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ESCOLA BRASILEIRA DE PÓS-GRADUAÇÃO MODULO: Direitos dos Brasileiros no Exterior e Pactos Internacionais Exercícios 1.- Caso. Matheus, rapaz de 24 anos, filho de mãe brasileira, profissional, com residência e domicílio na cidade de Austen, Estado do Texas, Estados Unidos de Norte América, decide conjuntamente com sua noiva, também brasileira, celebrar o casamento. Responda criticamente: 1.- em que lugar podem celebrar o casamento? O casamento realizado no exterior, com a observância das leis do local decelebração que decidirem o domicilio do casal , de acordo com : Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil, para registrar que têm intenção de casar, os noivos devem ir pessoalmente Cartório de Registro Civil acompanhados de duas testemunhas, se for o caso da Brasileira querer celebrar no Pais do noivo , tera que realizar a documentação do visto K-1 de noiva(o) é destinado a estrangeiros que desejam se casar com um cidadão americano nos Estados Unidos e se tornar um residente permanente legal (LPR) sem sair dos Estados Unidos. O visto K-2 é destinado aos filhos menores dos solicitantes de K-1. O solicitante de visto K-2 deve ter menos de 21 anos. 2.- que lei se aplica ao caso concreto? Para os casamentos realizados fora do nosso país, a lei brasileira determina a obrigatoriedade do registro no Brasil, devendo ocorrer o referido registro do casamento no cartório de registro civil onde o casal for estabelecer domicílio (Lei 6.015/1973, art. 32, § 1º).No caso concreto não decidiram ainda onde será a celebração, relata onde é o domicilio no momento, se caso decidirem permancer o local , será celebrado na lei do pais do domicilio em que estão. 3.- Os impedimentos para se casar previstos no CC/02 tem alguma relevância jurídica na celebração do casamento. Justifique. No Direito Brasileiro não existe impedimento em relação à celebração decasamento no exterior entre brasileiros e estrangeiros ou até mesmo somente entre brasileiros, sendo reconhecido o ato como existente e valido, já que a autenticidade depende do lugar em que foi celebrado. providenciando o visto K-1 de noiva(o) é destinado a estrangeiros que desejam se casar com um cidadão americano nos Estados Unidos e se tornar um residente permanente legal (LPR) sem sair dos Estados Unidos. 4.- Tem alguma importância jurídica distinguir entre forma e substância do negócio jurídico celebrado? Justifique. A importância do negócio jurídico manifesta-se na circunstância de esta figura ser um meio de auto ordenação das relações jurídicas de cada sujeito de direito. Está-se perante o instrumento principal de realização do princípio da autonomia da vontade ou autonomia privada. A forma e a Substancia é essencial estarem conjuntamente na celebração pois é um negocio juridico que impoe direitos e deveres entre os celebrantes . 5.- Que artigo da LINDB tem aplicaçãoJustifique. Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. § 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. 6.- Que formalidades devem ser atendidas em cada um dos casos? Assinale As formalidades exigidas para o processo de habilitação, a publicação de proclamas e a celebração do casamento estão previstas no Código Civil (arts 1.525 a 1.542) e na Lei de Registros Públicos – 6.015/1973 (arts. 67 a 76).Caso ambos os cônjuges sejam estrangeiros, para que o casamento realizado no exterior produza efeitos em repartições públicas ou em qualquer instância, juízo ou tribunal, a certidão estrangeira deverá ser legalizada pelo consulado ou embaixada do Brasil ou apostilada 7.- Existe norma internacional que regula este negócio jurídico? Assinale o artigo caso exista. Para produzir efeitos jurídicos no Brasil, o casamento deverá ser registrado em Repartição Consular brasileira e, posteriormente, transcrito em Cartório do 1º Ofício do Registro Civil do município do seu domicílio no Brasil ou no Cartório do 1º Ofício do Distrito Federal.O casamento no exterior não passa pelo processo de homologação no Brasil, sendo necessário somente o registro em Cartório para que ele produza efeitos no território nacional. Todavia, quando estivermos diante de uma sentença de divórcio estrangeira, a homologação pelo Brasil faz-se necessária. 