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Aula 09 - Geomorfologia Costeira - CEDERJ

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Aula 9
As lagunas não são eternas
Bernardo Regis Guimarães de Oliveira
Jorge Soares Marques
292
Aula 9 • As lagunas não são eternas
Aula 9 • 
Aula 9 • 
Meta
Demonstrar que as lagoas costeiras são ambientes que tendem a desa-
parecer e que as intervenções antrópicas têm atuado em duas direções: 
uma acelerando seus processos de deposição e outra buscando conser-
vá-las como lagunas. 
Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
1. compreender a presença e a origem das lagoas nas áreas costeiras;
2. identificar as características da morfologia e da dinâmica dos proces-
sos de mobilização de águas e sedimentos nas lagoas costeiras;
3. reconhecer as fases de evolução das lagoas costeiras, sua importância 
ambiental e os problemas decorrentes de interferências antrópicas.
293
Geomorfologia Costeira
Lagos, lagoas ou lagunas costeiras?
Se as ilhas são identificadas por serem terras cercadas por águas, os 
lagos são conhecidos como uma porção de água cercada por terra. Eles 
ocupam áreas topograficamente deprimidas, ou seja, são mais baixas 
que os terrenos ao seu redor. Os lagos estão presentes em diversos luga-
res do planeta, inclusive em locais inóspitos, como em desertos quentes 
e em crateras de vulcões não ativos. 
O estudo amplo das características específicas dos lagos recebe o 
nome de limnologia.
Nas áreas costeiras brasileiras, eles também estão presentes, entre-
tanto recebendo quase sempre o nome de lagoas. Além disso, como foi 
apresentado na aula sobre restingas, muitas lagoas costeiras deveriam 
ser chamadas de lagunas, por terem águas salgadas ou salobras.
Os termos lago, lagoa e laguna frequentemente são alvo de questio-
namentos e divergências, mesmo entre estudiosos e pesquisadores de 
diversas áreas profissionais. Biólogos, engenheiros, geólogos e geógrafos 
têm definido e distinguido esses termos com base em critérios que le-
vam em conta diversas características presentes nesses ambientes, como 
extensão, profundidade, salinidade, conexão com o mar, entre outras.
Segundo Guerra (2003), os lagos possuem origens diversas. Eles são 
caracterizados como um confinamento de águas em áreas deprimidas, 
de formato e dimensões variáveis. Em relação às lagoas, o autor coloca 
que são de profundidades menores e, em áreas litorâneas, são chamadas 
de lagoas costeiras. Nessas colocações do autor, fica clara a ideia mais 
ampla de lago como forma ligada aos processos continentais.
Esteves (1998) reforça a colocação de que lagos não têm ligação di-
reta com o mar. Lembra ainda que existem lagos de água salgada no in-
terior dos continentes, porém suas origens se devem à concentração de 
sais, por evaporação intensa de água em áreas de climas quentes e secos.
A definição para lagoas, de Tomazelli e Villwock (1991), segue o 
mesmo caminho de defini-las como corpos aquosos litorâneos, inde-
pendente de suas dimensões ou de seu grau de afastamento ou ligação 
com o mar.
Já uma laguna tem uma característica bastante específica, que se re-
laciona à existência de sua ligação com o mar através de um canal. Isso 
faz com que suas águas sejam salgadas ou salobras e ela sofra influência 
das marés. Vários autores reafirmam em suas definições essa condição. 
294
Aula 9 • As lagunas não são eternas
Aula 9 • 
Aula 9 • 
Phleger (1981), por exemplo, além de colocar a possibilidade da comu-
nicação com o mar por um ou mais canais, ainda ressalta que a origem 
da laguna se deu pela formação de uma barreira arenosa, assinalando, 
portanto, a existência da ação dos processos marinhos. Convém lem-
brar que o termo laguna poderia então ser aplicado a qualquer corpo 
d’água costeiro que se tornou salobro, pela ação do homem ao ligá-lo ou 
religá-lo ao mar com a abertura de um canal.
Partindo dessas definições, é possível entender que, utilizando o 
conceito amplo de zona costeira, nessas áreas podem existir lagos, la-
goas e lagunas. Entretanto, considerando questões de gênese e da di-
nâmica atual desses ambientes, nesta aula serão estudadas com maior 
destaque as lagoas, que efetivamente tiveram ou têm ligação direta com 
os processos marinhos.
Um aspecto importante, que não deve ser esquecido, e é assinalado 
por Esteves (1998), refere-se ao tempo de existência dos lagos, consi-
derado curto dentro da escala geológica. São depressões que tendem a 
ser entulhadas por sedimentos inorgânicos e orgânicos. Evidentemente, 
isso se aplica às lagoas costeiras, com o agravante de estarem em am-
bientes sensíveis às mudanças, principalmente as que são induzidas pe-
las variações do nível do mar.
Além de suas específicas características físicas, as lagoas costeiras 
apresentam rica biodiversidade. Com flora e fauna constituídas por 
diversas espécies aquáticas e terrestres, assumem também grande im-
portância em sua associação com os demais componentes dos sistemas 
ambientais costeiros.
São lugares que oferecem grandes atrativos para a ocupação e a uti-
lização de seu entorno pelo homem. São fonte de recursos naturais, ali-
mentos e substâncias minerais. São também locais bastante valorizados 
por sua paisagem e por serem propícios para a prática de esportes e 
atividades de lazer.
Assim como as praias e restingas, as margens de lagoas, principal-
mente as constituídas por sedimentos arenosos, tornaram-se lugares al-
tamente valorizados para ocupação nos centros urbanos localizados nas 
áreas costeiras brasileiras. A qualidade do tipo de terreno para a cons-
trução e as amenidades atribuídas a esses ambientes são argumentos que 
justificam a imensa valorização dessas áreas no mercado imobiliário.
Entretanto, esse grande crescimento das populações urbanas tam-
bém trouxe a intensa ocupação de áreas de menor valor, nas margens 
295
Geomorfologia Costeira
dessas lagoas, constituídas por terrenos embrejados e mangues. Nesses 
locais, populações pobres também assentaram suas habitações.
