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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO CIVIL
Contratos em Espécie – Parte I
Livro Eletrônico
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Contratos em Espécie – Parte I
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
Sumário
Apresentação ................................................................................................................................... 3
Contratos em Espécie – Parte I .................................................................................................... 6
1. Considerações Gerais sobre Contratos em Espécie ............................................................ 6
2. Compra e Venda .......................................................................................................................... 6
2.1. Definição .................................................................................................................................... 6
2.2. Legislação e Caso de Venda de Imóveis ............................................................................. 7
2.3. Elementos do Contrato de Compra e Venda ...................................................................... 7
2.4. Venda para Descendente ...................................................................................................... 11
2.5. Diferença de Área na Aquisição de Imóveis ......................................................................12
2.6. Cláusulas Especiais da Compra e Venda ...........................................................................15
3. Permuta ......................................................................................................................................20
4. Contrato Estimatório ...............................................................................................................20
4.1. Definição ..................................................................................................................................20
4.2. Há Transferência da Propriedade ao Consignatário? .....................................................21
4.3. Impenhorabilidade do Bem por Dívida do Consignatário ............................................. 22
4.4. Transferência dos Riscos da Coisa para o Consignatário (Res Perit Emptoris) ...... 22
4.5. Prazo do Contrato Estimatório ........................................................................................... 22
4.6. Formas de Restituição da Coisa pelo Consignatário ..................................................... 22
5. Doação ......................................................................................................................................... 23
5.1. Definição .................................................................................................................................. 23
5.2. Quem Pode ser Doador? .......................................................................................................24
5.3. Quem Pode ser Donatário? ..................................................................................................24
5.4. Aceitação do Donatário ........................................................................................................24
5.5. Objeto da Doação ................................................................................................................... 25
5.6. Forma e a Doação Manual ................................................................................................... 25
5.7. Espécies de Doação ............................................................................................................... 25
5.8. Doação e a Proteção da Legítima ........................................................................................31
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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Contratos em Espécie – Parte I
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
5.9. Revogação da Doação ........................................................................................................... 35
Questões de Concurso .................................................................................................................38
Gabarito ............................................................................................................................................51
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Contratos em Espécie – Parte I
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
ApresentAção
Olá, queridos amigos e queridas amigas!! 
Vamos tratar de Contratos Em Espécie.
Nosso foco é concurso público. Por isso, não irei detalhar demais o assunto, mas irei direto 
naquilo que mais é cobrado.
Explico.
Não é costume dos concursos públicos aprofundarem demais em contratos em espécie. 
As provas geralmente se concentram em alguns temas principais, de modo que, para você 
não desperdiçar tempo, nossas aulas escritas aqui irão ser bem diretas naquilo que realmen-
te importa.
Serei mais sucinto em alguns contratos que não costumam ser muito cobrados e aprofun-
darei mais naqueles contratos que são mais frequentes nos concursos.
Vamos em frente!
Resumo
Amigos e amigas, quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os 
exercícios. É fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu apro-
fundar o conteúdo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade com 
as questões. De nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não tiver familia-
ridade com a bola.
Seja como for, o ideal é você ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir 
às questões.
O resumo desta aula é este:
• Contrato típicos são os disciplinados em lei, e atípicos os que não são;
• A entrega de uma coisa pode, a depender da vontade das partes, decorrer de diferentes 
contratos, conforme essa entrega tenha se destinado: (a) para transferir propriedade: 
compra e venda, doação, permuta e comissão; (2) para revenda: estimatório ou distri-
buição; (3) para consumo: mútuo; (4) para uso: comodato ou locação; (5) para guar-
da: depósito; (6) para administração: mandato; (7) para transporte: transporte; (8) para 
receber rendas: constituição de renda. Alerte-se que alguns desses contratos não ne-
cessariamente envolvem a entrega de uma coisa, como o mandato e a constituição de 
renda (quando gratuita);
• A realização de um serviço pode caracterizar vários contratos, a depender de a finali-
dade ter sido: (a) para um serviço em geral: prestação de serviço; (b) para uma obra 
encomendada: empreitada; (c) para a realização de negócios em certa zona: agência ou 
representação comercial; (d) para aproximação de partes: corretagem;
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Contratos em Espécie – Parte I
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
• Mesmo sem envolver entrega de coisa ou um serviço, o contrato pode variar conforme 
os objetivos das partes sejam: (a) para enfrentar um risco: seguro; (b) para garantia: 
fiança; (c) para usar a sorte: jogo ou aposta; (d) para pacificar um litígio: transação; (e) 
para eleger árbitro: compromisso;
• O contrato de compra e vendapode envolver coisa futura. Todavia, se a coisa não vier 
a existir, o contrato perde o seu efeito (condição resolutiva), salvo se o contrato era 
aleatório;
• O preço é requisito essencial do contrato de compra e venda. No direito romano, esse 
contrato, sem a definição do preço, seria nulo, como dizia Ulpiano (“Sine pretio nulla ven-
ditio”). O art. 488 do CC flexibiliza essa regra e fixa que, se houver o preço pactuado no 
contrato nem critérios para a sua fixação, aplicar-se-á o preço do tabelamento oficial1 
ou, se este inexistir, vigorará o preço habitualmente praticados pelo vendedor. Se, porém, 
o vendedor não tiver preços habituais – como no caso de alguém que vende o seu tele-
fone pessoal de modo não profissional –, não se aplicará o art. 488 do CC, de maneira 
que esse contrato será nulo. O art. 488 do CC só incide se houver preços habituais do 
vendedor (enunciado n. 441/JDC);
• A venda de ascendente a descendente é anulável se não houver o consentimento dos 
demais descendentes ou do cônjuge (art. 496, CC). É necessário, porém, provar o preju-
ízo para essa anulação;
• Na venda ad mensuram, a diferença de área é relevante nos termos do art. 500 do CC;
• Por força da proximidade da permuta com o compra e venda, o art. 533 do Código Civil 
disciplina o contrato de permuta, mandando aplicar as regras de compra e venda com 
apenas duas adaptações inerentes à natureza da permuta;
• O contrato estimatório (ou contrato de venda em consignação) é de natureza mercantil, 
está disciplinado nos arts. 534 e seguintes do CC e é suscetível de pactuação por qual-
quer particular;
• Doação é contrato e, por isso, depende da vontade de ambas as partes: o doador e o 
donatário;
• Incapaz sob tutela ou curatela não pode doar, nem mesmo com ordem judicial (arts. 
1.749 e 1.781, CC);
• Doação a absolutamente incapaz dispensa aceitação, se for pura (art. 543, CC);
• Nascituro pode ser donatário, desde que a doação seja aceita pelo seu representante 
legal (art. 542, CC);
• Doação pura: é a feita sem qualquer encargo ou restrição ao donatário;
1 Em regra, não há tabelamentos oficiais no Brasil. Já existiu essa prática nos idos da década de 90, o que causou perturba-
ções econômicas no Brasil. Admite-se, no entanto, que alguns produtos sejam tabelados no Brasil de modo excepcional, a 
exemplo dos medicamentos, que não podem ser vendido ao consumidor acima da lista de preço elaborada pela agência 
reguladora chamada Anvisa (por meio de sua Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos – CMED), conforme art. 
4º, § 1º, da Lei n. 10.742/2003. O tabelamento de preços no Brasil é exccepcional.
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Contratos em Espécie – Parte I
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
• Doação onerosa: é a que impõe ao donatário um encargo (= uma obrigação). Pode ser 
chamada também de doação modal, sob modo, gravada ou com encargo;
• Doação remuneratória: é a feita em retribuição de serviço prestado, sem que o seu paga-
mento seja exigível por conta da sua gratuidade, de eventual prescrição, de outro motivo;
• Doação em forma de subvenção periódica: é a feita em forma de pensão periódica ao 
donatário (art. 545, CC);
• Doação em contemplação de casamento futuro ou doação propter nuptias: é a feita sob 
condição suspensiva consistente na realização do casamento (art. 546, CC);
• Doação conjuntiva: é a feita a mais de uma pessoa (art. 551, CC). Presume-se dividida a 
coisa igualmente entre os donatários, salvo disposição diversa;
• Doação com cláusula de retorno ou reversão: é a feita sob condição resolutiva: se o do-
natário morrer enquanto doador estiver vivo, haverá a reversão do bem doado (art. 547, 
CC). É vedada a reversão em favor de terceiro;
• É nula a doação de todos os bens, sem reserva de bens ou renda suficiente para a sub-
sistência do doador (art. 548, CC);
• É anulável, pelo cônjuge ou outros herdeiros necessários, em até dois anos da dissolu-
ção da sociedade conjugal (art. 550, CC);
• Quem tem ascendente, cônjuge ou descendente (herdeiros necessários) só pode dispor, 
por testamento, de metade dos seus bens (parte disponível), pois a outra metade – que 
é chamada de “legítima” – pertence, de pleno direito, a esses herdeiros necessários 
(arts. 1.789 e 1.845, CC). É evidente que, se não houver restrições a doações a esses 
parentes próximos ou a terceiros, esse regime da legítima será burlado por meio de do-
ações. Isso justifica as regras de doação como antecipação de herança (art. 544, CC) e 
de doação inoficiosa (art. 549, CC);
• A doação pode ser revogada em um dos seguintes motivos: inexecução do encargo ou 
ingratidão.
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Contratos em Espécie – Parte I
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
CONTRATOS EM ESPÉCIE – PARTE I
1. ConsiderAções GerAis sobre ContrAtos em espéCie
Pessoal, vocês devem lembrar da distinção entre contratos típicos e atípicos.
Típicos são os contratos disciplinados em lei. Atípicos são os sem disciplina legal.
Daí decorre que os contratos disciplinados no Código Civil ou em leis especiais são típicos, 
por terem uma disciplina legal. Todavia, a autonomia da vontade autoriza a criação de infinitos 
outros contratos atípicos, respeitadas apenas as normas de ordem pública (art. 425, CC).
Uma das relevâncias da disciplina legal dos contratos típicos está na necessidade de excep-
cionar algumas normas de ordem pública, como a cláusula de retrovenda no contrato de com-
pra e venda (art. 505, CC), que excepciona a proibição de condição puramente potestativa (art. 
122, CC). Outra repousa na criação de normas dispositivas (que admitem pacto contrário) para 
preencher lacunas na manifestação de vontade dos indivíduos nos contratos mais frequentes 
no quotidiano, o que evita litigiosidade sobre a definição do conteúdo de cláusulas contratuais.
O jurista tem de estar atento à causa jurídica dos atos praticados pelas partes, pois um 
mesmo ato pode representar diferentes tipos de contratos e, portanto, gerar efeitos jurídicos 
totalmente diversos.
Por exemplo, a entrega de uma coisa pode, a depender da vontade das partes, decorrer de 
diferentes contratos, conforme essa entrega tenha se destinado: (a) para transferir proprieda-
de: compra e venda, doação, permuta e comissão; (2) para revenda: estimatório ou distribui-
ção; (3) para consumo: mútuo; (4) para uso: comodato ou locação; (5) para guarda: depósi-
to; (6) para administração: mandato; (7) para transporte: transporte; (8) para receber rendas: 
constituição de renda. Alerte-se que alguns desses contratos não necessariamente envolvem 
a entrega de uma coisa, como o mandato e a constituição de renda (quando gratuita).
Igualmente, a realização de um serviço pode caracterizar vários contratos, a depender de 
a finalidade ter sido: (a) para um serviço em geral: prestação de serviço; (b) para uma obra 
encomendada: empreitada; (c) para a realização de negócios em certa zona: agência ou repre-
sentação comercial; (d) para aproximação de partes: corretagem.
Outrossim, mesmo sem envolver entrega de coisa ou um serviço, o contrato pode variar 
conforme os objetivos das partes sejam: (a) para enfrentar um risco: seguro; (b) para garantia: 
fiança; (c) para usar a sorte: jogo ou aposta; (d) para pacificar um litígio: transação; (e) para 
eleger árbitro: compromisso.
2. ComprA e VendA
2.1. definição
O contrato decompra e venda é aquele que impõe ao vendedor a obrigação de transferir a 
propriedade de uma coisa ao comprador, que terá de pagar-lhe o preço (art. 481, CC). Fica claro 
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Contratos em Espécie – Parte I
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DIREITO CIVIL
que o contrato, em si, não transfere a propriedade, mas apenas cria uma obrigação de transferi-
-la. A transmissão da propriedade é, pois, fase de execução (de pagamento) do contrato. Essa 
transferência ocorrerá na forma das regras de transferência de direitos reais, de modo que, em 
regra, ela se aperfeiçoará com o registro na matrícula no Cartório de Imóveis, caso se trate de 
imóvel, ou com a tradição, caso se cuide de móveis (arts. 1.226, 1.227, 1.245 e 1.267, CC).
Esse contrato é bilateral (cria obrigação para ambas as partes), consensual (nasce com o 
acordo de vontades, e não com a transferência do bem) e oneroso (as partes buscam um pro-
veito econômico com o seu respectivo sacrifício patrimonial).
2.2. LeGisLAção e CAso de VendA de imóVeis
A disciplina do contrato de compra e venda está nos arts. 481 ao 532 do CC.
Todavia, quando envolver imóveis, será necessária escritura pública se o imóvel for de valor 
superior a 30 salários mínimos (art. 108, CC), salvo lei específica. Como exemplo de dispensa 
de escritura pública, citam-se os instrumentos particulares de alienação de imóvel com mútuo 
e garantia real envolvendo a Caixa Econômica Federal em Sistema Financeiro de Habitação – 
SFH (art. 61, § 5º, Lei n. 4.380/1966) ou as entidades do Sistema Financeiro Imobiliário – SFH 
(art. 38, Lei n. 9.514/97)2.
Além do mais, em venda de imóveis, aplicam-se os requisitos formais da Lei n. 7.433/1985 
e do Decreto n. 93.240/1986, além de ser necessário atentar para regras de registro de imóveis 
(arts. 167 e ss, LRP)3.
2.3. eLementos do ContrAto de ComprA e VendA
O contrato de compra e venda é composto por três elementos: o consentimento, a coisa 
e o preço.
