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1 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI APOSTILA PRINCIPAIS DOENÇAS ASSOCIADAS AO ENVELHECIMENTO ESPÍRITO SANTO 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 2 O ENVELHECIMENTO ............................................................................... 5 2.1 Tipos de envelhecimento ...................................................................... 6 3 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO ......................... 8 4 DOENÇAS CEREBROVASCULARES ..................................................... 10 4.1 Incapacidade cognitiva ....................................................................... 11 4.2 Acidente Vascular Cerebral (AVC) ..................................................... 11 4.3 Doença de Parkinson ......................................................................... 12 4.4 Neuropatia periféricas ........................................................................ 13 4.5 Doença de Alzheimer ......................................................................... 14 4.6 Demências ......................................................................................... 17 4.7 Depressão .......................................................................................... 18 5 DOENÇAS RESPIRATÓRIAS .................................................................. 19 5.1 Dispneia ............................................................................................. 20 5.2 Pneumonia ......................................................................................... 20 5.3 Enfisema ............................................................................................ 21 5.4 Bronquite crônica ............................................................................... 22 6 DOENÇAS DO TRATO URINÁRIO .......................................................... 23 6.1 Nefrite ou inflamação dos rins ............................................................ 23 6.2 Infecção urinária ................................................................................. 24 6.3 Incontinência urinária ......................................................................... 24 7 DOENÇAS DO TRATOGASTROINTESTINAL ......................................... 26 8 PATOLOGIAS ORTOPÉDICAs ................................................................ 28 8.1 Lombalgia ........................................................................................... 29 3 8.2 Osteoporose ....................................................................................... 29 8.3 Osteoartrose ....................................................................................... 30 9 QUEDAS ................................................................................................... 31 9.1 Epidemiologia ..................................................................................... 32 9.2 Fatores relacionados a quedas .......................................................... 33 9.3 Fatores intrínsecos - Alterações ligadas ao envelhecimento .............. 33 9.4 Doenças específicas .......................................................................... 34 9.5 Fatores extrínsecos - Riscos ambientais ........................................... 35 9.6 Riscos nas áreas comuns da casa ..................................................... 35 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 36 11 BIBLIOGRAFIAS SUGERIDAS ............................................................. 42 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 O ENVELHECIMENTO Fonte: cuidarte.com O envelhecimento populacional é hoje um fenômeno universal, característico tanto dos países desenvolvidos como, de modo crescente, do Terceiro Mundo. O envelhecimento do organismo como um todo se relaciona com o fato das células somáticas do corpo começarem a morrer e não serem substituídas por novas, como acontece na juventude. Isso está ligado, entre outros fenômenos, ao envelhecimento celular. Fisiologicamente, o envelhecimento está associado à perda de tecido fibroso, à taxa mais lenta de renovação celular e à redução da rede vascular e glandular. A função de barreira que mantém a hidratação celular também fica prejudicada. Dependendo da genética e do estilo de vida, as funções fisiológicas normais da pele podem diminuir em 50% até a meia-idade. Como a pele é o órgão que mais reflete os efeitos da passagem do tempo, sua saúde e sua aparência estão diretamente relacionadas aos hábitos alimentares e ao estilo de vida escolhido. A radiação ultravioleta, o excesso de consumo de álcool, o abuso de tabaco e a poluição ambiental, entre outros, são fatores que aceleram o trabalho do relógio biológico provocando o envelhecimento precoce. Além disso, o aumento do peso corporal e dos níveis de açúcar no sangue também colabora para a pele envelhecer antes do tempo. 6 Segundo a Organização Mundial da Saúde, as doenças cerebrovasculares estão em terceiro lugar no topo de doenças que mais acometem vítimas com óbitos no mundo, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares e o câncer (WHO, 2017, apud PIZZOL, 2018). 2.1 Tipos de envelhecimento Envelhecimento cutâneo intrínseco ou cronológico: é aquele decorrente da passagem do tempo, determinado principalmente por fatores genéticos, estado hormonal e reações metabólicas, como estresse oxidativo. Nele estão presentes os efeitos naturais da gravidade ao longo dos anos, como as linhas de expressão, a diminuição da espessura da pele e o ressecamento cutâneo. A pele tem efeitos degenerativos semelhantes aos observados em outros órgãos, mas reflete também certos aspectos da nossa saúde interior, como: Genética: com o tempo, as células vão perdendo sua capacidade de se replicar. Este fenômeno é causado por danos no DNA decorrentes da radiação UV, de toxinas ou da deterioração relacionada à idade. Conforme as células vão perdendo a velocidade ao se replicar, começam a aparecer os sinais de envelhecimento. Hormônios: ao longo dos anos há diminuição no nível dos hormônios sexuais, como estrogênio e testosterona, e dos hormônios do crescimento. Equilíbrio é fundamental quando se fala de hormônios. Diminuindo os níveis hormonais com o envelhecimento, acelera-se a deterioração da pele. Em mulheres, a variação nos níveis de estrogênio durante a menopausa é responsável por mudanças cutâneas significativas: o seu declínio prejudica a renovação celular da pele, resultando em afinamento das camadas epidérmicas e dérmicas. Estresse oxidativo: desempenha papel centralna iniciação e na condução de eventos que causam o envelhecimento da pele. Ele altera os ciclos de renovação celular, causa danos ao DNA que promovem a liberação de mediadores pró- inflamatórios, que, por sua vez, desencadeiam doenças inflamatórias ou reações alérgicas na pele. Além disso, células do sistema imunológico, chamadas Langerhans, diminuem com o envelhecimento. Isto afeta a capacidade da pele de afastar o estresse ou as infecções que podem prejudicar sua saúde. Com o avançar da idade, diminui- 7 se a imunidade, aumentando a incidência de infecções, malignidades e deterioração estrutural. Níveis elevados de açúcar no sangue e glicação: glicose é um combustível celular vital. No entanto, a exposição crônica à glicose pode afetar a idade do corpo por um processo chamado de glicação. Ela pode ocorrer pela exposição crônica ao açúcar exógeno, nos alimentos, ou endógeno, como no caso do diabetes. A consequência principal desse processo é o estresse oxidativo celular, tendo como consequência o envelhecimento precoce. A garantia da satisfação na velhice envolve a preservação e o incentivo da independência e autonomia do indivíduo. (OMS, 2005, apud FARIA, 2019). Envelhecimento extrínseco da pele: é aquele provocado pela exposição ao sol e a outros fatores