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Página | 1 Sistema Único de Saúde - SUS SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) SUMÁRIO: 1. Evolução histórica da organização do sistema de saúde no Brasil e a construção do Sistema Único de Saúde (SUS) princípios, diretrizes e arcabouço legal........................3 2. Controle Social no SUS........................................................................................ ..........8 3. Resolução no 453/ 2012, do Conselho Nacional de Saúde.............................................8 4. Política Nacional de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde.........11 5. Constituição Federal, artigos de 194 a 200...................................................................20 6. Lei Orgânica da Saúde - Lei no 8.080/1990.................................................................22 7. Lei no 8.142/1990 e.......................................................................................... ............31 8. Decreto Presidencial no 7.508/2011.............................................................................32 9. Determinantes Sociais da Saúde...................................................................................36 10. Sistemas de Informação em Saúde...............................................................................41 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Página | 2 Sistema Único de Saúde - SUS O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Página | 3 Sistema Único de Saúde - SUS 1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ORGANIZA- ÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO BRA- SIL E A CONSTRUÇAO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 1.1. Período Anterior à Constituição de 1981 Até a criação do Sistema Único de Saúde - SUS, o Ministério da Saúde, apoiado por Estados e Municípios, desenvolveu basicamente ações de promoção da saúde e de prevenção de doenças, merecendo destaque as cam- panhas de vacinação e controle de endemias. A atuação na área de assistência à saúde ocorreu por meio de al- guns poucos hospitais especializados, além da ação da Fundação de Serviços Especiais de Saúde Pública – FSESP em regiões específicas do país. À época, tal ação era prestada à parcela da popula- ção definida como “indigente” por alguns Municípios e Estados e, principalmente, por instituições de caráter fi- lantrópico. A população não tinha direito e a assistência que re- cebia era prestada na condição de caridade. Nesse período, a assistência à saúde mantinha es- treita vinculação com as atividades previdenciárias e o caráter contributivo do sistema existente gerava uma di- visão da população brasileira em dois grandes grupos (além da pequena parcela da população que podia pagar os serviços de saúde por sua própria conta): previdenciá- rios e não previdenciários. Essa divisão separava a população brasileira. Al- guns, representados por contribuintes da previdência, ti- nham um acesso mais amplo à assistência à saúde dis- pondo de uma rede de serviços e de prestadores de servi- ços ambulatoriais e hospitalares providos pela previdên- cia social por meio do INAMPS; outros, restante da po- pulação brasileira, com acesso bastante limitado à assis- tência à saúde. Com a crise de financiamento da Previdência a par- tir de meados da década de 70, o INAMPS adota várias providências para racionalizar suas despesas e começa, na década de 80, a “comprar” serviços do setor público (redes de unidades das Secretarias Estaduais e Munici- pais de Saúde), inicialmente através de convênios. A as- sistência à saúde prestada pela rede pública, mesmo com o financiamento do INAMPS apenas para os seus bene- ficiários, preservava o seu caráter de universalidade da clientela. Porém, conforme discorrem Falleiros e Lima, tal período é marcado pela rearticulação das forças políticas nacionais e de discussão e mobilização popular pela de- mocratização da saúde e do próprio regime político do país. De fato, a criação do Centro Brasileiro de Estudos em Saúde e da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, em 1979, foram de grande importân- cia na luta pela democratização da saúde e da sociedade brasileira. A luta pelo fim da ditadura militar levou a área da saúde a organizar os simpósios de Política Nacional de Saúde da Câmara dos Deputados. Nesse período de reor- ganização da sociedade civil, forças políticas ligadas à saúde pública passaram a discutir questões ligadas à re- democratização do país e ao acesso aos serviços de saúde junto ao Legislativo. Tal período foi de crise ideológica acerca do modelo de saúde a ser adotado, que colocou em confronto privatistas e publicistas. Na década de 80, o INAMPS adota uma série de medidas que o aproximam ainda mais de uma cobertura universal de clientela, dentre as quais se destaca o fim da exigência da Carteira de Segurado do INAMPS para o atendimento nos hospitais próprios e conveniados da re- de pública. Esse processo culminou com a instituição do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde – SUDS, implementado por meio da celebração de convênios en- tre o INAMPS e os Governos Estaduais. Em meados da década de 80, começam a ser im- plementadas as Ações Integradas de Saúde (AIS), cujas principais diretrizes eram a universalização, a acessibili- dade, a descentralização, a integralidade e a participação comunitária. Ainda segundo Falleiros e Lima, a VIII Conferência Nacional de Saúde (1986) foi um marco do processo de formulação de um novo modelo de saúde pública univer- sal, visando romper com a cisão estrutural entre saúde pública e medicina curativa individual, e com a intensa privatização que então caracterizava o sistema de saúde brasileiro. Reunindo um amplo espectro de alianças, a VIII CNS contou com a participação de milhares de represen- tantes de diversas entidades da sociedade civil, profissi- onais de saúde, usuários do sistema e prestadores de ser- viços de saúde públicos. Os prestadores de serviços pri- vados foram os grandes ausentes nos debates travados nessa Conferência, considerada como o maior evento de discussão dos problemas enfrentados pela saúde pública brasileira. Apesar dos interesses e preocupações muitas vezes conflitantes, as forças progressistas aprovaram o princípio de que a saúde é um direito de todos e um de- ver do Estado, a ser implementado com a unificação, a democratização e a descentralização do sistema de saú- de, depois inscrita na Constituição Federal de 1988; am- pliaram e politizaram o conceito de saúde, compreendido como resultante das condições de alimentação, habita- ção, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transpor- te, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra, e acesso aos serviços de saúde; e aprovaram propostas re- lativas às bases financeiras do sistema, incorporadas pos- teriormente ao texto constitucional e um dos principais problemas que o Sistema Único de Saúde (SUS) enfren- taria nas décadas de 1990 e 2000. A partir da VIII CNS, a saúde passou a ser considerada antes de tudo como re- sultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida, devendo ser entendida no contexto histórico de ca- da sociedade no seu estágio de desenvolvimento. 1.2. Período Posterior à Constituição Federal de 1988 A Constituição de 1988 incorporou mudanças no papel do Estado e alterou profundamente o arcabouço ju- rídico-institucional do sistema público de saúde, criando novas relações entre as diferentesesferas de governo, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Página | 4 Sistema Único de Saúde - SUS novos papéis entre os atores do setor, dando origem, en- fim, ao Sistema Único de Saúde. De fato, pela primeira vez, a Constituição estabele- ceu de forma relevante uma seção sobre a saúde que trata de três aspectos principais. Em primeiro lugar, incorpora o conceito mais abrangente de que a saúde tem como fa- tores determinantes e condicionantes o meio físico (con- dições geográficas, água, alimentação, habitação, idade, sexo, herança genética, etc.); e a oportunidade de acesso aos serviços que visem à promoção, proteção e recupera- ção da saúde. Isso implica que, para se ter saúde são ne- cessárias ações em vários setores, além do Ministério da Saúde e das secretarias de saúde. Isto só uma política governamental integrada pode assegurar. Também legitima o direito de todos (art. 196) sem qualquer discriminação às ações de saúde em todos os níveis, assim como, explicita que o dever de prover o pleno gozo desse direito é responsabilidade do Governo, isto é, do poder público. Ou seja, a partir da nova consti- tuição, a condição para se ter direito de acesso aos servi- ços e ações de saúde é precisar deles. Finalmente, estabelece o Sistema Único de Saúde - SUS (art. 198), de caráter público, constituído por rede de serviços regionalizada, hierarquizada e descentraliza- da, com direção única em cada esfera de governo. Compete ao SUS prestar assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recupera- ção da saúde, com a realização integrada das ações assis- tenciais e das atividades preventivas, aí incluídas as ações de vigilância sanitária, vigilância epidemiológica, saúde do trabalhador e assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica, sendo tais competências fixadas também em norma constitucional (art. 200). 