saúde; e a cobertura das ações e serviços 
de saúde a serem implementados pelos Municípios, Es-
tados e Distrito Federal. 
********************************************* 
2. CONTROLE SOCIAL NO SUS 
Com a promulgação da Constituição Federal de 
1988, e da Lei Federal 8.080 de 1990, criou-se o Sistema 
Único de Saúde do Brasil (SUS), para que toda a popu-
lação brasileira tenha acesso ao atendimento público de 
saúde. A Lei 8.142 de 1990 conferiu ao SUS uma de su-
as principais características: o controle social, institucio-
nalizando a participação da população nas políticas de 
saúde nas três esferas, municipal, estadual e federal, 
através da participação nos Conselhos de Saúde forma-
dos por 25% de gestores, 25% de trabalhadores do SUS 
e por 50% de usuários do sistema, e nas Conferências de 
Saúde. Dessa maneira, a comunidade, através de seus re-
presentantes, pode opinar, definir, acompanhar a execu-
ção e fiscalizar as ações de saúde. 
A participação popular é entendida como uma das 
formas mais avançadas de democracia contemporânea. 
Com a participação da comunidade na gestão do SUS se 
estabelece uma nova relação entre Estado e sociedade. O 
SUS deve identificar o usuário como membro da comu-
nidade, com direitos e deveres, e não como recebedor 
passivo de benefícios do Estado. 
Os Conselhos de Saúde são os órgãos de controle 
do SUS pela sociedade nos níveis municipal, estadual e 
federal. Eles foram criados para permitir que a população 
possa interferir na gestão da saúde, defendendo os inte-
resses da coletividade para que estes sejam atendidos pe-
las ações governamentais. 
O legítimo representante dos cidadãos usuários do 
SUS defende os interesses e necessidades da população 
que mais precisa e usa os serviços do SUS, exercendo o 
controle social ao lutar para garantir, na prática, o direito 
constitucional à saúde com qualidade e o respeito à dig-
nidade humana. 
Os Conselhos de Saúde funcionam como colegia-
dos, de caráter permanente e deliberativo, isto é, devem 
funcionar e tomar decisões regularmente, acompanhan-
do, controlando e fiscalizando a política de saúde e pro-
pondo correções e aperfeiçoamentos em seu rumo. São 
componentes dos Conselhos os representantes do gover-
no, dos prestadores de serviços, dos profissionais de saú-
de e usuários. 
********************************************* 
3. RESOLUÇÃO Nº 453, DE 10 DE MAIO DE 
2012 
O Plenário do Conselho Nacional de Saúde, em sua 
Ducentésima Trigésima Terceira Reunião Ordinária, rea-
lizada nos dias 9 e 10 de maio de 2012, no uso de suas 
competências regimentais e atribuições conferidas pela 
Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, e pela Lei no 
8.142, de 28 de dezembro de 1990, e pelo Decreto no 
5.839, de 11 de julho de 2006, e 
Considerando os debates ocorridos nos Conselhos de 
Saúde, nas três esferas de Governo, na X Plenária 
Nacional de Conselhos de Saúde, nas Plenárias 
Regionais e Estaduais de Conselhos de Saúde, nas 9a, 
10a e 11a Conferências Nacionais de Saúde, e nas 
Conferências Estaduais, do Distrito Federal e Municipais 
de Saúde; 
Considerando a experiência acumulada do Controle 
Social da Saúde à necessidade de aprimoramento do 
Controle Social da Saúde no âmbito nacional e as reite-
radas demandas dos Conselhos Estaduais e Municipais 
referentes às propostas de composição, organização e 
funcionamento, conforme o § 5o inciso II art. 1o da Lei 
no 8.142, de 28 de dezembro de 1990; 
Considerando a ampla discussão da Resolução do 
CNS no 333/03 realizada nos espaços de Controle 
Social, entre os quais se destacam as Plenárias de 
Conselhos de Saúde; 
Considerando os objetivos de consolidar, fortalecer, 
ampliar e acelerar o processo de Controle Social do SUS, 
por intermédio dos Conselhos Nacional, Estaduais, 
Municipais, das Conferências de Saúde e Plenárias de 
Conselhos de Saúde; 
Considerando que os Conselhos de Saúde, 
consagrados pela efetiva participação da sociedade civil 
organizada, representam polos de qualificação de 
cidadãos para o Controle Social nas esferas da ação do 
Estado; e 
Considerando o que disciplina a Lei Complementar 
no 141, de 13 de janeiro de 2012, e o Decreto nº 7.508, 
de 28 de junho de 2011, que regulamentam a Lei 
Orgânica da Saúde. 
Resolve: 
Aprovar as seguintes diretrizes para instituição, re-
formulação, reestruturação e funcionamento dos Conse-
lhos de Saúde: 
3.1. DA DEFINIÇÃO DE CONSELHO DE SA-
ÚDE 
Primeira Diretriz: o Conselho de Saúde é uma instân-
cia colegiada, deliberativa e permanente do Sistema Úni-
co de Saúde (SUS) em cada esfera de Governo, integran-
te da estrutura organizacional do Ministério da Saúde, da 
Secretaria de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e 
dos Municípios, com composição, organização e compe-
tência fixadas na Lei no 8.142/90. O processo bem-
sucedido de descentralização da saúde promoveu o sur-
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gimento de Conselhos Regionais, Conselhos Locais, 
Conselhos Distritais de Saúde, incluindo os Conselhos 
dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, sob a coor-
denação dos Conselhos de Saúde da esfera correspon-
dente. Assim, os Conselhos de Saúde são espaços institu-
ídos de participação da comunidade nas políticas públi-
cas e na administração da saúde. 
Parágrafo único. Como Subsistema da Seguridade 
Social, o Conselho de Saúde atua na formulação e pro-
posição de estratégias e no controle da execução das Po-
líticas de Saúde, inclusive nos seus aspectos econômicos 
e financeiros. 