ambientais como: o estilo de vida (exercício físico, alimentação) e o estresse fisiológico e físico. Um dos agentes mais importantes é a radiação solar ultravioleta. As toxinas com as quais entramos em contato, como tabaco, álcool e poluição do ar, entre outros, também ajudam no processo de envelhecimento da pele e, dependendo do grau de exposição, podem acelerá-lo, como: Radiação solar: atua na pele causando desde queimaduras até fotoenvelhecimento e aparecimento de câncer da pele. Várias alterações de pigmentação da pele são provocadas pela exposição solar, como manchas, pintas e sardas. A pele fotoenvelhecida é mais espessa, por vezes amarelada, áspera e manchada, e há um maior número de rugas. Tabaco: fumantes possuem marcas acentuadas de envelhecimento na pele. O calor da chama e o contato da fumaça com a pele provocam o envelhecimento e a perda de elasticidade cutânea. Além disso, o fumo reduz o fluxo sanguíneo da pele, dificultando a oxigenação dos tecidos. A redução deste fluxo parece contribuir para o envelhecimento precoce da pele e para a formação de rugas, além de dar à pele uma coloração amarelada. Rugas acentuadas ao redor da boca são muito comuns em fumantes. Álcool: altera a produção de enzimas e estimula a formação de radicais livres, que causam o envelhecimento. A exceção à regra é o vinho tinto que, se consumido 8 moderadamente, tem ação antirradicais livres, pois é rico em flavonoides e em resveratrol, potentes antioxidantes; Movimentos musculares: movimentos repetitivos e contínuos de alguns músculos da face aprofundam as rugas, causando as chamadas marcas de expressão, como as rugas ao redor dos olhos. Radicais livres: são uns dos maiores causadores do envelhecimento cutâneo. Os radicais livres se formam dentro das células pela exposição aos raios ultravioleta, pela poluição, estresse, fumo etc. Acredita-se que os radicais livres provocam um estresse oxidativo celular, causando a degradação do colágeno (substância que dá sustentação à pele) e a acumulação de elastina, que é uma característica da pele fotoenvelhecida. Bronzeamento artificial: a Sociedade Brasileira de Dermatologia condena formalmente o bronzeamento artificial que pode causar o envelhecimento precoce da pele (rugas e manchas) e a formação de câncer da pele. A realização desse procedimento por motivações estéticas é proibida no Brasil desde 2009. Alimentação: uma dieta não balanceada contribui para o envelhecimento da pele. Existem elementos que são essenciais e devem ser ingeridos para repor perdas ou para suprir necessidades, quando o organismo não produz a quantidade diária suficiente. O envelhecimento populacional é um dos fenômenos mais significativos do século XXI 1. A taxa de crescimento da população idosa mundial é de aproximadamente 3% ao ano, e estima-se que, em 2050, essa população será formada por 2,1 bilhões de pessoas. Atualmente, existem cerca de 962 milhões de pessoas com 60 anos ou mais no mundo, o que corresponde a 13% da população total. Até 2050, todas as regiões do mundo, exceto a África, terão quase um quarto de suas populações compondo essa faixa etária 2. Igualmente no Brasil, 13% de sua população correspondem a pessoas com mais de 60 anos 2, e esse índice deverá chegar a 29,3% em 2050. (NAÇÕES UNIDAS, 2015, apud SOUSA, 2018). 3 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO Estatura: Diminuição de 1 cm por década; Redução do espaço intervertebral; Aumento na cifose torácica; Diminuição no tamanho das vertebras; Desaparecimento do arco plantar; mais intenso na mulher. 9 Composição corporal: Redução da agua intracelular; Diminuição da musculatura (fibras tipo II, responsáveis pela contração rápida, como as encontradas nas mãos); Força muscular com declínio constante e universal (máxima aos 25-30 anos); Aumento da gordura corporal (principalmente na cintura pélvica); Diminuição no peso dos órgãos; Diminuição no diâmetro biacromial; Aumento no pavilhão auditivo e nariz. Pele: Menor produção de sebo (pele seca); Papilas dérmicas menos profundas (pele espessa e menor aderência entre derme e epiderme, que predispõe formação de lesões bolhosas); Redução em número dos melanócitos (associado a outros fatores contribui para aumento da incidência de câncer de pele); Perda de fibras elásticas e colágenas na derme (formação de rugas); menor vascularização (palidez e menor temperatura). Pálpebras: Flacidez das pálpebras superiores (diminui o campo de visão lateral); Flacidez das pálpebras inferiores (desloca o canal lacrimal com lacrimejamento continuo, que facilita infecções oculares). Sistema cardiovascular: Hipertrofia de ventrículo esquerda; Aumento na rigidez arterial por alteração da camada média dos vasos (diferentemente do que ocorre na aterosclerose, onde a alteração é na camada íntima); Dilatação da aorta e grandes artérias; Aumento da pressão arterial sistêmica (PAS), diminuição da pressão arterial diastólica (PAD); Diminuição da resposta beta adrenérgica. 10 4 DOENÇAS CEREBROVASCULARES Fonte: movenoticias.com O sistema nervoso central (SNC) é o sistema biológico mais comprometido com o processo do envelhecimento, pois é o responsável pela vida de relação (sensações, movimentos, funções psíquicas, entre outros) e pela vida vegetativa (funções biológicas internas). Sua perda é fundamental para o desequilíbrio da senescência. O comprometimento do SNC é preocupante pelo fato de não dispor de capacidade reparadora. São unidades morfofuncionais pós-mitóticas, sem possibilidade reprodutora, ficando sujeitas ao processo do envelhecimento através de fatores intrínsecos (genético, sexo, circulatório, metabólico, radicais livres, entre outros) e extrínsecos (ambiente, sedentarismo, tabagismo, drogas, radiações, entre outros), que não deixam de exercer uma ação deletéria com o decorrer do tempo. No Brasil, entre janeiro e dezembro de 2017, ocorreram 152.221 internações por AVC. Dessas, 109.365 (71,8%) foram de idosos. Entre os idosos, 18.518 (16,9%) foram a óbito, representando uma taxa de mortalidade proporcional por AVC de 16,93 por 100 mil habitantes nesse grupo etário. No mesmo período, houve 1805 internações para tratamento de AVC em Porto Alegre. Destas internações, 1325 (73,4%) eram de idosos e 132 (10%) foram a óbito (DATASUS, 2018, apud PIZZOL, 2018). 11 4.1 Incapacidade cognitiva A cognição é o conjunto de funções cerebrais formadas pela memória (capacidade de armazenamento de informações), função executiva (capacidade de planejamento, antecipação, sequenciamentoe monitoramento de tarefas complexas). O funcionamento integrado destas funções nos permite interagir com as pessoas, é responsável também pela nossa capacidade de decidir, que, juntamente com o humor (motivação), é fundamental para a manutenção da autonomia. O envelhecimento fisiológico não afeta a cognição de forma significativa. Ocorre uma atrofia do sistema nervoso central. O lobo frontal parece ser a região mais acometida, de forma irregular, neste caso. Consequências da falta de cognição: Lentificação no processamento cognitivo; redução da atenção (déficit atentivo); Dificuldade no resgate das informações aprendidas (memória de trabalho); Redução da memória prospectiva e memória contextual. 