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DISTÚRBIOS HIPERTENSIVOS DA GESTAÇÃO Epidemiologia • São a maior causa de morte materna no Brasil (35% dos casos) • Índice de cesariana de 39% • Contribuem para maiores chances maternas de desenvolver: HAS (2-4x), RCV (2X), AVE (1,5X) • Contribuem para o desenvolvimento de morbidades graves: insuficiência renal, AVC, IC, EAP, coagulopatia, insuficiência hepática FATORES DE RISCO Primiparidade. Troca de parceiro com nova gravidez. Gravidez múltipla. Gestação molar. Longo intervalo interpartal. Extremos da vida reprodutiva (> 35 anos ou adolescente). Pré-eclâmpsia em gestação anterior. História familiar de pré-eclâmpsia. Obesidade. Hidropisia fetal. Raça negra. Doença vascular hipertensiva crônica, Diabetes mellitus; Doença renal crônica; Lúpus eritematoso sistêmico; Trombofilias; Síndrome antifosfolipídeo OBS: tabagismo, placenta prévia e abortamento anterior fatores de proteção! QUAIS SÃO? Hipertensão gestacional (HASG); Pré-eclampsia (PE)/eclâmpsia; Hipertensão crônica de qualquer etiologia (HASC); HASC com PE sobreposta; FISIOPATOLOGIA Na gestação normal: Ocorre 2 ondas de invasão trofoblástica, promovendo o aumento do calibre das artérias espiraladas e redução de sua resistência (redução fisiológica da PA no 2º trimestre). 1ª onda: 6 -12s de gestação (invasão da decídua + destruição da camada íntima dos vasos). 2ª onda: 16 - 20s de gestação (invasão do miométrio + destruição da camada média dos vasos). Na PE: ausência ou presença de forma insuficiente da 2ª onda de invasão trofoblástica artérias espiraladas com resistência aumentada redução do fluxo placentário isquemia e hipóxia placentária estresse oxidativo lesão endotelial sistêmica desequilíbrio de fatores inflamatórios FISIOPATOLOGIA • Tromboxano A2 (Vasocontrictor) Vasoconstricção • Prostaciclinas e óxido nítrico (Vasodilatadores) Vasoconstricção • agregação plaquetária • permeabilidade vascular Resultado: HAS, edema, eventos coagulatórios e lesão de órgão alvo (LOA) LOA •Rim: perfusão filtração glomerular oligúria; ureia, creatinina e ácido úrico, calciúria Lesão endotelial glomerular endoteliose capilar glomerular (não é patognomônica) proteinúria •Fígado: Isquemia lesão hepática aumento de TGO/TGP + Dor em QSD, náuseas e vômitos • Hematológico: Plaquetopenia por agregação + hemólise microangiopática anemia, BI e esquizócitos • SNC: edema cerebral cefaleia, turvação visual, escotomas, convulsão DIAGNÓSTICO Hipertensão na gestação (PAS ≥140 e/ou PAD≥ 90) diagnosticada com: •≥20 semanas de IG e dura até 12s após parto: Proteinúria presente: PE Proteinúria ausente: HAS gestacional •<20 semanas de IG e dura >12s após parto: Proteinúria presente: HASC com PE superposta Proteinúria ausente: HASC Proteinúria: dipstick 1+/2+ ou relação P/C ≥ 0,3 ou proteinúria de 24 horas ≥ 300mg OBS: O edema (mãos, face e abdome) não é mais considerado como integrante das manifestações clínicas diagnósticas DIAGNÓSTICO PE sem proteinúria se HAS associada a: • Trombocitopenia (<100.000) • Alteração de transaminases > 2x o valor normal • Creatinina >1,1 ou 2x valor normal • Edema agudo de pulmão • Sintomas visuais ou cerebrais DIAGNÓSTICO PE grave se: Síndrome de HELLP: •H (Hemolisys) •EL (Elevated liver) •LP (Low Platelets) DIAGNÓSTICO Eclâmpsia: • Convulsões tônico-clônicas em uma paciente