Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

85
10ºAula
A educação brasileira 
após 1930
No Bem vindas e bem vindos à Historia da 
educação brasileira! Aqui faremos uma parada 
para discutirmos a educação a partir da década 
de 1930, período em que ocorre a Revolução, 
sendo esta um marco referencial para a entrada do 
Brasil no mundo capitalista de produção. A nova 
realidade econômica do Brasil, exigiu uma mão de 
obra especializada e para tal era preciso investir 
na educação. Sendo assim, em 1930, foi criado 
o Ministério da Educação e Saúde Pública e, em 
1931, o governo provisório sanciona decretos (que 
ficaram conhecidos como “Reforma Francisco 
Campos”), organizando o ensino secundário e 
as universidades brasileiras, que até então era 
praticamente inexistentes. 
Ao findarmos esta aula, vocês poderão fazer 
uso das seguintes ferramentas: “fórum”, “quadro 
de avisos” e “chat”, para tirar alguma dúvida, caso 
ainda tenham.
Boa aula!
História da Educação
86
Objetivos de aprendizagem
1 - Os acontecimentos pertinentes 
 à educação brasileira ocorridos nos
 anos de 1930
Em outubro de 1930, o governo do Presidente 
Washington Luiz era derrubado por um movimento 
armado que se iniciava ao sul do país e tivera 
repercussões em vários pontos do território 
brasileiro. Esse movimento se convencionou 
chamar Revolução de 1930.
Ao final desta Aula, você será capaz de:
• analisar os avanços na educação dos anos 
trinta aos anos oitenta;
• reconhecer as principais influências da 
Revolução de 1930 e o que representou a chamada 
“Era Vargas”, no setor educacional; 
• analisar a concepção pedagógica renovadora 
de 1932 a 1969; 
• compreender as determinações das 
Constituições brasileira referente ao período de 
1930 a 1980, frente a Lei de Diretrizes e Base da 
Educação – LDB n. 5692/71.
1 - Os acontecimentos pertinentes a educação 
brasileira ocorridos nos anos de 1930
2 - A educação brasileira: concepção pedagógica 
renovadora (1932-1969) 
3 - A Educação nas décadas de 1970 a 1980
Seções de estudo
definida, capaz de sustentá-lo como movimento 
duradouro e coerente, o tenentismo se resumiu 
numa série de reivindicações que oscilaram entre 
a necessidade de se implantar uma ordem social e 
econômica de caráter capitalista e a moralização das 
eleições, até a implantação de mudanças radicais, 
só passíveis de realização pela imposição de um 
governo forte, coeso e nacionalista.
A crise delineou se, portanto, como uma 
necessidade de se reajustar o aparelho do Estado 
às novas necessidades da política e da economia, ou 
seja, de se substituir urgentemente toda a estrutura 
do poder político que contribuiu para criar e manter 
a crise econômica.
Praticamente, a maior parte do organismo 
social participante ou consciente do processo 
político e econômico, que se desenrolava, estava 
descontente com o sistema vigente. As elites que 
se mantinham no poder viam minadas, dia a dia, 
suas bases de sustentação e o governo perdia, 
visivelmente, sua autoridade. As eleições de 1930, 
para presidência da República, realizada em clima de 
grande agitação política e nas quais imperou, como 
de costume, a fraude, deram vitória ao candidato 
da situação. Esse fato, aliado ao assassinato do 
candidato oposicionista à vice-presidência, acabou 
por constituir os motivos concretos de que se 
carecia para a irrupção do movimento armado.
O movimento resultou de uma coalizão de 
forças. Dessa coalizão podiam distinguir se duas 
correntes: a dos que desejavam mudanças apenas 
no sentido jurídico, ou mesmo, propugnavam por 
uma troca de pessoas no poder, e a dos que se 
propunham lutar por mudanças mais profundas, 
divididos em dois grupos.
No primeiro grupo, alinhavam se os militares 
superiores, uma parcela dos plantadores de café 
descontentes com a política econômica do governo, 
e a parte da elite política da oposição, que visava 
à conquista do poder. Estes últimos, políticos 
frustrados, tanto nos Estados maiores, quanto 
nos menores, deveriam fornecer a continuidade 
indispensável entre a República Velha e os estágios 
sucessivos da era de Vargas.