4.2 Acidente Vascular Cerebral (AVC) O AVC é uma doença que se caracteriza pela interrupção da oxigenação do tecido cerebral de alguma área do cérebro, com consequente perda de determinadas funções a essa área relacionadas, representa uma das principais causas de morte no mundo e no Brasil. Os Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) são uma causa comum de morbilidade e mortalidade na Europa, sendo a primeira causa de morte em Portugal e a principal causa de incapacidade nas pessoas idosas (DGS, 2001, apud DA SILVA, 2016). Existem dois tipos diferentes de AVC. O mais comum deles é o AVC isquêmico, responsável por mais de 80% dos casos, e que se caracteriza pela interrupção da oxigenação do tecido cerebral em decorrência de uma obstrução ao fluxo sanguíneo, causada pela presença de um trombo (coágulo que se forma dentro do vaso sanguíneo daquela região cerebral) ou um êmbolo (coágulo que se desenvolve em outra região do organismo, se desprende, percorre a circulação sanguínea até obstruir https://www.minhavida.com.br/saude/temas/avc https://www.minhavida.com.br/saude/temas/avc-isquemico 12 um outro vaso). O segundo tipo é o AVC hemorrágico, responsável por cerca de 20% dos casos e que ocorre quando há extravasamento de sangue em uma determinada área cerebral em consequência da ruptura de algum vaso sanguíneo. A região afetada deixa de ser oxigenada e passa também a sofrer os efeitos da compressão do tecido cerebral devido o extravasamento de sangue. Entre os fatores de risco podemos citar: Histórico familiar, como os étnicos (neste caso a raça negra) e a existência de história familiar presente (avós, pais ou irmãos). A Hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, tabagismo, dislipidemia (alteração nos níveis de colesterol e triglicérides), arritmias cardíacas (dentre as quais a fibrilação atrial se destaca), obesidade, sedentarismo, dieta inadequada (rica em sal, gorduras saturadas, excessivamente calórica), doença arterial carotídea estão entre os principais fatores de risco passíveis de mudança e/ou tratamento. Existe uma grande correlação entre a severidade da neuropatia e a estabilidade postural e, também, uma importante associação entre o aumento da instabilidade postural com um maior risco de quedas. (YAMAMOTO, 2001, apud RODRIGUES, 2009). 4.3 Doença de Parkinson A Doença de Parkinson (DP) é uma enfermidade degenerativa e progressiva do Sistema Nervoso Central causada pela morte de neurônios da substância negra e consequente deficiência de dopamina na via nigro-estriatal. A etiologia da doença é indeterminada e sua prevalência aumenta com a idade. Apresenta uma etiologia idiopática, porém acredita-se que os seus surgimentos provem de fatores ambientais e genéticos, podendo interagir e contribuir para o desenvolvimento neurodegenerativo da Doença de Parkinson. Afirma-se ainda que o processo de envelhecimento está intimamente interligado a esta afecção devido à aceleração da perda de neurônios dopaminérgicos com o passar dos anos. Segundo Ganança, há um comprometimento da habilidade do sistema nervoso central no processamento dos sinais vestibulares, visuais e proprioceptivos responsáveis pela manutenção do equilíbrio corporal, com diminuição da capacidade de modificação dos reflexos adaptativos. Sintomas como a tontura e o desequilíbrio fazem parte dessas alterações sensoriais, que também podem acometer outras https://www.minhavida.com.br/saude/temas/avc-hemorragico https://www.minhavida.com.br/saude/temas/hipertensao https://www.minhavida.com.br/saude/temas/diabetes https://www.minhavida.com.br/saude/temas/tabagismo https://www.minhavida.com.br/saude/temas/colesterol https://www.minhavida.com.br/saude/temas/triglicerides 13 idades, mas são mais frequentes após os 65 anos. As desordens do sistema vestibular podem gerar problemas emocionais, físicos e incapacidade para performance das atividades da vida diária do paciente. Os quatro principais sintomas da doença de Parkinson são: Tremor: o sintoma mais reconhecido da doença de Parkinson, o tremor, muitas vezes inicia- se ocasionalmente em um dedo espalhando para o braço todo. O tremor pode afetar apenas uma parte ou lado do corpo, especialmente nas fases iniciais da doença. Nem todo paciente com Parkinson apresenta tremor. Rigidez (rigidez ou inflexibilidade dos membros ou articulações): a rigidez muscular, experimentada com a doença de Parkinson, muitas vezes inicia- se nas pernas e pescoço, afetando a maioria das pessoas. Os músculos se tornam tensos e contraídos, e algumas pessoas podem sentir dor ou rigidez. Bradicinesia ou acinesia (lentidão de movimentos ou ausência de movimentos): bradicinesia é um dos sintomas clássicos da doença de Parkinson. Ao longo do tempo, uma pessoa com Parkinson pode desenvolver uma postura inclinada e uma deambulação lenta, arrastada. Com o passar dos anos podem experimentar a acinesia, ou "congelamento" e perder totalmente os movimentos do corpo. Instabilidade postural (deficiência de equilíbrio e coordenação): Uma pessoa com instabilidade postural pode ter uma posição inclinada, (cabeça ombros principalmente). Podem desenvolver encurvamento para a frente ou para trás, o que pode ocasionar em quedas. O processo de envelhecimento tem uma base celular e uma base ambiental. (CUNHA, 2013, apud FARIA, 2019). 4.4 Neuropatia periféricas A neuropatia periférica é uma condição que afeta os nervos periféricos, responsáveis por encaminhar informações do cérebro e da medula espinhal para o restante do corpo. Isso pode causar perda da sensibilidade, debilidade e atrofia muscular, principalmente em mãos e pernas. Apesar de não ter cura, a neuropatia periférica pode ser tratada. A doença atinge ambos os sexos, em todas as faixas etárias, porém é mais comum em adultos acima de 40 anos. 14 Entre as principais causas, podemos citar: Alcoolismo; Diabetes; Infecções (hepatite C, Difteria, entre outras); Doenças autoimunes (Síndrome de Sjogren, Lúpus, Artrite reumatoide, Polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica, Vasculite necrotizante); Deficiência de Vitaminas B (incluindo B-1, B-6 e B-12). Os sintomas mais comuns são: parestesias, fraqueza muscular, déficit na coordenação motora, entre outros. O diabetes mellitus é uma doença metabólica crônica e complexa caracterizada por deficiência absoluta ou relativa de insulina, hiperglicemia crônica e outras alterações no metabolismo de carboidratos e lipídios; por sua vez, isso pode causar múltiplas complicações microvasculares nos olhos, rins e membros inferiores, bem como neuropatias periféricas e, frequentemente, lesões macrovasculares e coronárias. (MARTIN, 2004, apud IBARRA, 2012). 4.5 Doença de Alzheimer A doença de Alzheimer é a forma de demência mais comum e, atualmente, constitui um problema de saúde pública que afeta principalmente indivíduos idosos. É uma doença neurodegenerativa progressiva multifatorial que, a nível patológico, leva à formação de emaranhados neurofibrilares intracelulares e de depósitos extracelulares do peptídeo ß-amiloide que, consequentemente levam à formação de placas amiloides. Uma vez que a DA se manifestatardiamente após um longo período clinicamente silencioso no qual ocorre neurodegeneração, torna-se crucial o conhecimento dos diferentes fatores de risco para uma prevenção primária eficaz bem como a implementação de métodos de diagnóstico adequados, que envolvam por exemplo a identificação de biomarcadores, para uma detecção pré-sintomática. Apesar desta doença ainda não ter uma verdadeira cura, o conhecimento das opções de tratamento pretende pelo menos impedir a progressão da doença e ajudar os doentes e familiares a lidar com os sintomas e a melhorar a sua qualidade de vida. Fisiopatologia: A doença de Alzheimer é uma doença neuro degenerativa progressiva e irreversível de aparecimento insidioso, que acarreta perda da memória e diversos distúrbios cognitivos. Em termos neuropatológicos, caracteriza-se pela morte neuronal em determinadas partes do cérebro, com algumas causas ainda por determinar. https://www.minhavida.com.br/saude/temas/sindrome-de-sjogren https://www.minhavida.com.br/saude/temas/lupus https://www.minhavida.com.br/saude/temas/artrite-reumatoide https://www.minhavida.com.br/temas/vasculite 15 O aparecimento de tranças fibrilares e placas senis impossibilitam a comunicação entre as células nervosas, o que provoca alterações ao nível do funcionamento global da pessoa. Evolução clínica da doença: Sendo uma patologia de evolução progressiva, as manifestações são inicialmente insidiosas, passando despercebidas aos