A falta de planejamento para a ocupação do entorno de lagoas e a 
não implantação de obras necessárias de saneamento básico têm contri-
buído para a degradação desses ambientes. Aterros e esgotos domésti-
cos e industriais acabaram por poluir muitas lagoas, transformando-as 
em problemas ambientais a serem solucionados.
No Brasil, as lagoas costeiras são ambientes particularmente abun-
dantes, principalmente nos litorais dos estados do Rio de Janeiro e do 
Rio Grande do Sul, onde ocupam grandes áreas.
No estado do Rio de Janeiro, a construção de canais interligando no-
vamente as lagoas ao mar tem sido a intervenção antrópica mais efetiva 
na tentativa de melhorar a qualidade das águas e na drenagem dos terre-
nos embrejados das baixadas costeiras. Por outro lado, essas iniciativas 
nem sempre têm alcançado os resultados esperados, face ao crescimen-
to dos níveis de poluição. Na verdade, juntamente com os processos de 
drenagem, contribuíram para ampliar a expansão urbana nessas baixa-
das costeiras e também ajudaram a levar para o mar a poluição.
Uma das lagoas mais conhecidas, que sofreu fortes intervenções des-
de o início do século XIX, consumindo até hoje vultosos recursos pú-
blicos para mantê-la como um dos cartões postais da cidade do Rio de 
Janeiro, é a lagoa Rodrigo de Freitas. Na Figura 9.1 e na Figura 9.2, são 
vistas duas imagens de sua história.
Figura 9.1: Lagoa Rodrigo de Freitas: quadro pintado por Nicola Facchinetti 
-1884.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lagoa_Rodrigo_de_Freitas#mediaviewer/File:Nicola_
Facchinetti_-_Lagoa_Rodrigo_de_Freitas,_Rio_de_Janeiro,_ca._1884.jpg
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lagoa_Rodrigo_de_Freitas#mediaviewer/File:Nicola_Facchinetti_-_Lagoa_Rodrigo_de_Freitas,_Rio_de_Janeiro,_ca._1884.jpg
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lagoa_Rodrigo_de_Freitas#mediaviewer/File:Nicola_Facchinetti_-_Lagoa_Rodrigo_de_Freitas,_Rio_de_Janeiro,_ca._1884.jpg
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Aula 9 • As lagunas não são eternas
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Figura 9.2: Lagoa Rodrigo de Freitas. No contato com o mar, vê-se a restinga 
que tem, na linha do litoral, as praias de Ipanema(à esquerda) e do Leblon 
(à direita) e o canal do Jardim de Alah, que liga a lagoa ao mar.
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:A_bela_vista_do_Cristo.jpg
Origem das lagoas costeiras
Já foi mencionado que, dentro de uma zona costeira, é possível exis-
tirem lagos cuja origem não está associada, direta ou indiretamente, ao 
mar, como são, por exemplo, os casos de lagos em crateras vulcânicas, 
em falhas, em glaciais, e os vulcânicos, constituídos por lava magmática 
fluida ou cheios de substâncias ácidas sob a forma líquida. 
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297
Geomorfologia Costeira
Figura 9.3: Lagoa Funda e lagoa Rasa, na ilha das Flores, nos Açores. São 
lagoas formadas em crateras vulcânicas pelo acúmulo de águas, principal-
mente das chuvas.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lagoa_Funda_(Cedros)#mediaviewer/File:Lagoa_
Funda_e_Lagoa_Rasa,_ilha_das_Flores,_A%C3%A7ores.jpg
Os principais processos formadores de lagoas, considerados costei-
ros, estão associados à atuação de correntes litorâneas e aos eventos de 
transgressão e regressão marinha. Suas ações criam restingas e praias, 
como você estudou nas duas últimas aulas. Esses depósitos de sedi-
mentos empilhados na linha do litoral, constituídos principalmente por 
areias, transformam as áreas interiores em depressões, nas quais as águas 
continentais são barradas e se acumulam, passando a ter dificuldades ou 
mesmo sendo impedidas de sair, pela não existência de canais de ligação 
com o mar. No local, surgem lagoas e/ou terrenos embrejados.
Indiretamente, há também encadeamentos de processos marinhos 
com as ações eólicas e fluviais, passíveis de criarem lagoas, como será 
visto mais adiante nesta aula. Entre eles também se incluem as lagoas 
formadas pela ação de organismos vivos, os corais, assunto que será tra-
tado em outra aula.
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Lagoa_Funda_(Cedros)#mediaviewer/File:Lagoa_Funda_e_Lagoa_Rasa,_ilha_das_Flores,_A%C3%A7ores.jpg
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lagoa_Funda_(Cedros)#mediaviewer/File:Lagoa_Funda_e_Lagoa_Rasa,_ilha_das_Flores,_A%C3%A7ores.jpg
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Aula 9 • As lagunas não são eternas
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Alguém se preocupou com a 
origem das lagoas costeiras?
No Brasil, entre os primeiros estudos da origem de lagoas costei-
ras, deve ser sempre lembrado o trabalho, considerado clássico, 
de Alberto Ribeiro Lamego (1945), sob o título de Ciclo Evolutivo 
das Lagunas Fluminenses. O trabalho aborda a evolução de lagoas 
do estado do Rio de Janeiro, a partir de suas origens vinculadas à 
formação de restingas.
A baía de Sepetiba, com a restinga da Marambaia, é colocada na 
posição de início do processo de formação de lagoas, enquanto 
outras já teriam atingido estágios mais evoluídos, como Araru-
ama, Saquarema, Maricá, Itaipu, Rodrigo de Freitas, Marapendi, 
Tijuca e Jacarepaguá.
Esse trabalho e todos os demais publicados desde a década de 1940 
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em sua 
Revista Brasileira de Geografia e em seu Boletim Geográfico, po-
dem ser consultados na íntegra em http://biblioteca.ibge.gov.br.