2.3.1. Coisa Corpórea, Atual ou Futura e Determinável ou Determinada
Apesar da controvérsia doutrinária4, entendemos que o contrato de compra e venda envol-
ve apenas coisa corpórea. Se a coisa for incorpórea (ex.: direitos autorais, marca etc.), ter-se-á 
um contrato atípico de cessão de direito ou, se houver lei específico, um outro contrato típico, 
como o contrato de trespasse para a alienação do estabelecimento empresarial. Nada impede, 
porém, a aplicação analógica das regras do contrato típico de compra e venda.
2 A alienação fiduciária em garantia de imóveis sempre pode ser feita por instrumento particular, mesmo por quem não seja 
integrante do Sistema Financeiro Imobiliário, pois os arts. 22 e 38 da Lei n. 9.514/97 não fazem essa restrição. É o entendi-
mento que vigora nos cartórios de imóveis em geral (TJSP, CGJSP, Processo 83.376, Rel. Desembargador Geraldo Francisco 
Pinheiro Franco, DJ 08/06/2018).
3 Obra de referência no tema é do Bruno Mattos e Silva (2017)
4 Há forte corrente a sustentar que coisa incorpórea também pode ser objeto de compra e venda, mas será aplicada as regras 
de cessão de direitos. Parece-nos inapropriado enquadrar classificar esses contratos como o de compra e venda e, estra-
nhamente, atrair outras regras, diversas das previstas para a compra e venda.
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A coisa pode ainda não existir; pode ser futura. Todavia, se a coisa não vier a existir, o con-
trato perde o seu efeito (condição resolutiva), salvo se o contrato era aleatório. Ao comprar 
imóveis “na planta”5, está-se a fazer uma compra de coisa futura (o imóvel que ainda será 
construído) em cumulação com uma coisa atual (a fração ideal no solo). É possível igualmente 
vender um futuro apartamento que ainda não pertence ao vendedor (venda a non domino), mas 
a eficácia dessa venda dependerá da aquisição posterior do bem. Trata-se de questão relativa 
ao plano da eficácia do negócio jurídico.
Se, todavia, a compra é aleatória – como no caso da aquisição da safra que eventualmente 
venha a ser colhida – e o risco abrange a existência da coisa, o contrato será eficaz mesmo 
se a coisa não vier a existir. Se a aleatoriedade não dizia respeito à existência da coisa, a regra 
é diversa: o contrato ficará sem efeito se a coisa futura não vier a existir. Essa é a leitura do 
art. 483, CC.
A coisa deve ser determinável ou determinável, sob pena de nulidade (art. 104, II, CC). Daí 
decorre que, se a venda for de coisa incerta ou alternativa, será necessária a sua individualiza-
ção na fase da concentração (arts. 245 e 252, CC).
E, se a venda for baseada em amostra, protótipo ou modelo (ex.: compra de uma televisão 
pela internet após conferir apenas as fotos do produto), é dever do vendedor garantir a mesma 
qualidade exibida na amostra, ainda que o contrato descreva o produto diversamente. A ima-
gem da amostra, do protótipo ou do modelo prevalece sobre a descrição textual da coisa em 
qualquer documento ou no instrumento contratual (art. 484, CC). Trata-se de prestígio à boa-fé 
objetiva. Afinal de contas, o comprador se convence mais pela imagem do que pelo texto.
2.3.2. Riscos pelo Perecimento da Coisa
Veja a questão.
001. (CESPE/ANALISTA/PGE-PE/2019) Em contratos de compra e venda, até o momento da 
tradição, os riscos relacionados à coisa ficam por conta do vendedor, enquanto os riscos refe-
rentes ao preço competem ao comprador.
Vamos explicar mais.
Certo.
Quanto ao risco de perecimento da coisa, aplicam-se as regras de obrigação de dar coisa 
certa e coisa incerta (arts. 233 ao 246, CC).
5 “Na planta” é linguajar popular de “em regime de incorporação imobiliária”.
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Em se tratando de coisa certa, o art. 492 do CC espelha aquelas regras obrigacionais no 
contrato de compra e venda, fixando que o risco pelo perecimento da coisa é do vendedor até a 
data da tradição e o risco pelo perecimento do preço é do comprador até a data do pagamento. 
Trata-se de aplicação da máxima res perit domino, encontrada no art. 234 do CC.
A tradição pode ser ficta, conforme § 1º do art. 492 do CC. Presume-se a tradição se a 
coisa já foi posta à disposição do comprador e se essa coisa comumente se recebe contando, 
pesando, medindo ou assinalando. O risco fica a cargo do comprador nesse caso, pois ele já 
se tornou dono com essa tradição ficta. Ex.: João comprou 100 cabeças de gado, todas con-
tadas por ele. Os gados ficam na fazenda do vendedor por uns dias e, por caso fortuito (uma 
enchente, por exemplo), todos gados perecem. O prejuízo é de João, pois já se tornara dono 
com a tradição ficta do art. 492, § 1º, do CC.
Se o comprador estiver em mora no recebimento da coisa, a situação jurídica de mora 
atrairá os riscos da coisa para ele: se a coisa perecer sem culpa do vendedor, o prejuízo será 
do comprador em mora (art. 492, § 2º, CC).
Por fim, indaga-se: há ou não necessidade de prévia notificação dodevedor para a retoma-
da judicial do móvel no caso de implemento da condição resolutiva?
A propósito, resolva a questão.
002. (CESPE/ANALISTA/EMAP/2018) De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, na ação 
ajuizada pelo vendedor com o intuito de recuperar coisa vendida com cláusula de reserva de 
domínio, a apresentação de notificação extrajudicial enviada pelo cartório de títulos e docu-
mentos não é meio apto a comprovar a mora do devedor.
Vamos explicar a matéria.
Errado.
O art. 525 do CC exige notificação prévia para a execução da cláusula de reserva de domí-
nio. Embora esse dispositivo somente mencione o protesto de título ou a interpelação judicial 
para essa notificação, o STJ dá interpretação extensiva para admitir também notificação ex-
trajudicial via Cartório de Títulos e Documentos, pois aí será assegurada a fé pública na noti-
ficação à semelhança da fé pública no protesto do título e da interpelação judicial (STJ, REsp 
1629000/MG, 3ª Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 04/04/2017).
Ao nosso sentir, o dispositivo precisa ser alterado para se admitir mero envio de carta com 
aviso de recebimento, à semelhança do que se dá no regime da busca e apreensão ou da rein-
tegração de posse nos casos de leasing ou de alienação fiduciária em garantia sobre móveis 
(arts. 2º, § 2º, e 3º do Decreto-Lei n. 911/1967). Enquanto a legislação não muda, temos por 
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inviável uma interpretação acrobática que admita notificações sem que alguém, com fé públi-
ca, ateste a entrega da notificação e o conteúdo desta. A carta com aviso de recebimento não 
atesta o conteúdo da carta.
2.3.3. Preço: Flexibilização ao Sine Pretio Nulla Venditio
O preço é requisito essencial do contrato de compra e venda. No direito romano, esse con-
trato, sem a definição do preço, seria nulo, como dizia Ulpiano (“Sine pretio nulla venditio”). O 
art. 488 do CC flexibiliza essa regra e fixa que, se houver o preço pactuado no contrato nem 
critérios para a sua fixação, aplicar-se-á o preço do tabelamento oficial6 ou, se este inexistir, 
vigorará o preço habitualmente praticados pelo vendedor. Se, porém, o vendedor não tiver 
preços habituais – como no caso de alguém que vende o seu telefone pessoal de modo não 
profissional –, não se aplicará o art. 488 do CC, de maneira que esse contrato será nulo. O 
art. 488 do CC só incide se houver preços habituais do vendedor (enunciado n. 441/JDC).
Na prática da advocacia consultiva, é comum ver contratos de grande expressão econô-
mica ignorar essa regra, prevendo que a remuneração por determinado produto será pactu-
ado futuramente entre as partes. Não se pode prorrogar a pactuação do preço para o futuro.
É admitido, no entanto, que a definição do preço seja feita no futuro desde que, no con-
trato de compra e venda, estejam estabelecidos critérios objetivos para a sua determina-
ção, como a escolha de índices, parâmetros, taxas de mercado ou de bolsa de valores (art. 
486, CC) ou a indicação de um terceiro para tanto, como as famosas empresas de avalia-
ção independente (art. 485, CC). Os arts. 485 e 486 do CC, ao lado do art. 488, flexibilizam 
a máxima romana do sine pretio nulla venditio.
Nesse contexto, nada impede a venda de um produto agrícola pelo preço de sua co-
tação em algum indicador da BM&F7 em determinado dia. Pode-se também indicar que o 
preço será fruto da média aritmética do preço praticado em três revendedores do bem em 
determinado dia. É viável, ainda, indicar um terceiro para fazer a avaliação da coisa, mas, 
no caso de recusa dele, as partes devem acordar em designar outra pessoa, sob pena de 
resolução do contrato (art. 485, CC). Apesar do silêncio do art. 485 do CC, temos que as 
partes podem arbitrar o preço ou indicar outros critérios objetivos para tanto no caso de 
recusa do terceiro.
Caso o preço seja fixado com base em uma taxa de mercado de um determinado dia e 
lugar, se houver variação da cotação no mesmo dia, o preço será o valor médio do dia, por 
6 Em regra, não há tabelamentos oficiais no Brasil. Já existiu essa prática nos idos da década de 90, o que causou perturba-
ções econômicas no Brasil. Admite-se, no entanto, que alguns produtos sejam tabelados no Brasil de modo excepcional, a 
exemplo dos medicamentos, que não podem ser vendido ao consumidor acima da lista de preço elaborada pela agência 
reguladora chamada Anvisa (por meio de sua Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos – CMED), conforme art. 
4º, § 1º, da Lei n. 10.742/2003. O tabelamento de preços no Brasil é exccepcional.
7 A CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP) costuma fazer cotações de produtos 
agrícolas, como algodão, arroz etc. em convênio com a BM&F/Bovespa (site: https://www.cepea.esalq.usp.br/br).
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aplicação analógica do art. 488, parágrafo único, CC. Ex.: se há uma venda de ações da Pe-
trobras pelo preço da sua cotação na bolsa de valores a daqui dois dias, o preço das ações 
deve oscilar durante esse dia, caso em que se poderá considerar o valor médio.
Jamais, porém, a fixação do preço poderá ficar ao puro arbítrio de uma das partes, pois 
isso é cláusula puramente potestativa e, portanto, é nula (arts. 122 e 489, CC).
2.3.4. Consentimento
O contrato de compra e venda nasce com o consentimento de ambas as partes, o qual 
pode ocorrer, em regra, por qualquer forma, inclusive verbal (art. 107, CC). Quando, porém, 
se tratar de imóvel de valor superior a 30 salários mínimos, é necessário escritura pública 
(art. 108, CC), salvo lei específica8.
2.3.5. Despesas do Contrato
A celebração e o cumprimento de um contrato costuma gerar despesas, como as dos emo-
lumentos com escritura pública, com o registro no Cartório de Imóveis e com a tradição da 
coisa vendida (ex.: despesas de transporte). Salvo disposição em contrário, o art. 490 do CC 
estabelece que as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vende-
dor as da tradição.
2.4. VendA pArA desCendente
Venda de ascendente a descendente depende de consentimento dos demais descenden-
tes e, salvo regime da separação obrigatória, do cônjuge (art. 496, CC). O objetivo é evitar burla 
ao regime jurídico de colação por meio de doações disfarçadas de compra e venda. Se o as-
cendente doar bens ao descendente, este terá de colacioná-los em futura sucessão e, portanto, 
não haverá prejuízo aos demais herdeiros que, com ele, concorreria (outros descendentes e 
cônjuge). Se, porém, o ascendente vender o bem, não haveria dever de colação, pois, em tese, 
com esse negócio, o patrimônio do ascendente é igual: apenas se trocou um bem por um di-
nheiro equivalente. O risco de burla ao regime de colação é patente: pais podem fazer vendas 
a preços irrisórios. O art. 496 do CC dá aos demais herdeiros potencialmente prejudicados o 
direito de fiscalizar essa venda.
A anulação depende de prova de que não houve preço ou de que o preço foi inferior ao va-
lor real do bem, pois o objetivo é evitar prejuízo ou “doações disfarçadas de compra e venda”. 
Não há invalidade se a venda for feita pelo preço de mercado do bem (STJ, REsp n. 476.557/
PR, 3ª Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi,DJ 22/3/2004; REsp n. 752.149/AL, 4ª Turma, Rel. 
Ministro Raul Araújo, DJe 2/12/2010).
8 Exemplos de dispensa de escritura pública: art. 61, § 5º, da Lei n. 4.380/1966 e art. 38 da Lei n. 9.514/1997. Reportamo-nos 
ao que escrevemos sobre o art. 108 do CC na Parte Geral.
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2.5. diferençA de ÁreA nA Aquisição de imóVeis
2.5.1. Tipos de Vendas quanto à Relevância da Área: Venda ad Corpus e Ven-
da ad Mensuram
Amigos e amigas, vamos começar resolvendo a questão.
003. (CESPE/ANALISTA/TRE-BA/2017) Em se tratando de venda ad corpus, o preço do imó-
vel é determinado por sua área.
A questão trata da venda ad mensuram, e não da ad corpus.
Errado.
004. (CESPE/AUDITOR/TCE-PR/2016) Em se tratando de venda ad mensuram de imóveis, há 
presunção relativa de tolerância de variação de até 5% na extensão do imóvel.
Por força do art. 500, § 1º, do CC. Vamos estudar o assunto.
Certo.
Os arts. 500 e 501 do CC tratam da situação em que, após a celebração do contrato de 
compra e venda, as partes identificam a existência de diferença entre o tamanho real do imóvel 
e aquele indicado no contrato. Trata-se de uma espécie de vício redibitório focado especifica-
mente na extensão do imóvel. A solução para essa situação dependerá do tipo de compra e 
venda ocorrida. Há dois tipos de vendas de imóvel quanto à relevância da extensão da área”:
• Venda ad corpus ou venda por corpo certo: ocorre quando o preço é fixado pelas partes 
com base na análise do imóvel como um todo, e não pela sua extensão em si. Nesse 
caso, a referência à extensão do imóvel é meramente enunciativa;
• Venda ad mensuram ou venda por extensão: dá-se quando o tamanho do imóvel é determi-
nante na fixação do preço. A referência à extensão do imóvel não é meramente enunciativa.