familiares mais próximos. Barreto (2005) descreve três fases na evolução da doença: inicial; avançada e terminal. Na fase inicial verificam-se défices de memória que são normalmente os primeiros sinais, nomeadamente, a nível da memória a curto prazo. O indivíduo é capaz de relatar detalhadamente acontecimentos passados, mas revela dificuldades na sua contextualização temporal e espacial e desorientação, no sentido em que perde a noção de tempo. Perde-se na rua, em sítios pouco familiares ou que foram alvo de modificações recentes, e perde a noção do mês e ano em que se encontra. A principal consequência do envelhecimento natural do sistema vestibular é a degeneração do reflexo vestíbulo-ocular, sendo manifestação clássica de sua falência o desequilíbrio quando há rotação do corpo, que acarreta o desvio da marcha. (JANH, 2010, apud ESQUENAZI, 2014). Posteriormente, esta desorientação afeta também lugares habituais como a própria habitação. A linguagem vai sofrendo alterações, na medida em que numa primeira fase surge afasia nominal, o discurso torna-se impreciso e o pensamento cada vez mais concreto. A capacidade de resolução vai-se deteriorando, surgindo dificuldades na realização de cálculos, confunde o dinheiro e apresenta dificuldades em tomar decisões. Subtilmente, vão surgindo alterações da personalidade, nomeadamente egocentrismo, desinibição e apatia. Perde a postura habitual, faz comentários inadequados e utiliza palavras inapropriadas. A vida social torna-se caótica, esquecendo as obrigações sociais, como por exemplo pagamentos de serviços prestados. O autocuidado está igualmente comprometido, já que existe uma despreocupação pelo arranjo pessoal e higiene pessoal, esquecendo-se mesmo de mudar de roupa e lavar-se. As perturbações do humor revelam-se através da ansiedade e insegurança, tornando-se geralmente pessimista, com possível depressão consequente. A apatia é progressiva, revelando desinteresse por atividades que eram habitualmente do seu agrado. Esta é uma fase 16 em que os familiares adotam uma tolerância excessiva face aos défices cognitivos do doente. Nas fases mais avançadas da doença as alterações cognitivas vão-se acentuando e acabam por levar à perda da autonomia. O doente apresenta apraxia (mostrando dificuldades, por exemplo, em abrir uma porta ou vestir-se, acabando por não ser capaz de o fazer), e agnosia (dificuldade em interpretar informações sensoriais, conduzindo à incapacidade em reconhecer rostos, objetos, lugares, de identificar sons e cheiros). Com estas limitações o indivíduo não consegue identificar as pessoas que o rodeiam, sentindo-se cada vez mais ausente e ficando tudo cada vez mais estranho e confuso. A afasia aumenta e a linguagem torna-se restrita a poucas palavras, perdendo progressivamente a capacidade de comunicar verbalmente. As alucinações e as distorções perceptivas são frequentes nas fases avançadas A deambulação é de igual modo uma das formas da agitação. O indivíduo desloca-se continuamente pela casa sem objetivo ou motivo aparente. O ritmo de sono-vigília também está alterado. O indivíduo passa longos períodos acordado durante a noite, adormecendo apenas por curtos períodos. Há uma progressiva perda de autonomia, necessitando de uma terceira pessoa para a satisfação das suas necessidades. O cuidador de idosos é o indivíduo designado a prestar cuidado à pessoa idosa, podendo ser ele um cuidador informal, ligado à família/amigos/vizinhos, com laço consanguíneo ou não. Pode ser ainda um cuidador formal, representado por um profissional da saúde e/ou serviço social, exercendo essa atividade com um vínculo empregatício (GOLDGARB, et al, 2013, apud PIZZOL, 2018). Na fase terminal do processo demencial a inércia instala-se. O doente entra em mutismo e raramente reconhece os familiares. Deixa de ter reflexos de marcha, perdendo a postura ereta e permanece grande parte do tempo no leito. Há limitações a nível dos vários domínios do autocuidado, nomeadamente a nível da alimentação, da eliminação urinária e intestinal, e problemas de saúde tais como obstipação, infeções respiratórias ou urinárias, e úlceras de pressão surgem ou agravam-se. 17 4.6 Demências A demência senil é caracterizada por uma perda progressiva e irreversível das funções intelectuais, como alteração de memória, raciocínio e linguagem e perda da capacidade de realizar movimentos e de reconhecer ou identificar objetos. A demência senil ocorre com mais frequência a partir dos 65 anos de idade e é uma das principais causas de incapacidade em idosos. A perda da memória significa faz com que a pessoa não se consiga orientar no tempo e no espaço, perdendo-se facilmente e tendo dificuldade para reconhecer as pessoas mais próximas, deixando- o cada vez menos capaz de entender o que se passa ao seu redor. O envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo com modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que podem determinar a perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente. (OLIVEIRA, 2010, apud LEITE, 2017). São vários os sintomas de demência senil, e dependem da causa da doença e podem até demorar anos para se manifestar. Os sintomas mais comuns são os seguintes: Perda da memória, confusão e desorientação; Dificuldade em compreender comunicação escrita ou verbal; Dificuldade em tomar decisões; Dificuldade em reconhecer familiares e amigos; Esquecimento de fatos comuns, como por exemplo, o dia em que estão; Alteração da personalidade e do senso crítico; Agitação e caminhadas durante a noite; Falta de apetite, perda de peso, incontinência urinária e fecal; Perda da orientação em ambientes conhecidos; Movimentos e fala repetitiva; Dificuldade em dirigir, fazer compras sozinho, cozinhar e realizar os cuidados pessoais; Todos estes sintomas levam a pessoa a uma dependência progressiva e podem causar em algumas pessoas depressão, ansiedade, insônia, irritabilidade, desconfiança, delírios e alucinações. Tratamento: O tratamento para demência senil numa fase inicial inclui medicamentos, como inibidores da acetilcolinesterase, antidepressivos, estabilizadores de humor ou neurolépticos, e tratamentos de fisioterapia e terapia ocupacional, assim como a realização de orientação adequada da família e cuidadores. 18 Atualmente, o mais indicado é manter o portador de demência senilnum meio que lhe seja favorável e familiar, fazendo com que ele se mantenha ativo, participando o máximo possível nas atividades diárias e de comunicação, a fim de preservar as capacidades do indivíduo. 4.7 Depressão As desordens depressivas representam um grupo de entidades clínicas ou síndromes independentes caracterizadas pela baixa do humor e variabilidade na gravidade. Deve ser diferenciada de tristeza, ou seja, existe a depressão-sintoma e a depressão-doença. A tristeza é um sentimento presente em vários momentos da vida. Por exemplo: na reação ao luto, a tristeza está presente, mas é insuficiente para inviabilizar completamente os projetos de vida da pessoa, que preserva o interesse em algumas atividades. O paciente supera a perda progressivamente, num período variável de 4 a 12 meses. O envelhecimento está associado a diversas perdas, desde familiares queridos, cônjuges, filhos, perda do prestígio social e do nível socioeconômico e, finalmente, da própria independência física. Entretanto, estas perdas são superáveis e podem permitir uma vida psíquica normal. A depressão maior é, atualmente, a principal causa de incapacidade no mundo moderno e constitui-se em verdadeira “epidemia silenciosa”, cuja importância na morbimortalidade geral se aproxima aos observados nas doenças crônico- degenerativas. No idoso, a depressão maior está associada a vários sintomas somáticos, que dificultam o diagnóstico. Os distúrbios do comportamento do paciente interferem proporcionalmente na qualidade de vida do cuidador, e essa interferência pode ser por dificuldades no convívio social ou por comprometimento na saúde física e mental da família. (INOUYE, et al, 2010, apud LEITE, 2017). 