2º caso Italiano residente e domiciliado em Roma, inicia um relacionamento amoroso com uma brasileira que reside e mora em Paris. Ambos decidem se casar na Inglaterra, e constituem seu primeiro domicílio conjugal na Cidade do Cabo, África do Sul. Deste relacionamento nascem cinco filhos, todos de nacionalidades diversas, o mais velho é italiano, a moça bonita nasceu em São Paulo, um dos menores é britânico e os restantes são sul-africanos. Após uma viagem de passeio à cidade de Boa Vista de Buricá, cidade dos pais da brasileira, o casal após divergências profundas e irreconciliáveis a respeito da educação dos filhos, entra em crise, dando início ao processo de divórcio. Cabe salientar, por pertinente e necessário, que ao longo da vida matrimonial os consortes conseguiram constituir um patrimônio significativo, pois possuem vários imóveis localizados em distintas capitais, bem como obras de arte de artistas famosos como Dali (O MeninoDoente, de 1921) Picasso (Rapaz com cão, de 1905) Caravaggio (Os Músicos de 1594), e vários outros. Sendo assim: 1.- Quantos elementos de conexão podemos identificar? Explique cada umdeles e faça referência ao dispositivo normativo pertinente. O divórcio: Realizado no estrangeiro (LINDB, art. 7, § 6º). Reza o dispositivo legal que, se um dos cônjuges for brasileiro, o divórcio será reconhecido no Brasil, após um ano de sua decretação ou de separação judicial e deverá ser previamente ser homologado por Tribunal brasileiro. O comando do §6º, todavia, deve ser interpretado à luz das transformações e alterações legislativas pelas quais passou o instituto do divórcio. Por força da Emenda Constitucional 66/2010, o prazo de um ano para a decretação do divórcio não é mais exigido, podendo ser decretado no dia seguinte ao casamento, razão pela qual a disposição sobre prazo deve ser suprimida. Superada a questão temporal, indaga-se sobre a necessidade da homologação de sentença estrangeira, para conferir eficácia ao divórcio realizado no exterior. A sentença estrangeira que decretou o divórcio ou o fim da união estável de um casal somente poderá ser executada no Brasil, após sua homologação perante o Superior Tribunal de Justiça, respeitados os requisitos previstos no art. 15 da LINDB, quais sejam: (i) haver sido proferida por juiz competente; (ii) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; (iii) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida; (iv) estar traduzida por intérprete autorizado e (v) ter sido homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (de acordo com o art. 105, I, i) da Constituição Federal).O domicílio conjugal é, portanto, o elemento de conexão para fixar a lei aplicável à dissolução das uniões conjugais e uniões estáveis. Por tal motivo, a mesma regra se aplica em relação a casamentos realizados no exterior, se o casal está domiciliado no Brasil. Nesse caso, porém, como bem observa Valerio Mazzuoli, “poderá o casal optar pela realização do divórcio no país em que celebrado o casamento, em razão da lex loci celebrationis (especialmente se o Estado em causa adota o critério da nacionalidade como determinante do estatuto pessoal). Bens : Bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício ."O STJ decidiu que em caso de divórcio, os bens imóveis no Exterior não precisam ser partilhados como acontece com os bens brasileiros, basta que os valores desses bens no exterior sejam considerados na partilha."O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso,a do primeiro domicílio conjugal" (v. artigo 7º, § 4º, da LINDB),bens que integram o patrimônio e estejam no exterior, deverão ser partilhados no país que se encontram. Guarda dos menores : Importante observar questões como Convenção ou Tratado em vigor entre os países envolvidos, o que faz toda diferença quando envolve bens a partilhar ou filhos menores.Só na Justiça Federal, entre os anos de 2002 de 2011 a Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República registrou 488 casos de disputa internacional da guarda dos filhos entre os 87 países signatários do Tratado de Haia. 27 A Convenção determina,através do chamado princípio da residência habitual, que, quando uma criança é levada para outro país sem a autorização dos pais ou de um deles, ela deve retornar imediatamente ao país onde vivia anteriormente ou que está melhor habituada até que a disputa seja resolvida, e é lá que deve ser iniciado o processo onde será decidido a guarda do menor28. No entanto, são grandes as dificuldades de se julgar um processo desse nível; por se tratarem de processos que abordam temáticas