Para distinguir as duas situações no caso concreto, o juiz precisará observar a intenção 
das partes. Não há um critério cartesiano e objetivo para tanto. Aliás, é por essa razão que 
convém que, no contrato, as partes sejam expressas quanto ao tipo de venda.
Geralmente, em compras de apartamentos em cidades, a venda é ad corpus, pois o cos-
tume é as partes estimarem o preço após visitar o imóvel e avaliar o seu conforto e a sua 
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utilidade a partir do seu layout. Apartamentos com layout ruim (“os imóveis mal divididos”) 
costumam ser avaliados em preço menor do que apartamentos “bem divididos”, ainda que 
aquele tenha maior extensão.
Fazendas, porém, soem ser objeto de venda ad mensuram, pois cada hectare possui rele-
vância para as partes, seja por conta de render benefícios econômicos (mais área para plantar, 
por exemplo), seja pelo conforto (mais área para passear).
Um exemplo de venda ad corpus envolvendo imóvel rural: João está compra a Fazenda 
Rancho Manso, toda murada, confrontante às Fazendas Goiaba e Maçã Verde, sem que se pos-
sa extrair da avença que a extensão do imóvel era realmente importante. A intenção das partes 
aí é a de fixar o preço com base na coisa em si, e não em cada metro quadrado dela.
2.5.2. Presunção Relativa de Venda ad Corpus
Há presunção relativa de que a venda é ad corpus quando a diferença de área não exceder 
a um vigésimo, ou seja, a 5% (art. 500, § 1º, CC). A experiência demonstra que diferenças pe-
quenas como essa não são decisivas na fixação do preço.
Entretanto, essa presunção é relativa apenas em relação ao comprador, que poderá provar 
que essa diferença foi determinante na estipulação do preço (art. 500, § 1º, CC). É o caso, por 
exemplo, de um agricultor que adquiriu uma fazenda exclusivamente para plantio: a pequena 
diferença de área iria reduzir o seu lucro futuro com a plantação.
Entendemos que, para o vendedor, a presunção do § 1º do art. 500 do CC é absoluta (não 
admite prova contrária), pois, além de o referido preceito só ter assegurado ao comprador o 
direito de impugnar a presunção, o vendedor presumidamente conhece melhor o imóvel e, por-
tanto, a identificação posterior de que o imóvel é ligeiramente maior do que ele cria deve ser 
encartado dentro dos imperativos da boa-fé objetiva.
Por fim, fique o alerta de que o fato de a diferença superar um vigésimo não é suficiente, 
para, por si, só caracterizar a venda como ad mensuram. O juiz deve atentar à intenção das 
partes (STJ, AgRg no Ag 1357425/SC, 3ª Turma, Rel. Ministro Vasco Della Giustina (Desembar-
gador Convocado), DJe 18/04/2011).
2.5.3. Caso da Venda de Apartamentos “na Planta”
O STJ não admite a presunção de venda ad corpus na forma do § 1º do art. 500 do CC 
quando se tratar de venda de imóvel “na planta” regidos pelo CDC. Entende que essa presun-
ção é abusiva contra o consumidor, de modo que eventual cláusula contratual que reproduza 
o referido dispositivo do CC seria nula. Afinal de contas, o incorporador é quem promoverá a 
edificação das unidades futuras e, portanto, tem maior condição de garantir a exata metragem 
pactuada. Ademais, em se aplicando a presunção do § 1º do art. 500 do CC para o incorpo-
rador, este teria condições de lucrar mais vendendo apartamentos resultantes da economia 
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de 5% de área das demais (STJ, REsp 436.853/DF, 3ª Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJ 
27/11/2006).
2.5.4. Efeitos Jurídicos
Se se tratar de venda ad corpus”, nenhum direito assistirá às partes, pois o preço foi fixado 
pelas partes levando a coisa em si, e não a sua extensão (art. 500, § 3º, CC).
Se se cuidar de venda ad mensuram, a diferença de área foi relevante para a definição do 
preço, razão por que as partes poderão valer-se dos direitos previstos no art. 500 do CC.
No caso do comprador, ele terá direito, em primeiro lugar, a pleitear a complementação da 
área. Essa pretensão é chamada de ação ex emptio ou ex venditio e representa uma ação de 
natureza obrigacional por exigir o integral cumprimento do contrato. Somente se isso não for 
possível – como na hipótese de o terreno vizinho pertencer a um terceiro –, o comprador po-
derá escolher entre uma destas opções: pedir o abatimento do preço (ação quanti minoris ou 
estimatória) ou pleitear a resolução do contrato (ação redibitória). Essas duas ações são sub-
sidiárias: só manejáveis se a ação de complementação não for cabível (art. 500, caput, do CC).
No caso do vendedor, se for descoberto que a área é maior daquela prevista no contrato, 
jamais ele poderá pleitear a resolução do contrato, pois, em última análise, foi ele era o dono da 
coisa e tinha potencialmente maior possibilidade de ter impedido a surpresa das partes com 
o tamanho da área. Todavia, em nome da vedação ao enriquecimento sem causa e da boa-fé 
objetiva, se havia motivos para o vendedor ignorar o excesso de área (ignorância motivada), é 
assegurado ao comprador – repita-se, ao comprador – escolher entre devolver o excesso ou 
pagaro preço excedente (art. 500, § 3º, CC). Não é o vendedor que elegerá uma dessas duas 
opções, e sim o comprador, pois, em última análise, a diferença de área é imputada a uma in-
cúria (ou a um azar) do vendedor.
Indaga-se: quando haverá ignorância motivada do vendedor para efeito do § 3º do art. 500 
do CC? Não há um critério objetivo: o juiz deverá analisar o caso concreto à luz de um juízo 
de equidade. Entendemos, porém, que o juiz deve ser rigoroso para admitir apenas situações 
muito excepcionais que escusem a incúria potencial do vendedor, como na hipótese de este ter 
sido enganado por um agrimensor negligente.
2.5.5. Decadência
O prazo decadencial para o exercício dos direitos no caso de diferenças de áreas no caso 
de venda ad mensuram é de um ano. O termo inicial desse curto prazo é, em regra, a data do 
registro do título do cartório de imóveis. Excepcionalmente, se o alienante tiver provocado 
atraso na imissão na posse para depois da data do registro do título, o prazo decadencial para 
o comprador só se iniciará com a data dessa imissão, pois somente aí é que o comprador teria 
potencialmente condições de identificar a divergência de tamanho de imóvel (art. 501, CC).
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2.6. CLÁusuLAs espeCiAis dA ComprA e VendA
2.6.1. Noções Gerais
Pela liberdade contratual, as partes podem livremente criar cláusulas especiais para qualquer 
contrato, servindo-se, inclusive, dos elementos acidentais do negócio jurídico (termo, condição e 
encargo), respeitadas, porém, as normas de ordem pública e a natureza jurídica dos institutos. Por 
essa razão, o Código Civil só prevê cláusulas cuja pactuação exigem respaldo legal para excepcio-
narem proibições de normas de ordem pública. Por exemplo, a cláusula de retrovenda (direito de 
vendedor recomprar o imóvel por seu puro arbítrio), se não fosse prevista no art. 505 do CC, seria 
nula por envolver uma condição puramente potestativa, que é vedada pelo art. 122 do CC.
Nesse contexto, o CC/2002 não reproduziu duas cláusulas especiais de compra e venda 
previstas no CC/1916: o pacto de melhor comprador (contrato é desfeito se, em 1 ano, apa-
recer melhor comprador) e o pacto comissório (resolução do contrato em caso de inadimple-
mento). O motivo da revogação é o desuso da primeira e a regulamentação da segunda em 
outros dispositivos do CC como condição resolutiva (arts. 127, 128 e 474, CC). Essas cláusulas 
podem, pois, ser pactuadas por conta do princípio da liberalidade contratual.
Quanto à forma, nada impede que a cláusula seja pactuada em instrumento diverso do 
contrato. Seria o que, na prática, se chama de “adendo contratual”: o contrato é um só, mas 
externalizado por meio de dois instrumentos que devem considerados em conjunto.
2.6.2. Retrovenda, Direito de Retrato ou Direito de Resgate
Resolva a questão.
005. (CESPE/ANALISTA/PGE-PE/2019) O vendedor de coisa imóvel poderá inserir cláusula 
de retrovenda no contrato de compra e venda, para reservar a si o direito de recobrar a coisa 
em até cinco anos, bastando para a consumação da retrovenda a restituição do valor recebido.
O prazo é de 3 anos. Antes de aprofundar o tema, vamos resolver mais uma questão.
Errado.
006. (CESPE/JUIZ/TJ-BA/2019) O pacto de retrovenda é uma das modalidades de compra 
e venda mercantis previstas no Código Civil e tem como principal característica a reserva ao 
vendedor do direito de, em determinado prazo, recobrar o imóvel que tenha vendido.
A respeito dessa modalidade contratual, a legislação vigente dispõe que
a) não existe a possibilidade de cessão do direito de retrovenda.
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b) a cláusula somente será válida, sendo dois ou mais os beneficiários da retrovenda, se todos 
exercerem conjuntamente o pedido de retrato.
c) somente as benfeitorias necessárias serão restituídas, além do valor integral recebido 
pela venda.
d) o vendedor, em caso de recusa do comprador em receber a quantia a que faz jus, depositará 
o valor judicialmente para exercer o direito de resgate.
e) o prazo máximo para o exercício do direito da retrovenda é de cinco anos.
Vamos explicar a matéria.
Letra d.
A retrovenda é a cláusula que permite a recompra do imóvel pelo vendedor em até o prazo 
máximo de 3 anos. É, pois, uma condição resolutiva expressa. Só recai sobre compra e venda 
de imóvel. O prazo de exercício do direito de retrovenda é decadencial: consumado o prazo, 
perde-se o direito.
A pactuação da cláusula em tela depende da vênia do cônjuge do comprador nos termos 
do art. 1.647, I, do NCC, pois implica uma alienação potencial futura de imóvel.
A cláusula é oponível contra terceiros se estiver inscrita na matrícula do imóvel por ser pú-
blica a qualquer pessoa (art. 507, CC).
Há controvérsia acerca do ato a ser praticado no Cartório de Imóveis. Entendemos que ela 
deve ser lançada juntamente com o teor do registro da compra e venda, pois representa uma 
condição resolutiva, e o item 1 da LRP prevê a compra e venda condicional como registrável. 
Se, porém, a retrovenda vier em instrumento apartado ou se ela for apresentada em momento 
posterior, temos que o ato devido é de averbação, pois está a alterar dados do registro anterior 
da compra e venda (art. 246, LRP)9.
Há controvérsia acerca da incidência de ITBI quando do exercício da retrovenda. Segundo 
Carlos Roberto Gonçalves (2010, p. 250), não há essa incidência, por não haver “nova aliena-
ção”. A nosso sentir, todavia, é viável a incidência, por caracterização do fato gerador: a trans-
missão onerosa do imóvel. Retrovenda é uma recompra.
2.6.3. Venda a Contento e Venda Sujeita a Prova
A venda a contento, também designada de cláusula ad gustum, configura hipótese de con-
dição suspensiva consistente na manifestação do agrado pelo comprador (art. 509, in fine, CC). 
9 Em São Paulo, a Corregedoria-Geral de Justiça entende que a cláusula deve ser inserida “no próprio corpo 
do registro, a exemplo de como era feito o pacto comissório” (disponível: http://grupogilbertovalente.blo-
gspot.com/2010/01/venda-e-compra-com-retrovenda.html). A decisão, porém, não cuida do caso de apre-
sentação de titulo autônomo contendo apenas a cláusula de retrovenda, caso em que entendemos ser 
cabível a averbação.
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Gosto é arbitrário e não se discute, como diziam os romanos: de gustibus non est disputandum 
(preferências não estão em disputa). Essa condição suspensiva depende exclusivamente do 
arbítrio do adquirente, excepcionando a proibição geral às cláusulas puramente potestativas 
do art. 122 do CC.
Já a venda sujeita a prova caracteriza uma condição suspensiva consistente na confirma-
ção daqualidade da coisa pelo comprador (art. 510, CC). É sujeita, pois, a controle judicial: 
comprador tem de provar a falta da qualidade da coisa; tem de justificar.
Em ambas as cláusulas, a tradição (entrega da coisa) não transmite a propriedade, mas 
apenas a posse direta. O comprador passa a ser comodatário, e a transmissão da proprie-
dade só ocorrerá com o implemento da condição suspensiva (art. 511, CC). Por isso, se a 
condição suspensiva não se implementar, o contrato não se aperfeiçoa, e o adquirente res-
tituirá a coisa sem dever de pagar qualquer indenização pela ocupação, salvo disposição 
em contrário.
As cláusulas em tela constituem direitos personalíssimos (natureza intuitu personae), ra-
zão por que não se transmitem aos herdeiros do comprador, salvo disposição em contrário.
2.6.4. Preferência, Prelação ou Preferência
A preempção é direito personalíssimo; não se transmite aos herdeiros do vendedor (art. 
520, CC). Não vemos, porém, obstáculo a pacto em contrário, pois não se trata de norma de 
ordem pública.
O CC prevê direito de preferência em desapropriação, como forma de retrocessão no caso 
de adestinação ou tredestinação, pelo valor atual da coisa. Para Carlos Roberto Gonçalves 
(2010, p.258), valor atual não é o de mercado, e sim o da indenização atualizado monetaria-
mente (art. 519, CC). Concordamos, pois a retrocessão, além de ser uma punição ao ente pú-
blico desapropriante pelo seu relapso em dar uma destinação pública ao bem desapropriado, 
deve ser equiparada a uma espécie de retrovenda na forma do art. 505, CC.
2.6.5. Venda com Reserva de Domínio
Amigos e amigas, resolvam a questão.
007. (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-DF/2019) Cláusula de reserva de domínio em con-
trato de compra e venda só terá validade contra terceiros se estiver estabelecida por escrito e 
registrada no domicílio do comprador.
Vamos falar dessa cláusula especial de compra e venda.
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008. (CESPE/JUIZ/TJ-PR/2019) Na venda de coisa móvel com reserva de domínio, a transfe-
rência da propriedade ao comprador ocorre
a) a qualquer tempo, não respondendo o comprador pelos riscos da coisa a partir de quando 
esta lhe for entregue.
b) com o pagamento integral do preço, não respondendo o comprador pelos riscos da coisa a 
partir de quando esta lhe for entregue.
c) com o pagamento integral do preço, respondendo o comprador pelos riscos da coisa a partir 
de quando esta lhe for entregue.
d) a qualquer tempo, respondendo o comprador pelos riscos da coisa a partir de quando esta 
lhe for entregue.