19 5 DOENÇAS RESPIRATÓRIAS Fonte: interfisio.com.br Com o passar dos anos, o corpo humano vai perdendo sua jovialidade. A pele vai perdendo a viscosidade, os cabelos ficam esbranquiçados. E como os outros sistemas, o respiratório também fica debilitado. Os pulmões perdem a elasticidade, diminuindo a sua capacidade. Os cílios responsáveis pela filtragem do ar e limpeza das secreções, diminuem suas atividades, causando um acúmulo que favorecem a inflamações. A musculatura do tórax perde a capacidade de eliminar secreções pela tosse e de respirar profundamente. Essas mudanças ocorrem mais rápido com aquelas pessoas que foram fumantes durante toda a sua vida ou que viveram em ambientes em que o ar era poluído. Todas essas características, consequentes do envelhecimento, favorecem e facilitam a instalação de doenças no organismo. Entre as causas de doença e óbito em idosos, a doença pulmonar obstrutiva crônica se destaca devido à sua alta prevalência e caráter progressivo. Compreende duas entidades: a bronquite crônica e o enfisema pulmonar, sendo o tabagismo sua principal causa. A doença pulmonar obstrutiva crônica é ainda pouco diagnosticada no Brasil e os dados epidemiológicos acerca da doença são escassos. 20 As doenças respiratórias, particularmente as infecções, têm-se revelado importante causa de morbimortalidade na população idosa, em diferentes regiões do mundo. (CDC, 2000, apud FRANCISCO, 2005). 5.1 Dispneia A faltar de ar ocorre em pessoas idosas, que estão de repouso ou que fizeram um esforço leve, como subir escadas. Ela é considerada um sintoma preocupante que abrange diversas doenças como insuficiência cardíaca, embolia pulmonar e pneumonias graves. 5.2 Pneumonia Pneumonias são infecções que se instalam nos pulmões, Podem acometer a região dos alvéolos pulmonares onde desembocam as ramificações terminais dos brônquios e, às vezes, os interstícios. É uma das principais causas de internação hospitalar, em todo o mundo, sendo que no Brasil ela representa a quarta causa de hospitalização em idosos. Embora seja uma doença muito associada à velhice, é essencial destacar que qualquer pessoa, em qualquer idade, está sujeita a contrair uma pneumonia, daí a importância de reconhecer os sintomas: Febre alta; Tosse; Dor no tórax; Alterações da pressão arterial; Confusão mental; Mal-estar generalizado; Dispneia; Secreção de muco purulento de cor amarelada ou esverdeada; Toxemia (excesso de toxinas no sangue); Prostração. Fatores de riscos: Fumo: provoca reação inflamatória que facilita a penetração de agentes infecciosos; Álcool: interfere no sistema imunológico e na capacidade de defesa do aparelho respiratório; Ar-condicionado: deixa o ar muito seco, facilitando a infecção por vírus e bactérias; Gripes malcuidadas; Mudanças bruscas de temperatura. Tratamento: O tratamento de pneumonia requer o uso de antibióticos e a melhora costuma ocorrer em três ou quatro dias. A internação hospitalar pode fazer- se necessária quando a pessoa é idosa, tem febre alta ou apresenta alterações clínicas decorrentes da própria pneumonia, tais como: comprometimento da função http://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/pulmao/ https://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/alveolo-pulmonar/ https://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/bronquios/ https://drauziovarella.uol.com.br/pneumologia/pneumonia-nao-atinge-so-idosos/ https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/febre/ https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/tosse/ 21 dos rins e da pressão arterial, dificuldade respiratória caracterizada pela baixa oxigenação do sangue porque o alvéolo está cheio de secreção e não funciona para a troca de gases. Prevenção: A prevenção da pneumonia no idoso é um tema de extrema importância em saúde pública. Isso devido à gravidade dessa infecção, nesses pacientes, e à alta mortalidade associada. As principais medidas que auxiliam a reduzir a ocorrência de pneumonia são: Vacina contra a gripe: indicada para todos os idosos, anualmente; Vacina contra o pneumococo: Bactéria que mais frequentemente causa pneumonia em idosos. A vacina apresenta excelente eficácia e deve ser tomada em uma dose, sendo que alguns pesquisadores recomendam um reforço depois de cinco anos. A vacinação contra a gripe e pneumonia em populações vulneráveis é prevista no calendário vacinal. Entre seus grupos-alvo está a população portadora de diabetes mellitus, doença com alta carga global e elevada prevalência, um dos desafios da agenda da Saúde Pública. (BRASIL, 2003, apud MONTEIRO, 2018). 5.3 Enfisema O enfisema é uma irritação respiratória crônica, de lenta evolução, quase sempre causada pelo fumo, embora outros agentes (poeira, poluentes, vapores químicos) também possam provocá-lo. No enfisema, os alvéolos transformam-se em grandes sacos cheios de ar que dificultam o contato do ar com o sangue, uma vez que foi destruído o tecido por onde passavam os vasos. Alguns fatores hereditários também podem contribuir para o aparecimento do enfisema. Enfisema Pulmonar é uma doença que ocorre após muitos anos de agressão aos tecidos do pulmão, tendo como principais fatores de risco: fumaça do cigarro, poeiras ocupacionais, irritantes químicos, poluição ambiental, baixa condição socioeconômica e infecções respiratórias graves durante a infância. Esta destruição ocorre nos alvéolos, onde é feita a troca gasosa do oxigênio pelo dióxido de carbono. Como consequência, a pessoa passa a ter dispneia ao esforço (TRAVIS et al, 2012, apud LALLA, 2016). Respiração ofegante com chiado, tosse, sensação de sufoco são sintomas do enfisema, mas o pior deles é a falta de ar que se agrava à medida que a doença se 22 agrava. Os pulmões se tornam menos eficientes e o peito adquire uma forma cilíndrica característica da doença. No enfisema, os alvéolos ficam comprometidos e perdem a capacidade de fornecer oxigênio ao sangue e dele retirar o dióxido de carbono. Alvéolos saudáveis são minúsculos, numerosos, esponjosos e elásticos. No enfisema, são maiores, menos numerosos e comparativamente mais rígidos. Nos estágios avançados dadoença, a pessoa fica impossibilitada de executar até mesmo atividades físicas insignificantes e pode necessitar de oxigênio suplementar. Nesses casos, o enfisema pode ser fatal. 5.4 Bronquite crônica A bronquite aguda é causada geralmente por vírus, embora, em alguns casos, possa ser resultado de uma infecção bacteriana. As crises também podem ser desencadeadas pelo contato com poluentes ambientais e químicos (poeira, inseticidas, tintas, ácaros entre outros). A bronquite crônica aumenta o risco de outras infecções respiratórias, particularmente o da pneumonia. A doença pode instalar-se como extensão da bronquite aguda, mas a principal causa da doença é a fumaça do cigarro. Tanto na forma aguda quanto na crônica, a tosse é o principal sintoma da bronquite. Na bronquite aguda, ela pode ser seca ou produtiva. Na crônica, é sempre produtiva e a expectoração clara no início, podendo tornar-se amarelada e espessa com a evolução da enfermidade. Outros sintomas incluem: Falta de ar; Chiado ao respirar; Febre e calafrios(menos frequentes). A bronquite aguda é uma doença autolimitada, que dura no máximo dez a quinze dias. Não existe tratamento específico para combater os episódios provocados por vírus. Boa hidratação, uso de vaporizadores, analgésicos, descongestionantes e evitar a exposição aos fatores de risco, são recursos úteis para aliviar os sintomas e prevenir as crises. A medida mais importante no tratamento da bronquite crônica é parar de fumar. Também é importante não permanecer em ambientes em que haja pessoas fumando. https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/pneumonia/ https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/febre/ 23 Medicamentos broncodilatadores, antibióticos, mucolíticos e anti-inflamatórios só devem ser utilizados sob orientação médica depois de uma avaliação criteriosa. Portadores da bronquite crônica devem ser vacinados contra a gripe e contra a pneumonia. A prevalência de algumas dessas doenças eleva-se a partir dos 60 anos, destacando-se: as doenças osteoarticulares, a hipertensão arterial sistêmica (HAS), as doenças cardiovasculares, o diabetes mellitus, as doenças respiratórias crônicas, a doença cerebrovascular e o câncer. (GRUNDY, 2003, apud CAMPOLINA, 2013). 