As variações do nível do mar
Ao longo do tempo geológico, o nível médio dos oceanos sofre mui-
tas alterações. A cada transgressão ou regressão marinha, o nível do mar 
irá, continuamente, mudando de valor, em escalas que podem ser mais 
rápidas ou mais lentas, até alcançar certa estabilidade. Em consequên-
cia, ocorrerão, necessariamente, reajustes na ação dos processos, impli-
cando suas atuações na construção de uma nova linha de litoral.
Com a subida do nível do mar, as águas avançam rompendo, ultra-
passando ou empurrando para o interior as barreiras sedimentares exis-
tentes, como praias e restingas. Assim, a água penetra por rios e canais, 
inundando os terrenos atrás dessas barreiras, que poderiam ou não ter 
lagoas. A posição de saída das águas e sedimentos fluviais recua para o 
interior, devido a esse aumento do nível de base.
http://biblioteca.ibge.gov.br
299
Geomorfologia Costeira
Nas áreas afogadas, tendo disponibilidade de sedimentos e com as 
novas condições de atuação e interação de processos, haverá possibili-
dade de construção de novas praias e restingas.
Com a descida do nível do mar, nova linha de litoral deverá ser for-
mada. Novos depósitos sedimentares marinhos poderão ser construí-
dos e, com eles, o surgimento de novos terrenos embrejados e/ou lagoas. 
A Figura 9.4 mostra a imagem da baixada de Jacarepaguá, na cidade 
do Rio de Janeiro. A existência das lagoas neste local se deve à formação 
de restingas criadas a partir de variações do nível do mar.
Figura 9.4: Imagem da baixada de Jacarepaguá na cidade do Rio de Janeiro, 
na qual existem duas restingas, uma mais nova (onde está a praia atual) e uma 
mais antiga, mais para o interior (paralela à primeira) e praticamente toda ocu-
pada. Entre as duas, há a lagoa de Marapendi. Após a restinga mais antiga, há 
as lagoas costeiras de Jacarepaguá e Tijuca.
Fonte: Google Earth
A Figura 9.5 mostra a restinga da Marambaia. Nela se identificam 
duas restingas com uma lagoa entre elas e, mais para o interior, a baía de 
Sepetiba. Essas restingas foram formadas nas mesmas épocas que as da 
baixada de Jacarepaguá.
300
Aula 9 • As lagunas não são eternas
Aula 9 • 
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Figura 9.5: Imagem da restinga da Marambaia. Depois da restinga mais re-
cente, em que está a praia atual, encontra-se uma lagoa costeira, depois a 
restinga mais antiga e, mais para interior, o arco de uma praia recente da baía 
de Sepetiba.
Fonte: Google Earth
Epirogenia
Quando ocorre a epirogenia, há abaixamento ou aumento do nível 
do mar apenas para as áreas que sofreram esse processo, pois não é um 
evento que atinge todos os oceanos, como o eustatismo. Entretanto, 
efeitos similares de transgressão ou regressão acontecerão localmente.
Situações desse tipo ocorrem em costas chamadas ativas, em que for-
ças tectônicas estão atuando, sendo exemplo a costa oeste da América 
do Norte e da Escandinávia, na Europa.
Atividade 1
Atende ao objetivo 1
Na Região dos Lagos, no estado do Rio de Janeiro, apenas a lagoa de 
Araruama sempre foi uma laguna. As outras principais eram lagunas, 
viraram lagoas e voltaram a ser lagunas. Explique por que muitas lagoas 
costeiras deixaram de ser lagunas e outras voltaram a ser.
301
Geomorfologia Costeira
Resposta comentada
Os processos marinhos depositam, ao longo do litoral, sedimentos que 
barram a saída das águas continentais. Essas águas tendem a ficar ar-
mazenadas, formando lagoas. Entretanto, ao longo da atuação desses 
processos, a existência de canais, que permitem a entrada da água do 
mar, faz com que essas lagoas tenham águas salobras (razão pela qual 
são chamadas de lagunas). Havendo sedimentos disponíveis, as ondas, 
marés e correntes litorâneas, continuando seu trabalho, podem tampo-
nar com eles a entrada desses canais, transformando as lagunas e lagoas. 
Caso haja intervenção humana reabrindo um canal para o mar, a lagoa 
voltará a ser laguna.
Ações de processos marinhos
Independentemente de variações do nível do mar, na foz de rios que 
constantemente levam grandes quantidades de sedimentos para o mar, 
os sedimentos são retrabalhados e trazidos para a linha do litoral. Com 
isso, formam-se novas restingas. No transporte para o litoral, os sedi-
mentos poderão ser agregados aos preexistentes, que já estão emersos, 
ou emergir a partir de bancos arenosos, com praia à sua frente e lagoa 
em seu reverso. 
Em outras áreas, novas praias e restingas podem ser formadas quan-
do há mudanças no próprio comportamento de correntes litorâneas, 
como o aumento da disponibilidade de sedimentos para transporte e o 
surgimento de obstáculos que dificultem ou produzam bloqueios à sua 
passagem. Entre elas, podem também surgir lagoas.
A Figura 9.6 reproduz trecho do mapa geológico da área deltaica 
do rio Paraíba do Sul (Campos dos Goytacazes - RJ). Nele, é possí-
vel ver umaquantidade enorme de lagoas costeiras de várias origens. 
302
Aula 9 • As lagunas não são eternas
Aula 9 • 
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À esquerda do mapa, a Lagoa da Saudade e outras, em terrenos embre-
jados, formadas pela deposição de sedimentos marinhos (restingas) que 
barraram a drenagem continental. À direita e à esquerda do rio Paraíba, 
mais próximo à foz, lagoas formadas entre sucessivas restingas, como as 
do Taí e do Campelo. Nas margens do rio Paraíba, lagoas fluviais. 
Figura 9.6: Campo dos Goytacazes - Trecho de mapa geológico de Alberto 
Ribeiro Lamego, constando terrenos terciários (em amarelo), sedimentos flu-
viais (em marrom) e sedimentos marinhos (em bege claro). 