Vamos tratar da matéria.
Letra c.
A cláusula de venda com reserva de domínio é hipótese de venda sob condição suspensiva 
consistente no pagamento integral da prestação. A finalidade garantir o pagamento do preço 
de venda do bem. É usual em venda de máquinas agrícolas a preço parcelado, como tratores: 
a empresa, embora ceda a possa direta do bem, retém o direito de propriedade enquanto não 
houver o pagamento do preço.
Depende de registro no Cartório de Registro de Títulos e Documentos do domicílio do com-
prador para valer contra terceiros (art. 522, CC; art. 129, “5”, da LRP). Se o comprador entregar 
a coisa a terceiros e a condição suspensiva não se implementar, o vendedor poderá, por titular 
do direito real de propriedade, reivindicar a coisa de terceiro (art. 1.359, CC).
Quanto à teoria do risco por conta do perecimento da coisa, anota-se que não se aplica a 
regra do res perit domino (a coisa perece para o dono), contemplada no arts. 233 e seguintes 
do NCC. Inverte-se a regra. Vige a do res perit emptoris (a coisa perece para o comprador), de 
sorte que é o comprador que assume os riscos da coisa após recebê-la, ainda que não se torne 
dono (art. 524 do NCC). Assim, numa compra e venda de veículo com cláusula de reserva de 
domínio, caso o carro seja roubado (perecimento da coisa sem culpa), o comprador ficará no 
prejuízo, ainda que não seja o dono, de maneira que ele continuará com o dever de pagar as 
prestações remanescentes do preço do carro.
Essa cláusula só incide para compra e venda de bens móveis. E, por isso, esse bem precisa ser 
suscetível de caracterização perfeita e, na dúvida, privilegia-se o terceiro de boa-fé (art. 523, CC).
Para bens imóveis, não se pode aplicar essa cláusula típica, mas não enxergamos obstá-
culo algum a uma cláusula atípica similar de condição suspensiva consistente no pagamento 
integral do preço. Tal cláusula, porém, não é vantajosa diante da necessidade de ação judicial 
para comprovar o fato. Outra opção é a compra e venda com pacto comissório, que é uma 
condição resolutiva consistente no inadimplemento da dívida. Todavia, tal cláusula padece da 
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mesma desvantagem: a obrigatoriedade da via judicial10. Há outras alternativas mais eficazes, 
como a venda do imóvel cumulada com a alienação fiduciária em garantia: comprador se tor-
na dono do imóvel e, imediatamente, aliena-o fiduciariamente em garantia do pagamento do 
preço da compra. Essa via é mais oportuna para o vendedor, pois poderá valer-se da via mais 
célere da execução extrajudicial dos arts. 26 e 27 da Lei n. 9.514/94.
2.6.6. Venda sobre (ou Contra) Documento
Por essa cláusula, a entrega do título representativo da coisa e dos outros documentos exi-
gidos pelo contrato (ou, no silêncio deste, dos exigidos pelo costume) substitui a tradição da 
coisa. Em vez de entregar a coisa, o vendedor entrega o título (que pode ser um conhecimento 
de depósito com o warrant, por exemplo) que credenciará o comprador a recolher a coisa no 
depósito, armazém, transporte ou local devido. Há uma tradição ficta ou presumida11.
É recorrente em negócios mercantis, especialmente no comércio exterior envolvendo 
transporte marítimo ou aéreo de mercadoria entre países. De fato, “a cláusula de venda sobre 
documentos é uma cláusula especial da compra e venda originária da Lex Mercatoria, fonte do 
Direito Internacional Privado formada pela prática dos comerciantes e os costumes dos em-
presários no mercado internacional” (Tartuce, 2007, p.272).
No caso de venda sobre documentos, não pode o comprador condicionar o pagamento à 
vistoria da coisa, salvo se já estiver comprovado o defeito da coisa. Em outras palavras, o com-
prador é obrigado a pagar o preço devido, ao receber o título, sem poder exigir prévia vistoria 
da coisa (art. 529, parágrafo único, CC). Se houver algum defeito, o comprador posteriormente 
pode reivindicar o preço de volta. Isso se aproxima da cláusula solve et repete (pague e, depois, 
peça o valor de volta).
A venda sobre documentos é muito utilizada com os contratos de crédito documentário 
ou documentado (= trust receipt), o qual também é conhecido como “contrato de vendor”. 
Por esse contrato, que é comum para viabilizar importação de mercadorias mediante finan-
ciamento bancário, a entrega do documento é feita por instituição financeira com quem o 
comprador celebra contrato de financiamento. O banco emite carta de crédito à agência 
de outro país para repasse do valor ao vendedor e, também, entrega ao comprador o título 
que o credenciará a receber a coisa do transportador marítimo. O CC regulou essa realida-
de em que o banco se obrigaa entregar o título representativo da coisa e estipulou que o 
vendedor só poderá exigir o valor diretamente do comprador, após recusa do banco (art. 
532, caput e parágrafo único, CC). Se, por exemplo, um brasileiro quer importar produtos da 
China, ele pode ir a um banco que ofereça “crédito documentário”, e ele enviará o preço da 
10 Esse é o entendimento majoritário dos tribunais; todavia, temos que o protesto, por ser ato com fé pública para provar o 
inadimplemento (art. 1º da Lei n. 9.492/97), o que seria suficiente para comprovar o implemento dessa condição resolutiva 
expressa (art. 474, CC).
11 Tartuce designa de uma traditio longa manus, “já que a coisa é colocada à disposição do comprador” (Tartuce, 2007, p. 272).
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mercadoria para um banco na China, o qual repassará o dinheiro ao vendedor chinês após 
este comprovar o embarque da mercadoria para o Brasil por meio de um documento (rec-
tius, título) representativo da coisa. O brasileiro, então, de posse desse título (encaminhado 
pelo banco chinês ao brasileiro para repasse ao brasileiro), poderá recolher a mercadoria. 
O brasileiro pagará o banco brasileiro à vista ou parcelado, conforme ajustes negociais. Se, 
porém, uma pedra vier na embarcação no lugar da mercadoria, só sobrará ao brasileiro co-
brar de volta o seu dinheiro e pedir indenização contra o chinês, tarefa que provavelmente 
será frustrada.
Havendo seguro no contrato (e é comum haver apólice de seguro para cobertura dos 
riscos no transporte internacional da mercadoria), o prêmio deverá ser pago pelo compra-
dor, salvo se tiver havido má-fé do vendedor consistente em conhecer avaria ou perda da 
coisa ao celebrar o contrato (art. 531, CC). De fato, o comprador, ao receber o título e os 
documentos, torna-se dono da coisa e, por isso, assume os riscos da coisa (res perit do-
mino), razão por que deve, em regra, ser o responsável pelo pagamento do prêmio devido 
à seguradora.
3. permutA
O contrato de permuta ou de troca é aquele por meio da qual duas partes (permutantes) 
trocam coisas diversa de dinheiro. Só se distingue do contrato de compra e venda pelo fato de, 
neste, uma das partes (comprador) entregar dinheiro em troca de uma coisa.
Por força da proximidade da permuta com o compra e venda, o art. 533 do Código Civil 
disciplina o contrato de permuta, mandando aplicar as regras de compra e venda com apenas 
duas adaptações inerentes à natureza da permuta.
A primeira adaptação é que cada permutante arcará com metade das despesas com o ins-
trumento da troca, salvo pacto em contrário. Assim, por exemplo, se a permuta é de imóveis, o 
valor dos emolumentos com escritura pública e com registro será dividida igualmente entre os 
permutantes, salvo pacto contrário. Essa
O segundo ajuste é que a troca de bens de valores desiguais entre ascendentes e des-
cendentes é anulável se não contar com o consentimento dos outros descendentes ou dos 
cônjuges. Apesar do silêncio do inciso II do art. 533 do CC (silêncio que atribuímos a um lapso 
no processo legislativo), é imperioso alinhar esse preceito ao parágrafo único do art. 496 do 
CC para dispensar o consentimento do cônjuge se este for casado no regime da separação 
obrigatória de bens.
4. ContrAto estimAtório
4.1. definição
Vamos resolver a questão.
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009. (CESPE/AUDITOR/CGE-CE/2019) O ato de entrega de bem móvel de consignante para 
consignatário, ficando este autorizado a vendê-lo pelo preço acordado ou, se preferir, restituir 
o bem consignado, constitui hipótese de
a) retrovenda.
b) preempção.
c) venda a contento.
d) contrato estimatório.
e) doação.
Vamos explicar o contrato estimatório.
Letra d.
O contrato estimatório (ou contrato de venda em consignação) é de natureza mercantil, 
está disciplinado nos arts. 534 e seguintes do CC e é suscetível de pactuação por qualquer 
particular. No popular, quando falamos que “estamos colocando um carro para venda em con-
signação”, geralmente estamos aludindo ao contrato estimatório.
Trata-se de contrato em razão do qual o consignante entrega bens móveis ao consignatário 
para que este os venda e pague àquele um valor ajustado ou restitua as coisas consignadas 
no prazo ajustado. O consignante tem a obrigação de vender a coisa e pagar ao consignante o 
preço ajustado ou de restituir a coisa.
O consignatário pode ficar com o bem para si ou vendê-lo a terceiro para lucrar com o valor 
excedente ao preço ajustado com o consignante. Se não alienar, tem de restituir a coisa ao 
consignante. Portanto, o consignatário tem obrigações alternativas: vender, adquirir ou resti-
tuir o bem.
Na prática, esse contrato é muito utilizado para o comércio de jóias, antiguidades, obras de 
artes, livros, latas de refrigerantes (ex.: para venda em um show) e de veículos.
Alerte-se que esse contrato só pode ser usado para bens móveis.
É contrato real, pois só se aperfeiçoa com a entrega da coisa.
4.2. HÁ trAnsferênCiA dA propriedAde Ao ConsiGnAtÁrio?
Indaga-se: a entrega da coisa transfere a propriedade ao consignatário?
No momento da celebração do contrato estimatório, não há transferência da propriedade. 
O consignatário aí só passa a ter um poder de dispor da coisa em favor de terceiros ou em 
favor de si mesmo, ao mesmo tempo em que o consignante fica proibido de vender a coisa 
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a terceiro enquanto o contrato de consignação estiver em vigor. O direito real de propriedade 
do consignante está onerado diante do desmembramento do poder de dispor, ao passo que o 
consignatário possui um direito obrigacional com eficácia real sobre a coisa pertencente ao 
consignante.
Todavia, quando ocorrer a venda do bem pelo consignatário a terceiros, haverá a transferên-
cia da dupla propriedade, em razão do aperfeiçoamento de dois contratos de compra e venda: 
um entre o consignante (como vendedor) e o consignatário (como comprador) e outro entre o 
consignatário (como vendedor) e um terceiro (como comprador) (Coelho, 2010, pp. 180-181).
Há várias utilidades em assim entender. Uma delas é tributária. Em princípio, na declaração 
de imposto de renda, o consignatário não poderá ser considerado proprietário da coisa fora 
dos casos acima.
4.3. impenHorAbiLidAde do bem por díVidA do ConsiGnAtÁrio
O bem consignado pertence ao consignante e, por isso, NÃO pode ser penhorado por dí-
vidas particulares do consignatário, salvo se já foi pago àquele o preço ajustado no contrato 
estimatório (art. 536, CC).
4.4. trAnsferênCiA dos risCos dA CoisA pArA o ConsiGnAtÁrio (Res 
PeRit emPtoRis)
Por disposição legal, o consignatário, embora não tenha adquirido a propriedade, assume 
os riscos pelo perecimento da coisa, mesmo por caso fortuito. Assim, havendo perecimento da 
coisa, o consignatário, mesmo assim, terá de pagar o preçoajustado ao consignante (art. 535, 
CC). Trata-se de um exemplo de res perit emptoris (a coisa perece para o comprador), que, por 
ter fundamento legal específica, excepciona a regra geral do res perit domino (a coisa perece 
para o dono) prevista nos arts. 233 e seguintes do CC.
4.5. prAzo do ContrAto estimAtório
Se o prazo for termo, nascerá, com o seu advento, o direito do consignante em receber o 
preço ou a coisa (arts. 397 e 535, CC).
Se não houver termo ajustado como prazo, o direito do consignante nascerá após a notifi-
cação do consignatário (art. 397, parágrafo único, CC).
4.6. formAs de restituição dA CoisA peLo ConsiGnAtÁrio
A restituição da coisa pelo consignatário ao consignante não precisa ser necessariamente 
de modo física. Ela pode ser ficta mediante comunicação dirigida ao consignante deixando a 
coisa disponível para recolhimento. Entendemos que essa regra só pode ser afastada median-
te pacto expresso em contrário.
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5. doAção
5.1. definição
Vamos começar com a questão de concurso.
010. (CESPE/ANALISTA/TRF-1ª/2017) Doação é caracterizada pela formulação de contra-
to oneroso.
Se trata de contrato gratuito, e não oneroso.
Errado.
011. (CESPE/2009/AUDITOR DE ESTADO-ES) (E) Entre as diversas modalidades de ato jurí-
dico unilateral, encontra-se a doação pura, pois a produção de efeitos jurídicos depende unica-
mente da manifestação de vontade de uma parte. O donatário, pela vontade do doador, torna-
-se titular de um direito patrimonial. Essa é a explicação da ausência do instituto da promessa 
de doação.
A questão acima está falsa, porque: (i) doação é ato jurídico bilateral, pois depende de duas 
ou mais vontades para se aperfeiçoar; (ii) todo contrato é negócio jurídico bilateral; (iii) con-
trato unilateral é o que só carreia obrigação a uma das partes, a exemplo da doação pura; (iv) 
a ausência da promessa de doação pura – ponto controverso na doutrina – é explicada pela 
natureza de liberalidade da doação.
Errado.
Vamos explicar mais a matéria.
Doação é contrato por meio do qual uma pessoa (doador) transfere, por liberalidade, bens 
ou vantagens à outra (donatária).
É contrato unilateral, pois só cria obrigação para uma das partes.
É contrato gratuito, pois só implica ônus a uma das partes (doador).
