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Sistemas de numeração: evolução histórica e sistema de numeração decimal APRESENTAÇÃO O sistema de numeração decimal é um bem cultural de grande importância. Por estar há tanto tempo presente na sociedade moderna, em diferentes países, é comum que se acredite que sempre foi assim. Mesmo para quem conhece a história da evolução dos sistemas numéricos, é normal esquecer os caminhos que a humanidade já percorreu nesse tema. É quase impensável a possibilidade de que a sociedade moderna volte a utilizar sistemas em desuso, como o sistema de numeração romano. Ou, ainda, que seja capaz de conceber um sistema numérico mais simples e útil que o atual sistema decimal. Obviamente, existem outros sistemas em uso, seja por valia cultural ou mesmo empregados na tecnologia, como o sistema binário. No caso da valia cultural, preserva-se um bem, o sistema numérico, em prol da cultura de um povo. Já quanto ao emprego tecnológico do sistema de base binária, por exemplo, para os processadores, lidar com apenas dois algarismos e impulsos pode facilitar o processo. Porém, para as operações manuais e para a representação visual, esse sistema não seria conveniente. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver a história dos sistemas de numeração até o atual sistema decimal, bem como irá reconhecer a organização dos algarismos na formação de um número nesse sistema. Por fim, você vai identificar o princípio posicional que faz com que seja possível escrever qualquer número usando os mesmos algarismos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever a evolução histórica do sistema de numeração.• Reconhecer a organização do sistema de numeração decimal.• Identificar o posicionamento dos números de acordo com seus agrupamentos e trocas.• DESAFIO Os algarismos utilizados para representar números são símbolos que, por construção cultural e por consequência da escolarização, passaram a ter um significado, um valor. Contudo, ao longo da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental, essa construção de significado faz com que o aluno tenha dificuldades de abstração dos números. Esse problema pode ser visualizado quando o aluno passa a utilizar letras para representar números desconhecidos. Neste Desafio, reconstruindo o valor histórico desses algarismos, determine, na divisão acima, os números da operação e o número que completa a lacuna. INFOGRÁFICO A escrita numérica evoluiu ao longo da História. Sendo assim, essa representação escrita do pensamento matemático ficou cada vez mais rica e complexa. Veja, no Infográfico, os passos dessa evolução. Confira. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! CONTEÚDO DO LIVRO Denomina-se sistema de numeração o conjunto dos símbolos e de regras que permitem representar qualquer número. Os sistemas de numeração, por definição, aparecem juntamente com o surgimento dos símbolos que representam os números. Leia o capítulo Sistemas de numeração: evolução histórica e sistema de numeração decimal, do livro Metodologia do ensino da Matemática, para conhecer a evolução da escrita numérica e a organização do sistema decimal. Boa leitura. METODOLOGIA DO ENSINO DA MATEMÁTICA Tiago Loyo Silveira Sistemas de numeração: evolução histórica e sistema de numeração decimal Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever a evolução histórica do sistema de numeração. Reconhecer a organização do sistema de numeração decimal. Identificar o posicionamento dos números de acordo com seus agru- pamentos e trocas. Introdução O sistema de numeração decimal é um bem cultural de tamanha impor- tância e está há tanto tempo presente em diferentes países que é comum se acreditar que sempre foi assim. Mas houve toda uma evolução para que ele fosse tão utilizado no mundo todo. Além disso, como você pode imaginar, existem outros sistemas em uso, seja por valia cultural ou mesmo devido à tecnologia, como no caso do sistema binário. Neste capítulo, você vai conhecer a história dos sistemas de nume- ração e ver como surgiu o atual sistema decimal. Você também vai ver a organização dos algarismos na formação de um número nesse sistema. Além disso, vai conhecer o princípio posicional, que possibilita escrever qualquer número usando os mesmos algarismos. Evolução histórica do sistema de numeração Um sistema de numeração é um conjunto de símbolos e regras que permitem representar qualquer número. Os sistemas de numeração, por defi nição, surgem junto aos símbolos que representam os números. O osso Ishango (Figura 1), por exemplo, um dos objetos matemáticos mais antigos de que se têm registro, possui uma organização para seus entalhes. Estudiosos desconfiam haver dois sistemas de numeração, simultaneamen- te, no Bastão de Ishango, pois estudando o sistema baali (etnia do Alto Congo), 4 e 6 são os números de base. O papel do 10, base do sistema de numeração decimal, é desempenhado pelo 24 (4 × 6). Quando o 576 (242) é obtido, é inventada uma nova palavra e o método de contagem recomeça desde o início. Os ndaaka (etnia do noroeste do Congo) misturam as bases 10 e 32; o 10 é conhecido como bokuboku; o 12 por bokuboku no bepi (10 + 2); o 32 é edi; o 64 é edibepi (32 × 2), entre outros (SANTOS, 2016, documento on-line). Figura 1. Osso Ishango. Fonte: Santos (2016, documento on-line). Existem diferentes correntes de historiadores e matemáticos que buscam apreender a lógica por trás dos riscos no osso Ishango, mas é quase certo que existe algum tipo de organização para os agrupamentos. Mesmo em situações extremamente rudimentares, o homem realiza processos de agrupamentos lógicos. Um exemplo é a contagem de grandes quantidades de objetos: é Sistemas de numeração: evolução histórica e sistema de numeração decimal2 comum que crianças, ao realizarem operações algébricas maiores, façam representações com riscos e os agrupem. Presos e náufragos, reais ou fictícios, têm o mesmo costume. Esse tipo de agrupamento facilita não só a visualização, mas, sendo múltiplo de cinco, facilita também a contagem nos dedos das mãos. Ou seja, juntamente aos símbolos para representar quantidades, o homem desenvolveu formas de facilitar a leitura e a ordenação. Esses fenômenos são os sistemas de numeração. Ao longo da história da humanidade, diferentes povos usaram sistemas de numeração distintos. Nem todos sofreram influência externa. Alguns surgiram dentro de determinada cultura e despareceram junto a ela. Já outros sofreram influência externa de diferentes culturas e sistemas. Assim, se adaptaram ou evoluíram de acordo com a necessidade. A seguir, você vai conhecer alguns sistemas de numeração e os algaris- mos utilizados por eles. Porém, você deve ter em mente que existem muitos registros de sistemas numéricos e seus diferentes algarismos. Para começar, observe a Figura 2, a seguir. Figura 2. Algarismos de diferentes civilizações — escrita do numeral 7 por diferentes povos. Fonte: Bezerra (2016, documento on-line). Sistema de numeração egípcio Segundo Gonçalves (c2018), a civilização egípcia se estendeu por um período extremamente longo da história da humanidade. Talvez, tratada como império 3Sistemas de numeração: evolução histórica e sistema de numeração decimal ou civilização superior, pelo maior período de que se tem registro (quase toda a Antiguidade). A história do Antigo Egito registra que seu império durou mais de 3 mil anos, bem mais tempo do que os cerca de cinco séculos do Império Romano. O sistema de numeração egípcio possuía algarismos com valores específi cos (Figura 3). Figura 3. Hieróglifos numéricos egípcios. Fonte: O'Connor e Robertson (2000, documento on-line). Além disso, o sistema egípcio não levava em conta a ordem dos símbolos, apenas o seu agrupamento. Os símbolos eram operados por adição, o que erachamado de princípio aditivo. Dessa forma, o número 120 poderia ser escrito de diferentes formas: ou ou Apesar de serem comuns os registros dos símbolos em ordem decrescente de valor, isso nem sempre ocorria. Mesmo ocorrendo, registrar números maiores implicava usar grande quantidade de símbolos. Veja: 2.693 = Observe que poderia ser muito cansativo escrever números relativamente simples. Imagine como seria escrever 9.999 ou números maiores. Sistemas de numeração: evolução histórica e sistema de numeração decimal4 Sistema de numeração romano No fi nal da Antiguidade e nos primeiros séculos da era cristã, o Império Romano se espalhou por quase toda a Europa, pelo oeste da Ásia e pelo norte da África. Sua infl uência foi forte por cerca de 500 anos. Mesmo após sua decadência, sua infl uência cultural se manteve presente e é importante até hoje em diversos países, seja na linguagem, na engenharia, na arquitetura, na arte, entre outras áreas. O sistema de numeração romano utilizava sete símbolos para escrever qualquer número. São eles: I V X L C D M 1 5 10 50 100 500 1.000 Além disso, o sistema romano utilizava uma variação de símbolos entre múltiplos de 5 e de 10, o que possivelmente decorre da quantidade de dedos das mãos. O sistema romano é semiposicional. Dessa forma, apesar de cada símbolo ter valor específico, eles podem variar de acordo com algumas regras do sistema. Veja a seguir algumas dessas regras. Os algarismos I, X, C e M podem ser repetidos até três vezes no mesmo número. Por exemplo: 3 = III 30 = XXX 3.000 = MMM Antes de chegar ao símbolo seguinte, esse símbolo é “anunciado”. Assim, o símbolo à esquerda é subtraído do símbolo à direita. Por exemplo: 4 = IV (você pode ler como: falta I para V ou falta 1 para 5) 9 = IX (você pode ler como: falta I para X ou falta 1 para 10) 40 = XL (você pode ler como: falta X para L ou faltam 10 para 50) 5Sistemas de