3.2. DA INSTITUIÇÃO E REFORMULAÇÃO 
DOS CONSELHOS DE SAÚDE 
Segunda Diretriz: a instituição dos Conselhos de Sa-
úde é estabelecida por lei federal, estadual, do Distrito 
Federal e municipal, obedecida a Lei no 8.142/90. 
Parágrafo único. Na instituição e reformulação dos 
Conselhos de Saúde o Poder Executivo, respeitando os 
princípios da democracia, deverá acolher as demandas da 
população aprovadas nas Conferências de Saúde, e em 
consonância com a legislação. 
3.3. A ORGANIZAÇÃO DOS CONSELHOS DE 
SAÚDE 
Terceira Diretriz: a participação da sociedade organi-
zada, garantida na legislação, torna os Conselhos de Sa-
úde uma instância privilegiada na proposição, discussão, 
acompanhamento, deliberação, avaliação e fiscalização 
da implementação da Política de Saúde, inclusive nos 
seus aspectos econômicos e financeiros. A legislação es-
tabelece, ainda, a composição paritária de usuários em 
relação ao conjunto dos demais segmentos representa-dos. O Conselho de Saúde será composto por represen-
tantes de entidades, instituições e movimentos represen-
tativos de usuários, de entidades representativas de traba-
lhadores da área da saúde, do governo e de entidades re-
presentativas de prestadores de serviços de saúde, sendo 
o seu presidente eleito entre os membros do Conselho, 
em reunião plenária. Nos Municípios onde não existem 
entidades, instituições e movimentos organizados em 
número suficiente para compor o Conselho, a eleição da 
representação será realizada em plenária no Município, 
promovida pelo Conselho Municipal de maneira ampla e 
democrática. 
I - O número de conselheiros será definido pelos 
Conselhos de Saúde e constituído em lei. 
II - Mantendo o que propôs as Resoluções nos 33/92 
e 333/03 do CNS e consoante com as Recomendações da 
10a e 11a Conferências Nacionais de Saúde, as vagas 
deverão ser distribuídas da seguinte forma: 
a) 50% de entidades e movimentos representativos 
de usuários; 
b) 25% de entidades representativas dos trabalha-
dores da área de saúde; 
c) 25% de representação de governo e prestadores 
de serviços privados conveniados, ou sem fins 
lucrativos. 
III - A participação de órgãos, entidades e movimen-
tos sociais terá como critério a representatividade, a 
abrangência e a complementaridade do conjunto da soci-
edade, no âmbito de atuação do Conselho de Saúde. De 
acordo com as especificidades locais, aplicando o princí-
pio da paridade, serão contempladas, dentre outras, as 
seguintes representações: 
a) associações de pessoas com patologias; 
b) associações de pessoas com deficiências; 
c) entidades indígenas; 
d) movimentos sociais e populares, organizados 
(movimento negro, LGBT...); 
e) movimentos organizados de mulheres, em saú-
de; 
f) entidades de aposentados e pensionistas; 
g) entidades congregadas de sindicatos, centrais 
sindicais, confederações e federações de traba-
lhadores urbanos e rurais; 
h) entidades de defesa do consumidor; 
i) organizações de moradores; 
j) entidades ambientalistas; 
k) organizações religiosas; 
l) trabalhadores da área de saúde: associações, 
confederações, conselhos de profissões regula-
mentadas, federações e sindicatos, obedecendo 
as instâncias federativas; 
m) comunidade científica; 
n) entidades públicas, de hospitais universitários e 
hospitais campo de estágio, de pesquisa e de-
senvolvimento; 
o) entidades patronais; 
p) entidades dos prestadores de serviço de saúde; e 
q) governo. 
IV - As entidades, movimentos e instituições eleitas 
no Conselho de Saúde terão os conselheiros indicados, 
por escrito, conforme processos estabelecidos pelas res-
pectivas entidades, movimentos e instituições e de acor-
do com a sua organização, com a recomendação de que 
ocorra renovação de seus representantes. 
V - Recomenda-se que, a cada eleição, os segmentos 
de representações de usuários, trabalhadores e prestado-
res de serviços, ao seu critério, promovam a renovação 
de, no mínimo, 30% de suas entidades representativas. 
VI - A representação nos segmentos deve ser distinta 
e autônoma em relação aos demais segmentos que com-
põem o Conselho, por isso, um profissional com cargo 
de direção ou de confiança na gestão do SUS, ou como 
prestador de serviços de saúde não pode ser representan-
te dos(as) Usuários(as) ou de Trabalhadores(as). 
VII - A ocupação de funções na área da saúde que in-
terfiram na autonomia representativa do Conselheiro(a) 
deve ser avaliada como possível impedimento da repre-
sentação de Usuário(a) e Trabalhador(a), e, a juízo da en-
tidade, indicativo de substituição do Conselheiro(a). 
VIII - A participação dos membros eleitos do Poder 
Legislativo, representação do Poder Judiciário e do Mi-
nistério Público, como conselheiros, não é permitida nos 
Conselhos de Saúde. 
IX - Quando não houver Conselho de Saúde constitu-
ído ou em atividade no Município, caberá ao Conselho 
Estadual de Saúde assumir, junto ao executivo munici-
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pal, a convocação e realização da Conferência Municipal 
de Saúde, que terá como um de seus objetivos a estrutu-
ração e composição do Conselho Municipal. O mesmo 
será atribuído ao Conselho Nacional de Saúde, quando 
não houver Conselho Estadual de Saúde constituído ou 
em funcionamento. 
X - As funções, como membro do Conselho de Saú-
de, não serão remuneradas, considerando-se o seu exer-
cício de relevância pública e, portanto, garante a dispen-
sa do trabalho sem prejuízo para o conselheiro. Para fins 
de justificativa junto aos órgãos, entidades competentes e 
instituições, o Conselho de Saúde emitirá declaração de 
participação de seus membros durante o período das reu-
niões, representações, capacitações e outras atividades 
específicas. 