1.3. A Saúde e o Federalismo no Brasil O federalismo, como forma de organização política do estado moderno, é reconhecido na formação do estado norte-americano. A partir da Constituição Norte- Americana de 1787, ficou instituída a conformação de um estado soberano, mas não unitário, onde a União pas- sou a concentrar a capacidade de decisão soberana sobre as competências essenciais à existência de um estado moderno: a política externa, o comércio exterior, a arre- cadação de impostos e a administração da justiça em as- suntos de interesse nacional; e os estados-membros man- tiveram uma esfera de atuação autônoma sobre as com- petências residuais. O mínimo necessário para a caracterização da orga- nização constitucional federalista exige, inicialmente, a decisão do legislador constituinte - por meio da edição de uma constituição – de criar o Estado Federal e suas partes indissociáveis, a Federação ou União, e os Esta- dos-membros. Afinal, a criação de um governo geral su- põe a renúncia e o abandono de certas porções de com- petências administrativas, legislativas e tributárias por parte dos governos locais. De fato, afirma o Prof. Raul Machado Horta que "o Estado Federal criou o Estado não soberano". Ao se analisar o Estado Federal, deve-se destacar, assim, as ideias de soberania e autonomia. De fato, o núcleo do fe- deralismo está na existência de um Estado total, repre- sentado pela União, detentor de soberania, com poderes de ação sobre toda a população e sobre todo o território, com competências e recursos financeiros próprios, e de Estados-membros, autônomos, dotados de recursos fi- nanceiros independentes. Tanto a União quanto os Esta- dos-membros dependem da Constituição, responsável por organizar a primeira e dar as linhas mestras do se- gundo, assim como repartir competências e atribuir re- cursos financeiros. Portanto, não há federação sem que se assegure a participação dos Estados federados na formação da von- tade nacional, ocorrendo uma descentralização do poder político. Toda a estrutura federal baseia-se, assim, na reparti- ção de competências considerada como a grande questão do federalismo, o elemento essencial da construção fede- ral, o tema representativo de medida dos poderes políti- cos do Estado. Competências, segundo José Afonso da Silva, "são as diversas modalidades de poder de que servem os órgãos ou entidades estatais para realizar su- as funções". Em regra, o sistema federativo mostra-se adequado em países marcados pela diversidade e heterogeneidade, por respeitar valores democráticos em situações de acen- tuada diferenciação política, econômica ou social. Toda- via, esse tipo de sistema torna mais complexa a imple- mentação de políticas sociais de abrangência nacional, particularmente nos casos em que a diversidade se refere à existência de desigualdades e de exclusão social. Em tais casos, acentua-se a importância do papel das políticas sociais de redistribuição, redução das desi- gualdades no território nacional e de inclusão social. Além disso, a implementação de políticas sociais em um sistema federativo requer, por um lado, a explicitação das funções das diferentes esferas de governo para cada área da política e, por outro, a adoção de instrumentos de articulação entre as esferas de forma a induzir a coopera- ção e a complementariedade de atuação. Conforme prevê o art. 18 da Constituição, o sistema político federativo adotado pelo Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Todos com autonomia administrativa e sem vinculação hierárquica. Especificamente quanto ao tema saúde, a Carta Po- lítica atribuiu competência material comum aos entes fe- derados, como se dispõe o art. 23, inciso II, da CF. Dessa forma, quer parecer que a competência comum pressu- põe uma atuação cooperada dos três entes federativos, baseado num modelo de redução de desigualdades regio- nais em favor de uma progressiva igualação das condi- ções sociais de vida em todo território nacional. Nesse sentido, a Constituição previu ainda a compe- tência concorrente dos entes federados para legislar so- bre a “defesa da saúde” (inciso XII, do art. 24 da CF) e atribuiu à União competência legislativa concorrente pa- ra editar normas gerais sobre o assunto (§1º do art. 24 da O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Página | 5 Sistema Único de Saúde - SUS CF). Portanto, à legislação infraconstitucional coube descrever diretrizes gerais e específicas de cada ente fe- derativo. Deve-se ressaltar que, justamente em função de to- da essa complexidade, muitos compreendem a saúde como exceção ao próprio princípio federativo de separa- ção das atribuições entre as esferas governamentais. En- tendem que a saúde comporia um subsistema da seguri- dade social fundado no princípio da solidariedade. Independentemente da corrente que se adote, o fato é que ao tratar da saúde a Constituição Federal não re- produziu com exatidão as áreas de atuação dos serviços prestados pelo Poder Público de cada esfera política, es- tabelecendo atuação comum e integrada. E, a essa atua- ção comum e integrada, deve ainda agregar toda a com- plexidade inerente da área, com inúmeras carências e di- ferentes ações e serviços por parte do Estado, além de in- teresses e pressões do mercado inerentes à área da saúde. Do conjunto de determinações constitucionais sobre a saúde aos entes federados, vem se conformando o en- tendimento de que a União está encarregada das funções de financiamento e de formulação da política nacional de saúde, assim como da coordenação das ações intergover- namentais; aos Estados, por sua vez, cabe se adaptarem essa política às suas peculiaridades regionais, coorde- nando as açõesentre os respectivos municípios; e, aos municípios, efetuar a prestação dos serviços de saúde com o auxílio técnico e financeiro estadual e federal. 1.4. Mecanismos de Articulação Federativa Para que a gestão do SUS se tornasse realidade, fo- ram postos em funcionamento diversos mecanismos de articulação federativa. Um desses instrumentos foi a Comissão Tripartite, que atua junto ao Ministério da Sa- úde e é formada por gestores do SUS das três esferas do governo. A comissão representa a principal instância de negociação e pactuação de critérios de distribuição de recursos, de planos e de avaliação do desenvolvimento das pactuações realizadas em cada esfera de governo. No âmbito estadual, uma Comissão Bipartite de- sempenha papel semelhante, reunindo gestores munici- pais e estaduais e se encarregando dos planos estaduais, regionais e de regionalização das ações e serviços pro- postos pelos Colegiados de Gestão Regional. Podem ser agregadas a tais instâncias de caráter permanente eventuais negociações dos gestores com o Ministério da Saúde e autoridades da área federal e reu- niões para formulação e aprovação de pactos de gestão e de pactos pela saúde. 1.5. Princípios Doutrinários e Organizativos do SUS O Sistema Único de Saúde faz parte das ações defi- nidas na Constituição como de “relevância pública”. As competências decorrentes dessa relevância pública en- volvem o exercício de um poder regulador, de arbitra- gem e de intervenção executiva por parte das esferas do Poder Público e, por consequência, de suas agências de prestação de serviços. Por isso, é atribuído ao Estado a regulamentação, a fiscalização e o controle das ações e dos serviços de saúde, independente da execução direta do mesmo. Tal Sistema faz parte de um sistema mais amplo, o Sistema da Seguridade Social. Conforme prevê o art. 194 da Constituição, a Seguridade Social “compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade destinada a assegurar os direi- tos relativos à saúde, à previdência e à assistência soci- al”. Cabe destacar que, conforme exposto anteriormen- te, a noção de sistema deve ser compreendida não como um novo serviço, mas sim como um conjunto de unida- des, de serviços e ações das três esferas que interagem para um fim comum. Tal sistema deve ainda ser único, no sentido de ter a mesma doutrina e a mesma forma de organização em todo o país. 1.6. Princípios e Diretrizes do Sistema Único de Saúde - SUS Desde a VIII Conferência Nacional de Saúde (1986) e a Constituinte (1987 a 1988), um alto grau de consenso político veio a constituir o fator decisivo para a confor- mação federativa do SUS. Tal consenso defendeu três te- ses convergentes: 1) gestão compartilhada nos âmbitos federal, esta- dual e municipal, com direção única em cada esfera de governo; 2) descentralização que concede papel destacado à gestão municipal; 3) funcionamento obrigatório do controle social, por meio dos conselhos de saúde. Tais vetores ensejaram o estabelecimento de princí- pios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), que constituem as bases para o funcionamento e organização do sistema no país. Universalização Saúde é direito de cidadania e dever do Governo: municipal, estadual e federal. Com a universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso a todos os serviços públicos de saúde, assim como àqueles contratados pelo poder público, independentemente de sexo, raça, renda, ocupação, ou outras características sociais ou pessoais. É a garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão. Equidade É um princípio de justiça social porque busca dimi- nuir desigualdades. Isto significa tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior. Ape- sar de todos terem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades diferentes. Portanto, pela equidade investe-se mais onde a ca- rência é maior. Para isso, a rede de serviços deve estar atenta às necessidades reais da população a ser atendida. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Página | 6 Sistema Único de Saúde - SUS Integralidade É a garantia do fornecimento de um conjunto articu- lado e contínuo de ações e serviços preventivos, curati- vos e coletivos, exigidos em cada caso para todos os ní- veis de complexidade de assistência. Portanto, significa considerar a pessoa como um todo, atendendo a todas as suas necessidades. Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. Ao mesmo tempo, o princípio da integralidade pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, como forma de as- segurar uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de vida dos indivíduos. Hierarquização e Regionalização A hierarquização deve, além de proceder à divisão de níveis de atenção, garantir formas de acesso a servi- ços que componham toda a complexidade requerida para o caso, no limite dos recursos disponíveis numa dada re- gião. Deve ainda incorporar-se à rotina do acompanha- mento dos serviços, com fluxos de encaminhamento (re- ferência) e de retorno de informações do nível básico do serviço (contra-referência). Por isso, os serviços devem ser organizados em ní- veis de complexidade tecnológica crescente, circunscri- tos a uma área geográfica delimitada, planejados a partir de critérios epidemiológicos e com a definição e o co- nhecimento da clientela a ser atendida. O acesso da população à rede deve se dar através dos serviços de nível primário de atenção que devem es- tar qualificados para atender e resolver os principais pro- blemas que demandam os serviços de saúde; devendo, os demais, serem referenciados para os serviços de maior complexidade tecnológica. Descentralização e Comando Único Descentralizar é redistribuir poder e responsabilida- des entre os três níveis de governo. Na saúde, a descen- tralização tem como objetivo prestar serviços com maior qualidade e garantir o controle e a fiscalização pelos ci- dadãos. Quanto mais perto estiver a decisão, maior a chance de acerto. No SUS a responsabilidade pela saúde deve ser descentralizada até o município. Isto significa dotar o município de condições gerenciais, técnicas, ad- ministrativas e financeiras para exercer esta função. A decisão deve ser de quem executa, que deve ser o que está mais perto do problema. A descentralização, ou municipalização, é uma forma de aproximar o cidadão das decisões do setor e significa a responsabilização do município pela saúde de seus cidadãos. É também uma forma de intervir na qualidade dos serviços prestados. Para fazer valer o princípio da descentralização, existe a concepção constitucional do mando único. Cada esfera de governo é autônoma e soberana nas suas decisões e atividades, respeitando os princípios ge- rais e a participação da sociedade. Assim, a autoridade sanitária do SUS é exercida na União pelo ministro da saúde, nos estados pelos secretários estaduais de saúde e nos municípios pelos secretários ou chefes de departa- mentos de saúde. Eles são também conhecidos como “gestores” do sistema de saúde. Participação Popular Parte do pressuposto de que a participação da soci- edade não deve se esgotar nas discussões que deram ori- gem ao SUS. Como forma de garantir a efetividade das políticas públicas de saúde, bem como forma de exercí- cio do controle social, devem ser criados canais de parti- cipação popular na gestão do SUS em todas as esferas. São iniciativas voltadas à promoção dessa partici- pação a criação dos Conselhos e das Conferências de Sa- úde, que têm como função formular estratégias, controlar e avaliar aexecução da política de saúde. Resolubilidade (Solução de Problemas) É a exigência de que, quando um indivíduo busca o atendimento ou quando surge um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja capacitado para enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível da sua competência. 1.7. ARCABOUÇO LEGAL DO SUS A criação do SUS, feita pela Constituição Federal, foi posteriormente implementada por meio da Lei nº 8.080, de 1990 (Lei Orgânica da Saúde) e da Lei nº 8.142, de 1990 (Regula as transferências intergoverna- mentais de recursos financeiros na área da saúde). Estas leis definem as atribuições dos diferentes níveis de go- verno com a saúde; estabelecem responsabilidades nas áreas de vigilância sanitária, epidemiológica e saúde do trabalhador; regulamentam o financiamento e os espaços de participação popular; formalizam o entendimento da saúde como área de “relevância pública” e a relação do poder público com as entidades privadas com base nas normas do direito público; dentre outros vários princí- pios fundamentais do SUS. Também foram editadas diversas normas e portarias pelo Ministério da Saúde – as Normas Operacionais Bá- sicas (NOBs) - como instrumentos de regulamentação do sistema. Tais normas definem a forma de transferência de recursos entre governos e as modalidades de paga- mento dos serviços de saúde, além de instruírem o pro- cesso de descentralização e de construção de uma rede de serviços capaz de operar com racionalidade sistêmica. Portanto, o SUS conforma modelo público de pres- tação de serviços e ações de saúde em âmbito nacional, incorporando novos instrumentos gerenciais, técnicos e de democratização da gestão. Em sua concepção origi- nal, visa integrar os subsistemas de saúde pública e de assistência previdenciária - os ramos da medicina pre- ventiva e curativa -, bem como os serviços públicos e privados, em regime de contrato ou convênio, num sis- tema único e nacional, de acesso universal e igualitário, organizado de forma regionalizada e hierarquizada, sob comando único em cada nível de governo, segundo as di- retrizes da descentralização administrativa e operacional, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Página | 7 Sistema Único de Saúde - SUS do atendimento integral à saúde e da participação da co- munidade visando ao controle social. Este modelo envolve inúmeras variáveis e só se concretiza por meio do estabelecimento de relações inte- rinstitucionais de governo. A descentralização, associada à diretriz da gestão única, resulta em três arranjos for- mais para o sistema de saúde: municipais, estaduais e o nacional. No entanto, a integralidade e a hierarquização induzem à formação de outros subsistemas, como conse- quência da negociação intergestores. Como se percebe, o SUS é fruto de acordos políticos e do desenvolvimento de instrumentos técnico-operacionais necessários à inte- gração do Sistema. Em linhas gerais, essa distribuição intergoverna- mental de funções delegou à União o financiamento e a formulação da política nacional de saúde, além da coor- denação das ações intergovernamentais. Tal situação é evidenciada no art. 16 da Lei nº 8.080 de 1990. Assim, coube à União a normatização, coordenação e avaliação do sistema em caráter nacional, como tam- bém a cooperação técnica e financeira aos Estados, Mu- nicípios e ao Distrito Federal. À União compete, ainda, normatizar as relações existentes no SUS e estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria - SNA, regulamentado pelo Decreto n° 1.651/1995. A União também participa, em conjunto com Estados, Distrito Federal e Municípios, de uma série de outras atividades relacionadas à norma- tização, controle e execução das ações e serviços de saú- de (Lei n° 8.080/1990, art. 16). Cabe aos Estados e ao Distrito Federal a coordena- ção, o acompanhamento e a avaliação do sistema em seu território, o apoio técnico e financeiro aos Municípios e a execução de ações de saúde em caráter supletivo àqueles. Além disso, os Estados participam da execução, em cará- ter suplementar, de uma série de atividades precípuas da União e dos Municípios (Lei n° 8.080/1990, art. 17). Compete aos Municípios suplementar a legislação federal e a estadual no que couber e prestar, com a coo- peração técnica e financeira da União e dos Estados, ser- viços de atendimento à saúde da população. Além de prestar os serviços e executar as políticas de saúde, os Municípios devem planejar, organizar, controlar e avali- ar o sistema de saúde em seu território e participar do planejamento regional, em articulação com a direção es- tadual do SUS (Constituição Federal - CF, art. 30, inci- sos II e VII e Lei nº 8.080/1990, art. 18). Também foi viabilizada a participação de Estados e Municípios no processo de formulação da política de sa- úde por meio de conselhos com representação (art. 1º da Lei nº 8.142, de 1990). Com tais espaços de negociação foi reduzida a possibilidade de o Ministério da Saúde es- tabelecer unilateralmente as regras de funcionamento do SUS. Tais conselhos funcionam como um mecanismo de contrapeso à concentração de autoridade conferida ao Executivo federal. Deve-se ainda mencionar que o Conselho Nacional de Saúde participa da fixação de critérios e valores para a remuneração de serviços e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), como dispõe o art. 26 da Lei nº 8.080 de 1990: Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços e os parâmetros de cobertura assisten- cial serão estabelecidos pela direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no Con- selho Nacional de Saúde. O art. 4º da Lei nº 8.080, de 1990, esclarece que o conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por ór- gãos e instituições públicas federais, estaduais e munici- pais, da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS). A citada norma esclarece ainda a atuação comple- mentar do