com PE. • Curta duração (média de 60 a 75 segundos) • Pode ocorrer durante a gravidez (50% dos casos), durante o trabalho de parto (25%) ou no puerpério (25%). • Considerar outro diagnóstico se: 48-72 horas pós-parto ou Durante a administração do sulfato de magnésio. TRATAMENTO Terapia anti-hipertensiva: Alvo da PA: PAS 140- 155 e PAD 90 - 100 • HASG/PE leve: não está indicada ( fluxo placentário risco de CIUR) • PE grave: indicada para atingir alvo de PA • HASC: manter terapia medicamentosa de manutenção, substituindo drogas de risco fetal • Medicações de escolha na terapia de manutenção: Metildopa 250mg (dose máx de 4g/dia) Betabloqueador: evitar propanolol e atenolol. Pindolol é seguro. BCC: Anlodipino TRATAMENTO Emergência hipertensiva: Sempre que PAS >= 160 e/ou PAD >= 110 •Primeira escolha: Hidralazina 5mg IV 20/20 min até atingir alvo de PA (já citado) dose máx 20mg •Outras medicações: BCC: Nifedipina 10mg 30/30min. Evitar via sublingual e uso concomitante com MgSO4. Nitroprussiato de sódio: usar se refratário. Risco de intoxicação por cianeto (>4h) Diuréticos: Devem ser evitados. Usar se: EAP ou ICC IECA e BRA: contraindicados !! TRATAMENTO Sulfato de magnésio • Prevenir (PE grave) ou controlar consulsões (Eclampsia) • Esquemas mais utilizados: Pritchard: 4 g IV (lento) + 10 g IM. Manutenção 5 g IM a cada 4h (quando não se dispõe de bomba de infusão); Zuspan: 4 g IV (lento) em 20 minutos. Manutenção: 1 a 2 g/h IV (solução a 50%) até 24 horas após o parto, em bomba de infusão; Sibai: 6 g IV (lento). Manutenção: 2-3g/ hora em bomba de infusão • Avaliar sinais de intoxicação: abolição dos reflexos tendinosos profundos (especialmente o patelar); FR (<12). OBS: Oligúria (<= 25ml/hr) aumenta o risco de intoxicação! • Se intoxicação: Gluconato de cálcio 1g, IV, lento 3-5 min TRATAMENTO Parto O único tratamento possível para os distúrbios hipertensivos na gestação é a interrupção da gravidez! • Via de parto: preferencialmente vaginal, se sem contraindicações •HAS gestacional: manter até 37s – 39,6s •HAS crônica: até 37s – 40s •PE ou PE superposta sem sinais de gravidade: até 37s •PE grave: Avaliar interrupção da gestação após estabilização inicial. Interrupção imediata se: eclâmpsia, HELLP, deterioração clínica ou laboratorial e sofrimento fetal. Se <34s: corticoide! Se estabilizou manter até 34-37s, se mãe e feto estáveis PREVENÇÃO SECUNDÁRIA Em populações de alto risco de PE: História de PE; Gestação múltipla; Obesidade (IMC > 30); HASC; DM 1 e 2; Doença renal; Doenças autoimunes (ex.: lúpus, SAAF) AAS: 100mg/dia. Iniciar a partir de 12s (de preferência antes de 16s) e manter até 36s. Cálcio: dieta rica para todas as gestantes. Suplementar 1-2,5g/dia se risco para PE e/ou dieta pobre em cálcio (<600mg/dia). CASO CLÍNICO Qual o diagnóstico? R: PE grave com sinais de iminência Qual a conduta no momento? R: anti-hipertensivo, sulfato de magnésio e interrupção da gestação Qual a via de parto? R: Vaginal – realizar indução Paciente, 18 anos, G1P0A0 no curso da 37ª semana de gestação encaminhada do ambulatório de pré-natal com queixas de cefaleia e epigastralgia. Refere movimentação fetal presente. Porta consigo laudo de ultrassonografia realizado hoje que evidencia: feto único, longitudinal, cefálico, idade gestacional de 37 semanas, peso fetal de 2.750 gramas, placenta com