XI - O conselheiro, no exercício de sua função, res-
ponde pelos seus atos conforme legislação vigente. 
 
3.4. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DOS 
CONSELHOS DE SAÚDE 
Quarta Diretriz: as três esferas de Governo garantirão 
autonomia administrativa para o pleno funcionamento do 
Conselho de Saúde, dotação orçamentária, autonomia fi-
nanceira e organização da secretaria-executiva com a ne-
cessária infraestrutura e apoio técnico: 
I - cabe ao Conselho de Saúde deliberar em relação à 
sua estrutura administrativa e o quadro de pessoal; 
II - o Conselho de Saúde contará com uma secretaria-
executiva coordenada por pessoa preparada para a fun-
ção, para o suporte técnico e administrativo, subordinada 
ao Plenário do Conselho de Saúde, que definirá sua es-
trutura e dimensão; 
III - o Conselho de Saúde decide sobre o seu orça-
mento; 
IV - o Plenário do Conselho de Saúde se reunirá, no 
mínimo, a cada mês e, extraordinariamente, quando ne-
cessário, e terá como base o seu Regimento Interno. A 
pauta e o material de apoio às reuniões devem ser enca-
minhados aos conselheiros com antecedência mínima de 
10 (dez) dias; 
V - as reuniões plenárias dos Conselhos de Saúde são 
abertas ao público e deverão acontecer em espaços e ho-
rários que possibilitem a participação da sociedade; 
VI - o Conselho de Saúde exerce suas atribuições 
mediante o funcionamento do Plenário, que, além das 
comissões intersetoriais, estabelecidas na Lei no 
8.080/90, instalará outras comissões intersetoriais e gru-
pos de trabalho de conselheiros para ações transitórias. 
As comissões poderão contar com integrantes não conse-
lheiros; 
VII - o Conselho de Saúde constituirá uma Mesa Di-
retora eleita em Plenário, respeitando a paridade expres-
sa nesta Resolução; 
VIII - as decisões do Conselho de Saúde serão adota-
das mediante quórum mínimo (metade mais um) dos 
seus integrantes, ressalvados os casos regimentais nos 
quais se exija quórum especial, ou maioria qualificada de 
votos; 
a) entende-se por maioria simples o número inteiro 
imediatamente superior à metade dos membros presen-
tes; 
b) entende-se por maioria absoluta o número inteiro 
imediatamente superior à metade de membros do Conse-
lho; 
c) entende-se por maioria qualificada 2/3 (dois ter-
ços) do total de membros do Conselho; 
IX - qualquer alteração na organização dos Conse-
lhos de Saúde preservará o que está garantido em lei e 
deve ser proposta pelo próprio Conselho e votada em 
reunião plenária, com quórum qualificado, para depois 
ser alterada em seu Regimento Interno e homologada pe-
lo gestor da esfera correspondente; 
X - a cada quadrimestre deverá constar dos itens da 
pauta o pronunciamento do gestor, das respectivas esfe-
ras de governo, para que faça a prestação de contas, em 
relatório detalhado, sobre andamento do plano de saúde, 
agenda da saúde pactuada, relatório de gestão, dados so-
bre o montante e a forma de aplicação dos recursos, as 
auditorias iniciadas e concluídas no período, bem como a 
produção e a oferta de serviçosna rede assistencial pró-
pria, contratada ou conveniada, de acordo com o art. 12 
da Lei no 8.689/93 e com a Lei Complementar no 
141/2012; 
XI - os Conselhos de Saúde, com a devida justificati-
va, buscarão auditorias externas e independentes sobre as 
contas e atividades do Gestor do SUS; e 
XII - o Pleno do Conselho de Saúde deverá manifes-
tar-se por meio de resoluções, recomendações, moções e 
outros atos deliberativos. As resoluções serão obrigatori-
amente homologadas pelo chefe do poder constituído em 
cada esfera de governo, em um prazo de 30 (trinta) dias, 
dando-se-lhes publicidade oficial. Decorrido o prazo 
mencionado e não sendo homologada a resolução e nem 
enviada justificativa pelo gestor ao Conselho de Saúde 
com proposta de alteração ou rejeição a ser apreciada na 
reunião seguinte, as entidades que integram o Conselho 
de Saúde podem buscar a validação das resoluções, re-
correndo à justiça e ao Ministério Público, quando ne-
cessário. 