numeração: evolução histórica e sistema de numeração decimal Um símbolo escrito à direita de outro tem seu valor somado. De forma similar ao que ocorria no sistema egípcio, o sistema romano também utilizava o princípio aditivo. A exceção é a regra anterior, já que IV, IX, XL, XC, CD e CM representavam a mudança para o próximo algarismo. Veja um exemplo: 6 = VI 13 = XIII 24 = XXIV Uma barra horizontal sobre o algarismo indica que um ou mais símbolos estão multiplicados por 1.000. Por exemplo: 4.000 = 26.000 = Porém, de forma similar ao que ocorria no sistema egípcio, era trabalhoso escrever grandes números. Veja este exemplo: 9.999 = Com o crescimento do comércio, as operações com os algarismos romanos começaram a se mostrar extremamente cansativas e trabalhosas para serem feitas no papel. Quase sempre, os comerciantes utilizavam apenas o ábaco para realizar operações aritméticas básicas. Entre o final do século XII e o início do século XIII, na Europa, viveu Leonardo Fibonacci (1170–1250). Leonardo era filho de um comerciante e, como consequência, teve contato com diversas culturas, incluindo a árabe. Assim, conheceu os algarismos indo-arábicos e o sistema decimal posicional. Fibonacci ficou tão encantado com as facilidades desse sistema, se comparado aos algarismos romanos, que decidiu escrever um manual de conversão entre os sistemas. Ele intitulou esse manual de Liber Abaci (1202/1228), ou seja, Livro do Ábaco. O Liber Abaci é uma coletânea de problemas, muitos de contextualiza- ção comercial, que usavam os algarismos indo-arábicos. O livro começa com a frase: “As nove figuras dos hindus são 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1. Com essas nove, e com o símbolo 0, que os árabes chamam zephirum, podem se escrever todos os números”. O Liber Abaci foi copiado centenas de vezes, propagando pela Europa, principalmente entre matemáticos e comerciantes, o sistema de algarismos árabes. Mas foi com a invenção da imprensa, na Sistemas de numeração: evolução histórica e sistema de numeração decimal6 metade do século XV, que o livro tomou a Europa, chegando ao norte da África e à Rússia em pouco tempo. No link a seguir, conheça a biografia de Leonardo Fibonacci e suas contribuições para a matemática. https://goo.gl/bh5GMv Além disso, neste outro link, acompanhe a tradução resumida de alguns dos pro- blemas do Liber Abaci. https://goo.gl/EZNvc8 O ábaco (Figura 4) é um instrumento utilizado para fazer cálculos, uma tecnologia inovadora em sua época. Em função, se assemelha à calculadora contemporânea. Antigamente, havia ábacos de diversos modelos. Seu funciona- mento consiste em barras verticais ou horizontais que representam cada ordem do sistema decimal. Em cada barra, existem argolas ou contas, normalmente 10, que representam cada unidade da ordem. Figura 4. Ábaco. Fonte: Cruz (2012, documento on-line). 7Sistemas de numeração: evolução histórica e sistema de numeração decimal Organização do sistema de numeração decimal Atualmente, o sistema padrão em quase todo o mundo é o sistema de nume- ração decimal com os algarismos indo-arábicos (Figura 5). Uma apropriação importante desse sistema é a incorporação de um símbolo para representar a “ausência”. O símbolo zero, quando utilizado pelos hindus e pelos árabes, não era considerado um número. Na verdade, era considerado um símbolo para a ausência de número. Figura 5. Evolução dos algarismos indo-arábicos. Fonte: Nunes (2017, documento on-line). Os sistemas egípcio e romano tinham como base símbolos fixos para cada quantidade, além de utilizarem o princípio aditivo. Por isso, não havia a necessidade de incluir um símbolo para representar a ausência, mesmo porque o zero é o elemento neutro aditivo. O sistema decimal utiliza os 10 símbolos (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9). Dessa forma, todo número formado nesse sistema é agrupado em potências de base 10. Assim, um mesmo algarismo assume diferentes valores de acordo Sistemas de numeração: evolução histórica e sistema de numeração decimal8 com a posição que ocupa. Esse fato se chama princípio posicional. O valor absoluto é o valor de um algarismo de forma isolada. Já o valor relativo é o valor que o algarismo assume de acordo com a posição que ocupa no número. Veja alguns exemplos a seguir. 555 5 5 5 Valor absoluto: 5 Valor relativo: 500 Valor absoluto: 5 Valor relativo: 50 Valor absoluto: 5 Valor relativo: 5 5 × 102 5 × 101 5 × 100 6.043 6 0 4 3 Valor absoluto: 6 Valor relativo: 6.000 Valor absoluto: 0 Valor relativo: 0 Valor absoluto: 4 Valor relativo: 40 Valor absoluto: 3 Valor relativo: 3 6 × 103 0 × 102 4 × 101 3 × 100 Cada posição à esquerda vale 10 vezes a posição à direita. Como um mesmo algarismo possui diferentes valores de acordo com sua posição e como cada posição ocupada tem um valor 10 vezes maior do que a posição à direita, esse sistema é chamado de decimal posicional. A soma dos valores relativos equivale ao total do valor numérico. 13.458 1 3 4 5 8 1 × 104 = 10.000 3 × 103 = 3.000 4 × 102 = 400 5 × 101 = 50 8 × 100 = 8 13.458 = 10.000 + 3.000 + 400 + 50 + 8 Na próxima seção, você vai aprender mais sobre o ordenamento e a leitura dos números no sistema decimal. 9Sistemas de numeração: evolução histórica e sistema de numeração decimal Posicionamento dos números Os números, independentemente do sistema adotado ou dos algarismos uti- lizados, estão presentes desde os primórdios da humanidade. Portanto, para exercer a cidadania de forma plena, é necessário manipular os números por meio da leitura, da escrita e das operações básicas. Veja este exemplo de uso dos números: Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em certo momento do ano de 2010 a população brasileira era de 190.732.694 habitantes. Lê-se: cento e noventa milhões, setecentos e trinta e dois mil, seiscentos e noventa e quatro habitantes. Esse número tem nove algarismos. Partindo da direita para a esquerda, cada algarismo corresponde a uma ordem (ANDRINI; VASCONCELLOS, 2012, p. 16). Noteque existe, usualmente, uma separação dos dígitos, seja por espaços ou pelo uso do ponto (.). Essa separação tem finalidade matemática e também visual. A leitura do mesmo número sem nenhum tipo de separação (190732694) dificultaria a identificação do valor relativo dos algarismos. Consequentemente, impediria a leitura correta. A cada três dígitos, da esquerda para a direita, surge uma nova classe. Cada classe possui três ordens. São elas: 10ª or- dem 9ª or- dem 8ª or- dem 7ª or- dem 6ª or- dem 5ª or- dem 4ª or- dem 3ª or- dem 2ª or- dem 1ª or- dem Unida- des de bilhão Cente- nas de milhão Deze- nas de milhão Unida- des de milhão Cente- nas de milhar Deze- nas de milhar Unida- des de milhar Cen- tenas Deze- nas Uni- dades Classe dos bilhões Classe dos milhões Classe dos milhares Classe das unidades simples À esquerda, as ordens e as classes continuariam a surgir. As próximas classes seriam as dos trilhões, quatrilhões e assim sucessivamente. Apesar de os números serem escritos e agrupados da direita para a esquerda, a leitura é feita da esquerda para a direita. Por isso é que a separação com espaços Sistemas de numeração: evolução histórica e sistema de numeração decimal10 ou com pontos auxilia a leitura. Você ainda deve notar que a classe mais à esquerda não precisa estar preenchida com todas as suas ordens. Veja os exemplos a seguir. 2.728 lê-se: dois mil, setecentos e vinte e oito. 23.506.319 lê-se: vinte e três milhões, quinhentos e seis mil, trezentos e dezenove. Vale ressaltar que, na sua forma por extenso, as classes são separadas com vírgula. Para compreender melhor o sistema decimal e o seu princípio posicional, que tal analisar o número 234.234.234? Inicialmente, você deve perceber que ele possui três classes. Portanto, sua leitura é da ordem dos milhões. Em seguida, verifique que, na classe mais à esquerda, classe dos milhões, há três ordens. Dessa forma, a leitura inicial será nas centenas de milhões. Assim, a leitura correta do número será: duzentos e trinta e quatro milhões, duzentos e trinta e quatro mil, duzentos e trinta e quatro. Observe que, ao final da leitura de cada classe, está a sua nomenclatura, sendo a classe das unidades simples dispensada dessa leitura. Além da leitura, nesse mesmo número, você pode verificar a diferença dos valores posicionais, de acordo com a ordem que os algarismos ocupam: 2 3 4 2 3 4 2 3 4 9ª ordem 8ª ordem 7ª ordem 6ª ordem 5ª ordem 4ª ordem 3ª ordem 2ª ordem 1ª ordem Cente- nas de milhão Deze- nas de milhão Unida- des de milhão Cente- nas de milhar Deze- nas de milhar Unida- des de milhar Cen- tenas Dezenas Unida- des Classe dos milhões Classe dos milhares Classe das unidades simples Na 9ª, na 6ª e na 3ª ordens, o algarismo 2 é o valor absoluto. Porém, na 9ª ordem, seu valor relativo é 2 × 108 → 2 × 100.000.000 = 200.000.000 (duzentos milhões). Na 6ª ordem, seu valor relativo é 2 × 105 → 2 × 100.000 = 200.000 (duzentos mil). Na 3ª ordem, seu valor relativo é 2 × 10² → 2 × 100 = 200 (duzentos). Na 8ª, na 5ª e na 2ª ordens, o algarismo 3 é o valor absoluto. Porém, na 8ª ordem, seu valor relativo é 3 × 107 → 3 × 10.000.000 = 30.000.000 (trinta 11Sistemas de numeração: evolução histórica e sistema de numeração decimal milhões). Na 5ª ordem, seu valor relativo é 3 × 104 → 3 × 10.000 = 30.000 (trinta mil). Na 2ª ordem, seu valor relativo é 3 × 101 → 3 × 10 = 30 (trinta). Na 7ª, na 4ª e na 1ª ordens, o algarismo 4 é o valor absoluto. Porém, na 7ª ordem, seu valor relativo é 4 × 106 → 4 × 1.000.000 = 4.000.000 (quatro milhões). Na 4ª ordem, seu valor relativo é 4 × 103 → 4 × 1.000 = 4.000 (quatro mil). Na 1ª ordem, seu valor relativo é 4 × 100 → 4 × 1 = 4 (quatro). Como você pode notar, os expoentes das potências de 10 são sempre em número uma unidade menor do que a ordem correspondente. Com isso, o número 234.234.234 poderia ser reescrito pela soma dos valores relativos de cada ordem: 234.234.234 = 200.000.000 + 30.000.000 + 4.000.000 + 200.000 + 30.000 + 4.000 + 200 + 30 + 4 Com os 10 algarismos indo-arábicos do sistema decimal, é possível es- crever qualquer número. Além disso, o sistema posicional facilitou o uso dos algoritmos operatórios. Assim, esse sistema logo se propagou e basicamente substituiu todos os sistemas anteriores. Alguns poucos ainda resistem, devido principalmente ao seu valor para determinadas culturas. Porém, você pode considerar, na atualidade, o sistema decimal como padrão da humanidade para expressar números e operações. ANDRINI, Á.; VASCONCELLOS, M. J. Praticando matemática, 6. 3. ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2012. (Coleção Praticando Matemática). BEZERRA, L. Origem do sistema de numeração decimal, egípcio e romano. 2016. Disponível em: <http://cursinhoexato.blogspot.com/2016/04/origem-do-sistema-de-numeracao- -decimal.html>. Acesso em: 09 out. 2018. CRUZ, D. ATPS. 2012. Disponível em: <http://matemagicapedagogia.blogspot.com/p/ atps.html>. Acesso em: 09 out. 2018. GONÇALVES, R. Antigo Império Egípcio: história do Antigo Império Egípcio. c2018. Dis- ponível em: <https://historiadomundo.uol.com.br/egipcia/civilizacao-egipcio.htm>. Acesso em: 09 out. 2018. NUNES, L. S. Algarismos. 2017. Disponível em: <https://altodomoinho.blogspot. com/2017/05/algarismos.html>. Acesso em: 09 out. 2018. Sistemas de numeração: evolução histórica e sistema de numeração decimal12 O'CONNOR, J. J.; ROBERTSON, E. F. Egyptian numerals. 2000. Disponível em: <http://www- -history.mcs.st-andrews.ac.uk/HistTopics/Egyptian_numerals.html>. Acesso em: 09 out. 2018. SANTOS, J. A matemática no continente africano: o osso de Ishango. 2016. Disponível em: <https://www.matematicaefacil.com.br/2016/07/matematica-continente-africano- -osso-ishango.html>. Acesso em: 09 out. 2018. Leituras recomendadas BOYER, C. B. História da matemática. São Paulo: Edgard Blücher, 1996. LIBER ABACI. 1202. Disponível em: <http://jnsilva.ludicum.org/hm2008_9/LiberAbaci. pdf>. Acesso em: 09 out. 2018. MIRANDA, D. Sistema de numeração decimal. [c2018]. Disponível em: <https://mun- doeducacao.bol.uol.com.br/matematica/sistema-numeracao-decimal.htm>. Acesso em: 09 out. 2018. RAMOS, A. M. Números reais: conceitos e representações. 2014. 119 f. Dissertação (Mes- trado Profissional em Matemática) – Centro de Ciências Exatas, Universidade Federal do Espírito Santos, Vitória, 2014. Disponível em: <http://portais4.ufes.br/posgrad/teses/ tese_8302_Vers%E3o%20Final%20Disserta%E7%E3o.pdf>. Acesso em: 09 out. 2018. SÓ MATEMÁTICA. Leonardo Fibonacci. [2018]. Disponível em: <https://www.somate- matica.com.br/biograf/fibo.php>. Acesso em: 09 out. 2018. 13Sistemas de numeração: evolução histórica e sistema de numeração decimal Conteúdo: DICA DO PROFESSOR O ábaco é um instrumento para fazer cálculos, uma tecnologia em sua época. Em função, se assemelhava à calculadora dos nossos dias. Haviam ábacos de diversos modelos. Seu funcionamento consiste em barras verticais ou horizontais que representam cada ordem do sistema decimal. Em cada barra, existem argolas ou contas, normalmente dez, que representavam cada unidade da ordem. Veja, na Dica do Professor, como utilizar o ábaco no ensino da Matematica. Confira. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Qual é o principal motivo pelo qual o sistema de numeração egípcio e o sistema romano não possuíam algarismos para representar o zero? A) Ambos utilizavam o princípio aditivo, e o zero poderia alterar o valor do número de acordo com a posição que ocupasse. B) O sistema egípcio usava o princípio aditivo, sendo o zero o elemento neutro da adição, enquanto que o sistema romano utilizava o zero. C) Ambos os sistemas desconheciam o zero e por isso não o utilizavam. D) Ambos utilizam o zero para representar a ausência de números. E) Ambos utilizavam o princípio aditivo, e o zero é o elemento neutroda adição. 2) Um número composto por 35 dezenas, 33 centenas, meia unidade de 3a ordem e 6 unidades simples é: A) 3706. B) 4156. C) 3656. D) 686. E) 3671. 3) No número 2.453.706, o algarismo que ocupa a 5a ordem e seu valor relativo são, respectivamente: A) 5; 5.000. B) 7; 7. C) 7; 700. D) 5; 5. E) 5; 50.000. 4) Se em um ábaco estão 3 marcadores na vareta de 5a ordem, 5 marcadores na vareta das centenas de milhar, 4 marcadores nas dezenas simples e 1 marcador na vareta de 1a ordem, qual número está representado nesse ábaco? A) 53.041. B) 530.041. C) 350.041. D) 35.041. E) 531.040. 5) Qual é o principal motivo para a substituição gradual do sistema de algarismos romanos pelo sistema decimal de algarismos indo-arábicos? A) Com os algarismos indo-arábicos era possível escrever qualquer número, por mais ordens que tivesse. B) O sistema decimal utiliza menos símbolos que o sistema romano. C) Ambos tinham a mesma quantidade de algarismos, mas os árabes usavam o zero. D) O sistema indo-arábico facilitava as operações com o ábaco. E) O sistema romano era limitado ao número 1000 (M). NA PRÁTICA No final da Antiguidade e nos primeiros séculos da era cristã, o Império Romano se espalhou por quase toda a Europa, oeste da Ásia e norte da África. Sua ação foi forte e, mesmo após sua decadência, sua influência cultural se mantém presente até os dias de hoje. Veja, Na Prática, onde ainda é possível encontrar o sistema de algarismos romanos. Acompanhe. SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Leonardo Fibonacci Conheça a biografia de Leonardo Fibonacci e suas contribuições para a Matemática. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Liber Abaci Neste link, veja a tradução resumida de alguns dos problemas do Liber Abaci, o Livro do Ábaco ou do Cálculo, escrito por Fibonacci. Conheça, ainda, como estavam contextualizados na Idade Média. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Operações com números reais e intervalos numéricos APRESENTAÇÃO Na matemática, definimos conjunto como uma coleção de objetos quaisquer, o que torna essa noção fundamental, pois, a partir dela, podemos expressar diversas teorias e conceitos matemáticos. Muitas teorias dentro da matemática são desenvolvidas considerando como universo o conjunto dos números reais ou seus subconjuntos, de modo que é muito importante conhecer suas formas de representação. Quando trabalhamos com números naturais ou inteiros, os seus subconjuntos podem ser enumerados. No entanto, com números reais, os subconjuntos são descritos em uma representação denominada intervalos. Nesta Unidade de Aprendizagem, abordaremos as operações com números reais e intervalos numéricos por meio de sua definição, suas representações e exemplos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os subconjuntos do conjunto dos números reais.• Identificar as propriedades e as operações com números reais.• Associar os três tipos de intervalos numéricos.• DESAFIO Em situações aplicadas, é comum lidarmos com problemas numéricos. Quando isso ocorre, é fundamental identificarmos qual é o contexto do problema para que, após a resolução, saibamos se a resposta encontrada está inserida no intervalo de definição do problema. No caso de situações envolvendo questões financeiras, estamos lidando com um subconjunto dos números reais. Assim, todas as propriedades e operações com números reais são válidas nesse contexto. Imagine que você trabalha no Recursos Humanos (RH) de uma indústria farmacêutica que dispõe de 10 representantes comerciais e, como deseja ampliar sua participação no mercado, definiu que precisa contratar mais colaboradores para fortalecer sua equipe de vendas. O departamento financeiro da empresa informou que o orçamento mensal máximo para pagamento dos salários e encargos de representantes é de R$ 33.000,00. Sabendo que o salário líquido de um representante comercial é calculado a partir do salário bruto (que consiste no salário-base mais a comissão) menos o custo de INSS devido pelo empregado e que, sobre o salário bruto, incidem impostos devidos pela empresa, considere as seguintes informações: Salário-base = R$ 800,00 Comissão = R$ 1.000,00 INSS (parte do empregado) = 8% INSS (parte do empregador) = 20% FGTS = 8% Como gestor da indústria farmacêutica, calcule o custo mensal com cada representante comercial e o custo atual com os representantes. Em seguida, decida se será possível contratar mais e, se sim, quantos representantes poderão ser contratados a partir do orçamento financeiro disponível. INFOGRÁFICO Os intervalos são representações de subconjuntos de números reais. Eles podem ser abertos ou fechados, com extremidades numéricas ou no infinito. O Infográfico apresenta exemplos de subconjuntos dos números reais, representados de três formas: na reta numérica, por intervalos numéricos e usando a notação de conjuntos. CONTEÚDO DO LIVRO O conjunto dos números reais também pode ser compreendido como o conjunto universo. As propriedades e operações dos números reais são fundamentais para o estudo da álgebra. Acompanhe o conteúdo a partir do capítulo Operações com números reais e intervalos numéricos do livro Fundamentos de matemática, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. FUNDAMENTOS DE MATEMÁTICA Luciana Maria Margoti Araujo Operações com números reais e intervalos numéricos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer o conjunto dos números reais. � Identificar as propriedades e operações com números reais. � Associar os três tipos de intervalos numéricos. Introdução Neste capítulo, você aprenderá sobre o conjunto dos números reais e verificará que ele é uma reunião de vários subconjuntos numéricos. Dessa maneira, é possível utilizar as notações da teoria de conjuntos para relacionar o conjunto dos números reais com os demais conjuntos. Dentro dos números reais, podemos estabelecer relações de igual- dade ou desigualdade entre seus elementos, facilitando o entendimento da representação no eixo real. Os conjuntos numéricos podem ser re- presentados em notação de conjuntos utilizando chaves e colchetes, ou sobre a reta ordenada, em que os números ficam dispostos em ordem crescente. Conjunto dos números reais O conjunto dos números reais (R) é formado por todos os números racionais e irracionais. Por sua vez, os conjuntos dos números racionais e irracionais abrangem outros conjuntos que podem ser verificados a seguir. O conjunto dos números naturais é aquele formado pelos números 0, 1, 2, ...