No segundo grupo, estavam os revolucionários, 
os que comandaram ou tiveram participação mais 
A Revolução de 30 marca o ponto alto de uma série de 
revoluções e movimentos armados que, durante o período 
compreendido entre 1920 e 1964, se empenharam em 
promover vários rompimentos políticos e econômicos com 
a velha ordem social oligárquica. Foram esses movimentos 
que, em seu conjunto e pelos objetivos afi ns que possuíam, 
iriam caracterizar a Revolução Brasileira, cuja meta maior 
tem sido a implantação defi nitiva do capitalismo no Brasil. 
Através desses movimentos e, sobretudo, através da 
Revolução de 1930, o que se procurou foi um reajustamento 
constante dos setores novos da sociedade com o setor 
tradicional, do ponto de vista interno, e, destes dois, com 
o setor internacional, do ponto de vista externo. 
Ver mais em http://elogica.br.inter.net/crdubeux/h30.htm
De todos os movimentos, o que mais 
profundamente marcou a luta pela mudança do 
processo político e saiu vitorioso com o movimento 
de 1930 foi o tenentismo. Sem uma ideologia 
Nos anos 30, o corpo docente era composto por duas 
professoras, as quais eram chamadas de Dona, cada uma 
delas incumbida de lecionar duas classes. As alunas usavam 
batas brancas, como era habitual naquela época, e tinham 
aulas de manhã e à tarde.
87
2 - A educação brasileira: concepção
 pedagógica renovadora (1932-1969)
O movimento dos renovadores ganha 
corpo com a fundação da Associação Brasileira 
de Educação (ABE), em 1924, se expande 
com a realização das Conferências Nacionais 
de Educação a partir de 1927, e atinge plena 
visibilidade com o lançamento do “Manifesto 
dos Pioneiros da Educação Nova ” em 1932 
(XAVIER, 2002). 
Em 1930 foi lançado o livro de Lourenço 
Filho “Introdução ao Estudo da Escola Nova”
Ao longo dos anos 30 do século XX 
o movimento renovador foi irradiando 
sua influência por meio da ocupação dos 
principais postos da burocracia educacional 
e pela criação de órgãos de divulgação, 
buscando deliberadamente hegemonizar o 
campo educacional. 
Mas os renovadores tiveram que disputar 
o controle do espaço pedagógico, palmo a 
palmo, com os educadores católicos. 
efetiva no movimento. Este grupo se subdividiu em 
duas correntes: uma, mais moderada, preocupada 
com mudanças de caráter constitucional, com apoio 
na pequena classe média e que reivindicava eleições 
livres e honestas, maior garantia de liberdades 
civis e um governo constitucional, e a outra, 
mais radical, liderada pela ala jovem das forças 
armadas, os “tenentes”, que se propunham lutar 
pela “regeneração nacional” e pela modernização 
em caráter mais amplo e profundo. Os “tenentes” 
queriam um governo centralizado e nacionalista.
Assim que se instalou o novo governo, a 
princípio em caráter provisório, sob a presidência 
de Getúlio Vargas, com a radicalização das posições 
em torno da volta à normalidade constitucional. 
Este permaneceu no poder, de 1930 a 1945. Foram 
15 anos marcados por um período mais instável (de 
30 a 37) e uma ditadura (de 37 a 45).
Depois de nomeado presidente, Getúlio estendeu esse 
seu primeiro mandato por quinze anos ininterruptos. De 
1945 a 1951 ocupou o cargo de Senador Federal. Depois 
desse mandato, voltou à presidência pelo voto popular. Em 
agosto de 1954. Para a educação a Era Vargas foi palco 
das primeiras investidas dos novos métodos de ensino, 
preconizando a centralidade na criança e na sua iniciativa 
no processo de aquisição do conhecimento. Mesmo que 
inicialmente restrito, porque atendendo a uma camada da 
população, esse ensino renovado se sedimentou, atingindo 
amplos setores educacionais, incitando uma discussão sobre 
os princípios norteadores de seu método de ensino, que 
nem sempre atende as necessidades de parte da população 
escolar. Disponível em :http://www.histedbr.fae.unicamp.br/
navegando/periodo_era_vargas_intro.html, dia 20/10/2010
No campoespecífico da pedagogia os 
católicos travaram um combate sem tréguas 
às novas ideias abraçadas pelo movimento 
dos renovadores da educação. Nessa tarefa 
se destacaram os líderes que compunham a 
elite intelectual leiga, vinculados, de modo 
geral, ao Centro Dom Vital, sendo figura 
destacada Alceu de Amoroso Lima. 