Fonte: Divisão de Geologia e Mineralogia do Ministério da Agricultura – BR - 1954
303
Geomorfologia Costeira
Crescimentos de esporões
O surgimento e o crescimento de esporões, devido à ação de ondas e cor-
rentes no interior de lagoas ou baías, pode ocorrer de modo similar ao das 
restingas, que se sucedem e que entre elas se formam lagoas. A Figura 9.7 
apresenta a imagem de uma lagoa formada num esporão, no extremo sul 
do litoral do Rio Grande do Sul, próxima à cidade de Rio Grande.
Figura 9.7: Imagem de um esporão, na porção sul do litoral do estado do Rio 
Grande do Sul, que possui em seu interior lagoas costeiras que, na imagem, 
se apresentam como pequenas manchas escuras. Percebe-se também que 
os dois esporões para o interior, com os seus crescimentos, estão também 
subdividindo a lagoa interna.
Fonte: Google Earth
Outra situação que envolve esporões se refere a seu contínuo cresci-
mento no interior de lagoas e baías. Seu desenvolvimento vai compar-
timentando a lagoa, tendendo a subdividi-la em várias outras, como no 
esquema apresentado na Figura 9.8 e no exemplo bastante marcante, 
presente na Figura 9.9, da lagoa de Araruama (RJ).
304
Aula 9 • As lagunas não são eternas
Aula 9 • 
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Figura 9.8: Esquema representando a criação de várias lagoas a partir da 
compartimentação de uma maior, pelo desenvolvimento de esporões.
Figura 9.9: Lagoa de Araruama (RJ). Compartimentação da lagoa com o 
crescimento de esporões em seu interior.
Fonte: Google Earth
A disponibilidade de sedimentos arenosos é fundamental para o de-
senvolvimento de esporões. Nas margens localizadas na parte mais para 
o interior das lagoas, quando não assentadas em praias e restingas are-
nosas, dificilmente se formam e crescem esporões.
Interação com outros processos
Abordagens de processos, com o emprego da perspectiva sistêmica, 
ressaltaram a existência de encadeamentos de causa e efeito entre am-
bientes, ou seja, o resultado de um processo é um efeito que, por sua vez, 
será causa de outro processo, e assim sucessivamente.
305
Geomorfologia Costeira
Como será visto de modo mais detalhado na aula sobre a ação eólica 
em áreas costeiras, locais na linha do litoral, em que os sedimentos che-
gam constantemente pelo resultado da ação marinha, são passíveis de 
serem retrabalhados pelo vento.
Como resultado, campos de dunas costeiras irão se constituir e cres-
cer em área e volume de areia sobre terrenos baixos no reverso de praias 
e restingas. Em áreas de clima úmido, esses campos de dunas recebem 
grandes volumes de água das chuvas. Devido à alta porosidade e per-
meabilidade desses locais, a água rapidamente se infiltra e faz o lençol 
freático subir. 
Caso a ação da evaporação e do escoamento das águas do lençol fre-
ático para o mar não aconteça sempre de forma bastante efetiva, haverá 
acumulo de água entre as dunas, formando-se lagoas de água doce.
Entre as dunas que formam os Lençóis Maranhenses (MA), existem 
centenas de lagoas de água doce (Figura 9.10). Esse ambiente foi formado 
durante um longo período de tempo em que sedimentos, oriundos do con-
tinente, foram carreados para o mar, pela drenagem, e depois retrabalha-
dos pelos processos marinhos, que o levaram ao litoral e depois novamente 
trabalhados pela ação eólica. Essa área está próxima à foz do rio Parnaíba, 
que é o grande responsável por trazer sedimentos para esse litoral.
Figura 9.10: Lençóis Maranhenses (MA) – o maior campo de dunas existen-
tes no Brasil. Entre as dunas, há lagoas de água doce. Na dinâmica local, de 
um lado, a lagoa diminui pelo avanço da duna e, do outro, ela aumenta pela 
saída de areia de sua margem.
Fonte : https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Lencois_Maranhenses_8.jpg
V
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306
Aula 9 • As lagunas não são eternas
Aula 9 • 
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Durante os períodos mais secos e com os ventos constantes na região, 
as dunas se deslocam. Quando posicionadas nas margens de lagoas, 
de um lado avançam na direção do vento, colocando sedimentos na 
água e, do lado oposto, retirando-os. Desse modo, a área das lagoas 
se modifica, respectivamente, diminuindo de um lado e crescendo do 
outro (Figura 9.11).
Figura 9.11: Uma das centenas de lagoas entre dunas nos Lençóis Mara-
nhenses (MA). Observa-se, no primeiro plano, a movimentação da areia atra-
vés das ondulações existentes sobre a superfície duna. Mais adiante, observa-
-se a duna avançando com suas areias, desmoronando para dentro da lagoa.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Nacional_dos_Len%C3%A7%C3%B3is_
Maranhenses#mediaviewer/File:Lagoa_e_duna_no_Parque_Nacional_dos_
Len%C3%A7ois_maranhenses_(S%C3%A3o_Lu%C3%ADs_-_BR).JPG
Com relação à associação com os processos fluviais, a presença dos 
depósitos marinhos na linha da costa impede a saída ampla das águas 
de rios de maior porte em épocas de cheia, que inundam a sua planície, 
aumentando as possibilidades de formação de lagoas. Nesse caso, não se 
trata de lagoas formadas pelo bloqueio do canal fluvial, e sim da maior 
capacidade de armazenamento de águas nas planícies. A Figura 9.6 
também exemplifica essa situação de bloqueio que foi descrita.