ℕ = {0, 1, 2, 3, 4, 5, ...} Na sequência, observe o conjunto dos números inteiros, representado por Z, formado por números inteiros, positivos e negativos.ℤ = {..., –4, –3, –2, –1, 0, 1, 2, 3, 4, ...} O conjunto dos números racionais (ℚ) é composto por números que tam- bém podem assumir valores positivos e negativos. Porém, nesse conjunto, as frações numéricas são incorporadas. Esses números podem estar representados na forma de fração ou decimal. No conjunto dos números racionais, estão também presentes as dízimas periódicas simples e compostas, sendo esses originados de uma fração possível de ser reescrita na forma a/b, em que a e b são números inteiros, e b ≠ 0. ℚ = {..., –2, ..., –1,25, ..., –1, ... –0,33, ... 0, ...1, ... , ..., 2, ...} 15 13 Por fim, vem o conjunto dos números irracionais (𝕀), que são os decimais que não podem ser representados em forma de uma fração. Por exemplo, o número π, √p , sendo p um número positivo, sem raiz quadrada exata, etc. � = {..., –√2, ..., √2, ... ̟, ...} Podemos dizer que todos esses conjuntos descritos são subconjuntos do conjunto dos números reais. A relação desses subconjuntos, entre si, estádemonstrada na Figura 1. Todos eles estão contidos em R:ℝ = 𝕀 ∪ ℚ Figura 1. Representação dos conjuntos dos números racionais e irracionais. � ℤ ℕ ℚ Operações com números reais e intervalos numéricos2 Para o conjunto dos números reais, também são válidas todas as notações da teoria de conjuntos. Você pode verificar, de acordo com a Figura 1, que o conjunto Q está contido no conjunto R, ou simplesmente:ℚ ⊂ ℝ ou, ainda, que o conjunto dos números irracionais, I, unido ao conjunto dos números racionais, Q, resulta no conjunto dos números reais:𝕀 ∪ ℚ = ℝ Essas mesmas relações da teoria de conjuntos podem ser utilizadas com os elementos que compõem o conjunto dos números reais, R. Considerando as opções a seguir, quais são verdadeiras?a) ℕ ⊂ 𝕀b) ℝ ∪ ℚ= ℝc) (–7) ∉ ℝd) ℝ ∩ 𝕀 = 𝕀 As alternativas (b) e (d) estão corretas. Em (b), a união entre o conjunto dos números reais com o conjunto dos números racionais é o próprio conjunto dos números reais. Já em (d), a interseção, ou o que há de comum, entre o conjunto dos números reais e o conjunto dos números irracionais é o próprio conjunto dos números irracionais. Do exercício anterior, reescreva as relações que você julgou como falsas de forma a torná-las verdadeiras. Transformando as opções (a) e (c) em afirmações verdadeiras:�� ℕ ⊂ ℚ�� (–7) ∈ ℝ Propriedades e operações com números reais a) Propriedades dos números reais 3Operações com números reais e intervalos numéricos Ao realizar operações matemáticas com os números reais, as proprieda- des básicas utilizadas com qualquer outro conjunto numérico também se aplicam. Na sequência, você relembrará e exercitará um pouco cada uma dessas propriedades e verá alguns exemplos. Não existe divisão de um número real por zero: a 0 = ∄, ∀ a ∈ ℝ –4 0 = ∄ Zero dividido por qualquer número real será sempre zero: 0 a = 0, ∀ a ∈ ℝ 0 7 = 0 ; = 0 0 –10 Qualquer número real, diferente de zero e elevado a zero, valerá 1: a0 = 1, ∀ a ∈ ℝ 50 = 1 ; (–9)0 = 1 Existe raiz de índice par somente para os números reais positivos: √b, ∀ b ∈ ℝ+ n n sendo um número par: √16 = 2 ; √–16 = ∄ em ℝ √–81 = ∄ em ℝ 4 2 4 Operações com números reais e intervalos numéricos4 Qualquer número real, positivo ou negativo, elevado a um expoente par, sempre resultará em um número real positivo: (a)n > 0, ∀ a ∈ ℝ, sendo n um número par” (5)4 = 625 ; (–9)2 = 81 No conjunto dos números reais, uma multiplicação de potências de mesma base apresentará como resultado na conservação da base, com a soma dos expoentes: am × an = am+n (–3)5 × (–3)3 = (–3)5+3 = (–3)8 = 6.561 No conjunto dos números reais, uma divisão de potências de mesma base apresentará como resultado na conservação da base, com a subtração dos expoentes: 27 ÷ 24 = 27–4 = 23 = 8 Sempre que um número real estiver representado com uma potência de potência, conserve a base e multiplique os expoentes: (am)n = am×n [(–17)3]3 = (–17)3×3 = (–17)9 = –118.587.876.497 Potência de sinal negativo inverte o número que está sob a potência, caso mude o sinal: ( ) a b( ) –m b a m = , A a, b ≠ 0 = = (–3)2 = 9 –3 9( ) ( ) –2 29 –3 5Operações com números reais e intervalos numéricos É possível transformar uma operação de radiciação em uma de poten- ciação, da seguinte maneira: √an = an/m √(–6)2 = (–6)2/4 ≈ 2,4495 m 4 Existe raiz de índice ímpar, cujo radicando é um número real negativo: √–7.776 = –6 5 b) Operações com números reais Para realizar as operações matemáticas, inclusive no uso das proprieda- des que você acabou de verificar, algumas regras devem ser seguidas. Acompanhe, a seguir, como operar em relação aos sinais (positivo e negativo) dos números reais. Nas operações de adição e subtração, quando os sinais que acompa- nham os números que estão sob a operação forem iguais, o resultado permanecerá com o mesmo sinal: +4 +7 = +11 –9 –2 = –11 Nas operações de adição e subtração, quando os sinais que acompanham os números que estão sob a operação forem diferentes, o resultado apresentará o mesmo sinal do número com maior módulo: +7 –2 = +5 –11 + 4 = –7 –2,35 + 8 = +5,65 Operações com números reais e intervalos numéricos6 Nas operações de multiplicação e divisão, quando os sinais que acom- panham os números que estão sob a operação forem iguais, o resultado apresentará sinal positivo (+): (–7) × (–3,7) = +25,9 (+6,3) × (+9) = +56,7 (–50) ÷ (–2,5) = 20 (+50) ÷ (+5) = +10 Nas operações de multiplicação e divisão, quando os sinais que acompa- nham os números que estão sob a operação forem diferentes, o resultado apresentará sinal negativo (–): (–7) × (+3,7) = –25,9 (–6,3) × (+9) = –56,7 (+50) ÷ (–2,5) = –20 (+50) ÷ (–5) = –10 Em operações com números reais (R), a prioridade continua sendo da expressão que está entre parênteses; após, a que está entre colchetes; por fim, aquela expressão que se encontra dentro das chaves. Segue, também, a ordem prioritária de operações, que é primeiro a multiplicação e divisão e, depois, a adição e subtração. 7Operações com números reais e intervalos numéricos Tipos de intervalos numéricos Assim como em qualquer outro conjunto, os números reais (R) podem ser representados sobre uma reta orientada. Esta reta tem como origem o ponto 0 (zero) e orientação para a direita, indicando o sentido crescente da sequência numérica, conforme mostrado na Figura 2. Figura 2. Reta numérica, com a representação da origem e orientação. 0 Sobre essa reta, a representação numérica será realizada unidade à unidade, pelo conjunto dos inteiros (Z), a fim de facilitar a representação numérica. A partir do ponto de origem, para o lado direito, serão colocados os números positivos e, para o esquerdo, os negativos, como mostrado na Figura 3. Figura 3. Eixo real. Fonte: Adami, Dornelles Filho e Lorandil (2015, p. 3). –5 –4 –3 –2 –1 0 +1 +2 +3 +4 +5 Ainda sobre essa reta, caso seja necessário, é possível representar os demais números racionais e irracionais, complementando o conjunto dos números reais (R), conforme a Figura 4. Figura 4. Eixo real. Fonte: Safier (2012, p. 3). l –5 –π –1,5 0 2/3 √5 3 –5 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 Operações com números reais e intervalos numéricos8 Sendo necessário referir-se aos números reais positivos, excluindo-se o zero, a notação R+* deverá ser utilizada. De maneira análoga, os números reais negativos, excluindo-se o zero, podem ser representados pela notação R-*. Definimos, assim, os conjuntos: R+* = {1, 2, 3, 4, 5, 6, ...