delicadas e pessoais de conflitividade emocional latente o litígio ultrapassa a seara meramente jurídica. Ademais em virtude das distâncias torna-se ainda mais difícil para o Judiciário ter contato direto com ambas as partes. Além disso, a própria burocracia interna e internacional pode retardar o processo e estender o sofrimento dos pais e das próprias crianças. Não é uma questão apenas de ausência ou ineficiência de acordos internacionais que tratem do assunto, mas do próprio desinteresse nas negociações entre os Estados nacionais das partes em litigiarem por causas que não tem uma relevância tão grande em virtude do desconforto entre as nações que isso pode causar; a questão da soberania rapidamente aparece e desestimula o conflito. 2.- Qual é a nacionalidade das crianças? A maioria dos países formados através do contributo de vagas de imigração durante a Idade Moderna nas Américas, por exemplo, os Estados Unidos, o Canadá, o México, a Argentina e o Brasil, concedem a nacionalidade incondicional simplesmente por nascer nele (jus soli).No caso concreto cada filho nasceu em Pais diferente. 3.- Qual é a importância do primeiro domicílio conjugal. Explique. LIND"§ 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal." A tendência de submeter o regime de bens à lei do domicílio conjugal sempre.Exemplo é o caso concreto em tela , eram casados e tiverão o primeiro domicilio celebrado o casamento , no local será realizado o regime de bens do casal separação. 4.- Que normas se aplicam aos bens do casal em processo de divórcio? "O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal" (v.artigo 7º, § 4º, da LINDB) 3º caso Como é de todos conhecidos, documentos públicos para serem reconhecidos no exterior precisam ser legalizados ou apostilados. Sendo assim, o apostilamento enquanto forma de substituir a consularização de documento público apresenta algumas características. Portanto, analise as seguintes alternativas: I.- O apostilamento de documentos públicos é aceito, única e exclusivamente, por todos aqueles países que aderiram à Convenção da Apostila. II.- No Brasil, a autoridade competente para a verificação da estrita observância da legalidade do processo de apostilamento de documentos públicos lhe cabe, extraordinariamente, ao Ministério Público, enquanto fiscal da ordem jurídica. III.- No Brasil, a autoridade competente para cuidar do apostilamento de documentos públicos é do Conselho Nacional de Justiça. Designação que está em estrita consonância com o artigo 6 da Convenção da Apostila. IV.- Os principais atos infralegais relativos ao apostilamento de documentos públicos são a resolução de número 228/2016 do CNJ e o provimento de número 62/2017 – CN-CNJ. V.- Considera-se consularização a formalidade pela qual se atesta a autenticidade da assinatura, da função ou do cargo exercido, temporariamente, pelo signatário do documento e, quando cabível, a autenticidade do selo. VI.- Considera-se consularização a formalização pela qual se atesta a autenticidade da assinatura, da função ou do cargo exercido pelo signatário do documento e, quando cabível, a autenticidade do selo ou do carimbo nele posto. Assinale a alternativa correta e justifique A) Todas as alternativas anteriores são verdadeiras, menos uma. B) Todas as alternativas anteriores são verdadeiras, menos duas. C) Todas as alternativas anteriores são verdadeiras, menos três. D) Todas as alternativas anteriores são verdadeiras, menos a VI. E) Todas as alternativas anteriores são verdadeiras, menos a II. Comente qual é a importância dos documentos públicos e seu apostilamento no direito nacional. Para tanto, tome como referência não apenas a lei 6.015/73, a lei 10.406, a Convenção, bem como doutrina nacional e comparada. (trinta linhas) da Lei nº 6.015/73 Art. 221 - Somente são admitidos registro: I - escrituras públicas, inclusive as lavradas em consulados brasileiros; II - escritos particulares autorizados em lei, assinados pelas partes e testemunhas, com as firmas reconhecidas, dispensado o reconhecimento quando se tratar de atos praticados por entidades vinculadas ao Sistema Financeiro da Habitação; III - atos autênticos de países estrangeiros, com força de instrumento público, legalizados e traduzidos na forma da lei, e registrados no cartório do Registro de Títulos e Documentos, assim como sentenças proferidas por tribunais estrangeiros após homologação pelo Supremo Tribunal