Para Alceu de Amoroso Lima, sendo 
a pedagogia a formação do homem, quer 
dizer, preparação para a vida e considerando 
que para se preparar é preciso saber para quê, é 
necessário, na pedagogia, que haja previamente 
uma finalidade, um objetivo, um ideal a atingir. Daí 
que, para ele, o problema da pedagogia no Brasil é 
a ausência completa de um ideal educativo. Naquele 
momento referência à pedagogia católica demarcou 
espaço porque, apesar da influência da Escola 
Nova, boa parte das escolas normais e dos cursos 
de pedagogia permaneceu sob o controle da Igreja; 
e, mesmo nas instituições públicas, o pensamento 
católico, por meio de seus representantes e dos 
manuais por eles elaborados, se manteve presente. 
Vários manuais de orientação católica marcaram 
presença nas escolas normais, institutos de educação 
e cursos de pedagogia, como Noções de história da 
educação, de Theobaldo Miranda Santos, e História da 
educação: evolução do pensamento educacional, de 
José Antônio Tobias. 
Mas a pedagogia católica não significou 
simplesmente um puro e exclusivo confronto, 
inteiramente irredutível, com a pedagogia nova. 
Mesmo os mais acerbos críticos da Escola 
Nova não deixaram de reconhecer pontos de 
convergência. O próprio Alceu de Amoroso Lima, 
reconheceu a validade do postulado da Escola 
Nova que coloca a criança no centro do processo 
educativo. Reconheceu igualmente que não existe 
“nada de mais racional” do que o entendimento da 
atividade, da iniciativa como o “elemento capital da 
educação”. Do mesmo modo reconheceu o valor 
dos métodos novos. 
Além desse reconhecimento, sem dúvida 
secundário, por parte daqueles que se colocavam 
em posição antagônica com relação à Escola Nova, 
encontramos também educadores católicos que 
se assumiam como integrantes do movimento de 
renovação pedagógica. Provavelmente o exemplo 
mais conspícuo desse grupo é Everardo Backheuser 
que desenvolveu uma extensa gama de atividades 
como a fundação da Associação Brasileira de 
Educação, da Academia Brasileira de Ciências, de 
várias Associações de Professores Católicos e da 
Um grupo de 
educadores 
lança à 
nação o 
Manifesto 
dos 
Pioneiros da 
Educação 
Nova, 
redigido por 
Fernando de 
Azevedo e 
assinado por 
outros 
concei-
tuados 
educadores 
da época.
Em 1935 o 
Secretário 
de Educação 
do Distrito 
Federal, 
Anísio 
Teixeira, 
cria a
Universidade 
do Distrito 
Federal, 
no atual 
município 
do Rio de 
Janeiro, 
com uma 
Faculdade 
de Educação 
na qual se 
situava o 
Instituto de 
Educação.
História da Educação
88
Confederação Católica Brasileira de Educação, além 
de um grande número de publicações. 
Progressivamente, na medida em que o 
movimento renovador ia ganhando força 
e conquistando certa hegemonia, constata-
se uma tendência, também progressiva, de 
renovação da pedagogia católica.
A aprovação da Constituição 
de 1934 
Ainda em 1934, por iniciativa do 
governador Armando Salles Oliveira, foi 
criada a Universidade de São Paulo. A 
primeira a ser criada e organizada segundo 
as normas do Estatuto das Universidades 
Brasileiras de 1931.
A resistência dos católicos não 
chegou a impedir o avanço dos pioneiros 
que já a partir do início da década de 1930 
começaram a ocupar os principais postos 
da burocracia educacional. Em 1938 foi 
fundado o Instituto Nacional de Estudos 
Pedagógicos (INEP) – atualmente 
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais – que se converteu no 
principal centro aglutinador e estimulador 
de experiências de renovação pedagógica. 
Consequentemente, se o período situado 
entre 1930 e 1945 pode ser considerado como 
marcado pelo equilíbrio entre as influências das 
concepções humanista tradicional (representada 
pelos católicos) e humanista moderna (representada 
pelos pioneiros da educação nova), a partir 
de 1945 já se delineia como nitidamente 
predominante a concepção humanista. 