} R–* = {..., –5, –4, –3, –2, –1} Desse modo, para qualquer a pertencente a R+*, dizemos que a é maior que zero: a > 0, ∀ a ∈ ℝ+* Também de forma semelhante: a < 0, ∀ a ∈ ℝ–* A partir daí, você já consegue definir o conjunto dos números reais maiores que zero (positivos) sobre a reta real. Figura 5. Números reais positivos. Fonte: Adaptada de Adami, Dornelles Filho e Lorandil (2015, p. 3). –5 –4 –3 –2 –1 0 +1 +2 +3 +4 +5 Na Figura 5, um círculo aberto sobre o zero indica que o mesmo não está dentro do intervalo numérico representado. O mesmo pode ser observado na Figura 6, a seguir, com a representação dos números reais negativos, ou menores que zero. Figura 6. Números reais negativos. Fonte: Adaptada de Adami, Dornelles Filho e Lorandil (2015, p. 3). –5 –4 –3 –2 –1 0 +1 +2 +3 +4 +5 9Operações com números reais e intervalos numéricos O intervalo da Figura 5 pode ser, ainda, representado como: ]0, ∞[ em que o colchete aberto, ou os parênteses, indica que o número que vem após não pertence ao intervalo. Já o intervalo da Figura 6, em que o número que precede o colchete não pertenceráao intervalo, pode ser expresso por: ]–∞, 0[ ou: (–∞, 0) Sempre que for necessário representar conjuntos numéricos em uma reta, caso o primeiro número da sequência a ser representada pertença ao conjunto desejado, o círculo deverá ser preenchido, o que também deverá ocorrer com o último número da sequência a ser representada. Como exemplo, verifique que, na Figura 7, está representado o intervalo entre o número 2, inclusive, até o número 4, que também pertencerá ao conjunto da expressão: [2 ,4] ou: {x ∈ ℝ│2 ≤ x ≤ 4} Figura 7. Intervalo [2,4] representado no eixo real. Fonte: Adaptada de Adami, Dornelles Filho e Lorandil (2015, p. 3). –5 –4 –3 –2 –1 0 +1 +2 +3 +4 +5 Verifique, agora, este outro intervalo: ]–3, 2] Operações com números reais e intervalos numéricos10 O colchete aberto em –3 indica que esse número não pertence ao intervalo que iremos representaremos. Por outro lado, o número 2 ainda está dentro desse conjunto. Assim, queremos representar na reta real o conjunto de todos os x, maiores que –3 e menores ou iguais a 2 (Figura 8), ou pela expressão: {x ∈ ℝ│–3 < x ≤ 2} Figura 8. Intervalo ]-3,2] representado no eixo real. Fonte: Adaptada de Adami, Dornelles Filho e Lorandil (2015, p. 3). –5 –4 –3 –2 –1 0 +1 +2 +3 +4 +5 Quando nenhum dos dois extremos do intervalo que queremos representar pertencer ao conjunto, os dois colchetes ficarão abertos, e, consequentemente, na reta, os círculos sobre os números também. Veja o exemplo a seguir: ]–1, +3[ Temos um intervalo entre -1 e +3, em que esses dois números não pertencem ao intervalo: {x ∈ ℝ│–1 < x < +3} ou na reta representada na Figura 9, a seguir. Figura 9. Intervalo ]-1,+3[ representado no eixo real. Fonte: Adaptada de Adami, Dornelles Filho e Lorandil (2015, p. 3). –5 –4 –3 –2 –1 0 +1 +2 +3 +4 +5 11Operações com números reais e intervalos numéricos Sejam três números, a, b e c. Estando a à direita de b na reta real, temos a garantia que a é maior que b; e estando c à esquerda de b, temos a garantia que c é menor que b, o que pode ser representado pelas expressões a seguir, respectivamente: a > b; c < b Ainda sobre os números a, b e c, podemos escrever as relações entre eles em uma única expressão: c < b < a em que você lerá que b é menor que a e maior que c. Assim, você também pode verificar que c é menor que a: c < a Com exemplo numérico, seguindo a mesma ordem apresentada nas relações acima, sejam os números –7, –3 e 2: 2 > –3 –7 < –3 – 7< –3 < 2 e ainda: –7 < 2 Além dos operadores "maior que" (>) e "menor que" (<), podemos utilizar o operador diferente (≠). Por exemplo, os números 3 e 7 são diferentes, ou 3≠7. Operações com números reais e intervalos numéricos12 ADAMI, A. M.; DORNELLES FILHO, A. A.; LORANDIL, M. M. Pré-cálculo. Porto Alegre: Bookman, 2015. SAFIER, F. Pré-cálculo. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. (Coleção Schaum). Leituras recomendadas CHAMBERS, P. Ensinando matemática para adolescente. Porto Alegre: Penso, 2015. SMOLE, K. S.; DINIZ, M. I.; MILANI, E. Cadernos de mathema – ensino fundamental: jogos de matemática de 6º ao 9º ano. Porto Alegre: Artmed, 2006. v. 2. SMOLE, K. S.; MUNIZ, C. A. A matemática em sala de aula. Porto Alegre: Penso, 2013. 13Operações com números reais e intervalos numéricos Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Muitos problemas aplicados envolvem operações com números reais. Conhecer os números reais e as suas propriedades é fundamental para a resolução desses problemas. A Dica do Professor aborda o conjunto dos números reais, as suas regras operacionais e a representação de seus subconjuntos por meio da notação de intervalos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Os subconjuntos dos números reais podem ser representados por meio de intervalos. Após essa representação, é possível realizar operações com esses intervalos, como, por exemplo, a união e a interseção. Considere os conjuntos expressos por intervalos numéricos: A = ]1, 5[ e B = [3,7]. Determine o conjunto A U B. A) A U B = ]1,7]. B) A U B = [1,7]. C) A U B = ]1,7] e x ≠ 5. D) A U B = ]5,7]. E) A U B = [3,5[. 2) Na matemática, os símbolos <, >, 3, £ e 1 são utilizados para representar desigualdades. Marque a opção que apresenta uma desigualdade representada corretamente. A) 4 > 5. B) 9 < 5. C) 3 está à direita de 6 na reta real. D) 3 está à esquerda de 8 na reta real. E) 8 está à esquerda de 3 na reta real. 3) Os intervalos numéricos são subconjuntos dos números reais e podem ser representados na reta numérica por conjuntos ou por meio da notação específica de intervalos. Considere o intervalo real: Selecione a representação correta do conjunto T na reta real. A) B) C) D) E) 4) Em operações com números reais (R), a prioridade continua sendo da expressão que está entre parênteses; após, da que está entre colchetes; por fim, daquela expressão que se encontra dentro das chaves. Segue, também, a ordem prioritária de operações — primeiramente, a multiplicação e a divisão e, depois, a adição e a subtração. Com base no exposto, marque a alternativa que apresenta a solução correta da operação: (-2)(+4) (3 -1)2 + 11: A) 43. B) -21. C) 120. D) -120. E) -43. 5) Em operações com números reais (R), a prioridade continua sendo da expressão que está entre parênteses; após, da que está entre colchetes; por fim, daquela expressão que se encontra dentro das chaves. Segue, também, a ordem prioritária de operações — primeiramente, a multiplicação e a divisão e, depois, a adição e a subtração. Com base no exposto, marque a alternativa que apresenta a solução correta da expressão numérica (– 4 + 3)2 ÷ 1/5 - 2. A) -0,56. B) -7. C) 0,56. D) -3. E) 3. NA PRÁTICA Situações do nosso dia a dia podem ser bem representadas por meio de conjuntos numéricos, como, por exemplo, os números reais. Conhecer as operações com números reais pode nos ajudar na tomada de decisões, como vemos na situação a seguir. SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Conjuntos numéricos: intervalos reais, operações e propriedades Este vídeo apresenta a ideia de intervalos reais, ressaltando que os intervalos numéricos são subconjuntos de números reais determinados por desigualdades. São apresentadas as definições de cada tipo de intervalo, abertos, fechados, finitos e infinitos, seguido de exemplos e das operações entre intervalos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Pré-cálculo: Safier Este livro aborda de forma sucinta, no capítulo 1, os conjuntos numéricos trabalhados em álgebra, enfatizando os axiomas para os números reais, as propriedades e as operações. Apresenta também a representação da reta real e, ao final do capítulo, uma lista com exercícios resolvidos. Pré-cálculo: Adami, Dorneles e Lorandil Acompanhe o Capítulo 1 – Matemática básica – deste livro, que fornece uma breve revisão de alguns tópicos de matemática básica como, por exemplo, conjuntos numéricos e intervalos, operações com frações, regras de potenciação e radiação e simplificação de expressões algébricas fracionárias. Conversão de bases numéricas APRESENTAÇÃO No nosso cotidiano, estamos acostumados a usar a base numérica decimal para o que fazemos, não é mesmo? Porém, na computação, a comunicação de dados não se dá com a mesma base numérica, pois é o conjunto de 8 bits que formam 1 byte, e não 10. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer as conversões de bases numéricas. Serão apresentadas as bases numéricas e suas finalidades, bem como a maneira de conversão entre elas. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Converter basesnuméricas (binário, octal, decimal e hexadecimal).• Reconhecer a utilidade das bases numéricas em tecnologia da informação.• Resolver exercícios de conversão de base numérica.• DESAFIO Você foi designado para converter cores para o padrão hexadecimal para o programador HTML/CSS da sua empresa. Portanto, sabe que as cores RGB representam a intensidade relativa de vermelho (Red), verde (Green) e azul (Blue) que forma uma determinada cor e que o valor (decimal) de cada componente (R, G e B) deve ser um número inteiro entre 0 e 255. Ex: RGB(255, 0, 0) representa a cor vermelha. Partindo dessa necessidade, indique o código hexadecimal para a cor roxa e explique o processo para chegar a esse resultado. INFOGRÁFICO No infográfico a seguir, você poderá visualizar os cálculos necessários para a conversão de base numérica de decimal para binário, octal e hexadecimal, de forma facilitada, utilizando apenas divisões. Observe! CONTEÚDO DO LIVRO A utilidade dos números binários, bem como outras bases numerais, nos leva a estudar sua origem e conversão entre bases para ter um melhor entendimento da arquitetura da computação. Acompanhe a leitura de um trecho da obra "Sistemas Operacionais" para aprofundar o entendimento da história e conversão de bases numéricas. SISTEMAS OPERACIONAIS Cleverson Lopes Ledur Conversão de bases numéricas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Converter bases numéricas (binário, octal, decimal e hexadecimal). � Reconhecer a utilidade das bases numéricas em tecnologia da informação. � Resolver exercícios de conversão de base numérica. Introdução Um sistema numeral é um sistema de escrita para expressar números; isto é, uma notação matemática para representar números de um deter- minado conjunto, usando dígitos ou outros símbolos de uma maneira consistente. A mesma sequência de símbolos pode representar números diferentes em diferentes sistemas numéricos. Por exemplo, “11” representa o número três no sistema numérico binário e o número onze no sistema numeral decimal. Na computação, temos diferentes usos de sistemas numéricos para representar os valores. Por exemplo, é comum vermos cores sendo ex- pressas com o uso de valores hexadecimais. Já no baixo nível, próximo ao hardware, o computador opera com o sistema binário. No entanto, é comum que, na programação de