Quinta Diretriz: aos Conselhos de Saúde Nacional, 
Estaduais, Municipais e do Distrito Federal, que têm 
competências definidas nas leis federais, bem como em 
indicações advindas das Conferências de Saúde, compe-
te: 
I - fortalecer a participação e o Controle Social no 
SUS, mobilizar e articular a sociedade de forma perma-
nente na defesa dos princípios constitucionais que fun-
damentam o SUS; 
II - elaborar o Regimento Interno do Conselho e 
outras normas de funcionamento; 
III - discutir, elaborar e aprovar propostas de opera-
cionalização das diretrizes aprovadas pelas Conferências 
de Saúde; 
IV - atuar na formulação e no controle da execução 
da política de saúde, incluindo os seus aspectos econô-
micos e financeiros, e propor estratégias para a sua apli-
cação aos setores público e privado; 
V - definir diretrizes para elaboração dos planos de 
saúde e deliberar sobre o seu conteúdo, conforme as di-
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versas situações epidemiológicas e a capacidade organi-
zacional dos serviços; 
VI - anualmente deliberar sobre a aprovação ou não 
do relatório de gestão; 
VII - estabelecer estratégias e procedimentos de 
acompanhamento da gestão do SUS, articulando-se com 
os demais colegiados, a exemplo dos de seguridade soci-
al, meio ambiente, justiça, educação, trabalho, agricultu-
ra, idosos, criança e adolescente e outros; 
VIII - proceder à revisão periódica dos planos de sa-
úde; 
IX - deliberar sobre os programas de saúde e aprovar 
projetos a serem encaminhados ao Poder Legislativo, 
propor a adoção de critérios definidores de qualidade e 
resolutividade, atualizando-os face ao processo de incor-
poração dos avanços científicos e tecnológicos na área 
da Saúde; 
X - avaliar, explicitando os critérios utilizados, a or-
ganização e o funcionamento do Sistema Único de Saúde 
do SUS; 
XI - avaliar e deliberar sobre contratos, consórcios e 
convênios, conforme as diretrizes dos Planos de Saúde 
Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais; 
XII - acompanhar e controlar a atuação do setor pri-
vado credenciado mediante contrato ou convênio na área 
de saúde; 
XIII - aprovar a proposta orçamentária anual da saú-
de, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas 
na Lei de Diretrizes Orçamentárias, observado o princí-
pio do processo de planejamento e orçamento ascenden-
tes, conforme legislação vigente; 
XIV - propor critérios para programação e execução 
financeira e orçamentária dos Fundos de Saúde e acom-
panhar a movimentação e destino dos recursos; 
XV - fiscalizar e controlar gastos e deliberar sobre 
critérios de movimentação de recursos da Saúde, inclu-
indo o Fundo de Saúde e os recursos transferidos e pró-
prios do Município, Estado, Distrito Federal e da União, 
com base no que a lei disciplina; 
XVI - analisar, discutir e aprovar o relatório de ges-
tão, com a prestação de contas e informações financeiras, 
repassadas em tempo hábil aos conselheiros, e garantia 
do devido assessoramento; 
XVII - fiscalizar e acompanhar o desenvolvimento 
das ações e dos serviços de saúde e encaminhar denún-
cias aos respectivos órgãos de controle interno e externo, 
conforme legislação vigente; 
XVIII - examinar propostas e denúncias de indícios 
de irregularidades, responder no seu âmbito a consultas 
sobre assuntos pertinentes às ações e aos serviços de sa-
úde, bem como apreciar recursos a respeito de delibera-
ções do Conselho nas suas respectivas instâncias; 
XIX - estabelecer a periodicidade de convocação e 
organizar as Conferências de Saúde, propor sua convo-
cação ordinária ou extraordinária e estruturar a comissão 
organizadora, submeter o respectivo regimento e pro-
grama ao Pleno do Conselho de Saúde correspondente, 
convocar a sociedade para a participação nas pré-
conferências e conferências de saúde; 
XX - estimular articulação e intercâmbio entre os 
Conselhos de Saúde, entidades, movimentos populares, 
instituições públicas e privadas para a promoção da Saú-
de; 
XXI - estimular, apoiar e promover estudos e pesqui-
sas sobre assuntos e temas na área de saúde pertinente ao 
desenvolvimento do Sistema Único de Saúde (SUS); 
XXII - acompanhar o processo de desenvolvimento e 
incorporação científica e tecnológica, observados os pa-
drões éticos compatíveis com o desenvolvimento socio-
cultural do País; 
XXIII - estabelecer ações de informação, educação e 
comunicação em saúde, divulgar as funções e competên-
cias do Conselho de Saúde, seus trabalhos e decisões nos 
meios de comunicação, incluindo informações sobre as 
agendas, datas e local das reuniões e dos eventos; 
XXIV - deliberar, elaborar, apoiar e promover a edu-
cação permanente para o controle social, de acordo com 
as Diretrizes e a Política Nacional de Educação Perma-
nente para o Controle Social do SUS; 
XXV - incrementar e aperfeiçoar o relacionamento 
sistemático com os poderes constituídos, Ministério Pú-
blico, Judiciário e Legislativo, meios de comunicação, 
bem como setores relevantes não representados nos con-
selhos; 
XXVI - acompanhar a aplicação das normas sobre 
ética em pesquisas aprovadas pelo CNS; 
XXVII - deliberar, encaminhar e avaliar a Política de 
Gestão do Trabalho e Educação para a Saúde no SUS; 
XXVIII - acompanhar a implementação das propos-
tas constantes do relatório das plenárias dos Conselhos 
de Saúde; e 
XXIX - atualizar periodicamente as informações so-
bre o Conselho de Saúde no Sistema de Acompanhamen-
to dos Conselhos de Saúde (SIACS). 
Fica revogada a Resolução do CNS no 333, de 4 de 
novembro de 2003. 
ALEXANDRE ROCHA SANTOS PADILHA 
Presidente do Conselho Nacional de Saúde 
Homologo a Resolução CNS no 453, de 10 de maio de 
2012, nos termos do Decreto nº 5.839, de 11 de julho de 
2006. 
ALEXANDRE ROCHA SANTOS PADILHA 
Ministro de Estado da Saúde 
*********************************************** 
4. POLITICA NACIONAL DE GESTÃO ES-
TRATÉGICA E PARTICIPATIVA DO MINISTÉ-
RIO DA SAÚDE. 
4.1. Princípios e Diretrizes da Política Nacional de 
Gestão Estratégica e Participativa no SUS 
Além do estabelecido pela Constituição Federal e pe-
la Lei Orgânica da Saúde, a Política Nacional de Gestão 
Estratégica e Participativa no SUS tem por base os se-
guintes princípios e diretrizes: 
 Reafirmação dos pressupostos da Reforma 
Sanitária quanto ao direito universal à saú-
de de responsabilidade do Estado, como 
universalidade, equidade, integralidade e 
participação social. 
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Sistema Único de Saúde - SUS 
 Valorização dos diferentes mecanismos de 
participação popular e de controle social 
nos processosde gestão do SUS, especial-
mente os conselhos e as conferências de 
saúde, garantindo sua consolidação como 
política de inclusão social e conquista po-
pular. 
 Promoção da inclusão social de populações 
específicas, visando à equidade no exercí-
cio do direito à saúde. 