6 DOENÇAS DO TRATO URINÁRIO Fonte: sobrice.com.br 6.1 Nefrite ou inflamação dos rins A inflamação dos rins pode ser aguda ou crônica. Um sintoma comum é o escurecimento da urina. Nos casos crônicos, pode haver, também, pressão alta, inchaço nas pernas, perda de apetite e presença de sangue na urina. Em pessoas com tendência ao problema, a nefrite aguda pode surgir após uma reação alérgica a medicamentos ou uma infecção de garganta ou de pele, por exemplo. Quando não é tratada corretamente, pode causar lesões permanentes nos rins. 24 Outras condições comuns na população idosa, como hipertensão e diabetes, são fatores de risco. O tratamento é feito com antibióticos e diuréticos, além de uma dieta com menos proteínas, sal e potássio. As doenças do sistema urinário podem comprometer a vida afetiva e social de pessoas idosas. Os processos infecciosos, particularizando as infecções do trato urinário (ITU), têm incidência progressiva porque os idosos apresentam mais fatores de risco. (MATSUMOTO, 2001, apud SBU, 2004). 6.2 Infecção urinária As alterações que ocorrem no corpo da mulher após a menopausa podem causar o aumento da frequência de infecções urinárias. No caso dos homens idosos, as infecções ficam mais comuns devido a outras doenças do sistema urinário e problemas neurológicos. Os principais sintomas são dor ao urinar, febre, vontade frequente e intensa de ir ao banheiro e presença de sangue na urina, nem sempre visível a olho nu. O tratamento é realizado com antibióticos e ingestão de líquidos. Em pacientes idosos, algumas infecções podem causar sinais de confusão mental, sem febre ou dor. A família e os cuidadores devem ficar atentos e procurar ajuda médica para que o problema não seja confundido com doenças neurológicas permanentes, como o Alzheimer e o Mal de Parkinson. As infecções urinárias em idosos representam 10% das infecções nos homens e 20% nas mulheres; já em idosos residentes em instituições de longa permanência, os valores são duas vezes maiores que os idosos residentes em domicílios. Isso deve-se às condições físicas como maior grau de dependência e dificuldade de locomoção, ao estado imunológico e psicossocial, representando um aumento de 40% das infecções nos homens e 50% nas mulheres, sendo que nas mulheres os índices de recorrência deste tipo de infecção são de aproximadamente 15%. (CORRÊA, 2010, apud ZUANAZZI, 2017). 6.3 Incontinência urinária A incontinência urinária pode ser definida de várias formas. Entretanto, para que possamos comparar resultados de diversos trabalhos científicos e realizar 25 estudos populacionais confiáveis, é necessário uniformizar conceitos e definições. A Sociedade Internacional de Incontinência define incontinência urinária como a condição na qual a perda involuntária de urina é um problema social ou higiênico e é objetivamente demonstrada. A incontinência urinária é muitas vezes erroneamente interpretada como parte natural do envelhecimento. Alterações que comprometem o convívio social como vergonha, depressão e isolamento, frequentemente fazem parte do quadro clínico, causando grande transtorno aos pacientes e familiares. Um fenômeno que acompanha o envelhecimento populacional é a feminização da velhice, isto é, a maior proporção de mulheres que de homens na população idosa, especialmente em idades mais avançadas. Em 2012, para cada cem mulheres com 60 anos ou mais em todo o mundo, existiam apenas 84 homens, e para cada cem mulheres com 80 anos ou mais, só existiam 61 homens. (NAÇÕES UNIDAS, 2015, apud SOUSA, 2018). Tipos de incontinência: De esforço: perda involuntária de urina ao tossir, espirrar, caminhar, correr e pular; De urgência: vontade súbita e frequente de urinar (de 8 a mais vezes em 24 horas). É comum em casos de bexiga hiperativa, sendo que, muitas vezes, a pessoa não chega ao banheiro em tempo; Mista: quando há sinais dos dois tipos anteriores e são necessários exames específicos; Paradoxal: perda da sensibilidade da bexiga, de modo que a pessoa não percebe que ela está cheia. As causas mais comuns da incontinência são infecções, alterações psicológicas ou hormonais, inflamação da bexiga, crescimento da próstata, no caso dos homens, doenças neurológicas, recuperação de cirurgias e uso de alguns medicamentos. Essa doença pode ser controlada e tratada com fisioterapia e cirurgia. O primeiro passo é vencer a vergonha e conversar sobre ela. Existem várias maneiras de fazer prevenção da incontinência urinária recorrente, entre as quais se incluem a profilaxia com baixas doses de agentes antimicrobianos por longo tempo, estrógeno tópico intravaginal, hidratação, micções frequentes e vacinas antiadesivas. (SBU, 2004, apud NABER, 2001). 26 Tratamento proposto: Como norma geral, pacientes idosos com bacteriúria assintomática não devem ser tratados com antibióticos, pois existe o risco desnecessário de seleção de bactérias mais resistentes, da interação e reação alérgica às drogas, além dos custos do tratamento. Aumento de hidratação e deambulação é recomendável. 7 DOENÇAS DO TRATOGASTROINTESTINAL Fonte: bancodasaude.com O processo de envelhecimento humano provoca mudanças significativas no organismo. No sistema digestivo, a começar pela cavidade bucal, ocorre compressão da gengiva, diminuição das papilas gustativas, redução da salivação e diminuição da ação das enzimas, menor quantidade de ácido clorídrico no estômago. Como o sistema digestivo tem uma grande quantidade de reserva em si, o envelhecimento tem um efeito relativamente pequeno sobre sua funçãoem comparação com seus efeitos sobre outros sistemas de órgãos. No entanto, o envelhecimento é um fator em vários distúrbios do sistema digestivo. Em particular, os idosos são mais propensos a desenvolver diverticulose (presença de uma ou mais bolsas com formato de balão, denominado divertículos) e a apresentar distúrbios do https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/doen%C3%A7a-diverticular/diverticulose-do-intestino-grosso 27 trato digestivo (por exemplo, constipação, Intestino grosso e reto) como efeito colateral de tomar determinados medicamentos. Esôfago: A força das contrações esofágicas e a tensão no esfíncter superior do esôfago diminuem (presbiesôfago). No entanto, alguns idosos podem ser afetados por doenças que interferem nas contrações esofágicas. Estômago: Com a idade, a capacidade do revestimento do estômago de resistir a lesões diminui, o que, por sua vez, pode aumentar o risco de úlcera péptica, especialmente em pessoas que usam aspirina e outros medicamentos anti- inflamatórios não esteroides (AINEs). Além disso, conforme o avanço da idade, o estômago não consegue acomodar a mesma quantidade de alimentos (devido à redução da elasticidade) e a velocidade na qual o estômago se esvazia e transporta os alimentos para o intestino delgado diminui. Ocorre também diminuição dos períodos de quiescência e incremento dos períodos de contração de fome. Com o retardo do esvaziamento pela gastrite atrófica, surgem lesões difusas, as glândulas gástricas rareiam, perdem as células parietais, reduzindo a reabsorção de Fe2+ e vitamina B12 levando a anemia perniciosa. Em associação com a produção diminuída de ácido, aumenta a incidência de úlceras nos usuários crônicos de antiinflamatórios não hormonais. Existe uma relação