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UNIDADE IV Direito Individual do Trabalho - Contrato de Trabalho 2 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Edição, revisão e diagramação: Equipe de Desenvolvimento de Material Didático EaD _______________________________________________________________________ Slusarenko, Natacha. Direito Individual do Trabalho - Contrato de Trabalho : Unidade 4 Recife: Grupo Ser Educacional, 2019. _______________________________________________________________________ Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 3 SUMÁRIO DANO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO ..................................................... 4 Competência da Justiça do Trabalho para julgar situações de Dano Moral ................ 6 Valor da Indenização por Dano Moral - Reforma Trabalhista .......................................... 7 Espécies de Dano Moral ......................................................................................................... 9 ASSÉDIO MORAL ......................................................................................................... 10 4 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO - CONTRATO DE TRABALHO UNIDADE 4 PALAVRAS DO PROFESSOR Olá querido (a) aluno (a), como vai? Agora que você já aprendeu sobre vários assuntos nas unidades anteriores, como por exemplo, remuneração e salário, você aprenderá nesta unidade sobre danos morais nas relações de trabalho. O tema é importante, pois, além de ser muito atual, reflete pontos de alteração da Lei 13.467/2017 - Reforma Trabalhista. Preparado (a)? Bons estudos! ORIENTAÇÕES DA DISCIPLINA Prezado (a) estudante, este material é um guia para auxiliar o estudo da disciplina. Além dele, você terá o livro texto para estudo, disponível na plataforma virtual. Também terá acesso a muitos exercícios e leituras adicionais. Sugiro que você fique atento a todo o material disponível, referente à disciplina Direito Individual do Trabalho II. Você deve fazer a leitura de todos os materiais textuais indicados neste guia de estudo, assim como deve assistir aos vídeos sugeridos ao longo deste material. Pronto? Então vamos lá! Você já deve ter ouvido diversas vezes as expressões dano moral e assédio moral, não é verdade? Mas qual é a diferença entre esses dois institutos? Estas e outras questões serão abordadas neste guia de estudos. DANO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Vamos começar com o conceito de Dano Moral. Trata-se de um dano à vítima que não atinge seu patrimônio, mas sua dignidade, seu pudor, sua segurança e tranquilidade, seu amor próprio, a integridade de sua inteligência e suas afeições. Portanto, o dano moral é imaterial, e chamado, também, de Dano Extrapatrimonial. 5 O dano moral decorre da prática de um ato ilícito, realizado, seja por dolo – (com intenção) – ou culpa – (sem intenção). O dano moral já foi tema de inúmeros debates. Hoje, está previsto na Constituição Federal (art. 5º, V e X), tendo como fundamento o princípio da dignidade da pessoa humana, também previsto na CF. (art. 1º, III). Vamos aos dispositivos: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. “Art. 5º, X, CRFB: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.” Nas relações de trabalho, é frequente o pedido de dano moral pelos empregados. Como exemplo tem-se a inclusão de seus nomes em “lista Negra”, a realização de revistas íntimas, anotações desabonadoras nas carteiras de trabalho, etc. Quanto às anotações desabonadoras na CTPS, saiba que o artigo 29, § 4º, da CLT as proíbe. Por desabonadora, entende-se a anotação caluniosa ou discriminatória, mesmo que de forma indireta. Isso porque, o empregado nessa situação enfrenta muita dificuldade para conseguir um novo emprego. EXEMPLO Imagine que o empregado tenha sido demitido em razão da prática de um ato de desonestidade (improbidade) ou por ter xingado o empregador. Por estas hipóteses estarem tipificadas no artigo 482 da CLT, geram demissão por justa causa, mas o empregador não pode anotar na CTPS que “o empregado foi demitido porque roubou uma ferramenta da empresa” ou “o empregado foi demitido porque xingou o empregador”. Estes atos ilícitos do empregado podem sim lhe gerar penalidades, como o pagamento de indenizações, por exemplo, mas, repito, tais condutas não podem ser anotadas na carteira. Vejamos o artigo 29 §4º da CLT: Art. 29 - A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente apresentada, contra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, o qual terá o prazo de quarenta e oito horas para nela anotar, especificamente, a data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, sendo 6 facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho. § 4º - É vedado ao empregador efetuar anotações desabonadoras à conduta do empregado em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social. Se o empregador descumprir o artigo 29 §4º e efetuar uma anotação desabonadora, estará sujeito à indenização por danos morais e multa administrativa, que podem ser requeridas judicialmente pelo empregado. O pagamento da multa está previsto no artigo 52 da CLT, a saber: O extravio ou inutilização da Carteira de Trabalho e Previdência Social por culpa da empresa sujeitará esta à multa de valor igual a metade do salário mínimo regional. Competência da Justiça do Trabalho para julgar situações de Dano Moral Antes da Emenda Constitucional 45/2004, a competência para julgar ações de indenização por dano moral não era da Justiça do Trabalho, mas da Justiça Comum. Com a EC 45/2004, ampliou-se a esfera de atuação da Justiça do Trabalho, que passou a julgar tais questões, ou seja, atualmente, se o empregado tem um problema correlacionado a dano moral, este deve recorrer à Justiça do Trabalho. Para você compreender melhor o assunto, seguem algumas decisões proferidas nos Tribunais. Vamos lá? Veja na Prática DANO MORAL – REFERÊNCIAS DESABONADORAS A IMAGEM DO EMPREGADO – PERÍODO PÓS-CONTRATUAL – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO – A Justiça do Trabalho detém competência para julgar pleito de danos morais pretensamente causados por referências desabonadoras prestadas a terceiros a respeito do trabalhador, porquanto alusivas ao contrato de trabalho, ainda que concretizadas em período pós-contratual. Não é, a rigor, o momento da ofensa o fator determinante na fixação da competência, mas a natureza da relação contratual da qual decorre o dano, a teor da Súmula nº 392 do TST e do art. 114, inc. VI, da Constituição Federal. (TRT 9ª - Processo nº. 160200417903 PR 160-2004-17-9-0-3, publicado em 19/07/2015). Logo, como vimos, a Justiça do Trabalho é competente para julgar processos em que há pleito de assédio moral. Vamos analisar, também, alguns julgados que determinaram o pagamento de indenização por exposição do funcionário a situações vexatórias. Veja só: DANO MORAL – EMPREGADO SUBMETIDO A SITUAÇÕES VEXATÓRIAS – REPARAÇÃO A SER EFETUADA ATRAVÉS DO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO – Para que haja condenação ao pagamento de indenização por dano moral, que tem como substrato a responsabilização subjetiva contemplada no art. 186 do Código Civil, imperativa se torna a existênciade ação ou omissão 7 do agente ou de terceiros (responsabilidade in eligendo), de dolo ou culpa dessas pessoas, de nexo causal e de lesão extrapatrimonial. Demonstrado nos autos que o autor era submetido a situações vexatórias em relação aos demais empregados, abalando a sua autoestima, e que há o nexo causal entre as atividades desempenhadas e o dano, impõe-se a correspondente reparação. Como vimos diversas vezes nos guias de estudo anteriores, mormente na Unidade I, o empregado é parte hipossuficiente da relação laboral. Em virtude disso, o dano moral deve ter caráter sancionatório (de punição) para o empregador e compensatório (de indenização) para o empregado. Você deve estar se perguntando: E quanto aos valores? Como são fixadas as indenizações por dano moral? Existe um parâmetro para isso? Vamos às respostas no capítulo que começa a partir de agora... Valor da Indenização por Dano Moral - Reforma Trabalhista Como dito, o valor da condenação por danos morais deve ser suficiente para indenizar o empregado e desestimular a prática de novos delitos por parte dos empregadores, ou seja, não pode ser irrisório. A atribuição de valor ao Dano Moral sempre foi competência do juiz, porém, antes da Reforma Trabalhista - Lei 13.467/2017, o magistrado não tinha parâmetros para atribuir tais valores, podendo fazer livremente, de acordo com sua convicção. Com a entrada em vigor da Reforma Trabalhista, o magistrado continua sendo responsável pela fixação do valor ao dano, porém, deve respeitar os critérios do artigo 223 G da CLT. Agora, a quantia é definida de acordo com a gravidade do dano e o salário contratual do ofendido. Assim: Art. 223-G - Ao apreciar o pedido, o juízo considerará: I - a natureza do bem jurídico