Ministro da Educação, Clemente Mariani, 
constituíra a referida comissão convidando para 
integrá-la os principais educadores da época. Entre 
eles estavam o Pe. Leonel Franca e Alceu Amoroso 
Lima, representantes do grupo católico, 
mas também Anísio Teixeira Lourenço 
Filho, Fernando de Azevedo, Almeida 
Júnior, Faria Góis, todos representantes da 
pedagogia nova. Igualmente a orientação que 
prevaleceu no texto do projeto elaborado 
por essa comissão revela a predominância 
dos renovadores. 
 A tramitação desse projeto da primeira 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional conduz, no final da década de 1950, 
ao conflito escola particular-escola pública 
quando os católicos retomam, na defesa da 
escola particular, os mesmos argumentos do 
início da década de 30, guardando o mesmo 
caráter monolítico. Somente em 1961 1ue 
foia provada a primeira LDB nº 4.024 de 
1961, ainda na década de 1950, a par da ação do 
INEP, a concepção pedagógica renovadora avança 
por meio da fundação da CAPES (Campanha de 
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), 
em 1951, e do Centro Brasileiro de Pesquisas 
Educacionais, em 1955, articulando os Centros 
Regionais de Pesquisas Educacionais. 
Nesse movimento foi fundada, em 1969, 
a Sociedade Civil “Instituto Pedagógico 
Montessori-Lubienska” que passou a realizar 
Semanas Pedagógicas em várias cidades em 
todo o Brasil. A partir de 1975 alterou-se a 
denominação para “Instituto Pedagógico Maria 
Montessori”, vinculando-se à “Associação 
Montessori Internacional”, com sede na Holanda. 
Ao final da década de 1970 existiam no Brasil 144 
escolas montessorianas sendo 94 no Estado de 
A predominância da pedagogia nova já pode 
ser detectada na comissão constituída em 1947 
para elaborar o projeto da Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional. A fim de dar 
cumprimento ao disposto na Constituição de 
A segunda 
Constituição 
da República 
dispõe, pela 
primeira 
vez, que a 
educação 
é direito 
de todos, 
devendo ser 
ministrada 
pela família 
e pelos 
Poderes 
Públicos.
por 
iniciativa do 
governador 
Armando 
Salles 
Oliveira, 
foi criada a 
Universidade 
de São 
Paulo. A 
primeira a 
ser criada e 
organizada 
segundo as 
normas do 
Estatuto 
das Univer-
sidades 
Brasileiras
de 1931.
Concepção 
humanista 
moderna: 
esboça-se 
numa visão 
do homem 
centrada na 
vida.
Em 1942, por iniciativa do Ministro Gustavo 
Capanema, são reformados alguns ramos do 
ensino. Estas Reformas receberam o nome de 
Leis Orgânicas do Ensino, e são compostas 
por Decretos-lei que criam o Serviço Nacional 
de Aprendizagem Industrial – SENAI e valoriza 
o ensino profi ssionalizante. O ensino fi cou 
composto, neste período, por cinco anos de 
curso primário, quatro de curso ginasial e três 
de colegial, podendo ser na modalidade clássico 
ou científi co. O ensino colegial perdeu o seu 
caráter propedêutico, de preparatório para o 
ensino superior, e passou a se preocupar mais 
com a formação geral. Apesar dessa divisão do 
ensino secundário, entre clássico e científi co, 
a predominância recaiu sobre o científi co, 
reunindo cerca de 90% dos alunos do colegial.
Foi aprovada em 18 de setembro de 1946, apesar de ter 
sido uma Constituição liberal, estava mais de acordo com 
os interesses dos latifundiários e dos empresários urbanos 
do que com os interesses das classes trabalhadoras. 
Refrente a educação: Determina a obrigatoriedade de se 
cumprir o ensino primário e dá competência à União para 
legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional. 
Além disso, a nova Constituição fez voltar o preceito de 
que a educação é direito de todos, inspirada nos princípios 
proclamados pelos Pioneiros, no Manifesto dos Pioneiros 
da Educação Nova, nos primeiros anos da década de 30. 