sistemas de informação, por exemplo, utilizemos amplamente o sistema decimal, que é comum no nosso dia a dia. Assim, neste capítulo, você vai aprender a converter bases numéri- cas (binário, octal, decimal e hexadecimal), reconhecer a utilidade das bases numéricas em tecnologia da informação e resolver exercícios de conversão de base numérica. Bases numéricas e conversões As bases numéricas representam os símbolos possíveis que temos disponí- veis para demonstrar ou representar um número ou contagem. No Quadro 1, você pode ver quais são os símbolos que podemos usar em cada sistema de numeração (THURSTON, 2007). Base numérica Símbolos Decimal 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 Octal 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 Binário 0 e 1 Hexadecimal 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A, B, C, D, E e F Quadro 1. Símbolos para cada uma das bases numéricas mais utilizadas Dependendo da base numérica utilizada, podemos diferenciar os símbolos a partir de uma representação diferente. Veja, a seguir, alguns exemplos de representação no Quadro 2. Base numérica Representação Decimal 1000 Binário 1111101000 2 Octal 1750 8 Hexadecimal 3E8 16 Quadro 2. Representação de bases numéricas Note que dificilmente conseguimos identificar a base numérica de um número se ele não informar, do lado direito inferior, qual é a sua base. Por exemplo, o número 111110100 poderia ser interpretado como um decimal, já que números decimais não exigem que a base esteja explícita. No entanto, Conversão de bases numéricas2 vimos, no Quadro 2, que se trata de um número de base binária 1111101000 2 ; logo, trata-se do valor 1000, mas com outra representação. Conversões: binário Para converter números decimais para números binários, devemos realizar divisões consecutivas, dividindo o número da base decimal por 2 até que não seja mais divisível ao final (THURSTON, 2007). O número binário é o resultado da última divisão combinado com todos os restos de divisão de baixo para cima. Veja, na Figura 1, como fazer essa conversão. Figura 1. Conversão de base decimal para binária. Fonte: Math Only Math (2018, documento on-line). Podemos verificar, então, que o número decimal 4215 10 torna-se o 1000001110111 2 em binário, já que fizemos a leitura de baixo para cima dos resultados da divisão. Agora, como fazemos o contrário? Partindo de um número binário, queremos descobrir qual é o seu valor em decimal. Como exemplo, veja a Figura 2, que mostra a conversão do número binário 11011001 2 para decimal. 3Conversão de bases numéricas Figura 2. Conversão de base binária para decimal. Fonte: Javarevisited (2017, documento on-line). Podemos verificar que sempre precisamos multiplicar cada símbolo do número binário por 2 elevado à sua posição da esquerda para a direita, iniciando em zero sempre. Logo, o resultado final é 217 10 . Conversões: hexadecimal Hexadecimal é um sistema numérico de base 16, e decimal é um número de base 10. Para saber o equivalente decimal de cada dígito de número hexadecimal (THURSTON, 2007), siga os seguintes passos: 1. Obtenha o equivalente decimal em uma tabela hexadecimal para decimal. 2. Multiplique cada dígito por 16 elevado no número de posição (locali- zação) do dígito (por exemplo, iniciando em zero, 7DE: a localização E é 0, a localização D é 1 e a localização 7 é 2). 3. Some todos os multiplicadores. Observe, na Figura 3, a demonstração dessa conversão com o número hexadecimal A59C 16 , que representa o número decimal 42,396 10 . Conversão de bases numéricas4 Figura 3. Conversão de base hexadecimal para decimal. Fonte: Math Only Math (2018, documento on-line). Conversões: octal Um número decimal regular é a soma dos dígitos multiplicados por 10n (THURSTON, 2007). Exemplo 1 137 na base 10 é igual a cada dígito multiplicado pelo seu corres- pondente 10n: 13710 = 1 × 102 + 3 × 101 + 7 × 100 = 100 + 30 + 7 Os números octais são lidos da mesma maneira, mas cada dígito conta 8n em vez de 10n. Multiplique cada dígito do número hexadecimal pelo correspondente 8n. Exemplo 2 37 na base 8 é igual a cada dígito multiplicado pelo seu correspon- dente 8n: 378 = 3 × 81 + 7 × 80 = 24 + 7 = 31 Exemplo 3 7014 na base 8 é igual a cada dígito multiplicado pela sua potência correspondente de 8: 70148 = 7 × 83 + 0 × 82 + 1 × 81 + 4 × 80 = 3584 + 0 + 8 + 4 = 3596 5Conversão de bases numéricas Veja o exemplo que ilustra essa conversão na Figura 4. Figura 4. Conversão de base octal para decimal. Fonte: Math Only Math (2018, documento on-line). A importância das bases numéricas na Tecnologia da Informação Todo computador é composto por muitos componentes eletrônicos. É por isso que é necessário um conhecimento básico de eletrônica para entender como e por que números binários são usados em computadores. Um computador é construído com muitas conexões e componentes, que são usados para transferir e armazenar dados, além de se comunicar com outros componentes. A maior parte desse armazenamento, transferência e comunicação acontece com a eletrônica digital. A eletrônica digital usa o sistema binário (ON/OFF) — um sinal com uma série de pulsos ON/OFF é igual a um número binário. Na eletrônica, um nível de tensão ou fluxo de corrente é uma maneira de representar um valor. Por exemplo, 5 V (volts) ou 0,5 A (amperes). Os fabricantes de dispositivos eletrônicos poderiam, é claro, atribuir qualquer significado que desejassem a diferentes valores de tensão. Se você precisa de 10 valores, pode dividir o intervalo de 0 V – 4 V (incluindo 0, que cria5 “etapas”) por 10 — você acabaria com 0,5 V por etapa. Logo, podemos verificar que podemos ter 2 estados, um ligado e outro desligado (1/0). Conversão de bases numéricas6 Numerais hexadecimais são amplamente utilizados por programadores e programadores de sistemas de computador, pois fornecem uma representação mais humana dos valores codificados em binários. Cada dígito hexadecimal representa quatro dígitos binários, também conhecidos como nibble, que são meio byte. Por exemplo, um único byte pode ter valores variando de 0000 0000 a 1111 1111 na forma binária e pode ser representado de forma mais conveniente como 00 a FF em hexadecimal. O octal tornou-se amplamente utilizado na computação quando sistemas como os mainframes PDP-8, ICL 1900 e IBM empregavam palavras de 12 bits, 24 bits ou 36 bits. Octal foi uma abreviação ideal de binário para essas máquinas, porque o tamanho da palavra é divisível por três (cada dígito octal representa três dígitos binários). Então, quatro, oito ou doze dígitos podem exibir de forma concisa uma palavra de máquina inteira. Ele também reduz custos ao permitir que tubos Nixie, monitores de sete segmentos e calculado- ras sejam usados para os consoles do operador, já que os monitores binários eram muito complexos para serem usados, monitores decimais precisavam de hardware complexo para converter e monitores hexadecimais, necessários para exibir mais numerais (FERDJALLAH, 2011). Todas as plataformas de computação modernas, no entanto, usam palavras de 16, 32 ou 64 bits divididas em bytes de oito bits. Nesses sistemas, seriam necessários três dígitos octal por byte, com o dígito octal mais significativo representando dois dígitos binários (mais um bit do próximo byte significativo, se houver). A representação octal de uma palavra de 16 bits requer 6 dígitos, mas o dígito octal mais significativo representa (bastante deselegantemente) apenas um bit (0 ou 1). Essa representação não oferece nenhuma maneira de ler facilmente o byte mais significativo, porque ele é espalhado por quatro dígitos octal. Portanto, hexadecimal é mais comumente usado em linguagens de programação hoje, já que dois dígitos hexadecimais especificam exatamente um byte. Algumas plataformas com um tamanho de palavra de duas palavras ainda têm subwords de instrução que são mais facilmente entendidas se exibidas em octal; isso inclui a família PDP-11 e Motorola 68000. A moderna arquitetura x86 ubíqua também pertence a essa categoria, mas o octal raramente é usado nessa plataforma, embora certas propriedades da codificação binária de op- codes se tornem mais prontamente aparentes quando exibidas em octal — por exemplo, o byte ModRM, que é dividido em campos de 2, 3 e 3 bits —, então o octal pode ser útil na descrição dessas codificações (FERDJALLAH, 2011). Às vezes, o octal é usado na computação em vez de hexadecimal — talvez na maioria das vezes nos tempos modernos — em conjunto com as permissões de arquivo em sistemas Unix (veja chmod). Tem a vantagem de não exigir 7Conversão de bases numéricas símbolos extras como dígitos (o sistema hexadecimal é base-16 e, portanto, precisa de seis símbolos adicionais além de 0 a 9) e é usado para displays digitais. Nas linguagens de programação, os literais octal são tipicamente identi- ficados com uma variedade de prefixos, incluindo o dígito 0, as letras o ou q, a combinação de dígitos e letras 0o, ou os símbolos & ou $. Na convenção da Motorola, os números octal são prefixados com @, enquanto uma pequena letra o é adicionada como um postfix após a convenção da Intel. No DR-DOS e no Multiuser DOS, várias variáveis de ambiente, como $ CLS, $ ON, $ OFF, $ HEADER ou $ FOOTER, suportam uma notação de número \ nnn octal, e o DEBUG DR-DOS utiliza \ to como prefixo de números octal também. Por exemplo, o literal 73 (base 8) pode ser representado por 073, o73, q73, 0o73, \ 73, 73 e 73, 73 ou 73o em varias linguagens de programação. Linguagens de programação mais novas têm abandonado o prefixo 0, já que números decimais são frequentemente representados com zeros à esquerda. O prefixo q foi introduzido para evitar que o prefixo o seja confundido com um zero, enquanto