Federal; IV - cartas de sentença, formais de partilha, certidões e mandados extraídos de autos de processo. V - contratos ou termos administrativos, assinados com a União, Estados, Municípios ou o Distrito Federal, no âmbito de programas de regularização fundiária e de programas habitacionais de interesse social, dispensado o reconhecimento de firma. A Apostila é um certificado de autenticidade emitido por países signatários da Convenção da Haia, o qual é aposto a um documento público para atestar sua origem (assinatura, cargo de agente público, selo ou carimbo de instituição). Esse documento público apostilado será apresentado em outro país, também signatário da Convenção da Haia, uma vez que a Apostila só é válida entre países signatários.A Apostila certifica apenas a origem do documento público, e não o próprio documento. Em outras palavras, ela certifica a autenticidade da assinatura (reconhecimento de firma) da pessoa, da função ou do cargo exercido pelo signatário do documento e, quando cabível, a autenticidade do selo ou do carimbo nele aposto. A Apostila não certifica o conteúdo do documento, nem deve ser utilizada para reconhecimento dentro do país em que foi emitida.Somente podem ser apostilados documentos públicos ou aqueles de natureza particular que tenham sido previamente reconhecidos por notário ou autoridade pública competente, os quais têm fé pública. O artigo 1º da Convenção estabelece serem documentos públicos: a) os documentos provenientes de uma autoridade ou de um agente público vinculados a qualquer jurisdição do Estado, inclusive os documentos provenientes do Ministério Público, de escrivão judiciário ou de oficial de justiça; b) os documentos administrativos; c) os atos notariais; d) as declarações oficiais apostas em documentos de natureza privada, tais como certidões que comprovem o registro de um documento ou a sua existência em determinada data, e reconhecimentos de assinatura.Cada país pode definir quais documentos considera aptos ao apostilamento. A Convenção da Apostila não se aplica a documentos expedidos por agentes diplomáticos ou consulares. Também estão excluídos documentos administrativos relacionados a operações mercantis ou alfandegárias, nos casos de documentos para os quais a legalização já não era necessáriade acordo com as normas, acordos e entendimento em vigor. No caso de documentos comerciais que costumam ser legalizados, o apostilamento poderá ser feito, o que ensejará a facilitação dos fluxos comércio e investimentos. Deve-se ter em mente que o objetivo da Convenção da Apostila é sempre simplificar o processo de tramitação internacional de documentos, e não criar procedimentos burocráticos antes inexistentes. Tal entendimento coaduna-se com o costume internacional e com as orientações do Manual de Aplicação da Convenção da Apostila publicado pela Conferência da Haia de Direito Internacional Privado. Por fim, a Apostila não se aplica a documentos a serem apresentados em países não signatários da Convenção da Haia. Nesses casos, o processo de legalização continuará a ser realizado pelo Ministério das Relações Exteriores, por seus escritórios regionais (no Brasil) e Embaixadas e Repartições Consulares (no exterior).Além dos casos expressamente consignados, os oficiais são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que, pessoalmente, ou pelos prepostos ou substitutos que indicarem, causarem, por culpa ou dolo, aos interessados no registro. 4º caso Parte da comunidade acadêmica e alguns setores da sociedade brasileira consideram que a lei do migrante representou um avanço importante na proteção dos direitos humanos dos indivíduos que, por circunstâncias diversas, sejam estas econômicas, políticas, ideológicas, religiosas, e assim por diante, devem iniciar uma migração forçada. A lei trouxe uma série de mudanças, por exemplo a visão do migrante como sujeito de direitos, a consagração de princípios como a universalidade, a interdependência e indivisibilidade dos direitos humanos, ou seja, a lei do migrante recolhe assim, parte importante da doutrina universal dos direitos humanos de Francisco de Vitória, pensador neoescolástico,do século XVI, e professor da Universidade de Salamanca. Neste sentido, a lei consagra o instituto jurídico do acolhimento humanitário que poderá ser concedido ao apátrida ou nacional de qualquer país em grave ou iminente instabilidade política, conflito armado, calamidade pública, desastre ambiental, ou violação de direitos humanos. Portanto, a proteção humanitária ocorre por meio de: I.