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WBA0842_v1.0 Barragens de terra e enrocamento Investigações e monitoramento geotécnico em barragens Investigações geotécnicas Bloco 1 Marcio Fernandes Leão • Projetos seguros e econômicos pressupõem, necessariamente, o reconhecimento das condições do subsolo. • Investigações geotécnicas são executadas para avaliar as condições dos solos que afetam a segurança, o custo, o projeto e a execução da estrutura de engenharia proposta. • Reconhecimento do subsolo envolvido para sua identificação, avaliação de seu estado e amostragem. Por que devemos investigar o subsolo? • Condicionantes geológicos. • Estratigrafia: número de camadas, espessura, orientação. • Tipos de materiais geológicos (sedimentos, solos e rochas). • Ocorrência do nível d’água. • Condições de compacidade (areias) e consistência (argilas). • Características mecânicas (quantificação): deformação e resistência. • Condutividade hidráulica. Quais informações devem ser obtidas ? • O que investigar? • Onde investigar? • Como investigar? • Quais os níveis e os critérios previstos em projeto? • Que providências adotar se os níveis estabelecidos forem ultrapassados? Responda antes de começar! • “Todas as sondagens são caras. Porém, especialmente caras são aquelas que não foram feitas”. • Investigações insuficientes. • Má interpretação dos resultados. • Falha na apresentação dos resultados: • Vão contribuir para projetos inadequados. • Atrasos no cronograma de construção. • Modificações caras na construção. • Dano ambiental ou ruptura da estrutura. • Retrabalho. Programas equivocados Do que consiste um programa de investigação geotécnica ? Métodos de Investigação Sensoriamento remoto Fotointerpretação Mapeamento geológico- geotécnico Carta Geotécnica Ensaios Geofísicos Métodos Geoelétricos Métodos Sísmicos Métodos Potenciais Sondagens Mecânicas Sondagem a varejão Sondagem a trado Poço ou trincheira Sondagem a percussão Sondagem rotativa Rotopercussão Galeria de investigação Diretos Semidiretos Indiretos Figura 1 – Métodos de investigação Fonte: elaborada pelo autor. E um programa de instrumentação geotécnica ? Figura 2 – Inclinômetro Fonte: https://commons.wikimedi a.org/wiki/File:Vertical_incl inometert2. Acesso em: 4 ago. 2021. Figura 3 – Piezômetro Figura 4 – Medidor de nível d’água Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki /File:Water_gauge_of_Ongagawa_Riv er_and_Hinode-Ohashi_Bridge.jpg. Acesso em: 4 ago. 2021. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:E VA- _Lanxmeer_pi%C3%A9zom%C3%A8tre_Pie zometer_2009.jpg. Acesso em: 4 ago. 2021. Investigações e monitoramento geotécnico em barragens Análise tensão versus deformação Bloco 2 Marcio Fernandes Leão Quais são as solicitações no maciço e fundação durante os estágios de vida da barragem? • 1° - A estabilidade da obra é governada pelas condições de fundação. Ex.: terrenos moles; a ruptura ocorre na fundação. • 2° - Apenas é necessário o estudo da estabilidade do maciço. Ex.: a resistência da fundação é superior a do maciço de terra. • Problemas inerentes a assentamentos excessivos. • Comportamento resistente da fundação. • Espessura da camada mole (se pequena ocorre squeezing e se espessa a verificação deverá ser de forma global). • Se a estabilidade não estiver assegurada e remover a camada for inviável... métodos estabilizantes (banquetas laterais estabilizantes, furos drenantes etc.). Verificações • 1° Método do Equilíbrio Limite: escolha de superfícies susceptíveis a rupturas por cisalhamento que podem ocorrer pela fundação e maciço. É necessário determinar a resistência ao cisalhamento ao longo dessa superfície, e definir as forças de equilíbrio nesta mesma superfície. • 2° Método Tensão-Deformação: são procedimentos que definem pontos de tensão a partir da aplicação de teorias da elasticidade (comportamento elasto- plástico). O fator de segurança é determinado comparando as tensões de cisalhamento desenvolvidas na superfície de ruptura com a resistência ao cisalhamento. Como avaliar a estabilidade de barragens de aterro? • Problema considerado 2D. • Ruptura potencial de cisalhamento (contínua) passando pela fundação ou maciço. Escolha arbitrária (curva, linhas, outros formatos etc.) • As tensões de cisalhamento são definidas para a superfície escolhida. • As tensões de resistência ao cisalhamento são definidas. • O Fator de Segurança (FS) é definido comparando as tensões de cisalhamento com a resistência ao cisalhamento buscando o equilíbrio. • Os procedimentos são repetidos considerando outras superfícies até definição da superfície crítica (FS mínimo). Ambos os métodos assumem... Desvantagens do método: as hipóteses simplificadoras acarretam em diferentes distribuições de tensão normal ao longo da superfície de ruptura. Análise de tensões Superfície de ruptura Equilíbrio limite Aterro FS diferentes Como abordar o método de análise? Equilíbrio-limite ou Tensão- Deformação? Fonte: Gerscovich (2009). Figura 5 – Comparação entre métodos de análise de estabilidade Análise MEF ou MDF permitem a incorporação da: • Não linearidade da curva Tensão-deformação (-). • Anisotropia e heterogeneidade. • Influência do estado inicial de tensões nas etapas construtivas, conhecendo a magnitude das deformações. • Comparam-se as tensões cisalhantes mobilizadas com a resistência ao cisalhamento. Com isso, é possível estabelecer áreas rompidas (plastificadas), em que mob = resistência mesmo sem se estabelecer uma superfície de ruptura (indicando ruptura progressiva). • Estabelecer níveis de tensão de interesse para realização de ensaios de laboratório. Análise tensão-deformação • Resultados