Ainda em 1946 oentão Ministro Raul Leitão da Cunha 
regulamenta o Ensino Primário e o Ensino Normal, além 
de criar o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - 
SENAC, atendendo as mudanças exigidas pela sociedade 
após a Revolução de 1930. Baseado nas doutrinas 
emanadas pela Carta Magna de 1946, o Ministro Clemente 
Mariani, cria uma comissão com o objetivo de elaborar um 
anteprojeto de reforma geral da educação nacional. 
1946 que atribuiu à União a tarefa de fixar as 
diretrizes e bases da educação nacional, o então
Em 1935 o 
Secretário 
de Educação 
do Distrito 
Federal, 
Anísio 
Teixeira, 
cria a 
Universidade 
do Distrito 
Federal, 
no atual 
município 
do Rio de 
Janeiro, 
com uma 
Faculdade 
de Educação 
na qual se 
situava o 
Instituto de 
Educação 
89
Se as discussões sobre a Lei de Diretrizes e Bases para 
a Educação Nacional foi o fato marcante, por outro lado 
muitas iniciativas marcaram este período como, talvez, o 
mais fértil da História da Educação no Brasil: em 1950, em 
Salvador, no Estado da Bahia, Anísio Teixeira inaugura 
o Centro Popular de Educação (Centro Educacional 
Carneiro Ribeiro), dando início a sua ideia de escola-
classe e escola-parque; em 1952, em Fortaleza, Estado 
do Ceará, o educador Lauro de Oliveira Lima inicia uma 
didática baseada nas teorias científi cas de Jean Piaget: o 
Método Psicogenético; em 1953 a educação passa a ser 
administrada por um Ministério próprio: o Ministério da 
Educação e Cultura; em 1961 a tem inicio uma campanha 
de alfabetização, cuja didática, criada pelo pernambucano 
Paulo Freire, propunha alfabetizar em 40 horas adultos 
analfabetos; em 1962 é criado o Conselho Federal de 
Educação, que substitui o Conselho Nacional de Educação 
e os Conselhos Estaduais de Educação e, ainda em 1962 
é criado o Plano Nacional de Educação e o Programa 
Nacional de Alfabetização, pelo Ministério da Educação e 
Cultura, inspirado no Método Paulo Freire.
São Paulo e 50 espalhadas por outros dez Estados 
e no Distrito Federal. 
Visando não perder a clientela e responder 
as novas exigências , o caminho que a Igreja 
Católica encontrou para foi assimilar a renovação 
metodológica sem abrir mão da doutrina. 
Lubienska desenvolveu seu método pedagógico 
em estreita relação com a bíblia e a liturgia católica 
aproximando-se, também, do pensamento 
oriental do qual extraiu aquilo que era compatível 
com o espírito bíblico-litúrgico e com a tradição 
da Igreja Católica. 
No final da década de 1950 e início dos anos 60, 
intensifica-se o processo de mobilização popular, 
agitando-se, em consequência, a questão da cultura 
e educação populares. Em termos de educação 
popular os movimentos mais significativos são 
o Movimento de Educação de Base (MEB) e o 
Movimento Paulo Freire de Educação de Adultos, 
cujo ideário pedagógico mantém muitos pontos em 
comum com o ideário da pedagogia nova. 
Essa perspectiva se fez presente em grupos 
católicos derivados de organismos integrantes da 
Ação Católica, com destaque para a JUC e JEC que 
se lançaram em programas de educação popular, 
em especial a alfabetização de adultos, que por sua 
vez, radicalizou sua oposição á ditadura militar 
transformando-se em APML (Ação Popular 
Marxista Leninista), optou pela luta armada e foi 
dizimada pela repressão. 
Paralelamente a essas transformações no 
campo da pedagogia católica, a década de 1960 
Para erradicar o analfabetismo foi criado 
o Movimento Brasileiro de Alfabetização – 
MOBRAL, aproveitando-se, em sua didática, do 
expurgado Método Paulo Freire. O MOBRAL 
propunha erradicar o analfabetismo no Brasil... 
Não conseguiu. E, entre denúncias de corrupção, 
acabou por ser extinto e, no seu lugar criou-se a 
Fundação Educar.
Então, perceberam quantos fatos interessantes podemos 
observar que ocorreu nesse período?
 Não podemos nos esquecer da tentativa de erradicar um mal 
que até hoje não está totalmente curado – O analfabetismo!