- outorga de visto de permanência humanitário definitivo. II.- mediante concessão de visto temporário humanitário. III.- concessão de autorização humanitária especial outorgado pelo poder executivo. IV.- concessão de visto especial humanitário conforme a lei do migrante. Assinale a alternativa correta e justifique: A) A proteção humanitária ocorre apenas por duas das vias mencionadas, as restantes são inoficiosas. B) A proteção humanitária ocorre apenas por uma das vias indicadas, pois as restantes são falaciosas. C) A proteção humanitária ocorre por qualquer uma das vias assinaladas, ou seja (I, II, III, IV). D) A proteção humanitária apesar de prevista na lei se tornou imprestável pela ausência de uma adequada técnica legislativa. Tema: Comente criticamente sobre a proteção humanitária na lei do migrante e a migração como direito humano. (30 linhas) Princípios de direitos humanos relacionados às migrações internacionais (não criminalização da migração, acolhida humanitária, garantia do direito à reunião familiar, inclusão social, laboral e produtiva do migrante, repúdio às expulsões e deportações coletivas, acesso aos serviços públicos. A Lei de Migração estabelece algumas definições importantes. Imigrante é toda pessoa nacional de outro país ou apátrida que trabalha ou reside e se estabelece temporária ou definitivamente no Brasil. O imigrante se distingue do visitante porque esse é o não nacional que vem ao Brasil para estadas de curta duração, sem pretensão de se estabelecer temporária ou definitivamente no território nacional, e são eles: os turistas, os artistas e as pessoas de negócio. Na lei constam outras definições, como a de emigrante que é o brasileiro que estabelece temporária ou definitivamente no exterior; o residente fronteiriço que é a pessoa nacional de país limítrofe ou apátrida que conserva a sua residência habitual em município fronteiriço de país vizinho; e o apátrida: pessoa que não seja considerada como nacional por nenhum Estado, segundo a sua legislação, nos termos da Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954, promulgada pelo Decreto n. 4.246, de 22 de maio de 2002. Não obstante essas definições trazidas pelo artigo 1º da lei, foi vetado o seu inciso I que definia o migrante como “[...] pessoa que se desloca de país ou região geográfica ao território de outro país ou região geográfica, incluindo o imigrante, o emigrante, o residente fronteiriço e o apátrida”. Para as razões do veto, alega-se que: O dispositivo estabelece conceito demasiadamente amplo de migrante, abrangendo inclusive o estrangeiro com residência em país fronteiriço, o que estende a todo e qualquer estrangeiro, qualquer que seja sua condição migratória, a igualdade com os nacionais, violando a Constituição em seu artigo 5º, que estabelece que aquela igualdade é limitada e tem como critério para sua efetividade a residência do estrangeiro no território nacional. (BRASIL, 2017a, art. 1º) O artigo 5º da Constituição Federal de 1988 prescreve que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (BRASIL, 1988). Esse artigo restringe a proteção de direitos a estrangeiros “residentes no Brasil”, entretanto, a interpretação desse artigo pelo Supremo Tribunal Federal vem estendendo a proteção dos direitos aos estrangeiros também não residentes no Brasil (JARDIM, 2017, p. 40). E dessa forma se harmonizando com o próprio texto constitucional e com a Declaração dos Direitos Humanos, ratificada pelo Brasil.A política migratória brasileira também se aproxima das convenções e tratados já celebrados pelo Brasil, como a Declaração de Direitos Humanos. A Lei de Migração também se alinha aos princípios estabelecidos pela Constituição Federal de 1988, como o da dignidade da pessoa humana e da igualdade de tratamento, independentemente de raça, sexo, cor ou idade ou quaisquer outros tipos de discriminaçã 5º Caso Após o evento do falecimento do autor da herança, instaurado o processo de inventario no juízo competente, cidade de Goiânia, e prestadas as primeiras declarações, constata-se que fazem parte do monte mor do de cujus, vários imóveis situados em distintas capitais da Europa, ou seja, Londres, Paris, Madri e Estocolmo. Sendo assim, e tendo em consideração as normas da LINDB, particularmente o estatuto real, comente qual seria a