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Parecer Acerca do Direito aos Honorários Advocatícios no Processo Falimentar Marina Knust da Silva - Atividade Subjetiva III

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Parecer Acerca do Direito aos Honorários Advocatícios no Processo Falimentar
A classificação dos credores no processo falimentar concede direitos distintos conforme a natureza dos créditos. Isso porque, buscando paridade, é estabelecida uma ordem de pagamento a partir da divisão em diferentes classes, separadas a partir de interesses em comum. 
“Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem:
I - os créditos derivados da legislação trabalhista, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por credor, e aqueles decorrentes de acidentes de trabalho;” (BRASIL, 2005)	
Especificamente, pela natureza dos créditos trabalhistas ser alimentar, esses têm prioridade no pagamento, conforme o Art. 83, I, da Lei n.° 11.101 de 2005. Em outras palavras, esses se constituem enquanto verbas preferenciais, ou seja, pagas antes de quaisquer dívidas, por serem o meio de subsistência dos credores e seus dependentes, a forma de suprir suas necessidades básicas (RESENDE, 2020, p.116). 
“Tendo em vista a característica de verba alimentar atribuída ao salário, o legislador cuidou de estabelecer uma rede de proteção ao direito do obreiro. Em outras palavras, como o trabalhador necessita do salário, como regra geral, para sobrevivência sua e de sua família, a lei procura dificultar a apropriação desta verba, seja pelo próprio empregador, pelos credores do empregador ou pelos credores do próprio empregado.” (idem, p. 1047)
O teto de 150 salários mínimos para a classificação enquanto crédito trabalhista é imposto para proteção dos credores menores, que, sem o limite imposto, poderiam ter suas remunerações comprometidas por um único crédito maior capaz de suprimir em grande parte o valor liquidado pela massa falida (SACRAMONE, 2021, p. 733). Assim, a configuração de um crédito como trabalhista se limita a esse valor e o excedente é considerado crédito quirografário, outra classe de credores paga posteriormente. Outro ponto importante é trazido pelo Art. 83, § 4º do mesmo diploma normativo, que determina a perda da classificação do crédito se esse é cedido a terceiro, que, de modo igual ao visto, passa a ser quirografário. 
	O Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Lei n.º , define os honorários advocatícios como “crédito privilegiado”, não especificando o seu caráter: especial ou geral, cabendo a classificação ao intérprete (TOMAZETTE, 2022, p. 236). Diante da pouca clareza na norma, a jurisprudência do STJ, submetida à sistemática de recurso repetitivo, fez uma interpretação extensiva e esses foram equiparados aos créditos trabalhistas por conta de sua natureza igualmente alimentar (BRASIL, 2014).
Sendo contratuais ou sucumbência, a contraprestação do exercício profissional jurídico de pessoas físicas e jurídicas no processo falimentar pode ser vista como uma verba laboral (SACRAMONE, 2021, p. 732). Enquanto créditos, as remunerações advocatícias possuem respectivos direitos e são divididos em concursais e extraconcursais. Os primeiros, dizem respeito ao valor pré estabelecido contratualmente antes da sentença de falência devidamente habilitado. Os outros já nasceram no próprio processo falimentar como trabalhos prestados à massa falida ou aos credores que os exigem a posteriori e são pagos em primeiro plano. 
Ademais, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso especial, decretou que o tratamento e as proteções dadas aos proventos do trabalho autônomo devem ser os mesmos conferidos ao salário pela Lei de Falência e Recuperação de Empresas. Em concordância com o julgado, o doutrinador Gladson Mamede também amplia o entendimento, entendendo como honorários o pagamento a qualquer dos profissionais liberais que prestam serviços na falência:
“Esteja-se atento para o fato de que, à sombra desse precedente, devem-se considerar submetidos à mesma lógica e parâmetro todos os outros pagamentos que, em sentido amplo, podem ser considerados “honorários”, ou seja, pagamento pelo trabalho autônomo. Assim, honorários de peritos judiciais, contadores, auditores, consultores, pareceristas, coachs etc. Em todos os casos, há pagamento pelo trabalho, ainda que fora da relação de emprego. Seria odioso entender que o labor do causídico goza de alguma especialidade que justificasse a quebra de isonomia com o labor de outros autônomos que igualmente serviram à empresa.” (MAMEDE, 2019. p. 667) (grifo nosso)
Dessarte, o direito aos honorários advocatícios no Processo Falimentar ostenta a mesma natureza jurídica das verbas trabalhistas. Desse modo, não deve haver desigualdade entre ambos. Os advogados possuem papel ímpar no processo falimentar. Independente da relação não se estabelecer por vínculo empregatício, podendo haver a contratação indireta por meio do autônomo ou pela sociedade de advogados, a classe depende da retribuição para sobreviver. Logo, a exigência de preferência no pagamento é o mínimo, conferindo uma proteção legal já estabelecida jurisprudencialmente.
Referências Bibliográficas:
BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial No 1.152.218 - RS (2009/0156374-4). Recorrente: José Euclésio dos Santos e outros. Recorrido: Kreybel Empreendimentos Imobiliários LTDA - Massa Falida. Relator: Ministro Luiz Felipe Salomão. 7 de maio de 2014. Documento: 1287199 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 09 de out. de 2014
BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial Nº 1.851.770 - SC (2019/0362674-0). Recorrente: Transportes Dalçoquio LTDA - Em Recuperação Judicial. Recorrido: Muller & Prei Auditores Independentes S/S. Relator: Ministra Nancy Adrighi. 18 de Fev. de 2020. Documento: 1912442 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20 de Fev. de 2020
MAMEDE, Gladston. Falência e recuperação de empresas. – 10. ed. – São Paulo: Atlas, 2019.
RESENDE, Ricardo Direito do trabalho. – 8. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO 2020.
SACRAMONE, Marcelo Barbosa. Comentários à Lei de recuperação de empresas e falência. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2021.
TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Falência e recuperação de empresas – Volume 3. – 10. ed. – São Paulo : SaraivaJur, 2022.

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