o prefixo 0o foi introduzido para evitar iniciar um literal numérico com um caractere alfabético (como o ou q), uma vez que isso poderia confundir o literal com um nome variável. O prefixo 0o também segue o modelo definido pelo prefixo 0x usado para literais hexadecimais na linguagem C; é suportado por Haskell, OCaml, Perl 6, Python a partir da versão 3.0, Ruby, Tcl a partir da versão 9, e destina-se a ser suportado pelo ECMAScript 6 (o prefixo 0 foi desencorajado no ECMAScript 3 e descartado no ECMAScript 5) (FERDJALLAH, 2011). Números octais que são usados em algumas linguagens de programação (C, Perl, PostScript…) para representações textuais e gráficas de cadeias de bytes quando alguns valores de byte (não representados em uma página de códigos, não gráficos, tendo significado especial no contexto atual ou não desejados) tem que ser para escapar como \ nnn. A representação octal pode ser particularmente útil com bytes não ASCII de UTF-8, que codifica grupos de 6 bits, e onde qualquer byte inicial tem valor octal \ 3nn e qualquer byte de continuação tem valor octal \ 2nn. Convertendo bases numéricas Embora você já tenha visto como fazer a conversão de um número binário, octal ou hexadecimal para decimal, é importante praticar e verificar como realizar as conversões no caminho inverso. Conversão de bases numéricas8 Conversões: decimal para octal Lembre-se que “decimal” é chamado de base 10 porque cada dígito representa uma potência de 10. Nós chamamos os primeiros três dígitos de 1s, 10s, 100s, mas também podemos escrever isso como o 100 lugar, o 101 lugar e o 102 lugar. O octal ou sistema de numeração de base 8 usa potências de 8 em vez de potências de 10. Escreva algumas dessas potências de 8 em uma linha horizontal, da maior para a menor. Note que esses números são todos escritos em decimal (base 10) (THURSTON, 2007). Para converter um decimal para octal, você deve apenas dividir por 8 o número e pegar o resto da divisão de baixo para cima. Veja, na Figura 5, uma ilustração de como fazer essa conversão. Figura 5. Conversão de base decimal para octal. Fonte: Math Only Math (2018, documento on-line). Conversões: decimal para hexadecimal A conversão de um número decimal para hexadecimal é muito simples. Você vai precisar seguir as seguintes etapas para realizar essa conversão: 1. Divida o número por 16. 2. Obtenha o quociente inteiro para a próxima iteração. 3. Obtenha o restante para o dígito hexadecimal. 4. Repita as etapas até que o quociente seja igual a 0. O processo é muito similar ao da conversão realizada do decimal para o octal, mas, aqui, fazemos a divisão pelo 16. Veja, na Figura 6, um exemplo de conversão do número 65535 para a base hexadecimal, resultando no número FFFF 16 . 9Conversão de bases numéricas Figura 6. Conversão base decimal para hexadecimal. Fonte: Math Only Math (2018, documento on-line). No método de expansão, a conversão de números binários em seus equivalentes decimais é mostrada com a ajuda dos exemplos. Observe o exemplo de como converter o número decimal 256 em seu equivalente binário. 256 128 64 32 16 8 4 2 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 Como o dado número 256 aparece na primeira linha, colocamos 1 no slot abaixo de 256 e preenchemos todos os outros slots à direita desse slot com zeros. Assim, 256 10 = 100000000 2 FERDJALLAH, M. Introduction to digital systems: Modeling, Synthesis, and Simulation Using VHDL. Hoboken: Wiley-Blackwell, 2011. JAVAREVISITED. How to convert binary number to decimal in java – algorithm. 28 jan. 2017. Disponível em: <https://javarevisited.blogspot.com/2015/01/how-to-convert-binary- number-to-decimal.html>. Acesso em: 31 out. 2018. MATH ONLY MATH. Conversion of numbers. 2018. Disponível em: <https://www.math- only-math.com/conversion-of-numbers.html>.Acesso em: 31 out. 2018. Conversão de bases numéricas10 THURSTON, H. A. The number system. New York: Dover, 2007. (Dover Books on Mathematics). Leituras recomendadas ARPACI-DUSSEAU, R. H.; ARPACI-DUSSEAU, A. C. Operating systems: Three Easy Pieces. Madison: Arpaci-Dusseau Books, 2014. GERALDI, L. M. A.; GALASSI, C. R.; FORMICE, C. R. Elucidando os sistemas operacionais. Taquaritinga: Dos autores, 2013. SILBERSCHATZ, A.; GALVIN, P. B.; GAGNE, G. Sistemas operacionais com Java. 8. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2016. TANENBAUM, A. S.; BOS, H. Sistemas operacionais modernos. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2016. 11Conversão de bases numéricas Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Neste vídeo, você vai conhecer a história da base binária e o método de cálculo para conversões para números decimais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Converta o numeral binário 10101010 para a base octal. Marque a alternativa que contempla a resposta correta. A) 80. B) 250. C) 252. D) 153. E) 302. 2) Converta o número decimal 67 para a base octal. Marque a alternativa que contempla a resposta correta. A) 103. B) 81. C) 8,375. D) 536. E) 100. 3) Converta o número hexadecimal FEA para a base decimal. Marque a alternativa que contempla a resposta correta. A) 4044. B) A342. C) 4504. D) 4074. E) 4740. 4) Realize a soma dos números binários 1010010001 e 1000010101. Marque a alternativa onde apresenta a resposta correta para a soma: A) 10010100110. B) 0010100110. C) 01100101001. D) 01011100110. E) 52041. 5) Some os dois números binários 111 + 101 e dê o resultado em número decimal. A) 10. B) 20. C) 15. D) 11. E) 12. NA PRÁTICA Usando a operação de apenas dois dígitos ou estados da álgebra booleana (sim ou não, verdadeiro ou falso, ligado ou desligado e 0 ou 1, por exemplo), o sistema binário permite que os computadores processem dados com maior efetividade. Isso é uma grande vantagem em relação aos mecanismos que processam informações de maneira analógica, os quais são mais suscetíveis a distorções na transmissão de dados. Aliado à lógica booleana, o sistema binário permite representar números, caracteres ou símbolos, e realizar operações lógicas ou aritméticas por meio de circuitos eletrônicos digitais (também chamados de portas lógicas). Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Aritmética binária Você sabe como fazer soma e subtração binária? No próximo vídeo você poderá ver como proceder para realizar os cálculos binários. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Windows 7: a calculadora multifunções No windows 7, as calculadoras dispõem de diferentes recursos, como a possibilidade de fazer cálculos estatísticos ou para programação. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Sistema Binário Amplie seus conhecimentos sobre a conversão de sistemas binários em sistemas decimais e vice-versa. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Noções de funções lineares e quadráticas APRESENTAÇÃO O estudo de funções lineares e quadráticas é essencial para as mais diversas profissões. Essas funções apresentam características e comportamentos diferentes e estão relacionadas aos mais variados assuntos, por exemplo, você sabia que o comportamento do crescimento de uma planta, a lei de queda dos corpos, o cálculo do índice de massa corpórea, tudo isso está intimamente relacionado à matemática? Por isso, conhecer o comportamento gráfico das funções é fundamental ao seu trabalho. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer um pouco mais as funções lineares e quadráticas, além de suas definições e sua lei de formação. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Aplicar os conceitos de funções lineares e quadráticas. • Analisar gráficos de funções lineares e quadráticas. • Resolver fenômenos científicos a partir das funções matemáticas apresentadas. • DESAFIO O uso de funções quadráticas, de segundo grau, é muito recorrente em problemas na biologia. Utilizando os conceitos aprendidos nesta Unidade de Aprendizagem, você será capaz de resolver uma situação real, aplicando as funções quadráticas. Considere que você está trabalhando em determinada pesquisa sobre a prevalência de pacientes com Alzheimer. Veja. Nessa fase inicial, sua tarefa é verificar qual é a porcentagem estimada da população dos Estados Unidos com Alzheimer aos 65 e 90 anos de idade. Além disso, deverá apresentar o gráfico que evidencia o comportamento da prevalência desses pacientes. Com as informações dadas e os conhecimentos adquiridos acerca das funções quadráticas, seu Desafio é encontrar a solução do problema. Sua tarefa é responder as seguintes questões. 