grau III de maturação, índice de líquido amniótico = 70 mm e dopplervelocimetria normal. Exame físico: bom estado geral, eupneica, acianótica, anictérica, afebril. Pressão arterial = 170 x 110 mmHg; frequência cardíaca = 80 batimentos por minuto; abdome: gravídico, altura do fundo uterino = 35 centímetros, dinâmica uterina negativa, feto longitudinal com dorso fetal à direita; batimentos cardiofetais = 148 batimentos por minuto; toque vaginal: colo uterino centralizado, impérvio, amolecido, pérvio para um centímetro, - 3 no plano de De Lee, sem perdas; extremidades: aquecidas, perfundias com edema de +++/4+. DIABETES MELITUS GESTACIONAL Definição Intolerância aos carboidratos que se desenvolve durante a gestação que pode ou não persistir após o parto. Fatores de risco: • Idade • Sobrepeso/obesidade • Antecedentes familiares de DM (1°grau) • Antecedentes pessoais de alterações metabólicas (HbA1C , SOP, hipertrigliceridemia, HAS) • Antecedentes obstétricos (2 ou + perdas gestacionais; DMG; Polidramnio, macrossomia, malformação fetal) FISIOPATOLOGIATodo o metabolismo de glicose é alterado na gestante glicose para o feto Na gestação normal: • 1° trimestre: feto se alimenta exclusivamente de glicose gestante passa a usar mais ácidos graxos tendência a hipoglicemia ( dos níveis glicêmicos) •2º trimestre: dos hormônios contrainsulínicos placentários (hormônio lactogenio placentário, estrogênio, progesterona, cortisol) resistência periférica a insulina produção pancreática hiperinsulinismo fisiológico da gestação •3º trimestre: próximo ao termo estabilização da glicemia Na DMG: Resposta pancreática insuficiente OBS: a gestação por si já é um fator de risco para diabetes DIAGNÓSTICO Glicemia de jejum na 1ª consulta pré-natal (se <20s)! DMG •GJ ≥ 92 <126 •Se < 92, solicitar TOTG 24-28s: Jejum ≥92 ou 1H ≥ 180 ou 2h ≥ 153 DMG DM pré-gestacional • GJ ≥ 126 ou • TOTG 2h ≥200 (24-28s) TRATAMENTO Dieta Atividade física Insulinoterapia se: • Uso prévio • DMII com uso de hipoglicemiantes • Não controle com dieta e exercício físico • NPH e regular • Dose inicial: 0,5 UI/Kg/dia Antidiabéticos orais: não há consenso sobre uso. Há estudos sobre a metformina e glibenclamida. MS: Metformina se inviabiliadade de adesão ou acesso a insulina Ou se insulina em altas doses (100U). Automonitoração da glicemia capilar Metas para controle glicêmico: • Jejum: <95 • Pós prandial: 1h <140; 2h <120 TRATAMENTO Parto • Pacientes tratadas apenas com dieta não antecipar parto • Em uso de insulina antecipar parto com 38-39s (indução) Cesariana eletiva peso fetal 4000-4.500g • Bem-estar fetal comprometido antecipar parto e avaliar a maturidade pulmonar fetal • COMPLICAÇÕES Macrossomia fetal Distocia de ombros HAS e PE Polidramnia ITU e candidíase Malformações congênitas CASO CLÍNICO Paciente de 26 anos, Gesta 2, Parto 1 (vaginal há 2 anos sem intercorrências), atualmente em curso de 21 semanas de gestação, procura Unidade Básica de Saúde (UBS) de sua região para a sua primeira consulta pré-natal. Nega doenças crônico-degenerativas pessoais e/ou familiares e demais fatores de risco. Quais os parâmetros adequados para o rastreio de diabetes nesse caso? R: Solicitar TOTG 75g entre 24 e 28 semanas TOTG Jejum: 91 |1H: 178 | 2H: 155 Qual diagnóstico? R: Diabetes Gestacional
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