do uso de um programa comercial de elementos finitos para estudos de estabilidade. Os vetores de deslocamento indicam. • Regiões de plastificação. • Zonas em que houve tendência ao desenvolvimento de tensões de tração. • No caso do programa PLAXIS, há uma rotina cuja metodologia se assemelha a do Equilíbrio Limite (phi/c reduction associado a Mohr-Coulomb). • Os parâmetros de resistência são minimizados até se atingir a condição. • mob = resistência Análise tensão versus deformação Análise tensão versus deformação: vetores de deslocamento Figura 7 – Região plastificada (Programa Plaxis) Fonte: elaborada pelo autor. Figura 6 – Vetores de deslocamento (Programa Plaxis) Fonte: elaborada pelo autor. Investigações e monitoramento geotécnico em barragens Acompanhamento geotécnico Bloco 3 Marcio Fernandes Leão • Condição durante a construção. • Reservatório cheio. • Rebaixamento rápido. Etapas da vida da barragem • Durante a obra; reservatório cheio e rebaixamento. • Análise da tensão total. • Estimativa da poropressão (análise da tensão efetiva). • Fatores de segurança são diferentes em termos de tensões totais e efetivas (características do solo). • São aceitáveis baixos FS (mínima perda a vida e material) – durante a obra e 1,5 – reservatório cheio. Estabilidade – Fases da vida • Rupturas raras – Fundações brandas/plásticas. • Análise tensão total – Teor de umidade e compactação. • Análise conservativa. • Estimativa da poropressão falha (clima, soil mixture etc.). • Laboratório: reproduzir na amostra condições de projeto. • Leis de Boyle e Henry: dissipação a montante (muitas variáveis) – Procedimento teórico não factível. • Ensaios: cisalhamento não drenado em amostras não saturadas. Estabilidade – Durante a construção • Analisa o talude de jusante se a fundação for ruim. • Não ocorrem deslizamentos a montante. • Poropressão: infiltração por gravidade + tensão total (mudança nos vazios). Rede de fluxo. • Análise em termos de efetivas – fluxo gravitacional. Não recomendada para solos arenosos finos e plásticos (poropressão >). • Ensaios: C.U. em amostras saturadas. Estabilidade – Reservatório cheio • FS de montante é < que FS de jusante.• Superfícies de ruptura após o rebaixamento. • Barragens pouco compactadas em solo muito fino e plástico = Problema! • Primeiros anos de operação do reservatório. Até meia altura a taxas menores que 1 m/dia. • Análise tensão total (cons.): sem drenagem e dissipação com rebaixamento instantâneo. Piezômetros? Estabilidade – Rebaixamento do reservatório • Ensaios triaxiais não-drenados: Não há drenagem ou dissipação da poropressão durante qualquer estágio do ensaio. • Ensaios triaxiais adensado não drenado: A amostra é primeiro adensada, com toda poropressão dissipada sob uma pressão de adensamento e a ruptura ocorre durante uma fase drenada. • Ensaios triaxiais drenado: amostra drenada e com a poropressão totalmente dissipada em todos os estágios do ensaio. Ensaios típicos de laboratório Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/co mmons/thumb/9/93/Triaxial_test_sample.J PG/640px-Triaxial_test_sample.JPG. Acesso em: 4 ago. 2021. Figura 8 – Preparação para ensaio triaxial Teoria em Prática Bloco 4 Marcio Fernandes Leão • Certa localidade foi escolhida para construção de uma barragem de terra com núcleo de argila. A premissa da projetista era que houvesse a total remoção de uma camada de fundação composta por argila muito mole, inundada, com cerca de 10 m de espessura. Dadas as características deste material, foi sugerida sua utilização como material do núcleo. • A partir da implantação de um inclinômetro e um piezômetro, até uma dada cota (z) na fundação, onde as tensões cisalhantes poderiam condicionar a estabilidade da barragem, notou-se a presença dessa argila nos materiais atravessados em fundação. Como engenheiro de registro para a barragem, opine sobre as condições abaixo: Entendendo o comportamento da fundação 1 - Considerando que a camada não tenha sido totalmente removida, quais seriam as implicações a curto e longo prazo em termos: da evolução da tensão cisalhante, por opressão, resistência e fator de segurança considerando esta hipótese? 2 - Se a jazida de material argiloso estivesse próxima à implantação do barramento, quais seriam os efeitos esperados (devido a remoção) a curto e longo prazo em termos da evolução da tensão cisalhante, por opressão, resistência e fator de segurança? 3 - Em termos de ensaios triaxiais (CD, CU e UU), que condições seriam as mais indicadas para avaliação das etapas de vida do projeto? Considere comportamentos no maciço da barragem e no maciço de fundação. Entendendo o comportamento da fundação Dica do(a) Professor(a) Bloco 5 Marcio Fernandes Leão Material complementar Olá, aluno! São indicados dois materiais importantes que abordam os conteúdos que vimos em nossa aula. • O primeiro está relacionado ao grande problema que barragens de aterro enfrentam e que está relacionado com a infiltração. • Artigo: Infiltração em barragens... Como abordar esse problema?, publicado em 27/11/2020 por Márcio Leão. Disponível no LinkedIn. • O segundo material está relacionado com as avaliações de estabilidade que devem ser consideradas a partir das fases construtivas das barragens de aterro. • Artigo: Finalizei o projeto da barragem de aterro, mas e agora?, publicado em 03/10/2020, por Márcio Leão. Disponível no LinkedIn. Referências ABGE. Geologia de engenharia, 1998. São Paulo: ABGE, 1998, 576 p. GERSCOVICH, Denise M.S. Estabilidade de taludes. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Oficina de Textos, 2016. Bons estudos!
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