Outro exemplo é visto na Figura 9.12, que mostra uma área depri-
mida, embrejada e com lagoas em São Tomé (RJ). Localizada no reverso 
de estreita restinga, essa área, que se situa ao sul da lagoa Feia (Campos 
dos Goytacazes - RJ), tem ali próximo o Canal das Flexas, na Barra do 
M
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l 1
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Nacional_dos_Len%C3%A7%C3%B3is_Maranhenses#mediaviewer/File:Lagoa_e_duna_no_Parque_Nacional_dos_Len%C3%A7ois_maranhenses_(S%C3%A3o_Lu%C3%ADs_-_BR).JPG
http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Nacional_dos_Len%C3%A7%C3%B3is_Maranhenses#mediaviewer/File:Lagoa_e_duna_no_Parque_Nacional_dos_Len%C3%A7ois_maranhenses_(S%C3%A3o_Lu%C3%ADs_-_BR).JPG
http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Nacional_dos_Len%C3%A7%C3%B3is_Maranhenses#mediaviewer/File:Lagoa_e_duna_no_Parque_Nacional_dos_Len%C3%A7ois_maranhenses_(S%C3%A3o_Lu%C3%ADs_-_BR).JPG
307
Geomorfologia Costeira
Furado. Construído pelo homem, o canal visa drenar as águas represa-
das na região da grande planície de Campos nos períodos de chuvas de 
verão e das inundações produzidas pelas cheias do rio Paraíba do Sul.
Figura 9.12: Imagem mostrando os terrenos embrejados e as lagoas existen-
tes em função da barragem criada pela deposição dos sedimentos arenosos 
que constituem a restinga existente na localidade de São Tomé (RJ).
Fonte: Google Earth
Na Figura 9.13, outro exemplo de associação de processos. Um fluxo 
de água, de saídas do rio Paraíba do Sul em direção ao Nordeste, barrou 
o avanço dos sedimentos trazidos pelas ondas para o litoral, contribuin-
do para o surgimento de ilhas barreiras, que estão se constituindo em 
uma nova restinga.
O fechamento do canal formado, que já está ocorrendo, acaba por 
criar uma nova lagoa entre a nova restinga e a antiga linha do litoral.
308
Aula 9 • As lagunas não são eternas
Aula 9 • 
Aula 9 • 
Figura 9.13: Imagem da construção de uma nova restinga, na margem esquer-
da da foz do rio Paraíba do Sul, em frente à localidade de Gargaú (São Francisco 
do Itabapoana - RJ), tendo em seu reverso uma nova lagoa em formação. 
Fonte: Google Earth
Atividade 2
Atende ao objetivo 2
A partir do mapa que mostra um trecho do litoral sul do EspíritoSanto, 
explique como se formaram as lagoas que ali existem, descrevendo as 
características dessa área costeira.
Observação: As curvas de nível presentes no mapa têm, por equidistân-
cia, 20 metros, conforme consta junto à escala.
309
Geomorfologia Costeira
Figura 9.14
Resposta comentada
O litoral é formado por terrenos elevados de topo plano, com altitudes 
próximas aos 20 metros. Na linha da costa, existem falésias e, entre elas, 
pequenas bacias de drenagens, que tiveram a saída de suas águas barra-
das pela formação de praias. No seu interior, agora, existem lagoas.
310
Aula 9 • As lagunas não são eternas
Aula 9 • 
Aula 9 • 
Caracterização de lagoas costeiras 
As lagoas e as lagunas podem ser caracterizadas por suas formas 
(representadas pelos valores de sua morfometria), pelos seus consti-
tuintes e pela dinâmica interna de suas águas. 
Características morfométricas
Uma primeira característica diz respeito à forma das lagoas, que 
pode variar bastante. Quando formadas a partir de restingas, tendem 
a ser mais alongadas. Podem ainda ter formas geometricamente mais 
regulares, como as redondas, ou bastante irregulares. Essas formas mais 
irregulares ocorrem, principalmente, quando ocupam pequenos baixos 
cursos fluviais afogados, com ramificações de afluentes. Os índices de 
circularidade podem ser estabelecidos utilizando relações entre os va-
lores de maior comprimento e de maior largura de uma lagoa, ou seja, 
entre o seu eixo maior e o seu eixo menor.
A dimensão das lagoas normalmente é medida pelas áreas que ocu-
pam seus espelhos d’água e pelo volume de suas águas. Essas medidas 
são tomadas por valores máximos, mínimos e médios, porém, muitas 
vezes são utilizados os mais frequentes, já que suas dimensões são vari-
áveis ao longo do tempo.
Morfometria
Descreve por 
mensurações as 
formas de relevo, 
permitindo também 
fazer comparações e 
classificações entre elas.
Espelho d`água
Nome dado à superfície 
de águas, como a dos 
lagos e represas.
311
Geomorfologia Costeira
A maior laguna brasileira é a Lagoa dos Patos, no Rio Grande do 
Sul. Sua forma alongada se estende por quase todo o litoral do 
estado, atingindo quase 60 km de largura máxima e possuindo 
uma área em torno de 11.000 km².
Figura 9.15
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a4/
Lagoa_dos_Patos_PIA03444_lrg.jpg
As variações de sua área e do seu volume dependem das condições 
do clima, que respondem pela chegada da água nas lagoas. Em áreas tro-
picais úmidas, elas podem receber água pelos rios, pelo escoamento su-
perficial, pelo lençol freático e diretamente pelas precipitações pluviais. 
Elas podem perder água através da evaporação e para o lençol freático, 
quando ele está mais seco. Quando se trata de lagunas, pode ocorrer 
ganho ou perda de água para o mar. 
312
Aula 9 • As lagunas não são eternas
Aula 9 • 
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Existem também situações em que o homem controla o volume de 
águas e, consequentemente, o tamanho de uma lagoa. A lagoa Feia, em 
Campos, é um exemplo importante. Ela era uma lagoa com área maior 
que a baía de Guanabara (RJ), porém foram construídos um canal de 
saída (na Barra do Furado) e comportas para manter a lagoa com um 
nível mais estável de volume de águas, e assim usar mais terras de suas 
margens e evitar grandes inundações com as cheias do rio Paraíba do 
Sul. A lagoa diminuiu de tamanho e redefiniu as posições e as caracte-
rísticas de suas margens (Figura 9.16).
Figura 9.16: Lagoa Feia - Campos (RJ). No lado direito da imagem, pode ser 
visto o canal que liga a lagoa ao mar, no qual existem comportas para contro-
lar a saída da água, acima do nível máximo de maré.
Fonte: Google Earth
O perímetro é outra característica que ganha importância para 
ocupação e utilização humana, porque define a extensão das margens. 