 Afirmação do protagonismo da população 
na luta por saúde a partir da ampliação de 
espaços públicos de debates e construção 
de saberes. 
 Integração e interação das ações de audito-
ria, ouvidoria, monitoramento e avaliação 
com o controle social, entendidos como 
medidas para o aprimoramento da gestão 
do SUS nas três esferas de governo. 
 Ampliação dos espaços de ausculta da so-
ciedade em relação ao SUS, articulando-os 
com a gestão do sistema e a formulação de 
políticas públicas de saúde. 
 Articulação com as demais áreas do Minis-
tério da Saúde na implantação de meca-
nismos de avaliação continuada da eficácia 
e efetividade da gestão do SUS. 
 Articulação das ações referentes à gestão 
estratégica e participativa desenvolvidas 
pelo Ministério da Saúde com os diversos 
setores, governamentais e não-
governamentais, relacionados com os con-
dicionantes e determinantes da saúde. 
 Fortalecimento das formas coletivas de 
participação e solução de demandas. 
 
4.2. Componentes da Política Nacional de Gestão 
Estratégica e Participativa no SUS 
Gestão participativa é uma estratégia transversal, pre-
sente nos processos cotidianos da gestão do SUS, que 
possibilita a formulação e a deliberação pelo conjunto de 
atores no processo de controle social. Requer a adoção 
de práticas e mecanismos que efetivem a participação 
dos profissionais de saúde e da comunidade. 
A gestão estratégica pressupõe a ampliação de espa-
ços públicos e coletivos para o exercício do diálogo e da 
pactuação das diferenças, de forma a construir um co-
nhecimento compartilhado sobre saúde, preservando a 
subjetividade e a singularidade presentes na relação de 
cada indivíduo e da coletividade, com a dinâmica da vi-
da. 
Esta prática amplia a vocalização das necessidades e 
dos desejos da população e a escuta dos profissionais e 
dos serviços, para que o acolhimento e o cuidado tenham 
significado para ambos. 
As práticas participativas implicam, sempre, na cons-
trução de consensos, a partir da identificação e do reco-
nhecimento dos dissensos, indicando alternativas a partir 
de diferentes opiniões, ensejando resultados mais ex-
pressivos e duradouros. 
Assim, a gestão estratégica e participativa constitui-
se em um conjunto de atividades voltadas ao aprimora-
mento da gestão do SUS, visando a maior eficácia, efici-
ência e efetividade, por meio de ações que incluem o 
apoio ao controle social, à educação popular, à mobiliza-
ção social, à busca da equidade, ao monitoramento e ava-
liação, à ouvidoria, à auditoria e à gestão da ética nos 
serviços públicos de saúde. Nesse sentido, a Política Na-
cional de Gestão Estratégica e Participativa no SUS 
compreende os componentes a seguir discriminados. 
4.2.1 A Gestão Participativa e o Controle Social 
no SUS 
As conquistas populares no Brasil têm apresentado 
trajetória emblemática para a mobilização social em de-
fesa do direito à saúde. A década de 80 representou o 
momento de institucionalização das práticas inovadoras 
para o setor, fundamentadas na concepção da saúde co-
mo produção social e direito, que foram consolidadas na 
década de 90, nas conferências e nos conselhos de saúde. 
A 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 
1986, tornou-se um marco por ter discutido o aprofun-
damento dos grandes temas que subsidiaram a Assem-
bleia Nacional Constituinte. As últimas Conferências 
Nacionais de Saúde, da 9ª à 12ª, reafirmam como indis-
pensáveis a implementação e o fortalecimento dos meca-
nismos de controle social existentes. 
A 12ª Conferência Nacional de Saúde afirma a neces-
sidade de “Estimular e fortalecer a mobilização social e 
a participação cidadã nos diversos setores organizados 
da sociedade, com a aplicação dos meios legais disponí-
veis, visando efetivar e fortalecer o Controle Social na 
formulação, regulação e execução das políticas públi-
cas, de acordo com as mudanças desejadas para a cons-
trução do SUS que queremos”. 
Nesse processo, algumas propostas emanadas das 
conferências devem ser destacadas e valorizadas como 
desafios à consolidação e ao fortalecimento do controle 
social no SUS: 
 Garantia de efetiva implantação dos conselhos 
de saúde estaduais e municipais – assegurando 
aos mesmos, dotação orçamentária própria. 
 Consolidação do caráter deliberativo, fiscaliza-
dor e de gestão colegiada dos conselhos, com 
composição paritária entre usuários e demais 
segmentos, devendo o presidente ser eleito en-
tre seus membros. 
 Reafirmação da participação popular e do con-
trole social na construção de um novo modelo 
de atenção à saúde, requerendo o envolvimento 
dos movimentos sociais, considerados atores 
estratégicos para a gestão participativa. 
 Aperfeiçoamento dos atuais canais de partici-
pação social, criação e ampliação de novos ca-
nais de interlocução entre usuários e sistema de 
saúde, e de mecanismos de escuta do cidadão. 
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Sistema Único de Saúde - SUS 
Uma estratégia em desenvolvimento pela Secretaria 
está permitindo a construção do ParticipanetSUS, um 
sistema composto pelo cadastro, perfil e indicadores de 
avaliação dos conselhos de saúde, que visa identificar as 
principais questões relacionadas ao funcionamento dos 
conselhos de saúde em todos os municípios brasileiros. 
O diagnóstico construído evidencia que, apesar dos sig-
nificativos avanços em sua ação, quanto ao processo de 
formulação e controle da política pública de saúde, os 
conselhos ainda enfrentam obstáculos importantes, como 
o não-exercício do seu caráter deliberativo na maior par-
te dos municípios e estados; precárias condições opera-
cionais e de infraestrutura; falta de regularidade de fun-
cionamento; ausência de outras formas de participação; 
falta de transparência nas informações da gestão pública; 
dificuldade e desmobilização para a formulação de estra-
tégias e políticas para a construção do novo modelo de 
atenção à saúde; e baixa representatividade e legitimida-
de de conselheiros nas relações com seus representados. 