setor privado na saúde. De fato, em seu art. 24, estabelece que, “quando as suas disponibilidades forem insuficientes para garantir a cobertura assistencial à população de uma determinada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos serviços ofertados pela iniciativa privada”. Sendo os critérios e valores para a remuneração de serviços e pa- râmetros de cobertura assistencial estabelecidos pela di- reção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), apro- vados no Conselho Nacional de Saúde (cf. art. 26). Em seu art. 31, a Lei nº 8.080, de 1990, estabelece que o orçamento da seguridade social destinará ao Sis- tema Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita es- timada, os recursos necessários à realização de suas fina- lidades, previstos em proposta elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamen- tárias. A Norma estabelece também critérios para distri- buição regional dos recursos. O art. 35 da Lei nº 8.080, de 1990, determina que, para apuração dos valores a se- rem transferidos a Estados, Distrito Federal e Municí- pios, seja utilizada a combinação dos seguintes critérios, segundo análise técnica de programas e projetos: I- perfil demográfico da região; II- perfil epidemiológico da população a ser coberta; III- características quantitativas e qualitativas da rede de saúde na área; IV- desempenho técnico, econômico e financei- ro no período anterior; V- níveis de participação do setor saúde nos orçamentos estaduais e municipais; VI- previsão do plano quinquenal de investi- mentos da rede; VII- ressarcimento do atendimento a serviços prestados paraoutras esferas de governo. Deve-se ressaltar, contudo, que a tais critérios sujei- tam-se 50% dos recursos, pois os 50% restantes atendem ao critério demográfico. O §1º do artigo determina que metade dos recursos destinados a Estados e Municípios O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Página | 8 Sistema Único de Saúde - SUS seja distribuída segundo o quociente de sua divisão pelo número de habitantes, independentemente de qualquer procedimento prévio. A Lei nº 8.142, de 1990, normatiza a participação da comunidade na gestão do SUS e as transferências de recursos do Ministério da Saúde para as outras esferas de governo. Nos artigos 2º e 3º, a Norma trata do “Fundo Nacional de Saúde” (FNS), e informa como e onde os recursos desse fundo serão aplicados. O artigo 2º estabe- lece que só podem ser utilizados para financiar: despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus ór- gãos e entidades, da administração direta e indireta; in- vestimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Naci- onal; investimentos previstos no Plano Quinquenal do Ministério da Saúde; e a cobertura das ações e serviços de saúde a serem implementados pelos Municípios, Es- tados e Distrito Federal. ********************************************* 2. CONTROLE SOCIAL NO SUS Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, e da Lei Federal 8.080 de 1990, criou-se o Sistema Único de Saúde do Brasil (SUS), para que toda a popu- lação brasileira tenha acesso ao atendimento público de saúde. A Lei 8.142 de 1990 conferiu ao SUS uma de su- as principais características: o controle social, institucio- nalizando a participação da população nas políticas de saúde nas três esferas, municipal, estadual e federal, através da participação nos Conselhos de Saúde forma- dos por 25% de gestores, 25% de trabalhadores do SUS e por 50% de usuários do sistema, e nas Conferências de Saúde. Dessa maneira, a comunidade, através de seus re- presentantes, pode opinar, definir, acompanhar a execu- ção e fiscalizar as ações de saúde. A participação popular é entendida como uma das formas mais avançadas de democracia contemporânea. Com a participação da comunidade na gestão do SUS se estabelece uma nova relação entre Estado e sociedade. O SUS deve identificar o usuário como membro da comu- nidade, com direitos e deveres, e não como recebedor passivo de benefícios do Estado. Os Conselhos de Saúde são os órgãos de controle do SUS pela sociedade nos níveis municipal, estadual e federal. Eles foram criados para permitir que a população possa interferir na gestão da saúde, defendendo os inte- resses da coletividade para que estes sejam atendidos pe- las ações governamentais. O legítimo representante dos cidadãos usuários do SUS defende os interesses e necessidades da população que mais precisa e usa os serviços do SUS, exercendo o controle social ao lutar para garantir, na prática, o direito constitucional à saúde com qualidade e o respeito à dig- nidade humana. Os Conselhos de Saúde funcionam como colegia- dos, de caráter permanente e deliberativo, isto é, devem funcionar e tomar decisões regularmente, acompanhan- do, controlando e fiscalizando a política de saúde e pro- pondo correções e aperfeiçoamentos em seu rumo. São componentes dos Conselhos os representantes do gover- no, dos prestadores de serviços, dos profissionais de saú- de e usuários. ********************************************* 3. RESOLUÇÃO Nº 453, DE 10 DE MAIO DE 2012 O Plenário do Conselho Nacional de Saúde, em sua Ducentésima Trigésima Terceira Reunião Ordinária, rea- lizada nos dias 9 e 10 de maio de 2012, no uso de suas competências regimentais e atribuições conferidas pela Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990, e pelo Decreto no 5.839, de 11 de julho de 2006, e Considerando os debates ocorridos nos Conselhos de Saúde, nas três esferas de Governo, na X Plenária Nacional de Conselhos de Saúde, nas Plenárias Regionais e Estaduais de Conselhos de Saúde, nas 9a, 10a e 11a Conferências Nacionais de Saúde, e nas Conferências Estaduais, do Distrito Federal e Municipais de Saúde; Considerando a experiência acumulada do Controle Social da Saúde à necessidade de aprimoramento do Controle Social da Saúde no âmbito nacional e as reite- radas demandas dos Conselhos Estaduais e Municipais referentes às propostas de composição, organização e funcionamento, conforme o § 5o inciso II art. 1o da Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990; Considerando a ampla discussão da Resolução do CNS no 333/03 realizada nos espaços de Controle Social, entre os quais se destacam as Plenárias de Conselhos de Saúde; Considerando os objetivos de consolidar, fortalecer, ampliar e acelerar o processo de Controle Social do SUS, por intermédio dos Conselhos Nacional, Estaduais, Municipais, das Conferências de Saúde e Plenárias de Conselhos de Saúde; Considerando que os Conselhos de Saúde, consagrados pela efetiva participação da sociedade civil organizada, representam polos de qualificação de cidadãos para o Controle Social nas esferas da ação do Estado; e Considerando o que disciplina a Lei Complementar no 141, de 13 de janeiro de 2012, e o Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011, que regulamentam a Lei Orgânica da Saúde. Resolve: Aprovar as seguintes diretrizes para instituição, re- formulação, reestruturação e funcionamento dos Conse- lhos de Saúde: 3.1. DA DEFINIÇÃO DE CONSELHO DE SA- ÚDE Primeira Diretriz: o Conselho de Saúde é uma instân- cia colegiada, deliberativa e permanente do Sistema Úni- co de Saúde (SUS) em cada esfera de Governo, integran- te da estrutura organizacional do Ministério da Saúde, da Secretaria de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com composição, organização e compe- tência fixadas na Lei no 8.142/90. O processo bem- sucedido de descentralização da saúde promoveu o sur- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Página | 9 Sistema Único de Saúde - SUS gimento de Conselhos Regionais, Conselhos Locais, Conselhos Distritais de Saúde, incluindo os Conselhos dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, sob a coor- denação dos Conselhos de Saúde da esfera correspon- dente. Assim, os Conselhos de Saúde são espaços institu- ídos de participação da comunidade nas políticas públi- cas e na administração da saúde. Parágrafo único. Como Subsistema da Seguridade Social, o Conselho de Saúde atua na formulação e pro- posição de estratégias e no controle da execução das Po- líticas de Saúde, inclusive nos seus aspectos econômicos e financeiros. 3.2. DA INSTITUIÇÃO E REFORMULAÇÃO DOS CONSELHOS DE SAÚDE Segunda Diretriz: a instituição dos Conselhos de Sa- úde é estabelecida por lei federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, obedecida a Lei no 8.142/90. Parágrafo único. Na instituição e reformulação dos Conselhos de Saúde o Poder Executivo, respeitando os princípios da democracia, deverá acolher as demandas da população aprovadas nas Conferências de Saúde, e em consonância com a legislação. 