Tendo reentrâncias e pontões em suas margens, esse valor se amplia, 
permitindo, por exemplo, a criação de mais lotes de terreno de frente 
para a lagoa, mesmo considerando o espaço que deve ser preservado, 
estabelecido pela legislação ambiental.
É comum se falar da profundidade pelo valor médio, porém, para 
melhor conhecer uma lagoa, é necessário mapear seu fundo, criando 
cartas batimétricas que mostram como as profundidades se distribuem. 
Geralmente, as lagoas costeiras têm pequena profundidade.
313
Geomorfologia Costeira
Constituintes inorgânicos e orgânicos
As águas das lagoas podem ser caracterizadas por diversos as-
pectos que incluem, entre outros, sua composição química, salini-
dade, temperatura, transparência, ph, quantidade de matéria orgâ-
nica, presença e quantidade de oxigênio dissolvido e de substâncias 
consideradas poluentes.
A salinidade do mar é medida pelos valores de concentração dos 
sais na água. Em média, a salinidade do mar varia de 34 a 37 
gramas/Kg ou de 34000 a 37000 mg/litro.
Valores mais baixos que 34 são encontrados em ambiente salobro 
e, mais que 37, em ambiente hipersalinos. 
Esses valores ganham maior importância descritiva e de utilização 
quando, em vez de representarem uma média obtida para um ponto 
num determinado momento, são mensurados levando em conta sua 
distribuição em área, em profundidade e ao longo do tempo. 
A lagoa de Araruama, no estado do Rio de Janeiro, com cerca de 200 
km², é considerada uma das maiores lagoas hipersalinas no planeta.
Os materiais que constituem margens e as superfícies de fundo das 
lagoas não podem ser esquecidos na caracterização desses ambientes, 
principalmente, quando se assentam sobre restingas e posições no rever-
so de praias, onde as suas margens são de praias arenosas. Quando são 
constituídas por siltes, argilas e matérias orgânicas, elas se apresentam 
314
Aula 9 • As lagunas não são eternas
Aula 9 • 
Aula 9 • 
como terrenos pantanosos e mangues (neste caso, apenas se as águas 
tiverem salinidade).
Em direção às áreas de fundo com maiores profundidades, os sedi-
mentos tendem a ser mais finos, acumulando principalmente argilas e 
matérias orgânicas.
A produção de matéria orgânica é grande em lagoas, principalmente 
em áreas de clima tropical úmido e quente. Muitos dos animais e vegetais 
que constituem fauna e flora específicas desses ambientes possuem altas 
taxas de reprodução (Figura 9.17). 
Figura 9.17: A taboa (Thypha dominguensis) é uma vegetação típica de água 
doce, que rapidamente se expande em áreas embrejadas e de pequena pro-
fundidade em lagoas. Quando uma laguna deixa de receber água salgada e 
vai passando a ter águas mais doces, espécies de vegetais, como a taboa, 
que existiam em áreas menos salobras, passam a se expandir.
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Typha_domingensis_4.jpg
Grandes depósitos de conchas de restos de bivalves, como a Anama-
locardia brasiliana, muito comum no litoral brasileiro, são encontrados, 
formando camadas de sedimentos no fundo de lagoas.
315
Geomorfologia Costeira
Restos de vegetais, por sua vez, ao se acumularem, podem formar 
também camadas de sedimentos de natureza orgânica. Esses materiais 
orgânicos, conhecidos como turfas, são substâncias num estágio bastan-
te inicial da formação do carvão mineral. Embora encontrados também 
em ambientes como o de clima tropical, o grande desenvolvimento de 
turfas se dá em lagoas e pântanos, em áreas de clima temperado.
Dinâmica interna
A dinâmica interna das lagoas é produzida pela ação dos processos 
que nela atuam, sob influências e dependências de fatores externos, tais 
como o clima, as condições do mar e a ação antrópica.
O volume de água que vai chegar, direta ou indiretamente, a uma 
lagoa, ao longo do tempo, é dependente e influenciado pela atuação do 
clima, que irá influenciar também a temperatura das águas, as condi-
ções de evaporação e o vento que atua sobre a sua superfície.
Junto com as águas, chegam sedimentos com tipos de material e vo-
lumes disponibilizados por processos continentais, cujas características 
de existência e atuação também dependem do clima.
Quando as lagoas estão diretamenteligadas ao mar, chegam diaria-
mente águas que, com a pressão dos fluxos de maré local, vão estabelecer 
o valor e a distribuição da salinidade no interior das lagoas. Em algumas 
poderá haver valores baixos (águas salobras) e, em outras, valores ele-
vados que aumentem com a evaporação interna (águas hipersalinas). 
Os valores mais altos são encontrados nas áreas próximas aos canais de 
entrada de água do mar, sendo esses os lugares onde, nas margens da 
lagoa, desenvolvem-se mangues.
Nesses casos, as marés também passam a existir no interior das lagoas, 
fazendo variarem diariamente a área e o volume de suas águas. Consi-
derando a entrada e saída de águas do mar e do continente, se estabelece 
diariamente um balanço entre as duas. Em áreas de clima tropical úmi-
do, há uma tendência à saída maior de água doce do que à entrada de 
água salgada, principalmente nos períodos de verão. 
No estado do Rio de Janeiro, a lagoa de Araruama constitui uma 
exceção com relação ao balanço de entrada e saída de águas. Por estar 
localizada em uma área de baixa precipitação, recebe diretamente muito 
pouca água doce, tanto da chuva quanto dos pequenos rios que nela de-
saguam. Ela é uma lagoa rasa, com altos índices de insolação e de ação 
316
Aula 9 • As lagunas não são eternas
Aula 9 • 
Aula 9 • 
constante de ventos. Pela evaporação, grandes volumes de água são per-
didos, e a reposição se dá principalmente pela entrada de água salgada 
através do canal de Itajuru (Cabo Frio - RJ) (Figura 9.18). Nesse pro-
cesso, o sal vai se concentrando em suas águas, tornando-a hipersalina. 
Figura 9.18: Canal de Itajuru (Cabo Frio - RJ). Canal que liga a lagoa de Ara-
ruama ao mar. 