Para fins de delineamento do campo de conceituação 
da gestão participativa, suas práticas e mecanismos po-
dem ser agrupados de acordo com as instituições, atores 
e segmentos sociais envolvidos, nos seguintes tipos: 
 Mecanismos institucionalizados de controle 
social, representados pelos conselhos de saúde 
e pelas conferências de saúde, envolvendo o 
governo, os trabalhadores da saúde e a socieda-
de civil organizada, nas três esferas de governo. 
Recentemente, vêm sendo propostos conselhos 
regionais, bem como conferências e plenárias 
regionais. 
 Processos participativos de gestão, integrando 
a dinâmica de diferentes instituições e órgãos 
do SUS, nas três esferas de governo, tais como 
conselhos gestores/conselhos de gestão partici-
pativa, direção colegiada, câmaras setoriais, 
comitês técnicos, grupos de trabalho, polos de 
educação permanente em saúde e setoriais de 
saúde dos movimentos sociais, entre outros. A 
estruturação das mesas de negociação como fer-
ramenta para a gestão do trabalho vem-se con-
solidando como inovadora prática de gestão 
participativa das relações de trabalho, nas três 
esferas de governo. 
 Instâncias de pactuação entre gestores, como 
as Comissões Intergestores Bipartites (CIB), 
envolvendo representantes das secretarias esta-
duais e municipais de saúde, e a Comissão In-
tergestores Tripartite (CIT), que conta com re-
presentantes do Ministério da Saúde, além dos 
representantes das secretarias estaduais e muni-
cipais de saúde, constituindoespaços de ações 
compartilhadas, estratégicas e operacionais da 
gestão do SUS. 
 Mecanismos de mobilização social que repre-
sentam dispositivos para a articulação de mo-
vimentos populares na luta pelo SUS e o direito 
à saúde, ampliando espaços públicos (coletivos) 
de participação e interlocução entre trabalhado-
res de saúde, gestores e movimentos populares. 
 Processos de educação popular em saúde de-
senvolvidos no diálogo permanente com movi-
mentos populares, entidades formadoras e gru-
pos sociais no sentido de fortalecer e ampliar a 
participação social no SUS. 
 Reconstrução do significado da educação em 
saúde que se desenvolve nas escolas, nas uni-
versidades e nos serviços de saúde, fortalecen-
do o protagonismo na produção de saúde e na 
formação de cidadãos em defesa do SUS. 
 Ações articuladas entre diferentes setores de 
governo e a sociedade civil (intersetorialidade) 
caracterizando o compartilhamento de decisões 
entre instituições governamentais e da socieda-
de civil, que atuam na produção social da saú-
de. 
Este conceito ampliado de gestão participativa está 
estreitamente relacionado com as demais áreas da Secre-
taria de Gestão Estratégica e Participativa: os mecanis-
mos de escuta permanente das opiniões e manifestações 
da população, valorizadas nas decisões e encaminhamen-
tos da gestão cotidiana dos serviços e do sistema, repre-
sentados pelas ouvidorias do SUS; os mecanismos parti-
cipativos de monitoramento e avaliação da gestão, das 
ações e dos serviços de saúde; e as ações de auditoria 
que desencadeiam medidas para o aprimoramento da 
gestão do SUS, de forma eficaz e efetiva, nas três esferas 
de governo. 
Assim, o fortalecimento da mobilização e do controle 
social pode ser efetivado mediante a criação de outros 
canais de comunicação entre o cidadão e o governo, por 
meio da promoção da educação popular, da capacitação 
de lideranças, conselheiros, entidades de classe e movi-
mentos populares articulados, pautando-se sempre no 
princípio da equidade em saúde e garantindo a atenção às 
especificidades de cada cidadão. Deve-se, assim, estimu-
lar e fomentar a organização da sociedade para o exercí-
cio do efetivo controle social na Saúde. 
Todas essas formas que promovem a participação so-
cial e caracterizam a gestão participativa do SUS têm pe-
la frente a tarefa de se apropriar da construção de novos 
modelos de atenção e gestão da saúde, regido sob a lógi-
ca das necessidades, demandas e direitos de toda a popu-
lação. 
O Pacto pela Saúde é a reafirmação da importância 
da participação e do controle social nos processos de ne-
gociação e pactuação. Além de analisar e aprovar o Ter-
mo de Compromisso de Gestão (TCG), correspondente a 
sua esfera, os conselhos de saúde têm um papel relevante 
na aprovação ou revisão do respectivo plano de saúde, 
que deve ter coerência com o TCG. Anualmente, os con-
selhos de saúde farão, juntamente com os gestores, uma 
avaliação da execução dos planos de saúde, a partir do 
que foi acordado no Termo de Compromisso. 
 
4.2.2 Monitoramento e Avaliação da Gestão do 
SUS 
Diante da complexidade do processo de construção 
de um modelo de atenção à saúde voltado à qualidade de 
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Sistema Único de Saúde - SUS 
vida, modelo reiteradamente reforçado pelas Conferên-
cias Nacionais de Saúde (especialmente 10a, 11a e 12a), 
as dimensões de monitoramento e avaliação devem, ne-
cessariamente, buscar articular, além dos indicadores 
tradicionais das ações e dos serviços de saúde, individu-
ais e coletivos, também os indicadores da desigualdade e 
iniquidade, de determinantes da saúde, de ações interse-
toriais, culturais, ambientais e de participação social, en-
tre outros, quantitativos e qualitativos, abertos às dimen-
sões da ética, do conflito, da subjetividade e da micropo-
lítica, que sirvam ao trabalho local e à aferição e mudan-
ça permanente das práticas. 
A preocupação com as ações de monitoramento e 
avaliação é crescente desde a criação do Sistema Único 
de Saúde, com diversos movimentos visando ao estabe-
lecimento de conceitos, metodologias e práticas. 