3.3. A ORGANIZAÇÃO DOS CONSELHOS DE SAÚDE Terceira Diretriz: a participação da sociedade organi- zada, garantida na legislação, torna os Conselhos de Sa- úde uma instância privilegiada na proposição, discussão, acompanhamento, deliberação, avaliação e fiscalização da implementação da Política de Saúde, inclusive nos seus aspectos econômicos e financeiros. A legislação es- tabelece, ainda, a composição paritária de usuários em relação ao conjunto dos demais segmentos representa-dos. O Conselho de Saúde será composto por represen- tantes de entidades, instituições e movimentos represen- tativos de usuários, de entidades representativas de traba- lhadores da área da saúde, do governo e de entidades re- presentativas de prestadores de serviços de saúde, sendo o seu presidente eleito entre os membros do Conselho, em reunião plenária. Nos Municípios onde não existem entidades, instituições e movimentos organizados em número suficiente para compor o Conselho, a eleição da representação será realizada em plenária no Município, promovida pelo Conselho Municipal de maneira ampla e democrática. I - O número de conselheiros será definido pelos Conselhos de Saúde e constituído em lei. II - Mantendo o que propôs as Resoluções nos 33/92 e 333/03 do CNS e consoante com as Recomendações da 10a e 11a Conferências Nacionais de Saúde, as vagas deverão ser distribuídas da seguinte forma: a) 50% de entidades e movimentos representativos de usuários; b) 25% de entidades representativas dos trabalha- dores da área de saúde; c) 25% de representação de governo e prestadores de serviços privados conveniados, ou sem fins lucrativos. III - A participação de órgãos, entidades e movimen- tos sociais terá como critério a representatividade, a abrangência e a complementaridade do conjunto da soci- edade, no âmbito de atuação do Conselho de Saúde. De acordo com as especificidades locais, aplicando o princí- pio da paridade, serão contempladas, dentre outras, as seguintes representações: a) associações de pessoas com patologias; b) associações de pessoas com deficiências; c) entidades indígenas; d) movimentos sociais e populares, organizados (movimento negro, LGBT...); e) movimentos organizados de mulheres, em saú- de; f) entidades de aposentados e pensionistas; g) entidades congregadas de sindicatos, centrais sindicais, confederações e federações de traba- lhadores urbanos e rurais; h) entidades de defesa do consumidor; i) organizações de moradores; j) entidades ambientalistas; k) organizações religiosas; l) trabalhadores da área de saúde: associações, confederações, conselhos de profissões regula- mentadas, federações e sindicatos, obedecendo as instâncias federativas; m) comunidade científica; n) entidades públicas, de hospitais universitários e hospitais campo de estágio, de pesquisa e de- senvolvimento; o) entidades patronais; p) entidades dos prestadores de serviço de saúde; e q) governo. IV - As entidades, movimentos e instituições eleitas no Conselho de Saúde terão os conselheiros indicados, por escrito, conforme processos estabelecidos pelas res- pectivas entidades, movimentos e instituições e de acor- do com a sua organização, com a recomendação de que ocorra renovação de seus representantes. V - Recomenda-se que, a cada eleição, os segmentos de representações de usuários, trabalhadores e prestado- res de serviços, ao seu critério, promovam a renovação de, no mínimo, 30% de suas entidades representativas. VI - A representação nos segmentos deve ser distinta e autônoma em relação aos demais segmentos que com- põem o Conselho, por isso, um profissional com cargo de direção ou de confiança na gestão do SUS, ou como prestador de serviços de saúde não pode ser representan- te dos(as) Usuários(as) ou de Trabalhadores(as). VII - A ocupação de funções na área da saúde que in- terfiram na autonomia representativa do Conselheiro(a) deve ser avaliada como possível impedimento da repre- sentação de Usuário(a) e Trabalhador(a), e, a juízo da en- tidade, indicativo de substituição do Conselheiro(a). VIII - A participação dos membros eleitos do Poder Legislativo, representação do Poder Judiciário e do Mi- nistério Público, como conselheiros, não é permitida nos Conselhos de Saúde. IX - Quando não houver Conselho de Saúde constitu- ído ou em atividade no Município, caberá ao Conselho Estadual de Saúde assumir, junto ao executivo munici- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Página | 10 Sistema Único de Saúde - SUS pal, a convocação e realização da Conferência Municipal de Saúde, que terá como um de seus objetivos a estrutu- ração e composição do Conselho Municipal. O mesmo será atribuído ao Conselho Nacional de Saúde, quando não houver Conselho Estadual de Saúde constituído ou em funcionamento. X - As funções, como membro do Conselho de Saú- de, não serão remuneradas, considerando-se o seu exer- cício de relevância pública e, portanto, garante a dispen- sa do trabalho sem prejuízo para o conselheiro. Para fins de justificativa junto aos órgãos, entidades competentes e instituições, o Conselho de Saúde emitirá declaração de participação de seus membros durante o período das reu- niões, representações, capacitações e outras atividades específicas. XI - O conselheiro, no exercício de sua função, res- ponde pelos seus atos conforme legislação vigente. 3.4. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DOS CONSELHOS DE SAÚDE Quarta Diretriz: as três esferas de Governo garantirão autonomia administrativa para o pleno funcionamento do Conselho de Saúde, dotação orçamentária, autonomia fi- nanceira e organização da secretaria-executiva com a ne- cessária infraestrutura e apoio técnico: I - cabe ao Conselho de Saúde deliberar em relação à sua estrutura administrativa e o quadro de pessoal; II - o Conselho de Saúde contará com uma secretaria- executiva coordenada por pessoa preparada para a fun- ção, para o suporte técnico e administrativo, subordinada ao Plenário do Conselho de Saúde, que definirá sua es- trutura e dimensão; III - o Conselho de Saúde decide sobre o seu orça- mento; IV - o Plenário do Conselho de Saúde se reunirá, no mínimo, a cada mês e, extraordinariamente, quando ne- cessário, e terá como base o seu Regimento Interno. A pauta e o material de apoio às reuniões devem ser enca- minhados aos conselheiros com antecedência mínima de 10 (dez) dias; V - as reuniões plenárias dos Conselhos de Saúde são abertas ao público e deverão acontecer em espaços e ho- rários que possibilitem a participação da sociedade; VI - o Conselho de Saúde exerce suas atribuições mediante o funcionamento do Plenário, que, além das comissões intersetoriais, estabelecidas na Lei no 8.080/90, instalará outras comissões intersetoriais e gru- pos de trabalho de conselheiros para ações transitórias. As comissões poderão contar com integrantes não conse- lheiros; VII - o Conselho de Saúde constituirá uma Mesa Di- retora eleita em Plenário, respeitando a paridade expres- sa nesta Resolução; VIII - as decisões do Conselho de Saúde serão adota- das mediante quórum mínimo (metade mais um) dos seus integrantes, ressalvados os casos regimentais nos quais se exija quórum especial, ou maioria qualificada de votos; a) entende-se por maioria simples o número inteiro imediatamente superior à metade dos membros presen- tes; b) entende-se por maioria absoluta o número inteiro imediatamente superior à metade de membros do Conse- lho; c) entende-se por maioria qualificada 2/3 (dois ter- ços) do total de membros do Conselho; IX - qualquer alteração na organização dos Conse- lhos de Saúde preservará o que está garantido em lei e deve ser proposta pelo próprio Conselho e votada em reunião plenária, com quórum qualificado, para depois ser alterada em seu Regimento Interno e homologada pe- lo gestor da esfera correspondente; X - a cada quadrimestre deverá constar dos itens da pauta o pronunciamento do gestor, das respectivas esfe- ras de governo, para que faça a prestação de contas, em relatório detalhado, sobre andamento do plano de saúde, agenda da saúde pactuada, relatório de gestão, dados so- bre o montante e a forma de aplicação dos recursos, as auditorias iniciadas e concluídas no período, bem como a produção e a oferta de serviçosna rede assistencial pró- pria, contratada ou conveniada, de acordo com o art. 12 da Lei no 8.689/93 e com a Lei Complementar no 141/2012; XI - os Conselhos de Saúde, com a devida justificati- va, buscarão auditorias externas e independentes sobre as contas e atividades do Gestor do SUS; e XII - o Pleno do Conselho de Saúde deverá manifes- tar-se por meio de resoluções, recomendações, moções e outros atos deliberativos. As resoluções serão obrigatori- amente homologadas pelo chefe do poder constituído em cada esfera de governo, em um prazo de 30 (trinta) dias, dando-se-lhes publicidade oficial. Decorrido o prazo mencionado e não sendo homologada a resolução e nem enviada justificativa pelo gestor ao Conselho de Saúde com proposta de alteração ou rejeição a ser apreciada na reunião seguinte, as entidades que integram o Conselho de Saúde podem buscar a validação das resoluções, re- correndo à justiça e ao Ministério Público, quando ne- cessário. Quinta Diretriz: aos Conselhos de Saúde Nacional, Estaduais, Municipais e do Distrito Federal, que têm competências definidas nas leis federais, bem como em indicações advindas das Conferências de Saúde, compe- te: I - fortalecer a participação e o Controle Social no SUS, mobilizar e articular a sociedade de forma perma- nente na defesa dos princípios constitucionais que fun- damentam o SUS; II - elaborar o Regimento Interno do Conselho e outras normas de funcionamento; III - discutir, elaborar e aprovar propostas de opera- cionalização das diretrizes aprovadas pelas Conferências de Saúde; IV - atuar na formulação e no controle da execução da política de saúde, incluindo os seus aspectos econô- micos e financeiros, e propor estratégias para a sua apli- cação aos setores público e privado; V - definir diretrizes para elaboração dos planos de saúde e deliberar sobre o seu conteúdo, conforme as di- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Página | 11 Sistema Único de Saúde - SUS versas situações epidemiológicas e a capacidade organi- zacional dos serviços; VI - anualmente deliberar sobre a aprovação ou não do relatório de