Que na década de 1960, logo após o golpe militar 
deu-se a grande expansão das universidades no 
Brasil. Para acabar com os “excedentes” (aqueles 
que tiravam notas sufi cientes para serem 
aprovados, mas não conseguiam vaga para 
estudar), foi criado o vestibular classifi catório? 
Então, vamos para a década dos 70? 
foi uma época de intensa experimentação 
educativa, deixando clara a predominância da 
concepção pedagógica renovadora. A década de 
1960, contudo, não deixou também de assinalar 
o esgotamento do modelo renovador, o que 
se evidencia pelo fato de que as experiências 
mencionadas se encerraram no final dos 
anos 60 quando também são fechados 
o Centro Brasileiro de Pesquisas 
Educacionais e os Centros Regionais 
a ele ligados. No interior dessa crise 
articula-se a tendência tecnicista, de base 
produtivista, que se tornará dominante na 
década seguinte, assumida como orientação 
oficial do grupo de militares e tecnocratas 
que passou a constituir o núcleo do poder 
a partir do golpe de 1964. 
Na década de 1960 a “teoria do 
capital humano” foi desenvolvida 
e divulgada positivamente, sendo 
saudada como a cabal demonstração do 
“valor econômico da educação”. Em 
consequência, a educação passou a ser 
entendida como algo não meramente 
ornamental, um mero bem de consumo, 
mas como algo decisivo do ponto de vista 
do desenvolvimento econômico,isto é, 
um bem de produção. 
O Regime 
Militar 
espelhou na 
educação o 
caráter anti 
democrático 
de sua 
proposta 
ideológica 
de governo: 
professores 
foram 
presos e 
demitidos; 
universi-
dades foram 
invadidas; 
estudantes 
foram 
presos e 
feridos, nos 
confronto 
com a 
polícia, e 
alguns foram 
mortos; os 
estudantes 
foram 
calados 
e a União 
Nacional dos 
Estudantes 
proibida de 
funcionar; o 
Decreto-Lei 
477 calou 
a boca de 
alunos e 
professores.
História da Educação
90
1 - A educação nas décadas de 1970
 a 1980
Sob a influência da tendência crítico-
reprodutivista, buscou-se, então, evidenciar que 
a subordinação da educação ao desenvolvimento 
econômico significava torná-la funcional ao 
sistema capitalista, isto é, colocá-la a serviço dos 
interesses da classe dominante: ao qualificar a 
força de trabalho, o processo educativo concorria 
para o incremento da produção da mais valia, 
Existem muitos cientistas e pensadores sociais que 
desenvolveram diferentes vertentes para conceber 
uma explicação para surgimento e o funcionamento 
do sistema capitalista, reforçando, em consequência, 
as relações de exploração. 
Enquanto que na década 80, busca-se superar 
os limites da crítica acima apontada. A partir da 
reforma instituída pela lei n. 5.692, de 11 de agosto 
de 1971, essa concepção produtivista pretendeu 
Esta concepção, no entanto, chega invariavelmente à 
conclusão de que a função própria da educação consiste 
na reprodução da sociedade em que ela se insere. Nessa 
medida, não cabe à educação nenhum papel transformador, 
modifi cador das condições existentes, mas apenas o papel 
de reprodutora da estrutura social vigente. Além do mais, 
a concepção crítico-reprodutivista limita-se a analisar as 
relações entre educação e sociedade, não apresentando 
nenhuma teoria pedagógica que possa orientar a 
prática pedagógica dos educadores surge a tentativa de 
empreender a crítica da “teoria do capital humano”. FUSARI, 
J.C. A educação do educador em serviço; o treinamento de 
professores em questão. São Paulo PUC/SP - 
(mestrado Fil. da Educação) - PUC/SP. 
A doutrina neoliberal teve início na segunda metade dos 
anos 1970, tornou-se hegemônica nos de 1980 e inspirou a 
reforma conservadora dos anos de 1990, correspondendo 
a uma necessidade objetiva das elites fi nanceiras 
internacionais, que se sentiam tolhidas e ameaçadas pelo 
dirigismo econômico, imposto por governos nos quais o 
movimento operário conseguia imprimir alguma infl uência. 