1. Qual é a porcentagem estimada da população dos Estados Unidos com Alzheimer aos 65 anos? 2. E aos 90 anos? 3. Trace o gráfico que evidencia o comportamento da prevalência desses pacientes. INFOGRÁFICO Conhecer as possíveis raízes de uma equação do segundo grau é fundamental ao seu dia a dia de trabalho. No Infográfico a seguir, veja tais informações conforme o sinal do determinante. A representação gráfica auxilia na compreensão. CONTEÚDO DO LIVRO Conhecer conceitos e aprender a fazer a representação gráfica das funções lineares e quadráticas ajuda a perceber que elas apresentam comportamentos diferentes. Na obra Fundamentos de física de matemática, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, leia o capítulo Noções de funções lineares e quadráticas e conheça o modelo linear e quadrático das funções, seu conceito, os principais elementos e aplicações. FUNDAMENTOS DE FÍSICA E MATEMÁTICA Cristiane da Silva Noções de funções lineares e quadráticas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Aplicar os conceitos de funções lineares e quadráticas. Analisar gráficos de funções lineares e quadráticas. Resolver fenômenos científicos a partir das funções matemáticas apresentadas. Introdução Neste capítulo, você conhecerá o modelo linear e quadrático das funções, o seu conceito, os principais elementos e as aplicações. O comportamento gráfico das funções será explicitado, bem como exemplos práticos de aplicação de função afim e quadrática. Funções lineares e quadráticas Você aprenderá a identifi car o coefi ciente angular, o coefi ciente linear e o zero da função afi m. Em seguida, estudará o conceito de função quadrática e os seus elementos característicos, e aprenderá a calcular as coordenadas do vértice da parábola. Você verá ainda a relação existente entre a biologia e a matemática, por meio de exemplos que buscam elucidar as funções afins e quadráticas, como o comportamento de crescimento de uma planta, a lei de queda dos corpos e o índice de massa corporal. Funções lineares Oliveira (2016) destaca que podemos encontrar números desconhecidos em cálculos de matemática, física, química, biologia, assim como em problemas do nosso cotidiano. Quando reunimos informações sobre esse valor para expressá- -lo de forma algébrica, isso resultará em uma equação. As equações lineares — ou do primeiro grau — são aquelas em que o expoente da incógnita é um. Nesse contexto, Friedrich e Manzini (2010, p. 42) formalizam a função afim da seguinte forma: “Chama-se de função afim ou função polinomial do 1º grau a toda função definida por , onde as constantes a e b pertencem ao conjunto dos números reais e a e b devem ser diferentes de zero”. Para compreender melhor o conceito de função afim na prática, pense no crescimento das plantas: cada uma tem o seu ritmo, que, por natureza, é diferente entre as espécies. O bambu é um dos recordistas em crescimento. Após uma pesquisa, verificou-se que ele cresce em média um metro pordia. Vejamos um exemplo de função afim específica para esse caso do bambu. Sabendo que o bambu cresce em média um metro por dia, construímos o quadro a seguir, que pode representar o crescimento diário e o tamanho do bambu. Temos aqui uma função afim, pois o comportamento da função é linear e, pelo gráfico, podemos observar que uma reta é gerada com base nas informações da planta. x y = x 1 1 2 2 3 3 4 4 5 5 6 6 7 7 Noções de funções lineares e quadráticas2 Note que a equação do exemplo está com a variável x em primeira potên- cia; portanto, o que temos é uma equação do primeiro grau — função afim. A busca agora é pela compreensão dos coeficientes de uma função afim, ou seja, a partir da equação geral dessa função, você aprenderá o que representa o a e o b da equação. Coeficiente angular O coefi ciente angular, na equação geral da função afi m y = ax + b, é repre- sentado pela letra a e é a razão entre a variação da função e a variação da variável independente x (FRIEDRICH; MANZINI, 2010). Vamos entender essa defi nição analisando o gráfi co da Figura 1. 3Noções de funções lineares e quadráticas Figura 1. Representação gráfica do coeficiente angular. Fonte: Friedrich e Manzini (2010, p. 44). Note que , e isso ocorre para quaisquer dois pontos escolhidos, pois os triângulos formados são semelhantes. Essa razão é constante para cada função e depende apenas da inclinação da reta. Por esse motivo, a é denominado coeficiente angular, também conhecido como declividade ou taxa de variação. Coeficiente linear O coefi ciente linear, na equação geral da função afi m y = ax + b, é representado pela letra e é a ordenada do ponto em que o gráfi co da função cruza o eixo das ordenadas y (FRIEDRICH; MANZINI, 2010). Vamos entender essa defi nição analisando o gráfi co da Figura 2. Noções de funções lineares e quadráticas4 Figura 2. Representação gráfica do coeficiente linear. Fonte: Friedrich e Manzini (2010, p. 47). Note que b é o ponto que corta o eixo y. Funções quadráticas Equações em que o expoente de maior grau é 2 são chamadas de equações do segundo grau — ou funções quadráticas. Nem sempre é possível resolver esse tipo de equação isolando a incógnita. É importante mencionar que se chama de raiz de uma equação o valor para o qual a equação se anula. No caso da equação do segundo grau, ela terá de zero até duas raízes reais e pode ser escrita, de forma geral, como y = ax² + bx + c, em que a, b e c são números reais e a ≠ 0 (OLIVEIRA, 2016). 5Noções de funções lineares e quadráticas As funções quadráticas têm diversas aplicações. Veja alguns exemplos. Exemplo 1: A lei da queda dos corpos Se você ainda não estudou essa lei, aprenderá que . Nessa fórmula: d é a distância percorrida pelo corpo até chegar ao chão; G é a constante de aceleração da gravidade; t é o tempo que o corpo leva para chegar ao chão. Exemplo 2: Índice de Massa Corporal (IMC) É importante acompanhar esse índice, já que a obesidade é um problema sério. Ela é considerada uma doença grave quando o IMC do indivíduo se apresenta superior a 30. Para calcular o IMC, utilizamos a fórmula: , ou seja, Note que, nas equações dos exemplos acima, as variáveis independentes (t, m) estão em segunda potência. Portanto, o que temos são equações do segundo grau (funções quadráticas). Raízes da função quadrática Vimos que a equação do segundo grau terá de zero até duas raízes reais e pode ser escrita, de forma geral, como y = ax² + bx + c. Assim, para resolvê-la, utilizamos a conhecida fórmula de Bhaskara, que nos permite encontrar as raízes da função quadrática. Para isso, vamos relembrá-la: Para resolver essa fórmula, olhamos para a forma geral da função quadrática e buscamos seus elementos: a, b e c. Friedrich e Manzini (2010) lembram que a expressão b² – 4ac é conhecida como discriminante e pode ser representada pela letra grega ∆. Portanto, podemos reescrever a fórmula de Bhaskara como: Noções de funções lineares e quadráticas6 Nesse contexto, Friedrich e Manzini (2010, p. 65) definem a função quadrá- tica da seguinte forma: “A função f: R → R, definida por f(x) = ax² + bx + c, com a, b e c reais e a diferente de zero, é chamada de função quadrática ou função do segundo grau”. Representação gráfica As funções afi ns, em função das suas características, vão gerar como repre- sentação gráfi ca no plano cartesiano uma reta; já as funções quadráticas vão gerar parábolas. Veremos a seguir essas representações. Função afim Tan (2014) mostra a representação de duas retas e explica as suas declividades. Veja o exemplo a seguir. A Figura 3 mostra uma reta L 1 com declividade 2. Note que, nessa reta, o aumento de uma unidade em x resulta em um aumento de duas unidades em y. Para ver isso, basta recordar que: Figura 3. Reta crescente (com a > 0). 7Noções de funções lineares e quadráticas Função quadrática Estudamos que o gráfi co de uma função quadrática é uma parábola. Agora vamos entender o que caracteriza a parábola com concavidade voltada para cima ou para baixo. Oliveira (2016) mostra esses casos com exemplos gráfi cos, como você pode ver a seguir. Na Figura 4, a reta L 2 tem declividade −1. Nesta reta, o aumento de uma unidade em x resulta em uma redução de uma unidades em y. Figura 4. Reta decrescente (com a < 0). Fonte: Tan (2014, p. 33–34). Observe que uma reta com declividade positiva se inclina para cima, da esquerda para direita (y cresce à medida que x cresce), enquanto uma reta com declividade negativa se inclina para baixo, da esquerda para direita (y decresce à medida que x cresce). Noções de funções lineares e quadráticas8 O coeficiente a diz se a concavidade da parábola está voltada para cima ou para baixo (Figuras 5 e 6). Lembre-se de que a lei de formação de uma função quadrática é dada por y = ax2 + bx + c. Figura 5. Concavidade para cima (com a > 0). Figura 6. Concavidade para baixo (com a < 0). Fonte: Oliveira (2016, p. 66–67). O coeficiente c indica a ordenada do ponto em que o gráfico corta o eixo y, ou seja, em (0, c). Os pontos em que as funções cortam o eixo x são as raízes ou os zeros da função. Para encontrá-los, basta resolver a equação do segundo grau f(x) = 0. 9Noções de funções lineares e quadráticas Vértice da parábola Uma parábola tem infi nitos pontos; um deles é o vértice v(x v , y v ). O vértice se encontra no ponto médio das raízes da equação do segundo grau e pode ser obtido pela seguinte fórmula . Para encontrar o y v , basta substituir o valor do x encontrado na função ou fazer (FRIEDRICH; MANZINI, 2010). Observe no exemplo o signifi cado do vértice da parábola. Se a > 0, o vértice é o ponto que tem o menor valor de y entre todos os pontos da curva. Por isso, é chamado também de ponto de mínimo absoluto da função. Assim, o ponto mínimo da função y = x2 – 4x + 3 é o ponto (2, –1), como mostra a Figura 7. Figura 7. Vértice da parábola (com a > 0). O vértice também pode ser o ponto que tem o maior valor de y entre todos os pontos da curva. Por isso, é chamado também de ponto de máximo absoluto da função, como mostra a Figura 8. Noções de funções lineares e quadráticas10 Resoluções matemáticas Existe uma forte relação entre matemática e biologia. O exemplo mais co- mumente discutido é a relação das bactérias geradas pelo nosso corpo, revelando-se pelo suor ou pela saliva, por exemplo. Além disso, a poluição do ar nas cidades é calculada em função do número de carros em circulação; a sobrevivência de um inseto, em função da temperatura. Para discutir a afi nidade entre biologia e matemática, veja um exemplo de um experimento em uma cultura de bactérias. Figura 8. Vértice da parábola (com a < 0). Fonte: Friedrich e Manzini (2010, p. 69). Vamos abordar um experimento que ocorreu em um laboratório, com o objetivo de compreender a reação de um cultivo de bactérias a determinada toxina. Foi introduzida a toxina em uma cultura de bactérias, cuja população, no momento da
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