melhor estratégia para resolver a situação jurídica dos bens situados nas capitais antes referidas. Justifique a sua resposta.. O processo judicial de caráter contencioso, em que são interessados o cônjuge supérstite (ou o companheiro), herdeiros, sucessores por testamento,para os bens aqui situados, o mesmo se processa no Brasil, para os que estão em país estrangeiro, é necessário iniciar-se inventário naquele local. o ordenamento jurídico brasileiro adota o princípio da pluralidade de juízos sucessórios, segundo o qual se houver bens em diversos países o inventário de cada um deles será realizado nos países em que situados, conforme os respectivos ordenamentos jurídicos, assim sendo, a jurisdição para processar o inventário de bens situados em território nacional de estrangeiros será sempre da autoridade judiciária brasileira, sendo absolutamente irrelevantes quaisquer decisões que venham a ser proferidas por Corte de outro país que regulem a partilha (art. 23, II do CPC). Por outro lado, o Brasil não possui jurisdição para apreciar questões sobre bens situados no exterior, de forma que o inventário destes deverá ser realizado no país em que estiverem situados; Portanto, se um estrangeiro possui bens no país e em seu país natal, por exemplo, deverãoos herdeiros realizar um inventário no Brasil para os bens aqui situados e um segundo no exterior para os lá existentes. O testamento é a manifestação de última vontade do falecido e será respeitado no Brasil, ainda que lavrado no exterior.É necessário que o testamento seja feito conforme as leis do país de sua confecção, se por qualquer motivo o testamento não for considerado válido pelas leis do país de origem, também não será no Brasil. Para que seja cumprido no Brasil é necessário que o testamento seja apostilado no país de origem e depois seja feita a tradução juramentada no Brasil. Por fim, as disposições testamentárias deverão respeitar as regras de sucessão nacional, como por exemplo o respeito da legítima. Eventuais excessos do testamento poderão acarretar na sua redução ou rompimento pela autoridade judiciária brasileira, como qualquer outro testamento. Os inventários devem ser realizados na comarca (de forma geral a cidade) de residência do estrangeiro no Brasil. Se o estrangeiro for residente no exterior, então o inventário será feito na comarca na qual situados os bens da herança. Se os bens forem situados em mais de uma comarca, então naquela em que estiverem situados a maioria deles. A regra geral para a definição da legislação aplicável para a partilha da herança é defina pelo art. 10 do Decreto-Lei 4.657/42, segundo o qual a sucessão por morte será regulada pela lei do domicílio do autor da herança. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. Contudo, há uma importante exceção a esta regra, definida pelo art. 5º, XXXI da Constituição, corroborada pelo §1º do art. Decreto-Lei 4.657/42, segundo os quais a sucessão de bens de estrangeiros será realizada conforme à lei brasileira quando houver filhos ou cônjuges brasileiros, salvo quando a legislação estrangeira for mais favorável. Art. 5º (...)XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus" Ou seja, se a sucessão envolver o interesse de cônjuge ou filhos brasileiros, então ela deverá ser realizada conforme as leis brasileiras, salvo se as do domicílio do Autor da herança forem mais favoráveis para eles, isto é, que lhes garantam um quinhão hereditário superior, o que deverá ser comprovado à Autoridade Judiciária. Diante desse quadro legislativo podem suceder três hipóteses de sucessão de bens no país de propriedade de estrangeiros. Estrangeiro residente no Brasil o inventário será realizado no Brasil conforme a legislação brasileira, estrangeiro não residente no Brasil sem filhos ou cônjuge brasileiro - O inventário será realizado no Brasil conforme a legislação do país de domicílio do falecido,o estrangeiro não residente no Brasil com filhos ou cônjuge brasileiro - O inventário será realizado no Brasil conforme a legislação brasileira, salvo se a legislação do país de residência do falecido for mais favorável para os interesses dos filhos ou cônjuge brasileiro; Por derradeiro, é importante destacar que em precedentes recentes do STJ têm sido admitidas a homologação de sentenças estrangeiras que tratem da sucessão de bens de estrangeiros no Brasil contanto que haja manifesta concordância entre todos os interessados.