Há dois elementos constitutivos da doação: subjetivo e objetivo.
Elemento subjetivo é o animus donandi (intenção de doar). Por isso, não há doação nos se-
guintes atos: (i) inação do proprietário de imóvel que deixa completar-se o prazo de usucapião 
e (ii) concessão de garantia real ou fidejussória.
Elemento objetivo é a transferência de bem (com redução patrimonial do doador).
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5.2. quem pode ser doAdor?
Menor e incapaz sob tutela ou curatela não podem doar, nem mesmo com autorização 
judicial, sob pena de nulidade (arts. 1.749 e 1.781, CC).
Não há proibição expressa no CC de menor incapaz sob poder familiar de doar bens me-
diante autorização judicial. Entendemos, porém, que essa proibição está implícita e decorre 
por aplicação analógica dos arts. 1.749 e 1.781 do CC, pois, onde há o mesmo fundamento, há 
a mesma regra (ubi eadem ratio ibi eadem jus). Entendemos, porém, que isso é excepcionado 
para doações feitas em pacto antenupcial por menor sob condição suspensiva consistente na 
celebração do casamento e na aprovação do seu representante legal, tudo por força dos arts. 
1.653 e 1.654 do CC.
5.3. quem pode ser donAtÁrio?
Qualquer pessoa pode ser donatária.
Até a prole eventual de casal (filhos futuros) pode ser indicado como donatário 
(art. 546, CC).
Doação a absolutamente incapaz dispensa aceitação, se doação for pura, pois aí não 
haverá prejuízo algum para o donatário (art. 543,CC).
Nascituro pode ser donatário, desde que a doação seja aceita pelo seu representante 
legal (art. 542, CC). A nosso sentir, já que o CC dispensa aceitação para a doação pura a 
absolutamente incapaz, também é dispensada a aceitação para a doação pura a nascituro, 
de maneira que o art. 542, CC, ao exigir aceitação do representante legal do nascituro, só se 
aplicaria ao caso de doações não puras.
5.4. ACeitAção do donAtÁrio
O contrato de doação depende da aceitação do donatário, pois é contrato (negócio jurí-
dico bilateral). A aceitação pode ser expressa, presumida ou tácita.
Há aceitação presumida decorre de lei e ocorre em dois casos:
• Silêncio do donatário, que, mesmo ciente do prazo estipulado pelo doador, deixa de 
manifestar-se, desde que se trate de doação pura (art. 539, CC). Como se tem doação 
pura, não há ônus ao doador, a permitir a presunção legal de aceitação;
• A celebração do casamento na doação propter nuptias (art. 546, CC);
• Doação pura a absolutamente incapaz (art. 543, CC).
A aceitação ficta ocorre quando o donatário adota comportamento compatível com a 
vontade de aceitar a liberalidade. Se uma pessoa passa a usar bem recebido a título de do-
ação, presume-se que ela aceitou.
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5.5. objeto dA doAção
Qualquer bem móvel ou imóvel, corpóreo ou incorpóreo, pode ser objeto de doação.
Apesar da controvérsia doutrinária, bens futuros podem ser objeto de doação, casos em 
haverá verdadeira doação sob condição suspensiva, e não uma promessa de doação. Ex.: 
doação do primeiro bezerro que nascer de tal vaca.
Não se admite, porém, doação de bens futuros à morte do doador, pois tal seria burla ao 
regime testamentário. Ademais, nula é a doação de futura herança por força da vedação ao 
pacto de corvina (art. 426, CC).
5.6. formA e A doAção mAnuAL
Meus queridos e minhas queridas, resolvam a questão.
012. (CESPE/ANALISTA/PGE-PE/2019) Em qualquer hipótese, a doação verbal não é válida 
quando o objeto for bem móvel.
Na doação manual, não se exige forma escrita: basta a entrega da coisa e manifestação de 
vontade verbal. Vamos explicar melhor abaixo.
Errado.
A doação é contrato solene ou formal, pois depende de forma escrita.
A única exceção é o caso da doação manual, assim entendida aquela de bens móveis de 
pequeno valor. O conceito de “pequeno valor” leva em conta o patrimônio do doador. Ex.: um 
relógio de R$ 3.000,00 pode ser pequeno valor para um rico, mas não para um pobre.
No caso da doação manual, a doação não precisa de forma escrita: pode ser verbal, desde 
que seja acompanhada da imediata tradição (art. 541, CC). É o caso das “lembrancinhas” e 
presentes que costuma dar a amigos, parentes e aniversariantes. A doação manual, por só se 
aperfeiçoar com a tradição, é um contrato real.
5.7. espéCies de doAção
5.7.1. Doação Pura, Simples ou Típica (Vera et Absoluta)
É a doação sem qualquer encargo ou restrição ao donatário. É liberalidade pura. Anota-se 
que a doação com reserva de usufruto é uma doação pura.
Igualmente, é doação pura o excedente ao valordo encargo (na doação onerosa) e ao dos 
serviços prestados (na doação remuneratória), consoante art. 540 do CC.
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5.7.2. Doação Onerosa, Modal, com Encargo ou Gravada (Donatione sub Modo)
Sediada no art. 553 do CC, a doação onerosa é a que impõe ao donatário um encargo 
(= uma obrigação). Pode ser chamada também de doação modal, sob modo, gravada ou 
com encargo.
Encargo pode ser dever em benefício do doador, de terceiro ou do interesse geral. 
Em qualquer caso, só o doador pode pleitear a revogação da doação por inexecução 
do encargo.
Já a exigência da execução do encargo é franqueado aos pertinentes interessados (Gon-
çalves, 2010, p. 285). Se o encargo for em prol do doador, este pode exigir cumprimento. Se 
em prol de terceiro, o doador ou o terceiro (por conta das regras de estipulação em favor de 
terceiro – art. 436, CC) podem cobrar execução. Por fim, se o encargo for em prol do interesse 
geral, o Ministério Público pode exigir o cumprimento do encargo, desde que o doador já tenha 
falecido sem ter exigido (art. 553, CC).
O encargo em benefício do próprio donatário (ex.: doação de dinheiro para que o donatário 
compre um imóvel para si) é mero conselho, não exigível judicialmente (Gonçalves, 2010, p. 
285). O próprio art. 553 do CC não menciona o encargo a favor do donatário como exigível.
Ademais, a doação só será onerosa até o limite do valor do encargo. Se o bem doado for 
mais valioso do que as despesas decorrentes do encargo, o excedente é doação pura (art. 540, 
CC). A consequência prática disso é que, em relação à parte onerosa da doação, é cabível falar 
em efeitos próprios dos contratos onerosos, como a incidência dos vícios redibitórios (art. 441, 
parágrafo único, CC) e da evicção (art. 447, CC). Entendemos também que a doação onerosa 
não é suscetível de colação até o valor do encargo, pois só puras liberalidades são colacioná-
veis (arts. 544 e 2.002, CC).
5.7.3. Doação Remuneratória
É a feita em retribuição de serviço prestado, sem que o seu pagamento seja exigível por 
conta da sua gratuidade, de eventual prescrição, de outro motivo. Grosso modo, o doador age 
por dever moral ou de consciência para recompensar o serviço prestado. Há doação remune-
ratória quando, por exemplo, alguém doa um imóvel a uma pessoa em retribuição por esta, 
voluntariamente, ter cuidado do doador durante um período de doença.
Entendemos que a associação da doação como uma retribuição por um serviço prestado 
gratuitamente tem de ser expressa. Se nada for escrito no instrumento da doação, temos que 
a doação deve ser considerada como doação pura.
Há repercussão prática nisso. Se a doação é remuneratória, pode-se aplicar regras próprias 
de contratos onerosos, como os vícios redibitórios e a evicção. Além disso, a doação remune-
ratória não gera dever de colação (art. 2012).
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5.7.4. Doação Mista (Negotium Mixtum cum Donatione)
É a doação misturada com um negócio oneroso. É o caso de uma venda por valor irrisório 
(= venda amistosa), na qual se tem, na realidade, uma liberalidade em relação à diferença de 
preço entre a coisa e o valor pago. É também o caso de uma venda de um imóvel por um valor 
excessivo: há liberalidade no sobrepreço.
Entendemos que, para esse caso, deve-se aplicar, por analogia, o art. 540 do CC: há pura 
liberalidade na parte não onerosa do contrato.
Por fim, entendemos que só se pode falar em doação mista quando houver manifesta des-
proporção na comutatividade do contrato. Dessa forma, venda de imóveis abaixo do preço de 
mercado só seriam doações mistas se o preço tiver sido irrisório.
5.7.5. Doação Contemplativa, Meritória ou em Contemplação de Mereci-
mento do Donatário
É a feita em razão de uma virtude ou mérito do donatário (ex.: é o melhor cantor do mundo, 
venceu o prêmio Nobel, passou no vestibular). Não se trata de retribuição por serviço, mas de 
dádiva motivada por algum mérito do donatário. É considerada doação pura (art. 540, CC).
A nosso sentir, se o motivo da doação (o mérito que se atribui ao donatário) for falso, tem-se 
erro ou dolo (conforme o caso) a inquinar de anulabilidade o negócio jurídico de doação, pois a 
doação contemplativa tem por causa determinante o mérito do donatário (arts. 140 e 145, CC).
5.7.6. Doação a Nascituro
Depende de aceitação do seu representante legal (art. 542, CC). Se nascituro não nascer 
com vida, caduca a doação.
Nascituro (infans conceptus) é aquele que foi concebido, mas ainda não nasceu. Assim, doação 
a nascituro é a sujeita à condição suspensiva consistente no nascimento com vida do nascituro.
5.7.7. Doação a Concepturo
A doação a concepturo (a quem sequer foi concebido) seria possível, desde que se apli-
casse a regra do art. 1.800 do CC, prevista inicialmente para sucessão testamentária, mas 
extensível por analogia à doação.
Assim, se o concepturo não for concebido até dois anos após abertura da sucessão do 
doador, a doação fica sem efeito.
Acresça-se que, na doação propter nuptias, é admissível que o beneficiário seja a prole 
eventual do casal (art. 546, CC), o que configuraria hipótese de doação a concepturo, sem a 
expressa restrição do art. 1.800, CC.
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5.7.8. Doação em Forma de Subvenção Periódica
É a doação em forma de pensão periódica ao donatário (art. 545, CC).
Sempre se extingue com a morte do donatário, de modo que qualquer cláusula que es-
tipule vigência após a morte do donatário padece de nulidade virtual (art. 166, VII, e 545 do 
CC). O motivo dessa regra é que garantir a sobrevivência de gerações futuras de uma pessoa 
atentaria contra a ordem econômica do trabalho: grosso modo, os filhos do donatário não pre-
cisariam trabalhar por serem beneficiados com a eventual continuidade da pensão periódica.
A doação em forma de subvenção periódica pode ir além da vida do doador, desde que 
expressamente pactuado. Nesse caso, os herdeiros do doador seguem com a obrigação de 
pagar a pensão periódica, até os limites do respectivo quinhão.
Por oportuno, indaga-se: qual a diferença entre doação em forma de subvenção periódica 
(art. 545, CC) e contrato de renda constituída (art. 803 do CC)?
Flávio Tartuce traça estes aspectos: a) constituição de renda é gênero, do qual a doação 
sob forma de subvenção periódica é espécie; b) constituição de renda pode ser gratuita ou 
onerosa, ao passo que a doação sob pensão é sempre gratuita; c) constituição de renda pode 
relacionar-se a imóvel, de onde a renda é extraída, enquanto que, na doação sob subvenção 
periódica, a renda origina-se diretamente do patrimônio do doador, e “nunca estará relacionada 
com imóvel”. Na dúvida, nada obsta a aplicação das normas de contrato de renda constituída 
às doações sob pensão, pois este é espécie daquele.
5.7.9. Doação em Contemplaçãode Casamento Futuro ou Doação Propter 
Nuptias
É doação de coisa sob condição suspensiva consistente na realização do casamento (art. 
546, CC). Realizado o casamento, a doação se aperfeiçoa. Eventual dissolução posterior do 
conúbio não revoga a doação, pois inexiste essa condição resolutiva.
O doador pode ser um dos nubentes ou um terceiro.
Já o donatário pode ser um dos nubentes, ambos ou futuros filhos nascidos do casal. No 
caso de a doação ser a futuros filhos (prole eventual) do casal, haverá duas condições suspen-
sivas: a realização do casamento e o nascimento com vida de filhos.
Outro aspecto é o de que, embora o art. 546 do CC não seja aplicável à união estável, é 
plenamente admissível a celebração de contrato atípico por meio do qual se estipule, como 
condição suspensiva, o início de uma união estável.
Seja como for, a doação propter nuptias está em franco desuso no Brasil. Embora seja 
ainda comum haver casamento a nubentes, é inusual que o doador expressamente preveja 
o casamento como condição suspensiva. Sem essa condição suspensiva expressa, tem-se 
mera doação pura.
5.7.10. Doação Conjuntiva
Amigos e amigas, veja a questão.
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Contratos em Espécie – Parte I
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
013. (CESPE/JUIZ/TJ-SC/2019) A doação de determinado bem a mais de uma pessoa é 
denominada
a) contemplativa.
b) mista.
c) conjuntiva.
d) divisível.
e) híbrida.
Vamos explicar.
Letra c.
É a doação feita a mais de uma pessoa (art. 551, CC). Presume-se dividida a coisa igual-
mente entre os donatários, salvo disposição diversa.
Se os donatários forem cônjuges, presume-se o direito de acrescer (art. 551, parágrafo único, 
CC). Atente-se que, se a doação foi feita a apenas um dos cônjuges, descabe falar em doação 
conjuntiva e, por conseguinte, em direito de acrescer. Se os donatários não forem cônjuges, pode 
ser estipulado expressamente pelo doador o direito de acrescer, por aplicação analógica do art. 
1.411 do CC, que o contempla no direito real de usufruto. Não haveria vedação legal aí.
5.7.11. Doação com Cláusula de Retorno ou Reversão
É doação com condição resolutiva: se o donatário morrer enquanto doador estiver vivo, 
haverá a reversão do bem doado (art. 547, CC). É vedada a reversão em favor de terceiro. Por 
isso, se o doador falecer primeiro do que o donatário, não haverá a reversão, que beneficiaria 
terceiros (a saber, os herdeiros do doador). Ademais, se houver comoriência entre doador e 
donatário, não se operará a reversão, pois doador não terá sobrevivido ao donatário. Só há a 
reversão se houver premoriência do donatário.
