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O estudo da administração pública: características e pontos importantes A administração está entre nós há muitos anos, mas para ser o que é hoje, precisou passar por uma série de estudos e evoluções. O foco deste miniensaio é falar sobre algumas das características e pontos importantes que chamaram minha atenção sobre os primórdios da Ciência da Administração, discutida pela primeira vez nos Estados Unidos em meados do século XIX, através do ensaio escrito por Woodrow Wilson. Também farei uma breve síntese da Administração colonial portuguesa. Inicialmente, Wilson defende a existência de uma Ciência da Administração e questiona por que ela demorou tanto para aparecer, considerando que a administração está relacionada ao governo e à forma como o governo age e executa suas ações. Ele critica o fato de o governo não ter incentivado seus escritores políticos a escrever sobre a Administração, a explicar que ela é uma ciência governamental. Ao contrário disso, os escritores apenas abordavam a filosofia política, a origem e a constituição do Estado, e suas prerrogativas. Havia uma justificativa para isso: naquela época, havia uma grande dificuldade em relação à constituição do governo, e esse era o assunto em pauta naquele momento, o assunto que necessitava de resolução. Por outro lado, não havia a mesma dificuldade em relação à Administração, porque as funções desempenhadas pelo governo eram simples, e eles não percebiam a necessidade de empregar os métodos e planejamentos de administração apresentados pelos europeus em seus livros. É importante ressaltar que a Ciência da Administração não deve ser tratada apenas como uma questão técnica e burocrática; ela precisa ser estudada como uma ciência, com princípios e técnicas próprias. É uma ciência que pode ser ensinada e aprendida. Um ponto importante a ser destacado é que essa ciência não foi criada em terras americanas; ela foi criada na Europa, mais precisamente pelos alemães e franceses. Portanto, trata-se de uma ciência estrangeira. Nos EUA, não havia métodos científicos perceptíveis na rotina administrativa; o que existia na época era um governo com alguns pontos negativos, como a corrupção, que não permitiam uma visão clara do que seria uma boa administração. Por ser algo estrangeiro, Wilson considerava essas ideias como alienígenas, criadas para serem utilizadas e adaptadas às necessidades do Estado. Ele acreditava que seria difícil aplicá-las completamente em solo americano e, se fossem ser empregadas nos EUA, deveriam ser totalmente americanizadas, como ele mesmo menciona, respirar o ar livre da América. Administração é apolítica, ou seja, está fora da esfera da política partidária. Ela precisa se desvincular da política partidária. É importante deixar claro que as atividades políticas são uma coisa e as atividades administrativas são outras. Segundo Bluntschili, a política é a atividade do Estado nas questões maiores e universais, enquanto a Administração é a atividade do Estado nas questões menores e individualizadas. Ele ressalta ainda que a Política é o campo específico dos Estados, enquanto a Administração é do funcionário técnico. A administração deve ser conduzida por indivíduos treinados e imparciais, sem influências políticas e partidárias, capazes de aplicar métodos eficientes na tomada de decisões e implementação de políticas. A administração pública desempenha um papel essencial na sociedade e, portanto, deve ser eficiente e orientada para promover o bem-estar social, atendendo às necessidades dos cidadãos. Ela deve ter uma base sólida para garantir o funcionamento adequado do Estado. É fundamental que os governantes compreendam as mudanças sociais e políticas que ocorrem ao longo do tempo, a fim de adaptar-se a essas mudanças e encontrar soluções adequadas para os desafios que possam surgir. Ao observarmos a Administração Colonial Portuguesa, percebe-se que ela difere dos princípios estudados no campo da Ciência da Administração. É importante ressaltar que, na época, ainda não existia o conhecimento consolidado dessa ciência e o sistema administrativo colonial era impulsionado principalmente pela exploração e ocupação territorial, não havendo uma preocupação em aplicar métodos administrativos modernos. No entanto, é equivocado afirmar que não existia uma forma de administração durante esse período, pois de fato ela existia, embora não estivesse alinhada com as características da administração mencionadas por Wilson. Foi estabelecida uma estrutura administrativa para governar o Brasil, organizada em quatro níveis: instituições metropolitanas, administração central, administração regional e administração local. Inicialmente, o Brasil foi dividido em capitanias hereditárias, sendo administradas por nobres portugueses. No entanto, essa forma de administração revelou-se ineficaz, levando a Coroa portuguesa a assumir o controle direto de todo o território e estabelecer uma administração centralizada. Nesse contexto, em 1549, foi criado o cargo de governador-geral, responsável por administrar a colônia e enfrentar ameaças externas e internas, como por exemplo, de alguns indígenas “rebeldes”. Dentre as características da administração colonial, destaca-se a centralização do poder, onde a autoridade máxima era exercida pelo governador-geral. A sociedade colonial era extremamente hierarquizada, com uma elite composta por colonos portugueses e grandes proprietários de terras. No entanto, havia uma falta de diferenciação clara de funções, com muitos cargos desempenhando tarefas semelhantes, resultando em uma sobreposição de responsabilidades. Em resumo, a Administração Colonial Portuguesa no Brasil não se baseava nos princípios modernos da Ciência da Administração. Seu foco principal era a exploração e a ocupação territorial, resultando em uma estrutura administrativa centralizada, mas com uma falta de diferenciação clara de funções. Embora distinta dos princípios contemporâneos da administração, essa forma de administração deixou um legado marcante na história e na estrutura social do Brasil.
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