tutelado; II - a intensidade do sofrimento ou da humilhação; III - a possibilidade de superação física ou psicológica; IV - os reflexos pessoais e sociais da ação ou da omissão; V - a extensão e a duração dos efeitos da ofensa; VI - as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo moral; VII - o grau de dolo ou culpa; VIII - a ocorrência de retratação espontânea; IX - o esforço efetivo para minimizar a ofensa; X - o perdão, tácito ou expresso; XI - a situação social e econômica das partes envolvidas; 8 XII - o grau de publicidade da ofensa. § 1o Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indenização a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação: I - ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário contratual do ofendido; II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário contratual do ofendido; III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do ofendido; IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário contratual do ofendido. § 2o - Se o ofendido for pessoa jurídica, a indenização será fixada com observância dos mesmos parâmetros estabelecidos no § 1o deste artigo, mas em relação ao salário contratual do ofensor. PARA REFLETIR Saiba que, estimado (a) aluno (a), a inclusão desse dispositivo na Reforma Trabalhista tem gerado inúmeras discussões, principalmente no sentido de que fere o princípio da isonomia (igualdade), isso porque, uma pessoa que ganha R$ 1.000 (mil reais) e sofre um acidente gravíssimo, será indenizada em 50.000. Já alguém que ganha 50.000 e sofre o mesmo acidente gravíssimo, receberá o correspondente a 500.000. Logo, questiona-se o seguinte: Por que, diante do mesmo acidente, uma pessoa recebe 50.000 e a outra 500.000? Isso nos leva a uma importante reflexão, não é verdade? LEITURA COMPLEMENTAR O site migalhas publicou um excelente artigo sobre o dano moral na reforma trabalhista e sua inconformidade constitucional. Acesse o link abaixo e não deixe de fazer a leitura: LINK 9 Espécies de Dano Moral Agora, você estudará as espécies de Dano Moral. Os conceitos citados abaixo estão previstos no Código de Defesa do Consumidor – CDC, e são utilizados na esfera trabalhista de forma subsidiária. Conheça-os: 1. Danos Morais Coletivos: Segundo Tartuce, Neves e Assunção, Daniel Amorim. (2018), os danos morais coletivos estão presentes quando há violação a direitos da personalidade em seu aspecto indivi- dual homogêneo ou coletivo em sentido estrito, em que as vítimas são determinadas ou determináveis (correspondem ao art. 81, parágrafo único, incisos II e III do CDC). A indenização é destinada a elas, víti- mas, diferentemente do dano social. O Superior Tribunal de Justiça tratou do dano moral coletivo no Re- curso Especial 866.636/SP, DJ 06/12/2007, a 3ª Turma do STJ no conhecido caso das “pílulas de farinha. Lembram-se? As pílulas anticoncepcionais eram confeccionadas de farinha, o que lesou uma coletividade e gerou indenização às vítimas, de forma individual. 2. Dano Social: Segundo Tartuce, Neves e Assunção, Daniel Amorim, dano social é aquele que cau- sa um rebaixamento no nível de vida da coletividade e que decorre de conduta socialmente reprovável. Tal tipo de dano dá-se quando as empresas praticam atos negativamente exemplares, ou seja, condutas corriqueiras que causam mal-estar social. Envolvem interesses difusos e as vítimas são indeterminadas ou indetermináveis (correspondem ao art. 81, parágrafo único, inciso I do CDC). Tal dano foi caracterizado na Cidade de Brumadinho, munícipio de Minas Gerais em janeiro desse ano. Veja na íntegra o art. 81 do CDC: Art. 81 - A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum. 3. Danos Morais pela Perda de uma Chance: Consistem no abalo emocional gerado por uma chance frustrada que traria grandes benefícios à parte. Na área trabalhista, um exemplo bastante comum ocorre quando a pessoa é contratada para um emprego e, por isso, deixa seu trabalho atual. Depois, a nova em- 10 presa “muda de ideia” e dispensa o funcionário. Isso lhe acarreta prejuízos de cunho material para com a empresa antiga, e, também, a nítida perda de uma chance, gerando, consequentemente, dano moral. OUTROS EXEMPLOS Advogado que se propõe a mover uma ação e perde o prazo. Empresa que se compromete a contratar funcionário e, após este pedir demissão de seu emprego “atual”, muda de ideia e não o contrata mais. ASSÉDIO MORAL Assédio Moral consiste na exposição de funcionários a situações humilhantes, vexatórias repetitivas. Pode ocorrer de forma vertical (do superior hierárquico para com o funcionário ou deste para aquele) ou até mesmo de forma horizontal (entre os próprios colegas de trabalho). Neste caso, compete à empresa fiscalizar os funcionários e estar atenta a eventuais danos que possam ocorrer no ambiente laboral. 