fundamental entre o intestino e a saúde, por meio do conceito de permeabilidade intestinal. A alimentação adequada dá suporte à integridade intestinal, quando a integridade da parede fica comprometida, a permeabilidade do intestino pode estar distorcida e a habilidade deste de agir como uma barreira contra antígenos e patógenos é desgastada. Dois fatores principais que influenciam esta integridade são as populações bacterianas no intestino e a saúde da mucosa intestinal, sendo ambos influenciados pela nutrição. (ALMEIDA, 2010, apud CORDEIRO, 2015). Pâncreas, fígado: Com a idade, há uma redução no peso global do pâncreas e parte do tecido é substituída por tecido cicatricial (fibrose). No entanto, essas alterações não diminuem a capacidade de o pâncreas produzir enzimas digestivas e bicarbonato de sódio. O fígado se reduz de tamanho a partir dos 60 anos, mas as dosagens de bilirrubina, fosfatase alcalina, transaminases não se alteram com a idade. https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/sintomas-de-dist%C3%BArbios-digestivos/constipa%C3%A7%C3%A3o-em-adultos https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/biologia-do-sistema-digestivo/efeitos-do-envelhecimento-sobre-o-sistema-digestivo#v752160_pt https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/biologia-do-sistema-digestivo/garganta-e-es%C3%B4fago https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/gastrite-e-%C3%BAlcera-p%C3%A9ptica/%C3%BAlcera-p%C3%A9ptica https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/biologia-do-sistema-digestivo/est%C3%B4mago https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/biologia-do-sistema-digestivo/p%C3%A2ncreas https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/biologia-do-sistema-digestivo/f%C3%ADgado 28 Intestino delgado: Durante a vida, o intestino está em constante alteração, fazendo com que as células epiteliais sejam sempre repostas. A absorção e a secreção são quase constantes e as atividades mioelétricas e motoras são contínuas. Intestino grosso e reto: A permeabilidade do intestino fica distorcida e a habilidade deste de agir como uma barreira contra antígenos e patógenos é deficiente. Dois fatores principais que influenciam esta integridade são as populações bacterianas no intestino e a saúde da mucosa intestinal, sendo ambos influenciados pela nutrição. A constipação intestinal fica mais frequente, sendo causada por diversos fatores: Um discreto retardo no movimento do conteúdo pelo intestino grosso; uma modesta redução nas contrações do reto cheio de fezes; Uso mais frequente de medicamentos que causam constipação intestinal; frequentemente, menos exercício ou atividade física. Implantado em 1973, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) tem atingido altas coberturas vacinais no Brasil, de grande importância no controle de doenças transmissíveis preveníveis por imunobiológicos. (PAIM, et al,2011, apud MONTEIRO, 2018). 8 PATOLOGIAS ORTOPÉDICAS Fonte: melhorsaudeagora.com 29 Com o passar do tempo e a progressão da idade é natural que haja um desgaste do corpo, levando ao surgimento de doenças, dores que não existiam até então e uma mudança no estilo de vida, necessária para que se tenha uma melhor adaptação ao período da terceira idade. Os ossos normalmente são atingidos durante essa fase, tendo em vista que se tornam mais frágeis com o passar do tempo e também são afetados pelos hábitos de vida das pessoas. Uma vida sem exercícios físicos e de má alimentação pode cobrar um preço alto em uma idade mais avançada. 8.1 Lombalgia O quadro álgico na região da coluna do idoso, geralmente está relacionada a região lombar. Este quadro é definido como uma dor, tensão ou rigidez localizada na região compreendida entre as últimas costelas e a linha glútea. A Dor Lombar (DL) é um dos sintomas mais frequentemente relatados pelos idosos, entretanto, mesmo sendo identificada como um importante problema de saúde, sua prevalência é pouco conhecida na população idosa. (SILVA, 2004, apud FIGUEIREDO, 2013). 8.2 Osteoporose É caracterizada pela perda da densidade óssea. Esse fenômeno causa uma maior fragilidade nos ossos, o que contribui para fraturas. Dentre os diferentes fatores que podem levar ao surgimento da doença estão: a deficiência de estrogênio, o envelhecimento, diabetes, tabagismo, falta de atividade física, déficit de vitamina D e cálcio e a menopausa, devido à redução de estrogênio. Osteoporose pode não causar sintomas até que ocorra uma fratura óssea. As fraturas podem ocorrer com pouca ou nenhuma força, ou seja, pode ocorrer após uma pequena queda. Embora as fraturas sejam normalmente dolorosas, algumas fraturas vertebrais não causam dor, mas ainda podem causar deformidades. Para que os ossos possam se ajustar às novas exigências, eles são degradados e remodelados, continuamente. Neste processo, pequenas áreas do 30 tecido ósseo são removidas continuamente e um novo tecido ósseo é depositado. A remodelação afeta a forma e a densidade dos ossos. Visto que mais osso é formado do que degradado na idade adulta, os ossos aumentam em densidade progressivamente até cerca de 30 anos, quando são mais fortes. Depois desse período, os ossos diminuem lentamente em densidade. Se o corpo for incapaz de manter uma quantidade adequada de formação óssea, os ossos continuam perdendo densidade e podem se tornar cada vez mais frágeis, o que resulta em osteoporose. Existem dois tipos principais de osteoporose: Osteoporose primária e a secundária. A osteoporose primária ocorre espontaneamente e a osteoporose secundária é causada por outras doenças ou medicamentos. Com o avançar da idade implica o indivíduo a necessitar de ajuda de outra pessoa para desenvolver as atividades de vida diária. Essa incapacidade pode levar a uma síndrome da imobilização, onde o indivíduo torna-se restrito a uma poltrona ou, nos casos extremos, imobilizado no leito, nas unidades de longa permanência tal fato é comumente encontrado. (GUIMARÃES, 2004, apud VENÂNCIO,2010). A prevenção da osteoporose envolve o controle dos fatores de risco, como por exemplo, parar de fumar, realizar a ingestão diária de vitamina D e cálcio; prevenir quedas. 8.3 Osteoartrose Outra doença comum em idosos é a osteoartrose, também conhecida apenas como artrose. Esse tipo de artrite ocorre quando há desgaste nas extremidades ósseas, levando ao surgimento de osteófitos (conhecidos popularmente, como bico de papagaio). A patologia vem acompanhada por dores nas articulações atingidas, normalmente a região lombar, do joelho, das mãos, pescoço e quadris. O quadro álgico aparece no momento em que a pessoa afetada deseja realizar algum movimento mecânico que se utilize das articulações atingidas e desaparece em repouso. 31 A Obesidade, sobrecarga nas articulações e defeitos proprioceptivos, são fatores que podem ser evitados como forma de prevenção dessa doença. O tratamento tem por objetivo o controle da dor, melhora funcional da articulação atingida, dentre outros. Mudança de hábitos de vida, medicações orais, locais, infiltrações e até mesmo procedimento cirúrgico são medidas uteis para o tratamento. 9 QUEDAS Fonte: patch.com “O risco de cair aumenta significativamente com o avançar da idade. O envelhecimento traz várias alterações anatômicas e fisiológicas, tornando o idoso mais frágil e mais propenso a sofrer quedas. ” (MORELAND et al., 2004, apud GONÇALVES et al., 2008). Segundo a Associação Médica Brasileira (2000), queda é o deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial com incapacidade de correção em tempo hábil, determinado por circunstâncias multifatoriais, comprometendo a estabilidade (diretriz de quedas). 