5.7.12. Doação a Entidade Futura
É a doação feita a entidade que virá ainda a ser constituída (art. 554, CC). Necessariamente, 
a constituição deverá ocorrer no prazo decadencial de dois anos, sob pena de caducidade. É, na 
realidade, uma doação sob condição suspensiva: a de constituição da pessoa jurídica ou do ente 
despersonalizado em até dois anos. Para o efeito dessa espécie de doação, o conceito de enti-
dade envolve pessoas jurídicas e entes despersonalizados, como condomínio, massa falida etc.
5.7.13. Doação Universal
Pessoal, resolvam a questão.
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014. (CESPE/ANALISTA/TRF-1ª/2017) Pessoa física sem herdeiros necessários pode doar 
quantos bens quiser, a título de doação universal, desde que mantenha renda suficiente para a 
própria sobrevivência.
O gabarito é “correto” por respeitar as regras de vedação da doação universal e de doação ino-
ficiosa. Vamos explicar.
Certo.
É nula a doação de todos os bens, sem reserva de bens ou renda suficiente para a subsis-
tência do doador (art. 548, CC). Trata-se de uma proteção legal ao doador, para impedir que ele 
caia na mendicância por um ato inconsequente de doação sem reserva de bens. Cuida-se de 
um exemplo de aplicação da teoria do patrimônio mínimo.
A nulidade recai sobre a totalidade da doação, e não de parte do bem, ainda esta seja sufi-
ciente à sobrevivência do doador.
Não é, pois, nula a doação com reserva de usufruto, porque garantida a sobrevivência 
do doador.
Entendemos que não é nula a doação de todos os bens, se o doador ainda tiver rendimentos 
em valor razoável para lhe garantir a sobrevivência (como salário, pensão ou aposentadoria).
Além do mais, se houve várias doações, somente aquelas que privaram o doador do neces-
sário à sobrevivência serão nulas. Caso tenham sido simultâneas, todas as doações são nulas 
(Gonçalves, 2010, p. 296).
5.7.14. Doação de Cônjuge Adúltero a seu Cúmplice
É anulável, pelo cônjuge ou outros herdeiros necessários, em até dois anos da dissolução 
da sociedade conjugal (art. 550, CC).
Colhe-se da doutrina (a nosso sentir, de lege ferenda) corrente a sustentar que herdeiros 
necessários só têm legitimidade para pleitear a anulação, se o cônjuge traído já tiver falecido 
(Gonçalves, 2010, p. 297).
De mais a mais, se o cônjuge for absolutamente incapaz, o curador não pode ajuizar a 
ação, por ser personalíssima. De qualquer forma, nesse caso, o prazo decadencial de dois 
anos ficará suspenso enquanto persistir a incapacidade absoluta (art. 208, CC).
De modo similar, convém recordar que o art. 1.801, III, do CC proíbe testador de eleger 
concubino como beneficiário testamentário, salvo se estiver separado de fato do seu cônjuge, 
sem culpa, por mais de 5 anos. Entendemos que o verbete “concubino” indicado nesse dispo-
sitivo deve ser entendido como sinônimo da palavra “cúmplice” utilizada pelo art. 550 do CC, 
de modo que tanto um amante duradouro quanto um parceiro sexual eventual poderiam ser 
considerados alcançados por esse preceito12.
12 Carlos Roberto Gonçalves (2010, p. 297) entende diferente: restringe concubino a relações duradouras.
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Conforme art. 1.642, V, do CC, o cônjuge pode reivindicar os bens comuns que foram trans-
feridos pelo outro consorte ao concubino. Se, porém, estiver separado de fato há mais de cinco 
anos, precisa provar que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum do concubino e do 
outro cônjuge e provar que, no momento da doação, não estava separado de fato.
5.7.15. Doação entre Cônjuge e os Regimes de Bens
A doação entre cônjuges é permitida pelo CC de modo implícito no art. 544 do CC. É 
preciso, porém, observar a sua compatibilidade com o regime de bens do casal.
Se os consortes foram casados no regime da comunhão universal de bens, o STJ enten-
de que a doação entre eles seria nula por impossibilidade jurídica do objeto, a qual decorre 
da comunicabilidade das doações nesse regime de bens (STJ, AR 310/PI, 2ª Seção, Rel. Mi-
nistro Dias Trindade, DJ 18/10/1993). Ousamos discordar parcialmente desse entendimen-
to. A doação entre cônjuges no regime da comunhão universal poderia ocorrer quanto aos 
bens particulares (art. 1.668 do CC lista bens particulares nesse regime, como o instrumen-to de trabalho) e, no tocante aos bens comuns, temos por devida a doação, com cláusula de 
incomunicabilidade, por parte de um cônjuge de modo a tornar essa coisa como um bem 
particular (art. 1.6668, I, CC). Fora desses casos, como a doação é comunicável no regime 
da comunhão universal, a doação seria nula, nos termos da decisão do STJ.
No regime da separação legal de bens, há controvérsias acerca do cabimento da doação 
entre eles. Entendemos pelo cabimento, pois a incomunicabilidade decorrente desse regi-
me não pode ser interpretada extensivamente para abranger a inalienabilidade, pois, além 
de normas restritivas terem de ser interpretadas restritivamente, raciocínio diverso seria 
contraditório com o parágrafo único do art. 1.911 do CC: a inalienabilidade implica incomu-
nicabilidade, e não o contrário. De fato, o art. 1.641 do CC, que prevê o regime da separação 
legal, não proíbe doação entre os cônjuges, e esse silêncio tem de ser interpretado como 
proposital, pois o CC/1916 proíbia textualmente essas doações em dispositivo correspon-
dente (art. 226, CC/1916).
Nos demais regimes de bens (separação ou participação final dos aquestos), não há 
obstáculo algum, pois os bens dos consortes são particulares.
5.8. doAção e A proteção dA LeGítimA
5.8.1. Noções Gerais
Quem tem ascendente, cônjuge ou descendente (herdeiros necessários) só pode dispor, 
por testamento, de metade dos seus bens (parte disponível), pois a outra metade – que é 
chamada de “legítima” – pertence, de pleno direito, a esses herdeiros necessários (arts. 
1.789 e 1.845, CC). É evidente que, se não houver restrições a doações a esses parentes 
próximos ou a terceiros, esse regime da legítima será burlado por meio de doações. Isso 
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justifica as regras de doação como antecipação de herança (art. 544, CC) e de doação ino-
ficiosa (art. 549, CC).
5.8.2. Doação Inoficiosa
Definição e Nulidade Parcial
Pessoal, resolvam a questão.
015. (CESPE/ANALISTA/TRF-1ª/2017) No contrato de doação, qualquer alienação gratuita 
que afete a metade indisponível dos herdeiros necessários poderá ser declarada nula.
Cuida da doação inoficiosa. Vamos explicar melhor.
Certo.
Doação inoficiosa é aquela que envolve bem de valor superior a 50% do patrimônio útil do 
doador no momento da liberalidade, desde que este tenha herdeiros necessários, assim enten-
didos os ascendentes, os descendentes e o cônjuge (arts. 549 e 1.845, CC). É nula a doação na 
parte excedente à parte disponível do doador (e não na sua integralidade). Havendo inoficiosi-
dade, proceder-se-á à redução do negócio jurídico, de modo a preservar a doação até o limite 
da parte disponível: a nulidade é parcial (arts. 184 e 2.007, § 3º, CC). Se a pessoa não podia 
dispor de mais da metade do patrimônio em testamento, também não pode fazê-lo em vida.
Momento da Declaração de Nulidade
Pode ser pleiteada a declaração de nulidade da parte inoficiosa mesmo se o doador es-
tiver vivo, pois se cuida de nulidade absoluta. Não haveria, aí, vulneração ao preceito do art. 
426 do CC.
Doações Sucessivas como Burla à Inoficiosidade
Em princípio, o doador poderia burlar a doação inoficiosa promovendo astutamente suces-
sivas doações de metade do seu patrimônio até esgotar o patrimônio. Por essa razão, para 
evitar essa burla, entendemos que a inoficiosidade deve levar em conta, entre os vários mo-
mentos das doações, aquele em que o doador possuía o maior patrimônio. Para as doações 
feitas em dinheiro, é fundamental atualizá-las monetariamente ao se fazer os cálculos. Assim, 
se hoje o doador tem um patrimônio de R$ 100.000,00 e ele doa R$ 50.000,00 a um mendigo, 
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essa doação é válida. Não poderá ele, amanhã, doar mais nada, pois a sua parte disponível já 
foi doada. Todavia, se, no próximo ano, ele ganhar na loteria e catapultar o seu patrimônio para 
10 milhões de reais, entendemos que a sua parte disponível passou a ser de 5 milhões: como 
ele já doou R$ 50.000,00 no ano passado e considerando que esse valor atualizado moneta-
riamente corresponda a R$ 51.000,00, entendemos que o doador poderá dispor ainda de R$ 
4.949.000,00.
Aplicabilidade mesmo para Doações a Cônjuge
Entendemos que a inoficiosidade se aplica para doação feita a qualquer pessoa, salvo 
para descendentes. É que, quanto aos descendentes, a nulidade da doação inoficiosa não teria 
utilidade prática, pois eles possuem dever de colacionar e a dispensa de colação não pode ex-
ceder a parte disponível. O regime jurídico é diverso para os descendentes. No caso de doação 
a cônjuge, temos que a doação inoficiosa é aplicável, ao contrário do que a doutrina costuma 
sustentar. É que o cônjuge nem sempre tem de colacionar, como na hipótese de ele já ter se di-
vorciado do de cujus antes da morte, razão por que a inoficiosidade da doação poderá impedir 
extravagâncias feitas em favor do ex-cônjuge em detrimento dos descendentes.
5.8.3. Doação a Cônjuge ou a Descendente como Antecipação de Herança e 
Doação a Ascendente
Dever de Colação e a Dispensa de Colação
Meus amigos e minhas amigas, vejam a questão.
016. (CEPSE/ANALISTA/TRF-1ª/2019) A doação de ascendente para descendentes importa 
adiantamento do que lhes couber por herança, porém não importará adiantamento se o doador 
expressamente dispensar a colação.
Conforme exporemos abaixo.
Certo.
Doação feita a cônjuge ou a descendente é considerado antecipação de herança e, por 
isso, acarreta o dever de esse donatário colacionar a liberalidade recebida quando da morte 
do doador, para efeito de igualar o seu quinhão hereditário com o dos demais descendentes e 
com o do viúvo (arts. 544, 2.002 e 2.003, CC). A ideia é a de que, ao final da sucessão hereditá-
ria, todos os herdeiros tenham recebido patrimônio de valor igual, com inclusão das doações 
antecipadas em vida pelo de cujus.
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Só não haverá esse dever de colacionar se houver dispensa expressa de colação por par-
te do doador, mas isso só será admitido se, no momento da liberalidade, o bem doado não 
ultrapassar 50% do patrimônio total (art. 2.005, caput, do CC). Essa dispensa de colação é 
presumida se, no momento da liberalidade, o donatário não seria chamado a suceder (art. 
2.005, parágrafo único, CC). Ex.: na doação a neto, quando os filhos estão vivo, presumir-se-ia 
a dispensa de colação, pois o neto não iria concorrer com os filhos na eventual sucessão causa 
mortis do doador.
Dispensa de Colação em Ato Posterior
Entendemos que a dispensa de colação pode ser feita mesmo após a data da doação, 
desde que, no momento dessa dispensa, o valor da coisa doada não exceda a 50% do patri-
mônio do doador. Calcular-se-á a parte disponível de acordo com o patrimônio do doador no 
momento do ato de dispensa, e não no da doação. Basta queesse ato seja feito de acordo com 
a forma legal exigida para o contrato de doação. O art. 2.006 do CC não proíbe isso a nosso 
sentir e, além disso, essa solução respeita a legítima e se concilia com o direito do doador de 
dispor dos seus bens em vida. Assim, isso será útil se o doador esqueceu de colocar a cláusu-
la de dispensa ou se ele, posteriormente à doação, agigantou o seu patrimônio e passou a ter 
condições de respeitar a legítima (metade do seu patrimônio).
Doação a Ascendente
O legislador não quis alcançar todos os herdeiros necessários com essa regra. Os ascen-
dentes ficam de fora. Doações feitas a ascendente não precisam ser colacionadas nem se 
consideram antecipação de herança. O motivo é que, sucessão hereditária, os descendentes 
e os cônjuges possuem privilégios em relação aos ascendentes, como a prioridade na ordem 
de vocação hereditária (art. 1.829, CC) e o direito real de habitação para o cônjuge supérstite 
(art. 1.831, CC).
A doação a ascendente, todavia, como qualquer outra doação feita a terceiros, sujeitar-se-á 
à vedação de doação inoficiosa e, portanto, não poderá ultrapassar metade do patrimônio do 
doador no momento da liberalidade (art. 549, CC).
Doação a Ex-Cônjuge
Doação feita a cônjuge não terá de ser colacionada se, no momento da morte do doador, o 
casamento já havia sido extinto (por divórcio, por morte etc.). Nesse caso, ex-cônjuge, por não 
ser herdeiro, não tem o que “igualar” e, portanto, não tem dever de colacionar. A colação é para 
igualar a legítima entre os herdeiros na sucessão, mas ex-cônjuge não é herdeiro.
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Isso não vale para cônjuge separado há menos de 2 anos, pois, nesse caso, ele ainda é 
herdeiro: a separação (judicial, extrajudicial ou de fato) não extingue o casamento, mas apenas 
dissolve a sociedade conjugal (art. 1.830, CC).
Doação a Cônjuge nos Casos de Não Concorrência com Descendentes
Nem sempre o cônjuge concorre com os descendentes na sucessão legítima. E a lei é 
omissa acerca do dever de o cônjuge colacionar as liberalidades recebidas. Para suprir essa 
lacuna, a diretriz é considerar que o instituto da colação destina-se a equiparar heranças que 
os herdeiros receberiam. É, pois, pressuposto da colação que tenha havido uma antecipação 
de herança. Desse modo, se o cônjuge não haverá de concorrer com os descendentes em al-
guma hipótese, as liberalidades que ele recebeu não podem ser uma antecipação de herança, 
pois nenhuma herança ele receberá. Logo, nada haverá o que colacionar.