gestão; VII - estabelecer estratégias e procedimentos de acompanhamento da gestão do SUS, articulando-se com os demais colegiados, a exemplo dos de seguridade soci- al, meio ambiente, justiça, educação, trabalho, agricultu- ra, idosos, criança e adolescente e outros; VIII - proceder à revisão periódica dos planos de sa- úde; IX - deliberar sobre os programas de saúde e aprovar projetos a serem encaminhados ao Poder Legislativo, propor a adoção de critérios definidores de qualidade e resolutividade, atualizando-os face ao processo de incor- poração dos avanços científicos e tecnológicos na área da Saúde; X - avaliar, explicitando os critérios utilizados, a or- ganização e o funcionamento do Sistema Único de Saúde do SUS; XI - avaliar e deliberar sobre contratos, consórcios e convênios, conforme as diretrizes dos Planos de Saúde Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais; XII - acompanhar e controlar a atuação do setor pri- vado credenciado mediante contrato ou convênio na área de saúde; XIII - aprovar a proposta orçamentária anual da saú- de, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias, observado o princí- pio do processo de planejamento e orçamento ascenden- tes, conforme legislação vigente; XIV - propor critérios para programação e execução financeira e orçamentária dos Fundos de Saúde e acom- panhar a movimentação e destino dos recursos; XV - fiscalizar e controlar gastos e deliberar sobre critérios de movimentação de recursos da Saúde, inclu- indo o Fundo de Saúde e os recursos transferidos e pró- prios do Município, Estado, Distrito Federal e da União, com base no que a lei disciplina; XVI - analisar, discutir e aprovar o relatório de ges- tão, com a prestação de contas e informações financeiras, repassadas em tempo hábil aos conselheiros, e garantia do devido assessoramento; XVII - fiscalizar e acompanhar o desenvolvimento das ações e dos serviços de saúde e encaminhar denún- cias aos respectivos órgãos de controle interno e externo, conforme legislação vigente; XVIII - examinar propostas e denúncias de indícios de irregularidades, responder no seu âmbito a consultas sobre assuntos pertinentes às ações e aos serviços de sa- úde, bem como apreciar recursos a respeito de delibera- ções do Conselho nas suas respectivas instâncias; XIX - estabelecer a periodicidade de convocação e organizar as Conferências de Saúde, propor sua convo- cação ordinária ou extraordinária e estruturar a comissão organizadora, submeter o respectivo regimento e pro- grama ao Pleno do Conselho de Saúde correspondente, convocar a sociedade para a participação nas pré- conferências e conferências de saúde; XX - estimular articulação e intercâmbio entre os Conselhos de Saúde, entidades, movimentos populares, instituições públicas e privadas para a promoção da Saú- de; XXI - estimular, apoiar e promover estudos e pesqui- sas sobre assuntos e temas na área de saúde pertinente ao desenvolvimento do Sistema Único de Saúde (SUS); XXII - acompanhar o processo de desenvolvimento e incorporação científica e tecnológica, observados os pa- drões éticos compatíveis com o desenvolvimento socio- cultural do País; XXIII - estabelecer ações de informação, educação e comunicação em saúde, divulgar as funções e competên- cias do Conselho de Saúde, seus trabalhos e decisões nos meios de comunicação, incluindo informações sobre as agendas, datas e local das reuniões e dos eventos; XXIV - deliberar, elaborar, apoiar e promover a edu- cação permanente para o controle social, de acordo com as Diretrizes e a Política Nacional de Educação Perma- nente para o Controle Social do SUS; XXV - incrementar e aperfeiçoar o relacionamento sistemático com os poderes constituídos, Ministério Pú- blico, Judiciário e Legislativo, meios de comunicação, bem como setores relevantes não representados nos con- selhos; XXVI - acompanhar a aplicação das normas sobre ética em pesquisas aprovadas pelo CNS; XXVII - deliberar, encaminhar e avaliar a Política de Gestão do Trabalho e Educação para a Saúde no SUS; XXVIII - acompanhar a implementação das propos- tas constantes do relatório das plenárias dos Conselhos de Saúde; e XXIX - atualizar periodicamente as informações so- bre o Conselho de Saúde no Sistema de Acompanhamen- to dos Conselhos de Saúde (SIACS). Fica revogada a Resolução do CNS no 333, de 4 de novembro de 2003. ALEXANDRE ROCHA SANTOS PADILHA Presidente do Conselho Nacional de Saúde Homologo a Resolução CNS no 453, de 10 de maio de 2012, nos termos do Decreto nº 5.839, de 11 de julho de 2006. ALEXANDRE ROCHA SANTOS PADILHA Ministro de Estado da Saúde *********************************************** 4. POLITICA NACIONAL DE GESTÃO ES- TRATÉGICA E PARTICIPATIVA DO MINISTÉ- RIO DA SAÚDE. 4.1. Princípios e Diretrizes da Política Nacional de Gestão Estratégica e Participativa no SUS Além do estabelecido pela Constituição Federal e pe- la Lei Orgânica da Saúde, a Política Nacional de Gestão Estratégica e Participativa no SUS tem por base os se- guintes princípios e diretrizes: Reafirmação dos pressupostos da Reforma Sanitária quanto ao direito universal à saú- de de responsabilidade do Estado, como universalidade, equidade, integralidade e participação social. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Página | 12 Sistema Único de Saúde - SUS Valorização dos diferentes mecanismos de participação popular e de controle social nos processosde gestão do SUS, especial- mente os conselhos e as conferências de saúde, garantindo sua consolidação como política de inclusão social e conquista po- pular. Promoção da inclusão social de populações específicas, visando à equidade no exercí- cio do direito à saúde. Afirmação do protagonismo da população na luta por saúde a partir da ampliação de espaços públicos de debates e construção de saberes. Integração e interação das ações de audito- ria, ouvidoria, monitoramento e avaliação com o controle social, entendidos como medidas para o aprimoramento da gestão do SUS nas três esferas de governo. Ampliação dos espaços de ausculta da so- ciedade em relação ao SUS, articulando-os com a gestão do sistema e a formulação de políticas públicas de saúde. Articulação com as demais áreas do Minis- tério da Saúde na implantação de meca- nismos de avaliação continuada da eficácia e efetividade da gestão do SUS. Articulação das ações referentes à gestão estratégica e participativa desenvolvidas pelo Ministério da Saúde com os diversos setores, governamentais e não- governamentais, relacionados com os con- dicionantes e determinantes da saúde. Fortalecimento das formas coletivas de participação e solução de demandas. 4.2. Componentes da Política Nacional de Gestão Estratégica e Participativa no SUS Gestão participativa é uma estratégia transversal, pre- sente nos processos cotidianos da gestão do SUS, que possibilita a formulação e a deliberação pelo conjunto de atores no processo de controle social. Requer a adoção de práticas e mecanismos que efetivem a participação dos profissionais de saúde e da comunidade. A gestão estratégica pressupõe a ampliação de espa- ços públicos e coletivos para o exercício do diálogo e da pactuação das diferenças, de forma a construir um co- nhecimento compartilhado sobre saúde, preservando a subjetividade e a singularidade presentes na relação de cada indivíduo e da coletividade, com a dinâmica da vi- da. Esta prática amplia a vocalização das necessidades e dos desejos da população e a escuta dos profissionais e dos serviços, para que o acolhimento e o cuidado tenham significado para ambos. As práticas participativas implicam, sempre, na cons- trução de consensos, a partir da identificação e do reco- nhecimento dos dissensos, indicando alternativas a partir de diferentes opiniões, ensejando resultados mais ex- pressivos e duradouros. Assim, a gestão estratégica e participativa constitui- se em um conjunto de atividades voltadas ao aprimora- mento da gestão do SUS, visando a maior eficácia, efici- ência e efetividade, por meio de ações que incluem o apoio ao controle social, à educação popular, à mobiliza- ção social, à busca da equidade, ao monitoramento e ava- liação, à ouvidoria, à auditoria e à gestão da ética nos serviços públicos de saúde. Nesse sentido, a Política Na- cional de Gestão Estratégica e Participativa no SUS compreende os componentes a seguir discriminados. 4.2.1 A Gestão Participativa e o Controle Social no SUS As conquistas populares no Brasil têm apresentado trajetória emblemática para a mobilização social em de- fesa do direito à saúde. A década de 80 representou o momento de institucionalização das práticas inovadoras para o setor, fundamentadas na concepção da saúde co- mo produção social e direito, que foram consolidadas na década de 90, nas conferências e nos conselhos de saúde. A 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, tornou-se um marco por ter discutido o aprofun- damento dos grandes temas que subsidiaram a Assem- bleia Nacional Constituinte. As últimas Conferências Nacionais de Saúde, da 9ª à 12ª, reafirmam como indis- pensáveis a implementação e o fortalecimento dos meca- nismos de controle social existentes. A 12ª Conferência Nacional de Saúde afirma a neces- sidade de “Estimular e fortalecer a mobilização social e a participação cidadã nos diversos setores organizados da sociedade, com a aplicação dos meios legais disponí- veis, visando efetivar e fortalecer o Controle Social na formulação, regulação e execução das políticas públi- cas, de acordo com as mudanças desejadas para a cons- trução do SUS que queremos”. Nesse processo, algumas propostas emanadas das conferências devem ser destacadas e valorizadas como desafios à consolidação e ao fortalecimento do controle social no SUS: Garantia de efetiva implantação dos conselhos de saúde estaduais e municipais – assegurando aos mesmos, dotação orçamentária própria. Consolidação do caráter deliberativo, fiscaliza- dor e de gestão colegiada dos conselhos, com composição paritária entre usuários e demais segmentos, devendo o presidente ser eleito en- tre seus membros. Reafirmação da participação popular e do con- trole social na construção de um novo modelo de atenção à saúde, requerendo o envolvimento dos movimentos sociais, considerados atores estratégicos para a gestão participativa. Aperfeiçoamento dos atuais canais de partici- pação social, criação e ampliação de novos ca- nais de interlocução entre usuários e sistema de saúde, e de mecanismos de escuta do cidadão. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Página | 13 Sistema Único de Saúde - SUS Uma estratégia em desenvolvimento pela Secretaria está permitindo a construção do ParticipanetSUS, um sistema composto pelo cadastro, perfil e indicadores de avaliação dos conselhos de saúde, que visa identificar as principais questões relacionadas ao funcionamento dos conselhos de saúde em todos os municípios brasileiros. O diagnóstico construído evidencia que, apesar dos sig- nificativos avanços em sua ação, quanto ao processo de formulação e controle da política pública de saúde, os conselhos ainda enfrentam obstáculos importantes, como o não-exercício do seu caráter deliberativo na maior par- te dos municípios e estados; precárias condições opera- cionais e de infraestrutura; falta de regularidade de fun- cionamento; ausência de outras formas de participação; falta de transparência nas informações da gestão pública; dificuldade e desmobilização para a formulação de estra- tégias e políticas para a construção do novo modelo de atenção à saúde; e baixa representatividade e legitimida- de de conselheiros nas relações com seus representados. Para fins de delineamento do campo de conceituação da gestão participativa, suas práticas e mecanismos po- dem ser agrupados de acordo com as instituições, atores e segmentos sociais envolvidos, nos seguintes tipos: Mecanismos institucionalizados de controle social, representados pelos conselhos de saúde e pelas conferências de saúde, envolvendo o governo, os trabalhadores da saúde e a socieda- de civil organizada, nas três esferas de governo. Recentemente, vêm sendo propostos conselhos regionais, bem como conferências e plenárias regionais. Processos participativos de gestão, integrando a dinâmica de diferentes instituições e órgãos do SUS, nas três esferas de governo, tais como conselhos gestores/conselhos de gestão partici- pativa, direção colegiada, câmaras setoriais, comitês técnicos, grupos de trabalho, polos de educação permanente em saúde e setoriais de saúde dos movimentos sociais, entre outros. A estruturação das mesas de negociação como fer- ramenta para a gestão do trabalho vem-se con- solidando como inovadora prática de gestão participativa das relações de trabalho, nas três esferas de governo. Instâncias de pactuação entre gestores, como as Comissões Intergestores Bipartites (CIB), envolvendo representantes das secretarias esta- duais e municipais de saúde, e a Comissão In- tergestores Tripartite (CIT), que conta com re- presentantes do Ministério da Saúde, além dos representantes das secretarias estaduais e muni- cipais de saúde, constituindoespaços de ações compartilhadas, estratégicas e operacionais da gestão do SUS. Mecanismos de mobilização social que repre- sentam dispositivos para a articulação de mo- vimentos populares na luta pelo SUS e o direito à saúde, ampliando espaços públicos (coletivos) de participação e interlocução entre trabalhado- res de saúde, gestores e movimentos populares. Processos de educação popular em saúde de- senvolvidos no diálogo permanente com movi- mentos populares, entidades formadoras e gru- pos sociais no sentido de fortalecer e ampliar a participação social no SUS. Reconstrução do significado da educação em saúde que se desenvolve nas escolas, nas uni- versidades e nos serviços de saúde, fortalecen- do o protagonismo na produção de saúde e na formação de cidadãos em defesa do SUS. Ações articuladas entre diferentes setores de governo e a sociedade civil (intersetorialidade) caracterizando o compartilhamento de decisões entre instituições governamentais e da socieda- de civil, que atuam na produção social da saú- de. Este conceito ampliado de gestão participativa está estreitamente relacionado com as demais áreas da Secre- taria de Gestão Estratégica e Participativa: os mecanis- mos de escuta permanente das opiniões e manifestações da população, valorizadas nas decisões e encaminhamen- tos da gestão cotidiana dos serviços e do sistema, repre- sentados pelas ouvidorias do SUS; os mecanismos parti- cipativos de monitoramento e avaliação da gestão, das ações e dos serviços de saúde; e as ações de auditoria que desencadeiam medidas para o aprimoramento da gestão do SUS, de forma eficaz e efetiva, nas três esferas de governo. Assim, o fortalecimento da mobilização e do controle social pode ser efetivado mediante a criação de outros canais de comunicação entre o cidadão e o governo, por meio da promoção da educação popular, da capacitação de lideranças, conselheiros, entidades de classe e movi- mentos populares articulados, pautando-se sempre no princípio da equidade em saúde e garantindo a atenção às especificidades de cada cidadão. Deve-se, assim, estimu- lar e fomentar a organização da sociedade para o exercí- cio do efetivo controle social na Saúde. Todas essas formas que promovem a participação so- cial e caracterizam a gestão participativa do SUS têm pe- la frente a tarefa de se apropriar da construção de novos modelos de atenção e gestão da saúde, regido sob a lógi- ca das necessidades, demandas e direitos de toda a popu- lação. O Pacto pela Saúde é a reafirmação da importância da participação e do controle social nos processos de ne- gociação e pactuação. Além de analisar e aprovar o Ter- mo de Compromisso de Gestão (TCG), correspondente a sua esfera, os conselhos de saúde têm um papel relevante na aprovação ou revisão do respectivo plano de saúde, que deve ter coerência com o TCG. Anualmente, os con- selhos de saúde farão, juntamente com os gestores, uma avaliação da execução dos planos de saúde, a partir do que foi acordado no Termo de Compromisso. 4.2.2 Monitoramento e Avaliação da Gestão do SUS Diante da complexidade do processo de construção de um modelo de atenção à saúde voltado à qualidade de O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Página | 14 Sistema Único de Saúde - SUS vida, modelo reiteradamente reforçado pelas Conferên- cias Nacionais de Saúde (especialmente 10a, 11a e 12a), as dimensões de monitoramento e avaliação devem, ne- cessariamente, buscar articular, além dos indicadores tradicionais das ações e dos serviços de saúde, individu- ais e coletivos, também os indicadores da desigualdade e iniquidade, de determinantes da saúde, de ações interse- toriais, culturais, ambientais e de participação social, en- tre outros, quantitativos e qualitativos, abertos às dimen- sões da ética, do conflito, da subjetividade e da micropo- lítica, que sirvam ao trabalho local e à aferição e mudan- ça permanente das práticas. A preocupação com as ações de monitoramento e avaliação é crescente desde a criação do Sistema Único de Saúde, com diversos movimentos visando ao estabe- lecimento de conceitos, metodologias e práticas. Em 2000, em meio às reformas neoliberais em curso, o tema foi objeto de uma publicação polêmica da Orga- nização Mundial da Saúde (OMS), que teve o mérito de gerar um intenso debate que realçou outros processos em desenvolvimento na Organização Pan-Americana da Sa- úde (Opas), uma das unidades regionais da própria OMS, e em países como Reino Unido, Canadá e Austrália, atentos a questões como as da equidade, as dimensões sociais do processo saúde-doença e a reorganização dos serviços e ao direito à saúde. No Brasil, merece destaque o projeto PRO-ADESS1 que reuniu pesquisadores de diversas instituições ligadas à Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Co- letiva (Abrasco), produzindo importantes contribuições metodológicas e conceituais, no sentido de: a) compreender, monitorar e avaliar as inter-relações e os fatores que influenciam a eficiência, a efetividade e a equidade no desempenho do SUS; b) melhorar a formulação das políticas; c) monitorar as desigualdades no acesso e na quali- dade dos serviços recebidos pelos diferentes grupos so- ciais no Brasil; e d) criar instrumentos e processos participativos de monitoramento e avaliação destinados aos municípios, aos estados e à esfera federal, bem como mecanismos de acesso e difusão da informação e de formação permanen- te, voltados aos gestores, trabalhadores e usuários, em especial aos membros dos conselhos de saúde. Para o monitoramento e avaliação de processos e re- sultados, são fundamentais os indicadores de estrutura, em especial no que se refere a recursos alocados, condu- ção financeira e seu impacto nas metas e indicadores de saúde. O crescente desenvolvimento de ações de coope- ração técnica e financeira entre União, estados e municí- pios vem evidenciando a necessidade de