No Brasil, na década de 1980, com a Constituição de 1988 
instituiram-se em lei, os direitos do cidadão. Apesar da 
dimensão de participação que é atribuídaà cidadania é 
sempre uma participação na conquista de direitos, eles não 
são naturais como defendeu Jonh Lock, são resultado das 
lutas historicamente travadas, no quadro da vida social e 
do EstadoTP*PT. Na ordem burguesa, uma educação para 
a cidadania pode, por um lado ser uma formação para a 
conformação e aceitação das regras do capitalismo, mas 
também um confronto e ampliação de direitos sempre 
onerosos à histórica acumulação do capital. 
Se é para tornar-se propriedade do trabalhador, 
se é inalienável, que o capital humano seja 
“produzido” pelo poder público, mesmo que com 
a fi nalidade de servir ao capital; mas se é para 
tornar-se propriedade da classe hegemônica, se 
é passível de expropriação sem os ônus sociais 
dos investimentos na longevidade, por exemplo, 
então que seja o capital intelectual, objetivável, 
produzido sob o controle direto do empresariado. 
SANTOS, Aparecida de Fátima Tiradentes dos 
- FIOCRUZ (EPSJV) http://www.anped.org.br/
reunioes/27/gt09/t095.pdf
Termo usado para designar a disparidade entre o salário 
pago e o valor do trabalho produzido.
Figura 45 - A exploração do trabalho caracteriza a mais-valia, 
disponível em: http://www.mundoeducacao.com.br/geografi a/
maisvalia.htm. Acesso em 05/10/2012.
moldar todo o ensino brasileiro por meio da 
pedagogia tecnicista que, convertida em pedagogia 
oficial, foi encampada pelo aparelho de Estado que 
procurou difundi-la e implementá-la em todas as 
escolas do país. 
Pode-se observar que a concepção 
produtivista vem se mantendo como 
dominante ao longo das últimas quatro 
décadas, não se deve considerar que 
a versão da teoria do capital humano 
elaborada por Schultz tenha ficado intacta. 
Que preconizava o Estado do Bem-Estar 
Cancian, Renato. Estado do bem-estar social. 
Disponível em: <http://educacao.uol.
com.br/sociologia/ult4264u30.jhtm>, dia 
12/10/2010.
A teoria do capital humano assume, 
pois, um novo sentido, sendo que, não 
se trata mais da iniciativa do Estado e 
das instâncias de planejamento visando 
assegurar, nas escolas, a preparação da mão 
de obra para ocupar postos de trabalho 
definidos num mercado que se expandia 
em direção ao pleno emprego. Agora 
é o indivíduo que terá que exercer sua 
capacidade de escolha visando adquirir os 
meios que lhe permitam ser competitivo 
no mercado de trabalho. E o que ele pode 
esperar das oportunidades escolares já 
não é o acesso ao emprego, mas apenas a 
conquista do status de empregabilidade.
Também é 
conhecido 
por sua 
denomi-
nação em 
inglês, 
Welfare 
State. Os 
termos 
servem 
basica-
mente para 
designar 
o Estado 
assis-
tencial que 
garante 
padrões 
mínimos de 
educação, 
saúde, 
habitação, 
renda e 
seguridade 
social a 
todos os 
cidadãos.
É preciso 
esclarecer, 
no entanto, 
que todos 
esses tipos 
de serviços 
assisten-
ciais são 
de caráter 
público e 
reconhe-
cidos como 
direitos 
sociais 
que - a era 
de ouro do 
capitalismo.
91
Segundo a historiadora Otaíza Romanelli, faz com que as 
discussões sobre as questões da educação, profundamente 
ricas no período anterior, entrem “numa espécie de 
hibernação”. As conquistas do movimento renovador, 
infl uenciando a Constituição de 1934, foram enfraquecidas 
nessa nova Constituição de 1937. Marca uma distinção entre 
o trabalho intelectual, para as classes mais favorecidas, e o 
trabalho manual, enfatizando o ensino profi ssional para as 
classes mais desfavorecidas. Recorte do texto
A educação passa a ser entendida como 
um investimento em capital humano individual 
que habilita as pessoas para a competição pelos 
empregos disponíveis. O acesso a diferentes 
graus de escolaridade amplia as condições de 
empregabilidade do indivíduo o que, entretanto, 
não lhe garante emprego, pelo simples fato de que, 
na forma atual do desenvolvimento capitalista, não 
há emprego para todos: a economia pode crescer 
convivendo com altas taxas de desemprego e com 
grandes contingentes populacionais excluídos do 
processo. É o crescimento excludente, em lugar do 
desenvolvimento inclusivo.