Desse modo, no caso de cônjuge casado no regime da separação legal, ele não concorrerá 
com os descendentes na sucessão hereditária e, portanto, nada há a colacionar, ou seja, não 
há o que equiparar.
Nos demais regimes de bens, sabe-se que o cônjuge só concorre com os descendentes 
na porção da herança que digam respeito aos bens particulares do de cujus (art. 1.829, I, CC).
Assim, se o de cujus só deixou bens comuns, o cônjuge não tem nenhuma herança em 
concorrência com os descendentes; logo, nada há a colacionar.
Se, porém, o de cujus deixou apenas particulares, o cônjuge terá de colacionar as libera-
lidades recebidas, pois elas são antecipação de herança, para igualar o seu quinhão aos dos 
descendentes.
Caso o de cujus tenha deixado bens comuns e bens particulares, o cônjuge só terá de cola-
cionar as doações recebidas para efeito de igualar a partilha dos bens particulares em relação 
aos descendentes. Não se levará em conta a porção relativa aos bens comuns, pois o cônjuge 
não tem herança sobre essa parte e, portanto, não pode ter recebido nenhuma antecipação de 
herança em relação a esse bolo.
É verdade que isso poderia gerar situação de o cônjuge ter recebido doação consideráveis 
que excedem demasiadamente o que foi partilhado, na sucessão hereditário, pelos descenden-
tes. Todavia, tal situação é lícita. A única proteção de que pode se servir os herdeiros nessa 
hipótese é a da doação inoficiosa, para decotar as doações recebidas pelo cônjuge além da 
metade do patrimônio que o doador, no momento da liberalidade, dispunha. Afinal de contas, o 
de cujus também podia ter feito doações expressivas a terceiros totalmente desconhecidos e 
nada haveria a fazer senão verificar se houve doação inoficiosa.
5.9. reVoGAção dA doAção
A doação pode ser revogada em um dos seguintes motivos: inexecução do encargo ou 
ingratidão.
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5.9.1. Inexecução de Encargo
A primeira hipótese restringe-se aos casos de doações com encargo. Nesse caso, a mora, 
no caso de inexistência de prazo para adimplemento, opera-se mediante notificação judicial 
ou extrajudicial do donatário para cumprimento do encargo em prazo razoável (art. 562 do CC, 
que, nesse ponto, espelha regra geral do art. 397, parágrafo único, do CC). Em permanecendo 
inerte o donatário após ser constituído em mora, opera-se a revogação da doação (STJ, REsp 
1622377/MG, 3ª Turma, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 14/12/2018).
5.9.2. Ingratidão
A segunda hipótese se aplica a qualquer espécie de doação que seja pura liberalidade. Por 
esse motivo, conforme art. 564, I e II, do CC, não é viável a revogação por ingratidão para doa-
ções remuneratórias ou com encargo já cumprido, pois aí não há pura liberalidade. Preferimos 
interpretar restritivamente esses preceitos para admitir a revogação por ingratidão na propor-
ção excedente ao valor do encargo ou do serviço, pois, nessa parte, a doação não é uma pura 
liberalidade à luz do art. 540 do CC.
Também não é revogável por ingratidão a doação propter nuptias, pois também não é uma 
pura liberalidade, e sim de um estímulo a um certo casamento (art. 564, III, CC).
O inciso III do art. 564 do CC afirma não ser revogável a doação feita como cumprimento 
de obrigação natural. Temos por atécnica a afirmação, pois o pagamento de obrigação natural 
(como a dívida prescrita) não é doação, e sim pagamento. Não é, por exemplo, fato gerador 
de ITCD, porque não é doação. Afinal de contas, obrigação natural é uma dívida devida juridi-
camente, embora não possa ser exigida pelos meios coercitivos disponibilizados pelo Direito.
A revogação por ingratidão depende de sentença judicial que reconheça o ato de ingratidão.
Os atos de ingratidão estão catalogados no art. 557 do CC, o qual deve ser interpretado 
restritivamente por se tratar de norma restritiva de direito. Em suma, a ingratidão só ocorre nos 
casos de violência contra o doador (homicídio consumado ou tentado e ofensa física), de ata-
que à honra do doador (por meio de injúria ou calúnia) ou de recusa a ajudar financeiramente o 
doador na hipótese de este entrar em situação de penúria (recusa de prestar alimentos).
Entendemos que esse rol do art. 557 do CC é taxativo (numerus clausus) e, por se tratar 
de norma restritiva de direito, deve ser interpretada restritiva. Há, porém, enunciado da Jorna-
da de Direito Civil admitindo, excepcionalmente, causas de ingratidão fora do art. 557 do CC 
(Enunciado n. 33/JDC: “O novo Código Civil estabeleceu um novo sistema para a revogação da 
doação por ingratidão, pois o rol legal previsto no art. 557 deixou de ser taxativo, admitindo, ex-
cepcionalmente, outras hipóteses”). O tema, porém,ainda hoje é bem controverso na doutrina.
Desde a citação válida, o donatário já é considerado como possuidor de má-fé para efeito 
de ser obrigado a restituir os frutos percebidos (como o valor do aluguel do imóvel doado). O 
art. 563 do CC exige citação válida para esse efeito de restituição dos frutos. A nosso sentir, 
esse dispositivo padeceu de falta de sistematicidade, porquanto o art. 219 do CPC estende à 
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citação inválida o condão de constituir em mora o devedor. Ademais, a citação, ainda que invá-
lida, é forma de notificação, a garantir que o donatário “não ignora que possui indevidamente” 
a coisa (art. 1.202, CC) e, portanto, tornou-se possuidor de má-fé, com todos os efeitos subse-
quentes. Assim, uma forma de conciliar o art. 563 do CC com os demais é restringir aquele a 
um dos efeitos da posse, a saber, o de restituir os frutos, e deixar os demais efeitos da posse 
(indenização por benfeitorias e por danos) sujeitas à configuração da má-fé da posse a partir 
de qualquer citação, ainda que inválida.
A revogação por ingratidão não pode prejudicar terceiros adquirentes da coisa (arts. 563 e 
1.360, CC).
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QUESTÕES DE CONCURSO
017. (IESES/ANALISTA/PREFEITURA DE SÃO JOSÉ-SC/2020/ADAPTADA) A fixação do 
preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou prome-
terem designar.
É o art. 485 do CC:
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo desig-
narem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contra-
to, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa.
Certo.
018. (IESES/ANALISTA/PREFEITURA DE SÃO JOSÉ-SC/2020/ADAPTADA) Salvo cláusula 
em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do 
vendedor as da tradição.
É o art. 490 do CC:
Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do compra-
dor, e a cargo do vendedor as da tradição.
Certo.
019. (IESES/ANALISTA/PREFEITURA DE SÃO JOSÉ-SC/2020/ADAPTADA) Sob pena de nu-
lidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública pelos servidores públicos, em 
geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua adminis-
tração direta ou indireta.
É o inciso II do art. 497 do CC:
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
I – pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou 
administração;
II – pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que 
estejam sob sua administração direta ou indireta;
III – pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares 
da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde ser-
virem, ou a que se estender a sua autoridade;
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Contratos em Espécie – Parte I
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
IV – pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.
Certo.
020. (FCC/JUIZ/TJ-MS/2020/ADAPTADA) A compra e venda transfere o domínio da coisa 
pelo só fato da celebração do contrato.
O contrato de compra e venda gera apenas a obrigação de o vendedor transferir a coisa (art. 
481, CC). A transferência da coisa é um ato de execução do contrato (de adimplemento da obri-
gação) e ocorre de acordo com as regras previstas no Livro de Direito das Coisas. De acordo 
com essas regras, a transferência da coisa se dará, em regra, com o registro do instrumento do 
contrato de compra e venda no Registro de Imóveis no caso de bens imóveis ou com a tradição 
(=entrega) no caso de bens móveis, conforme arts. 1.226, 1.227, 1.245 e 1.267 do CC. Veja:
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de 
certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos 
entre vivos, só se adquirem com a tradição.
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só 
se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos ( arts. 1.245 a 
1.247), salvo os casos expressos neste Código.
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Regis-
tro de Imóveis.
§ 1º Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do 
imóvel.
§ 2º Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e 
o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.
Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto 
possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder 
de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico.
Errado.
021. (FCC/JUIZ/TJ-MS/2020/ADAPTADA) A compra e venda pode ter por objeto coisa atual 
ou futura; neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção 
das partes era a de concluir contrato aleatório.
É o art. 483 do CC:
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o 
contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório.
Certo.
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Contratos em Espécie – Parte I
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DIREITO CIVIL
022. (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE SÃO ROQUE-SP/2019/ADAPTADA) É nulo o 
contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixa-
ção do preço.
É o art. 489 do CC:
Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das 
partes a fixação do preço.
Certo.
023. (FCC/JUIZ/TJ-MS/2020/ADAPTADA) A compra e venda deve ter a fixação do preço efe-
tuada somente pelas partes, vedada a fixação por terceiros por sua potestividade.
A questão contraria art. 485do CC:
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo desig-
narem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contra-
to, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa.
Errado.
024. (FCC/JUIZ/TJ-MS/2020/ADAPTADA) A compra e venda não pode ter o preço fixado por 
taxa de mercado ou de bolsa, por sua aleatoriedade e incerteza.
A questão contraria art. 486 do CC:
Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e 
determinado dia e lugar.
Errado.
025. (FCC/JUIZ/TJ-MS/2020/ADAPTADA) A compra e venda é defesa entre cônjuges, em 
relação a bens excluídos da comunhão.
A questão contraria art. 499 do CC:
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão.
Errado.
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026. (FCC/JUIZ/TJ-MS/2020/ADAPTADA) Será nulo o contrato de compra e venda celebrado 
entre cônjuges casados sob o regime da separação de bens.
Como, no regime da separação de bens, não há bens comuns, mas apenas bens particulares, e 
como o art. 499 do CC permite compra e venda entre cônjuges com relação aos bens particu-
lares, não há a nulidade apontada na questão.
Errado.
027. (FGV/ADVOGADO/AL-RO/2018/ADAPTADA) É nula a venda de ascendente a descen-
dente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem 
consentido.
É anulável, e não nula, conforme art. 496 do CC:
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o 
cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens 
for o da separação obrigatória.
Errado.
028. (FUNDEP/PROMOTOR/MPE-MG/2019/ADAPTADA) A venda de coisa móvel ou imóvel 
de ascendente a descendente é anulável, sem o consentimento expresso dos outros descen-
dentes e do cônjuge do alienante.
Art. 496, CC.
Certo.
029. (FUNDEP/PROMOTOR/MPE-MG/2019/ADAPTADA) A proibição de venda de ascenden-
te a descendente não é absoluta, mas é aplicável à venda feita pelo avô ao neto.
Questão mal redigida e merecia ser anulada. Rigorosamente, não há uma proibição de venda 
de ascendentes a descendente, e sim apenas uma exigência adicional: consentimento dos ou-
tros descendentes e do cônjuge. Seja como for, o examinador considerou que haveria aí uma 
proibição não absoluta, visto que o negócio até pode ocorrer se obtido esses consentimentos. 
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DIREITO CIVIL
A questão não foi anulada por esse motivo, mas merecia. No mais, a questão está correta: ha-
vendo venda ao neto, é aplicável o art. 496 do CC, pois se trata de uma venda a descendente.
Certo.
030. (VUNESP/AUDITOR/PREFEITURA DE CAMPINAS-SC/2019/ADAPTADA) Maria vendeu 
a Joana um terreno certo e discriminado, localizado na esquina entre as Ruas “A” e “B”. O con-
trato previu o preço de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) e descrevia o terreno como tendo 
a extensão de 500 m², constando cláusula contratual prevendo que a descrição do imóvel era 
meramente enunciativa. Não constou expressamente do contrato que a venda seria ad corpus. 
Após formalizada a venda, Joana realizou um trabalho de topografia no imóvel e descobriu que 
o terreno tinha uma extensão real de 450 m². Nesse caso, pode-se corretamente afirmar que
a) apenas se for provado que o vendedor sabia da diferença, tendo agido de má-fé, haverá o di-
reito do comprador de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar 
a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço.
b) como não constou expressamente ter sido a coisa vendida ad corpus, bem como a diferença é 
superior a um vigésimo da área descrita, há direito do comprador de exigir o complemento da área, e, 
não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço.
c) não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, tendo em vista que o imóvel 
foi vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às 
suas dimensões, mesmo não constando, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus.
d) sempre que a descrição da área não corresponder à realidade, o comprador terá o direito de 
exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contra-
to ou abatimento proporcional ao preço.
e) não há o direito de exigir qualquer indenização porque a diferença não excede de um décimo 
da área total enunciada.
Na questão, como a referência à área do imóvel era meramente enunciativa, estamos diante 
de uma venda ad corpus, à luz da qual eventual descoberta posterior de diferença entre a área 
anunciada e a área real é irrelevante, o que atrai a letra “c” como gabarito (art. 500, § 3º, doo 
CC). Se, porém, a venda fosse ad mensuram, eventual diferença de área daria direitos à parte 
prejudicada na forma dos arts. 500, caput e § 2º, e 501 do CC. 
Veja o art. 500 do CC:
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a 
respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador 
terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução 
do contrato ou abatimento proporcional ao preço.
§ 1º Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença 
encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito 
de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio.
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Contratos em Espécie – Parte I
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DIREITO CIVIL
§ 2º Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida 
exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao 
preço ou devolver o excesso.
§ 3º Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como 
coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda 
que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus.
Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor ou o com-
prador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título.
Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante, a partir 
dela fluirá o prazo de decadência.
Letra c.
031. (CONSULPLAN/JUIZ/TJ-MG/2018/ADAPTADA) O vendedor pode executar a cláusula 
de reserva de domínio em razão do não pagamento integral do valor devido, independente de 
constituir o comprador em mora pelo protesto do título ou interpelação judicial.
A parte final contraria o art. 525 do CC:
Art. 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula dereserva de domínio após constituir o 
comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial.
Errado.
032. (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE SÃO ROQUE-SP/2019/ADAPTADA) No contra-
to de troca, é nula a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, independen-
temente do consentimento dos outros descendentes.