Em 2000, em meio às reformas neoliberais em curso, 
o tema foi objeto de uma publicação polêmica da Orga-
nização Mundial da Saúde (OMS), que teve o mérito de 
gerar um intenso debate que realçou outros processos em 
desenvolvimento na Organização Pan-Americana da Sa-
úde (Opas), uma das unidades regionais da própria OMS, 
e em países como Reino Unido, Canadá e Austrália, 
atentos a questões como as da equidade, as dimensões 
sociais do processo saúde-doença e a reorganização dos 
serviços e ao direito à saúde. 
No Brasil, merece destaque o projeto PRO-ADESS1 
que reuniu pesquisadores de diversas instituições ligadas 
à Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Co-
letiva (Abrasco), produzindo importantes contribuições 
metodológicas e conceituais, no sentido de: 
a) compreender, monitorar e avaliar as inter-relações 
e os fatores que influenciam a eficiência, a efetividade e 
a equidade no desempenho do SUS; 
b) melhorar a formulação das políticas; 
c) monitorar as desigualdades no acesso e na quali-
dade dos serviços recebidos pelos diferentes grupos so-
ciais no Brasil; e 
d) criar instrumentos e processos participativos de 
monitoramento e avaliação destinados aos municípios, 
aos estados e à esfera federal, bem como mecanismos de 
acesso e difusão da informação e de formação permanen-
te, voltados aos gestores, trabalhadores e usuários, em 
especial aos membros dos conselhos de saúde. 
Para o monitoramento e avaliação de processos e re-
sultados, são fundamentais os indicadores de estrutura, 
em especial no que se refere a recursos alocados, condu-
ção financeira e seu impacto nas metas e indicadores de 
saúde. O crescente desenvolvimento de ações de coope-
ração técnica e financeira entre União, estados e municí-
pios vem evidenciando a necessidade de novos meca-
nismos de controle, interno e externo, que ampliem o 
papel exercido pelos mecanismos de controle social. 
Sendo assim, o problema da prestação de contas insere-
se numa questão maior, envolvendo outros órgãos como 
a Secretaria Federal de Controle, da Controladoria-Geral 
da União (SFC/CGU), demonstrando a necessidade e a 
importância desse componente nas atividades de monito-
ramento e avaliação. 
Monitoramento pode ser entendido como um sistema 
que permite observação, medição e avaliação contínua 
de um processo ou fenômeno. 
Trata-se de um processo sistemático e contínuo de 
acompanhamento dos indicadores de saúde e da execu-
ção das políticas, ações e serviços nesta área visando à 
obtenção de informações em tempo oportuno para subsi-
diar a tomada de decisão, bem como a identificação, so-
lução e redução de problemas e a correção de rumos. 
Fruto de um intenso debate promovido pelo Ministé-
rio da Saúde, entre 2003 e 2005, envolvendo diversos 
órgãos, evidenciou-se a necessidade de uma estrutura 
que assumisse as tarefas de articulação, apoio e difusão 
das ações de monitoramento e avaliação que se encon-
tram em curso nas diversas secretarias do Ministério da 
Saúde e demais unidades, bem como nas outras esferas 
do SUS, motivando a criação do Departamento de Moni-
toramento e Avaliação da Gestão do SUS, integrando a 
Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. 
Uma das primeiras tarefas do novo departamento está 
sendo a preparação da publicação Painel de Indicadores 
do SUS, editada pela SGEP/MS em parceria com a Or-
ganização Pan-Americana da Saúde (Opas), que tem 
como objetivo estimular a participação social e apoiar a 
formulação, implementação, monitoramento e avaliação 
das políticas de saúde, rumo à consolidação do SUS. 
O acesso aos resultados do processo de monitora-
mento e avaliação constitui-se em poderoso instrumentode democratização da informação sobre objetivos, metas 
e resultados alcançados pelos órgãos de saúde, ao tornar 
públicas e transparentes as avaliações realizadas, favore-
cendo o empoderamento e a mobilização social, que se 
refletem em fomento da participação e do controle de 
ações e serviços prestados pelo SUS, na busca da equi-
dade e da qualidade em saúde. 
Outra ação em desenvolvimento, em articulação com 
as diferentes áreas do MS, é a regulamentação do moni-
toramento do Pacto pela Saúde. Este deve ser um proces-
so permanente, orientado pelos indicadores, objetivos, 
metas e responsabilidades que compõem os Termos de 
Compromisso de Gestão e os cronogramas pactuados, 
tendo como objetivo o desenvolvimento de ações de 
apoio para a qualificação do processo de gestão. Além 
disso, o Pacto pela Saúde estabelece diversas atribuições 
e responsabilidades das três esferas de gestão, em relação 
a monitoramento e avaliação, indicando a necessidade de 
articulação entre elas. 
Nesse sentido, mecanismos pactuados de monitora-
mento e avaliação devem ser implantados em todas as 
unidades federadas, estabelecendo-se a responsabilização 
dos estados e municípios, no âmbito do SUS, com vistas 
ao fortalecimento da capacidade de gestão pública da sa-
úde. 
4.2.3 A Ouvidoria do SUS 
A Ouvidoria-Geral do SUS foi criada em 2003, tendo 
como objetivo propor, coordenar e implementar a Políti-
ca Nacional de Ouvidoria em Saúde no âmbito do SUS, 
buscando integrar e estimular práticas que ampliem o 
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Sistema Único de Saúde - SUS 
acesso dos usuários ao processo de avaliação das ações e 
serviços públicos de saúde. Atualmente, as Ouvidorias 
do SUS surgem como um canal direto de comunicação 
dos usuários do sistema e da comunidade, para subsidiar 
a política de saúde do país, contribuindo com o controle 
social. 