32 9.1 Epidemiologia A queda é um evento súbito e por isso, como indicador epidemiológico, é estimada em taxa de incidência (número de casos novos por ano). Quadro – Percentual de incidência de quedas dos idosos por faixa de idade. Idade Incidência de quedas Mais de 65 anos e menos de 70 anos 28 % a 35% Mais de 70 anos e menos de 75 anos 35 % Mais de 75 anos 32 % a 42% Fonte: downon (1998). É estimado para 2020 que, no Brasil 29,8% das pessoas contarão com mais de 60 anos, sendo 40,7 milhões com 80 e mais anos de idade. Este aumento da expectativa de vida traz consigo preocupações, pois as pessoas estão vivendo mais, porém, não necessariamente com qualidade de vida, e nesta fase de envelhecimento, na qual emergem diferentes tipos de demência, com destaque para a Doença de Alzheimer que atualmente, afeta cerca de 35,6 milhões de idosos, com a expectativa de aumentar para 65,4 milhões em 2030 e para 115,5 milhões em 2050. (MARINS, et al 2016, apud LEITE, 2017). A incidência de lesões é maior em pacientes institucionalizados. Tem sido reportada uma gravidade maior das lesões em indivíduos que sofreram queda longe de suas casas, provavelmente por serem mais ativos e estarem mais sujeitos a lesões mais violentas. A queda é considerada um preditor de maior mortalidade em idosos. As quedas podem provocar sintomas de ansiedade e depressão. A perda de confiança na capacidade de deambular com segurança pode resultar em piora do declínio funcional, depressão, sentimento de inutilidade e isolamento social. Após a queda, o idoso pode restringir sua atividade por precaução, dor ou incapacidade funcional. A fratura de fêmur é o exemplo mais importante desse declínio funcional que é encontrado também em outras fraturas, gerando um grande impacto negativo na independência. 33 A reabilitação pós-queda pode ser demorada (pode haver acamamento prolongado), levando a complicações maiores ainda, como tromboembolismo venoso, úlceras por pressão e incontinência urinária. 9.2 Fatores relacionados a quedas Vários estudos apontam para um aumento do risco de quedas com o aumento da idade e relacionado também a mulheres. A maioria dos fatores é interdependente e a combinação destes é mais importante do que cada um analisado separadamente. Por exemplo: idade e função cognitiva, confusão mental e dependência, doença neurológica e distúrbio de marcha. Há relação também com algum grau de comprometimento nas atividades de vida diária, (AVD) presença de várias doenças clínicas e viver só ou passar a maior parte do tempo sozinho. Sintomas psicológicos, como depressão e ansiedade, também são fatores de risco. A maioria das quedas ocorre durante o dia e somente 20% à noite. É mais comum dentro de casa nos cômodos mais utilizados (quarto e banheiro). A sarcopenia, perda de massa muscular esquelética e de força associada ao envelhecimento, acarreta morbidade e mortalidade significativas. A força muscular não depende apenas da massa e, portanto, a avaliação de ambas é mandatória na avaliação do idoso. A partir dos 75 anos, o grau de sarcopenia é um dos indicadores da chance de sobrevivência do indivíduo. (LARSSON, 2000, apud JANH, 2010). Podemos classificar os fatores contribuintes para as quedas como: Intrínsecos e extrínsecos. Os fatores intrínsecos são aqueles relacionados ao indivíduo, levando à instabilidade postural. São responsáveis por cerca de 70% dos incidentes de queda. E os fatores extrínsecos são aqueles relacionados ao ambiente que cerca o indivíduo. São responsáveis por 30% dos incidentes de queda. 9.3 Fatores intrínsecos - Alterações ligadas ao envelhecimento Uma das mais importantes mudanças da idade é a diminuição da velocidade de integração central dos mecanismos envolvidos no reflexo postural. Ou seja, a resposta neurológica e, consequentemente, motora aos estímulos estão lentificados. 34 Alterações que predispõem o indivíduo idoso a quedas: diminuição da visão e da audição, distúrbios vestibulares, distúrbios da propriocepção, aumento do tempo de reação, hipotensão postural, degeneração articular, diminuição da massa muscular, sedentarismo, deformidades dos pés, perda da massa muscular (diminuição do tamanho e da quantidade de fibras musculares), aumento de colágeno muscular (fibrose muscular) e perda das fibras nervosas de condução rápida. A marcha do paciente idoso é caracterizada por: Base alargada; Diminuição do balanço dos braços; Postura encurvada; Flexão de quadril e joelhos; Dificuldade para retornar; Passos curtos e lentidão. A senilidade está relacionada a condições que acometem o indivíduo no decorrer da vida baseada em mecanismos fisiopatológicos, ou seja, doenças que afetam a qualidade de vida das pessoas, como por exemplo, a osteoartrose, depressão e diabetes. Entretanto, essas condições nem sempre estão presentes, apesar de serem comumente frequentes (ITSUKO CIOSAK et al., 2011, apud NETO, 2018). 9.4 Doenças específicas Há uma forte relação entre distúrbio de equilíbrio e marcha e quedas. Por isso, doenças neurológicas (como hematoma subdural, demência, doença de Parkinson, acidente vascular encefálico (AVE), delirium, neuropatia periférica, epilepsia, traumatismo Cranioencefálico (TCE), tumores do sistema nervoso central (SNC) e labirintopatia), podem afetar o equilíbrio e a marcha e serem fatores de predisposição a quedas. Algumas doenças clínicas também podem ocasionar quedas, dentre elas: doença coronariana (DAC), insuficiência cardíaca (IC), síncope de origem cardiogênica, hipertensão arterial (HAS), arritmia, insuficiência vertebrobasilar, hipotensão ortostática, desidratação, insuficiência renal (por deficiência de vitamina D), síndrome vaso-vagal, sangramento oculto, hipoglicemia e hiperglicemia, hipotireoidismo e hipertireodismo, distúrbios hidroeletrolíticos, infecções, depressão, anemia, hipotermia, alcoolismo, incontinência urinária, doença pulmonar e embolia pulmonar. 35 9.5 Fatores extrínsecos - Riscos ambientais Cerca de 70% das quedas acontecem em casa, principalmente no quarto, na cozinha, e no banheiro. O simplesfato de abrir uma porta já é fator de risco para queda, pois neste momento ocorre uma mudança de ambiente para o idoso o que leva a uma dificuldade de visão de profundidade, acarretando em uma queda. O idoso também pode se colocar em risco de cair ao subir em bancos e usar calçados inadequados. Ao contrário do que muitos pensam, os idosos necessitam de cuidados especiais e atenção diferenciada no manejo médico. Por isso, vale ressaltar a necessidade de geriatras e gerontólogos que sabidamente orientam e tratam esse público da melhor forma possível (ALVARENGA et al., 2015, apud NETO, 2018). 9.6 Riscos nas áreas comuns da casa Iluminação inadequada; Tapetes soltos ou com dobras; Degraus altos ou estreitos; Ausência de corrimão; Obstáculo no caminho; Piso irregular; Fios soltos no chão; Acúmulo de mobília. Riscos nos aposentos; Camas e cadeiras com altura inadequada; Telefones pouco acessíveis; Prateleiras excessivamente altas ou baixas. Riscos no banheiro: Piso escorregadio; Falta de barras de apoio Vaso sanitário baixo. Dadas as diferenças entre homens e mulheres em seus papéis, experiências e oportunidades durante o curso de vida, entende-se que uma abordagem de gênero é essencial para a efetivação da proposta política de envelhecimento ativo, reconhecida atualmente como uma das principais estratégias para responder à revolução do envelhecimento populacional. (WORLD, 2002, apud SOUSA, 2018). 36 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, L. B.; MARINHO, C.B.; SOUZA, C. S.; CHEIB, V. B. P. Disbiose Intestinal. Rev. Bras. Nutr. Clin., 2010. ALVARENGA, J.M et al, Uso de benzodiazepínicos em idosos: o alívio de "jogar água no fogo", sem pensar e dormir. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 18, n. 2, p. 249-258, 2015. ASSOCIACAO MEDICA BRASILEIRA. Definição. Quedas em idosos. Brasília: Conselho Federal de Medicina, 2000. p. 3. BRASIL, Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de Imunizações - 30 anos. Brasília 2003. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. 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