Fonte: Google Earth
As águas que vêm do mar, assim como as que vêm das áreas conti-
nentais, ampliam a oferta de matérias orgânicas e nutrientes a serem 
absorvidos por seres vivos nas lagoas. Com elas, também chegam di-
versas espécies de animais e vegetais. Enquanto existir a comunicação 
com o mar, há a possibilidade de entrada de águas salgadas, e parte dos 
sedimentos que existem em suspensão pode sair.
Com a movimentação de sedimentos ao longo do litoral, há a ten-
dência ao fechamento da entrada das lagunas. Assim como outras la-
gunas que estejam fechadas, suas águas vão se tornando doces; o tipo 
de vegetação também vai mudando, a sedimentação cumulativa vai 
aumentando e diminuindo a profundidade, principalmente se elas re-
cebem águas e sedimentos fluviais, e as condições de eutroficação ten-
dem a aumentar. Dessa forma, passam de uma trajetória evolutiva para 
outra, ou seja, da sua formação e relação com o mar para a obstrução 
dessa ligação e as modificações que vão sofrendo.
Eutroficação
Processo de 
enriquecimento das 
águas por nutrientes 
que alimentam um 
crescimento bacteriano 
excessivo, consumindo 
oxigênio e causando 
a morte de muitas 
espécies. Esse processo 
pode ser natural ou 
antrópico (através do 
despejo de esgotos), e o 
aumento da temperatura 
o torna mais intenso.
317
Geomorfologia Costeira
As ações antrópicas se fazem de modo bastante diversificado e quase 
sempre com efeitos negativos para o ambiente lagunar, tais como:
•	 realização de aterros, até mesmo com lixo e entulhos, reduzindo o 
espelho d’água;
•	 construções de edificações em margens de lagoas;
•	 construção de enrocamentos para intensificar processos de sedimen-
tação e, com isso, aumentar as áreas emersas para apropriação;
•	 dragagens para obter material para aterros ou para extração 
de conchas;
•	 lançamento de esgotos domésticos e industriais;
•	 construção de tanques para extração de sal;
•	 construção de canais para ligar ou religar as lagoas ao mar.
As lagoas fluminenses de Saquarema, Maricá, Itaipu, Piratininga, 
Rodrigo de Freitas, Marapendi, Tijuca e Jacarepaguá continuam 
sendo lagunas, porque o homem construiu canais com o intuito 
de manter permanente a ligação com o mar.
Com a ação dos fatores externos, são geradas, no interior de lagoas, 
oscilações de marés, ondas e correntes, inclusive aquelas provocadas pela 
presença de fluxos fluviais (quando existentes), e movimentação de em-
barcações, com motores que permitem deslocamentos em grandes velo-
cidades. Elas respondem por criar padrões de movimentação de águas e 
sedimentos. Como consequência, são modeladas as formas das margens, 
são definidas áreas de sedimentação mais intensa e são produzidos espo-
rões que compartimentam as lagoas e aceleram a sua colmatagem. Colmatagem
Entulhamento por 
processos de deposição 
em áreas deprimidas.
318
Aula 9 • As lagunas não são eternas
Aula 9 • 
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Nas margens de lagoas, podem existir relevos elevados e ações de 
ondas fazendo falésias recuarem e disponibilizando sedimentos 
para as margens e interior das lagoas. No estado do Rio de Janei-
ro, há exemplos dessas falésias e desse tipo de sedimentação na 
lagoa de Maricá.
A evolução da lagoa Rodrigo de Freitas
Já imaginou como era a lagoa Rodrigo de Freitas (Rio de Janeiro 
- RJ) na época em que o Brasil foi descoberto?
No site portal Geo (http://portalgeo.rio.rj.gov.br/EOUrbana/), 
clicando em “mapa do site” e depois em “Lagoa”, você poderá ob-
servar um desenho esquemático que apresenta a evolução urbana 
e as intervenções antrópicas ocorridas na área da lagoa Rodrigo 
de Freitas.
O futuro das lagoas costeiras e conclusões
Além de serem ambientes cobiçados para fixação de residências, 
atraentes para atividades vinculadas ao lazer, esporte e turismo, as la-
goas e seus entornos possuem outros recursos que ampliam o interesse 
por essas áreas.
As atividades pesqueiras em lagoas, tradicionalmente importantes 
para o sustento de populações locais, ficaram comprometidas tanto pelo 
crescimento da carga de poluição recebida quanto pela intensificação 
da pesca, o que levou à redução dos estoques de peixes e crustáceos 
nessas áreas. Outras atividades trazem comprometimentos à qualidade 
ambiental das lagoas, como é o caso da mineração feita por dragagens 
para a extração de sedimentos.
http://portalgeo.rio.rj.gov.br/EOUrbana/
319
Geomorfologia Costeira
A exploração de conchas por dragagens, em camadas de sedimentos 
no fundo das lagoas, remobiliza sedimentos que estavam inertes, retira 
substâncias que participam de interações responsáveis pela qualidade 
do ambiente, cria áreas de rejeito, muda a topografia de fundo e mo-
difica o padrão de circulação de águas. Com isso, interfere e degrada 
as características e o funcionamento de sistemas ambientais altamente 
valorizados, em troca de recursos, muitas vezes menores, obtidos pela 
extração mineral, sem maiores avaliações de custos/benefícios.
Na lagoa de Marapendi, no Rio de Janeiro, a extração de conchas 
para a produção de gesso criou várias ilhas com os rejeitos. Na lagoa de 
Araruama, com a criação da Companhia Nacional de Alcalis, em 1943 
(desativada em 2006), ocorreu a extração para a produção de barrilha. 
Lá eram utilizadas grandes dragas que operaram por décadas, mobili-
zando grandes volumes de sedimentos.
Também em Araruama, a extração de sal, que já foi mais intensa, 
modificou a paisagem local, com a criação dos tanques de evaporação 
que ampliaram as margens da lagoa.
Hoje existem mais preocupações com as lagoas. A legislação, inclusi-
ve, estabelece maiores restrições para a permissão de atividades de mi-
neração nesses ambientes. 