1. Como se caracteriza assédio moral? Existem alguns critérios necessários à caracterização do assédio moral. Abaixo, vamos inserir os conceitos e exemplificar cada um deles. A) A realização ou não de ato abusivo ou hostil Nos termos do Código Civil e do Código de Defesa do Consumidor, o assédio moral se caracteriza pela ação ou omissão de atos abusivos, (art. 186 a 188 do Código Civil) realizados de forma repetitiva durante determinado período. Vejamos os artigos correspondentes: Art.186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. 11 EXEMPLOS • A empresa pratica assédio moral quando o empregador atua com excesso de poder diretivo e humilha o funcionário frente aos demais colegas. Exemplo: Chefe que grita com o funcionário, xingando-o. • Chefe / Empresa que impõe metas abusivas reiteradamente; • Exemplo: Empresa que penaliza o funcionário por não atingir as metas e obriga-o a vestir fantasias e vestimentas diferentes. B) Repetição Como vimos, a repetição deve estar presente para caracterização de assédio moral. Isso porque, uma conduta isolada pode não ser entendida como prejudicial ao funcionário. A repetição “desestabiliza” a vítima psicologicamente, e, como consequência, tem-se o aparecimento de doenças, mortes e até mesmo suicídio. C) Frequência e Duração Para que haja a caracterização de assédio moral, é preciso que as condutas sejam frequentes e duradouras. Aí você vai me perguntar: Mas o que seria uma conduta duradoura? Tudo vai depender do caso concreto e da análise do magistrado do trabalho, que, como vimos, tem competência para julgar as questões atinentes ao assédio moral. LEITURA COMPLEMENTAR É muito importante que você faça a leitura complementar dos artigos mencionados neste guia de estudo, sobretudo do artigo Art. 114, IV da CRFB e Arts. 186 a 188, e 927, ambos do CC, além, também, do artigo 223-G da CLT. A Folha de São Paulo publicou, também, uma lista com 7 filmes que retratam cenas de assédio moral no trabalho. Caso você queira refletir sobre o assunto e descansar ao mesmo tempo, deixo o link abaixo: LINK Recomendo, também, o livro do professor Gustavo Filipe Barbosa Garcia – Assédio Moral - Violência Psicológica no ambiente de trabalho, Editora Juspodium – 3ª Edição. Segue o LINK e faça a leitura. 12 PARA RESUMIR Dano Moral é uma modalidade do Dano Extrapatrimonial, que atinge diretamente a dignidade da pessoa humana, causando qualquer sofrimento humano que não é causado por uma perda pecuniária, e abrange todo atentado à reputação da vítima, à sua autoridade legítima, ao seu pudor, à sua segurança e tranquilidade etc. O assédio moral se define pela intenção de uma ou mais pessoas praticarem, por ação, ou deixarem de praticar por omissão, de forma reiterada ou sistemática, atos abusivos ou hostis, de forma expressa ou não, contra uma ou mais pessoas, no ambiente de trabalho, durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, principalmente por superiores hierárquicos. Com a Reforma Trabalhista a fixação do Dano Moral será calculada pelo Juízo do Trabalho, com observância nos requisitos do art. 223-G da CLT. PARA PESQUISAR Para estudar o assunto de modo mais aprofundado, indico pesquisar nestas duas fontes: CLT Comentada. Curso de Direito do Trabalho, do doutrinador Carlos Henrique Bezerra Leite. (LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo. Saraiva, 10ª Ed., 2018). Bons Estudos! Boa pesquisa! PARA REFLETIR Para finalizar, colaciono aqui algumas decisões jurisprudenciais interessantes e recentes para reflexão: TRT-3 – Recurso Ordinário Trabalhista RO 001054369201650300740010543- 69.2016.5.03.0074 (TRT – 3) Data de Publicação: 19/02/2018 Ementa: JORNADA DE TRABALHO EXAUSTIVA. DIREITO AO LAZER. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. O Direito ao Trabalho Transcende o campo das relações econômicas laborais. Consiste numa forma de realização material e espiritual do ser humano. Refere-se à dignidade do trabalhador, sujeito do qual emana a força do trabalho, e a valores indisponíveis, em especial aqueles pertencentes à esfera da personalidade, dado que funciona como identificação do indivíduo na sociedade. Assim, é justo que o 13 obreiro tenha assegurado o exercício do direito ao lazer, como necessidade biológica, dispondo de tempo livre para o repouso do seu organismo, e como meio à convivência humana, no seio de sua família e na inserção na comunidade em que vive. A jornada de trabalho excessiva, ao tolher o trabalhador do convívio familiar e social, viola o direito ao lazer e ao descanso, caracterizando dano moral passível de reparação. Encontrado em: Décima Primeira turma. RECURSO ORDINÁRIO TRABALHISTA RO 001054369201650300740010543-69.2016.5.03.0074 (TRT – 3) Adriana Goulart de Sena Orsini. Comentário: No caso acima, o Recorrente (Reclamante) ingressou com a ação pedindo indenização por Danos Morais, em decorrência de sua exaustiva Jornada de Trabalho, o que inviabilizava seu direito ao lazer. O art. 6º da CRFB traz em seu rol de direitos sociais o direito ao lazer, razão pela qual fixou-se a indenização. Acesse a decisão completa no link: https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/ busca?q=Dano+Moral+em+Direito+do+Trabalho Clique em pesquisa por acórdão e digite o número mencionado no topo da decisão. Anote esta dica, pois assim, você poderá pesquisar diversas outras decisões. TRT – 17 – RECURSO ORDINÁRIO TRABALHISTA RO 00001792420175170006 (TRT – 17) Data de publicação: 04/07/2018 Ementa: DANO MORAL. No Direito do Trabalho, o dano moral decorre da violação dos direitos da personalidade do empregado, tais como a imagem, a intimidade e a honra objetiva e subjetiva. Assim, sendo constatado que a conduta perpetrada pelo ex-empregador é violadora desses direitos incomensuráveis, imperioso é fixar uma indenização que, cotejando a capacidade econômica das partes, tenha caráter pedagógico e preventivo, de modo a desestimular a prática de outros atos lesivos aos direitos de personalidade dos trabalhadores. Encontrado em: Acordam os magistrados da 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região, na Sessão Ordinária...multa prevista no art. 477 da CLT, além de condenar a reclamada no pagamento de indenização por danos...morais pela mora salarial reiterada, equivalente a R$ 10.000,00 (dez mil reais). Comentário: No caso acima, o Recorrente (Reclamante) ingressou com a ação pedindo indenização por Danos Morais em decorrência do sua ex-empregadora ter violado sua personalidade. Os nobres julgadores condenaram a reclamada ao pagamento de uma multa estipulada em lei, e danos morais equivalentes a R$ 10.000,00 (dez mil reais). Acesse a decisão completa no link: https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/ busca?q=Dano+Moral+em+Direito+do+Trabalho Clique em pesquisa por acórdão e digite o número mencionado no topo da decisão. Anote esta dica, pois assim, você poderá pesquisar diversas outras decisões. 14 DICA Uma dica para você complementar os estudos é fazer a leitura do artigo O dano moral na reforma trabalhista. Inconformidade constitucional, publicado por Renata Fleury no site migalhas de peso. Segue o LINK Boa Leitura! PALAVRAS FINAIS DO PROFESSOR Chegamos ao fim da última unidade da disciplina Direito Individual do Trabalho. Agora você já é capaz de compreender os principais conceitos e características do Dano Moral e Assédio Moral nas relações de Trabalho. Trata-se de um tema extremamente atual e importante, principalmente em razão das novidades trazidas pela Lei 13.467/2017. Espero que você tenha gostado desta disciplina e desejamos muito sucesso na sua vida acadêmica e profissional! ACESSE O AMBIENTE VIRTUAL Lembre-se de acessaro Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e responder as atividades avaliativas, visto que elas são essenciais para fortalecer o seu aprendizado. Em caso de dúvida (s), consulte o (a) tutor (a). Ele (a) está à disposição para ajudá-lo (a) no que for necessário. 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASSAR. Volia Bonfim. Direito do Trabalho de acordo com a Reforma Trabalhista. Ed. Método., 16ª Ed., 2018. FILHO, Carlos Alberto Bittar SOUTO, Rafael Tonassi; LINHARES, Aryanna; SARAIVA, Renato. CLT comentada. 22ª Ed. Juspodium, atualizada até 21.06.2018. DELGADO. Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo. LTr. 17ª Ed., 2018. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo. Saraiva, 10ª Ed., 2018. RESENDE. Ricardo. Curso de Direito do Trabalho. Editora Método. 7ª Ed. 2017. TARTUCE, Flávio. NEVES, Daniel Amorim Assunção. Manual de Direito do Consumidor. Editora Método. 7ª Edição. 2018
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