A 12ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 
dezembro de 2003, apresentou, entre suas contribuições 
para a construção da Política Nacional de Ouvidorias do 
SUS, as seguintes propostas: 
 Criar e implementar, nas três esferas de gover-
no, um processo de escuta contínua e interlocu-
ção entre usuários do SUS, por intermédio de 
serviços telefônicos gratuitos. 
 Desenvolver ampla pesquisa para avaliar a sa-
tisfação dos usuários e profissionais do SUS, 
quanto aos serviços e atendimento no âmbito do 
SUS. 
 Utilizar o instrumento de ouvidoria para forta-
lecer o controle social e a gestão participativa. 
As ouvidorias são canais democráticos de comunica-
ção, destinados a receber manifestações dos cidadãos, 
incluindo reclamações, denúncias, sugestões, elogios e 
solicitação de informações. Por meio da mediação e da 
busca de equilíbrio entre os entes envolvidos (cidadão, 
órgãos e serviços do SUS), é papel da Ouvidoria efetuar 
o encaminhamento, a orientação, o acompanhamento da 
demanda e o retorno ao usuário, com o objetivo de pro-
piciar uma resolução adequada aos problemas apresenta-
dos, de acordo com os princípios e diretrizes do SUS. 
As ouvidorias fortalecem o SUS e a defesa do direito 
à saúde da população por meio do incentivo à participa-
ção popular e da inclusão do cidadão no controle social. 
As ouvidorias são ferramentas estratégicas de promoção 
da cidadania em saúde e produção de informações que 
subsidiam as tomadas de decisão. 
O processo de avaliação tem caráter permanente e 
funciona a partir da perspectiva do usuário do SUS, con-
tribuindo efetivamente para o aperfeiçoamento gradual e 
constante dos serviços públicos de saúde. 
As experiências de ouvidorias do SUS implantadas 
na União, estados e municípios contribui para a constru-
ção do Sistema Nacional de Ouvidorias, com vistas à 
descentralização do serviço e à identificação das reais 
necessidades da população. É imprescindível o compro-
misso dos gestores na tarefa de promover e estruturar ca-
nais abertos e acessíveis de comunicação com a popula-
ção. 
A implementação de uma ouvidoria bem estruturada 
e articulada com as três esferas de governo em conjunto 
com a comunidade, que insere o usuário no processo da 
administração das ações e serviços de saúde oferecidos 
pelo Estado, contribuirá para o apontamento e a identifi-
cação da necessidade de ajustes, criação e/ou extinção de 
mecanismos de gestão, programas, serviços e gerência 
das estruturas componentes do SUS. Portanto, a partir do 
momento em que esse usuário se manifesta, no exercício 
de sua cidadania, torna-se necessário criar meios acessí-
veis de interação entre os gestores e a população. 
Em 2005, foi dado um passo importante no sentido 
da construção da Política Nacional de Ouvidorias do 
SUS, com a definição de suas diretrizes, de forma pactu-
ada e com ampla participação. 
A proposição de um Sistema Nacional de Ouvidorias 
do SUS, estruturado no interior da Política Nacional de 
Gestão Estratégica e Participativa no SUS, deve atuar de 
forma auxiliar e complementar, considerando as estrutu-
ras já institucionalizadas, tais como os conselhos de saú-
de, as comissões intergestores, as corregedorias e o Sis-
tema Nacional de Auditoria. 
É importante registrar que o Departamento de Ouvi-
doria-Geral do SUS (Doges) incorporou e vem estrutu-
rando os serviços “Disque Saúde” do Ministério da Saú-
de (Central de Atendimento Telefônico de Discagem Di-
reta Gratuita/DDG), atualmente unificados no 0800-61-
1997, com o intuito de facilitar o acesso e para melhor 
atender ao cidadão-usuário. 
Além disso, o Doges desenvolve parcerias com ou-
tros órgãos do Ministério da Saúde, como o Instituto Na-
cional do Câncer (Inca) e a Agência Nacional de Vigi-
lância Sanitária (Anvisa), além de outras estruturas da 
esfera federal, como a Secretaria Especial de Políticas 
para as Mulheres. 
Além desse atendimento, a Ouvidoria conta com uma 
área técnica especializada que realiza o trabalho de cap-
tação, acompanhamento e encaminhamento das deman-
das e informações provenientes dos serviços 0800; das 
correspondências espontâneas enviadas pelo cidadão-
usuário à Presidência da República, ao Gabinete do Mi-
nistro e ao próprio Doges; de correspondências eletrôni-
cas (Portal da Saúde/MS); do atendimento pessoal e das 
pesquisas de satisfação do usuário do SUS. 
Todas essas alternativas de atendimento viabilizam 
um canal permanentemente aberto entre o cidadão e o 
Ministério da Saúde. 
O Departamento de Ouvidoria-Geral do SUS vem 
propiciando espaços de discussão para a construção, de 
forma pactuada, das diretrizes para a Política Nacional 
de Ouvidoria do SUS, por intermédio da promoção de 
convênios com vários estados e municípios, bem como 
investindo na organização de mecanismos de integração 
das ouvidorias, incluindo o esboço legal de um sistema 
nacional de ouvidoria e do desenvolvimento de uma fer-
ramenta informatizada – o Ouvidor-SUS – destinada a 
ampliar e otimizar o atendimento das demandas proveni-
entes da população, trabalhando dessa forma, a perspec-
tiva de descentralização. 
A sociedade brasileira passou a adotar, principalmen-
te na busca por seus direitos em saúde, uma atitude niti-
damente mais crítica e consciente, portanto a Ouvidoria-
Geral do SUS é um instrumento da democracia participa-
tiva que trabalha na perspectiva de contribuir ativamente 
para ampliar a participação dos cidadãos, de forma a for-
talecer as estratégias da gestão participativa, ampliando o 
processo do controle social, valorizando as opiniões ge-
radas pelos usuários do SUS. 
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Sistema Único de Saúde - SUS 
4.2.4 A Auditoria do SUS 
A auditoria é um instrumento de gestão para

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