É anulável, e não nulo, conforme art. 533, II, do CC:
Art. 533. Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com as seguintes 
modificações:
I – salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despesas com 
o instrumento da troca;
II – é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento 
dos outros descendentes e do cônjuge do alienante.
Errado.
033. (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP/2019/ADAPTA-
DA) A quitação dada ao pagamento em escritura pública de compra e venda, mas que efetiva-
mente não ocorreu gera
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Contratos em Espécie – Parte I
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DIREITO CIVIL
a) nulidade do contrato.
b) inexistência do contrato.
c) rescisão do contrato.
d) presunção absoluta de pagamento.
e) presunção relativa de pagamento.
Escritura pública gera presunção relativa de veracidade quantos aos fatos nela consignados, 
de modo que cabe a produção de provas em sentido contrário. Veja este julgado do STJ:
CIVIL E PROCESSO CIVIL. JULGAMENTO EXTRA PETITA. INOCORRÊNCIA.
QUITAÇÃO DADA EM ESCRITURA PÚBLICA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL.
PRESUNÇÃO RELATIVA DE PAGAMENTO. ARTS. ANALISADOS: 460, CPC; 215, CC/02.
(...)
4. A presunção do art. 215 do CC/02 implica, de um lado, a desnecessidade de se provar 
os fatos contidos na escritura pública, à luz do que dispõe o art. 334, IV, do CPC, e, de 
outro, a inversão do ônus da prova, em desfavor de quem, eventualmente, suscite a sua 
invalidade.
5. A quitação dada em escritura pública gera a presunção relativa do pagamento, admi-
tindo a prova em contrário que evidencie, ao fim e ao cabo, a invalidade do instrumento 
em si, porque eivado de vício que o torna falso.
6. Recurso especial conhecido e desprovido.
(REsp 1438432/GO, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, DJe 19/05/2014)
Letra e.
034. (CESPE/AUDITOR DE CONTROLE INTERNO/CGE-CE/2019) O ato de entrega de bem 
móvel de consignante para consignatário, ficando este autorizado a vendê-lo pelo preço acor-
dado ou, se preferir, restituir o bem consignado, constitui hipótese de
a) retrovenda.
b) preempção.
c) venda a contento.
d) contrato estimatório.
e) doação.
É o art. 534 do CC:
Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que fica 
autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, 
restituir-lhe a coisa consignada.
Letra d.
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Contratos em Espécie – Parte I
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
035. (VUNESP/ADVOGADO/FITO/2020/ADAPTADA) Pelo contrato estimatório, o consig-
nante entrega bens móveis ou imóveis ao consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pa-
gando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa 
consignada.
É só sobre bens móveis, conforme art. 534 do CC:
Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que fica 
autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, 
restituir-lhe a coisa consignada.
Errado.
036. (VUNESP/ADVOGADO/FITO/2020/ADAPTADA) O consignatário se exonera da obriga-
ção de pagar o preço, se a restituição da coisa, em sua integridade, se tornar impossível, ainda 
que por fato a ele não imputável.
Não há essa exoneração, conforme art. 535 do CC:
Art. 535. O consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a restituição da coisa, 
em sua integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a ele não imputável.
Errado.
037. (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE SÃO ROQUE-SP/2019/ADAPTADA) No contra-
to estimatório, o consignatário exonera-se da obrigação de pagar o preço, se a restituição da 
coisa, em sua integridade, se tornar impossível.
Não há essa exoneração (art. 535, CC).
Errado.
038. (VUNESP/ADVOGADO/FITO/2020/ADAPTADA) A coisa consignada pode ser objeto 
de penhora ou sequestro pelos credores do consignatário, enquanto não pago integralmen-
te o preço.
É o contrário, conforme art. 536 do CC:
Art. 536. A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou sequestro pelos credores do con-
signatário, enquanto não pago integralmente o preço.
Errado.
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Contratos em Espécie – Parte I
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
039. (VUNESP/ADVOGADO/FITO/2020/ADAPTADA) O consignante não pode dispor da coi-
sa antes de lhe ser restituída ou de lhe ser comunicada a restituição.
É o art. 537 do CC:
Art. 537. O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou de lhe ser comuni-
cada a restituição.
Certo.
040. (VUNESP/ADVOGADO/FITO/2020/ADAPTADA) É anulável a consignação de bens de 
valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento dos outros descen-
dentes e do cônjuge do alienante.
Não há, na lei, essa previsão de anulabilidade para o contrato estimatório, o que torna a 
questão errada.
Errado.
041. (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE MAUÁ-SP/2019/ADAPTADA) Embora seja con-
trato unilateral e gratuito, qualquer liberalidade informal do doador gera direitos em favor do 
donatário, vinculando-se o doador, nesta hipótese, ao negócio jurídico.
A doação é negócio formal, pois, em regra, só pode ser feita por escrito (por escritura pública 
ou instrumento particular (art. 541, caput, CC). Excepcionalmente, admite-se a chamada “doa-
ção manual”, assim entendida aquela feita verbalmente com tradição imediata se o o bem for 
de pequeno valor (art. 541, parágrafo único, CC). A questão está errada por afirmar que “qual-
quer liberalidade informal” vincula o doador, pois, se doações que não observam a forma legal, 
são nulas e, portanto, não vinculam o doador.
Errado.
042. (CESPE/ANALISTA/PGE-PE/2019/ADAPTADA) Em qualquer hipótese, a doação verbal 
não é válida quando o objeto for bem móvel.
Contraria o art. 541, parágrafo único, do CC:
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se 
lhe seguir incontinenti a tradição.
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Contratos em Espécie – Parte I
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043. (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE SÃO ROQUE-SP/2019/ADAPTADA) A doação 
verbal não será válida se versar sobre bensmóveis e de pequeno valor e lhe seguir incontinenti 
a tradição.
É válida. Trata-se da doação manual. É o art. 541, parágrafo único, CC.
Errado.
044. (CONSULPLAN/TITULAR/CARTÓRIO TJ-MG/2019/ADAPTADA) O contrato de doação, 
por si só, não opera a transferência da propriedade.
O contrato de doação gera apenas a obrigação de o doador transferir a coisa (art. 538, CC). A 
transferência da coisa é um ato de execução do contrato (de adimplemento da obrigação) e 
ocorre de acordo com as regras previstas no Livro de Direito das Coisas. De acordo com essas 
regras, a transferência da coisa se dará, em regra, com o registro do instrumento do contrato de 
compra e venda no Registro de Imóveis no caso de bens imóveis ou com a tradição (=entrega) 
no caso de bens móveis, conforme arts. 1.226, 1.227, 1.245 e 1.267 do CC. Veja o art. 538 do CC:
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu 
patrimônio bens ou vantagens para o de outra.
Certo.
045. (FUNDEP/PROMOTOR/MPE-MG/2019/ADAPTADA) A venda de ascendente para des-
cendente não se submete ao instituto da colação.
A colação alcança apenas doações, e não a compra e venda, conforme arts. 544 e 2.002 do CC:
Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamen-
to do que lhes cabe por herança.
Art. 2.002. Os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente comum são obrigados, para 
igualar as legítimas, a conferir o valor das doações que dele em vida receberam, sob pena de sonegação.
Parágrafo único. Para cálculo da legítima, o valor dos bens conferidos será computado na parte 
indisponível, sem aumentar a disponível.
Certo.
046. (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE SÃO ROQUE-SP/2019/ADAPTADA) A doação 
de ascendentes a descendentes não importa adiantamento do que lhes cabe por herança.
É o contrário (art. 544, CC).
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Contratos em Espécie – Parte I
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047. (CESPE/JUIZ/TJ-DFT/2014/ADAPTADA) Considerar-se-á aceita a doação com encar-
go se o donatário não se manifestar dentro do prazo concedido pelo doador para a aceita-
ção do bem.
Não há esse consentimento tácito com o silêncio se a doação contiver encargo, conforme art. 
539 do CC:
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Des-
de que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, 
se a doação não for sujeita a encargo.
Errado.
048. (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE SÃO ROQUE-SP/2019/ADAPTADA) Se o 
donatário for absolutamente incapaz, é indispensável a aceitação, desde que se trate de 
doação pura.
É dispensável, conforme art. 543 do CC:
Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, desde que se trate de 
doação pura.
Errado.
049. (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE SÃO ROQUE-SP/2019/ADAPTADA) A doação 
feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal.
É o art. 542 do CC:
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal.
Certo.
050. (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE SÃO ROQUE-SP/2019/ADAPTADA) A doação 
do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge até cinco anos de-
pois de dissolvida a sociedade conjugal.
O prazo é de dois anos, e não de cinco anos. Veja o art. 550 do CC:
Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por 
seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.
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Contratos em Espécie – Parte I
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
051. (CESPE/JUIZ/TJ-PA/2019) Daniel, casado sob o regime de comunhão parcial de bens e 
pai de uma filha, manteve um relacionamento extraconjugal até falecer. No período desse re-
lacionamento, deu de presente de aniversário à concubina um automóvel que havia adquirido 
antes do casamento. No dia do enterro de Daniel, a concubina compareceu ao velório e deu à 
esposa e à filha de Daniel conhecimento da relação extraconjugal que manteve com ele e da 
doação realizada.
Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta, conforme o Código Civil.
a) A doação realizada foi perfeita e eficaz, não cabendo questionamento sobre o negócio jurí-
dico, haja vista o regime de bens adotado pelos cônjuges e a natureza do bem doado.
b) Apenas a filha do x poderá mover ação anulatória da doação, no prazo decadencial de dois 
anos, contados do falecimento de Daniel.
c) A viúva ou a filha do de cujus poderão mover ação anulatória da doação, no prazo decaden-
cial de dois anos, contados do falecimento de Daniel.
d) A viúva ou a filha do de cujus poderão mover ação anulatória da doação, no prazo prescricio-
nal de dois anos, contados do falecimento de Daniel
e) A viúva ou a filha do de cujus poderão mover ação anulatória da doação, no prazo prescricio-
nal de dez anos, contados do falecimento de Daniel.
Como a data do falecimento de Daniel foi a data da dissolução da sociedade conjugal, é a 
partir daí que começa a correr o prazo decadencial de 2 anos para a anulação da doação nos 
termos do art. 550 do CC. O gabarito é “C”.
Letra c.
052. (CONSULPLAN/TITULAR/CARTÓRIO TJ-MG/2019/ADAPTADA) Na doação, a cláusula 
de reversão por premoriência do donatário pode ser estipulada em favor de terceiro a quem o 
doador designar.
É vedada a cláusula de reversão em favor de terceiro, conforme parágrafo único do art. 
547 do CC:
Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao 
donatário.
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro.
Errado.
053. (CONSULPLAN/TITULAR/CARTÓRIO TJ-MG/2019/ADAPTADA) É nula a doação de to-
dos os bens do doador, sem reserva de parte, ou renda suficiente para a sua subsistência.
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Contratos em Espécie – Parte I
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
É o art. 548 do CC, que veda a chamada “doação universal”:
Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsis-
tência do doador.
Certo.
054. (IADES/PROCURADOR/AL-GO/2019/ADAPTADA) A doação pode ser revogada por in-
gratidão do donatário, ou por inexecução do encargo.
É o art. 555 do CC:
Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do encargo.
Certo.
055. (CONSULPLAN/TITULAR/CARTÓRIO TJ-MG/2019/ADAPTADA) Só o doador tem legi-
timidade para propor a ação de revogação da doação, mas os herdeiros podem prosseguir na 
ação iniciada pelo doador.
É o art. 560 do CC:
Art. 560. O direito de revogar a doação não se transmite aos herdeiros do doador, nem prejudica os 
do donatário. Mas aqueles podem prosseguir na ação iniciada pelo doador, continuando-a contra os 
herdeiros do donatário, se este falecer depois de ajuizada a lide.
Certo.
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Carlos Elias
DIREITO CIVIL
GABARITO
17. C
18. C
19. C
20. E
21. C
22. C
23. E
24. E
25. E
26. E
27. E
28. C
29. C
30. c
31. E
32. E
33. e
34. d
35. E
36. E
37. E
38. E
39. C
40. E
41. E
42. E
43. E
44. C
45. C
46. E
47. E
48. E
49. C
50. E
51. c
52. E
53. C
54. C
55. C
Carlos Elias
Consultor Legislativo do Senado Federal em Direito Civil, Processo Civil e Direito Agrário (único aprovado no 
concurso de 2012). Advogado. Professor em cursos de graduação, de pós-graduação e de preparação para 
concursos públicos em Brasília, Goiânia e São Paulo. Ex-membro da Advocacia-Geral da União (Advogado 
da União). Ex-Assessor de Ministro do STJ. Ex-técnico judiciário do STJ. Doutorando e Mestre em Direito 
pela Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito na UnB (1º lugar em Direito no vestibular da UnB 
de 2002). Pós-graduado em Direito Notarial e de Registro. Pós-Graduado em Direito Público. Membro do 
Conselho Editorial da Revista de Direito Civil Contemporâneo.
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	Apresentação
	Contratos em Espécie – Parte I
	1. Considerações Gerais sobre Contratos em Espécie
	2. Compra e Venda
	2.1. Definição
	2.2. Legislação e Caso de Venda de Imóveis
	2.3. Elementos do Contrato de Compra e Venda
	2.4. Venda para Descendente
	2.5. Diferença de Área na Aquisição de Imóveis
	2.6. Cláusulas Especiais da Compra e Venda
	3. Permuta
	4. Contrato Estimatório
	4.1. Definição
	4.2. Há Transferência da Propriedade ao Consignatário?
	4.3. Impenhorabilidade do Bem por Dívida do Consignatário
	4.4. Transferência dos Riscos da Coisa para o Consignatário (Res Perit Emptoris)
	4.5. Prazo do Contrato Estimatório
	4.6. Formas de Restituição da Coisa pelo Consignatário
	5. Doação
	5.1. Definição
	5.2. Quem Pode ser Doador?
	5.3. Quem Pode ser Donatário?
	5.4. Aceitação do Donatário
	5.5. Objeto da Doação
	5.6. Forma e a Doação Manual
	5.7. Espécies de Doação
	5.8. Doação e a Proteção da Legítima
	5.9. Revogação da Doação
	Questões de Concurso
	Gabarito
	AVALIAR 5: 
	Página 53:

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