Por outro lado propõe que a arte, a ciência 
e o ensino sejam livres à iniciativa individual 
e à associação ou pessoas coletivas públicas e 
particulares, tirando do Estado o dever da educação. 
Mantém ainda a gratuidade e a obrigatoriedade do 
ensino primário Também dispõe como obrigatório 
o ensino de trabalhos manuais em todas as escolas 
normais, primárias e secundárias.
No contexto político o estabelecimento do 
Estado Novo, o governo vargas e o equilíbrio entre a 
pedagogia tradicional e a pedagogia nova de Azilde L. 
Andreotti, Doutora em Filosofia e História da 
Educação pela UNICAMP.
No período do Estado Novo (1937 - 1945), com refl exo de 
tendências fascistas é outorgada uma nova Constituição 
em 1937. A orientação político-educacional para o mundo 
capitalista fi ca bem explícita em seu texto sugerindo a 
preparação de um maior contingente de mão de obra para as 
novas atividades abertas pelo mercado. Nesse sentido, a nova 
Constituição enfatiza o ensino pré-vocacional e profi ssional.
BARBOSA, R. C. Educação Popular e a construção 
de um poder ético. Disponível em <http://www.
espacoacademico.com.br/078/78barbosa.htm>. 
Acessado em 20 de agosto de 2008. 
FREIRE, P. (1987). Pedagogia do Oprimido. 27. 
ed. RJ, Paz e Terra.
Vale a pena
Vale a pena ler
Moraes, Maria Célia Marcondes de. Educação 
e Política nos Anos 30: a Presença de Francisco 
Campos. Disponível em <http://www.rbep.inep.gov.
br/index.php/RBEP/article/viewFile/452/457>, 
acesso em 12/01/2010.
Vale a pena acessar
1 - Os acontecimentos pertinentes à 
educação brasileira ocorridos nos anos de 1930.
a) Diz respeito os acontecimentos educacionais 
ocorridos entre os anos de 1930, a influência da 
Retomando a aula
Vamos encerrar esta aula. Mas perceberam 
quantas novas informações obtivemos? Para 
fi nalizar, vamos recordar? 
Revolução industrial e os investimentos realizados 
na educação brasileira. Os anos de 1930 foram 
férteis em relação à nova educação. 
b) Os novos métodos de ensino visavam 
à auto educação e a aprendizagem surgia de um 
processo ativo. 
c) A participação dos organismos sociais no 
processo político e econômico e a educação da 
Era Vargas.
2 - A educação brasileira: concepção 
pedagógica renovadora (1932-1969).
a) As propostas do Manifesto dos Pioneiros 
sobre educação, publicadas em 1932, foram 
defendidas por educadores de ideário renovador 
versus o movimento conservador.
b) A aprovação da Constituição de 1934 e a 
educação como um direito de todos.
c) A promulgação da Lei de Diretrizes e base 
da Educação Nacional n. 4024/61.
3 - A educação nas décadas de 1970 a 1980
a) A concepção crítico-reprodutivista – ao 
processo educativo da produção da mais valia.
b) A pedagogia tecnicista instituída pela LEI DE 
Diretrizes e Base da Educação Brasileira n. 5.692/71.
História da Educação
92
“Vidas Secas”, dirigido por Pereira dos Santos, é 
baseado no conto de Graciliano Ramos, que narra 
a estória de uma família de nordestinos afugentada 
de sua casa pela seca. Disponível em: <http://
www.youtube.com/watch?v=DCTnivj9cz4>. 
Acesso em 01/11/2012.
“Deus e o Diabo na Terra do Sol”, do diretor 
Glauber Rocha, lida de maneira alegórica com 
o fanatismo religioso e político no Nordeste. 
Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=mS81fFWbJCY>. Acesso em 01/11/2012.
“Noite Vazia” exibe um tema mais voltado para 
o urbano, retratando a dor e solidão das pessoas 
que moram num grande centro industrial como São 
Paulo. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=CajORmdL93s>. Acesso em 01/11/2012.
Vale a pena assistir

Mais conteúdos dessa disciplina