novos meca- nismos de controle, interno e externo, que ampliem o papel exercido pelos mecanismos de controle social. Sendo assim, o problema da prestação de contas insere- se numa questão maior, envolvendo outros órgãos como a Secretaria Federal de Controle, da Controladoria-Geral da União (SFC/CGU), demonstrando a necessidade e a importância desse componente nas atividades de monito- ramento e avaliação. Monitoramento pode ser entendido como um sistema que permite observação, medição e avaliação contínua de um processo ou fenômeno. Trata-se de um processo sistemático e contínuo de acompanhamento dos indicadores de saúde e da execu- ção das políticas, ações e serviços nesta área visando à obtenção de informações em tempo oportuno para subsi- diar a tomada de decisão, bem como a identificação, so- lução e redução de problemas e a correção de rumos. Fruto de um intenso debate promovido pelo Ministé- rio da Saúde, entre 2003 e 2005, envolvendo diversos órgãos, evidenciou-se a necessidade de uma estrutura que assumisse as tarefas de articulação, apoio e difusão das ações de monitoramento e avaliação que se encon- tram em curso nas diversas secretarias do Ministério da Saúde e demais unidades, bem como nas outras esferas do SUS, motivando a criação do Departamento de Moni- toramento e Avaliação da Gestão do SUS, integrando a Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Uma das primeiras tarefas do novo departamento está sendo a preparação da publicação Painel de Indicadores do SUS, editada pela SGEP/MS em parceria com a Or- ganização Pan-Americana da Saúde (Opas), que tem como objetivo estimular a participação social e apoiar a formulação, implementação, monitoramento e avaliação das políticas de saúde, rumo à consolidação do SUS. O acesso aos resultados do processo de monitora- mento e avaliação constitui-se em poderoso instrumentode democratização da informação sobre objetivos, metas e resultados alcançados pelos órgãos de saúde, ao tornar públicas e transparentes as avaliações realizadas, favore- cendo o empoderamento e a mobilização social, que se refletem em fomento da participação e do controle de ações e serviços prestados pelo SUS, na busca da equi- dade e da qualidade em saúde. Outra ação em desenvolvimento, em articulação com as diferentes áreas do MS, é a regulamentação do moni- toramento do Pacto pela Saúde. Este deve ser um proces- so permanente, orientado pelos indicadores, objetivos, metas e responsabilidades que compõem os Termos de Compromisso de Gestão e os cronogramas pactuados, tendo como objetivo o desenvolvimento de ações de apoio para a qualificação do processo de gestão. Além disso, o Pacto pela Saúde estabelece diversas atribuições e responsabilidades das três esferas de gestão, em relação a monitoramento e avaliação, indicando a necessidade de articulação entre elas. Nesse sentido, mecanismos pactuados de monitora- mento e avaliação devem ser implantados em todas as unidades federadas, estabelecendo-se a responsabilização dos estados e municípios, no âmbito do SUS, com vistas ao fortalecimento da capacidade de gestão pública da sa- úde. 4.2.3 A Ouvidoria do SUS A Ouvidoria-Geral do SUS foi criada em 2003, tendo como objetivo propor, coordenar e implementar a Políti- ca Nacional de Ouvidoria em Saúde no âmbito do SUS, buscando integrar e estimular práticas que ampliem o O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Página | 15 Sistema Único de Saúde - SUS acesso dos usuários ao processo de avaliação das ações e serviços públicos de saúde. Atualmente, as Ouvidorias do SUS surgem como um canal direto de comunicação dos usuários do sistema e da comunidade, para subsidiar a política de saúde do país, contribuindo com o controle social. A 12ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em dezembro de 2003, apresentou, entre suas contribuições para a construção da Política Nacional de Ouvidorias do SUS, as seguintes propostas: Criar e implementar, nas três esferas de gover- no, um processo de escuta contínua e interlocu- ção entre usuários do SUS, por intermédio de serviços telefônicos gratuitos. Desenvolver ampla pesquisa para avaliar a sa- tisfação dos usuários e profissionais do SUS, quanto aos serviços e atendimento no âmbito do SUS. Utilizar o instrumento de ouvidoria para forta- lecer o controle social e a gestão participativa. As ouvidorias são canais democráticos de comunica- ção, destinados a receber manifestações dos cidadãos, incluindo reclamações, denúncias, sugestões, elogios e solicitação de informações. Por meio da mediação e da busca de equilíbrio entre os entes envolvidos (cidadão, órgãos e serviços do SUS), é papel da Ouvidoria efetuar o encaminhamento, a orientação, o acompanhamento da demanda e o retorno ao usuário, com o objetivo de pro- piciar uma resolução adequada aos problemas apresenta- dos, de acordo com os princípios e diretrizes do SUS. As ouvidorias fortalecem o SUS e a defesa do direito à saúde da população por meio do incentivo à participa- ção popular e da inclusão do cidadão no controle social. As ouvidorias são ferramentas estratégicas de promoção da cidadania em saúde e produção de informações que subsidiam as tomadas de decisão. O processo de avaliação tem caráter permanente e funciona a partir da perspectiva do usuário do SUS, con- tribuindo efetivamente para o aperfeiçoamento gradual e constante dos serviços públicos de saúde. As experiências de ouvidorias do SUS implantadas na União, estados e municípios contribui para a constru- ção do Sistema Nacional de Ouvidorias, com vistas à descentralização do serviço e à identificação das reais necessidades da população. É imprescindível o compro- misso dos gestores na tarefa de promover e estruturar ca- nais abertos e acessíveis de comunicação com a popula- ção. A implementação de uma ouvidoria bem estruturada e articulada com as três esferas de governo em conjunto com a comunidade, que insere o usuário no processo da administração das ações e serviços de saúde oferecidos pelo Estado, contribuirá para o apontamento e a identifi- cação da necessidade de ajustes, criação e/ou extinção de mecanismos de gestão, programas, serviços e gerência das estruturas componentes do SUS. Portanto, a partir do momento em que esse usuário se manifesta, no exercício de sua cidadania, torna-se necessário criar meios acessí- veis de interação entre os gestores e a população. Em 2005, foi dado um passo importante no sentido da construção da Política Nacional de Ouvidorias do SUS, com a definição de suas diretrizes, de forma pactu- ada e com ampla participação. A proposição de um Sistema Nacional de Ouvidorias do SUS, estruturado no interior da Política Nacional de Gestão Estratégica e Participativa no SUS, deve atuar de forma auxiliar e complementar, considerando as estrutu- ras já institucionalizadas, tais como os conselhos de saú- de, as comissões intergestores, as corregedorias e o Sis- tema Nacional de Auditoria. É importante registrar que o Departamento de Ouvi- doria-Geral do SUS (Doges) incorporou e vem estrutu- rando os serviços “Disque Saúde” do Ministério da Saú- de (Central de Atendimento Telefônico de Discagem Di- reta Gratuita/DDG), atualmente unificados no 0800-61- 1997, com o intuito de facilitar o acesso e para melhor atender ao cidadão-usuário. Além disso, o Doges desenvolve parcerias com ou- tros órgãos do Ministério da Saúde, como o Instituto Na- cional do Câncer (Inca) e a Agência Nacional de Vigi- lância Sanitária (Anvisa), além de outras estruturas da esfera federal, como a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Além desse atendimento, a Ouvidoria conta com uma área técnica especializada que realiza o trabalho de cap- tação, acompanhamento e encaminhamento das deman- das e informações provenientes dos serviços 0800; das correspondências espontâneas enviadas pelo cidadão- usuário à Presidência da República, ao Gabinete do Mi- nistro e ao próprio Doges; de correspondências eletrôni- cas (Portal da Saúde/MS); do atendimento pessoal e das pesquisas de satisfação do usuário do SUS. Todas essas alternativas de atendimento viabilizam um canal permanentemente aberto entre o cidadão e o Ministério da Saúde. O Departamento de Ouvidoria-Geral do SUS vem propiciando espaços de discussão para a construção, de forma pactuada, das diretrizes para a Política Nacional de Ouvidoria do SUS, por intermédio da promoção de convênios com vários estados e municípios, bem como investindo na organização de mecanismos de integração das ouvidorias, incluindo o esboço legal de um sistema nacional de ouvidoria e do desenvolvimento de uma fer- ramenta informatizada – o Ouvidor-SUS – destinada a ampliar e otimizar o atendimento das demandas proveni- entes da população, trabalhando dessa forma, a perspec- tiva de descentralização. A sociedade brasileira passou a adotar, principalmen- te na busca por seus direitos em saúde, uma atitude niti- damente mais crítica e consciente, portanto a Ouvidoria- Geral do SUS é um instrumento da democracia participa- tiva que trabalha na perspectiva de contribuir ativamente para ampliar a participação dos cidadãos, de forma a for- talecer as estratégias da gestão participativa, ampliando o processo do controle social, valorizando as opiniões ge- radas pelos usuários do SUS. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Página | 16 Sistema Único de Saúde - SUS 4.2.4 A Auditoria do SUS A auditoria é um instrumento de gestão para
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