As atividades humanas têm intensificado os processos de entulha-
mento dessas lagoas, mesmo naquelas em que se restabeleceram suas li-
gações com o mar. Em direção contrária, as iniciativas de saneamento se 
ampliam nos ambientes urbanos costeiros e devem ser colocadas como 
partes integrantes e importantes dos projetos. Com isso, as perspectivas 
são de aprimorar o conhecimento sobre suas características e os proces-
sos que nela atuam.
A despoluição das lagoas é 
coisa utópica ou viável?
Atualmente, começam a existir grandes investimentos para sa-
neamento. Os esgotos e resíduos sólidos (lixo e entulhos) são 
responsáveis pela aceleraçãodo entulhamento das lagoas e por 
torná-las impróprias para os diversos usos.
320
Aula 9 • As lagunas não são eternas
Aula 9 • 
Aula 9 • 
Os links a seguir são vídeos que falam da importância e da ma-
neira como está sendo feito o processo de recuperação da lagoa 
de Araruama:
http://www.youtube.com/watch?v=I_4PYfJXy4A 
http://www.youtube.com/watch?v=2q5Ygb0Y6ic. 
Atividade final
Atende ao objetivo 3
Entre no link e siga o caminho http://portalgeo.rio.rj.gov.br/EOUrbana/:
1. Clique em “mapa do site”
2. Clique em “Lagoa”
Lá, você irá observar uma animação que apresenta a evolução urbana e 
as intervenções antrópicas ocorridas na lagoa Rodrigo de Freitas (Rio 
de Janeiro - RJ). A partir dessas observações, faça um texto apresentan-
do as principais alterações antrópicas que foram realizadas ao longo do 
tempo e analise de que maneira essas alterações influenciaram direta e 
indiretamente a lagoa.
Resposta comentada
Como outras lagoas costeiras do estado Rio de Janeiro, a lagoa Rodrigo 
de Freitas nasceu a partir do surgimento de uma restinga. Ao seu redor, 
assentam-se os bairros cariocas de Ipanema e Leblon. Ao longo do tempo, 
http://www.youtube.com/watch?v=I_4PYfJXy4A
http://www.youtube.com/watch?v=2q5Ygb0Y6ic
http://portalgeo.rio.rj.gov.br/EOUrbana/
321
Geomorfologia Costeira
a entrada de água salgada para a lagoa foi sendo obstruída pela ação dos 
processos marinhos.
Desde meados do século XIX, muitas intervenções antrópicas ocorre-
ram. Entre elas, aterros em suas margens e a construção de dois canais. 
O canal do Leblon, com a função de um coletor das águas doces, que 
antes eram lançadas diretamente pelos rios na lagoa e agora são leva-
das para o mar. O canal do Jardim de Alah, que foi construído para 
permitir a entrada direta da água do mar. Esse canal precisa sempre 
de trabalhos de desobstrução de areias que nele são acumuladas pelos 
processos marinhos.
Em paralelo, desde o início da ocupação do entorno dessa lagoa, os pro-
blemas de poluição por esgotos têm sido constantes, agravando-se com 
a expansão da cidade. Foram criados planos e ações para os problemas 
de renovação das águas do mar para mantê-la como uma laguna e para 
a sua despoluição, mas até hoje não conseguiram criar soluções definiti-
vas, embora o nível de poluição já tenha diminuído.
Resumo
Foi visto que as lagoas costeiras são ambientes valorizados, que existem 
em depressões formadas no litoral e possuem ligações com o mar. As 
correntes litorâneas e os eventos de transgressão e regressão marinhas 
são os principais responsáveis pela criação de restingas e praias, que for-
mam depressões nas áreas litorâneas, e nelas se estabelecem lagoas.
São chamadas de lagoas costeiras todas as que estão na zona costeira; en-
tretanto, nem todas estão ligadas em sua origem aos processos marinhos.
Com a formação de restingas e praias, ocorre o processo de acumulação 
de sedimentos na linha da costa. Esse processo barra a saída das águas 
continentais, formando depressões que são ocupadas por terrenos em-
brejados e lagoas. Isso acontece, principalmente, quando ocorrem varia-
ções do nível do mar, por epirogenias e eustatismos.
As lagoas costeiras, assim como as demais lagoas, podem ser caracteri-
zadas pelos seus aspectos morfométricos, que descrevem suas caracte-
rísticas mensuráveis: os materiais que constituem seus sedimentos e a 
dinâmica desses ambientes.
322
Aula 9 • As lagunas não são eternas
Aula 9 • 
Aula 9 • 
Na morfometria, destaca-se tudo que está vinculado à forma, às suas 
dimensões e águas das lagoas. São ressaltados, na constituição dos se-
dimentos das lagoas, a sua natureza orgânica e inorgânica, além dos as-
pectos de poluição.
Na dinâmica, são destacadas as relações com o mar e ações de proces-
sos internos. O fechamento ou a abertura do canal que liga a lagoa ao 
mar, que pode ocorrer de modo natural ou antrópico, estabelece fases 
que as caracterizam como salobras ou doces. Internamente, a influência 
dos processos continentais, juntamente com a influência do clima e das 
ações antrópicas, favorece as tendências de entulhamento dessas lagoas 
e de suas poluições. 
Colocaram-se as questões vinculadas ao futuro das lagoas costeiras. Elas 
levam em conta os problemas que as atividades humanas produziram 
no passado, as necessidades de iniciativas que levem a ações de despo-
luição e as questões que lhe atribuem valores para ocupação e utilização, 
como áreas de lazer, veraneio e turismo.
Ao mesmo tempo em que esses ambientes são valorizados, foi coloca-
do que as ações antrópicas têm atuado degradando-os, ampliando os 
processos de deposição, que diminuem o tempo de existência dessas 
lagoas. Porém, existem perspectivas de ações para a recuperação desses 
ambientes. Por isso, é importante ampliar o conhecimento sobre elas. 
Informações sobre a próxima aula
A próxima aula terá como tema os mangues, suas características e a di-
nâmica dos seus ambientes.
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Geomorfologia Costeira
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